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Thiago Diniz
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15. Princípio da personalidade ou da


Sumário
intranscendência ...................................................... 8
1. Causalismo .................................................................. 4
16. Princípio da responsabilidade penal subjetiva
2. Neokantismo.............................................................. 4
...................................................................................... 8
3. Finalismo ..................................................................... 4
17. Princípio do ne bis in idem ............................... 8
4. Funcionalismo racional ou teleológico ............... 4
18. Princípio da isonomia........................................ 8
5. Funcionalismo sistêmico ......................................... 4
Conceito de crime ........................................................ 9
6. Funcionalismo reducionista ou contencionista . 4
1. Critério analítico.................................................... 9
7. Novas propostas doutrinárias: direito penal e
2. Conceito formal ou legal ................................... 9
enfrentamento da criminalidade moderna............. 4
3. Conceito substancial ou material..................... 9
7.1. Direito intervencionista ou de intervenção
(Hassemer) ................................................................. 4 4. Conceito criminológico ...................................... 9

7.2. Velocidades do Direito Penal (Jesus-Maria 5. Diferenças entre crime e contravenção ......... 9
Silva Sanches) ............................................................ 5 Fato típico ....................................................................... 9
7.3. Direito penal do inimigo ................................. 5 Elementos do fato típico ........................................ 9
Conceito ................................................................. 5 1. Conduta............................................................. 10
Efeitos da aplicação do Direito Penal do 2. Nexo .................................................................. 10
Inimigo.................................................................... 5
3. Resultado ......................................................... 10
7.4. Neopunitivismo (Daniel Pastor)..................... 5
4. Tipicidade: formal e material ....................... 10
7.5. Direito Penal como proteção de contextos
Exclusão do crime ........................................................ 11
da vida em sociedade (Stratenwerth) .................. 5
Classificação dos crimes ............................................. 11
PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL ................................ 6
Crimes de dano e de perigo................................. 11
1. Princípio da reserva legal ou da estrita
legalidade ................................................................... 6 Crimes materiais, formais e de mera conduta . 11

2. Princípio da anterioridade ................................. 6 Outras classificações............................................... 11

3. Princípio da insignificância ou da 1. Conceito ..................................................................... 12


criminalidade de bagatela ...................................... 6 2. Espécies ..................................................................... 12
4. Princípio da individualização da pena ............ 7 2.1. Tipo legal............................................................ 12
5. Princípio da alteridade (Roxin) .......................... 7 2.1.1. Conceito ...................................................... 12
6. Princípio da confiança......................................... 7 2.1.2. Funções ....................................................... 12
7. Princípio da adequação social .......................... 7 2.1.3. Estrutura ..................................................... 12
8. Princípio da intervenção mínima (ultima ratio) 2.1.4. Classificação............................................... 12
...................................................................................... 7
3. Tipo doloso ............................................................... 13
9. Princípio da proporcionalidade (razoabilidade
3.1. Previsão legal: art. 18, CP................................ 13
ou convivência das liberdades públicas) ............ 7
3.2. Conceito............................................................. 13
10. Princípio da humanidade ................................. 7
3.2. Elementos do dolo .......................................... 13
11. Princípio da ofensividade (lesividade) ............ 8
3.3. Teorias do dolo ................................................ 13
12. Princípio da exclusiva proteção de bens
jurídicos ....................................................................... 8 V. Espécies de dolo ................................................. 13

13. Princípio da imputação pessoal ...................... 8 4. Crime culposo .......................................................... 15

14. Princípio da responsabilidade pelo fato ....... 8 4.1. Conceito ............................................................. 15


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4.2. Elementos ......................................................... 15 Jurisprudência..................................................... 22


4.3. Espécies de culpa............................................ 16 Crime doloso e crime culposo (18, CP) ............. 22
4.4. Graus de culpa ................................................ 16 Teorias do dolo .................................................. 23
4.5. Compensação de culpas ............................... 16 Erro ............................................................................ 23
4.6. Concorrência de culpas................................. 16 Erro de tipo ......................................................... 23
4.7. Caráter excepcional do crime culposo ...... 16 Crime putativo por erro de tipo ......................... 23
4.8. Exclusão da culpa ........................................... 16 Descriminantes putativas ................................. 23
5. Crime preterdoloso ................................................ 16 Ilicitude ..................................................................... 23
5.1. Espécies de crimes agravados pelo resultado Exclusão da ilicitude .......................................... 23
.................................................................................... 16 3. Imputabilidade penal (26 ao 28) ........................ 24
5.1. Conceito..............................................................17 4. Concurso de pessoas (29 ao 31) ......................... 24
5.2. Natureza do preterdolo .................................17 Conceito de autor – teorias ............................ 24
5.3. Versari in re illicita............................................17 Coautoria/Participação..................................... 25
1. Aplicação da lei penal (arts. 1 ao 12) ................... 18 Teorias sobre a punição do partícipe ........... 26
1.1. Interpretação da lei penal .............................. 18 5. Penas (32 ao 95) ..................................................... 26
1.2. Lei penal em branco ....................................... 19 Função da pena ...................................................... 26
Espécies ................................................................ 19 Teorias da pena ...................................................... 26
Lei penal em branco e conflito de leis no Regime prisional (art. 33 e segs., CP) ................ 26
tempo ................................................................... 19
Pena-base ................................................................ 26
1.3. Conflito aparente de normas ....................... 19
Agravantes e atenuantes ...................................... 27
1.4. Jurisprudência .................................................. 19
Agravantes .......................................................... 27
1.5. Analogia ............................................................. 19
Causas de aumento e de diminuição ................ 27
1.6. Lei penal no tempo ......................................... 20
Concurso de causas de aumento ou de
1.7. Tempo do crime .............................................. 20 diminuição (68, CP) ........................................... 27
1.8. Lugar do crime ................................................. 20 Continuidade delitiva ............................................ 27
2. Crime (arts. 13 ao 25, CP) ...................................... 20 Limite das penas (75, CP) ..................................... 27
Relação de causalidade (art. 13, CP) .................. 20 Sursis ......................................................................... 28
Teorias .................................................................. 20 Espécies ................................................................ 28
Omissão própria x omissão imprópria ......... 21 Livramento condicional ........................................ 28
Dupla causalidade.............................................. 21 Reabilitação ............................................................. 28
Tentativa (14, CP) .................................................... 21 6. Medidas de segurança (96 ao 99) ...................... 28
Teorias explicativas do início da execução .. 21 7. Ação penal (100 ao 106) ........................................ 28
Espécies de tentativa ......................................... 21 8. Extinção da punibilidade (107 a 120).................. 28
Outras questões ................................................. 22 Prescrição ................................................................. 28
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 9. Decorar na Parte Geral ......................................... 28
(15, CP)....................................................................... 22
1. Crimes contra a pessoa ......................................... 30
Crimes que não admitem tentativa ............... 22
2. Crimes contra o patrimônio................................. 30
Arrependimento posterior (16, CP) .................... 22

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Furto .......................................................................... 30 Lei de Drogas ............................................................... 36


Jurisprudência ..................................................... 30 Noções gerais ......................................................... 36
Roubo ........................................................................ 30 Jurisprudência correlata........................................ 36
Majorantes do roubo ........................................ 30 Súmulas STF e STJ ............................................. 36
Roubo qualificado.............................................. 30 Lei de Organização Criminosa................................. 37
Jurisprudência ..................................................... 30 Compilado de Teorias Penais .................................. 38
Extorsão (158, CP) ................................................... 30 1. Teorias sobre o conceito analítico de crime 38
Jurisprudência.......................................................... 30 2. Teoria das velocidades do Direito Penal...... 38
3. Crimes contra a propriedade imaterial (184 a 196) 3. Lugar do crime e tempo do crime ................ 38
......................................................................................... 31 4. Combinação de leis penais ............................. 39
4. Crimes contra a organização do trabalho........ 31 5. Conceito de conduta ........................................ 39
5. Crimes contra o sentimento religioso e contra o 6. Omissão penal .................................................... 40
respeito aos mortos.................................................... 31
7. Nexo de causalidade......................................... 40
6. Crimes contra a dignidade sexual ...................... 31
8. Teorias do dolo ...................................................41
Estupro ...................................................................... 31
9. Teoria da tipicidade conglobante ...................41
Manutenção de casa de prostituição (art. 229,
CP) .............................................................................. 31 10. Teorias sobre a relação entre tipicidade e
ilicitude...................................................................... 42
7. Crimes contra a fé pública .................................... 31
11. Teorias sobre a transição dos atos
Art. 297, CP: Falsidade material de documento preparatórios para os atos executórios ............ 42
público....................................................................... 31
12. Punibilidade da tentativa ............................... 43
Art. 307, CP: Falsa identidade .............................. 31
13. Crime impossível .............................................. 43
Lei de Execução Penal................................................ 32
14. Estado de necessidade ................................... 44
Trabalho do preso .................................................. 32
15. Teorias da culpabilidade ................................ 44
Falta grave ................................................................ 32
16. Teorias da coculpabilidade ............................ 45
Reconhecimento da falta grave ..................... 32
17. Teorias explicativas do conceito de autor.. 45
Consequências decorrentes da prática de
FALTA GRAVE:..................................................... 32 18. Tipificação das condutas no concurso de
pessoas ..................................................................... 46
Regime disciplinar diferenciado (RDD) ............. 33
19. Teorias sobre a punição do partícipe.......... 47
Progressão de regime ........................................... 33
20. Teorias da pena ............................................... 48
Competência............................................................ 33
21. Teorias sobre o concurso formal de crimes
Remição .................................................................... 33 .................................................................................... 48
Lei n° 8.137/90.............................................................. 33 22. Teorias sobre o crime continuado (a
Lei de Lavagem de Dinheiro .................................... 34 continuidade delitiva exige unidade de
Lei dos Crimes Ambientais ....................................... 35 desígnios?) ............................................................... 49

Estatuto do Desarmamento ..................................... 35


Lei Maria da Penha ..................................................... 35
Resumo ..................................................................... 35
Súmulas STF e STJ .................................................. 36

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EVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA DO a) objetiva (com os mesmos requisi-


DIREITO PENAL tos);
b) subjetiva (dolo + requisitos subje-
tivos especiais);
1. Causalismo c) imputação objetiva
• Final do século XIX e início do séc. XX. • Por que imputação objetiva? Introduz no
• Von Liszt; Beling (desenvolveu a teoria da TIPO OBJETIVO 2 elementos novos:
tipicidade, em 1906). a) Criação ou incremento de risco
• O fato típico é objetivo e valorativamente proibido relevante (CIRPR)
neutro, possuindo os seguintes requisitos: b) Realização do risco no resultado.
a) conduta humana; • (3 dimensões: objetiva, subjetiva e imputa-
b) resultado naturalístico, apenas nos ção objetiva).
crimes materiais (ex: homicídio);
c) nexo de causalidade; 5. Funcionalismo sistêmico
d) adequação típica, ou seja, subsun- • Jakobs
ção do fato à norma. • Com base na teoria dos sistemas de Luh-
• O dolo é mero vínculo subjetivo do agente mann, Jakobs cria sua teoria da imputação
com o fato. normativa.
• Para ele, o Direito Penal é um sistema au-
2. Neokantismo tônomo, autorreferente e autopoiético.
• 1900 - 1930. • A função do Direito Penal, portanto, é apli-
• Mezger, Nélson Hungria, Jimenez de Asúa. car o comando contido na norma penal,
• O tipo penal é objetivo e valorativo. Assim, pois somente sua reiterada incidência lhe
tipo é o fato valorado negativamente pelo confere o merecido respeito.
legislador.
• Os requisitos do tipo são os mesmos do 6. Funcionalismo reducionista ou con-
causalismo. A mudança está no enfoque, tencionista
agora valorativo, dado aos mesmos requi-
• Zaffaroni.
sitos do causalismo. As diferenças extrapo-
• O tipo penal possui três dimensões:
lam o tipo penal.
a) sistemática;
• O dolo possui dois requisitos:
b) normativa;
a) consciência do fato;
c) subjetiva.
b) consciência da ilicitude.
• Zaffaroni desenvolve a teoria da tipici-
dade conglobante.
3. Finalismo
• 1939 – 1960. No Brasil, 1970. 7. Novas propostas doutrinárias: di-
• Hans Welzel. reito penal e enfrentamento da crimi-
• O tipo penal possui duas dimensões: obje-
nalidade moderna
tiva e subjetiva. Welzel é o primeiro autor
a afirmar a dupla dimensão do fato típico.
7.1. Direito intervencionista ou de inter-
No plano objetivo, os requisitos continuam
idênticos. Já no plano subjetivo, inserem-
venção (Hassemer)
se dolo e culpa, antes situados na culpabi- O direito de intervenção consiste na manutenção,
lidade. no âmbito do Direito Penal, somente das condutas
lesivas aos bens jurídicos individuais e também
4. Funcionalismo racional ou teleoló- daquelas que causam perigo concreto. As demais,
gico de índole difusa ou coletiva, e causadoras de perigo
abstrato, por serem apenadas de maneira mais
• 1970.
branda, seriam reguladas por um sistema jurídico
• Roxin.
diverso, com garantias materiais e processuais
• O tipo penal possui três dimensões:
mais flexíveis, possibilitando um tratamento mais

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célere e amplo dessas questões, sob pena de tornar Efeitos da aplicação do Direito Penal do Ini-
o Direito Penal inócuo e simbólico. Além disso, não migo
seria tarefa do Poder Judiciário aplicá-las, e sim da
1º. O inimigo não pode gozar de direitos pro-
Administração Pública.
cessuais.
2º. Submete-se a um juízo de periculosidade
7.2. Velocidades do Direito Penal (Jesus-
(DP prospectivo).
Maria Silva Sanches) 3º. Antecipação da esfera de proteção da
• Parte do pressuposto de que o Direito Penal, NO norma jurídica, para abranger inclusive
INTERIOR DE SUA UNIDADE SUBSTANCIAL, contém atos preparatórios, sem redução quantita-
dois grandes blocos de ilícitos: tiva da pena.
1º. Infrações às quais são cominadas PPL (DP 4º. Novos meios de investigação, como ação
nuclear); controlada e infiltração de agentes.
2º. Infrações às quais são cominadas espécies 5º. Mitigação do princípio da reserva legal.
diversas de sanções penais (DP periférico). 6º. Condutas descritas em tipos de mera con-
OBS. Os 2 grupos têm natureza penal e devem ser duta e perigo abstrato (flexibiliza o princí-
processados e julgados pelo Poder Judiciário (≠ Di- pio da lesividade).
reito Intervencionista). 7º. Descrição vaga dos crimes e das penas (fle-
xibiliza o princípio da legalidade).
• Velocidades (Silva Sanches cuidou das duas pri-
8º. Preponderância do Direito Penal do Autor
meiras velocidades):
(flexibiliza o princípio da exteriorização do
✓ 1ª: PPL
fato).
➢ Rígida observância dos princípios
9º. "Leis de luta e combate", leis de ocasião (Di-
clássicos;
reito Penal de Emergência).
➢ Regras de imputação.
10º. Endurecimento da execução penal (Re-
✓ 2ª: PRD gime Disciplinar Diferenciado - RDD).
➢ Flexibilização dos princípios pro-
porcional à menor intensidade da 7.4. Neopunitivismo (Daniel Pastor)
sanção.
• Relaciona-se com o Direito Penal Internacional,
✓ 3ª: Direito Penal do Inimigo
caracterizado pelo alto nível de incidência política
✓ 4ª: Neopunitivismo
e pela seletividade, com elevado desrespeito às re-
✓ 5ª: Estado policial: maior assiduidade do gras básicas do poder punitivo.
controle policial, no cenário em que o Di- • Insere-se na linha do panpenalismo, que busca a
reito Penal tem o escopo de responsabili- todo custo o aumento do arsenal punitivo do Es-
zar os autores, diante da agressividade pre- tado, inclusive de forma mais arbitrária que o mo-
sente em nossa sociedade de relações delo defendido pelo DP do Inimigo.
complexas e por vezes incompreensíveis.
7.5. Direito Penal como proteção de con-
7.3. Direito penal do inimigo textos da vida em sociedade (Stra-
Conceito tenwerth)
• Deixa em segundo plano a proteção dos interes-
Propõe a flexibilização ou mesmo a supressão de
ses individuais, para salvaguardar imediatamente
diversas garantias materiais e processuais, até en-
os bens jurídicos inerentes a toda a coletividade.
tão consideradas absolutas e intocáveis.
• Ao contrário de Hassemer, busca justamente a
Quem é o inimigo? É o indivíduo que afronta a es-
proteção dos bens jurídicos difusos.
trutura do Estado, pretendendo desestabilizar a or-
• Com isso, desloca-se o foco da criação de infra-
dem nele instaurada ou, até mesmo, destruí-lo. É a
ções penais: antes, fundada na proteção de bens
pessoa que revela um modo de vida contrário às
individuais contra lesões efetivas; agora, centrada
normas jurídicas, demonstrando não ser um cida-
nos crimes de perigo abstrato, como forma de
dão (ex: terroristas).
proteção aos bens jurídicos transindividuais.

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PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL • Insignificância e reincidência


✓ Possibilidade de aplicar o regime ini-
1. Princípio da reserva legal ou da estrita cial aberto ao condenado por
legalidade FURTO, mesmo ele sendo reinci-
dente, desde que seja insignificante
• Cláusula pétrea.
o bem subtraído (Info 938, STF).
• Medidas provisórias em Direito Penal? Se- ✓ STF reconheceu que o valor econô-
gundo STF, somente pro reo. mico do bem FURTADO era muito
• Fundamentos: pequeno, mas, como o réu era rein-
✓ Jurídico = taxatividade, certeza ou cidente, em vez de absolvê-lo apli-
determinação. Por isso não se ad- cando o princípio da insignificância,
mite analogia in malam partem. o Tribunal utilizou esse reconheci-
✓ Político = proteção do ser humano mento para conceder a pena restri-
em face do arbítrio do Estado no tiva de direitos (Info 913, STF).
exercício do seu poder punitivo. • É cabível o princípio da insignificância:
• Princípio da reserva legal e mandados de ✓ Descaminho e crimes tributários =
criminalização. CUIDADO: há mandado im- até R$ 20 mil.
plícito de criminalização (ex: homicídio, em ✓ Atos infracionais.
razão da superioridade do direito à vida). ✓ Crimes ambientais, EXCEPCIONAL-
• Não é o princípio da legalidade que proíbe MENTE.
a criação de tipos penais vagos, mas, isto • Não cabe o princípio da insignificância:
sim, o princípio da taxatividade. x Roubo e demais crimes com violên-
cia ou grave ameaça.
2. Princípio da anterioridade x Crimes contra a Administração (S.
• A lei deve ser anterior ao fato cuja punição 599, STJ).
se almeja. x Crimes da LD.
• A lei não incide nem mesmo sobre os fatos x Crimes ambientais (em regra).
praticados durante o período de vacatio. x Crimes contra a fé pública.
x Tráfico internacional de arma de
3. Princípio da insignificância ou da crimi- fogo.
nalidade de bagatela x Porte ilegal de munição (em regra).
x Evasão de divisas – “dólar cabo”.
• De minimus non curat praetor.
x Crimes ou contravenções contra a
• Veda a atuação penal do Estado quando a
mulher no âmbito das relações do-
conduta não é capaz de lesar ou no mínimo
mésticas (S. 589, STJ).
de colocar em perigo o bem jurídico tute-
x Crimes habituais (tese p/ MP).
lado pela norma penal.
x Art. 34, LCA: pesca proibida (em re-
• Finalidade: diminuir a intervenção do Di- gra – tese p/ MP).
reito Penal. x Rádio comunitária clandestina.
• Natureza jurídica: causa de exclusão da ti- x Apropriação indébita previdenciária.
picidade material. x Posse ou porte de arma ou munição.
• Subsidiariedade (em abstrato) x Framenta- x Estelionato previdenciário.
riedade (em concreto). x Furto qualificado (em regra – tese p/
• Requisitos (STF) – M.A.R.I. MP).
1º. Mínima ofensividade da conduta; x Violação de direito autoral.

2º. Ausência de periculosidade social x Prefeitos: para o STJ, NÃO cabe insig-

da ação; nificância (p/ MP, ficar com o STJ).


3º. Reduzido grau de reprovabilidade • Princípio da insignificância imprópria (ou
da bagatela imprópria)
do comportamento;
✓ Configura-se o crime, ou seja, o fato
4º. Inexpressividade da lesão jurídica
é típico e ilícito, o agente é culpável
provocada.
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e o Estado possui o direito de punir. para decidir quais condutas merecem a pu-
✓ Há, portanto, desvalor da conduta e nição criminal. A esse respeito, confira-se o
desvalor do resultado. julgado veiculado no Informativo 515 do
✓ No entanto, a pena revela-se incabí- STJ: O ato de vender ou expor à venda CDs
vel, ilegítima e desnecessária no e DVDs falsificados é conduta formal e ma-
caso concreto, pois diversos fatores terialmente típica, estando prevista no art.
justificam seu afastamento (ex: su- 184, § 2º, do CP. Assim, não se pode alegar
jeito com personalidade ajustada ao que tal conduta deixou de ser crime por
convívio social, colaboração com a conta do princípio da adequação social.
Justiça, reparação do dano causado
à vítima etc). 8. Princípio da intervenção mínima (ul-
✓ Sua natureza, portanto, é a de causa tima ratio)
supralegal de extinção da punibili-
• A criminalização de um fato só se mani-
dade.
festa legítima quando constitui meio indis-
pensável para a proteção de determinado
4. Princípio da individualização da pena bem ou interesse.
• 3 aspectos ou dimensões: • Disso resultam dois atributos do Direito Pe-
a) Legislativo nal (Obs: MASSON conceitua os atributos
b) Judicial de modo inverso):
c) Administrativa (execução da pena) Subsidiariedade Fragmentariedade
Desnecessidade da Desnecessidade da atu-
5. Princípio da alteridade (Roxin) incursão do Direito ação do Direito Penal,
Penal, dada a sufici- dada a irrelevância da
• A conduta deve invadir patrimônio jurídico ência da proteção lesão ou do perigo de
alheio (ninguém pode ser punido por cau- conferida pelos de- lesão causado ao bem
sar mal apenas a si próprio). mais ramos. jurídico tutelado pena
norma penal.
6. Princípio da confiança Opera em abstrato. Opera em concreto.

• Todos devem esperar por parte das demais 9. Princípio da proporcionalidade (razoa-
pessoas comportamentos responsáveis e bilidade ou convivência das liberdades
em consonância com o ordenamento jurí-
públicas)
dico, almejando evitar danos a terceiros.
• Por isso, esse princípio tem especial aplica- • A criação de tipos penais deve constituir-se
ção nos delitos praticados na direção de em atividade vantajosa para os membros
veículo automotor. da sociedade, eis que impõe um ônus a to-
dos os cidadãos, decorrente da ameaça de
7. Princípio da adequação social punição.
• Vetor que se dirige a 3 destinatários:
• Não pode ser criminoso o comportamento
✓ Legislador,
humano que, embora tipificado em lei, não
✓ Juiz,
afronta o sentimento social de Justiça.
✓ Órgãos da execução penal.
• Funciona, portanto, como causa supralegal
• Possui dupla face:
de exclusão da tipicidade.
a) Garantismo hiperbólico monocu-
• É INCORRETA a afirmação de que o princí-
lar: proibição do excesso;
pio da adequação social serve de parâme-
b) Garantismo hiperbólico binocu-
tro fundamental ao julgador, que, à luz das
lar: proibição do excesso + proibi-
condutas formalmente típicas, deve deci-
ção da tutela deficiente.
dir quais sejam merecedoras de punição
criminal (MPCE/2020). Isso porque a impe- 10. Princípio da humanidade
ratividade da lei penal impede que a ade-
quação social seja empregada pelo juiz • Decorre da dignidade da pessoa humana e
proíbe a criação de tipos e a cominação de
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penas que violam a incolumidade física e • Nenhum resultado penalmente relevante


moral de alguém. pode ser atribuído a quem não o tenha
produzido por dolo ou culpa.
11. Princípio da ofensividade (lesividade) • O princípio da culpabilidade afasta a res-
• Não há infração penal quando a conduta ponsabilização objetiva em matéria penal,
não tiver oferecido ao menos perigo de le- de modo que a punição penal exige a de-
são ao bem jurídico. monstração de conduta dolosa ou culposa
(MPCE/2020).
12. Princípio da exclusiva proteção de • Vestígios de responsabilidade objetiva?
bens jurídicos ➢ Rixa qualificada (art. 137, § único,
CP);
• Veda ao Direito Penal a preocupação com ➢ Punição de infrações praticadas
as intenções e pensamentos das pessoas, em estado de embriaguez voluntá-
do seu modo de viver ou de pensar, ou ria ou culposa.
ainda de suas condutas internas, enquanto
não exteriorizada a atividade delitiva. 17. Princípio do ne bis in idem
• Direito Penal não resguarda questões de
• Proíbe a dupla punição pelo mesmo fato
ordem moral, ética, ideológica, religiosa ou
política. • S. 241, STJ: A reincidência penal não pode
ser considerada como circunstância agra-
STF: “A criação de crimes de perigo abs-
vante e, simultaneamente, como circuns-
trato não representa, por si só, comporta-
tância judicial.
mento inconstitucional por parte do legis-
lador penal”.
18. Princípio da isonomia
Espiritualização, desmaterialização ou li-
quefação do Direito Penal: crescente in- • Produz reflexo na dosimetria da pena (ex:
cursão do Direito Penal na seara dos inte- não merecem o mesmo sancionamento o
resses metaindividuais e dos crimes de pe- traficante contumaz e aquele que se de-
rigo, especialmente os de índole abstrata. dica pela 1ª vez ao tráfico de drogas, em fa-
vor de quem incide a minorante do art. 33,
13. Princípio da imputação pessoal § 4°, da LD.

• O Direito Penal não pode castigar um fato


cometido por agente que atue sem culpa-
bilidade (inimputável, sem potencial cons-
ciência da ilicitude ou de quem não se
possa exigir conduta diversa).

14. Princípio da responsabilidade pelo


fato
• Os tipos penais devem definir fatos, não
estereotipar autores.
• Direito Penal do fato x Direito Penal do
autor.

15. Princípio da personalidade ou da in-


transcendência
• A pena não pode passar da pessoa do con-
denado.

16. Princípio da responsabilidade penal


subjetiva
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TEORIA DO CRIME
Conduta
Conceito de crime
Nexo de
1. Critério analítico causalidade
a) Teoria bipartida: crime é fato típico e ilícito Fato típico
Resultado
naturalístico
b) Teoria tripartida: crime é fato típico, ilícito
e praticado por agente culpável.
Tipicidade
c) Teoria quadripartida: Crime é fato típico, ilí- Crime Ilícito
cito, praticado por agente culpável e punível.

Imputabilidade
2. Conceito formal ou legal
Crime é aquilo que a lei define como tal. De acordo Exigibilidade de
"Culpável"
com a Lei de Introdução ao CP: são as infrações pe- conduta diversa
nais cujo preceito secundário comina pena de re-
clusão ou detenção, isolada, alternativa ou cumu- Potencial consciência
da ilicitude
lativamente com a pena de multa.

3. Conceito substancial ou material


5. Diferenças entre crime e contravenção
Crime é toda ação ou omissão humana que lesa ou
expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente Crime Contravenção
tutelados. Reclusão ou deten- Prisão simples ou
Penas
ção. multa.
Admite extraterri- Não admite extra-
4. Conceito criminológico Aplicação
torialidade. territorialidade.
Crime é um fenômeno social, caracterizado a partir Tentativa
Pune a tentativa. Tentativa não é pu-
dos seguintes parâmetros: nível.
1. Incidência massiva; Compatível com o Admitem apenas a
erro de tipo e o ignorância ou a er-
2. Incidência aflitiva; Culpabili-
erro de proibição. rada compreensão
3. Persistência espaço-temporal; dade
da lei, se escusá-
4. Inequívoco consenso acerca da punição. veis.
Tempo 40 anos. 5 anos.
máximo
Período 2 a 4 anos; 1 a 3 anos.
de prova 4 a 6 anos.
sursis
Prazo mí- 1 a 3 anos. 6 meses.
nimo MS
Ação Pública ou privada. Sempre pública in-
penal condicionada.

Fato típico

Elementos do fato típico


Crimes tentados,
Crimes materiais
formais e de mera
consumados
conduta
Conduta Conduta
Nexo Tipicidade
Resultado naturalístico
Tipicidade
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Thiago Diniz
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1. Conduta 2. Nexo
➔ Teorias abordadas nos comentários ao art. 13
Conceito de conduta
do CP.
Depende da teoria adotada:
Comportamento humano
3. Resultado
Teoria clássica,
voluntário que produz mo- • É a consequência provocada pela conduta
naturalística,
dificação no mundo exterior do agente.
mecanicista ou
causal • Pode ser:
Liszt, Conduta independe de dolo a) Jurídico ou normativo
Beling e culpa, bastando que o
b) Naturalístico ou material
agente produza o resultado
• Todo crime tem resultado jurídico, embora
Comportamento humano,
consciente e voluntário, di- possa não contar com resultado naturalís-
rigido a um fim. tico.
Teoria final ou
finalista 4. Tipicidade: formal e material
Dolo e culpa no fato típico,
(CP)
dentro da conduta. Formou-
Welzel Tipicidade formal
se uma culpabilidade “va-
zia”, porque desprovida de • Juízo de subsunção do fato à norma.
dolo e culpa. • Espécies de tipicidade formal
Leva em conta o controle da a) Adequação típica imediata ou direta: a
Teoria
vontade, presente nos cri- conduta humana se enquadra diretamente na lei
cibernética
mes dolosos, assim como penal incriminadora, sem necessidade de qualquer
Zaffaroni
nos culposos.
norma interposta.
Teoria social b) Adequação típica mediata ou indireta: o
Comportamento humano
Wessels, ajuste entre o fato e a norma somente se realiza
com transcendência social.
Jescheck por meio da conjugação do tipo penal com uma
norma de extensão. As normas de extensão, que
Comportamento humano,
dominado ou dominável permitem a subsunção indireta, podem ser:
Teoria jurídico- pela vontade, dirigido para 1) de extensão temporal (art. 14, II, CP): na
penal a lesão ou para a exposição tentativa, antecipa-se a tutela penal para
Francisco de As- a perigo de um bem jurí- abarcar os atos executórios prévios à con-
sis Toledo dico, ou, ainda, para a cau- sumação;
sação de uma previsível le-
2) de extensão pessoal: na participação (art.
são a um bem jurídico.
29, CP), o tipo penal passa a alcançar não
Formas de conduta só o sujeito que praticou os atos executó-
rios, mas todos que de qualquer modo con-
1. Ação correram para o delito;
2. Omissão – há duas teorias sobre a omis-
são: 3) de extensão causal: nos casos dos crimes
omissivos impróprios (art. 13, § 2°, CP), há
Naturalística Normativa (CP) uma ampliação da conduta criminosa, en-
Omissão é fenô- Omissão é não fa- globando a omissão daquele que não cum-
meno causal que zer o que a lei de- priu seu dever de agir.
pode ser consta- terminava que se
tado no mundo fizesse. Tipicidade material
fático
É a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penal-
Quem se omite “Do nada, nada
mente tutelado.
faz alguma coisa. vem”.

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Thiago Diniz
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Exclusão do crime exemplos da forma de intervenção penal denomi-


nada “Direito Penal do Inimigo” descrita por Ja-
Elemento Causa excludente
kobs. Esta forma de tutela é utilizada, por ex., no
Caso fortuito
Direito Ambiental e na proteção de vítimas de vio-
Força maior lência doméstica (MPSC/19).
Conduta Atos/movimentos reflexos,
sonambulismo, hipnose
Coação física irresistível
Crimes materiais, formais e de mera con-
Fato típico

Concausa... duta
- relativamente indepen- • Crime formal, de consumação antecipada ou
Nexo dente,
de resultado cortado. Tipo penal prevê conduta
causal - superveniente,
- que por si só produziu o re- + resultado, que é DISPENSÁVEL para a consuma-
sultado. ção do crime. MPSC/2019: A especial finalidade da
Resultado conduta (também denominada “dolo específico”) é
Tipicidade um elemento subjetivo do tipo existente em alguns
Estado de necessidade delitos materiais, mas não é compatível com os de-
Legítima defesa litos formais. ERRADO!
Causas
Estrito cumprimento de
legais
dever legal Outras classificações
genéricas
(não possui elementos)

Exercício regular de di-


reito a) Crime obstáculo: é aquele que retrata
Ilicitude

Exemplos atos preparatórios tipificados como crimes


Art. 128: aborto necessário autônomos. Ex: associação criminosa (art.
Causas Art. 142: injúria/difamação 288, CP); petrechos para falsificação de
legais Art. 1.210, § 1°, CC: des- moeda (Art. 291, CP).
específicas forço imediato. b) Crime de empreendimento ou de aten-
Art. 37, I, Lei 9.605/98: não tado: aquele em que a pena da tentativa é
é crime o abate de animal...
igual à pena do crime consumado. Ex: art.
Causa Consentimento do ofen-
supralegal
352 do CP - Evadir-se ou tentar evadir-se o
dido
Menoridade preso ou o indivíduo submetido a medida
Doença mental + inteira- de segurança detentiva, usando de violên-
mente incapaz cia contra a pessoa.
Desenvolvimento mental c) Crime de ação astuciosa: é o praticado
Imputabili-
incompleto ou retardado + por meio de fraude, engodo. Ex: estelio-
dade
inteiramente incapaz nato - Art. 171, CP.
Culpabilidade

Embriaguez completa pro- d) Crime de tendência ou atitude pes-


veniente de caso fortuito
soal: é aquele em que a tendência afetiva
ou força maior
do autor delimita a ação típica, ou seja, a
Potencial Erro de proibição escusá-
consciência vel, invencível ou inevitá-
tipicidade pode ou não ocorrer em razão
da ilicitude vel da atitude pessoal e interna do agente. Ex:
Coação moral irresistível palavras dirigidas contra alguém podem ou
Exigibilidade não caracterizar o crime de injúria a depen-
Obediência hierárquica
de conduta
(ordem não manifesta- der da intenção do agente (se é ofender a
diversa
mente ilegal) honra, ou apenas brincar ou criticar).
e) Crime de intenção ou de tendência in-
Classificação dos crimes terna transcendente: é aquele em que o
agente quer e persegue um resultado, que
Crimes de dano e de perigo não necessita ser alcançado para consuma-
ção. Ex: extorsão mediante sequestro (art.
• Crime de perigo abstrato: Os crimes de perigo
159, CP).
abstrato, que são modalidades de tutela anteci-
f) Crime remetido: tipo penal que se reporta
pada de bens jurídicos, podem ser considerados
expressamente ao preceito secundário de
outro tipo penal. Ex: uso de documento
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Thiago Diniz
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falso (art. 304 do CP). 2.1.2. Funções


g) Crime vago: não possui vítima específica e
a) De garantia: decorrência da previsão cons-
o bem jurídico pertence a toda a coletivi-
titucional do princípio da reserva legal, so-
dade (ex: tráfico de drogas).
mente a lei pode criar crime e cominar
h) Crime de olvido (crime de esqueci-
pena.
mento): modalidade de crime omissivo
b) Fundamentadora: fundamenta o direito
impróprio, caracterizado pela natureza
de punir do Estado.
culposa, em que por negligência, impru-
c) Indiciária da ilicitude
dência ou imperícia o sujeito deixa de pra-
✓ Presunção relativa de que o fato tí-
ticar uma conduta ativa, produzindo um re-
pico é também ilícito.
sultado coberto pela norma penal incrimi-
✓ Opera a inversão do ônus da prova
nadora (ex: pai que estaciona o carro no su-
quanto às excludentes.
permercado e ESQUECE seu filho no veí-
d) Diferenciadora do erro: o dolo deve abran-
culo, vindo a criança a morrer por asfixia).
ger todos os elementos do fato típico. Au-
i) Crimes aberrantes: classificação que in-
sente algum, afasta-se o dolo, configu-
clui os crimes praticados em erro de tipo
rando-se o erro de tipo.
acidental:
e) Seletiva: cumpre ao tipo penal selecionar
1. Aberratio causae (erro sobre o
as condutas que deverão ser proibidas (cri-
nexo causal);
mes comissivos) ou ordenadas (crimes
2. Aberratio ictus (erro na execução);
omissivos).
3. Aberratio criminis (resultado di-
verso do pretendido). 2.1.3. Estrutura
j) Crimes de acumulação: embora isolada-
mente a conduta seja incapaz de ofender o
valor ou o interesse protegido pela lei pe- Circunstâncias
Núcleo Elementos (figuras qualificadas
nal, a repetição delas, cumulativamente
ou privilegiadas)
consideradas, configura crime, em face da
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
Objetivos
(ex: poluição).
k) Crimes de catálogo: aqueles compatíveis Subjetivos
com a interceptação telefônica como meio
de investigação ou de produção de provas. Normativos

TEORIA DO TIPO Modais


(há
controvérsia)
1. Conceito
É o modelo genérico e abstrato, formulado pela lei, 2.1.4. Classificação
descritivo da conduta criminosa ou da conduta per-
mitida. I) Tipo normal e tipo anormal
a) Tipo normal: prevê apenas elementos ob-
2. Espécies jetivos.
b) Tipo anormal: prevê elementos objetivos
a) Tipos incriminadores ou legais
e também elementos subjetivos e/ou nor-
b) Tipos permissivos ou justificadores
mativos.
2.1. Tipo legal
II) Tipo fundamental e tipo derivado
2.1.1. Conceito a) Tipo fundamental: retrata a forma mais
É o modelo sintético, genérico e abstrato da con- simples da conduta criminosa.
duta definida em lei como crime ou contravenção
penal.
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b) Tipo derivado: se estrutura com base no 3. Tipo doloso


tipo fundamental, acrescentando circuns-
tâncias que aumentam ou diminuem a re- 3.1. Previsão legal: art. 18, CP.
provabilidade e, consequentemente, a
pena. 3.2. Conceito
Dolo é a vontade livre e consciente dirigida a reali-
III) Tipo fechado e tipo aberto
zar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo
a) Tipo fechado (cerrado): possui descrição pena incriminador.
minuciosa da conduta criminosa.
b) Tipo aberto: não possui descrição minuci- 3.2. Elementos do dolo
osa da conduta criminosa, cabendo ao in-
a) Intelectivo ou cognoscitivo. É a consci-
térprete, na análise do caso concreto, com-
ência.
plementar a tipicidade mediante um juízo
b) Volitivo. É a vontade.
de valor (ex: crimes culposos, com exceção
da receptação culposa – art. 180, § 3°, CP).
3.3. Teorias do dolo
IV) Tipo de autor e tipo de fato a) Teoria da vontade. Dolo é a vontade
consciente de querer praticar a infração
V) Tipo simples e tipo misto penal (adotada para o dolo direto).
a) Tipo simples: abriga um único núcleo. b) Teoria da representação. Ocorre dolo
b) Tipo misto: abriga dois ou mais núcleos. toda vez que o agente, prevendo o resul-
i. Tipo misto alternativo: a prática tado como possível, continua a sua con-
de dois ou mais núcleos dá origem duta. A crítica feita à teoria da representa-
a um único crime. ção reside no ponto em que funde os con-
ii. Tipo misto cumulativo: a prática ceitos de dolo eventual e culpa consciente.
de mais de uma conduta acarreta c) Teoria do consentimento ou assenti-
concurso material (ex: abandono mento. Ocorre dolo toda vez que o agente,

material – art. 244, CP). prevendo o resultado como possível, de-


cide prosseguir com sua conduta, assu-
VI) Tipo congruente e tipo incongruente mindo o risco de produzi-lo. Acrescen-
tando esta parte final ao conceito de dolo,
a) Tipo congruente: há perfeita coincidência
a teoria do consentimento distingue dolo
entre a vontade do autor e o fato descrito
eventual e culpa consciente (adotada para
na lei penal (ex: crimes dolosos consuma-
o dolo eventual).
dos).
b) Tipo incongruente: não há coincidência
V. Espécies de dolo
entre a vontade do autor e o fato descrito
na lei penal (ex: tentativa, crimes culposos a) Dolo direto ou determinado. Ocorre
e crimes preterdolosos). quando o agente prevê determinado resul-
tado, dirigindo sua conduta na busca de re-
VII) Tipo complexo alizar esse mesmo resultado. O resultado é
querido diretamente (como fim ou como
VIII) Tipo preventivo consequência necessária do meio esco-
Associado aos crimes-obstáculo, traduz a antecipa- lhido).
ção da tutela do Direito Penal em relação a deter-
minados bens jurídicos, incriminando de forma au- 121 121 (quer)
tônoma comportamentos que seriam fase prepara-
b) Dolo indireto ou indeterminado. O
tória de outros delitos autônomos.
agente com sua conduta não busca realizar
resultado determinado.
b.1) dolo alternativo. O agente
prevê pluralidade de resultados, dirigindo

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Thiago Diniz
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sua conduta na busca de realizar qualquer espécie de erro de tipo acidental, não isen-
um deles. tando o agente de pena. Há controvérsia
na doutrina sobre qual série causal deve
121/129 121 (quer)/129 (quer) ser considerada (se a visada ou a efetiva-
(mesma intensidade de vontade) mente ocorrida).

b.2) dolo eventual. O agente Teoria


Teoria psico-
prevê pluralidade de resultados, porém di- psicológica Teoria norma-
lógica norma-
rige sua conduta para realização de um de- da culpabi- tiva pura
tiva
les, aceitando produzir o outro. lidade
Causalista Neokantista Tem base finalista
121/129 A culpabili- A culpabilidade Fato típico:
121 (pretende)/129 (assume)
dade se divide não tem espé- - Culpa
(diferentes intensidades de vontade)
em duas espé- cies. - Dolo natural:
cies: . consciência
De primeiro grau: quando o a) dolo; . vontade
resultado é diretamente b) culpa.
querido como fim. Elemento da Elementos da Culpabilidade:
Direto De segundo grau: quando o culpabilidade: culpabilidade: - potencial consci-
a) imputa- a) imputabili- ência da ilicitude.
resultado é a consequência bilidade. dade;
necessária do meio esco- b) exigibilidade
Dolo
lhido. de conduta di-
Quando o sujeito repre- versa;
senta a possibilidade do re- c) culpa;
d) dolo norma-
Eventual sultado concomitante, e a
tivo – constitu-
inclui como tal na vontade ído de:
realizadora. 1. consciência
2. vontade
c) Dolo cumulativo. O agente pretende al- 3. consciência
atual da ilicitude
cançar dois resultados em sequência. Ex:
(elemento nor-
pretendo ferir, depois pretendo matar. O mativo).
dolo cumulativo é um caso de progressão
criminosa. i) Dolo normativo (colorido ou valorado).
d) Dolo de dano. A vontade do agente é no Adotado pela teoria psicológica normativa
sentido de causar efetiva lesão ao bem ju- da culpabilidade (de base neokantista), in-
rídico tutelado. Por exemplo, quando se tegra a culpabilidade tendo como requisi-
cogita do bem jurídico ‘vida’, a intenção do tos:
agente é matar. a) consciência;
e) Dolo de perigo. Neste, o agente atua com b) vontade;
a intenção de expor a risco o bem jurídico c) consciência atual da ilicitude (ele-
tutelado (Ex: se tomo o bem jurídico ‘vida’, mento normativo). “O dolo é cha-
a intenção é periclitar a vida de outrem). mado de normativo, justa-
f) Dolo genérico. O agente tem vontade de mente porque conta com um
realizar a conduta descrita no tipo penal, elemento normativo: a consci-
sem fim específico. ência atual da ilicitude”.
g) Dolo específico. O agente tem vontade
j) Dolo natural (incolor ou avalorado).
de realizar a conduta descrita no tipo pe-
Adotado pela teoria normativa pura da cul-
nal, com fim específico.
pabilidade (de base finalista), integra o fato
h) Dolo geral (ou erro sucessivo). Ocorre
típico, tendo como requisitos:
quando o agente, supondo já ter alcançado
a) consciência;
um resultado por ele visado, pratica nova b) vontade.
ação que efetivamente o provoca. É uma “Está despido do elemento nor-

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Thiago Diniz
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mativo (consciência da ilici- 4. Crime culposo


tude), que passa a integrar a
própria culpabilidade”. • Culpa é elemento normativo do tipo.
• Os crimes culposos são previstos em tipos
k) Dolo antecedente, concomitante e sub-
sequente
penais abertos.

Dolo Dolo Dolo 4.1. Conceito


antecedente concomitante subsequente É o que se verifica quando o agente, deixando de
Antecede a Ao tempo da Posterior à
observar o dever objetivo de cuidado, por impru-
conduta. conduta conduta.
dência, negligência ou imperícia, realiza voluntari-
No Brasil, em regra, pune-se somente o amente uma conduta que produz resultado natura-
dolo concomitante. Há um único caso em que se lístico, não previsto nem desejado, mas objetiva-
pune o dolo antecedente: a teoria da actio libera in mente previsível, e excepcionalmente previsto e
causa. Nesta hipótese, analisa-se o dolo do bêbado desejado, que podia, com a devida atenção, ter evi-
completo não no momento da conduta, mas em tado.
momento anterior, quando ele bebia.
l) Dolo de 1° grau. É o dolo direto. 4.2. Elementos
m) Dolo de 2° grau (ou necessário). Nessa a) Conduta voluntária
espécie de dolo, o agente produz resultado ✓ Vontade circunscrita à realização da
paralelo ao visado, pois necessário a reali- conduta, e não à produção do resul-
zação à concretização de sua vontade. Pre- tado.
tendo matar ‘X’ colocando uma bomba no ✓ Ação ou omissão.
avião em que ele viaja. Em relação a ‘X’ o b) Violação do dever objetivo de cuidado
dolo é de 1º grau, já em relação aos demais ✓ Dever objetivo de cuidado é o com-
passageiros, tem-se dolo de 2° grau. Para portamento imposto pelo ordena-
LFG, o dolo de 2° grau consagra a teoria da mento a todas as pessoas, visando o
representação. regular e pacífico convívio social.
Dolo de 2º grau Dolo eventual ✓ Modalidades de culpa: imprudência
O resultado para- O resultado para- (atuação sem observância das caute-
lelo é certo e neces- lelo é incerto (even- las necessárias), negligência (omis-
sário (no exemplo, tual, possível, des- são da conduta cuidadosa) e imperí-
a morte dos demais necessário). cia (≠ erro profissional: no erro pro-
passageiros é certa
fissional, a falha é “da ciência”, o que
e indispensável).
exclui a culpa).
n) Dolo de propósito. É o dolo refletido. Nem c) Resultado naturalístico involuntário
sempre majora a pena. ✓ Todo crime culposo é material!
o) Dolo de ímpeto. É o dolo repentino. Con- ✓ Por isso o crime culposo é incompa-
figura atenuante de pena. tível com a tentativa.
d) Nexo causal
# Doente mental tem dolo? O doente mental tem e) Tipicidade
consciência e vontade dentro do seu precário
f) Previsibilidade objetiva
mundo valorativo, isto é, tem dolo. Se doente men-
✓ É a possibilidade de uma pessoa co-
tal não tivesse dolo, a inimputabilidade não seria
causa excludente da culpabilidade, mas do fato tí- mum, com inteligência mediana,
pico. Ademais, o doente mental sofre sanção penal prever o resultado. Por isso a previ-
(medida de segurança). sibilidade é objetiva: não leva em
# Segundo a doutrina, a espécie de dolo pode inter- conta as características particulares
ferir na aplicação da pena. Ex: o dolo direto merece do agente.
pena maior que o dolo eventual. g) Ausência de previsão
✓ Exceção: culpa consciente.

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4.3. Espécies de culpa naturalístico (ex: dois pedreiros, do alto de um pré-


dio, arremessam uma tábua em uma caçamba que
Culpa inconsciente, Culpa consciente,
sem previsão ou ex com previsão ou ex
se encontrava no passeio, vindo a acertar um pe-
ignorantia lascívia destre). MASSON entende que não há que se falar
Agente não prevê o re- Agente, após prever o em concurso de pessoas (coautoria ou participa-
sultado objetivamente resultado, realiza a con- ção), por ausência do vínculo subjetivo. A doutrina
possível. duta acreditando since- majoritária, no entanto, admite a coautoria nos cri-
ramente que ele não mes culposos.
ocorrerá.
4.7. Caráter excepcional do crime cul-
Culpa imprópria, por equi- poso
Culpa própria paração ou por assimila-
ção • Art. 18, § único, CP: princípio da excepcionali-
Agente não quer o Sujeito, após prever o resultado, dade do crime culposo.
resultado, nem e desejar sua produção, realiza a
assume o risco de conduta por erro inescusável 4.8. Exclusão da culpa
produzi-lo. quanto à ilicitude do fato.
Supõe uma situação de fato que,
a) Caso fortuito e força maior;
se existisse, tornaria a sua ação b) Erro profissional (falha dos métodos cien-
legítima. tíficos);
Para parte da doutrina, é a única c) Risco tolerado (ex: piloto que testa, pela
espécie de crime culposo que primeira vez, um novo conceito de aero-
admite tentativa.
nave);
d) Princípio da confiança (especialmente
O agente produz o resultado
relevante nos crimes de trânsito).
naturalístico indiretamente, a
título de culpa. Ex: agente tor-
Culpa mediata 5. Crime preterdoloso
tura a vítima, que, desorien-
ou indireta
tada, sai do carro e morre atro-
pelada (responde por tortura + 5.1. Espécies de crimes agravados pelo re-
homicídio culposo). sultado
a) Dolo no antecedente e dolo no conse-
Foi abolida do sistema penal
Culpa quente (dolo/dolo);
pátrio, por traduzir manifes-
presumida ou b) Culpa no antecedente e culpa no conse-
tação da responsabilidade
in re ipsa
objetiva. quente (culpa/culpa) – ex: crimes culpo-
sos de perigo comum, com resultado lesão
4.4. Graus de culpa grave ou morte (art. 258, in fine, CP);
Distinção antiga, não mais adotada, que distinguia c) Culpa no antecedente e dolo no conse-
a culpa, quanto à sua intensidade, em grave, leve e quente (culpa/dolo) – ex: motorista atro-
levíssima. pela pedestre, ferindo-o culposamente, e,
na sequência, deixa de prestar socorro à ví-
4.5. Compensação de culpas tima, quando era possível.
d) Dolo no antecedente e culpa no conse-
• Não se admite compensação de culpas no Direito
quente (dolo/culpa) = crime preterdo-
Penal.
loso.
• Nos termos do art. 59 do CP, no entanto, a culpa
da vítima funciona como circunstância judicial fa- LATROCÍNIO: pode ou não ser preterdoloso
vorável ao acusado.
• Por fim, a culpa EXCLUSIVA da vítima exclui a Situação 1 Situação 2
culpa do agente. Roubo doloso Roubo doloso
+ +
4.6. Concorrência de culpas Homicídio doloso Homicídio culposo
Duas ou mais pessoas concorrem ou contribuem, Não é preterdoloso Latrocínio preterdoloso
culposamente, para a produção de um resultado Admite tentativa Não admite tentativa

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5.1. Conceito
É uma espécie de crime qualificado pelo resultado,
em que há dolo no antecedente e culpa no conse-
quente.

5.2. Natureza do preterdolo


• A natureza é de elemento subjetivo-normativo
do tipo penal (subjetivo porque contém dolo; nor-
mativo porque contém culpa).
• O resultado mais grave deve ser objetivamente
previsível (sob pena de responsabilidade objetiva).

5.3. Versari in re illicita


• “Quem se envolve com coisa ilícita é responsável
também pelo resultado fortuito”.
• Esse princípio não é admitido em nosso sistema
penal, devendo a culpa que agrava especialmente
o resultado ser provada.

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CÓDIGO PENAL
Alterações promovidas pelo Art. 157, § 2°, VII; e §2°-B: nova disciplina do
Pacote Anticrime no CP roubo majorado pelo emprego de arma...
Art. 25, CP: Especificação de hipótese de legí- a) Arma branca: a pena aumenta-se de 1/3
tima defesa até 1/2;
• Observados os demais requisitos, b) Arma de fogo: a pena aumenta-se de 2/3;
• agente de segurança pública que... c) Arma de fogo de uso restrito ou proibido:
• repele agressão ou risco de agressão a... aplica-se a pena em dobro.
• vítima mantida refém durante a prática Art. 171, § 5°, CP: ação penal no crime de esteli-
de crimes. onato...
Art. 51, CP: Execução da pena de multa... • REGRA: ação penal pública condicionada à
• A multa é considerada dívida de valor; representação.
• Executada perante o juiz da execução • Exceções: se a vítima for...
penal; a) Administração Pública, direta ou indi-
• Segundo as normas relativas à dívida reta;
ativa da Fazenda Pública. b) Criança ou adolescente;
Art. 75, CP: tempo máximo de cumprimento da c) Pessoa com deficiência mental;
pena privativa de liberdade d) Maior de 70 anos;
40 anos e) Incapaz.
Art. 83, CP: requisitos do livramento condicio- Art. 216, CP: pena máxima do crime de concus-
nal são
[...] 2 a 12 anos
III – comprovado:
a) bom comportamento durante a execução
PARTE GERAL
da pena; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) não cometimento de falta grave nos últi- 1. Aplicação da lei penal (arts. 1 ao 12)
mos 12 (doze) meses; (Incluído pela Lei nº
13.964/2019)
1 2 3 4 5 6
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi
7 8 9 10 11 12
atribuído; e (Incluído pela Lei nº 13.964/2019)
d) aptidão para prover a própria subsistên-
cia mediante trabalho honesto; (Incluído pela Lei nº 1.1. Interpretação da lei penal
13.964/2019)
[...] a) Interpretação extensiva
Art. 91-A, CP: confisco alargado • Amplia-se o texto da lei, para amoldá-lo à sua
• Condenação por infrações cuja pena má- efetiva vontade.
xima é superior a 6 anos de reclusão; • É possível sua utilização mesmo em relação às
• Perda de bens correspondentes à diferença normas incriminadoras.
entre o valor do patrimônio do condenado b) Interpretação analógica
e aquele que seja compatível com o seu • O legislador traz uma fórmula casuística (fe-
rendimento lícito;
chada) seguida de uma fórmula genérica.
• Exige requerimento expresso do MP na de-
• A viabilidade da interpretação analógica não
núncia.
se define apenas pelo sistema da alternância
Art. 116, CP: causas impeditivas da prescrição
[...] expressa (ex: art. 251, CP), podendo derivar
II - enquanto o agente cumpre pena no exte- também do sistema de alternância implícita
rior; (ex: “121, § 2º Se o homicídio é cometido: I
III - na pendência de embargos de declaração - Mediante paga ou promessa de recompensa,
ou de recursos aos Tribunais Superiores, ou por outro motivo torpe”) ou do sistema de
quando inadmissíveis; e autonomia correlata (ex: art. 260, CP).
IV – enquanto não cumprido ou não rescin- Obs. Analogia não é forma de interpretação, mas
dido o acordo de não persecução penal.
modo de integração da lei penal.

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1.2. Lei penal em branco plexo; 2) crime progressivo; 3) pro-


gressão criminosa; 4) fatos impuní-
Espécies
veis.
a) Própria (em sentido estrito ou hetero- 2. Alternatividade
gênea): complemento tem natureza jurí- ▪ Não é aceito pela doutrina majoritá-
dica diversa da norma incriminadora. ria como critério válido para a solu-
b) Imprópria (em sentido amplo ou homo- ção do conflito aparente de normas.
gênea): complemento tem a mesma natu- ▪ Isso porque o princípio da consunção
reza jurídica da norma incriminadora. resolve com vantagens os problemas
a. Homovitelina: a lei incriminadora aos quais prestaria a alternatividade.
e seu complemento estão no 3. Subsidiariedade
mesmo diploma normativo. ▪ A lei primária prevalece sobre a lei
b. Heterovitelina: a lei incriminadora secundária.
e seu complemento estão em di- ▪ Observa-se graus diversos de ofensa
plomas normativos diversos. a um mesmo bem jurídico.
c) ao revés, ao avesso ou inversa: o pre- ▪ Análise da subsidiariedade é feita
ceito secundário é que reclama comple- em concreto.
mentação. ▪ A lei subsidiária funciona como “sol-
d) de fundo constitucional: complemento dado de reserva”.
encontra-se em norma constitucional (ex: ▪ Pode ser expressa (ex: 129, § 3°, CP)
art. 121, § 2°, VII, CP complementado pelos ou tácita (ex: constrangimento legal
arts. 142 e 144 da CF). em relação ao estupro).
e) ao quadrado: aquela cujo complemento 4. Especialidade
também precisa de complementação (art. ▪ Elementos especializantes: relação
38 da Lei 9.605/98). de gênero/espécie.
▪ Contemporaneidade (no mesmo
Lei penal em branco e conflito de leis no contexto fático – exemplo da mãe
tempo que tenta matar o filho durante o es-
Se o complemento da norma penal em branco é al- tado puerperal e, depois, consegue o
terado, precisamos distinguir 2 situações: que pretendia: responde por infanti-
a. Situação de normalidade: a modificação cídio tentado + homicídio consu-
do complemento favorece o sujeito (ex: re- mado).
tirada de determinada substância da Porta- ▪ Análise da especialidade é feita em
ria editada pelo Poder Executivo Federal). abstrato.
b. Situação de anormalidade ou excepciona- ▪ Verificada a especialidade, seu em-
lidade: a modificação do complemento, prego é peremptório.
ainda que benéfica ao réu, não pode retro- ▪ Não importa a gravidade dos delitos.
agir (ex: tabelamento de preços no caso de
grave crise verificada no abastecimento de 1.4. Jurisprudência
determinado insumo essencial). O funda- • Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-
mento é a ultratividade das leis penais ex- se ao crime continuado ou ao crime perma-
cepcionais (art. 3°, CP). nente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência.
1.3. Conflito aparente de normas
• Princípios que atuam na solução (C.A.S.E.): 1.5. Analogia
1. Consunção • Método de integração da lei penal.
▪ O fato mais amplo e grave absorve • Espécies:
os demais fatos menos amplos e gra- 1. In malam partem
ves. 2. In bonam partem
▪ Hipóteses em que se aplica o princí- 3. Analogia legis
pio da consunção: 1) crime com- 4. Analogia juris

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1.6. Lei penal no tempo 2. Crime (arts. 13 ao 25, CP)


• Regra: tempus regit actum;
• Exceções: 13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 23 24
1. Novatio legis incriminadora
25
2. Lex gravior
3. Abolitio criminis
4. Lex mitior Relação de causalidade (art. 13, CP)
5. Lei híbrida
Teorias
1.7. Tempo do crime
O CP adotou a teoria da atividade (art. 4°, CP). Teoria Definição
Nesse ponto, importante a menção à súmula 711 Causa é a condição sem a qual o
Teoria da
do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime resultado não teria ocorrido.
equivalência
continuado ou ao crime permanente, se a sua vi- Identifica-se o que é causa pelo
dos
processo hipotético de elimina-
gência é anterior à cessação da continuidade ou da antecedentes
ção (Thyrén).
permanência.
É o antecedente necessário e
também ADEQUADO à produção
1.8. Lugar do crime do resultado. Assim, não basta
O CP adotou a teoria da ubiquidade (art. 6°, contribuir de qualquer modo para
Teoria da
CP) o resultado, deve-se contribuir de
causalidade
forma eficaz, levando em consi-
adequada
deração as circunstâncias idôneas
à sua produção. É aferida de
acordo com o juízo do homem
médio e com experiência comum.
• Tipo subjetivo = dolo e culpa
• Tipo objetivo
1) Nexo causal
Imputação 2) CIRPR = criação ou incre-
objetiva mento de risco proibido
relevante.
3) Realização do risco no
resultado.
Causa é a condição da qual de-
pende a qualidade do resultado,
Teoria da havendo diferenciação entre con-
qualidade do dições estáticas e dinâmicas,
efeito sendo que somente estas últimas
seriam causa decisiva ou eficiente
para o efeito
A causa da produção de um resul-
Teoria da tado depende, dentre outros cri-
relevância térios, da relevância jurídica da
causal conexão causal do ato de vontade
com o resultado

• A chamada “teoria da imputação objetiva” re-


úne um conjunto de critérios pelos quais se res-
tringe o âmbito da relevância penal dos fatos
abrangidos pela relação de causalidade, e que se-
riam imputáveis ao sujeito caso não fossem empre-
gados esses critérios (MPSC/19).
• Nos delitos imprudentes (ou culposos), a afe-
rição da concreção do risco na implementação do
evento típico (ou resultado) é um dos critérios da
“teoria da imputação objetiva” (MPSC/19).
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Omissão própria x omissão imprópria Tentativa (14, CP)


Omissão própria Omissão imprópria
Teorias explicativas do início da execução
- Crime omissivo - Crime comissivo por
omissão Teoria Definição
- Doloso - Doloso/culposo Reconhece que é impossível definir
- Não admite tentativa - Admite tentativa o limite entre ato preparatório e ato
- Não há nexo causal - Nexo causal normativo de execução, devendo isso ficar a
- Não exige resultado na- - Exige resultado naturalís-
Teoria cargo do juiz. Conforme Fábio Roque
turalístico tico
negativa Araújo, "os adeptos da teoria nega-
- Agente responde pelo re-
- Agente responde pela tiva não reconhecem relevância na
sultado que poderia e de-
omissão distinção entre as fases que com-
veria evitar
- Crime de mera conduta - Crime material põem o iter criminis".
- Tipo mandamental - Figura do garantidor Importa o plano do agente, culmi-
Teoria
- Tipos penais específicos - Cláusula geral (art. 13, nando na punição de atos prepara-
subjetiva
(ex.: omissão de socorro) §2º, CP) tórios.
Subsunção direta Subsunção indireta Teoria da
Omissão é sempre rele- Omissão é relevante hostilidade Inicia-se a execução com a prática da
vante. quando o agente devia e ao bem conduta que ataca o bem jurídico.
podia agir p/ evitar o resul- jurídico
tado. Teoria
objetivo- Início da realização do verbo típico.
Dupla causalidade formal

• Duas ou mais condutas provocam o resul- Atos executórios são aqueles em


que se começa a prática do núcleo
tado, sendo cada qual suficiente para pro- Teoria
do tipo, e também os imediata-
vocá-lo. objetivo-
mente anteriores ao início da con-
• Os agentes não se encontram subjetiva- material
duta típica, de acordo com a visão
mente vinculados. Na verdade, um desco- de terceira pessoa, alheia aos fatos.
nhece a conduta do outro. Atos executórios são relacionados
• Ex: “A” e “B” ministram veneno a “C”, que Teoria
ao início da conduta típica, e tam-
vem a morrer. bém os imediatamente anteriores
objetivo-
ao início da conduta típica, de
• Prevalece que ambos respondem por homi- individual
acordo com o plano concreto do au-
cídio consumado. tor.

Espécies de tentativa
1. Branca ou incruenta: objeto material não é
atingido;
2. Vermelha ou cruenta: objeto material é atin-
gido;
3. Perfeita, acabada ou crime falho: agente es-
gota todos os meios executórios que esta-
vam à sua disposição.
4. Imperfeita, inacabada ou propriamente
dita: o agente inicia a execução sem, con-
tudo, utilizar todos os meios que tinha ao seu
alcance.
5. Qualificada ou abandonada: ocorre nos cri-
mes em que o resultado não ocorre por cir-
cunstâncias intrínsecas à vontade do agente,
como se dá no arrependimento eficaz e na
desistência voluntária.

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Outras questões alheia, sem consentimento de quem de di-


reito, desde que o fato resulte prejuízo:
• Masson sustenta, com apoio na doutrina de
x Crimes de atentado ou de empreendimento:
Hungria, que a tentativa é compatível com
pena da tentativa = pena do crime consu-
os delitos de ímpeto, apesar de reconhecer a
mado (art. 352, CP: “evadir-se ou tentar eva-
existência de corrente no sentido da incom-
dir-se...).
patibilidade.
x Crimes obstáculo: retratam atos preparató-
• Prevalece, ainda, o entendimento favorável
rios tipificados de forma autônoma pelo le-
ao cabimento da tentativa nos crimes come-
gislador (ex: art. 288 do CP – associação cri-
tidos com dolo eventual.
minosa)
x Crimes com tipo penal composto de condu-
Desistência voluntária e arrependimento tas amplamente abrangentes (ex: art. 50, I,
eficaz (15, CP) da Lei 6.766/79 – Dar início, DE QUALQUER
MODO, ou efetuar loteamento...).
Desistência Arrependimento eficaz
x Crimes habituais.
Voluntária (Resipiscência)
Art. 15, 1ª parte Art. 15, 2ª parte Obs. Existem crimes que são punidos apenas na
O agente abandona a Quando já esgotados os forma tentada: arts. 9° e 10 da Lei dos Crimes
execução do delito no atos executórios, o agente contra a Segurança Nacional.
decurso dos atos execu- adota conduta voltada a
tórios. impedir a concretização do CUIDADO: crimes formais e de mera conduta ad-
Prevalece que se confi- evento danoso. mitem tentativa.
gura a desistência volun- Logo, o arrependimento
tária quando o agente eficaz somente se confi- Arrependimento posterior (16, CP)
opta por apenas adiar a gura em relação à tentativa
prática do crime. perfeita. Jurisprudência
Em ambos os casos, o crime não se consuma pela von- • Info. 590/STJ. P/ a incidência do arrependimento
tade do agente. É por isso que esses institutos são de- posterior, é indispensável que o crime praticado
nominados pela doutrina de "tentativa abando-
seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais.
nada".
Logo, “os crimes contra a fé pública, assim como os
Em ambos os casos o agente responde apenas pelos demais crimes não patrimoniais em geral, são in-
atos já praticados, desde que sejam típicos.
compatíveis com o instituto do arrependimento
Ambos são incompatíveis com os crimes culposos, salvo posterior, dada a impossibilidade material de ha-
a culpa imprópria.
ver reparação do dano causado ou a restituição da
São irrelevantes os motivos que animam a nova pos- coisa subtraída” (REsp 1.242.294, j. 18/11/2014).
tura do agente.
Crime doloso e crime culposo (18, CP)
Crimes que não admitem tentativa Dolo eventual Culpa consciente
x Crimes culposos (exceto culpa imprópria). Agente não quer o resul- O agente prevê o resul-
x Crimes preterdolosos. tado por ele PREVISTO, tado, mas espera que ele
x Crimes unissubsistentes (ex: desacato). mas assume o risco de não ocorra, supondo po-
x Crimes omissivos próprios ou puros (ex: art. produzi-lo. der evitá-lo com a sua ha-
bilidade.
135, CP – omissão de socorro).
x Crimes de perigo abstrato (ex: porte de arma MPSC/2019. No caso em que o sujeito realiza a con-
de fogo). Obs. Os crimes de perigo concreto duta e prevê a possibilidade de produção do resul-
admitem tentativa. tado, mas não quer sua ocorrência e conta com a
x Contravenções penais (art. 4°, LCP: Não é pu- “sorte” para que ele não se materialize, pois sabe
nível a tentativa de contravenção). que não tem o controle sobre a situação imple-
x Crimes condicionados: aqueles em que a pu- mentada, se configura um exemplo de culpa cons-
nição está sujeita à ocorrência de um resul- ciente e não de dolo eventual, porque se o sujeito
tado legalmente exigido. Ex: art. 164, CP - In- soubesse de antemão que o resultado iria ocorrer,
troduzir ou deixar animais em propriedade provavelmente não teria atuado. ERRADO: se o
agente não tem controle sobre o resultado, não

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tem poder para evitá-lo com sua habilidade, razão Descriminantes putativas
pela qual se configura dolo eventual.
Conceito
Teorias do dolo São as excludentes da ilicitude imaginadas pelo
agente. A causa excludente não existe concreta-
Teoria Definição mente, encontra-se apenas na mente do agente.
• Basta a previsão do resultado. Por exemplo, o autor imagina estar agindo em legí-
Representação • CP não adotou. tima defesa, mas não está.
(ou possibilidade) • Há quem defenda que foi aco-
lhida para a culpa consciente. Natureza
• Previsão + vontade de produ- Depende da teoria da culpabilidade adotada:
Vontade zir o resultado.
Teoria Teoria
• CP adotou para o dolo direto.
limitada extremada
• Previsão + agente assume o
Assentimento Erro sobre pres-
risco de produzir o resultado.
(consentimento) supostos fáticos Erro de tipo Erro de
• CP adotou p/ o dolo eventual. Os requisitos da
permissivo proibição
excludente estão
Erro presentes?
Erro sobre a
Erro de tipo existência Erro de Erro de
A excludente exis- proibição proibição
• Fenômeno que determina a ausência de dolo
te no ordenamen- indireto indireto
quando, havendo uma tipicidade objetiva, to?
falta ou é falso o conhecimento dos elementos Erro sobre os li- Erro de Erro de
requeridos pelo tipo. mites proibição proibição

• Falsa percepção da realidade acerca dos ele-


Houve excesso? indireto indireto
mentos constitutivos do tipo. Forma-se a
teoria unitá-
• É possível o erro de tipo nos crimes omissivos
ria do erro.
impróprios (ex: salva-vidas que não age, ima-
ginando que banhista apenas brinvaca). Consequências:
Modalidades • Sendo erro de tipo, aplica-se a disciplina do art.
20 do CP:
Inevitável (escusável, invencí-
a. Se inevitável, exclui dolo e culpa;
vel ou desculpável)
Essencial • Quando imprevisível. b. Se evitável, exclui somente o dolo.
• recai sobre • Exclui também a culpa. • Sendo erro de proibição, aplica-se a disciplina
dados princi- Evitável (inescusável, vencí- do art. 21:
pais do tipo.
vel ou indesculpável) a. Se inevitável, isenta de pena (na verdade,
• sempre eli-
• Quando previsível.
mina o dolo exclui a culpabilidade, pois retira a po-
• Permite a punição por crime cul-
tencial consciência da ilicitude);
poso, se previsto.
b. Se evitável, reduz a pena de 1/6 a 1/3.
Erro sobre o objeto
Acidental Erro sobre a pessoa
• recai sobre Ilicitude
Erro na execução (aberratio ictus)
dados secun-
dários do tipo Resultado diverso do pretendido Exclusão da ilicitude
(aberratio delicti)
• O art. 23 do CP prevê as causas de exclusão da
Erro sobre o nexo causal
ilicitude e em todas elas é possível que o agente as
considere presentes por erro plenamente justifi-
Crime putativo por erro de tipo
cado pelas circunstâncias (excludente puta-
O agente imagina que comete um crime, mas, por tiva): estado de necessidade putativo, legítima de-
ausência de elemento típico, pratica um fato penal- fesa putativa, estrito cumprimento de dever legal
mente irrelevante (ex: pretendo praticar tráfico de putativo e exercício regular do direito putativo.
drogas, mas o que vendo é talco).

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Thiago Diniz
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I – Estado de necessidade • Espécies:


a) Estado de necessidade agressivo: atinge
Teoria unitária Teoria diferenciadora
bem jurídico de terceiro inocente;
CP CPM
b) Estado de necessidade defensivo: bem ju-
Só admite estado de Admite duas espécies: rídico atingido pertence ao causador da si-
necessidade justifi-
cante
EN EM tuação de perigo.
justificante exculpante
Bem preservado Bem preser- Bem preser- II – Legítima defesa
maior ou igual ao vado maior vado menor
bem sacrificado ou igual ao que bem sa- • Não se admite legítima defesa contra quem age
bem sacrifi- crificado em estado de necessidade. Se uma excludente é
cado real, não haverá a agressão injusta da qual de-
Exclui a ilicitude Exclui a ilici- Exclui a cul- pende a legítima defesa real.
- Pelo CP, se bem tude pabilidade
• Espécies:
preservado é menos (inexigibili-
“valioso” que bem
a) Legítima defesa agressiva: reação é fato tí-
dade de con-
sacrificado, reduz-se duta di- pico;
a pena de 1/3 a 2/3. versa). b) Legítima defesa defensiva: reação não é
fato típico.
Como o tema foi cobrado em prova • Legítima defesa sucessiva: sujeito reage contra o
• MPPR/2019 - O policial e o bombeiro não são ga- excesso da legítima defesa anterior. É admitida.
rantidores da não ocorrência do resultado, não
tendo, assim, o dever de evitar o resultado. Enun- 3. Imputabilidade penal (26 ao 28)
ciado considerado CORRETO: Segundo Busato: “É 26 27 28 29 30 31
muito importante a distinção entre o dever de en-
frentar o perigo e o dever de evitar o resultado. O • O CP adotou o critério biopsicológico, de
policial e o bombeiro dos exemplos não são garan- modo que não basta a existência da doença men-
tidores da não ocorrência do resultado, ou seja, eles tal, devendo o agente, em razão dela, ser inteira-
não têm o dever de evitar o resultado danoso deri- mente incapaz de compreender o caráter ilícito do
vado da situação de risco, mas sim e apenas de en- fato ou de determinar-se de acordo com esse en-
frentar o risco. O dever de agir para impedir o re- tendimento.
sultado é tema relacionado à tipicidade dos crimes
omissivos impróprios. O dever de enfrentar o perigo 4. Concurso de pessoas (29 ao 31)
é norma que impede a exclusão da ilicitude por es-
29 30 31 32 33 34
tado de necessidade".
• Um bombeiro pode alegar estado de necessidade Conceito de autor – teorias
como forma de se eximir de enfrentar um incêndio.
ERRADO: ele não pode! Teoria Não distingue autor e partícipe.
subjetiva Autor é todo aquele que contribui
✓ Art. 24, § 1°, CP: Não pode alegar estado de ou unitária para o resultado.
necessidade quem tinha o dever legal de Não distingue autor e partícipe,
enfrentar o perigo. Teoria mas admite causas de diminuição
✓ Art. 13, § 2°, CP: [...] O dever de agir in- extensiva de pena, conforme o “grau de au-
cumbe a quem: a) tenha por lei a obrigação toria”. Surge a figura do cúmplice.
de cuidado, proteção e vigilância. Teoria objetivo-formal: autor é
✓ Logo, o bombeiro não pode alegar EN. quem pratica o verbo do tipo.
Teoria
Teoria objetivo-material: au-
• Em regra, o estado de necessidade não se aplica objetiva ou
tor é quem pratica a contribuição
aos crimes permanentes e habituais (MPMT/19). dualista
objetiva mais importante.
Subdivide-se
Obs. A jurisprudência já reconheceu o estado de Teoria do domínio do fato: au-
em 3:
necessidade no crime habitual de exercício ilegal tor é quem possui o controle so-
de arte dentária (art. 282, CP), em caso atinente a bre o domínio final do fato.
zona rural longínqua e carente de profissional ha-
bilitado.

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Requisitos do concurso de pessoas concretamente imputáveis ao paciente, constituti-


vos da plataforma indiciária mínima reveladora de
a) Pluralidade de agentes culpáveis;
sua contribuição dolosa para o crime.
b) Relevância causal das condutas;
c) Vínculo subjetivo; Coautoria/Participação
▪ Princípio da convergência: não é pos-
• A coautoria nos crimes próprios contra a Admi-
sível a contribuição dolosa em crime
nistração Pública é possível quando o terceiro, que
culposo, nem a concorrência culposa
não é funcionário público, conhece essa especial
para um delito doloso.
condição do autor, sob pena de responsabilidade
d) Unidade da infração (com as exceções plu-
objetiva.
ralistas à teoria monista);
• Crime próprio: admite coautoria e participação.
e) Existência de fato punível (início da execu-
• Crime de mão própria: admite apenas partici-
ção).
pação, não coautoria (Masson cita a falsa perícia
Teoria do Domínio do Fato como uma exceção).
• Crime culposo: admite só coautoria (há crítica
• Essa teoria, criada por Hans Welzel, amplia o con- doutrinária).
ceito de autor, definindo-o como aquele que tem • Crime omissivo: a coautoria é possível nos cri-
o controle final do fato, ainda que não realize o nú- mes omissivos, quando o coautor também tem o
cleo do tipo penal. Por essa teoria, o conceito de dever jurídico de não se omitir e, em vez de agir,
autor compreende: ele adere ao dolo do agente e, igualmente, se
a) autor propriamente dito; omite (MPBA/2018). CORRETO. A doutrina diverge,
b) autor intelectual; mas prevalece que é cabível coautoria em crime
c) autor mediato; omissivo.
d) coautores; • A configuração da coautoria requer vínculo sub-
• Crítica: somente tem aplicabilidade nos crimes jetivo entre os agentes. Não se exige, porém, pré-
dolosos (não se encaixa no perfil dos crimes culpo- vio acordo de vontades.
sos e dos crimes de mera conduta).
• MPSC/2019: O critério do domínio funcional do Coautoria Participação
fato é empregado para a responsabilização do Dois ou mais autores Partícipe não realiza di-
agente que tem o controle sobre a atuação de um unidos entre si pela retamente o núcleo do
aparelho organizado de poder, como é o caso de busca do mesmo resul- tipo, mas de qualquer
tado. modo concorre para o
uma organização criminosa. ERRADO! Não basta a
crime (comportamento
invocação da teoria do domínio do fato, como já Coautoria
acessório).
decidiu o STF: [...] A teoria do domínio do fato po- a) Parcial/funcional:
deria validamente lastrear a imputação contra o coautores prati- Participação
cam atos diversos; a) Moral
paciente, desde que a denúncia apontasse indícios
b) Direta/material: b) Material
convergentes no sentido de que ele não somente coautores prati-
teve conhecimento da prática do crime de evasão Participação inócua:
cam atos distintos.
aquela que em nada
de divisas como também dirigiu finalisticamente a
Executor de reserva contribuiu para a ocor-
atividade dos demais acusados. Não basta invocar ▪ Se o agente inter- rência do resultado. Por
que o paciente se encontrava numa posição hierar- vier, é coautor; isso é penalmente irre-
quicamente superior para se presumir que tenha ▪ Se o agente não in- levante.
ele dominado toda a realização delituosa, com ple- tervier, é partícipe
Conivência (= participa-
nos poderes para decidir sobre a prática do crime ção negativa, crime si-
de evasão de divisas, sua interrupção e suas cir- lente, concurso absolu-
cunstâncias, máxime considerando-se que a estru- tamente negativo, par-
tura das empresas da qual era diretor-presidente ticipação por meio de
contava com uma diretoria financeira no âmbito da ações neutras)
qual se realizaram as operações ora incriminadas. ▪ Sujeito não está
vinculado à con-
Exigível, portanto, que a denúncia descrevesse atos
duta criminosa;

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Thiago Diniz
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▪ Não possui o de- Função da pena


ver de agir p/ im-
pedir o resultado. a) Funcionalismo sistêmico (radical)
▪ Não é partícipe. • Gunther Jakobs
Participação sucessiva
• PROTEÇÃO DE NORMAS
Um mesmo sujeito é • Não visa ressocialização.
instigado, induzido ou b) Funcionalismo teleológico (moderado)
auxiliado por 2 ou mais • Claus Roxin
pessoas, cada qual des- • PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS.
conhecendo o compor-
tamento alheio.
Teorias da pena
Participação em cadeia
a) Absoluta (Kant/Hegel): finalidade retributiva.
“A” induz “B”, que induz
“C”. b) Relativa (Von Lizt): finalidade preventiva.
1. Prevenção geral: destina-se ao controle
Teorias sobre a punição do partícipe da violência. Pode ser
a. Positiva: reafirmar a vigência da
Autor deve praticar
norma.
Acessoriedade mínima Fato típico b. Negativa: desestímulo à prática
Acessoriedade limitada Fato típico + ilícito delitiva.
2. Prevenção especial: volta-se ao agente.
Acessoriedade máxima Fato típico + ilícito +
Pode ser:
ou extrema culpável
a. Positiva: ressocialização.
Fato típico + ilícito +
Hiperacessoriedade b. Negativa: evitar a reincidência, re-
culpável + punível.
tirando o criminoso do corpo so-
Exemplo (MPSP/2019): Otelo e Rinaldo foram de- cial.
nunciados e pronunciados pela prática de homicí- c) Mista, eclética ou unificadora: retribuição +
dio. Otelo como autor da conduta e Rinaldo como prevenção.
partícipe. Se o Conselho de sentença decidir que d) Agnóstica: descrença nos fins da pena.
Otelo, agente denunciado e pronunciado como au-
tor do crime de homicídio, não praticou a conduta Regime prisional (art. 33 e segs., CP)
descrita no tipo, “matar alguém”, ainda assim po-
derá decidir pela condenação de Rinaldo, partícipe Súmulas aplicáveis
que permaneceu “vigia”, dando cobertura ao autor • S. 718, STF: A opinião do julgador sobre a gravi-
Otelo, pois, em relação ao concurso de pessoas, dade em abstrato do crime não constitui motivação
aplica-se a teoria da acessoriedade limitada. ENUN- idônea para a imposição de regime mais severo do
CIADO INCORRETO: Se Otelo não praticou a con- que o permitido segundo a pena aplicada.
duta descrita no tipo, seu fato é ATÍPICO, razão pela • S. 440, STJ. Fixada a pena-base no mínimo legal,
qual o partícipe não pode ser punido, segundo a te- é vedado o estabelecimento de regime prisional
oria da acessoriedade limitada. mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
imposta, com base apenas na gravidade abstrata
5. Penas (32 ao 95) do delito.
32 33 34 35 36 37 • S. 269, STJ. É admissível a adoção do regime pri-
38 39 40 41 42 43 sional semiaberto aos reincidentes condenados a
44 45 46 47 48 49 pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis
50 51 52 53 54 55 as circunstâncias judiciais.
56 57 58 59 60 61
62 63 64 65 66 67
68 69 70 71 72 73
Pena-base
74 75 76 77 78 79 • Eventuais condenações criminais do réu transita-
80 81 82 83 84 85 das em julgado e não utilizadas para caracterizar a
86 87 88 89 90 91
92 93 94 95
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reincidência somente podem ser valoradas, na pri- • A reincidência é a única agravante que pode ser
meira fase da dosimetria, a título de antecedentes reconhecida tanto em crime doloso como em crime
criminais, não se admitindo sua utilização também culposo. Art. 61 CP, jurisprudência consolidada.
para desvalorar a personalidade ou a conduta so-
cial do agente. Causas de aumento e de diminuição
Maus antecedentes Concurso de causas de aumento ou de dimi-
nuição (68, CP)
• Conceito: É a condenação penal transitada em jul-
gado em desfavor do agente, que não poderá servir • É possível a aplicação do artigo 68 do CP aos cri-
como reincidência, sob pena de bis in idem mes da legislação penal especial, em analogia in
• A existência de inquéritos policiais ou de ações bonam partem. Neste sentido, a melhor doutrina:
penais sem trânsito em julgado não podem ser “Em legislação especial, dá-se a aplicação do art.
considerados como maus antecedentes para fins 68, § único, do CP, valendo-se da analogia in bonam
de dosimetria da pena. STF. RE 591054, partem. Desse modo, no concurso dos aumentos
17/12/2014 (repercussão geral) (Info 772). STF. HC possíveis, previstos nos arts. 19 e 20 da Lei
94620/MS e HC 94680/SP, 24/6/2015 (Info 791). 10.826/03, pode o juiz aumentar a pena duas ve-
• Já a condenação por fato anterior, mas com trân- zes, ou apenas uma, dependendo do caso con-
sito em julgado posterior, pode ser utilizada creto. (…).” (NUCCI).
como circunstância judicial negativa, a título de an-
tecedente criminal (STJ, HC 210.787/RJ). Continuidade delitiva
• Hipóteses de maus antecedentes: • O Código Penal adota teoria objetiva, segundo
1. Condenação anterior por crime militar pró- a qual basta cumprir os requisitos do art. 71.
prio ou político (Art, 64, II,CP) • Já a jurisprudência adota teoria objetiva-sub-
2. Fato anterior e condenação posterior ao jetiva (teoria mista), para a qual, além dos requisi-
novo crime. tos do art. 71, exige-se unidade de desígnio.
3. Decurso do lapso depurador de 5 anos.
• Ademais, a jurisprudência do STJ alega que se
houver um lapso temporal superior a 30 dias de um
Súmulas aplicáveis
crime para o outro, descaracteriza a continuidade
• S. 636, STJ: A folha de antecedentes criminais é delitiva, incidindo concurso material.
documento suficiente a comprovar os maus ante-
• Para o Tribunal, deve ocorrer pelo menos em
cedentes e a reincidência.
cidades próximas.
• S. 444, STJ. É vedada a utilização de inquéritos po-
liciais e ações penais em curso para agravar a pena- • Para configurar crime continuado, os crimes
base. devem ser da mesma espécie, não bastando que
sejam somente da mesma natureza. NÃO PODE,
Agravantes e atenuantes portanto: roubo x latrocínio, roubo x extorsão, por
exemplo. "Não há como reconhecer a continuidade
Agravantes
delitiva entre os crimes de roubo e o de latrocínio
Reincidência porquanto são delitos de espécies diversas, já que
• Não geram reincidência: tutelam bens jurídicos diferentes." Aplica-se a re-
1º. Crimes militares próprios, gra do concurso material (Informativo 899 STF).
2º. Crimes políticos,
3º. Decurso de prazo superior a 5 anos desde o Limite das penas (75, CP)
cumprimento da pena ou a extinção da punibili- • Súmula 715, STF. A pena unificada para aten-
dade. der ao limite de 30 anos de cumprimento, de-
• E se a infração anterior for CONTRAVENÇÃO? terminado pelo art. 75 do CP, não é conside-
1º. Há reincidência se a infração subsequente rada para a concessão de outros benefícios,
também for CONTRAVENÇÃO. como o livramento condicional ou regime mais
2º. Não há reincidência se a infração subse- favorável de execução.
quente for CRIME.
Sim, aqui houve um equívoco do legislador.
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Sursis com penas impostas – como a suspensão do di-


reito de dirigir ou eventual proibição de acesso
Espécies a cargos públicos. Não tem o condão de elidir o
Requisitos comuns histórico condenatório do réu, para apagar a
1. Não ser reincidente em crime doloso; reincidência.
2. Circunstâncias judiciais favoráveis;
3. Não ser indicada ou cabível a substituição. 6. Medidas de segurança (96 ao 99)
Observação comum: pena de multa não impede
concessão do benefício 96 97 98 99 100 101
a) Simples
• Súmula 527, STJ: O tempo de duração da me-
• Pena imposta não superior a 2 anos;
dida de segurança não deve ultrapassar o li-
• Período de prova = 2 a 4 anos;
mite máximo da pena abstratamente comi-
• 1° ano:
nada ao delito praticado.
i. Prestação de serviços;
ou
ii. Limitação de fim de semana 7. Ação penal (100 ao 106)
b) Especial
• Pena imposta não superior a 2 anos; 100 101 102 103 104 105
• Período de prova = 2 a 4 anos; 106 107 108 109 110 111
• 1° ano:
i. Proibição de frequentar determi- 8. Extinção da punibilidade (107 a
nados lugares; 120)
+
ii. Proibição de ausentar-se da co- 107 108 109 110 111 112
marca, sem autorização do juiz; 113 114 115 116 117 118
119 120 121 122 123 124
+
iii. Comparecimento mensal para jus- Prescrição
tificar atividades.
A) Prescrição da pretensão punitiva
c) Etário: “maior de 70 anos”
• S. 415, STJ: O período de suspensão do prazo
• Pena imposta não superior a 4 anos;
prescricional é regulado pelo máximo da pena
• Período de prova = 4 a 6 anos; cominada.
• S. 220, STJ: A reincidência não influi no prazo
d) Humanitário da prescrição da pretensão punitiva.

Livramento condicional B) Prescrição da pretensão executória


• Obs. No caso de crime de associação para o
tráfico de drogas (art. 35 da LD), ainda que não 9. Decorar na Parte Geral
se trate de delito hediondo ou equiparado, a
concessão do livramento exige o cumprimento • Art. 16 - arrependimento posterior: reparação
de 2/3 da pena aplicada, por expressa previsão do dano/restituição da coisa até o recebimento
do art. 44 da Lei 11.343/06. da denúncia.
• Súmula 617, STJ. A ausência de suspensão ou • Art. 33, § 2° - Quantidade de pena x regime
revogação do livramento condicional antes do 1. Superior a 8 anos: fechado
término do período de prova enseja a extinção 2. Superior a 4 e menor ou igual 8 anos +
da punibilidade pelo integral cumprimento da não reincidente: semiaberto
pena. 3. Igual ou inferior a 4 anos + não reinci-
dente: aberto.
Reabilitação ➔ Conclusão: a análise é sempre favo-
rável ao réu (ex: pena igual a 8
• A reabilitação é instituto que guarda relação
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anos, primário, permite regime se- ➢ Do dia em que se esgota o prazo p/ ofe-
miaberto). recimento da denúncia, no caso da ação
• Art. 44 - Penas restritivas de direito penal privada subsidiária da pública.
➢ “Pena igual a 4 anos substitui” • Art. 110, § 1° - prazo da prescrição executória:
➢ Pena menor ou igual a 1 ano: multa ou 1 aumenta-se de 1/3 se o condenado é reinci-
restritiva de direito dente.
➢ Conversão da PRD em PPL: saldo mínimo • Art. 114 – Prescrição da pena de multa...
de 30 dias de detenção/reclusão ➢ 2 anos, se multa é a única cominada ou
• Art. 45 - Prestação pecuniária: 1 a 360 SM aplicada;
• Art. 46 - Prestação de serviços à comunidade ➢ Mesmo prazo da PPL, nos demais casos.
➢ Condenações maiores que 6 meses.
➢ Se pena substituída for maior que 1 ano,
pode cumprir em menor tempo, nunca
inferior à 1/2 da PPL.
• Art. 49 - Pena de multa: 10 a 360 DM
➢ Valor unitário: 1/30 a 5x o SM, podendo
aumentar até 3x.
• Art. 64 - lapso depurador da reincidência: 5
anos.
• Art. 70 - concurso formal: 1/6 a 1/2.
• Art. 71 - continuidade delitiva: 1/6 a 2/3.
• Art. 77 - suspensão condicional da pena
a) Sursis simples
➢ Pena não superior a 2 anos
➢ Período de prova: 2 a 4 anos
b) Sursis etário/humanitário
➢ Pena não superior a 4 anos
➢ Período de prova: 4 a 6 anos
• Art. 83 - livramento condicional
➢ Pena igual ou superior a 2 anos.
➢ Cumprimento parcial da pena...
a) Mais de 1/3: não reincidente em
crime doloso + bons anteceden-
tes
b) Mais da 1/2 se reincidente em
crime doloso
c) Mais de 2/3 se crime hediondo +
TTT, se não for reincidente espe-
cífico nesses crimes.
• Art. 92 - Efeitos da condenação – Perda do
cargo, função pública ou mandato eletivo
➢ PPL maior ou igual a 1 ano nos crimes
cometidos com abuso de poder ou viola-
ção de dever para com a Administração;
➢ PPL maior que 4 anos nos demais casos.
• Art. 94 - Reabilitação: 2 anos após a extinção
da pena ou terminar sua execução.
• Art. 97 - Internação (espécie de medida de se-
gurança)
➢ Prazo indeterminado
➢ Prazo mínimo de 1 a 3 anos.
• Art. 103 - Decadência do direito de queixa ou
de representação: 6 meses, contados...
➢ Do dia em que veio a saber quem é o au-
tor do crime

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PARTE ESPECIAL • Latrocínio é o crime de roubo qualificado pelo re-


sultado, em que o dolo inicial é o de subtrair coisa,
sendo que as lesões corporais ou a morte são de-
1. Crimes contra a pessoa
correntes da violência empregada. Embora haja di-
vergência, prevalece no STJ que, se o agente con-
2. Crimes contra o patrimônio segue subtrair o bem da vítima, mas não tem êxito
em matá-la, há tentativa de latrocínio, desde que
155 156 157 158 159 160 fique comprovado que havia dolo de subtrair e
161 162 163 164 165 166 dolo de matar. Por esta razão, a jurisprudência do
167 168 169 170 171 172 STJ pacificou-se no sentido de que o crime de latro-
173 174 175 176 177 178 cínio tentado se caracteriza independentemente
179 180 181 182 183 184 da natureza das lesões sofridas pela vítima (se le-
185 186 187 188 189 190 ves, graves, gravíssimas), bastando que o agente,
no decorrer do roubo, tenha agido com o desígnio
Furto
de matá-la. Assim, como a gravidade das lesões ex-
perimentadas pela vítima não influencia para a ca-
Jurisprudência
racterização da tentativa de latrocínio, pouco im-
Súmulas porta que o laudo pericial que atestou as lesões
tenha irregularidades. (STJ. HC 201175, Info 521).
• S. 567, STJ: Sistema de vigilância realizado por
monitoramento eletrônico ou por existência de se- Jurisprudência
gurança no interior de estabelecimento comercial,
por si só, não torna impossível a configuração do Súmulas
crime de furto.
• S. 610, STF: Há latrocínio consumado, quando o
homicídio se consuma, ainda que não realizada a
Jurisprudência não sumulada
subtração dos bens da vítima.
• STJ, Info. 645. O pagamento do débito oriundo de • S. 443, STJ - O aumento na terceira fase de apli-
furto de energia elétrica antes do recebimento da cação da pena no crime de roubo circunstanciado
denúncia não é causa de extinção da punibilidade. exige fundamentação concreta, não sendo sufici-
ente para a sua exasperação a mera indicação do
Roubo número de majorantes.

Majorantes do roubo Jurisprudência não sumulada


Roubo qualificado • S. 582, STJ. Consuma-se o crime de roubo com a
inversão da posse do bem mediante emprego de
• A lesão corporal grave pode advir de dolo ou
violência ou grave ameaça, ainda que por breve
culpa. Conforme leciona Rogério Greco, "segundo
tempo e em seguida à perseguição imediata ao
a posição majoritária da doutrina, o § 3º cuida de
agente e recuperação da coisa roubada, sendo
um crime qualificado pelo resultado (lesão corporal
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigi-
grave ou morte) que poderá ser imputado ao
ada.
agente a título de dolo ou culpa".
• A consumação do latrocínio será sempre deter-
Extorsão (158, CP)
minada pela ocorrência ou não da morte. Assim:
a) Subtração Consumada + Morte Consu- Jurisprudência
mada = Latrocínio Consumado
b) Subtração Tentada + Morte Tentada = Latro- Súmulas
cínio Tentado
• STJ, Info 598. Configura o delito de extorsão (art.
c) Subtração Consumada + Morte Tentada = La-
158 do CP) a conduta do agente que submete ví-
trocínio Tentado
tima à grave ameaça espiritual que se revelou idô-
d) Subtração Tentada + Morte Consumada = La-
nea a atemorizá-la e compeli-la a realizar o paga-
trocínio Consumado (S. 610 STF).
mento de vantagem econômica indevida. STJ. REsp
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1.299.021, Min. Rogerio Schietti Cruz, 14/2/2017. liberdade das pessoas, não há falar em fato típico a
ser punido na seara penal. Não se trata do crime do
Jurisprudência não sumulada art. 229 do CP. Mesmo após as alterações legislati-
vas introduzidas pela Lei 12.015/2009, a conduta
3. Crimes contra a propriedade imate- consistente em manter “Casa de Prostituição” se-
rial (184 a 196) gue sendo crime tipificado no art. 229 do CP. Toda-
via, com a novel legislação, passou-se a exigir a “ex-
ploração sexual” como elemento normativo do
4. Crimes contra a organização do tra- tipo, de modo que a conduta consistente em man-
balho ter casa para fins libidinosos, por si só, não mais ca-
racteriza crime, sendo necessário, para a configu-
5. Crimes contra o sentimento religi- ração do delito, que haja exploração sexual, assim
entendida como a violação à liberdade das pessoas
oso e contra o respeito aos mortos
que ali exercem a mercancia carnal. STJ. 6ª Turma.
REsp 1683375-SP, Min. Maria Thereza de Assis
6. Crimes contra a dignidade sexual Moura, 14/08/2018 (Info 631).
213 214 215 215-A 216 216-A
216-B 217 217-A 218 218-A 218-B 7. Crimes contra a fé pública
218-C 219 220 221 222 223
224 225 226 227 228 229 289 290 291 292 293 294
230 231 232 232-A 233 234 295 296 297 298 299 300
234-A 235 236 237 238 239 301 302 303 304 305 306
307 308 309 310 311 311-A
Estupro
• O estupro (art. 213 do CP), com redação dada Art. 297, CP: Falsidade material de docu-
pela Lei 12.015/09, é tipo penal misto alternativo. mento público
Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pra- • MPBA: A falsificação, no todo ou em parte, de do-
tica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra cumento público, ou a alteração de documento pú-
uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do blico verdadeiro, revela um crime de falsidade ma-
CP. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1262650, Min. Re- terial, cujo elemento subjetivo exigido é o dolo e
gina Helena Costa, 5/8/2014. STJ. 6ª Turma. HC admite a modalidade tentada. CORRETA.
212.305, Min. Marilza Maynard, 24/4/2014 (Info • CUIDADO: alguns documentos tipicamente parti-
543). culares são equiparados aos documentos públicos,
• O agente que passa as mãos nas coxas e seios da para efeitos penais (ex: livros mercantis, título ao
vítima menor de 14 anos, por dentro de sua portador, testamento particular etc – art. 297, CP).
roupa, pratica, em tese, o crime de estupro de vul-
nerável (art. 217-A do CP). Não importa que não te- Art. 307, CP: Falsa identidade
nha havido penetração vaginal (conjunção carnal).
• O crime do art. 307 é formal (de consumação an-
STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, red. acórdão Min.
tecipada). Consuma-se o crime com a atribuição
Edson Fachin, 30/8/2016 (Info 837).
efetiva da falsa identidade, independentemente de
atingir o especial fim de agir. Por esta razão, impos-
Manutenção de casa de prostituição (art.
sível iniciar a execução e desistir voluntariamente
229, CP) da dela.
• Não se tratando de estabelecimento voltado ex- • S. 522 do STJ: A conduta de atribuir-se falsa iden-
clusivamente para a prática de mercancia sexual, tidade perante autoridade policial é típica, ainda
tampouco havendo notícia de envolvimento de que em situação de alegada autodefesa.
menores de idade, nem comprovação de que o réu
tirava proveito, auferindo lucros da atividade se-
xual alheia mediante ameaça, coerção, violência ou
qualquer outra forma de violação ou tolhimento à

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Lei de Execução Penal Trabalho do preso


É obrigatório, na medida das apti-
1 2 3 4 5 6 Regra
dões e capacidade.
7 8 9 9-a 10 11 Exceções a. preso provisório
12 13 14 15 16 17 (não é
obrigatório) b. preso político
18 19 20 21 22 23
Característi- • Finalidade educativa e produtiva;
24 25 26 27 28 29 cas • Não está sujeito à CLT.
30 31 32 33 34 35 • É possível em qualquer regime.
36 37 38 39 40 41 • Mas cuidado:
42 43 44 45 46 47 a. preso provisório só pode traba-
48 49 50 51 52 53 lhar no interior do estabele-
54 55 56 57 58 59 cimento.
60 61 62 63 64 65 b. no fechado, o trabalho externo
66 67 68 69 70 71 só é admitido em serviços ou
obras públicas, realizadas...
72 73 74 75 76 77
Trabalho - pela Adm dir ou indireta;
78 79 80 81 82 83 EXTERNO - por entidades privadas.
84 85 86 87 88 89 Quem autoriza? A direção do estabe-
90 91 92 93 94 95 lecimento.
96 97 98 99 100 101 Requisitos:
102 103 104 105 106 107 1. aptidão, disciplina e responsabili-
108 109 110 111 112 113 dade;
114 115 116 117 118 119 2. cumprir de 1/6 da pena (IMPOR-
TANTE: só se aplica ao regime fe-
120 121 122 123 124 125
chado).
126 127 128 129 130 131
132 133 134 135 136 137
Falta grave
138 139 140 141 142 143
144 145 146 147 148 149 Reconhecimento da falta grave
150 151 152 153 154 155
• Súmula 533, STJ: Para o reconhecimento da prá-
156 157 158 159 160 161
tica de falta disciplinar no âmbito da execução pe-
162 163 164 165 166 167
168 169 170 171 172 173 nal, é imprescindível a instauração de procedi-
174 175 176 177 178 179 mento administrativo pelo diretor do estabeleci-
180 181 182 183 184 185 mento prisional, assegurado o direito de defesa, a
186 187 188 189 190 191 ser realizado por advogado constituído ou defen-
192 193 194 195 196 197 sor público nomeado.
198 199 200 201 202 203 • Súmula 526, STJ: O reconhecimento de falta
204 205 206 207 208 209 grave decorrente do cometimento de fato definido
como crime doloso no cumprimento da pena pres-
cinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para
apuração do fato.

Consequências decorrentes da prática de


FALTA GRAVE:

ATRAPALHA
1. PROGRESSÃO: interrompe o prazo para a pro-
gressão de regime (Súmula 534-STJ).
2. REGRESSÃO: acarreta a regressão de regime.
3. SAÍDAS: revogação das saídas temporárias.
4. REMIÇÃO: revoga até 1/3 do tempo remido.
5. RDD: pode sujeitar o condenado ao RDD.

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Thiago Diniz
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6. DIREITOS: suspensão ou restrição de direitos. cumpre pena restritiva de direitos ou que seja be-
7. ISOLAMENTO: na própria cela ou em local ade- neficiário de livramento condicional não tem o
quado. condão de modificar a competência da execução
8. CONVERSÃO: se o réu está cumprindo pena res- penal, que permanece com o juízo da condenação,
tritiva de direitos, esta poderá ser convertida em sendo deprecada ao juízo onde fixa nova residência
privativa de liberdade. somente a supervisão e o acompanha- mento do
cumprimento da medida imposta. CC 137899/PR.
NÃO INTERFERE:
1. LIVRAMENTO CONDICIONAL: não interrompe o Remição
prazo para obtenção de livramento condicional • A prática esportiva pelo apenado não possibilita
(Súmula 441-STJ). a remição da respectiva pena.
2. INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA: não inter-
fere no tempo necessário à concessão de indulto e
Lei n° 8.137/90
comutação da pena, salvo se o requisito for expres-
samente previsto no decreto presidencial (Súmula 1 2 3 4 5 6
535-STJ). 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18
Regime disciplinar diferenciado (RDD) 19 20 21 22 23 24
• 360 dias, limitado a 1/6 da pena. 25 26 27 28 29 30
• Aplica-se ao preso provisório e ao defini-
tivo. • SV 24. Não se tipifica crime material contra a or-
• Inclusão é ato do juiz. dem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da
Lei 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tri-

buto.
Progressão de regime • A SV 24 aplica-se a fatos anteriores à sua edição.
• A constituição regular e definitiva do crédito tri-
• SV 56. O condenado não pode ser obrigado a butário é suficiente para tipificar as condutas pre-
cumprir regime de pena mais gravoso do que o vistas no art. 1°, I a IV, da Lei n° 8.137/1990, não
a ele permitido por lei em razão da deficiência influenciando em nada, para fins penais, o fato de
estatal. É o teor da SV 56. Nesses casos – de falta ter sido reconhecida a prescrição tributária
de estabelecimento penal adequado –, obser- (MPMT/2019). O reconhecimento de prescrição tri-
var-se-ão os seguintes critérios (do RE butária em execução fiscal não é capaz de justificar
641.320/RS): (i) a saída antecipada de sentenci- o trancamento de ação penal referente aos crimes
ado no regime com falta de vagas, (ii) a liber- contra a ordem tributária previstos nos incisos I a
dade eletronicamente monitorada ao sentenci- IV do art. 1º da Lei 8.137/90. A constituição regular
ado que sai antecipadamente ou é posto em pri- e definitiva do crédito tributário é suficiente para
são domiciliar por falta de vagas e (iii) o cumpri- tipificar as condutas previstas no art. 1º, I a IV, da
mento de penas restritivas de direito e/ou es- Lei nº 8.137/90, não influenciando em nada, para
tudo ao sentenciado que progride ao regime fins penais, o fato de ter sido reconhecida a pres-
aberto. Até que sejam estruturadas as medidas crição tributária. STJ. AgRg no AREsp 202.617/DF, j.
alternativas propostas, poderá ser deferida a 10/3/16 (Info 579).
prisão domiciliar ao sentenciado. • Os Ministros reuniram-se perante a 3ª Seção de
• Súmula 439, STJ. Admite-se o exame crimino- julgamento do STJ (HC 399.109/SC, Rel. Ministro
lógico pelas peculiaridades do caso, desde que Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, julgado em
em decisão motivada. 22/08/2018, DJe 31/08/2018) para prevenir diver-
• Súmula 491, STJ. É inadmissível a chamada gência e uniformizar o entendimento entre as Tur-
progressão per saltum de regime prisional. mas. Referido HC fora impetrado pela Defensoria
Pública do Estado de SC em favor do administrador
Competência de determinada sociedade contribuinte de ICMS e
• A mudança de domicílio pelo condenado que que, realizando a venda de mercadorias, declarou

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@mp_estadual
Thiago Diniz
1 2 3 4 5 6

o ICMS próprio de alguns poucos meses, mas dei- • O crime de lavagem de dinheiro (Lei 9.613/98, al-
xou de pagar. Considerando a descrição fática do terada pela Lei 12.683/12) objetiva dar aparência
acórdão, tratou-se de caso simples, sem envolvi- lícita a algo ilícito (ex.: trocar o carro, que é fruto de
mento de fraude, nota fiscal inidônea ou outro tipo um crime, por ações, por dinheiro, etc). Vigora, no
de situação de fato que pudesse influenciar na aná- referido crime, o princípio da autonomia, se-
lise da tese. Após o julgamento, foi pacificado o en- gundo o qual não se exige prova concreta nem
tendimento de que o crime de apropriação indé- condenação transitada em julgado quanto à ocor-
bita tributária previsto no art. 2º, inciso II, da Lei rência de infração penal antecedente para que a
nº 8.137/1990 é praticado pelo sujeito passivo da denúncia de lavagem de dinheiro seja considera
relação jurídica tributária que age, consciente- apta. Assim, o que é genericamente exigido pela ju-
mente, na inadimplência do ICMS próprio ou de- risprudência é a presença de indícios suficientes
vido por substituição tributária. da existência do crime antecedente. STJ: “Para
configuração do crime do artigo art. 1º da Lei n.
Lei de Lavagem de Dinheiro 9.613/98, não é necessário que o acusado tenha
sido condenado pelo delito antecedente, pois em-
1 2 3 4 5 6 bora derivado ou acessório, o delito de lavagem de
7 8 9 10 11 12 dinheiro é autônomo, também não se exigindo pro-
13 14 15 16 17 18 cesso criminal ou condenação pelo prévio delito,
19 20 21 22 23 24 nem mesmo que o acusado seja o autor do delito,
25 26 27 28 29 30 bastando, para tanto, a presença de indícios sufici-
entes de sua existência (...) 3. Permanece típica e
• Foram 3 as principais modificações trazidas pela punível a lavagem de dinheiro mesmo quando des-
Lei 12.683/12 à Lei 9.613/98: conhecido ou isento de pena o autor do crime pre-
i) Supressão do rol taxativo de crimes antece- cedente, desde que presentes indícios suficientes
dentes; da existência deste delito (art. 2º, § 1º, da Lei
ii) Fortalecimento do controle administrativo 9.613/98). 4. O sujeito ativo do crime de lavagem
sobre setores sensíveis à reciclagem de capitais; de dinheiro pode ser, não só o autor, o coautor ou
iii) Ampliação das medidas cautelares patrimo- o partícipe do crime antecedente, mas todo aquele
niais incidentes sobre a lavagem de capitais e que, de alguma forma, concorra para a ocultação
sobre as infrações antecedentes. ou dissimulação do lucro proveniente da atividade
• Gerações das leis sobre lavagem de dinheiro: delituosa. 5. A jurisprudência do STJ é firme no sen-
1º. Crime antecedente era só o tráfico de dro- tido de que, para a configuração do crime do art. 1º
gas, da Lei 9.613/98, não é necessário que o acusado te-
2º. Rol alargado, porém ainda taxativo, nha sido condenado pelo delito antecedente,
3º. Rol aberto, de forma que o antecedente pois embora derivado ou acessório, o delito de la-
pode ser qualquer infração penal. vagem de dinheiro é autônomo.
➔ É adotada nos tribunais superiores brasilei- • MPBA/2018. Não se pode confundir o crime de
ros a doutrina norte-americana que aponta a favorecimento real com o crime de lavagem de ca-
existência de 3 fases distintas do crime de “la- pitais, uma vez que o primeiro (favorecimento real)
vagem” de bens, direitos e valores: a colocação, não pode ser praticado pelo autor ou partícipe da
o encobrimento e a integração (MPMT/2019). infração antecedente, vez que o próprio tipo penal
• O crime de “lavagem” de capitais tem natureza se caracteriza pelo auxílio destinado a tornar se-
acessória, derivada ou dependente de infração pe- guro o proveito do crime, fora dos casos de coau-
nal anteriormente cometida, típica e antijurídica, toria ou de receptação.
da qual decorreu a obtenção de vantagem finan- • Bem jurídico tutelado é a ordem socioeconô-
ceira ilegal (segundo a doutrina: “infração penal mica.
produtora”). Por isso é exemplo do que se costuma • A utilização do dinheiro em viagens ou o mero
chamar de “crime parasitário”. proveito não configura o crime.
• Infração antecedente pode ser: • STF entende que não há necessidade de opera-
✓ Crime, ções complexas para ocultar a origem ilícita do di-
✓ Contravenção. nheiro.
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Thiago Diniz
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• Fases da lavagem de dinheiro: 42 43 44 45 46 47


1º. Colocação (smurfing) – ex: depósitos pul- 48 49 50 51 52 53
verizados.
2º. Dissimulação/mascaramento. Resumo
3º. Integração. • Essa lei combate os crimes cometidos contra
• Lavagem em cadeia (“lavagem da lavagem”): a mulher no âmbito familiar, domici-
ocorre quando o crime antecedente também é a la- liar e afetivo;
vagem de dinheiro. • O sujeito ATIVO pode ser o homem ou a mu-
• Se a infração antecedente é da competência da lher;
Justiça Federal, a lavagem de dinheiro também • O sujeito passivo será a mulher;
será. • Para que o infrator seja enquadrado nessa lei
• Não se aplica o art. 366 do CP: o processo conti- é necessário que:
nua até o julgamento, com a nomeação de defen- 1. A violência seja cometida contra a
sor dativo. mulher.
2. O crime envolva:
✓ violência física ou;
Lei dos Crimes Ambientais
✓ violência psicológica ou;
1 2 3 4 5 6 ✓ violência sexual ou;
7 8 9 10 11 12 ✓ violência patrimonial ou;
13 14 15 16 17 18 ✓ violência moral (= crimes
19 20 21 22 23 24 contra a honra).
25 26 27 28 29 30 3. no âmbito:
31 32 33 34 35 36 ✓ da unidade doméstica
37 38 39 40 41 42 (mesmo lugar, espaço):
43 44 45 46 47 48 nesse caso não precisa
49 50 51 52 53 54 morar na mesma casa,
55 56 57 58 59 60 basta permanência espo-
61 62 63 64 65 66 rádica com ou sem vínculo
67 68 69 70 71 72 familiar (ex.: empregada)
73 74 75 76 77 78
ou;
79 80 81 82 83 84
✓ familiar;
85 86 87 88 89 90
✓ afetivo: ex.: ex-namorada
de 20 anos que não es-
Estatuto do Desarmamento queci;
1 2 3 4 5 6 • Quem julga esses crimes é a Justiça especi-
7 8 9 10 11 12 alizada no combate a violência doméstica e
13 14 15 16 17 18 familiar contra a mulher e na sua falta a
Justiça Criminal.
19 20 21 22 23 24
• Não compete ao JECRIM nem à Justiça Ci-
25 26 27 28 29 30
vil cuidar desses crimes.
31 32 33 34 35 36
• A renúncia à representação poderá ser
37 38 39 40 41 42
feita pela ofendida
1. antes do recebimento da denún-
Lei Maria da Penha cia;
1 2 3 4 5 6 2. em audiência especialmente desig-
7 8 9 10 11 12 nada;
13 14 15 16 17 18 3. ouvido do MP.
19 20 21 22 23 24 • O juiz não pode substituir a pena por:
24-A 25 26 27 28 29 a) cesta básica,
30 31 32 33 34 35 b) prestação pecuniária ou
36 37 38 39 40 41 c) pagamento isolado de multa.
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Thiago Diniz
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• Afastamento do agressor do lar... 42 43 44 45 46 47


I. Pelo juiz; 48 49 50 51 52 53
II. Pelo delegado, se o Município não 54 55 56 57 58 59
for sede de comarca; 60 61 62 63 64 65
III. Pelo policial, se o Município não 66 67 68 69 70 71
for sede de comarca e não houver 72 73 74 75 76 77
delegado disponível. 78 79 80 81 82 83
Obs. Nas hipóteses II e III...
- juiz é comunicado em 24 horas, Noções gerais
decidindo em igual prazo, • É possível substituição da pena no tráfico de dro-
- MP é comunicado concomitante- gas.
mente. • Quantidade e natureza não podem ser considera-
• “Novo crime”: descumprir decisão JUDI- das duas vezes, mas podem influenciar na definição
CIAL que defere medida protetiva. do regime.
✓ Independentemente da compe- • “Tráfico privilegiado” não é infração equiparada
tência civil ou criminal do juiz que aos crimes hediondos.
defere a medida protetiva; • Quantidade exorbitante de droga pode indicar
✓ Só JUIZ pode conceder fiança; dedicação a atividades criminosas.
✓ Não exclui outras medidas cabí- • Inquéritos e ações penais em curso podem signi-
veis. ficar dedicação a atividades criminosas.
• Interrogatório, também na Lei de Drogas, é o úl-
Súmulas STF e STJ timo ato da instrução. Obs. Orientação obrigatória
• S. 536 STJ - A suspensão condicional do processo a partir de 11/03/2016.
e a transação penal não se aplicam na hipótese de
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. Jurisprudência correlata
• S. 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de
Súmulas STF e STJ
lesão corporal resultante de violência doméstica
contra a mulher é pública incondicionada. • S. 607, STJ - A majorante do tráfico transnacional
• S. 588 STJ - A prática de crime ou contravenção de drogas (Lei 11.343/2006, art. 40, I) configura-se
penal contra a mulher com violência ou grave ame- com a prova da destinação internacional das dro-
aça no ambiente doméstico impossibilita a substi- gas, ainda que não consumada a transposição de
tuição da pena privativa de liberdade por restritiva fronteiras.
de direitos. • S. 587, STJ - Para a incidência da majorante pre-
• S. 589 STJ - É inaplicável o princípio da insignifi- vista no art. 40, V, da Lei 11.343/2006 é desneces-
cância nos crimes ou contravenções penais pratica- sária a efetiva transposição de fronteiras entre es-
dos contra a mulher no âmbito das relações do- tados da Federação, sendo suficiente a demonstra-
mésticas. ção inequívoca da intenção de realizar o tráfico in-
• S. 600 STJ - Para a configuração da violência do- terestadual
méstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. • S. 501, STJ - É cabível a aplicação retroativa da Lei
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a 11.343/2006 desde que o resultado da incidência
coabitação entre autor e vítima. das suas disposições, na íntegra, seja mais favorá-
vel ao réu do que o advindo da aplicação da Lei
Lei de Drogas 6.368/1976 sendo vedada a combinação de leis.
• Se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações de
1 2 3 4 5 6
um estabelecimento prisional, incidirá a causa de
7 8 9 10 11 12
aumento, não importando quem seja o compra-
13 14 15 16 17 18
dor do entorpecente. STF. HC 138944 (Info 858).
19 20 21 22 23 24
• O grau de pureza da droga é irrelevante para fins
24-A 25 26 27 28 29
30 31 32 33 34 35 de dosimetria da pena. De acordo com a Lei nº
36 37 38 39 40 41 11.343/2006, preponderam apenas a natureza e a
quantidade da droga apreendida para o cálculo da
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dosimetria da pena. STF. HC 132909/SP (Info 818).


• A participação do menor pode ser considerada
para configurar o crime de associação para o tráfico
(art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena
como causa de aumento do art. 40, VI, da Lei nº
11.343/2006.

Lei de Organização Criminosa


1 2 3 4 5 6
7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 23 24
25 26 27 28 29 30
31 32 33 34 35 36

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Compilado de Teorias Penais

1. Teorias sobre o conceito analítico de crime


Teoria bipartida (bipartite) Crime é fato típico e ilícito.
Teoria tripartida (tripartite) Crime é fato típico, ilícito e praticado por agente culpável.
Crime é fato típico, ilícito, praticado por agente culpável e
Teoria quadripartida (quadripartite)
punível.

2. Teoria das velocidades do Direito Penal


1ª Velocidade 2ª Velocidade 3ª Velocidade 4ª Velocidade 5ª Velocidade

DP nuclear DP periférico DP do Inimigo Neopunitivismo DP do risco

Não há consenso
Jesús-Maria Silva Jesús-Maria Sil-va sobre a existência
Jakobs Daniel Pastor
Sánchez Sánchez dessa 5ª veloci-
dade
Busca a todo custo
o aumento do ar-
Aplica penas priva- Aplica penas alter- Aplica penas gra- Maior presença do
senal punitivo do
tivas de liberdade. nativas à prisão. ves e severas. controle policial.
Estado (panpena-
lismo).
Relaciona-se com o
A despeito da gra- DP Internacional,
Permite a flexibili- vidade da sanção, caracterizado pelo DP tem o objetivo
zação dos direitos propõe a flexibili- alto nível de inci- de responsabilizar
Observa todas as os autores, diante
e garantias proces- zação ou mesmo a dência política e
garantias e direitos da agressividade
suais, proporcional supressão de direi- pela seletividade, verificada na socie-
processuais.
à menor intensi- tos e garantias ma- com elevado des- dade contemporâ-
dade da sanção. teriais e processu- respeito às regras nea.
ais. básicas do poder
punitivo.

3. Lugar do crime e tempo do crime

TEMPO DO CRIME
Teoria da atividade ou da ação
(art. 4º do CP)
3 Teorias

Teoria do resultado

LUGAR DO CRIME
Teoria da ubiquidade ou mista
(art. 6° do CP)

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Thiago Diniz
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4. Combinação de leis penais

Teoria da ponderação unitária ou global Teoria da ponderação diferenciada

Não permite a combinação de leis penais p/ a


Admite a combinação de leis penais na busca
obtenção da norma mais favorável que deve in-
da norma mais favorável ao réu. Pode o in-
cidir no caso concreto. A solução deve ser bus-
térprete, assim, combinar dispositivos de
cada no exame de cada diploma penal, em seu
leis diferentes para obter a solução mais fa-
unidade. Daí falar-se em ponderação unitária ou
vorável ao acusado. Daí falar-se em pondera-
global.
ção diferenciada.
É a posição do STF e do STJ (súmula 501).
Fundamento: a combinação de leis viola os prin-
Fundamento: ao combinar as leis, o juiz não
cípios da legalidade e da separação de poderes,
cria lei nova, apenas transita dentro dos limi-
já que a partir dela obtém o intérprete uma lei
tes conferidos pelo legislador.
distinta dos diplomas originais (tertium genus).
Exemplo: tráfico de drogas (pena mínima) Exemplo: tráfico de drogas (pena mínima)
Lei n° 6.368/76 Lei n° 11.343/06 Combina as Leis n° 6.368/76 e 11.343/06
Pena-base mínima: 3 Pena-base mínima: 5 anos Pena-base mínima da Lei 6.368/76: 3 anos
anos Minorante: 1/6 a 2/3 Minorante do art. 33, § 4°, da Lei n° 11.343/06: 1/6
Não há minorante Pena mínima = 1 ano e 8 a 2/3.
Pena mínima = 3 anos meses Pena mínima = 1 ano.
Se o acusado não reu-
Se o acusado reunir os re- Se o acusado reunir os requisitos, do art. 33, §
nir os requisitos do art.
quisitos do art. 33, § 4°, da 4°, da Lei n° 11.343/06, o crime praticado sob a
33, § 4°, da Lei n°
Lei n° 11.343/06, incide a vigência da antiga Lei de Tóxicos poderia ser
11.343/06, incide a an-
nova Lei de Drogas, tam- apenado com somente 1 ano de reclusão, além
tiga Lei de Tóxicos, em
bém em sua integridade. da multa.
sua integridade.

5. Conceito de conduta
Conduta é comportamento humano voluntário que produz modificação no
mundo exterior. Independe de dolo e culpa, bastando que o agente produza
Teoria clássica, o resultado.
naturalística, meca-
A teoria clássica não explica:
nicista ou causal
Liszt, Beling 1. Crimes omissivos próprios;
2. Crimes formais e de mera conduta;
3. Tentativa.
Teoria final ou Conduta é comportamento humano, consciente e voluntário, dirigido a um
finalista
fim. Dolo e culpa alojam-se no fato típico, dentro da conduta. Formou-se uma
(CP)
Welzel culpabilidade “vazia”, porque desprovida de dolo e culpa.
Leva em conta o controle da vontade, presente nos crimes dolosos, assim
como nos culposos. Segundo Zaffaroni, os tipos dolosos possuem como ob-
Teoria cibernética jeto de proibição o próprio fim almejado pelo agente (ex: a morte, no homicí-
Zaffaroni dio). Já os tipos culposos proíbem condutas atendendo ao modo eleito pelo
agente para alcançar o fim por ele visado. O que importa, assim, é justamente
o domínio da vontade, presente em ambos os casos.

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@mp_estadual
Thiago Diniz
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Teoria social
Wessels, Conduta é comportamento humano com transcendência social.
Jescheck
Teoria jurídico-penal Conduta é comportamento humano, dominado ou dominável pela vontade,
Francisco de Assis To- dirigido para a lesão ou para a exposição a perigo de um bem jurídico, ou,
ledo ainda, para a causação de uma previsível lesão a um bem jurídico.

6. Omissão penal

Teoria naturalística Teoria normativa

A omissão é penalmente relevante porque e


quando a lei assim determina (“do nada, nada
Omissão é um fenômeno causal que pode ser vem”). Há responsabilidade penal quando a
verificado no mundo fático. NORMA atribui o dever de agir. Daí falar-se em
teoria normativa. Foi a teoria adotada pelo CP
em seu art. 13, § 2°.

7. Nexo de causalidade

Teoria da equivalência dos Teoria da causalidade


antecedentes causais adequada Teoria da imputação
(da condição simples ou (da condição qualificada ou objetiva
teoria generalizadora) teoria individualizadora)

Criada por Claus Roxin, já foi


É a regra no CP Adotada como exceção no
adotada pelo STJ em alguns
(art. 13, caput). CP (art. 13, § 1°).
julgados (HC 46.525-MT).
Causa é todo fato humano sem o
Somente aplicável aos crimes
qual o resultado não teria ocor-
materiais, acrescenta 2 novos
rido.
elementos no tipo OBJETIVO:
Método da eliminação hipotética. 1. Criação ou incremento de
Para identificar o que é causa, re- risco proibido relevante;
corre-se ao método da elimina- Causa é o antecedente necessá- 2. Realização do risco no re-
ção hipotética (Thyrén): se, su- rio e adequado à produção do sultado.
primindo-se mentalmente certo resultado.
evento da cadeia causal, o resul- Por que “teoria objetiva”? Isso
tado deixa de ocorrer, esse porque os 2 novos elementos
mesmo evento figura como pensados por Roxin foram inclu-
causa do resultado verificado. ídos exatamente no tipo obje-
Crítica: regresso ao infinito. tivo.

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@mp_estadual
Thiago Diniz
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8. Teorias do dolo

Teoria da vontade Teoria do assentimento Teoria da representação

Não foi adotada pelo CP.


Adotada para o dolo direto Adotada para o dolo eventual
Há doutrina sustentando que foi
pelo CP. pelo CP.
adotada para a culpa consciente.

Para que exista dolo, exige-se: Configura-se o dolo quando há:


previsão previsão A configuração do dolo con-
+ + tenta-se com a mera previsão
vontade de produzir o anuência ou concordância do resultado.
resultado com a produção do resultado

9. Teoria da tipicidade conglobante

Teoria da tipicidade conglobante

Desenvolvida por Eugenio Raúl Zaffaroni.


A tipicidade penal resultada da junção da tipicidade legal com a tipicidade conglobante.
É o juízo que se faz sobre a conduta que, a um só tempo, ajusta-se ao modelo
TIPICIDADE PENAL abstrato previsto no preceito primário do tipo penal (tipicidade legal) e en-
contra-se proibida pelo sistema jurídico (tipicidade conglobante).
É a subsunção do fato à norma: mero juízo de adequação do fato concreta-
TIPICIDADE LEGAL
mente observado à fórmula legal do tipo.

TIPICIDADE CONGLO- É a comprovação de que a conduta está também proibida pelo sistema jurí-
BANTE dico globalmente considerado (antinormatividade).
Segundo Zaffaroni, a “tipicidade implica antinormatividade (contrariedade à norma) e não podemos admi-
tir que na ordem normativa uma norma ordena o que a outra proíbe. Uma ordem normativa, na qual uma
norma possa ordenar o que a outra pode proibir, deixa de ser ordem e de ser normativa e torna-se uma
‘desordem’ arbitrária”.
A teoria da tipicidade conglobante já foi adotada pelo STJ: PROCESSUAL PENAL - CRIME CONTRA A
HONRA - QUEIXA-CRIME OFERECIDA POR JUÍZA CONTRA DESEMBARGADOR - DELITO DE DIFAMAÇÃO - ART.
139 C/C ART. 141, II, DO CP - AUSÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO - PROCESSO DE PROVIMENTO DE
CARGO DE DESEMBARGADOR - EXPRESSÕES UTILIZADAS PARA FUNDAMENTAR VOTO DE PROMOÇÃO -
CAUSA ESPECIAL DE EXCLUSÃO DO DELITO - REJEIÇÃO DA EXORDIAL ACUSATÓRIA. 1. Queixa-crime ofere-
cida por Juíza contra Desembargador que, durante processo de promoção por merecimento de magistrado,
proferiu voto com expressões tidas por difamatórias pela querelante. 2. O querelado, em sessão pública, pro-
feriu seu voto, consoante previsto na Resolução n° 106/2010 do CNJ, não se extraindo da sua manifestação
conduta que se amolde na figura típica do art. 139 do Código Penal. Ausência de animus diffamandi. 3. O que-
relado agiu no estrito cumprimento do dever legal de fundamentação do voto, restando afastada a tipici-
dade conglobante do crime de difamação, nos termos do art. 142, III, do Código Penal e do art. 41 da LC n°
35/79 (LOMAN). 4. Queixa-crime rejeitada. (APn 683/AP, Rel. Min. ELIANA CALMON, CORTE ESPECIAL, julgado
em 21/11/2012, DJe 04/12/2012).

41
@mp_estadual
Thiago Diniz
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10. Teorias sobre a relação entre tipicidade e ilicitude


Teoria da
Teoria indiciária
autonomia ou Teoria da identidade Teoria dos elementos
(ratio cognos-
da absoluta (ratio essendi) negativos do tipo
cendi)
independência
A tipicidade induz Proposta por von Weber, sus-
presunção relativa tenta que os pressupostos das
causas de exclusão da ilicitude in-
de ilicitude.
tegram o próprio tipo penal,
Efeito: inversão do A ilicitude confirma a ti- como seus elementos negativos
ônus da prova em picidade, servindo como implícitos.
relação às exclu- sua essência. O fato só
será típico se também ilí- Tipo TOTAL de injusto
dentes.
cito. Fala-se em:
É a teoria que pre- Elementos positivos:
A tipicidade não Tipo de injusto
valece na doutrina. devem estar presentes
gera nenhum ju- p/ que o fato seja típico.
ízo de valor no Fato típico Ilicitude Ex: “matar alguém”.
Tipo
campo da ilici- penal Elementos negativos:
tude. não podem ocorrer p/
que o fato seja típico.
São as excludentes da ili-
citude.
Os pressupostos das excluden-
A ilicitude não integra o tes de ilicitude integram o tipo
fato típico, mas a ele se penal como elementos negati-
vos (não podem ocorrer) implíci-
funde, formando o tipo
tos (não constam expressa-
de injusto. mente na fórmula legal abs-
trata).

11. Teorias sobre a transição dos atos preparatórios para os atos executórios

Teoria objetiva
A configuração dos atos executórios depende do início da realização do tipo penal.
Teoria Divide-se em 4 subteorias:
subjetiva
Teoria Teoria
Teoria objetivo- Teoria objetivo-
da hostilidade ao objetivo-formal
material individual
bem jurídico (ou lógico-formal)

Importa-se com Atos executórios Ato executório é Atos executórios Atos executórios
o plano do são aqueles que aquele que dá início são aqueles que são aqueles que
agente, admi- atacam o bem jurí- à realização do nú- dão início à prática dão início à prática
tindo a punição dico penalmente cleo do tipo penal. do núcleo do tipo, do núcleo do tipo,
de atos prepa- tutelado. assim como os ime- assim como os ime-
ratórios. diatamente anteri- diatamente anteri-
ores, de acordo ores, de acordo
com a visão de um com o plano con-
terceiro observa- creto do autor.
dor.

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12. Punibilidade da tentativa

Teoria sintomática
Teoria subjetiva, Teoria objetiva,
(Escola Positiva de Ferri, Lombroso e
voluntarística ou monista realística ou dualista
Garófalo)
Ocupa-se exclusivamente da Sustenta a punição pela periculosi-
Adotada pelo CP
vontade criminosa (daí ser cha- dade revelada pelo agente.
mada de subjetiva ou voluntarís- A tentativa é punida em razão
tica). do perigo proporcionado ao
bem jurídico tutelado pela lei
penal.
O sujeito é punido pela sua in- Possibilita a punição de atos prepa- Leva em conta o desvalor da
tenção, importando o desvalor ratórios, pois se contenta com a conduta e o desvalor do re-
de sua ação. mera manifestação de periculosi- sultado, de modo que a ten-
dade pelo agente. tativa deve receber punição
inferior à do crime consu-
mado.

13. Crime impossível

Teoria objetiva
A responsabilização depende de elementos objetivos (lesivi-
dade) e subjetivos (dolo e culpa). Teoria Teoria
Subdivide-se em duas teorias: subjetiva sintomática
Teoria objetiva Teoria objetiva
pura temperada ou intermediária
O Direito Penal deve se preo- A lesividade continua sendo o cri-Leva em conta a Preocupa-se com
cupar somente com os resul- tério norteador para a responsabi- apenas a vontade a periculosidade
tados produzidos pela con- lização penal. do agente para do autor, e não
duta do agente. que se puna a com o fato prati-
Assim, residindo toda a aten- Desse modo, exige-se, pelo me- tentativa, nada cado.
ção no resultado fenomênico nos, o perigo de lesão ao bem jurí- importando a ini-
A tentativa e o
(aquilo que de fato ocorreu), dico penalmente tutelado para doneidade do
meio empregado crime impossível
quando a conduta é incapaz que incida a responsabilização pe-
ou do objeto do traduzem mani-
de provocar lesão, o fato nal.
crime. festações exteri-
deve permanecer impune.
ores da personali-
Por isso mesmo, não se afere Aqui, se a inidoneidade é mera-
Afasta-se do prin- dade desajustada
se a inidoneidade é absoluta mente relativa, conclui-se que o
cípio da lesivi- do agente, que,
ou relativa: há crime impossí- bem jurídico foi colocado em pe-
dade, na medida incapaz de obe-
vel ainda que a inidoneidade rigo, justificando a responsabiliza-
em que concen- decer às regras
da conduta seja apenas rela- ção penal. Afirma-se, então, que a
tra a atenção no jurídicas a todos
tiva. inidoneidade deve ser absoluta
aspecto psíquico impostas, deve
para que se reconheca o crime im- ser responsabili-
do agente.
possível e, via de consequência, se zado.
afaste a punição pela tentativa.
Foi a teoria adotada pelo CP (art.
17), ao se referir a impropriedade
ABSOLUTA do objeto e a ineficá-
cia ABSOLUTA do meio.
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14. Estado de necessidade


Outras teorias
Teoria Unitária Teoria Diferenciadora
menos relevantes
Adotada pelo Código Penal. Adotada pelo Código Penal Militar. Teoria da equidade
Diz-se “unitária”, pois admite Prega a manutenção da
Chama-se “diferenciadora”, pois ilicitude e da culpabili-
uma única espécie de estado de
distingue: dade. O sujeito não é pu-
necessidade:
nido por razões de equi-
EN justificante EN justificante EN exculpante dade, radicadas na coa-
ção psicológica que o
Exclui a culpabilidade, move.
Exclui a ilicitude Exclui a ilicitude por inexigibilidade de
Teoria da Escola
conduta diversa.
Positiva
Defende também a ma-
Bem sacrificado tem valor igual nutenção da ilicitude e
ou inferior ao do bem preser- Bem jurídico sacri- Bem jurídico sacrifi- da culpabilidade, afas-
ficado tem valor
vado. cado tem valor supe- tando a punição do ato
igual ou inferior extremamente necessá-
Mas permite a redução da pena ao do bem preser- rior ao do bem preser- rio e sem móvel antisso-
(1/3 a 2/3) se o bem sacrificado vado. vado. cial, por ausência de pe-
vale mais que o bem preservado. rigo social e de temibili-
dade do agente.

15. Teorias da culpabilidade


Teoria psicológica da culpa- Teoria psicológico-normativa Teoria normativa
bilidade da culpabilidade culpabilidade
Franz von Liszt e Ernst von Beling. Reinhart Frank. Welzel
Tem base causalista. Tem base neokantista. Tem base finalista.
A culpabilidade continua sendo defi-
A culpabilidade passa a ser enten-
Define culpabilidade como o vín- nida como vínculo psicológico
dida como o juízo de reprovabili-
culo subjetivo entre o sujeito e o (dolo/culpa), com o acréscimo de um
dade que incide sobre o autor de
fato típico e ilícito por ele praticado. elemento estritamente normativo: a
um fato típico e ilícito.
exigibilidade de conduta diversa.
A culpabilidade possui 3 elemen-
A culpabilidade possui 3 elementos: tos:
Imputabilidade é pressuposto da
culpabilidade. 1. Imputabilidade; 1. Imputabilidade;
2. Dolo ou culpa; 2. Potencial consciência da ilici-
Dolo e culpa são espécies da culpa- 3. Exigibilidade de conduta di- tude;
bilidade. versa. 3. Exigibilidade de conduta di-
versa.
Dolo e culpa continuam alojados na Dolo e culpa migram para o fato tí-
Dolo e culpa estão alojados na cul-
culpabilidade (agora como elemen- pico, alojando-se no interior da
pabilidade (como espécies).
tos). conduta.

O dolo é normativo, pois, além dos elementos cognitivo e volitivo, con- O dolo é natural, pois migra para
tém um elemento normativo. Assim, o dolo normativo é constituído por o tipo penal sem a consciência da
1. Consciência ilicitude (justamente o elemento
2. Vontade normativo que lhe pertencia, de
3. Consciência (atual) da ilicitude acordo com as 2 teorias anterio-
res). O dolo passa a contar, por-
tanto, apenas com elementos “na-
elemento normativo turais”: consciência + vontade.

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16. Teorias da coculpabilidade

Teoria da Coculpabilidade Teoria da Coculpabilidade às avessas

Desenvolvida por Zaffaroni. Parte da premissa da identificação crítica da se-


letividade do sistema penal e à incriminação da
Reconhece a parcela de responsabilidade do Estado própria vulnerabilidade, isto é, o Direito Penal
pela não inserção social. reconhece que a seleção das condutas típicas
acaba punindo as pessoas mais excluídas da so-
Se as oportunidades não são as mesmas para todos
ciedade.
os indivíduos, muito em função do Estado e da socie-
dade, a capacidade de entendimento e de determi- Sustenta a reprovação penal mais severa dos cri-
nação não pode ser exigida, na mesma intensidade, mes praticados por pessoas que ostentam ele-
dos diferentes segmentos sociais. vado poder econômico.
Assim, o Estado e a sociedade devem arcar com parte
do comportamento desviante do indivíduo e um ins-
trumento seria justamente a atenuante inominada do
art. 66 do Código Penal.

A tese da coculpabilidade não tem sido admitida


pelo STJ (AgRg no AREsp 1318170 / PR).

17. Teorias explicativas do conceito de autor


Teoria Teoria Teoria
subjetiva ou unitária extensiva objetiva ou dualista
• Não diferencia o autor •Também não distingue au- • Opera nítida distinção entre autor e partícipe.
do partícipe. tor e partícipe. • Foi adotada pelo CP, após a reforma promo-
vida pela Lei 7.209/84.
• Tem como fundamento • Do mesmo modo, seu fun-
SUBDIVIDE-SE EM OUTRAS TRÊS:
a teoria da conditio sine damento é a teoria da condi-
qua non. tio sine qua non. Teoria objetivo-formal

• Assim, autor é quem de • A diferença para a teoria • Autor é quem realiza o núcleo (verbo) do tipo
qualquer modo contribui anterior está na possibili- penal, enquanto partícipe é quem de qualquer
para a produção de um re- dade de redução da pena, es- modo concorre p/ o crime, sem praticar o nú-
sultado penalmente rele- tabelecendo-se diversos cleo típico.
vante. graus de autoria. • Logo, o autor intelectual é partícipe.
• Falha: não explica a autoria mediata.
• Aparece, aqui, a figura do • A punição do partícipe só é possível em virtude
cúmplice, assim compre- da norma de extensão prevista no art. 29 do
endido como o autor que CP, de modo que, p/ ele (partícipe), a adequa-
concorre de modo menos im- ção típica é indireta ou mediata.
portante para o resultado.
Teoria objetivo-material
• Adotada pelo CP, com o
• Autor é quem presta a contribuição objetiva
complemento da teoria da
mais importante p/ a produção do resultado.
autoria mediata. Partícipe, por sua vez, é quem concorre de forma
menos relevante, ainda que realize o núcleo do
tipo.

Teoria do domínio do fato


• Criada por Welzel (em 1939).

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• Autor é quem possui controle sobre o domínio


final do fato, decidindo sobre sua prática, sus-
pensão, interrupção e condições.
• Partícipe é quem de qualquer modo concorre p/
o crime, desde que não realize o núcleo do tipo,
nem possua o controle final do fato.
• Somente se aplica aos crimes dolosos.
• Adotada por alguns Ministros do STF na Ap
470 (“Mensalão”).

18. Tipificação das condutas no concurso de pessoas


Teoria pluralista,
Teoria unitária, pluralística Outras teorias com
monista ou monística (da cumplicidade do crime distinto menor relevância
ou da autonomia da cumplicidade)
• Adotada como regra no Có- • Adotada como exceção no Código Teoria dualista
digo Penal (art. 29 do CP e Penal (fala-se em “exceções plura- (Vicenzo Manzini)
item 25 da Exposição de Moti- listas à teoria monista”). • No caso de pluralidade de
vos da Parte Geral do CP). • A depender da posição assumida agentes e de condutas diver-
• Quem concorre para um pelo agente na dinâmica delitiva, sas, das quais decorre um
crime por ele responde. O sua conduta se enquadra em tipos mesmo resultado, há dois
crime praticado em concurso penais diversos. crimes distintos: um para o
de pessoas continua sendo • São exemplos: autor e outro para os partíci-
único, ainda que cometido 1. Aborto provocado por terceiro pes.
por pluralidade de agentes com consentimento da gestante
Teoria mista
com unidade de desígnios. – o executor responde pelo art.
(Francesco Carnelutti)
• Todos os coautores e partíci- 126 do CP / a gestante responde
pelo art. 124 do CP; • DELITO CONCURSAL x DE-
pes se sujeitam a um único
2. Bigamia – o agente casado res- LITO EM CONCURSO: “O de-
tipo penal, sendo a pena apli-
ponde pelo caput, enquanto o lito concursal é uma soma
cada na medida da respectiva
agente não casado responde pelo de delitos singulares, cada
culpabilidade (entendida aqui
§ 1°, ambos do art. 235 do CP; um dos quais pode ser cha-
como medida de pena, não
3. Corrupção ativa e passiva (arts. mado de delito em con-
como substrato do crime).
317 e 333 do CP); curso. Entre o delito concur-
4. Falso testemunho ou falsa perí- sal e o delito em concurso há
cia (arts. 342, caput, do CP x art. a mesma diferença que
343, caput, do CP). existe entre a parte e o todo.
E o traço característico do
primeiro reside em que ele
não constitui uma entidade
autônoma, mas elemento
de um delito completo que é
o concursal”.

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19. Teorias sobre a punição do partícipe


Acessoriedade Acessoriedade Acessoriedade
Hiperacessoriedade
mínima limitada máxima ou extrema
Para a punibilidade do Para a punibilidade do A punição do partícipe Para a punição do partí-
partícipe, basta que o partícipe, exige-se que o reclama a prática de um cipe, impõe-se a prática
autor tenha praticado autor tenha praticado fato típico e ilícito, pra- de um fato típico e ilí-
um fato típico. um fato típico e ilícito. ticado por um agente cito, praticado por um
culpável. agente culpável que ve-
Assim, se o autor age em Ex: “A” contrata “B”, en-
legítima defesa, o partí- tão com 16 anos, para ma- nha a ser efetivamente
Ex: “A” contrata “B”, im-
cipe ainda assim é punido. tar “C”. Cumprido o putável, para matar “C”. punido.
Ex: “A” contrata “B” para acordo, “A” (que não pra- Cumprido o acordo, am- Ex: “A” contrata “B”, im-
matar “C”. Enquanto an- ticou o núcleo do tipo pe- bos respondem por homi- putável, para matar “C”.
dava em via pública, “B” é nal) responde como partí- cídio: “A” como partícipe; Logo após efetuar o dis-
surpreendido por uma in- cipe do homicídio consu- “B” como autor. paro fatal contra “B”, “C”
vestida de “C” e acaba mado cometido por “B”.
E se “B” fosse inimputá- se suicida. Assim, com a
desferindo-lhe um tiro,
Qual o problema dessa te- vel? Para a teoria da aces- extinção da punibilidade
em evidente legítima de-
oria? Tendo “A” se valido soriedade máxima, a pu- de “B”, a punição de “A”
fesa. Para a teoria da
de um inimputável, não se- nibilidade por participa- como partícipe não seria
acessoriedade mínima,
ria ele, que encomendou o ção estaria inviabilizada possível, configurando-se
que se contenta com a
homicídio a um agente (o autor não é “culpá- indesejada situação de
prática de um fato típico
que atua sem culpabili- vel”). Surge, então, a fi- impunidade.
pelo autor (no caso, “B”),
dade, um AUTOR MEDI- gura do autor mediato Como teoria extrema e
“A” deveria responder
ATO? (“A”, no caso, que teria por fazer exigência desar-
como partícipe.
É a teoria preferida pela
se valido de um inimputá- razoada, é incabível.
Como teoria extrema, é vel).
doutrina, mas é preciso
incabível. ressalvar o cabimento
da autoria mediata.

Em resumo: autor deve Em resumo: autor deve Em resumo: autor deve Em resumo: autor deve
praticar fato... praticar fato... praticar fato... praticar fato...
típico típico típico típico
+ + +
ilícito ilícito ilícito
+ +
ser culpável ser culpável
+
ser efetivamente
punido

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20. Teorias da pena


Teoria Teoria Teoria Teoria
agnóstica ou negativa absoluta relativa mista ou unificadora

Descrença nas finalidades A pena tem finali- A finalidade da pena é pre- A pena deve, a um só
da pena e no poder puni- dade exclusiva- venir. tempo:
tivo do Estado. mente retributiva. 1. castigar o conde-
A prevenção pode ser as-
nado;
Desse modo, a única fun- Funciona, assim, sim classificada:
2. evitar a prática
ção da pena é a neutraliza- como instrumento a) geral: volta-se à coletivi-
do crime.
ção do condenado, sobre- de vingança do Es- dade como um todo, sem
tudo quando a prisão acar- tado contra o cri- um destinatário específico. Sustenta, assim, a fu-
reta o seu afastamento da minoso. 1. positiva: reafirma a são entre as finalida-
sociedade. vigência e a autori- des retributiva e pre-
dade da lei penal; ventiva da pena. Por
2. negativa: cria um isso é também deno-
contraestímulo no minada de teoria da
potencial criminoso,
união eclética, inter-
inibindo-o de agir.
mediária, conciliató-
b) especial: direcionada
ria ou unitária.
exclusivamente à pessoa do
condenado. Foi a teoria adotada
1. positiva: ressociali- pelo CP, como se ex-
zação. trai, entre outros, de
2. negativa: busca evi- seu art. 59: “O juiz [...]
tar a reincidência, in- conforme seja neces-
timidando o conde- sário e suficiente para
nado para que ele a reprovação e pre-
não volte a delinquir. venção do crime”.

21. Teorias sobre o concurso formal de crimes

Teoria subjetiva Teoria objetiva

Bastam a unidade de conduta e a pluralidade


de resultados para que se configure o concurso
formal de crimes.
Nada importa se o agente atuou ou não com
Exige unidade de desígnios na conduta do unidade de desígnios: há concurso formal se há
agente para a configuração do concurso formal única conduta da qual decorrem múltiplos
de crimes. (pelo menos dois) resultados.
Foi a teoria adotada pelo Código Penal
Basta lembrar que a existência de desígnios au-
tônomos dá lugar ao concurso formal impró-
prio ou imperfeito (art. 70, caput, 2ª parte, CP).

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22. Teorias sobre o crime continuado (a continuidade delitiva exige unidade de desígnios?)

Teoria objetiva pura ou puramente objetiva Teoria mista ou objetivo-subjetiva

A continuidade delitiva depende unicamente dos A continuidade delitiva requer:


requisitos objetivos listados no art. 71 do CP: Requisitos objetivos do art. 71 do CP
a) Crimes da mesma espécie;
b) Condições de tempo, lugar, maneira de
Requisito subjetivo = unidade de desígnios
execução e outras semelhantes

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