Você está na página 1de 5

Cristo Victorino Manuel

Teoria cognitiva de Bruner e Ausebel


Introdução
Desenvolvimento cognitivo, é o desenvolvimento da capacidade mental da pessoa para
pensar, raciocinar, interpretar, compreender, adquirir conhecimento, lembrar, organizar
informação, analisar e resolver problemas. O desenvolvimento cognitivo tenta explicar
como é que os seres humanos adquirem conhecimento acerca de si próprios, dos outros
e do mundo que os rodeia ( McCowan, Driscoll, Roop, Saklofske, Schewean, Kelly e
Haines, 1999).
Entre as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem a diferença é que no primeiro
caso foca as capacidades humanas enquanto que na teoria da aprendizagem foca-se na
realização dessas capacidades. Cabe aos professores reconhecerem essas
potencialidades e ajudarem os alunos a perceber as suas potencialidades através da
aprendizagem. Este trabalho explica a teoria cognitiva na perspectiva de Bruner e de
Ausebel, alguns dos representantes da teoria cognitiva da aprendizagem dentre os
psicólogos cognitivistas Wertheimer, Kohler, Koffka, Lewin e Piaget. A sua teoria
fundamenta-se nas bases psicológicas de “conhecimento intuitivo («insight») e
estrutura de campo”; nos princípios psicopedagógicos da “ motivação,
desenvolvimento de expectativas, condições de conhecimento intuitivo («insight»),
compreensão, relacionação do «novo» com o «adquirido», sistematização, transferência
para situações novas idênticas; nas técnicas de ensino de “ ensino pela descoberta,
ensino por descoberta guiada, apresentação de objectivos, introduções, sumários,
questionários orientadores, questionários de revisão, esquemas, debates, discussões,
estudo de caso, etc.
 Teoria cognitiva de Bruner
Jerome Bruner é um psicólogo do desenvolvimento ameriano que, como Piaget, tem
desenvolvido uma teoria do desenvolvimento cognitivo. Na sua perspectiva, a
aprendizagem pode ser sumarizada como « compreensão geral da estrutura de uma
determinada matéria» (Bruner 1962:28). Depois desta compreensão, o aluno deduz o
significado na relação com o todo e, consequentemente, qualquer coisa que tenha
significado é relacionada com toda a estrutura. Para Bruner, as crianças são capazes de
deduzir o significado das várias exposições e experiências que elas encontram nas
actividades do seu dia-a-dia.
De acordo com Bruner (1966), a criança passa por três estádios de desenvolvimento
cognitivo, nomeadamente, por modos de pensamento activo, icónico e simbólico.
 
Modo activo
O modo activo de pensamento constitui o primeiro estádio, comummente observado na
maioria das crianças. Este é caracterizado como sendo baseado na acção ou motor, que
reflecte no tocar, no saborear, no mexer e no agarrar objecto. Como resultado da
experiência adquirida através da interacção física com os objectos, a criança está em
posição de reproduzir cada experiência de forma psicomotora.
Apesar de o modo activo seja associado a crianças mais novas, é provável que seja
usado pelos adolescentes e adultos quando estes se envolvem numa nova actividade
motora como nadar, tocar piano, ou encontrar um caminho através de um territorio
desconhecido.
 
Modo icónico
Durante o modo icónico de pensamento, os sistemas de representação da informação da
criança estendem-se. As crianças formam imagens e desenhos das experiências que têm
tido, e como resultado, elas podem interagir com os objectos que estão fisicamente
ausentes mas presentes na sua mente. O professor deve encorajar os alunos a usarem a
sua imaginação e criarem imagens sobre tópicos que não podem ser demonstrados
fisicamente, por exemplo, personalidades históricas, informações sobre paises distantes,
personagens retratadas na literatura.
 
Modo simbólico
O modo simbólico é o terceiro e a forma mais elevada de pensamento apresentada pelo
Bruner. Neste estádio, a criança representa a informação com base em símbolos, ideias,
pensamentos e conceitos. Este estádio é referido como simbólico na mediada em que a
pessoa tem um bom comando da linguagem, que serve como veículo para a expressão
dos seus pensamentos. A realização deste modo liberta a mente dos pensamentos
restritivos dos modos activos e icónico, que são menos flexíveis e limitados na sua
capacidade.
 
Implicações educacionais
Sob a teoria cognitiva, Bruner parte do conceito de que a aprendizagem é modificação
do comportamento resultante da experiência.
Bruner afirma que o aprendizado é um processo activo, no qual o aprendiz constrói
novas idéias ou conceitos, baseado em seus conhecimentos prévios e os que estão sendo
estudados, baseado em sua estrutura mental inata. O aprendiz filtra e transforma a nova
informação, infere hipóteses e toma decisões, utilizando uma estrutura cognitiva. Essa
estrutura cognitiva - esquemas e modelos mentais - fornece significado e organização
para as novas experiências, permitindo ao aprendiz enriquecer seu conhecimento além
do conceito estudado, através do relacionamento das novas informações com seus
conhecimentos prévios.
O papel do professor é o de incentivador dos alunos no sentido de descobrirem por si
mesmos os princípios do conteúdo a ser apreendido. O professor e o aluno devem
manter um diálogo activo, através do qual o instrutor traduz a informação a ser
aprendida em um formato adequado à compreensão do aluno. O currículo deve ser
organizado em espiral, para que o aluno construa continuamente sobre o que já
aprendeu. O aluno vai descobrir aquilo que já existe em sua estrutura cognitiva. O
professor não é apenas um passador de informação.
 
Teoria cognitiva de Ausubel
Segundo (STENBERG, 2000, p.22) a psicologia cognitiva trata do modo como as
pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam sobre a informação.
Para Ausubel aprendizagem significa organização e integração do material na estrutura
cognitiva. Admite a existência de uma estrutura na qual a organização e a integração de
idéias se processam. A experiência cognitiva é caracterizada por um processo de
integração no qual os conceitos novos se interagem com os já existentes na estrutura
cognitiva, integrando o novo material e, ao mesmo tempo, modificando-se.
Condição importante para que haja aprendizagem, o aprendiz deve manifestar
disposição para relacionar de forma substantiva o novo material à sua estrutura
cognitiva.
Ausubel preocupa-se com a aprendizagem que ocorre na sala de aula da escola. O factor
mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe. Para que ocorra a
aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros e disponíveis na
estrutura cognitiva do indivíduo, funcionando como ponto de ancoragem. Ausubel está
interessado em saber como os indivíduos aprendem grandes quantidades de material
significativo por meio de apresentações verbais/textuais em um quadro escolar. Um
processo primário em aprendizado é a inclusão, na qual o conhecimento novo é
relacionado com as idéias relevantes da estrutura cognitiva existente em uma base
substantiva. As estruturas cognitivas representam o resíduo de todas as experiências de
aprendizado. A aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em
conceitos ou proposições relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do indivíduo. O
armazenamento de informações no cérebro é altamente organizado formando uma
hierarquia na qual elementos mais específicos de conhecimentos são ligados
(assimilados) a conceitos mais gerais, mais inclusivos.
Ausubel recomenda o uso de organizadores prévios que sirvam de âncora para a nova
aprendizagem e levem ao desenvolvimento de conceitos classificadores que facilitem a
aprendizagem subseqüente .
Organizadores prévios são materiais introdutórios apresentados antes do material a ser
aprendido em si. Sua principal função é de servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe
e o que ele deve saber a fim de que o material possa ser apreendido de forma
significativa. Facilitam a aprendizagem na medida em que funcionam como "pontes
cognitivas".
Ausubel (1978,p.41): "As idéias mais gerais de um assunto devem ser apresentadas
primeiro e, depois, progressivamente diferenciadas em termos de detalhe e
especificidade. Os materiais de instrução devem tentar integrar o material novo com a
informação anteriormente apresentada por meio de comparações e referências cruzadas
de idéias novas e antigas."
Ausubel identifica quatro tipos de aprendizagem:
a)      Aprendizagem por recepção significativa ou compreendida em que o professor
organiza a matéria a ensinar de uma forma lógica e, ao apresentá-lo ao aluno, relaciona-
a com os conhecimentos que este já possui de tal modo que ele possa perceber o que
está a aprender e integrar os novos conhecimentos na sua estrutura cognitiva existente.
b)      Aprendizagem por recepção mecânica ou memorizada em que o professor apresenta a
matéria de tal forma que o aluno apenas tem de memorizar.
c)      Aprendizagem pela descoberta significativa ou compreendida em que o aluno
«descobre» o conhecimento por si próprio, chega à solução de problema que se lhe põe
ou a qualquer outro resultado e relaciona o conhecimento que acaba de adquirir com os
conhecimentos que já possuía.
d)     Aprendizagem pela descoberta mecânica ou memorizada em que, apesar de chegar por
si próprio à descoberta da solução de um problema, o aluno depois apenas a memoriza
de um modo mecânico sem a integrar na estrutura cognitiva que já possuía.
 
Conclusão
É  mais fácil aprender-se se a informação for organizada e sequenciada de uma forma
lógica, isto é, de tal maneira que objectivos que pressupõem conhecimentos anteriores
não sejam ensinados sem que esses estejam realmente presentes e segundo estratégias
que facilitem a organização da matéria a aprender em conjuntos significativos e que
visem uma melhor facilitação e retenção da aprendizagem. 
Na sala de aulas é importante que o professor traduza as teorias cognitivas em princípios
psicopedagógicos aplicáveis, baseados na motivação do aluno para a aprendizagem,
relacionando-a com as suas necessidades pessoais e os objectivos da própria
aprendizagem; reconhecer que a estrutura cognitiva do educando depende da sua visão
do munndo e das experiências que ele teve anteriorimente; adequar o ensino ao nível de
desenvolvimento dos alunos e ajudá-los a relacionar conhecimentos e habilidades novos
com conhecimentos e habilidades que tenham previamente adquirido; começar o ensino
por conjuntos significativos e descer gradualmente aos pormenores, que devem ser
devidamente relacionados com o conjunto.
 
BIBLIOGRAFIA
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo. Editora Ática. 2009
TAVARES, José/ALARCÃO, Isabel. Psicologia do Desenvolvimento e da
Aprendizagem. Coimbra, ALMEDINA, 2005.

Você também pode gostar