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APROPRIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA

POR MÉTODO DE ENQUETE

Isar Trajano, L.D.


UFF - Pós Graduação em Engenharia Civil
CEP 24210-240 - Rua Passos da Pátria 156 - Niterói - RJ

Silvana Cordovil Pinheiro, MSc


UFF - Pós Graduação em Engenharia Civil
CEP- 24210-240 - Rua Passos da Pátria 156 - Niterói - RJ

ABSTRACT

The objective of the present work is the establishment of a method for the rising of
workers’ usual productivities in specific works, and of the interval of trust of the same
ones.
In order to avoid great number of mensurations standardized by the Engineering of
Methods, it intends the Method of surveys, based on the Method Delphi and in the
procedures established in the Method PERT for the rising of the durations of the activities.
The proposed method was applied to five services with sixteen interviews for each one,
making a total of eighty interviews with three surveys each one.
The work presents an application example of the Proposed Method to a service, with the
graph of its interval of trust of the productivity in Rio de Janeiro and the comparison with
the medium productivities indicated by Manuals of average use.
Área correspondente: 1.5 - Gerência da Construção Civil
Key Words: beta function, estimating, budget, productivit

1 - INTRODUÇÃO

O estabelecimento das produtividades da mão-de-obra nas composições de custo dos


serviços de construção não tem sido objeto de um tratamento adequado pela Engenharia de
Métodos. Normalmente os planejadores se valem dos índices de produtividade indicados
por publicações ou, em poucos casos, promovem uma apropriação das mesmas, quase
sempre sem considerar os ditames da estatística e da padronização do modelo.
Como o mínimo de fatores ou variáveis intervenientes é muito grande, isso exige um
trabalho de amostragem deveras laborioso. Por isso, apresenta-se a seguir um teste de
validade do Método de Enquete proposto por Trajano (1997) com base no método Delphi e
na técnica proposta pelo Método PERT para o levantamento dos parâmetros da função
Beta ajustada à duração de uma atividade.

2- O MÉTODO DE ENQUETE

O método proposto por TRAJANO (1997), a rigor vem sendo aperfeiçoado no Mestrado de
Engenharia Civil da UFF desde 1991/92. É um método de estimativas subjetivas baseado no
Método Delphi, utilizando a função Beta na modelagem de durações e produtividades como
indicado pelo Método PERT. Sua aplicação tem demonstrado muita coerência nos
resultados e boa consistência ao longo do tempo.
O Método de Enquete baseia-se na hipótese da função Beta ser uma distribuição de
probabilidade média aceitável para as produtividades unitárias dos serviços usuais de
construção civil, submetidos a um grande número de ações perturbadoras de suas
produtividades.

3 - APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ENQUETE

Com base nas planilhas propostas por TRAJANO procedeu-se o levantamento de índices de
produtividade no Rio de Janeiro e Niterói, através de entrevistas com 16 operários de 5
categorias dentro da construção civil, totalizando 85 entrevistas, obedecendo-se a alguns
critérios para não correr o risco do aumento da imprecisão dos dados. Por exemplo: cada
questionário foi aplicado individualmente, para se evitar o confronto de informações; foram
selecionados trabalhadores com mais de dez anos de experiência no serviço; para aumentar
a precisão dos dados, não foi utilizado um modelo, pois os questionários foram aplicados
aos serviços que estavam sendo realizados pelo operário no canteiro de obras naquele
momento; etc.
Dentre os diversos tipos de serviço levantados escolheu-se o serviço de “execução de
chapisco em paredes internas”, para melhor expor a aplicação do Método.
A aplicação do método desenvolveu-se de acordo com os seguintes passos:

1° Passo: Seleção da amostra de profissionais que serão entrevistados, avaliados quanto à


sua qualificação (experiência, honestidade na estimação de durações ou produtividades).
Informação ao entrevistado sobre a pesquisa e seu objetivo, desvinculando-a de qualquer
conotação de controle empresarial ou remuneração.

2° Passo: Inquirição do operário sobre as produtividades e plotagem dos valores obtidos na


planilha 1.
Para cada entrevistado, os valores da produtividade média (X) , desvio padrão (S) e
variância (V) foram feitos através das fórmulas indicadas para o PERT:

a + 4m + b b−a
X = S= = V
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A seguir, o cálculo da média e da mediana dos valores de cada uma das colunas a, m, b , e
lançamento de seus valores no pé da coluna correspondente (planilha 1).

N° Produtividades Previstas Média Desvio Padrão Variância


Operários a(mínimo) m (modal) b(máximo) X (S) V=S²
1 12,80 12,80 9,60 12,2667 0,5333 0,2844
2 14,14 9,00 4,00 9,0233 1,6900 2,8561
3 9,19 4,90 4,29 5,5133 0,8167 0,6669
4 8,75 8,75 5,83 8,2633 0,4867 0,2368
5 22,72 15,00 7,50 15,0367 2,5367 6,4347
6 10,00 8,80 5,55 8,4583 0,7417 0,5501
7 14,14 9,43 3,45 9,2183 1,7817 3,1743
8 12,75 8,74 8,74 9,4083 0,6683 0,4467
9 9,41 5,71 3,43 5,9467 0,9967 0,9933
10 8,89 6,67 4,44 6,6683 0,7417 0,5501
11 24,00 12,00 8,00 13,3333 2,6667 7,1111
12 22,73 15,00 10,00 15,4550 2,1217 4,5015
13 14,00 7,00 5,60 7,9333 1,4000 1,9600
14 10,00 6,67 4,44 6,8533 0,9267 0,8587
15 22,22 16,67 11,11 16,6683 1,8517 3,4287
16 20,20 6,67 3,33 8,3350 2,7783 7,7191
Média 14,734 9,613 6,207 X = 9,899 S = 1,615 V= 2,611
                                                                                                    

                                                                                                    

Mediana ad = 13,40 md = 8,775 bd = 5,575                                                                                                     

Tabela 1 : Valores das produtividades estimadas pelos operários.

Como se tem pequenas amostras e se baseia o consenso sobre as separatrizes características


da distribuição Beta, tomam-se como valores centrais as medianas das colunas (a, m, b)
lançando-se no pé da respectiva coluna (planilha 1).
A rigor o que se fez até agora, foi a obtenção das amostras das separatrizes a, m, b.
Uma visualização simplista dessa amostragem é apresentada no gráfico 1, onde as
distribuições Beta de probabilidade foram substituídas por distribuições triangulares (apenas
esquematicamente representativas), face ao desconhecimento dos fatores de forma das
distribuições Beta, e onde, de cada lado da mediana se tem 50% da área de cada amostra o
que indica o empenamento da distribuição Beta.

Gráfico 1:Intervalos de confiança dos parâmetros a, m, b do serviço de chapisco

A partir dessas estimativas (dos parâmetros “a, m, b”) das produtividades, pode-se calcular
(pelas fórmulas do PERT) os parâmetros da distribuição normal equivalente:

ad + 4md + bd b d − ad
X = = 9,898 σ= = 1, 421
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E com os parâmetros obtidos traçar o gráfico 2, onde estão superpostos:


a) o diagrama triangular equivalente ao da distribuição Beta.
b) O diagrama da curva normal equivalente obtido a partir das fórmulas do PERT.
c) Dois valores de produtividade média indicados por manuais de uso corrente.
Gráfico 2: Intervalo de Confiança definido a partir dos parâmetros da distribuição Normal
comparado com o Intervalo de Confiança Proposto.

4 - Conclusão

Os resultados obtidos mostram o intervalo de confiança da produtividade do serviço em


estudo, e apesar de propor um intervalo de confiança mais abrangente do que o calculado
pelo método PERT, este situa-se dentro do encontrado, e os valores para os coeficientes
teóricos propostos pelas publicações encontradas no mercado, da mesma forma, encontram-
se os valores centrais, neste caso.

5 - Bibliografia

1- BRAVO, H. CPM ou PERT/CUSTO. Rio de Janeiro: Revista do Clube de Engenharia,


Série C, Vol 2, N° 355, abr, 1996.
2- SOONG, T.T. Modelos Probabilísticos em Engenharia e Ciências. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos LTC, 1982.
3- NETO, Pedro Luiz de Oliveira Costa. Estatística. São Paulo: Edgard Blücher LTDA,
1977 (14ª Reimpressão - 1995).
4- TRAJANO,I. Orçamento Probabilístico de um Produto. João Pessoa: XIV ENEGEP.
Out, 1994.
5- TRAJANO,I. A Inadequação do Método do Custo Unitário para a Estimação do Custo
Global de Edifícios. Rio de Janeiro: ENTAC, 1995.

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