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ANÁLISE DE IMPACTOS AMBIENTAIS

TAXONOMIA DOS MÉTODOS PARA


AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

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Olá!
Nesta aula, você irá: 1. Conhecer o conceito de AIA;

2. Conhecer o conceito de Método para AIA;

3. Receber informações sobre bioma e biota brasileiros.

1 Métodos para realização de avaliações


Métodos de AIA, de acordo com Moreira (1985), “são mecanismos estruturados para coletar, analisar, comparar

e organizar informações e dados sobre os impactos ambientais de uma proposta, incluindo os meios para a

apresentação escrita e visual dessas informações”.

Os métodos de avaliação de impacto ambiental servem de referência nos estudos ambientais para se determinar

de forma mais precisa a significância de uma alteração ambiental e para padronizar a abordagem do meio físico,

que leva sempre em consideração grande diversidade de aspectos. Mais tarde, na próxima aula, veremos os

principais tipos de métodos disponíveis.

São métodos formais pré-definidos, usados para medir as condições ambientais futuras, podendo ser, por

exemplo, os modelos matemáticos analíticos de dispersão de poluentes, os modelos físicos em escala reduzida,

as análises estatísticas de séries temporais, os cálculos de balanço de massa, as técnicas de avaliação de

paisagem etc.

2 Coleta de dados
O primeiro passo a ser dado, numa Avaliação de Impacto, é analisar o cenário em questão, observar suas

características físicas e a vida que ali existe, fazendo um levantamento da área. O olhar dado a este trabalho deve

levar em conta o tipo de projeto que está sendo proposto, para que se faça o levantamento direcionado para o

impacto previsto com aquele projeto em particular naquela região específica. Cada situação tem suas próprias

características.

Deverão ser levantadas as características ambientais e suas interações, apresentando a situação ambiental da

área antes da implantação do empreendimento. Entende-se por ambiente o meio natural do qual uma

comunidade extrai aquilo que é essencial para sua sobrevivência, bem como os recursos necessários para o

desenvolvimento econômico, os chamados recursos naturais.

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Este conceito evoluiu a partir do momento em que se percebeu que ambiente também é meio de vida, isto é, da

integridade do ambiente depende a manutenção de nossa própria vida, pois não basta que a natureza nos

forneça os recursos; ela desempenha função de suporte à vida, o que nos leva ao conceito de recurso ambiental,

que são os recursos cuja preservação e restauração concorrem para o equilíbrio ecológico propício à vida (art. 2º

Lei nº 6.938/1981).

3 Fatores do estudo ambiental


Um estudo ambiental deve levar em conta três grandes fatores:
• Meio Físico
O meio físico ou abiótico inclui fatores como solo, água, atmosfera e radiações, que surgem pela influência dos

componentes físicos e químicos do meio.

Para sua caracterização, são necessários detalhamentos sobre a caracterização do clima e condições

meteorológicas; da qualidade do ar na região; dos níveis de ruído na região; da geologia da área potencial

atingida pelo empreendimento; dos solos da região; dos recursos hídricos, podendo-se abordar a hidrologia

superficial, a hidrogeologia e a qualidade das águas.


• Meio Biótico
Biótico refere-se àquilo que é próprio dos seres vivos ou a eles vinculado. Também é aquilo pertencente ou

relativo à biota, isto é, o conjunto da flora e da fauna numa determinada região.

Os fatores bióticos de um ecossistema são a flora e a fauna. Entre os aspectos a serem considerados, incluem-se:

a caracterização e a análise dos ecossistemas terrestres e aquáticos nas áreas do empreendimento.


• Meio Socioeconômico
Deverá ser observada a caracterização do meio socioeconômico a ser potencialmente atingido pelo

empreendimento, através das informações que levem em consideração duas linhas de abordagem: a primeira,

que considere a população da área atingida; e a segunda, que apresente as possíveis interrelações do meio

depois das alterações consequentes do empreendimento.

Entre os aspectos abordados, encontram-se: caracterização da dinâmica populacional na área; caracterização do

uso e ocupação do solo, com informações, em mapa, na área de influência do empreendimento; quadro

referencial do nível de vida na região; dados sobre a estrutura produtiva e de serviços; e caracterização da

organização social.

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4 Bioma
Bioma pode ser entendido como uma unidade biológica ou um espaço geográfico caracterizado de acordo com o

clima, a vegetação, o solo e a altitude específicos. Desse modo, uma coleta de dados para um estudo de impacto

estará analisando o bioma em que está inserida a área em que se desenvolverá o empreendimento analisado.

Para tanto, é preciso informação especializada. Vejamos o caso do Brasil, por exemplo. Por ser uma extensão

considerável de terra, o país apresenta regiões com características bem distintas e a vida que as habita

acompanha essa diversidade.

VOCÊ SABIA?

A palavra bioma, de bios (vida) e oma (grupo), em grego, foi usada pela primeira vez com o significado acima

pelo ecologista norte-americano F.E. Clements em 1916. Segundo ele, a definição seria “comunidade de plantas e

animais, geralmente de uma mesma formação”. Na verdade, trata-se de um conjunto de ecossistemas que vivem

de um modo equilibrado.

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5 Bioma Brasileiro
• Caatinga
Na região do sertão nordestino (clima semi-árido), caracteriza-se por vegetação de arbustos de porte médio,

secos e com galhos retorcidos, com a presença de ervas e cactos. É uma área na região nordeste: Ceará, Rio

Grande do Norte e Paraíba, Bahia, Alagoas, Pernambuco e Sergipe. As temperaturas, em geral, são altas, e as

chuvas são escassas, concentradas principalmente nos meses de verão.

Os solos são pedregosos e secos, ocasionando rápida evaporação. Os rios e cursos d'água secam por um período

de sete a nove meses e reaparecem na época de chuva. Quando chove, a paisagem muda rapidamente, as árvores

cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A biodiversidade de flora é média, e a vegetação

em geral é xerofítica, isto é, adaptada à escassez periódica da água. A fauna é relativamente pobre, se comparada

à de outros biomas. Os animais aproveitam o período de chuvas para reprodução e engorda.


• Pantanal
Presente nos estados de Mato-Grosso e Mato-Grosso do Sul, onde algumas regiões do pantanal sofrem

alagamentos durante os períodos de chuvas. Presença de gramineas, arbustos e palmeiras. Nas regiões que

sofrem inundação, há presença de árvores de floresta tropical. Devido à sua localização no centro do continente,

o Pantanal é um ponto de encontro entre diversos biomas, entre eles a Amazônia, o Cerrado e o “Chaco”

boliviano e paraguaio. Encontrarmos fauna e flora típicas desses três biomas.

A região possui chuvas abundantes no final da primavera e verão, ocasionando o alagamento de grandes áreas e

clima seco no restante do ano. Nesse período seco, as áreas alagadas vão secando, formando lagoas,

fundamentais para a sobrevivência da flora e fauna pantaneira. O Pantanal também possui grande

biodiversidade, totalmente adaptada às mudanças entre os períodos alagados e secos, com fartura de vegetação

e fauna aquática. A pecuária é forte, sem ser prejudicial. Os maiores problemas são a pesca e caça predatória, o

tráfico de animais silvestres e a poluição das águas dos rios que desaguam na região. A UNESCO declarou o

Pantanal como “Reserva da Biosfera”.


• Mata de Cocais
Presente na região norte dos estados do Maranhão, Tocantins e Piauí. Por se tratar de um bioma de transição,

apresenta características da Floresta Amazônica, Cerrado e da Caatinga.

Presença de palmeiras com folhas grandes e finas. As árvores mais comuns são: carnaúba, babaçu e buriti.
• Mata Atlântica
Hoje ocupa somente 7% da área original. Rica biodiversidade, com presença de diversas espécies animais e

vegetais. A floresta é fechada com presença de árvores de porte médio e alto. Ocupava uma faixa próxima ao

litoral, que se prolongava até o interior em algumas regiões, e se estendia do Rio Grande do Norte até o Rio

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Grande do Sul. O número de espécies endêmicas é alto, especialmente em árvores e bromélias. Existe também

uma grande biodiversidade de animais vertebrados e invertebrados. É considerado o bioma de maior

biodiversidade do mundo.

O clima e a temperatura variam de acordo com a região. A mata é fechada, mas apresenta variações,

especialmente nas regiões interioranas. Em regiões elevadas, há o predomínio da mata de araucária.

A restinga é outro exemplo de vegetação típica. É uma área de floresta baixa de arbustos e árvores, que se

mistura a brejos e lagoas, separando o mar das regiões de mata mais densa.

É muito comum no Estado do Rio de Janeiro. A extração de madeira, especialmente do pau-brasil, os ciclos do

açúcar e café e o desmatamento para instalação de indústrias são eventos de nossa história que contribuíram

para a degradação desse bioma.

A extração do palmito Juçara (Euterpe edulis) para consumo e o tráfico de animais silvestres são exemplos de

problemas que devem ser combatidos. As taxas de desmatamento caíram nas últimas duas décadas e a área de

florestas protegidas quintuplicou, além do estabelecimento oficial em 1992, pela UNESCO, da Reserva da

Biosfera da Mata atlântica.


• Floresta Amazônica
É considerada a maior floresta tropical do mundo com uma rica biodiversidade. Está presente na região norte

(Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia, Amapá, Maranhão e Tocantins) e mais oito países. É o habitat de milhares

de espécies vegetais e animais. Caracteriza-se pela presença de árvores de grande porte, situadas bem próximas

umas das outras (floresta fechada). Como o clima na região é quente e úmido, as árvores possuem folhas grandes

e largas. O clima é quente e úmido durante tado o ano.

A vegetação é extremamente diversificada: Matas alagadas, várzeas e igapós; e Florestas de terra firme, a típica

floresta amazônica, úmida, com vegetação alta e densa. Ainda encontramos o cipoal (vegetação com muitos cipós

associada a locais com jazidas de ferro e alumínio) e o babaçual (local com predominância de palmeiras).

A biodiversidade é enorme, tanto da flora quanto da fauna. Até o ano de 2003, estima-se que cerca de 16% da

área total da Floresta Amazônica no Brasil já havia sido devastada. O problema na região é a falta de fiscalização,

seja pelo baixo número de fiscais, seja pelo grande número de locais de dificil acesso.
• Cerrado
No Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, com pequenas áreas em Pará, Maranhão, Minas Gerais,

Piauí e São Paulo, tem rica biodiversidade, caracteriza-se pela presença de gramíneas, arbustos e árvores

retorcidas. As plantas possuem longas raízes para retirar água e nutrientes em profundidades maiores.

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Conhecido como a “savana brasileira”, é um bioma que originalmente cobria cerca de 2 milhões de quilômetros

quadrados, cerca de 22% do território brasileiro. O clima é tropical, de altas temperaturas, com uma forte

estação seca; o solo possui pH baixo, baixa fertilidade, alto nível de alumínio e pouca disponibilidade de água na

superfície, restringindo a sobrevivência apenas às espécies adaptadas.

Apresenta uma vegetação adaptada à escassez de nutrientes, com caules e ramos tortuosos, cascas e folhas

grossas, e as raízes podem atingir grande comprimento. As árvores podem também ser decíduas, perdendo as

folhas na estação seca. As queimadas são frequentes, sejam naturais ou provocadas. A biodiversidade da flora é

alta, assim como a da fauna, com um grande número de formigas e cupins.

A agricultura, especialmente a cultura da soja, do milho e de vários cereais, assim como a pecuária têm sido

responsáveis pela rápida devastação desse bioma visto que mais de 55% da área originalmente ocupada pelo

cerrado já havia sido transformada ou destruída para uso humano.


• Mata dos Pinhais
Também conhecida como Mata de Araucárias, em função da grande presença da Araucária angustifolia neste

bioma.

Presente no sul do Brasil, caracteriza-se pela presença de pinheiros, em grande quantidade (floresta fechada). O

clima característico é o subtropical.


• Biomas Litorâneos
São 7.000 km de costa, o que o faz um mosaico de ecossistemas: manguezais no nordeste e no sudeste; restingas

nordestinas; dunas, praias, ilhas, costões rochosos no sul; , baias, brejos, recifes de corais e outros ambientes

importantes exemplificam a diversidade de ecossistemas que podemos encontrar.

Este bioma possui rica biodiversidade em espécies de crustáceos, peixes e aves; o manguezal é um habitat muito

procurado pela fauna marinha, pois é utilizado para a procriação e crescimento de filhotes de vários animais,

como rota migratória de aves e alimentação de peixes e colaboram para o enriquecimento das águas marinhas

com sais, nutrientes e matéria orgânica.


• Campos
Presente em algumas áreas da região Norte (Amazonas, Pará e Roraima).

A vegetação dos campos caracteriza-se pela presença de pequenos arbustos, gramíneas e herbáceas. Os campos

sulinos localizam-se no Estado do Rio Grande do Sul e se estendem até o Uruguai e a Argentina. São conhecidos

como “pampas”, termo indígena que significa "terra plana”.

O clima é quente durante o verão, mas no inverno as temperaturas são baixas e chove mais. À vegetação

predominante é de gramineas e leguminosas, com a presença de alguns arbustos. Existem também pequenas

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regiões de florestas estacionais e, próximo aos planaltos, os campos tem o aspecto de savanas abertas. A

biodiversidade concentra-se especialmente na fauna, contando com espécies raras, ameaçadas de extinção e

migratórias.

A pecuária é forte, e as queimadas nas pastagens impedem o crescimento da vegetação. As culturas de milho,

trigo, arroz e soja crescem rapidamente, diminuindo a fertilidade dos solos e aumentando a erosão.

6 Biota
Como podemos notar, a riqueza e a diversidade variam de acordo com as condições abióticas, que por sua vez

cria condições de desenvolvimento da Biota, que é o conjunto de seres vivos, flora e fauna, que habitam um

determinado ambiente, por exemplo, biota marinha e biota terrestre, ou biota lagunar, biota estuarina, mais

especificamente.

São as variações climatológicas e ambientais, como salinização de uma laguna, quantidade de sedimentos em

suspensão, que alteram a biota pela adaptação, mutação e extinção de espécies ou a entrada de novas espécies e

gêneros.

7 Taxonomia de Lineu
Você deve ter notado alguns nomes latinos de vegetações citados - Euterpe edulis, por exemplo. Trata-se da

Taxonomia de Lineu, um sistema de nomenclatura extensamente usado nas ciências biológicas, desenvolvida

por Carolus Linnaeus, no século XVIII.

A taxonomia de Lineu classifica as coisas vivas em uma hierarquia, começando com os Reinos, que são divididos

em Filos, que são divididos em classes, em ordens, famílias, gêneros e espécies e, dentro de cada um, em

subdivisões. Grupos de organismos em qualquer uma destas classificações são chamados taxa (Singular, taxon)

ou phyla.

Quando um cientista classifica um novo inseto, procura classificá-lo dentro de uma categoria já existente,

verificando a qual família ele pertence e encontra o nome mais adequado àquela espécie. O aspecto mais

importante é o uso geral da nomenclatura binominal (a combinação de um nome genérico e de um nome

específico para identificar a espécie).

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Por exemplo, o hibisco da síria é unicamente identificado pelo binome Hibiscus syriacus. Nenhuma outra espécie

de planta pode ter este binome. Deste modo, a todas as espécies pode se dar um único e estável nome. Neste

caso, Hibiscus é o da espécie e syriacus é o genérico.

As regras que governam a nomenclatura e classificação das plantas e dos fungos estão contidas no Código

Internacional de Nomenclatura Botânica, mantido pela Associação Internacional para a Taxonomia das Plantas.

Códigos similares existem para animais e bactérias.

Originalmente, Lineu tinha três reinos em seu esquema, chamados Plantae, Animalia e um grupo adicional

Mineralia para minerais, o qual foi abandonado. Desde então, várias formas tem sido movidas para três novos

reinos - Monera, para procariontes, Protista, para protozoários e algas, e Fungi.

Atualmente, o esquema de cinco reinos foi suplantado pela maior parte no trabalho taxonômico moderno por

uma divisão em três domínios - Bacteria e Archaea, que contém os procariontes, e Eukaryota, compreendendo as

formas restantes.

O QUE VEM NA PRÓXIMA AULA


Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes:
• Tipos de métodos para AIA.
SAIBA MAIS

• Acesse também o site Sisbiota - http://www.sisbiota.ufsc.br/index.html

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• Acesse também o site Sisbiota - http://www.sisbiota.ufsc.br/index.html
• Leia sobre A Fauna Brasileira - http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/fauna.htm

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu o conceito de Avaliação de Impactos Ambientais;
• Conheceu o que são métodos de AIA;
• Compreendeu a importância das informações sobre bioma e biota para realização de AIA.

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