SÃO PAULO
2009
DENISE DE MORAES
SÃO PAULO
2009
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................................................2
2.1. BOTULISMO......................................................................................................................2
2.1.1. Etiologia ..........................................................................................................................2
2.1.2. Características clínicas ....................................................................................................3
2.1.3. Diagnóstico......................................................................................................................3
2.1.4. Tratamento ......................................................................................................................3
2.1.5. Prognóstico......................................................................................................................3
2.2. MIASTENIA GRAVIS .......................................................................................................4
2.2.1. Etiologia ..........................................................................................................................4
2.2.2. Características clínicas ....................................................................................................5
2.2.3. Diagnóstico......................................................................................................................5
2.2.4. Tratamento ......................................................................................................................6
2.2.5. Prognóstico......................................................................................................................7
2.3. POLIRRADICULONEURITE AGUDA ............................................................................7
2.3.1. Características clínicas ....................................................................................................8
2.3.2. Diagnóstico......................................................................................................................8
2.3.3. Tratamento ......................................................................................................................9
2.3.4. Prognóstico......................................................................................................................9
2.3.5. Polirradiculoneurite causada por protozoários ................................................................9
2.4. CINOMOSE ......................................................................................................................10
2.4.1. Epidemiologia ...............................................................................................................10
2.4.2. Características clínicas ..................................................................................................11
2.4.3. Diagnóstico....................................................................................................................11
2.4.4. Tratamento e Prevenção ................................................................................................12
2.4.5. Prognóstico....................................................................................................................12
3. Síndrome Wei........................................................................................................................13
3.1. Definição ...........................................................................................................................13
3.2. Diferenciações ...................................................................................................................13
3.3. Etiologia e Patologia .........................................................................................................14
3.4. Tipos..................................................................................................................................14
3.4.1. CALOR NO PULMÃO.................................................................................................14
3.4.1.1. Características clínicas ..............................................................................................14
3.4.1.2. Princípio de tratamento .............................................................................................15
3.4.2. DEFICIÊNCIA DE QI DO BAÇO-PÂNCREAS E ESTÔMAGO ..............................15
3.4.2.1. Características clínicas ..............................................................................................15
3.4.2.2. Princípio de tratamento .............................................................................................15
3.4.3. INVASÃO DE UMIDADE-CALOR............................................................................15
3.4.3.1. Características clínicas ..............................................................................................15
3.4.3.2. Princípio de tratamento .............................................................................................16
3.4.4. DEFICIÊNCIA DE FÍGADO E RIM ...........................................................................16
iii
3.4.4.1. Características clínicas ..............................................................................................16
3.4.4.2. Princípio de tratamento .............................................................................................16
3.4.5. ESTAGNAÇÃO DE SANGUE NOS MERIDIANOS .................................................16
3.4.5.1. Características clínicas ..............................................................................................16
3.4.5.2. Princípio de tratamento .............................................................................................16
3.5. Seleção de pontos ..............................................................................................................17
3.6. Pontos adicionais para sintomas específicos .....................................................................19
3.7. Prescrições e técnicas tradicionais ....................................................................................19
3.8. Fitoterapia Chinesa............................................................................................................20
3.9. Particularidades na Cinomose ...........................................................................................21
3.9.1. Pontos ............................................................................................................................21
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................22
5. CONCLUSÃO ......................................................................................................................23
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................24
iv
1. INTRODUÇÃO
Até recentemente, era raro o tratamento da dor crônica e das moléstias degenerativas
crônicas em animais. Devido a fatores econômicos, à inconveniência e à preocupação pelo
sofrimento, a solução usual para tais problemas era a eutanásia. Em virtude dos avanços na
nutrição e medicina veterinária, os animais de pequeno porte estão vivendo mais e estão
vivenciando condições geriátricas debilitantes não comumente vistas décadas atrás. Mesmo
em animais mais jovens, traumatismo, moléstias e deformidades congênitas podem causar dor
crônica, degeneração neurológica ou perturbações fisiológicas que nem sempre são tratadas
com êxito pelos métodos cirúrgicos ou farmacológicos correntes. Nossos clientes estão mais
bem informados acerca das técnicas médicas disponíveis para o tratamento de seres
humanos, tendo expectativas maiores sobre o que a medicina veterinária pode fazer por seus
animais de companhia (ALTMAN, 1992).
Os veterinários têm uma renovada apreciação das ligações entre o animal e seu dono.
Além do intenso desejo de ajudar os animais, que levou a maioria dos veterinários a seguir
esta carreira, os clínicos de pequenos animais vêm buscando meios adicionais de auxiliar seus
pacientes. Alguns deles têm explorado métodos novos de cura (na verdade, não tão novos ou
mesmo antiquíssimos). Estas circunstâncias levaram ao uso da acupuntura na clínica
veterinária moderna (ALTMAN, 1992).
A acupuntura visa, através de suas técnicas e procedimentos, a estimulação de pontos
reflexos que tenham a propriedade de restabelecer o equilíbrio, alcançando-se assim,
resultados terapêuticos. A acupuntura age sobre o sistema nervoso autônomo e sistema
endócrino, e seu efeito pode ser imunoestimulante, imunossupressivo, analgésico e
antiinflamatório (MATTHIESEN, 2004).
Na Medicina Chinesa, uma disfunção e atrofia dos tecidos corpóreos é tida como
Síndrome Wei e tem como causa uma deficiência no Qi e /ou no Sangue. Wei significa
disfunção e atrofia dos tecidos corpóreos. Essa desordem dos músculos e pele pode aparecer
repentinamente e causar ao paciente a perda de grande parte do controle muscular
(XIAOMING, 2006). É observada na Medicina Ocidental em diversas condições, tais como
neurite múltipla, paralisia periódica, atrofia muscular progressiva e miodistrofia (ZHOU et al,
1997), atrofia de pele, de tendão e óssea e neurite/esclerose múltipla (XIAOMING, 2006;
SWIERZEWKI, S.J, 2001),deficiências nutricionais, mielite protozoária eqüina, mielite por
herpes, tensão e traumas mecânicos repetitivos; nesse último caso, podem ocorrer muitas
apresentações do distúrbio porque os efeitos da obstrução do Sangue e do Qi ocorrem em
continuidade, o que causa deficiência flácida aos tecidos “fluxo abaixo” do trauma (SCHOEN,
2006).
1
O presente trabalho tem como objetivo descrever a Síndrome Wei, enfatizando quatro
das principais patologias observadas em pequenos animais que se enquadram nessa
síndrome: botulismo, miastenia gravis, polirradiculoneurite aguda e cinomose.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. BOTULISMO
2.1.1. Etiologia
É raro em cães (TAYLOR, 2001) e não foi visto clinicamente em gatos (TAYLOR, 2001;
LECOUTEUR, 2003). O C. botulinum é uma bactéria anaeróbia estrita, Gram positiva, capaz de
produzir sete tipos de toxinas, que se diferenciam por sua antigenicidade, grau de
termorresistência e letalidade para as diferentes espécies animais (NASCENTE et al, 2005).
Os tipos e subtipos são diferenciados pela especificidade sorológica das toxinas: A, B, C-
alfa, C-beta, D, E, F e G. As fontes das toxinas são geralmente carcaças em decomposição ou
matéria vegetal como capim, feno, grãos e silagem deteriorados. Em cães, os principais tipos
de neurotoxinas são C-alfa e D, com predominância do primeiro (NASCENTE et al, 2005).
O C. botulinum pode ser encontrado no ambiente ou compondo a microbiota entérica de
alguns animais domésticos e aves. Em condições de anaerobiose, resultantes da morte e da
putrefação de carcaças de animais, o organismo passa da forma esporulada para a forma
vegetativa, produzindo diferentes toxinas. Essas toxinas podem ser ingeridas pré-formadas por
outros animais. Em vegetais em putrefação ocorre processo semelhante (NASCENTE et al,
2005). As toxinas ingeridas pelos animais são absorvidas no estômago e na primeira parte do
intestino delgado, distribuindo-se pela corrente sanguínea. Unindo-se a receptores celulares,
elas penetram nas células nervosas impedindo a liberação de acetilcolina nas junções
neuromusculares, bem como nas sinapses autônomas, diminuindo a condução dos nervos
periféricos. Essa ligação induz à paralisia flácida dos neurônios motores inferiores, causando
fraqueza progressiva, simétrica e ascendente, que pode evoluir para tetraplegia completa,
típica da enfermidade (NASCENTE et al, 2005; SWANGO et al, 1992). A propriocepção e a
percepção da dor são normais, sem hiperestesia (TAYLOR, 2001). Quando a paralisia atinge a
musculatura diafragmática e os músculos intercostais o animal apresenta dispnéia grave,
evoluindo para óbito (NASCENTE et al, 2005).
2
2.1.2. Características clínicas
De maneira geral, os sinais clínicos incluem incoordenação motora, que faz com que os
animais enfermos permaneçam em decúbito, com a língua exposta e apresentem transtornos
de apreensão, mastigação e deglutição de alimentos. O início dos sinais geralmente ocorre
entre 24 e 48 horas, mas pode acontecer até 6 dias após a ingestão da toxina. Em cães, as
manifestações podem variar desde leve debilidade generalizada – com maior envolvimento dos
membros pélvicos que dos torácicos – até tetraparesia flácida com ausência dos reflexos
espinais. Porém, essa espécie permanece mentalmente alerta. Também são notadas
bradicardia e bradipnéia, tono mandibular diminuído, fraqueza dos músculos faciais, hérnia
esofágica, disfagia e megaesôfago (NASCENTE et al, 2005; MOREIRA et al, 2006).
2.1.3. Diagnóstico
2.1.4. Tratamento
2.1.5. Prognóstico
3
2.2. MIASTENIA GRAVIS
2.2.1. Etiologia
Foram descritas duas formas, uma congênita e outra adquirida (TAYLOR, 2001;
LECOUTEUR, 2003; ABRAMI, 2008). A adquirida é um distúrbio imunomediado em que são
direcionados anticorpos contra os receptores de acetilcolina na junção neuromuscular. Os
anticorpos ligam-se aos receptores, reduzindo a sensibilidade da membrana pós-sináptica ao
transmissor acetilcolina (TAYLOR, 2001; SHELTON, 1998; SHELTON, 1999; DEWEY, 2005;
SHELTON, 2006). A forma congênita resulta da deficiência hereditária de receptores de
acetilcolina nas membranas pós-sinápticas da musculatura esquelética. Essa forma é descrita
como herança de característica recessiva autossômica em Jack Russell terriers, Springer
spaniels e Fox terriers de pêlo liso (TAYLOR, 2001; SHELTON, 1998; SHELTON, 1999).
Cães de qualquer raça e idade, bem como raramente gatos podem ser acometidos, com
maior incidência em Pastores Alemães no caso de cães (TAYLOR, 2001) e Abissínios e
Somalis no de gatos (TAYLOR, 2001; LECOUTEUR, 2003). Ambas as formas de Miastenia
têm sido reportadas em gatos (LECOUTEUR, 2003). Há uma distribuição etária bimodal em
cães jovens (média de 4 meses a 4 anos) e idosos (média de 9 a 13 anos) (SHELTON, 2006).
Em alguns cães idosos, encontrou-se timoma com miastenia gravis associada. A miastenia
também pode desenvolver-se como um distúrbio paraneoplásico associado à ampla variedade
de tumores, incluindo carcinoma hepático, adenocarcinoma das bolsas adeanais,
osteossarcoma e tumores pulmonares primários (TAYLOR, 2001).
4
2.2.2. Características clínicas
A principal anormalidade clínica na maioria dos animais é uma fadiga que se agrava
progressivamente com o exercício, com muitos animais passando a exibir marcha cambaleante
antes de se deitar e recusar-se a se mover. Após breve descanso, o animal é capaz de
levantar e andar novamente na maioria dos casos, exceto nos mais graves. O estado mental,
as reações posturais e reflexos estão normais (TAYLOR, 2001). Outros sinais podem incluir
regurgitação causada por megaesôfago, hipersalivação, dificuldade para engolir, disfonia
(TAYLOR, 2001; MOREIRA et al, 2006; SHELTON, 1998; CUDDON, 2008), ventroflexão do
pescoço, incapacidade de fechar as pálpebras (MOREIRA et al, 2006), dilatação pupilar
persistente (TAYLOR, 2001), fraqueza da musculatura facial (TAYLOR, 2001; ABRAMI, 2008),
dormir com os olhos abertos (SHELTON, 2006).
2.2.3. Diagnóstico
5
2.2.4. Tratamento
Várias opções terapêuticas são utilizadas, mas o tratamento deve ser adaptado às
necessidades específicas do paciente (MOREIRA et al, 2006). Antes de iniciar uma terapia a
longo prazo, devem ser avaliadas radiografias torácicas para detectar megaesôfago,
pneumonia por aspiração ou timoma. Muitos animais com miastenia morrem em decorrência de
pneumonia por aspiração. Se houver megaesôfago, o animal deve ser alimentado em plano
elevado, para facilitar o esvaziamento do conteúdo esofágico para o estômago. A identificação
de um timoma em radiografias torácicas e na citologia deve fazer com que se considere a
exérese cirúrgica, pois alguns animais mostram melhora formidável da doença quando se faz a
timectomia (TAYLOR, 2001).
A administração de anticolinesterásicos de ação prolongada é quase sempre eficaz no
controle de sinais clínicos da miastenia. Tem-se usado brometo de piridostigmina (Mestinon, 2
mg/kg/VO/2 a 3 vezes ao dia) em cães (TAYLOR, 2001; SHELTON, 2006) e SHELTON, 1998 e
SHELTON, 1999 recomendam 0,5 a 3 mg/kg, a cada 8 a 12 h, começando na extremidade
inferior da escala de dosagem e aumentando gradualmente. Em gatos recomenda-se 0,5
mg/kg/VO/2 vezes ao dia de xarope de piridostigmina. Para as duas espécies, a dose deve ser
individualizada com base na resposta clínica. Em cães que não podem tolerar a administração
oral devido a megaesôfago grave, pode-se iniciar o tratamento com metilsulfato de neostigmina
(Prostigmin, 0,01 a 0,04 mg/kg/IM/3 a 4 vezes ao dia) (TAYLOR, 2001).
Em animais com miastenia gravis adquirida, algumas vezes são recomendadas doses
imunossupressoras de corticosteróides (prednisona, 2 a 4 mg/kg a cada 24 horas, reduzindo-se
gradualmente a dose para a terapia em dias alternados), além da terapia com
anticolinesterásicos (TAYLOR, 2001; SHELTON, 1998). Embora alguns cães tenham sido
tratados com sucesso apenas com corticóides, a presença de pneumonia por aspiração
impede seu uso na maioria dos animais com miastenia (TAYLOR, 2001).
6
2.2.5. Prognóstico
A resposta ao tratamento clínico pode ser boa se a pneumonia por aspiração não for
grave e forem evitadas as complicações da aspiração e a dosagem excessiva de
anticolinesterásico. Alguns cães apresentam recuperação espontânea associada à diminuição
nos títulos séricos de anticorpos direcionados contra os receptores de acetilcolina e não
necessitam de tratamento posterior. O tempo entre o início dos sinais clínicos até a remissão
pode variar de dias a meses, daí recomendar-se a monitoração dos títulos de anticorpos
séricos contra receptores de acetilcolina a cada 4 a 8 semanas. Geralmente existe boa
correlação entre o título de anticorpos e o estado clínico (TAYLOR, 2001). O prognóstico para a
recuperação de pacientes com megaesôfago grave é desfavorável (TAYLOR, 2001; DEWEY,
2005).
7
inflamatórias e ruptura de axônios (especialmente as raízes ventrais) e nervos espinhais
periféricos (TAYLOR, 2001).
2.3.2. Diagnóstico
8
2.3.3. Tratamento
Não existe tratamento específico para esse distúrbio. A terapia de suporte é muito
importante (TAYLOR, 2001; DEWEY, 2005; CUDDON, 2008; ENDO et al, 2004). O animal
deve ser ajudado a comer e beber. Se possível, deve ser mantido em um colchão de ar ou
água, em um sofá ou cama de palha e virado periodicamente para prevenir a ocorrência de
atelectasia pulmonar e escaras de decúbito (TAYLOR, 2001). Glicocorticóides têm sido
sugeridos, mas não há evidências de eficácia (DEWEY, 2005; ENDO et al, 2004).
2.3.4. Prognóstico
O prognóstico para a recuperação é bom. A maioria dos cães começa a melhorar após
algumas semanas, e a recuperação ocasionalmente demora meses (TAYLOR, 2001; DEWEY,
2005).
Alguns cães nunca se recuperam completamente e o prognóstico para a recuperação no
gato perece ser desfavorável. Uma vez que o animal é acometido e tenha se recuperado,
estará susceptível a recidivas, em particular se for exposto novamente ao agente
desencadeante (TAYLOR, 2001).
9
microrganismos. Pode-se recorrer a colorações imunocitoquímicas para distinguir um desses
microrganismos do outro. Há relatos de sucesso parcial em cães tratados com clindamicina
(5,5 a 11 mg/kg/VO, SC ou IM, 2 vezes ao dia), mas é pouco provável que animais gravemente
acometidos respondam a esse tratamento (TAYLOR, 2001).
2.4. CINOMOSE
A cinomose é uma doença viral multissistêmica, altamente contagiosa e severa dos cães
e de outros carnívoros (LAPPIN, 2001; SHERDING, 1998), podendo incluir acometimento
progressivo multifocal do SNC (LAPPIN, 2001). O vírus da cinomose causa mais morbidez e
mortalidade que qualquer outro vírus que infecta os cães (SWANGO, 1992).
A incidência da moléstia é maior em cães jovens com três a seis meses de idade –
depois que desapareceu a imunidade passiva materna derivada da cadela (SWANGO, 1992).
Os animais jovens não-vacinados são mais comumente acometidos pela cinomose
generalizada grave (LAPPIN, 2001).
2.4.1. Epidemiologia
10
2.4.2. Características clínicas
2.4.3. Diagnóstico
11
assim ele pode ser detectado pelas técincas de anticorpo fluorescente ou imunoperoxidase
aplicadas a amostras de biópsia ou necropsia para o diagnóstico (LAPPIN, 2001).
2.4.5. Prognóstico
12
3. Síndrome Wei
3.1. Definição
A Síndrome Wei é caracterizada pela fraqueza dos membros, que leva à atrofia, flacidez
de musculatura e tendões e eventual paralisia (SCHAEFFER, 2005; ZHOU et al, 1997;
BLACKWELL e MACPHERSON, 1993). É uma condição que geralmente progride sem dor
(SCHAEFFER, 2005; ZHOU et al, 1997). Pode ocorrer com um membro só, de um só lado do
corpo ou nas quatro extremidades (mais comumente nos membros posteriores). Com sintomas
brandos, o paciente irá sentir fraqueza muscular. Nos casos mais severos, ocorrerá disfunção
ou até mesmo paralisia dos membros (XIAOMING, 2006).
3.2. Diferenciações
13
3.3. Etiologia e Patologia
O curso geral da Síndrome Wei é iniciado com uma condição de Excesso, seguida por
uma mistura de padrões de Excesso e Deficiência durante os estágios intermediários e finais
da doença e finalizando num estado de deficiência. Algumas variações da progressão podem
ocorrer, e durante o processo é possível que a Deficiência gere uma condição de Excesso,
como uma Deficiência do Qi do Baço levando ao acúmulo de Umidade (SCHAEFFER, 2005).
3.4. Tipos
O Calor patogênico afeta os pulmões consumindo os fluidos do corpo, fazendo com que
os músculos e tendões sejam privados de nutrição, processo que leva à flacidez muscular ou
atrofia (QIU, 1993).
Febre, tosse, irritação, sede, urina escassa e amarela (QIU, 1993; XIAOMING, 2006;
BIOESSENCE.NET), língua vermelha com saburra amarela (QIU, 1993; HOPKINS, 1995;
BIOESSENCE.NET), pulso rápido e fraco (QIU, 1993; BIOESSENCE.NET).
14
3.4.1.2. Princípio de tratamento
Sobretudo no canal Yang Ming, que falha em umedecer e nutrir os tendões e músculos
ou controlar e facilitar seus movimentos (QIU, 1993).
Sensação de peso nos membros (QIU, 1993; XIAOMING, 2006; OPEN TCM, 2008;
CHINESE MEDICINE TOOLS, 2007; BIOESSENCE.NET), opressão torácica (QIU, 1993;
XIAOMING, 2006; OPEN TCM, 2008), urina turva (QIU, 1993; XIAOMING, 2006), febre
acompanhada de transpiração, língua intumescida com saburra amarela gordurosa
(XIAOMING, 2006), pulso flutuante, rápido (XIAOMING, 2006; OPEN TCM, 2008) e macio
(QIU, 1993; OPEN TCM, 2008).
15
3.4.3.2. Princípio de tratamento
Fraqueza levando a dormência, língua púrpura, pulso irregular e fino (HOPKINS, 1995).
16
3.5. Seleção de pontos
IG10 (Shousanli) ponto local importante para parte inferior dos membros anteriores; é
similar ao IG15, indicado para parte superior dos membros anteriores. Também tonifica o Qi
assim como o E36 (SCHAEFFER, 2005; ENDO et al, 2004).
Bai Hui tonifica os rins e estimula a circulação de Qi e Sangue nos membros (ENDO
et al, 2004).
17
TA5 (Waiguan) (Ponto Luo) remove obstruções do meridiano, expele vento.
Especialmente útil para espasmos e tremores. Por ser parte do canal Shao Yang, está
relacionado com a Vesícula Biliar e por isso influencia os tendões (SCHAEFFER, 2005).
IG4 (Hegu) e ID3 (Houxi) bons pontos locais para os quatro calcanhares e pés. ID3
também expele Vento (SCHAEFFER, 2005).
E32 (Futu) ponto local para o meridiano do Estômago e afeta os vasos sanguíneos
(SCHAEFFER, 2005).
E41 (Jiexi) ponto local para os pés, auxiliando no levantamento dos pés
(SCHAEFFER, 2005).
VB40 (Quixu) ponto local para os pés, auxiliando no fortalecimento dos membros
(SCHAEFFER, 2005).
VG12 (Shenzhu), VG14 (Dazhiu) e os pontos Huatojiaiji bons pontos proximais para
paralisias dos membros. O VG14 também expele Vento e Vento-Calor e o VG12 tonifica o Qi
(SCHAEFFER, 2005).
18
3.6. Pontos adicionais para sintomas específicos (XIAOMING, 2006)
Dormência e sensação de pouca energia nas VB42, F3, IG11, Pc7, F4, IG4, IG10, TA2, BP9
articulações e pés
19
3.8. Fitoterapia Chinesa
Excesso
Calor nos Pulmões:
• Qing Fei Yi Huo Pian (SCHAEFFER, 2005)
• Sha Shen Mai Men Dong Tang + San Miao San (HOPKINS, 1995)
• Qing Zao Jiu Fei Tang (combinação de Eriobotrya e Ophiopogonia) = limpa o Calor
Seco e umedece os Pulmões (HOPKINS, 1995; BIOESSENCE.NET)
• Sha Shen Mai Dong Tang (combinação de Adenopjoria e Ophiopogonia) = umedece
os Pulmões e fortalece o Yin ou fluidos (BIOESSENCE.NET)
Invasão de Umidade-Calor:
• Er Miao San (SCHAEFFER, 2005)
• Yi I Ren Tang (combinação de Coix) (BIOESSENCE.NET)
• Dang Gui Lian Tong Tnag (combinação de Tang-kuei e Anemarrheana)
(BIOESSENCE.NET)
Deficiência
Estômago/ Baço-Pâncreas:
• Bu Zhong Yi Qi Wan (SCHAEFFER, 2005; HOPKINS, 1995)
• Liu Zun Zi Tang (com Umidade acentuada) (SCHAEFFER, 2005)
• Shen Ling Bai Zhu San (fórmula de Ginseng e Atractylodes) (BIOESSENCE.NET)
• Ba Xien Tang (combinação de Tang-kuei e Gentian) = tonifica o Qi e Sangue, elimina
a Umidade devido ao Baço e Estômago deficientes (BIOESSENCE.NET)
• Shi Quan Da Bu Tang (combinação de Ginseng e Tang-kuei 10) = tonifica o Qi e
Sangue por promover a função do Estômago e Baço (BIOESSENCE.NET)
• Gui Pi Tang (combinação de Ginseng e Logan) = tonifica o Qi e Sangue do Coração e
Baço (BIOESSENCE.NET)
20
• Da Bu Yin Wan (HOPKINS, 1995)
• Ba Wei Di Huang Wan (fórmula Rehmannia 8) ou Liu Wei Di Huang Wan (fórmula
Rehmannia 6) (BIOESSENCE.NET)
• You Gui Wan (fórmula Eucommia e Rehmannia) (BIOESSENCE.NET)
3.9.1. Pontos
Abaixo estão relacionados vários pontos que podem ser utilizados em um animal que
apresentou quadro clássico de cinomose com comprometimento neurológico (MATTHIESEN,
2004).
VB30, VB34, TA5, Bai Hui, B10, IG4 , IG11 já citados anteriormente.
21
F2 (Xingjian) (ponto nascente, ponto fogo) elimina o Fogo do Fígado, a Umidade-
Calor e o Calor no Sangue (MATTHIESEN, 2004).
R3 (Taixi) (ponto fonte, ponto terra) nutre o Qi, Sangue e a Essência. Harmoniza a via
das águas (YAMAMURA, 2004).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tratamento com acupuntura deve ser instituído o quanto antes, e ambos o paciente e o
acupunturista devem trabalhar juntos e calmamente até que ocorra a melhora dos sintomas. O
efeito da acupuntura irá aparecer após 10 a 15 tratamentos. É melhor que a acupuntura seja
usada em conjunto com exercícios e fisioterapia. Em casos agudos de Síndrome Wei, não se
faz o uso de moxa ou compressas quentes. O tratamento é feito uma vez a cada 2 dias, por 7 a
10 sessões e agulhas são deixadas por 30 minutos (XIAOMING, 2006).
Outras enfermidades devem ser consideradas no diagnóstico diferencial em casos de
moléstias multifocais dos nervos periféricos. A paralisia do carrapato apresenta sintomatologia
que varia em termos de gravidade desde paraparesia com reflexos patelares diminuídos até
tetraparesia ascendente aguda sem reflexos espinais, paralisia do nervo facial e angústia
respiratória (SWANGO et al, 1992). A raiva inclui entre seus sinais clínicos a disfunção
progressiva dos neurônios motores e a paralisia ascendente a partir do local de inoculação
(SWANGO et al, 1992; TAYLOR, 2001).
22
5. CONCLUSÃO
23
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Open TCM. Chinese Medicine Acupuncture Clinical Practice / Internal Medicine. Wei
Syndrome (muscle destrophy). 2008. Disponível em: http://opentcm.com/Article177.html.
Acesso em: 20 nov. 2008.
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http://www.chinesemedicinetools.com. Acesso em: 20 nov. 2008.
DHARMANANDA, S. Chinese herbal treatment for multiple esclerosis and other flaccidity
syndromes including myasthenia gravis and amyotrophic lateral sclerosis. Medboo TCM &
Acupuncture. Janeiro, 2006. Disponível em: http://www.ontcm.com. Acesso em: 20 nov. 2008.
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