Vieira) 1
Flávia Vieira
The approach may be 'interpreted' (in the sense that a musical score is interpreted
by the performer) in so many different ways that it always represents an available
and viable pedagogical option.
Quadro 1
Pedagogia da dependência e pedagogia para a autonomia
REPRODUÇÃO TRANSFORMAÇÃO
PEDAGOGIA DA DEPENDÊNCIA PEDAGOGIA PARA A AUTONOMIA
PRESSUPOSTOS O aluno é sujeito consumidor passivo do saber; o O aluno é sujeito consumidor crítico e produtor criativo
PRINCIPAIS professor é figura de autoridade social, científica e do saber; o professor é facilitador da aprendizagem,
pedagógica, única fonte de saber, assumindo o papel de mediador na relação aluno-saber, parceiro da negociação
transmissor; o saber é estático e absoluto pedagógica; o saber é dinâmico, transitório e
diferenciado de sujeito para sujeito
FINALIDADES Desenvolver a competência académica do aluno, Aproximar o aluno do saber e do processo de
PRIORITÁRIAS principalmente traduzida na aquisição de conhecimentos e aprendizagem; ajudá-lo a aprender a aprender, a desen-
no domínio de capacidades de tipo cognitivo volver a capacidade de gerir a própria aprendizagem;
encorajar a responsabilidade e a assunção de uma postura
pro-activa no processo de aprender; desenvolver uma
perspectiva crítica da escola, do saber e da
aprendizagem; promover a relação entre a escola e a vida
TRAÇOS Focalização nos processos de transmissão e nos conteúdos Focalização nos processos de aprendizagem e no aluno:
PROCESSUAIS de aprendizagem; clima potencialmente autoritário e teorias, estilos, necessidades, estratégias, hábitos,
formal; processos dominadas pelo professor, único deci- experiências anteriores, sistema apreciativo; clima
sor e avaliador; forte dependência do aluno aos níveis do tendencialmente democrático e informal; participação do
discurso e das tarefas, frequentemente associada a um aluno na tomada de decisões e elaboração de projectos e
enfraquecimento motivacional ou a motivações externas; contratos; tarefas de tipo reflexivo e experimental;
tarefas determinadas pelo professor, tendencialmente desenvolvimento de capacidades de planificação, regula-
dirigidas exclusivamente ao desenvolvimento da ção e (auto)avaliação da aprendizagem; gestão colabora-
competência académica; ênfase na competição e no tiva da informação e da palavra; construção colaborativa
individualismo; práticas de avaliação normativas, de saberes académicos, sociais e de aprendizagem;
tendencialmente segregadoras valorização da função formativa das práticas de
(auto)avaliação, tendencialmente integradoras
Quadro 2
Condições e princípios facilitadores de uma pedagogia para a autonomia na aula de língua
por muito pequenas que sejam, na qualidade das condições em que professores e alunos
trabalham.
Termino esta introdução com a reflexão que se segue, escrita pela minha colega Isabel
Marques a propósito de um episódio passado com a sua filha de sete anos, que nos remete para
a primeira justificação de uma pedagogia para a autonomia: a autonomia é uma coisa boa.
a autonomia dos nossos alunos, uma vez que ajudar alguém a crescer em autonomia
implica abrir horizontes de desenvolvimento que podem colidir com algumas visões
tinha a ver com a sua capacidade de decidir o que queria aprender, como queria
disse: "Já sabia que tinha que ser uma coisa boa. Aqui também tem muitos
que a autonomia é uma coisa boa?" — "Claro! É muito importante! Se eu tiver que
fazer uma coisa sozinha, é importante que consiga decidir como hei-de fazer."
Será que, como afirmam alguns autores, ser autónomo é algo a que naturalmente
aspiramos, de tal forma que até para uma criança parece ser uma questão de senso
comum?
(Isabel Marques)
Referências
Holec, H.(ed.) (1988). Autonomy and foreign language learning-present fields of application.
Strasbourg: The Council of Europe.