MESTRADO EM DIREITO
Guanambi/BA
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO FG -UNIFG
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO
MESTRADO EM DIREITO
Guanambi/BA
2021
Dedico esse trabalho a minha amada
esposa Kátia e aos meus filhos Heitor e Pedro
Henrique, por compreenderem a minha au-
sência nesses dois anos árduos de estudo.
Agradeço a Deus, primeiramente, pela grande oportunidade de cursar o mes-
trado e pelas graças obtidas.
Ao meu orientador, Professor Dr. André Luiz Nicolitt, pela paciência, sapiên-
cia, aconselhamento e exímia condução na orientação desse trabalho.
Jean-Claude Monet
RESUMO
A presente dissertação tem como tema central a busca por uma abordagem
policial criteriosa na perspectiva garantista a fim de verificar a possibilidade
da existência de uma abordagem policial sem o estabelecimento de estereóti-
pos para com o suspeito bem como critérios objetivos para desencadear o iní-
cio da ação policial durante a abordagem. Através do método crítico, a pes-
quisa entrelaçou a Segurança Pública aos Direitos Fundamentais nos ditames
da Carta Magna, tendo o garantismo penal de Luigi Ferrajoli como marco teó-
rico fundamental. Para tanto, debruçou-se nos parâmetros de uma polícia no
Estado democrático, analisando a formação da força policial no Estado mo-
derno até a sua constituição em uma democracia constitucional g arantista. No
aprofundamento dos aspectos, das concepções das forças policiais no Brasil e
o entendimento dos princípios e fundamentos da abordagem policial. A pes-
quisa esmiuçou os principais estereótipos do suspeito de uma abordagem po-
licial: o etiquetamento social, as “classes perigosas” e o racismo, avaliando a
relação desses estereótipos com a necropolítica e o seu encarceramento siste-
mático. Por fim, reuniu os critérios objetivos baseados nas experi ências da
polícia de Los Angeles, no perfil geográfico e no Pacto pela Vida gestado e
implementado no estado de Pernambuco. A pesquisa concluiu que para se al-
cançar critérios objetivos para desencadear uma abordagem policial é neces-
sário olvidar esforços em prol da racionalidade dos processos técnico policial
e da racionalidade jurídica proposta pelo garantismo penal de Ferrajoli.
This dissertation has as its central theme the search for a judicious po-
lice approach in the guarantor perspective in order to verify the possibility of
the existence of a stop-and-frisk without establishing stereotypes towards the
suspect as well as objective criteria to trigger the start of the action police
during the approach. Through the critical method, the research intertwined
Public Security with Fundamental Rights in the dictates of the Constitution,
with Luigi Ferrajoli's penal guarantee as a fundament al theoretical frame-
work. To this end, it looked at the parameters of a police in the democratic
state, analyzing the formation of the police force in the modern state until its
constitution in a guaranteeing constitutional democracy. In the deepening of
the aspects, the conceptions of the police forces in Brazil and the understand-
ing of the principles and foundations of the stop-and-frisk. The research ex-
amined the main stereotypes of the suspect in a stop-and-frisk: social eti-
quette, “dangerous classes” and racism, evaluating the relationship of these
stereotypes with the necropolitics and their systematic incarceration. Finally,
it met the objective criteria based on the experiences of the Los Angeles po-
lice, on the geographic profile and on the Pact for Life created and imple-
mented in the state of Pernambuco. The research concluded that in order to
reach objective criteria to trigger a stop-and-frisk, it is necessary to forget ef-
forts in favor of the rationality of technical police processes and the legal ra-
tionality proposed by Ferrajoli's criminal guarantee.
PC Polícia Civil
PM Polícia Militar
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 16
INTRODUÇÃO
O tema apresentado propõe uma pesquisa sobre a busca por uma abor-
dagem policial criteriosa a fim de que se possa eliminar ao máximo elementos
subjetivos que possibilitem o etiquetamento social, a utilização de estereóti-
pos sociais, o biopoder e a necropolítica, tornando o processo de abordagem
policial mais condizente com as garantias fundamentais asseguradas pela
Constituição Federal.
Grande parte do uso dessa força utilizada pela polícia é vista, percebida
e sentida durante uma abordagem policial, recurso este empregado em todo
território nacional como plano de ação das instituições policiais. Para se ter
uma boa ideia da abrangência dessa utilização, apenas a Polícia Militar do
Amazonas alegou ter abordado 380 mil usuários do transporte coletivo entre
os meses de janeiro a outubro durante o ano de 2019 1.
2 FERRAJOLI, L. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 3 a ed. ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2002, p. 684.
3 KOWARICK apud NICOLITT, A. L. Intervenções corporais o processo penal e as novas
pria natureza 10. Entretanto, esse estado de natureza propicia ao homem, por
mais forte que seja, a condição de constante alerta para manter a sua própria
sobrevivência. Hobbes então criou sua regra geral da razão, a qual diz que o
homem deve se esforçar pela paz e caso não consiga deve olvidar todos os
meios para ganhar a guerra.
1995, p. 35.
12 Op. cit.
13 ESPÍNDOLA, A. A. da S. Entre a insustentabilidade e a futilidade: a jurisdição, o direito e
dade. Porém, não há anarquia nesse estado pelo fato de todos se sujeitarem a
lei da natureza, a qual Locke denomina de razão. A razão permearia os ho-
mens ensinando o valor da vida, igualdade, liberdade e da propriedade 14. O
pensador, assim como Hobbes, adiciona o caráter divino ao seu ideal de Con-
trato Social, mas ao invés de atribui-lo ao soberano, ele atribui ao “Criador in-
finitamente sábio” a responsabilidade de harmonizar a razão entre os ho-
mens 15.
14 LOCKE, J. Segundo Tratao do Governo Civil e Outros Escritos . 3. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes (Clássicos do Pensamento Politico), 2001 .
15 Op. cit., p. 129
16 Ibid.
17 Ibid, p. 96.
23
seria a mais antiga de todas as sociedades e mesmo assim os filhos a aba ndo-
naria ao alcançar a idade da razão a fim de seguirem suas próprias conveni-
ências. Para o pensador, esse fato demonstrava que o homem não tinha neces-
sidades de viver em bandos, mas em grupos de conveniência. A vivência em
isolamento impediria o desejo de glória, reputação, riqueza e segurança, evi-
tando a necessidade de guerra, tão presente na concepção de Hobbes 18.
18 ROUSSEAU, J.-J. O Contrato Social. 3 a ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999a.
19 ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os
homens. São Paulo: Martins Fontes, 1999b.
20 Id., 1999a.
21 CHAUI, M. Convite à Filosofia. 12 a ed. São Paulo: ática, 2002.
22 BOBBIO, N. Estado, governo, sociedade. 14 a ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987, p.56.
24
Gruppi, citado por Streck 23 e Morais, afirma que o Estado moderno possui
duas características. A primeira delas reside na autonomia plena do Estado
soberano, enquanto a segunda reside na distinção entre Estado e a sociedade
civil.
23 GRUPPI apud STRECK, L. L.; MORAIS, J. L. B. DE. Ciência Política & Teoria do Estado.
7 a ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012 , p. 33.
24 Espíndola, op. Cit., p. 295.
25 SCHIERA apud STRECK ; MORAIS, op. cit., 38.
26 Ibid., 38.
27 Espíndola, op. cit., p. 296.
28 BOBBIO, N. Liberalismo e Democracia. 6 a ed. ed. São Leopoldo: Brasiliense, 2000 , p.7.
29 Espíndola, op. cit., p. 297.
25
30 Ibid. , p.301.
31 Streck; Morais, op. cit., p.55.
32 PELAYO apud ESPÍNDOLA, op. cit, p., 302.
33 Streck; Morais, op.cit., p. 90.
26
39 MONET, J.-C. Polícias e Sociedades na Europa. 2 a ed. São Paulo: Edusp, 2006, p. 32.
40The kin police, ou policiamento de parentesco era baseado na filosofia de relações parentais
das tribos ou dos clãs, porém cada grupo possuía o seu próprio código “legal”, o qual tinha
a obrigação de exercer a aplicação da lei, mesmo que direcionado a outro clã ou tribo. Com
o passar do tempo esse método foi se tornando severo, cruel e sangrento, à medida que a
justiça se confundia com vingança. Cf. BERG, B. L. Policing in modern society. Oxford:
Elsevier, 1999, p.16.
41 Ibid., p. 19.
28
Em Roma, a Lei das XII Tábuas estabelecia que cabia a vítima conduzir
o suposto criminoso ao magistrado local a fim de este fosse pronunciado e
sentenciado 44. Essa realidade mudou quando o Imperador Augusto César cri-
ou a Guarda Pretoriana, por volta de 27 a.C., que tinha a incumbência de pro-
teger o imperador e suas posses. A versão civil dessa polícia era chamada de
vigiles, que eram encarregados de manter a paz na cidade através de patru-
lhamento 45. Essa metodologia foi mantida pelos sucessores de Augusto César,
a qual desaparecera após a queda do Império Romano.
Quanto a isso, Monet lembra que existe uma estreita ligação das polí-
cias com o ambiente urbano. Esse caráter municipal se deu pelo pequeno nú-
Algo relevante para este estudo reside nos modelos de polícia estabele-
cidos na Europa. Assim, em relação ao sistema de comando as polícias podem
ser monistas, quando só uma força cobre todo o território; dualista, quando
há duas grandes forças policiais, geralmente uma militarizada e outra civil; e
por último, um sistema pluralista, onde as polícias dependem de diferentes
órgãos, sejam eles provinciais, federais ou estaduais 57. No Brasil, devido a
existência das polícias estaduais, civis e militares, da polícia rodoviária fede-
ral, de uma polícia federal bem como uma polícia ferroviária federal, pode se
afirmar que há um sistema pluralista.
56 Op. cit
57 Monet, op. cit.
58 Op. ct.
33
59Para Aristóteles, existiam três formas de governo consideradas justas: a monarquia, a aris-
tocracia e a república. Na monarquia o interesse do Estado pertenceria ao monarca; na aris-
tocracia o poder seria confiado a um pequeno e dileto grupo de cidadãos, eiv ados de gran-
des virtudes; e por último, a república, onde a multidão governaria para a multidão. Se-
gundo a Aristóteles, a corrupção dessas formas de governo geraria Estados degenerados,
assim, a democracia seria a degeneração da república, a oligarquia a d egeneração da aristo-
cracia e a tirania a degeneração da monarquia. Cf em ARISTÓTELES. A política. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2011. E-book.
60 Ibid.
34
da era moderna. O sociólogo espanhol Juan Linz, por exemplo, define o auto-
ritarismo moderno como um sistema com pluralismo político limitado , carac-
terizado por uma mentalidade específica, não permitindo mobilização política
capilar e em larga escala, exceto em alguns momentos do seu desenvolvimen-
to e mesmo assim tendo um líder ou um pequeno grupo político exercendo o
poder dentro dos limites mal definidos da formalidade, porém com previsibi-
lidade 61.
66 MALBERG, R. G. DE. Teoría general del Estado. 2. ed. Ciudad de México: Fondo de
Cultura Economica, 1998, p. 208.
67Luigi Ferraloli estabeleceu 10 axiomas como base do seu Sistema Garantista (SG). Segundo
Uma polícia no regime totalitário pode ser muito mais perigosa e opres-
sora que um exército. Isso acontece devido a programação instalada na for-
mação das duas instituições. Nos exércitos, a concepção de inimigo é voltada
para o perigo estrangeiro que a qualquer momento pode invadir a mãe pátria,
subjugá-la, obliterá-la, pondo em risco todos os cidadãos, seus entes queridos
e amigos. Essa visão de mundo, segundo Arendt 72, torna a ação do exército
pouco confiável para uma situação de controle social, pois os soldados possu-
em dificuldade em se voltar para os seus compatriotas.
Já a polícia, nesses casos, parece ser uma solução mais confiável, pois a
sua programação consiste em entender que aqueles que não se submetem ao
líder são rebeldes, subversivos, traidores da pátria que não conseguem perce-
ber a grandeza estabelecida pelo regime e por isso merecem sofrer, merecem
ser expurgados, muitas vezes com requintes de crueldade. A Gestapo nazista
Sobre essa violência, Anrendt 75 afirma que o sinal mais evidente de de-
sumanização não é raiva ou a própria violência, mas a ausência óbvia de am-
bos. Interessante ressaltar que alguns pesquisadores na década de 50, dentre
eles Adorno, estabeleceram o perfil de uma personalidade autoritária. Segun-
do os pesquisadores, o convencionalismo, a agressividade autoritária, a sub-
missão acrítica, a destruição e cinismo, poder e rudeza, superstição e estereo-
Sanford et al. 77, deixam claro que a escala F foi feita para identificar o
que torna uma pessoa receptiva à propaganda antidemocrática. Entretanto,
não significa que uma pessoa possua todas as características descrita pelo
padrão de personalidade apresentado.
83 Op cit., p. 235.
84 Op cit.
85 Przeworski, apud Cenci e Bendin, 2014, p. 235.
86 Op cit., p. 9.
87 Op cit.
88 Op cit., p.236.
89 Op. cit., p. 33–34.
90 Op cit., p. 6.
43
Em outras palavras, o autor informa que não existe Democracia sem di-
reito, contemporaneamente - não há Democracia fora da constituição. Isso faz
sentido na medida em que, enquanto constitucional, a Democracia leva em
sua rigidez as garantias inderrogáveis a qualquer um, não apenas as garantias
da maioria, entrementes, lição aprendida após a Segunda Guer ra mundial.
94 Ibid., p. 20–28.
95 Ibid., p. 26.
96 NICOLITT, A. L. Intervenções Corporais O Processo Penal e as Novas Tecnologias : Uma
45
n.p. E-book.
100 HABERFELD, M.; GIDEON, L. Policing Is Hard on Democracy, or Democracy Is Hard on
Policing? In: HABERFELD, M. R.; CERRAH, I. (Org.). Comparative Policing: The Struggle
for Democratization. Thousand Oaks: SAGE, 2008, p. 9.
46
Equívocos a parte, o fato é que a ação policial pode e deve estar pari -
passo aos contornos da lei, assegurando, inclusive, as garantias constitucio-
nais, até porque esses ditames fazem parte da gênese das instituições polici-
ais, pois Monet ressalva que: “... a existência de uma polícia pública é o sinal
indiscutível da presença de um Estado soberano e de sua capacidade de fazer
prevalecer sua Razão sobre as razões de seus súditos” 103.
Ora, nada mais racional que o Garantismo na medida em que ele racio-
naliza o direito a fim de evitar surpresas. Amilton e Salo de Carvalho lem-
bram que a Teoria do Garantismo Penal se dispõe a constituir critérios de ra-
cionalidade e civilidade à intervenção penal, deslegitimando qualquer modelo
de controle social maniqueísta que coloque a defesa social acima dos direitos
109BITTNER, E. Aspectos do trabalho policial. São Paulo: Edusp, 2003. (Série Polícia e
Sociedade).
110 MONJARDET, D. O que faz a polícia: sociologia da força pública . São Paulo: Edusp,
2003. (Série Polícia e Sociedade).
111 Op cit., p. 615.
49
O jus filósofo italiano vai mais além e afirma que as diversas atribui-
ções deveriam ser destinadas a corpos de polícia separáveis entre si e organi-
zados de forma independente de forma funcional, administrativa e hierárqui-
ca, sendo que a parte relativa à polícia judiciária deveria ser ligada ao poder
judiciário, inclusive com suas garantias formais, além da inde pendência do
poder executivo a fim de evitar promiscuidade 113.
Copetti Neto 115 segue o mesmo caminho quando assevera que uma de-
mocracia se assume constitucional quando se encontra em sua essência a rigi-
dez das cartas constitucionais que determinam direitos que não pertencem
somente à maioria, mas a qualquer cidadão.
Nesse quesito, Walker, citado por Batitucci, afirma que o esta belecimen-
to de qualificações mínimas para a contratação e o treinamento dos policiais
de linha, além da adoção de princípios da administração científica nessas ins-
tituições contribuiriam para a qualificação policial 117.
116 Op cit., p.
117 WALKER apud BATITUCCI, E. C. A polícia em transição: O modelo profissional -
burocrático de policiamento e hipóteses sobre os limites da profissionalização das polícias
brasileiras. Resvista Dilemas, v. 4, n. 1, p. 65–96, 2011. p. 67.
118 Ibid.
119 REISS JR. Apud BATITUCCI, op. cit., p. 76.
51
120 Op cit.
121 WALKER apud BATITUCCI, Op cit., p. 66.
122 CADEMARTORI, S. U. DE; STRAPAZZON, C. L. Principia iuris : uma teoria normativa
tames da lei 126. Louis Rolland apud Lazzarini, a partir do estudo dos textos ju-
rídicos francês, entende que a polícia administrativa tem como objetivo prin-
cipal assegurar a boa ordem, que é formada pela tranquilidade pública, a se-
gurança pública e a salubridade pública 127. Assim, mais adiante, Álvaro
Lazzarini afirma categoricamente que: “A Polícia Administrativa, propria-
mente dita, é preventiva, regida pelas normas e princípios jurídicos do Direito
Administrativo” 128.
126 MELLO, C. A. B. DE. Curso de Direito Administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2010, p. 833.
127 ROLLAND apud LAZZARINI, A. Limites do poder de polícia. Revista de Direito
Por último, a sanção de polícia, ocorre quando há falha nas fases ante-
Moreira Neto 145 apresenta uma distinção que acrescenta o fator humano
a equação.
A pesquisa revelou que no Brasil 47% dos entrevistados se preocupavam com crime e se-
152
gurança, 46% com saúde, 39% com desemprego, 38% com a corrupção e 36% se declararam
preocupados com a educação. Cf. IPSOS. What Worries the World - Maio 2019. Mar. 2017.
Disponível em:<https://www.ipsos.com/sites/default/files/ct/news/documents/2019 -
07/brazil_what_worries_the_world_may_2019.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2020.
63
53.016
50.000
48.136
45.433
40.000
37.152
30.000 32.015
20.000 19.748
10.000 11.217
0
1979 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2014 2017
Dessa forma, Lazzarini afirma que a ordem pública é formada por mí-
Moreira Neto destaca que a segurança do Estado pode ser externa, de-
fendida pela diplomacia e pelas atividades operativas de defesa das Forças
Armadas, e interna, correspondente a segurança pública, que em última ins-
tância é defendida pelas Forças Armadas, mas que comumente é uma ativida-
como o fator importante para renová-la, seja através da macro política, na im-
plementação de políticas públicas que impactam a segurança pública . Não há
dúvidas que a macro política também possui seus impactos na segurança pú-
blica. Moreira Neto 171, por exemplo, afirma categoricamente que “o Estado
brasileiro é o grande responsável pelo sério problema de segurança pública
que defrontamos em todo quadrante do país”.
imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25700-pnad-continua-2018-10-da-populacao-
concentram-43-1-da-massa-de-rendimentos-do-pais>. Acesso em: 20 jun. 2020a.
174 CERQUEIRA, D.; LOBÃO, W. Criminalidade, ambiente socioeconômico e polícia:
desafios para os governose polícia : desafios para os governos. RAP, v. 38, n. 3, p. 371–399,
2004, p.376.
70
dade 175.
FBSP, 2019, p. 8.
177 Bueno e Lima, Ibid., p. 12.
71
gens que permitam reproduzir as boas iniciativas que tenham sido exitosas.
Com isso, perde-se a oportunidade de produzir um debate produtivo a acerca
da segurança pública, deixando espaço para que as falácias oportunistas que
turvam o debate público, principalmente ao debate da concepção de seguran-
ça pública existente no país, que vão influenciar diretamente nas abordagens
policiais.
da ordem 183.
183 FREIRE, M. D. Paradigmas de Segurança no Brasil : da Ditadura aos nossos dias. Aurora,
v. III, n. 5, 2009, p. 50.
184 Ibid., p. 51.
185 Ibid., p. 51.
186 Souza Neto, op. cit. p.6.
74
nalidade 187.
2000, foi a base para estabelecer uma visão de Segurança Pública Nacional, e,
nele, já se assinalava a preocupação com questões sociais, algo inovador para
a época, conforme se evidencia a seguir.
190 BRASIL, Ministério da Justiça. Plano Nacional de Segurança Pública. Brasília. 2000.
Brasília. 2000, p. 4. Disponível em:
<https://www.mpdft.mp.br/portal/pdf/unidades/procuradoria_geral/nicceap/legis_arm
as/Legislacao_completa/Plano_Nacional_de_Seguranca_Publica_2000_2002.pdf>. Acesso
em: 22 jun. 2020.
191 Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pú-
blica, nos termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal; cria a Política Nacional de Se-
gurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de Segurança Pública
(Susp); altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de
fevereiro de 2001, e a Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei
nº 12.681, de 4 de julho de 2012.
192 BRASIL, Ministério da Segurança Pública. Plano e política nacional de segurança
76
D’Agostinho, citado por Telles, Arouca e Santiago 199, revela que após a
vigência da Lei nº 11.343, de 2006 (Lei de Drogas), entre os anos de 2006 e
2015, houve um aumento de 339% dos presos por tráfico de drogas, elevando
o Brasil a condição de terceira maior população carcerária do mundo. Ainda
assim, a guerra as drogas não atingem a todos de forma homogênea, mas mui-
to mais intensa em relação aos negros, favelas e periferias.
196 VALOIS, L. C. O Direito Penal da guerra as drogas. Belo Horizonte: D’Plácido, 2017), p.
96.
197 SILVA et al. Os reflexos da nova lei de drogas na atuação das polícias estaduais. Revista
Brasileira de Segurança Pública, v. 1, n. 2, 2007, p. 121.
198 TELLES, A. C.; AROUCA, L.; SANTIAGO, R. Do #vidasnasfavelasimportam ao
grante e um inquérito policial dos anos 40, com pouquíssimas garantias para
um indiciado, que torna o sistema jurídico falho a ponto de permitir que poli-
ciais, durante a abordagem, possam decidir se o cidadão é usuário ou trafi-
cante de drogas, o que ele considera “a mais grave das discricionaridades
dessa guerra” 200.
Entretanto, Valois 204 entende que o direito necessita ser analisado com
base na realidade de maneira que ele deixe de ser objeto de alienação profis-
sional e possibilite uma nova forma de pensar na guerra as drogas, pois a
perspectiva punitiva, repressiva, faz todos vítimas dessa guerra, inclusive o
juiz, o promotor público e o policial.
205 Embora a abordagem policial seja uma técnica inerente a qualquer polícia, no Brasil, as
policiais militares, por sua natureza ostensiva, por estarem em maior número e por possuí-
rem maior capilaridade em território nacional, desenvolvem e aprimoram as técnicas de
abordagem de forma dominante. Assim, a pesquisa se referirá e se baseará nas técnicas de
abordagens produzidas pelas polícias militares.
206 PINC, T. M. Abordagem Policial: avaliação do desempenho operacional frente à nova
dagem que a potencializam para garantir os seus objetivos 218. Dessa forma, a
abordagem possui 5 fundamentos a seguir: a) Segurança, que são as cautelas
necessárias para minimizar o perigo de uma reação do abordado; b) Unidade
de Comando, para facilitar a coordenação e a comunicação durante a aborda-
gem; c) Flexibilidade, que possibilita a realização de manobras diversificadas
com viatura ou efetivo, a fim de torna-la mais rápida; d) Ação Vigorosa, ati-
tude firme e resoluta do policial na situação a fim de dar ordens claras e pre-
cisas, minimizando riscos; e) Vigilância, a capacidade do policial em perma-
necer alerta ao perigo.
226 Para Heimer, o risco, relacionado ao mercado, é uma das mais importantes limitações da
ação racional e da tomada de decisão, a qual Tânia Maria Pinc associou ao conceito de abor-
dagem. Cf. HEIMER apud PINC Pinc, 2011, p. 145.
227 A Organização dos Estados Americanos (OEA) possui atualmente 35 membros. Entre
2006 e 2012 foram protocolados 943 (novecentos e quarenta e três) petições brasileiras para
análise, sendo que 7 (sete) foram submetidas a julgamento. Um dos casos mais emblemáti-
cos repousa no caso Maria da Penha, em 2001, onde a OEA recomendou a edição de lei com
89
o objetivo de reprimir a violência dom éstica contra a mulher que culminou na Lei nº 11.340,
de 7 de agosto de 2006, Cf. OLIVEIRA, M. das G. M. D. de; CARMO, V. M. do; OLIVEIRA,
B. B. de. Sistema Interamericano de Proteção dos Diretos Humanos: análise da efetividade
no Brasil. Prim@ facie, v. 18, n. 39, 2019. Disponível em:
<https://periodicos.ufpb.br/index.php/primafacie/issue/view/2436/Prim%40 Facie%2C
n. 39%2C v. 18%2C 2019.>.
228 De autoria de Cees de Rover, ex-Consultor Sênior junto ao Representante Especial do Se-
cretário Geral das Nações Unidas em Burundi em Questões de Segurança e Aplicação da
Lei, tendo sido Vice-Diretor do Instituto Policial de Segurança e Ordem Pública dos Países
Baixos e ex-integrante da Polícia Holandesa. O manual foi um marco na área de segurança
pública e teve a intenção de incorporar princípios de direitos humanos e direito internacio-
nal humanitário nos currículos de treinamento já existentes ou criar novos currículos de
treinamento, ambos em nível teórico (conhecimento/entendimento) e prático (técnicas/
aplicação) de maneira a assegurar a continuidade da formação e treinamento dos policiais
ao redor do mundo, adequando o conceito de ética, limitação da força e da arma de fogo aos
parâmetros dos direitos humanos. Cf. ROVER, C. de. Para servir e proteger. direitos
humanos e direito internacional humanitário para forças policiais e de segurança: manual
para instrutores. Traduzido ed. Genenbra: Comitê Internacional da Cruz Vermelha, 1998 .
229Esse manual é mais abrangente que “Para Servir e Proteger”, contendo condutas para
gestão das organizações policiais bem como situações mais específicas, a exemplo de situa-
ções com refugiados Cf. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Direitos humanos e aplicação
da lei: manual de formação em direitos humanos para as forças policiais. Lisboa: ONU,
2001.
90
230 Para Silva, o suspeito judicial e o suspeito criminal possuem uma relação pura com o
crime, pois trazem consigo a certeza do seu vínculo com ele. Porém, o indivíduo suspeito, a
ação suspeita e a situação suspeita não possuem a pureza do vínculo como os anteriores,
mas estariam ligados a algum grau de percepção de crime, sendo mais proeminentes em al-
guns contextos do que outros. Cf. SILVA, G. G. A lógica da Polícia Militar do Distrito
Federal na construção do suspeito. Dissertação. (Mestrado em Sociologia) Programa de Pós-
Graduação do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília, 2009, p. 82–83.
231 BUENO, S. Dicionário escolar. 3. ed. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 2004 , p. 633.
232 PMMG, op. cit., p. 107.
92
Há, também, outro fator que deve ser levando em conta no tocante a
falta de um conceito claro para definir um suspeito como a forma idiossincrá-
sica que o policial percebe os fenômenos sociais ao seu redor, impactando a
sua ação em meio a sociedade. Nesse sentido, Ramos e Musumeci explicam
que sem a fundamentação concreta da suspeita, fora do contexto criminal, os
policiais ficam suscetíveis ao acionamento de estereótipos e preconceitos, tais
como a aparência física, atitude, local, horário, circunstâncias, ou alguma
p. 588.
96
do Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Instituto Carioca de Criminologia, 2002 , p. 86.
246 Ibid., 88.
247 Ibid., 87–88.
97
ção e de quem tem o poder de definir – o estudo das agências de controle so-
cial.
Baratta 253 clarifica essa relação ao explicar que para Lemert a reação so-
cial ou punição de um primeiro comportamento desviante tem o poder de
mudar a identidade social de um indivíduo estigmatizado, criando a tendên-
cia do estigmatizado permanecer nesse papel social ao qual fora introduzido.
Anitua 254 ressalta que o desvio primário seria iniciado pela lei penal,
mas com motivos sociais, culturais e psicológicos, dessa forma, o desvio pri-
mário contribuiria para a estigmatização do desviado devido a punição im-
posta como uma reação social. O desvio secundário, então, seria a resposta do
desviado a reação social, alterando a sua estrutura psíquica e produzindo
uma organização especializada de papéis sociais e comportamento de auto-
estima lhe conferindo determinado status.
proach e partindo das reflexões de Fritz Sack, discorre que na sociedade, a par-
tir de uma interpretação sócio-política do fenômeno pelo qual certos indiví-
duos, pertencentes a certos grupos sociais, que por sua vez representam cer-
tas instituições, possuem o poder de estabelecer quais crimes devem ser per-
seguidos e quais pessoas devem ser perseguidas. Assim, o poder de qualificar
o criminoso estaria nas mãos de um grupo específico de funcionários que são
recrutados por critérios específicos que exprimem certos estratos sociais para
atender inúmeros interesses 256.
256Ibid., p. 109–111.
257 SUTHERLAND, E. H. White-Collar Criminality. American Sociological Review, v. 5, n.
1, p. 12, 1940, p. 1.
100
Nesse sentido, Baratta 261 comenta que há uma distorção das estatísticas
criminais, onde a criminalidade do colarinho branco é subdimensionada, dis-
torcendo as teorias criminais, as quais sugerem um quadro inverídico da dis-
tribuição da criminalidade nos grupos sociais.
258 The thesis of this paper is that the conception and explanations of crime which have just
been described are misleading and incorrect, that crime is in fact not closely correlated with
poverty or with the psychopathic and sociopathic conditions associated with povert y, and
that an adequate explanation of criminal behavior must proceed along quite different lines.
The conventional explanations are invalid principally because they are derived from biased
samples. The samples are biased in that they have not included vas t areas of criminal be-
havior of persons not in the lower class. One of these neglected areas is the criminal behav-
ior of business and professional men, which will be analyzed in this paper. Cf. Sutherland,
op. cit., p. 2.
259 Ibid., p. 2–3.
260 Ibid., p. 8.
261 Ibid., p. 102.
101
Alberto Passos Guimarães 266, citado por Coimbra, explica que o termo
“classes perigosas” surgiu na primeira metade do século XIX para definir um
conjunto social formado à margem da sociedade civil, fruto da superpopula-
ção relativa ou do exército industrial de reserva existente nas fases iniciais da
Revolução Industrial na Inglaterra.
tégia de sobrevivência para pessoas que viviam a margem da lei 268. Não há
dúvidas que houve uma mudança considerável no significado do termo .
268Ibid., p. 80.
269Tradução livre: “A miséria das classes trabalhadoras na França e na Inglaterra ”.
270 CHEVALIER, L. Laboring classes and dangerous classes in paris during the first half
Chalhoub comenta que Frégier realizou uma ampla descrição das con-
nomenon of civilization; it presupposes the awakening, even the higher development, of the
human consciousness. We need not go back to barbarism or the state of savagery for we can
find classes of individuals, or even of peoples, in our own societies who are destitute, but
still lack that consciousness of it which brings the real effects of physical suffering home to
the inmost feelings. Certain classes of mankind suffer the most extreme poverty, but not
distress in our sense. The Picardy peasant, with his sordid hut of mud and straw, is as poor
as a man can be, but he practically never importunes public charity; he is not distressed.
The same may be said of all the groups which have remained in their primitive indigence,
such as the people of lower Brittany and Corsicans. Cf. BURET apud CHEVALIER, op. cit.,
p. 142–43.
272 Em tradução livre: “Classes perigosas da população nas grandes cidades ”.
273 Chevalier, op. cit. , p. 140–41.
274 Have always been and will always be the most productive breeding ground of evildoers of all
sorts; it is they whom we shall designate as the dangerous classes. For even when vice is not accom-
panied by perversity, by the very fact that it allies itself with poverty in the same person, he is a prop-
er object of fear to society, he is dangerous. C.f. Chevalier, op. cit., p. 141.
105
Esses espaços ainda não valorizados pelo mercado imobiliário são de-
nominados por Cecília Coimbra de “territórios da pobreza”, também chama-
das de “periferias pobres”, onde as pessoas vivem sem as mínimas condições
de saneamento básico, transporte e moradia. A autora acrescenta que esses lo-
cais são comumente associados a violência, ao banditismo e a criminalida-
de 281.
... parasitas, indigentes, criminosos, doentes que nada fazem, que ve-
getam nas prisões, hospitais, asilos; (dos) que perambulam pelas ruas,
vivendo da caridade pública (dos) amorais, (dos) loucos que enchem
os hospitais, (da) mole de gente absolutamente inútil que vive do jo-
go, do vício, da libertinagem, do roubo e das trapaças ... 284.
anos. In: Agência IBGE Notícias. [Rio de Janeiro] 2019. Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia -noticias/2012-agencia-de-
noticias/noticias/25882-extrema-pobreza-atinge-13-5-milhoes-de-pessoas-e-chega-ao-maior-
nivel-em-7-anos>. Acesso em: 20 ago. 2020.
109
cados até o momento, onde o braço do Estado se faz mais forte e intenso nas
“classes perigosas”. Segundo Chalhoub 289, já no início do século XX a polícia
já tinha como método a suspeição generalizada, partindo do pressuposto de
que todo o cidadão seria suspeito de alguma coisa, onde, reforça o autor, “al-
guns cidadãos são mais suspeitos do que outros”.
Essa realidade também perdura pelo século XXI, pois, pesquisa realiza-
da por Ramos e Musumeci 291 em 2004, a qual procura entender o “elemento
suspeito” das abordagens policiais na cidade do Rio de Janeiro , contabilizou
que as “as pessoas com renda mensal até cinco salários-mínimos sofreram re-
vista em mais de 40% dos casos, enquanto aquelas com renda superior a cinco
salários, somente em 17% dos casos”, em suma, mais que o dobro da probabi-
lidade.
293 Para fins estatísticos, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divide os homicídios bra-
sileiros em cinco grupos típicos: Grupo 1: mortes internas ao mundo do crime e às suas re-
des próximas, que de modo geral compreende as guerras entre facções; Grupo 2: mortes
ocorridas na guerra entre as polícias e o mundo do crime; Grupo 3: feminicídios, ou seja, vi-
olência letal contra indivíduos com identidade feminina de gênero; Grupo 4: latrocínios, ou
seja, as mortes da vítima em situações de roubo; Grupo 5: homicídios de LGBTs. C.f.
BUENO, S.; LIMA, R. S. de. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019. São Paulo:
FBSP, 2019, p. 31.
294 ALMEIDA, S. Racismo estrutural: feminismos plurais. São Paulo: Pólen Livros, 2019, p.
18.
111
contemporâneas.
Para tanto, para se justificar o conceito de raça, Almeida revela que era
preciso construir um conceito sofisticado de homem, o qual fora concebido
pela filosofia iluminista, baseado em suas múltiplas facetas e diferenças: bio-
lógica, enquanto ser vivo; econômica, enquanto ser que trabalha; psicológica,
enquanto ser pensante; e linguística, enquanto fala. Essa divisão permitiu, se-
gundo o autor, a comparação e posterior classificação entre grupos humanos,
surgindo a distinção filosófico-antropológico entre civilizado e selvagem, o
qual evoluiu para civilizado e primitivo 295.
Diante desse contexto, Almeida 299 declara que conceito de raça assume
centralidade de forma aparentemente contraditória entre a universalidade da
razão e o ciclo de morte e destruição do colonialismo, operando de forma si-
multânea, como fundamento da sociedade contemporânea, permitindo que
ela fosse uma das tecnologias do colonialismo europeu para a submissão e
destruição das populações africanas, americanas, asiáticas e oceânicas.
de líderes como o Reverendo Martin Luther King, Rosa Parks, Malcom X, Ste-
ve Bico e Nelson Mandela, no Brasil, no entanto, o racismo se desenvolveu de
forma peculiar, conforme demonstra o escritor Nelson Rodrigues, citado por
Abdias Nascimento.
gro” nas tratativas sobre o racismo, isso oco rre devido as sutis mudanças de significado ao
longo dos anos. De forma didática eles serão comentados conforme sejam nominados pelos
autores citados. Entretanto, do ponto de vista semântico a pesquisa adotará a concepção de
Abdias Nascimento, o qual afirma que do ponto de vista étnico/racial um brasileiro é designado
preto, negro, moreno, mulato, crioulo, pardo, cabra ou qualquer outro eufemismo utilizado para se
referir a raça do indivíduo. Cf. Nascimento, op. cit., p. 42.
307 Ibid., p. 43.
308 BOMÍLCAR apud NASCIMENTO, op. cit., p. 90.
115
Ibid., p. 35.
309
310INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE) . Desigualdades
Sociais por Cor ou Raça no Brasil. Estudos e Pesquisas-Informação Demográfica e
Socioeconômica, n. 41, p. 1–12, 2019b, p. 1.
116
314 MALAGUTI, V. Difíceis ganhos fáceis: drogas e juventude pobre no Rio de Janeiro. 2.
ed. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2003, p. 36.
315 Ibid., p. 47.
316 Reis, op. cit., p. 193.
118
3.5 A NECROPOLÍTICA
319 FOUCAULT, M. Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 3.
320 FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 284.
321 MBEMBE, A. Necropolítica. Arte & Ensaios, v. 2, n. 32, p. 122–151, 2017, p. 146.
120
É justamente nesse espaço que a soberania age, pois ela exerce o contro-
le sobre a mortalidade e define a vida como implantação de poder 328. Alicer-
çado em Georges Bataille, Mbembe afirma que a soberania seria uma forma de
recusa da aceitação dos limites impostos pelo medo da morte submetido ao
sujeito, de tal maneira que esses limites são completamente abandonados,
conforme pode ser observado no trecho a seguir.
A morte está presente nele, sua presença define esse mundo de vio-
lência, mas, enquanto a morte está presente, está sempre lá apenas
para ser negada, nunca para nada além disso. O soberano’, ‘conclui, é
ele quem é, como se a morte não fosse... Não respeita os limites de
identidade mais do que respeita os da morte, ou, ainda, esses limites
são os mesmos; ele é a transgressão de todos esses limites’329.
Mbembe 330, ainda com base em Bataille, diz que a morte se encontra no
domínio natural das proibições, a exemplo da sexualidade, da sujeira e dos
excrementos, exigindo da soberania a força necessária para sobrepujar essa
ordem natural – a proibição de matar – só que isso se dará dentro das condi-
ções dos costumes do soberano, o que reabre a discussão sobre os limites da
política. A política, assim, transgrediria a relação entre sujeito e morte em
331Ibid., 128–32.
332 ESPÍNDOLA, op.cit..
333 LIMA apud LIMA, F. Bio-necropolítica : diálogos entre Michel Foucault e Achille
FBSP, 2018, p. 6.
337 Cerqueira et al., 2019, p. 49.
338 CERQUEIRA et al. Atlas da Violência 2020. Distrito Federal: Ipea, 2020, p. 47.
339 Nascimento, op. cit., p. 83.
124
Essa realidade pode ser facilmente constada nas prisões brasileiras . Ni-
colitt e Neves 343, ao pesquisarem “arquitetura da execução penal” no Instituto
Penal Plácido de Sá Carvalho, no Rio de Janeiro, verificaram uma série de vio-
lações de Direitos Humanos, a exemplo da superlotação carcerária, a inexis-
tência de repositórios específicos para o acondicionamento de pertences pes-
soais nos alojamentos, inexistência de chuveiros, inexistência de sanitários
adequados, água potável e mais uma série situações que agravam a degrada-
ção humana.
Não há como não associar essa condição a “Vida Nua” descrita por
Giorgio Agamben. Segundo ele a “vida Nua” seria a vida “matável” e “insa-
crificável” do homo sacer, onde a vida humana é incluída no ordenamento uni-
camente sob a forma de sua exclusão 344, tal qual os pobres, negros e prisionei-
ros observados no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho.
Assim, esse perfil racial, dito por Davis e corroborado por Wacquant e
Nicolitt 346, existe e pode florescer a partir da inexistência de critérios objetivos
para se estabelecer um suspeito, permitindo que elementos demasiadamente
subjetivos e presentes na sociedade influenciem na ação policial contribuindo
na promoção da necropolítica.
344 AGAMBEN, G. Homo saber: o poder soberano e a sua vida I. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2007.
345 FERRAJOLI, L. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 3 a ed. São Paulo: Editora
In: De bala em prosa: vozes da resistência ao genocídio negro . São Paulo: Editora Elefante,
2020, p. 135.
127
200.000 184.497
150.000
100.000
50.000
0
2015 2016 2017 2018 2019
Furto Roubo
128
347Elaborado pelo autor com base nos dados disponibilizados pelo Sistema Nacional de In-
formações de Segurança Pública (SINESP). Cf. BRASIL. Ministério da Justiça. Ocorrências
Criminais - Sinesp. In: Secretaria Nacional de Segurança Pública. Brasília , DF: [2020?].
Disponível em: <http://dados.mj.gov.br/dataset/sistema -nacional-de-estatisticas-de-
seguranca-publica>. Acesso em: 29 nov. 2020.
348 Segundo o Anuário da Segurança pública outros fatores poderiam explicar a mudança no
quadro criminal, a exemplo da guerra entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Co-
mando Vermelho (CV), que teria provocado milhares de mortes entre os pequenos crimin o-
sos, “soldados da guerra”, reduzindo a mão de obra criminosa, criando uma reação em ca-
deia no mundo crime. A corrida eleitoral para o cargo de governador, que gera ação anor-
mal das polícias face a luta pela manutenção do poder em meio a mudança eleitoral. Cf.
BUENO, S.; LIMA, R. S. DE. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019. São Paulo:
FBSP, 2019, p. 80–81.
349 CEARÁ. Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social. Polícia Militar do Ceará aborda
mais de 21 mil pessoas durante a Operação Tiradentes 2019 . In: Portal do Governo.
Fortaleza. 2019. Disponível em: <https://www.sspds.ce.gov.br/2019/04/25/policia -militar-
do-ceara-aborda-mais-de-21-mil-pessoas-durante-a-operacao-tiradentes-2019/>. Acesso em:
29 nov. 2020.
129
350 BAHIA. Secretaria de Segurança Pública. Operação da Polícia Militar aborda mais de 7
mil veículos. In: Interior. [Salvador]. 2019. Disponível em:
<http://www.ssp.ba.gov.br/2019/06/5923/Operacao-da-Policia-Militar-aborda-mais-de-7-
mil-veiculos.html>. Acesso em: 29 nov. 2019.
351 MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública. PM aborda
mais de 13 mil pessoas e registra seis mortes no trânsito . Campo Grande: 2020. Disponível
em: <https://www.sejusp.ms.gov.br/pm-aborda-mais-de-13-mil-pessoas-e-registra-seis-
mortes-no-transito/>. Acesso em: 29 nov. 2020.
352 PM aborda mais de 13 mil suspeitos no feriado de Finados no ES. In: A GAZETA.
[Vitória?], 03 nov. 2020. Disponível em: <https://www.agazeta.com.br/es/policia/pm -
aborda-mais-de-13-mil-suspeitos-no-feriado-de-finados-no-es-1120>. Acesso em: 29 nov.
2020.
MATO GROSSO. Mais de 500 prisões em flagrante e 180 carros recuperados em ações da
353
Outro ponto a ser observado reside o próprio sistema policial brasi leiro.
Como dito anteriormente neste trabalho, no âmbito estadual, as polícias pos-
suem funções diferentes, o que, segundo Marcos Rolim, seria uma realidade
peculiar brasileira, onde cada polícia faz a metade do ciclo de policiamento,
sendo “uma polícia pela metade porque ou investiga ou realiza as tarefas de
policiamento ostensivo” 356. Tal situação é agravada pelo fato, de notório do-
As polícias teriam que romper com uma tradição e reconhecer que pre-
cisam mudar consideravelmente suas abordagens, e nesse sentido, Bayley 362
observa que: “A persistência no tempo das características estruturais na maio-
ria dos países indica que a tradição exerce um peso inercial que se torna tanto
358 “Given the large amount of data collected and the extremely diverse sources used, the
overwhelming evidence is that decreasing or increasing routine preventive patrol within the
range tested in this experiment had no effect on crime, citizen fear of crime, community atti-
tudes toward the police on the delivery of police service, police response time or traffic ac-
cidents” Cf. KELLING, G. L. et al. The Kansas City preventive patrol experiment: a
Summary Report. Washington (DC): Police Foundation, 1974 , p. 34.
359 BAYLEY, D. H.; SKOLNICK, J. H. . Nova polícia: inovações nas políciais de seis cidades
note-americanas. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2002. (Série Polícia e Sociedade) , p. 18.
360 Ibid., p. 19.
361 Ibid., p. 19.
362 BAYLEY, D. H. Padrões de policiamento: uma análise comparativa internacional . 2 a ed.
Romper com a tradição seria superar o que Jean-Paul Brodeur 363 cha-
mou de “insensibilidade das organizações policiais na sua resistência a mu-
dança e sua capacidade de minimizar e, eventualmente, anular os movimen-
tos a favor da reforma”, o que seria o principal obstáculo ao desenvolvimento
das polícias.
Deve-se assinalar que a polícia não deve ser um fardo para a sociedade,
extrapolar os limites do direito sob pena de se transformar no que Walter
Benjamin 364 denomina de instituição infame por investir cegamente nas áreas
mais vulneráveis e contra cidadãos sensatos, sob a justificativa de que contra
eles o Estado não é protegido pelas leis, dessa forma, ao criticar o poder como
violência, Benjamin faz a seguinte consideração:
363 BRODEUR, J.-P. Como reconhecer um bom policiamento. São Paulo: Edusp, 2002. (Série
Polícia e Sociedade), p. 20.
364 BENJAMIN, W. O anjo da história. Belo Horizonte, Autêntica, 2013, n.p.. E-book.
365 Ibid, n.p., E-book.
134
policial legítima ou ignorar que ela ainda é responsável por bo a parte das
apreensões de armas, drogas e captura de fugitivos da justiça, conforme regis-
trados nas reportagens anteriores, mais sim compreender que é preciso pes-
quisar, descobrir e implementar novos procedimentos que se utilizem das no-
vas tecnologias existentes e permitam o desenvolvimento da atividade polici-
al. Seria compreender que o policiamento ostensivo possui suas limitações e
que ele por si só não resolverá a dilemática problemática da segurança públi-
ca no Brasil.
Fradella e White 372 ressaltam que o caso Terry v. Ohio, bem como os ca-
sos subsequentes emblemáticos da Suprema Corte dos Estados Unidos,
Adams v. Williams 373 e Delaware v. Prouse 374, sancionaram constitucional-
A defesa da abordagem de um veículo onde uma arma de fogo foi encontrada exatamente
373
O racismo que era sentido através das abordagens policiais foi escanca-
rado e publicizado. Morris relata que durante os distúrbios nas comunidades
negras alguns policiais utilizaram o código NHI, No Humans Involved (ne-
nhum humano envolvido), e descreviam os afro-americanos como macacos e
gorilas, algo que destruiu a reputação do Departamento de Polícia de Los An-
geles 380. Parecia inimaginável que pudesse haver uma reconciliação, mas uma
nova política de policiamento estava por vir.
381BUNTIN, J. The LAPD Remade: How William Bratton’s police force drove crime down —
and won over Los Angeles’s minorities. City Journal, 2013. Disponível em:
<https://www.city-journal.org/html/lapd-remade-13526.html>. Acesso em: 23 nov. 2020.
Willian foi o primeiro Chefe de Polícia fora das fileiras da LAPD desde 1949. Foi afastado
382
após comprovação de ter recebido vantagens de um Cassino de Las Vegas. Cf. Ibid..
383 Criado para o Departamento de polícia de Nova York na década de 90, o Compstat
(Computer Comparison Statistics) é uma ferramenta de gestão de desempenho utilizada para
reduzir o crime e alcançar outros objetivos do departamento de polícia. Ele destaca compar-
tilhamento de informações, responsabilidade e prestação de contas e melhoria da eficácia da
atividade policial. Possui 4 pilares básicos: informações oportunas e precisas ou inteligên-
cia; implantação rápida de recursos; táticas eficazes; e acompanhamento implacável. De
1993 a 1995, a taxa total de criminalidade diminuiu 27,44% em toda a cidade. Durante o
mesmo período, a taxa de homicídios da cidade diminuiu 38,66%, representando 3.000 ho-
micídios a menos. C.f. BUREAU OF JUSTICE ASSISTANCE. Compstat: Its Origins,
Evolution, and Future In Law Enforcement Agencies. Washington, DC: Police Executive
Research Forum, 2013.
139
Decree: The Dynamics of Change at the LAPD. Cambridge, MA: HARVARD KENNEDY
SCHOOL, 2009, p. 22.
387 STONE; FOGLESONG; COLE, op. cit., p. 23.
388 STONE; FOGLESONG; COLE, op. cit., p. 24.
140
Vale ressaltar que esse foi um processo lento que rompeu com a tradi-
ção e com paradigmas estabelecidos pela outrora orgulhosa Polícia de Los
Angeles. Foram 19 anos entre Rodney King e Pueblo del Rio, entre erros e
acertos dos chefes de polícias com o perfil de liderança de Willian Bratton, os
quais podem servir de exemplo para que as polícias brasileiras adotem crité-
rios mais objetivos para a abordagem policial e pendam para uma segurança
pública fora da perspectiva bélica e mais comunitária.
393 ROSSMO, D. K. Geographic profiling. Boca Raton, Florida: CRC Press LLC., 2000, n.p.
E-book.
394 HARRIES, K. Mapping Crime: principle and practice. Washington, DC: National
Nesse sentido, Kim Rossmo 397 assevera que a geografia criminal inclui o
conhecimento de ecologia social do crime, criminologia ambiental, geografia
do crime, abordagem de atividades rotineiras, prevenção situacional do crime
e policiamento orientado para problema.
402 o ISPGeo é uma plataforma de georreferenciamento que integra distintas bases de dados
em um só mapa, possibilitando a identificação de manchas criminais (hotspots) de vários ti-
pos de crimes e a identificação dos locais e horários em que há maior probabilidade de um
determinado crime acontecer. Cf. INSTITUTO IGARAPÉ. ISPGEO. Disponível em:
<https://igarape.org.br/apps/ispgeo/>. Acesso em: 31 dez. 2020.
403 CAMPAGNAC, V.; QUARESMA, F. Pesquisa sobre a utilização de ferramentas de análise
405 ‘Geographically coded information from police records can be used to detect crime
trends and patterns, confirm the presence of persons within geographic areas, and identify
areas for patrol unit concentration’. Cf. ROGERS; CRAIG; ANDERSON apud ROSSMO, op.
ct., n.p.
406 Rossmo, op.cit.
147
10
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
407Gráfico elaborado pelo autor com base nos d ados disponíveis pelo Ipea. Cf. INSTITUTO
DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (Ipea). Taxa Homicídios. In: Atlas da Violência.
[2021?] Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/dados -series/20>. Acesso
em: 5 jan. 2021
148
preventivas tenham sido uma das principais críticas ao PPV 420, ainda sim, a
vontade política e a mudança da gestão da segurança pública permitiram uma
racionalização maior do policiamento ostensivo influenciando a metodologia
das abordagens policiais e, consequentemente, a busca por critérios objetivos
para apontar os suspeitos.
DGOPM – 010/10 (Operação Carrossel de Fogo). Recife: 2010, p3. Disponível em:
<http://www2.pm.pe.gov.br/c/document_library/get_file?p_l_id=13038&folderId=89926&
name=DLFE-9262.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2021.
424 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE PERNAMBUCO (PMPE). Diretriz de Operação n o
DGOPM – 011/10 (Operação Risco Zero). Recife: 2010, P.1. Disponível em:
<http://www2.pm.pe.gov.br/c/document_library/get_file?p_l_id=13038&folderId=89926&
name=DLFE-9262.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2021.
155
Luiz Carlos da Rocha 430 seria uma visão direta de alguma coisa independente
do raciocínio lógico. Não que a intuição seja algo ruim. Inúmeras áreas do co-
nhecimento e profissões se aponham na intuição. A fenomenologia husserlia-
na, por exemplo, abraça a intuição em suas bases filosóficas tornando-a mais
consistente, mas nem por isso a desconstituiu de critérios 431. No campo pro-
fissional, Sylvia Cosntant Vergara 432 atenta para a importância da intuição na
tomada de decisões na ciência, na arte, na tecnologia e na administração das
organizações. O problema não reside na subjetividade intuitiva, mas sim em
sua predominância.
É bom pontuar que tais sentimentos não são exclusivos das forças de
segurança, mas comum a qualquer pessoa ou grupo social, até porque, segun-
do Sousa e Barros, o estereótipo é “um produto social fruto das relações soci-
ais estabelecidas entre os indivíduos 435”, determinados sociologicamente por
visões que se tem das relações sociais.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
440BRODEUR, J.-P. Como reconhecer um bom policiamento. São Paulo: Edusp, 2002. (Série
Polícia e Sociedade), p. 20.
163
441 REISS JR., A. J. Organização da Polícia no Século XX. In: TONRY, M.; MORRIS, N.
(ORG.). Policiamento Moderno. São Paulo: Edusp, 2003. (Série Polícia e Sociedade) , p. 75.
442 Ibid., p. 86.
164
443JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades.. São Paulo: Martins Fontes, 2015. n.p.. E-
book.
165
ças efetuadas por Willian Bratton na Polícia de Los Angeles e bancadas por
Jim Hahn, prefeito da cidade. No caso de Pernambuco a importância da von-
tade política fica mais evidente, pois após o afastamento de Eduardo Campos
para concorrer à Presidência da República e o seu posterior falecimento 446
trágico, o PPV nunca mais foi o mesmo e não conseguiu repetir o seu êxito.
446EDUARDO Campos morre em acidente de avião em Santos . In: Carta Capital. [São
Paulo], 13 ago. 2014. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/politica/eduardo -
campos-estava-em-aviao-que-caiu-em-santos-9376/>. Acesso em: 27 jan. 2021.
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