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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO


ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR GONÇALVES DIAS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE
SEGURANÇA PÚBLICA/2021

ANTONIO PLINIO MENESES DOS SANTOS

“NOVO CANGAÇO” NO MARANHÃO: plano para atendimento de ocorrências


dos crimes organizados de assalto a bancos.

SÃO LUÍS - MA
2021
ANTONIO PLINIO MENESES DOS SANTOS

“NOVO CANGAÇO” NO MARANHÃO: plano para atendimento de ocorrências dos


crimes organizados de assalto a bancos.

Projeto de intervenção apresentado ao Curso de


Especialização em Gestão de Segurança Pública
(CEGESP) ofertado em Parceria pela Universidade
Federal do Maranhão e a Policia Militar do
Maranhão (PMMA) como requisito parcial para
obtenção do título Especialista em Gestão de
Segurança Pública.

Orientador: CEL QOPM Eurico Alves da Silva Filho

SÃO LUÍS – MA
2021
Ficha catalográfica

MENESES DOS SANTOS, ANTONIO PLINIO.


NOVO CANGAÇO NO MARANHÃO": Plano para atendimento de
ocorrências dos crimes organizados de assalto a bancos /
ANTONIO PLINIO MENESES DOS SANTOS. - 2021.
53 f.

Orientador (a): EURICO ALVES DA SILVA FILHO.


Trabalho de conclusão de curso (Especialização) -
Gestão de Segurança Pública, Universidade Federal do
Maranhão, SÃO LUIS, 2021.

1. ASSALTO A INSTITUIÇÃO FINANCEIRAS. 2. NOVO


CANGAÇO. 3. PLANO DE AÇÃO. I. ALVES DA SILVA FILHO,
EURICO. II. Título.
ANTONIO PLINIO MENESES DOS SANTOS

“NOVO CANGAÇO” NO MARANHÃO: plano para atendimento de ocorrências dos


crimes organizados de assalto a bancos.

Projeto de intervenção apresentado ao Curso de


Especialização em Gestão de Segurança Pública
(CEGESP) ofertado em Parceria pela Universidade
Federal do Maranhão e a Policia Militar do
Maranhão (PMMA) como requisito parcial para
obtenção do título Especialista em Gestão de
Segurança Pública.

Aprovado em: ___/___/2021.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________
CEL QOPM Eurico Alves da Silva Filho – Orientador
Polícia Militar do Maranhão – PMMA

_________________________________________________________
MAJ QOPM Joacy Viana Berredo J – 1º Avaliador
Polícia Militar do Maranhão – PMMA

_________________________________________________________
Prof. Drº Tadeu Alves Teixeira – 2º Avaliador
Universidade Federal do Maranhão
AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida, e ter me dado saúde e sabedoria para mais uma
contribuição à PMMA.
A minha digníssima e amada esposa Louisla, por sempre ter me
acompanhado durante as minhas mais difíceis batalhas, me apoiando sempre e sendo
a minha maior inspiração e incentivadora. Sendo minha base, minha armadura, meu
refúgio e meu poço de alegria e amor.
Ao meu maior milagre, Maria Louise, filha amada, minha razão de matar
um leão a cada dia, minha luz, minha pequena, minha Nena, meu amor.
Ao meu Pai, minha Mãe (in memoriam), meu irmão e minha irmã, por
estarem comigo sempre me ajudando nos meus maiores esforços e partilhado das
minhas melhores conquistas.
Ao meu orientador, pela disponibilidade, paciência, segurança e ajuda na
confecção, apresentação e conclusão do trabalho cientifico.
Aos meus irmãos de farda, companheiros da 16ª turma, companheiros do
VII CEGESP, e em especial ao Grupo de Trabalho CEGESP (CAP QOPM Gouveia,
CAP QOPM Cleiton, CAP QOPM Teixeira, CAP QOPM Ribamar e CAP QOPM
Euclides), pelas ajudas, trocas de informações, confecções dos trabalhos e pelas
Lives que varavam a madrugada.
Ao CFT (PMMA), COSAR (PMMA), 61ª INC (FNSP), CATE (PMAM) e
CPAR (PMAP), cursos em que me identificaram para área operacional e
especialização em operações rurais, onde tenho dedicado alguns anos de estudos.
E também a todos que torcem pelo meu sucesso, bem como aos que
torcem pelo fracasso, pois este me faz cada vez mais resiliente.
RESUMO

O “novo cangaço” tem alicerce estrutural ao Cangaço tradicional de Virgulino Ferreira


da Silva (Lampião), onde esses bandos de criminosos de meados do século XIX
invadiam pequenas cidades espalhando o terror e realizando diversos crimes, com a
justificativa de que os nordestinos viviam em condições precárias e esta era uma
forma destes bandos chamarem a atenção das autoridades. A nova modalidade de
cangaceiros, utilizam-se de armas de guerras, utilização de explosivos, carros com
blindagem original ou improvisadas, possuindo os mesmos modus operandis dos
cangaceiros do sertão nordestino. Os números de ações contra instituições
financeiras são alarmantes, pois, esses roubos dão grandes lucros aos criminosos e
dão sustentáculos a outros crimes, como: tráfico de armas e drogas, lavagem de
dinheiro, por exemplo. O referido projeto de intervenção tem como problema: Como o
Polícia Militar do Maranhão pode/deve padronizar os procedimentos objetivando o
combate à modalidade criminosa denominada “novo cangaço”? Desta forma, o
objetivo geral do tema tratado é propor um plano de ação na esfera da PMMA para
regulamentar as ações no atendimento de ocorrências delituosas contra instituições
financeiras de forma que a referida tratativa possa ser usada como base de um plano
de ação a ser adotado dentro da instituição. Assim, o policiamento ordinário bem como
o policiamento de apoio das unidades, geralmente as Forças Táticas (FT), terão
subsídios operacionais padrões para suas atuações, tanto de forma preventiva e
também reativa.

PALAVRAS-CHAVES: Novo cangaço; Assalto a instituições financeiras. Plano de


ação.
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

BPM – Batalhão de Polícia Militar


BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais
BO – Boletim de Ocorrência
CIOSAC – Companhia Independente de Operações e Sobrevivência em Área de
Caatinga
COPOM - Centro de Operações Policiais Militares
COSAR – Comando de Operações e Sobrevivência em Área Rural
FT – Força Tática
GU PM – Guarnição Policial Militar
PMMA – Polícia Militar do Maranhão
PMMT – Polícia Militar do Mato Grosso
PMPE – Polícia Militar do Pernambuco
PI – Projeto de Intervenção
POP – Procedimento Operacional Padrão
RP – Rádio Patrulha
SERET – Serviço de Regional de Tesouraria
UPM – Unidade Policial Militar
VTR PM – Viatura Policial Militar
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 08
2 INTERESSADO...................................................................................... 10
3 PROBLEMA............................................................................................ 11
4 JUSTIFICATIVA...................................................................................... 12
5 OBJETIVOS............................................................................................ 13
5.1 Objetivo Geral..................................................................................... 13
5.2 Objetivos Específicos........................................................................ 13
6 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 14
6.1 Considerações gerais sobre o Cangaço e o “Novo Cangaço”........ 14
6.2 Aspectos doutrinários e legais acerca dos crimes contra
instituições financeiras............................................................................ 18
6.3 Busca incessante e efetiva de combate ao “novo cangaço”........... 25
6. 4 A Polícia Militar do Maranhão como responsável das ações
contra o “novo cangaço”: elaboração do plano de ação e combate
aos assaltos a banco, como primeiro instrumento de mudança.......... 28
7 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO........................................................... 30
7.1 Diagnostico do Ambiente ................................................................. 30
7.1.1 Análise de Ishikawa como diagnóstico do ambiente no combate ao
“novo cangaço”.......................................................................................... 33
7.2 Proposta de Solução.......................................................................... 35
7.2.1 Proposta de um Plano de Ação e suas diretrizes operacionais........ 36
7.3 Cronograma ....................................................................................... 38
7.4 Recursos Necessários ...................................................................... 38
7.5 Resultados Esperados ..................................................................... 38
8 RESPONSÁVEL PELA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................... 41
9 DECLARAÇÃO DE DIREITOS E USO .................................................. 42
RERERÊNCIAS ........................................................................................ 43
APÊNDICE A – PLANO PARA ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS
DOS CRIMES ORGANIZADOS DE ASSALTO A BANCOS.................... 46
8

1. INTRODUÇÃO

O que mais se parece com os cangaceiros do século passado e as


quadrilhas do “novo cangaço” são as formas estratégicas, táticas e operacionais
utilizadas nas ações criminosas, pois um cangaceiro se disfarçava e visitava a
localidade a ser atacada verificando a quantidade de agentes de segurança pública e
consequentemente as suas capacidades de reação, que na maioria das vezes era
quase reduzido a zero. Desta forma, era planejada a invasão de forma que o grupo
criminoso chegava com alarde causando pânico e terror, mesma tática usada por
grupos criminosos que vem agora espalhando o terror em pequenas cidades do país.
Devido à grande contundência e violência das ações, o codinome “vapor” foi
acrescentado ao dicionário dessas ações criminosas, pois dentro de panela de
pressão ocorre o aumento de temperatura e consequentemente aumentando a
pressão deixando as partículas do líquido em total agitação. Devido à semelhança ao
que ocorre nas telas, essas ações lembram cenas de cinema e os criminosos agem
como nos filmes, porém, tudo ocorrendo de verdade, sem dublês e/ou efeitos
especiais e suas armas não são de brinquedo, mas sim verdadeiras armas de guerras.
Nos ataques, os reféns são meros figurantes, clientes e bancários se tornam
coadjuvantes na cena de terror, virando a garantia para a fuga dos bandidos.
Essas modalidades criminosas apresentam-se cada vez mais organizadas
e sempre apresentando grandes evoluções com o tempo, de forma que os seus
modus operandis sempre apresentam modificações. No ordenamento jurídico pátrio
brasileiro, ações criminosas como de roubo, furto, furto qualificado, sequestro,
extorsão mediante sequestro, porte ilegal de armas de fogo, organização criminosa,
homicídio, dano, dano qualificado, apropriação indébita, dentre outros, existe previsão
legal para o enfrentamento dessas organizações criminosas. Diante de tais
transgressões aos ditames legais, o Estado deve agir de forma direta e contundente,
pois os efeitos dessas ações criminosas são avassaladores. Pessoas que são
utilizadas como escudo humano ou reféns, passam o resto da vida com traumas
psicológicos, cidades inteiras são devastadas, a economia local fica extremamente
prejudicada, pois a instituição responsável em realizar as transações financeiras é
destruída.
9

Desta feita, com o intuito de tornar as ações policiais mais eficientes,


eficazes e efetivas no enfretamento às ações do “novo cangaço” faz-se necessário
criar ações estratégicas operacionais de forma planejada para que o policiamento
territorial (Rádio Patrulhamento) e o de apoio especializado aos Batalhões de área
(FT) executem o Plano de Ação que será proposto no PI (projeto de intervenção), até
a chegada do policiamento especializado em operações rurais e demais equipes de
policiamento. O Plano de Ação tem como objetivo manter o processo em
funcionamento, nesse caso o policiamento ostensivo, preventivo e às vezes reativo,
de tal forma que ações preventivas serão descritas e também em ações quando
eclodir a crise, de forma que todos os envolvidos no teatro de operações saibam como
reagir de maneira efetiva nesses tipos de ocorrências.
10

2. INTERESSADO

A Policia Militar do Maranhão, através do Comandante Geral, responsável


competente em aprovar, implementar e determinar sua difusão no âmbito da PMMA.
De forma que o referido Projeto de Intervenção objetiva melhorar a qualidade do
serviço prestado e cumprir a missão determinada pela Constituição Federal, qual seja,
policiamento ostensivo e preventivo previsto no art. 144, § 5º.
As diversas unidades operacionais da PMMA, principalmente àquelas
localizadas em pequenas cidades e que possuem um pequeno efetivo, geralmente 02
(dois) policiais por dia, serão beneficiados com informações técnicas, táticas e
estratégicas, pois estarão orientados sobre as ações a serem adotadas no combate
ao “novo cangaço”.
E por fim, a sociedade Maranhense, esta por quem a segurança pública
mais trabalha, sempre oferecendo uma sensação de segurança aceitável, sendo o
cliente mais importante no sistema de segurança pública.
11

3. PROBLEMA

Entre os anos de 2015 a 2019 os números de ocorrências contra


instituições financeiras tomaram grandes proporções, aumentando significativamente.
Exatamente nos anos de 2017 e 2018, duas ocorrências ganharam destaques no
cenário estadual, fatos ocorridos em Bacabal – MA, área de responsabilidade do 15º
BPM. Na primeira, os criminosos foram plotados1 graças a um erro de um integrante
e também a ação rápida da PMMA. Já na segunda, os delinquentes conseguiram
invadir a cidade com o proveito do crime.
Desta feita, as duas ocorrências foram atendidas de forma empírica, ou
seja, apenas nas experiências adquiridas aos longos dos anos, sem qualquer tipo de
coordenação ou mesmo um Plano de Ação. Assim, chegou-se ao referido problema,
este, enfrentado por toda a PMMA: como a Polícia Militar do Maranhão pode/deve
padronizar os procedimentos objetivando o combate à modalidade criminosa
denominada “novo cangaço”?

1
Expressão utilizada pelos militares onde um alvo (pessoa ou objeto em suspeição) foi identificado
pelos policiais de serviço.
12

4. JUSTIFICATIVA

O quesito segurança pública é alvo de grandes discussões e


questionamentos na conjuntura atual. As características dos Cangaceiros do século
passado ainda são bem perceptíveis em bandos criminosos atuais, estes se utilizando
de grande número de criminosos, explosivos, armamentos de alta energia, grandes
quantidades de munições, aparatos militares em geral, adentram em pequenas
cidades, geralmente com pouca força de segurança pública, e atacam agências
bancárias ou similares objetivando tomar para si o dinheiro ali existente. Esses bandos
foram denominados de “Novo Cangaço”.
Sabe-se que estes criminosos possuem ligações entre sim em todo
território brasileiro, fazendo com que essas ações ocorram em todo território nacional.
Chegando ao Estado do Maranhão, entre os anos de 2015 a 2019, apontam
cerca de 266 ocorrências contra instituições financeiras e similares de diversas
modalidades, dentre as quais podemos citar: assaltos (tentados e consumados),
arrombamentos (tentados e consumados) e as chamadas “saidinhas bancárias”.
Foram dados compilados oriundos das informações fornecidas pela SEIC
(Superintendência Estadual de Investigações Criminais), pelo Sindicato dos Bancários
do Estado do Maranhão e pela impressa. (MARANHÃO, 2020)
Muitas das reações das forças policiais ocorreram de forma
descoordenada, pois na grande maioria das ocorrências os bandos de criminosos
tomaram rumo ignorado, deixando assim a força estatal com descredibilidade com a
população local.
Assim, o trabalho se justifica por meio da necessidade de se estabelecer e
aperfeiçoar técnicas e procedimentos que objetivem a redução dos danos dessas
modalidades criminosas, apresentando mais segurança, coordenação, organização e
maior possibilidade de sucesso nas ações de prevenção e repressão no atendimento
desses tipos de ocorrências. Desta feita, o referido projeto de intervenção terá como
escopo a proposição de um Plano de Ação para regulamentar as ações no
atendimento de ocorrências delituosas contra instituições financeiras, denominadas
de “Novo Cangaço”, a fim de garantir maior segurança aos agentes de segurança e a
população no atendimento a essa modalidade criminosa, com uma resposta eficiente
e eficaz.
13

5. OBJETIVOS

5.1 Objetivo geral

Propor a PMMA um Plano de Ação para regulamentar as ações no


atendimento de ocorrências delituosas de assaltos em face das instituições
financeiras.

5.2 Objetivos específicos

 Diagnosticar as ações delituosas denominadas “novo cangaço” no Estado do


Maranhão de janeiro de 2015 a dezembro de 2019;
 Analisar o entendimento dos tribunais superiores a respeito dos principais
crimes praticados nas ações conhecidas como “novo cangaço” e demonstrar a
necessidade de elaboração de um plano de ação efetivo ao combate destes
delitos;
 Propor ações proativas e reativas a serem adotadas pela PMMA, no combate
a ações delituosas denominada “novo cangaço”.
14

6. REVISÃO DE LITERATURA

Nesta etapa do projeto de intervenção, far-se-á um breve estudo das


revisões da bibliografia estudada, pois conceitos sobre o cangaço e também o “novo
cangaço” devem ser estudados, assim como conceitos doutrinários, legais e
jurisprudenciais, dos crimes praticados pelos criminosos, ora denominados “novos
cangaceiros”.

6.1 Considerações gerais sobre o Cangaço e o “Novo Cangaço”.

O banditismo social originado no final do século XIX e início do século XX,


ficou conhecido como Cangaço, pois elementos armados e com vestes
características: geralmente havia muito colorido adornando toda suas roupas, chapéu
de couro decorado com moeda e/ou estrelas, calça e jaquetas em couros, lenço de
seda em volta do pescoço, cintas de couro, cartucheiras para postar suas munições,
perneira em couro para proteção dos pés e pernas, bolsas de condução a tiracolo,
semelhante às cangas que se usavam em volta do pescoço dos bois para ajudar no
transporte de carga, daí a origem do nome Cangaceiro, Cangaço. Para a socióloga
Maria Isaura Pereira de Queiroz, o vocábulo remete à canga ou cangalha, que
corresponderia aos apetrechos que os bandidos nordestinos levavam em suas
viagens, como armas e utensílios diversos (QUEIROZ, 1986, p. 15).
Historicamente falando, há muitas controvérsias acerca do primeiro
cangaceiro da história. Porém, Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), é o mais famoso
deles. Nascido aos 4 de julho de 1898, em Serra Talhada, Pernambuco. Muitas
histórias são contadas para explicar o porquê Lampião adentrou ao cangaço. Algumas
delas remetem a grande injustiça social que existia naquela época. Fome, seca,
miséria, desigualdade social, concentração de terra nas mãos de poucos, dentre
outros fatores sociais. Mas, a mais contada das histórias, diz que por conta de brigas
entre as famílias dos Ferreiras (família de Lampião) com a família dos Alves de Barros
(família de José Saturnino), uma volante invadiu a casa da família de Lampião e
assassinou o seu pai. Segundo Souza (2007, p. 29):

Através de cartas, Zé Saturnino incita o Tenente Zé Lucena, da polícia


alagoana, a perseguir e fazer pirraças com aquela família forasteira. Inclusive,
15

segundo Seu Luiz Andrelino Nogueira – antigo escrivão de Vila Bella – estas
missivas eram, na verdade precatórias, redigidas por Antonio Timóteo –
escrivão que vazia as vezes de delegado – acusando os Ferreiras de ladrão.
Em meio a tantas preocupações, desgostos e depressões, em consequência
dos acontecimentos, morre de vertigem, Dona Maria, a mãe dos Ferreiras.
Duas semanas depois, Virgolino, Antonio e Livino estavam viajando, tentando
retornar seus trabalhos na almocrevia, quando sua casa foi invadida pela
volante de Zé Lucena, assassinando friamente, o velho Zé Ferreira.

Com origens no nordeste brasileiro, este movimento social armado que


teve como grande liderança o Lampião, teve basicamente como área de atuação o
semiárido nordestino. Pois eram regiões distantes das grandes cidades e que
geralmente a força estatal era menos eficiente. Lá, o bando de Lampião invadia e
sitiava pequenas cidades implantando o terror. Seus objetivos principais eram as
práticas de saques (roubos), mas que outros crimes também eram praticados, que
eram eles: homicídios, estupros, sequestros. Tudo isso objetivando auferir lucro, pois
existiram bandos que chegaram a possuir até 100 membros.

Virgulino Ferreira, o Lampião, líder e expoente máximo do controverso


movimento marginal do Brasil à época, potencializou o alcance de invasões,
saques e assassinatos em nível nacional. Foi romanceado, cantado, filmado,
pintado, louvado e, inclusive, execrado em verso e prosa. E ainda noticiado
em publicações midiáticas espetaculosas, que mostraram a força do poder
público: combateu e cortou o mal pela raiz, decapitou e criou mártires.
Seria bom que Lampião e seus seguidores descansassem em paz nas
páginas de importante capítulo da História brasileira. Porém, a dinâmica de
acontecimentos criminosos em cadeia não é tão simples assim. Na verdade,
é bem complexa. (RODRIGUES, 2018, p. 1)

Há diferenças pontuais entre o Cangaço e o Novo Cangaço, pois o primeiro


além dos objetivos de combater os problemas sociais, eram grupos de criminosos que
após a realização dos crimes, mantinham uma relação de interação entre os
membros, ou seja, fugiam sempre para os mesmos lugares e sempre estavam juntos,
enquanto o segundo tem como objetivo a desordem e auferição de lucros para
manutenção de status sociais.

Após toda essa bagaceira os cabras de Lampião foram beber e farrar, até
que ao amanhecer, mandou os moradores sepultarem os mortos. Mas
continuaram nos arredores, até que foram informados de que uma volante
comandada pelo Optato Gueiros se aproximava. Chegou a haver um breve
tiroteio, tendo inclusive morrido um soldado.
Depois dessa empreitada Lampião retirou-se para as adjacências da Baixa
Verde e os aceiros da Paraíba.
[...] Quanto aos cangaceiros, foram beber nas bodegas e mercearias, bater
penas pelas calçadas, conversar com as pessoas, até a madrugada chegar.
Quando Custódia dormiu, os cangaceiros desapareceram dentro das
Caatingas.
16

[...] O sargento prende e tortura Pedro. Este denuncia cada detalhe do


refúgio: nas margens do riacho Tamanduá, na fazenda Angicos, município de
Porto da Folha, Sergipe. É só atravessar o rio São Francisco. (SOUZA, 2007,
p. 71, 117 e 210).

Ou seja, nos trechos citados observa-se claramente o quão os bandos de


cangaceiros sempre estavam juntos, sempre mantendo laços de companheirismo e
amizades. Sempre antes, logicamente, ou após as ações, e até mesmo quando
Lampião fora abatido pela volante do Tenente João Bezerra, os criminosos
nordestinos mantinham-se juntos.
Através de ações e evoluções das forças estatais, Albuquerque (2016, p.
156), corrobora ainda mais sobre a entrosação e interação dos cangaceiros:

Com o transcorrer dos anos 30, os bandos de cangaceiros passam a


enfrentar mais um obstáculo à manutenção do seu modo de vida: o progresso
tecnológico. A construção de estradas, a utilização de caminhões para o
transporte da tropa de uma localidade para outra, o aparecimento das
primeiras metralhadoras utilizadas pelas volantes e o uso de estações de
rádios que facilitava a comunicação entre as tropas e uma maior fiscalização
de suas localizações forçaram o cangaceiro a se alojar em áreas mais
remotas.

Já o “novo cangaço”, ganhou essa notoriedade por conta das semelhanças


de suas atuações criminosas serem semelhantes aos cangaceiros do sertão. São
ações voltadas para pequenas cidades, onde grupos de 10 a 30 pessoas, utilizando
de arma de fogo de grosso calibre utilizam pessoas como reféns, realizam saques,
sitiam toda a cidade, espalhando o pânico e terror. Segundo França (2020, p. 29) tem-
se o seguinte apontamento:

A comparação central entre os dois tipos de criminalidade baseia-se no fato


de que ambos os grupos de criminosos atuam em cidades interioranas,
mobilizando o medo dos residentes locais. Dada a participação de muitos
indivíduos atuantes tanto no cangaço como no novo cangaço, essa condição
possibilita a vitimização de toda uma cidade que se torna refém da ação
criminosa do grupo de assaltantes que, tanto no caso do cangaço como do
novo cangaço agem através do uso de armas de fogo.

Mas os objetivos dos novos cangaceiros são saques a instituições


financeiras públicas ou privadas, utilizando quase sempre o capital investido em
atividades lícitas como lavagem de dinheiro, tráfico de armas, drogas e munições.
A descrição dessa nova modalidade de assalto a banco segundo Aquino
(2008, apud COSTA, 2016, p. 11):
17

Junta a mencionada sofisticação no âmbito dos roubos e furtos contra


instituições financeiras, há indícios de ter havido, a partir dos anos de 1980,
uma mudança no perfil dos indivíduos e grupos que protagonizam tais
ocorrências. Em meados do século XX, tal modalidade de crime ganha
visibilidade no país, nos anos seguintes ao golpe de 1964. Naquele período,
assaltos contra agências bancárias, junto com sequestros de importantes
figuras no cenário político, foram artifícios utilizados por militantes de grupos
políticos contrários ao regime militar, que canalizavam os “ganhos” destas
ações para financiar a guerrilha ou fazer valer suas reivindicações na luta
contra o regime ditatorial. Posteriormente, tais ocorrências tiveram como
protagonistas mais notórias, associações nascidas nas prisões, resultantes
do convívio entre os chamados “criminosos comuns” e os “presos políticos”,
tendo sido a mais conhecida nos anos de 1970 e 1980, o Comando Vermelho,
do Rio de Janeiro. Tal grupo, segundo seus integrantes, utilizava o dinheiro
roubado de bancos para financiar fugas de detentos e otimizar o comércio de
entorpecentes. No decênio atual, a organização criminosa que adquiriu maior
visibilidade e tem sido apontada pela Polícia e os meios de comunicação de
massa, como responsável por assaltos contra instituições financeiras, em
todas as regiões do país, é o Primeiro Comando da Capital - PCC. Tal
“comando” teria sua base, nos presídios situados no Estado de São Paulo, e
suas atividades principais seriam os assaltos contra instituições financeiras,
o tráfico de entorpecentes e tráfico internacional de armamentos.

Diante dessa tratativa, pode-se citar o nome de José Valdetário Benevides


Carneiro, como sendo um dos maiores criminosos do Rio Grande do Norte. Conta-se
que o mesmo era um jovem pacato mecânico de carros, e que fora acusado
injustamente de ter participado de um roubo de um veículo. Assevera Silva (2020):

No início dos anos 90, Valdetário Carneiro e “Galego Carneiro” foram


acusados e condenados (injustamente, até onde se pode saber) de roubar
um carro, no famigerado “Caso da Pampa”. Quando foram acusados, os dois
foram amarrados em uma caminhonete para uma passeata de humilhação
pública pelas ruas de Caraúbas/RN. Condenados a 7 anos e 6 meses de
prisão na Paraíba, Valdetário e Galego fugiram após um ano e sete meses
de cumprimento da pena. Valdetário foi pego no dia seguinte e cumpriu mais
4 anos e 6 meses de detenção em Campina Grande, enquanto “Galego”
escapara ileso.
Ao cumprir sua pena, Valdetário Carneiro tentou retomar sua vida de
mecânico e restabelecer sua reputação, entretanto à sua reputação já haviam
sido anexados seus crimes pela opinião pública e pela representatividade
daqueles que na sua cidade ocupavam lugares de destaque. O médico João
Pereira, homem de prestígio na cidade, atribuiu a Valdetário a
responsabilidade pelo roubo de um carro e R$ 13.000, 00 em dinheiro vivo
na fábrica Ademos Ferreira, localizada em Mossoró/RN. Logo se concretizou
a concorrência entre o prestígio e o estigma, a posição de classe e a condição
social que se relega a um ex-presidiário.

O mesmo é retratado como um cangaceiro do final dos anos 2000, devido


a sua grande capacidade de crueldade, pois foi envolvido em pistolagem, assaltos a
bancos, dentre outros crimes. Dantas (2005, p. 309-310) traz o seguinte apontamento
sobre o “cangaceiro” do final do século XX:
18

Fugitivo da Penitenciária de Alcaçuz, em 2000 sitiou e assaltou


simultaneamente três agências bancárias da cidade de Macau no ano de
2002 e encabeça uma grande quadrilha de transgressores da ordem. Enfim,
é o quarto homem mais procurado pelo aparelho policial do Rio Grande do
Norte: “armado e extremamente perigoso”.
[...] Embora Valdetário encarne toda uma constelação de signos integrantes
da História do semiárido: coronelismo, capangas, cangaço, embora
permaneça difusa no Nordeste – todo mundo sabe – a crença na legitimidade
dos crimes que são perpetrados em nome da honra e da vingança, sobretudo
quando dizem respeito ao acerto de contas entre famílias rivais.

Os bandos atuais que são denominados “novos cangaceiros” possuem a


forma de agir (modus operandi) como também as funções dentro da organização
criminosa bem semelhantes. Segundo Vicente (2017) dentro do bando criminoso
existem função para cada integrante, são elas: o explosivista, que possui
conhecimento técnico em explosivos, responsável por fazer o manuseio e detonação;
o arrombador, que faz o emprego das ferramentas na preparação dos locais a serem
detonados; segurança, criminoso que faz a segurança do bando; piloto, responsável
pela pilotagem e condução do bando na chegada e na fuga, conhece as rotas de fuga;
reconhecimento, este chega dias antes à cidade a ser atacada e repassa todas as
informações pertinentes à ação e o logística, que faz a função de fazer a fuga e
resgate após o ataque criminoso.

6.2 Aspectos doutrinários e legais acerca dos crimes contra instituições


financeiras.

Muitos crimes estão envolvidos nessa modalidade criminosa. Pode-se citar


o roubo, furto, sequestro, extorsão mediante sequestro, porte ilegal de armas de fogo,
organização criminosa, homicídio, dano, apropriação indébita, homicídio, entre outros.
Mas no presente trabalho acadêmico dar-se-á destaque aos crimes de
furto, roubo e organização criminosa, já que estes são as principais infrações penais
cometidas pelos bandos do “novo cangaço”.
O Código Penal Brasileiro em seu artigo 155 tipifica o crime de furto, sendo
de grande relevância observar todo o artigo, com suas majorantes e qualificadoras, a
fim de analisar em quais delas se encaixam as condutas praticadas pelos criminosos,
senão vejamos:

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
19

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o


repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois
terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que
tenha valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em
partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a
subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018). (BRASIL, 1940)

É possível observar através da mídia e relatórios de ocorrências que, ao


longo dos últimos anos, houve uma multiplicação de condutas, nas quais os
criminosos se utilizam de artefatos explosivos para saquear e levar dinheiro dos cofres
eletrônicos. Tais condutas são, geralmente, vultuosas e chegam a atingir, não só o
patrimônio do banco, mas também imóveis próximos, além de expor à comunidade ao
perigo à sua vida ou integridade física, causando danos que vão além do prejuízo
material das instituições financeiras, refletindo, inclusive, na economia local, da cidade
atingida, que fica sem condições de atender às necessidades da população, como
pagamento dos salários e benefícios do governo.
Nesse sentido, Rogério Greco (2020, p. 614) afirma que:
As modernas tecnologias fizeram com que a criminalidade optasse por novas
práticas ilícitas lucrativas. Os roubos à bancos deixaram de ser comuns, pois
envolvem riscos maiores para o grupo criminoso, tendo em vista a
possibilidade de confronto com a polícia, captura de seus membros,
dificuldade de fuga, etc. Os caixas eletrônicos passaram, portanto, a ser o
alvo principal desses grupos, uma vez que são instalados em inúmeros e
diversos lugares (postos de gasolina, fachadas dos bancos, em casas
lotéricas, supermercados, etc.). E, normalmente, permitem o armazenamento
de uma quantidade considerável de dinheiro.

Desta feita, observa-se algumas mudanças no texto da legislação penal,


pois com o avanço das ações criminosas dos bandos do “novo cangaço”, foram
necessárias a inclusão das qualificadoras em destaque. Pois, de modo a não ficar
20

ultrapassada em relação aos novos crimes, que estão sendo praticados com cada vez
mais estrutura, o ordenamento jurídico teve que passar por inovações. Importante
salientar que o legislador teve a preocupação de analisar o modus operandis das
associações ou organizações criminosas dos “novos cangaceiros”, pois as suas ações
ocorrem geralmente na parte da noite, com destruição e/ou rompimento de obstáculos
e também com a utilização de explosivos.
A qualificadora do furto que mais se adequa a essa modalidade de crime é
a prevista no artigo 155, parágrafo 4º-A do Código Penal Brasileiro.
Importante destacar que tal qualificadora foi uma inovação trazida pela lei
13.654/2018. Ocorre que antes da presente qualificadora, a conduta de furtos de
caixas eletrônicos praticadas com uso de explosivo era adequada em dois tipos
penais, quais sejam furto (art. 155, CPB) e explosão (art. 251, CPB). Por um período
houve discussão a respeito da legalidade da adequação, até que por fim, o legislador
ordinário acrescentou a qualificadora em apreço. A doutrina aponta que a intenção do
legislador foi punir de forma mais severa a conduta criminosa do furto praticado com
emprego de explosivo, que vem se multiplicando ao longo dos anos. Porém, fazendo
comparativo entre as penas antes aplicadas e a atualmente aplicada, após inserção
da qualificadora, é possível observar que houve um privilégio, culminando hoje, numa
pena menos severa que a anteriormente aplicada em razão da legislação antiga
propiciar um concurso formal impróprio dos crimes praticados nesse tipo de
ocorrência, como se pode observar no quadro comparativo abaixo:

QUADRO 1 – Comparativo de antes e depois da lei 13.654/2018.


Antes da lei 13.654/2018 Depois da Lei 13.654/2018
TIPIFICAÇÃO TIPIFICAÇÃO
Art. 155, § 4º, I, CPB: Art. 155, § 4º-A, CPB:

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa Art. § 4º-A A pena é de reclusão de 4
alheia móvel: 4º - A pena é de reclusão de dois a (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver
oito anos, e multa, se o crime é cometido: emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
subtração da coisa; 2018).

Art. 250, § 1º, inciso I, CPB:


Aumento de pena
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter
vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;
21

Art. 251, § 2º, CPB:

Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade


física ou o patrimônio de outrem, mediante
explosão, arremesso ou simples colocação de
engenho de dinamite ou de substância de efeitos
análogos:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa

Aumento de pena

§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se


ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I,
do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer
das coisas enumeradas no nº II do mesmo
parágrafo.

Concurso: formal impróprio Concurso: não existe


Pena mínima: 6 anos de reclusão Pena mínima: 4 anos de reclusão
Pena máxima: 16 anos de reclusão
Pena máxima: 10 anos de reclusão
FONTE: Elaborado pelo autor (2021).

Observa-se, deste modo, que o legislador acabou por privilegiar a conduta


do furto praticado com emprego de explosivos e que caberá aos juízes, inclusive,
aplicar tal privilégio, aos crimes praticados antes e depois da lei, em razão do princípio
da retroatividade benéfica, aplicada no âmbito do direito penal brasileiro. De outro
modo, tal modalidade criminosa, passou a integrar o rol taxativo dos crimes
hediondos, previsto no art. 1º, inc. IX, da Lei 8.072/90, não sendo passível de fiança,
graça ou indulto, conforme previsto no artigo 2º da referida lei, in verbis:

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no


Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados:
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que
cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - Fiança. (BRASIL, 1990)

Sabe-se que cabe à Polícia Militar o policiamento ostensivo e preventivo,


sendo reservada a polícia judiciária a realização de inquérito, posterior
encaminhamento ao Ministério Público que oferecerá denúncia, enquadrando as
condutas criminosas nos respectivos tipos penais.
22

Por vezes, a conduta dos criminosos do “novo cangaço”, se adéquam ao


tipo penal de roubo, tipificado pelo Código Penal Brasileiro no seu artigo 157, in verbis:
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação
dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece
tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado
para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426,
de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma
branca;
2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de
fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput
deste artigo.
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos,
e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

O que diferencia o roubo do furto, é o emprego de violência ou grave


ameaça à pessoa. Muitas vezes, nos grandes crimes de assalto à banco, os
criminosos não restringem sua conduta apenas a subtrair o patrimônio da instituição
financeira, mas tem toda uma organização que envolve fazer vítimas reféns, atentar
contra a vida dos policiais que visam combater a empreitada criminosa e por vezes,
chegam a matar vítimas que apresentam algum comportamento que em sua visão,
representa um risco ao sucesso do crime.
Em tais situações a tipificação que mais se adéqua é a de roubo,
geralmente qualificado pelo emprego de arma de fogo e pelo uso de explosivo.
O roubo com emprego de arma de fogo é também crime previsto na lei de
crimes hediondos. E portanto, crime inafiançável e insuscetível de graça, anistia ou
indulto.
23

Segundo assevera Rogério Greco (2020, p. 673):

A Lei nº 13.964/2019, modificando a Lei 8.072/90, na última parte da alínea b


do inciso II do seu artigo 1º, passou a considerar como hediondo o roubo com
emprego de arma de fogo de seu uso proibido ou restrito.

De outro modo, o roubo com emprego de explosivo, apesar de ser


modalidade qualificada do crime de roubo, não está previsto na lei de crimes
hediondos.
Por fim, outro crime praticado pelos criminosos do “novo cangaço” é o crime
de organização criminosa. O conceito de organização criminosa está previsto no artigo
1º da lei 12.850/13, e o crime de organização, previsto no artigo 2º da referida lei, in
verbis:
Artigo 1º (...)
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.
§ 2º Esta Lei se aplica também:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a
prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Redação dada
pela lei nº 13.260, de 2016)
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por
interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas
correspondentes às demais infrações penais praticadas. (grifo meu)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma,
embaraça a investigação de infração penal que envolva organização
criminosa.
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização
criminosa houver emprego de arma de fogo.
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo,
da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de
execução.
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização
criminosa dessa condição para a prática de infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em
parte, ao exterior;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações
criminosas independentes;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da
organização.
24

O presente trabalho não tem por fim tipificar condutas criminosas, posto
que este é um papel reservado a Polícia Civil, Ministério Público e juízes, mas sim
analisar os tipos penais mais comumente praticados pelo que ficou denominado “novo
cangaço”. De modo que os policiais envolvidos nas operações de prevenção e
repressão de assaltos, tenham conhecimento a respeito das condutas que devem
prevenir e reprimir, bem como, saibam agir de forma ordenada, de forma a combater
essa modalidade de crime que tanto prejudica a população local e acaba por atingir a
economia do município atingido e consequentemente a do país, devendo ser
reprimida de forma adequada. Se houve uma preocupação do legislador em tratar
com mais severidade tais condutas, embora tenha falhado nos aspectos citados,
deve-se ter empenho das Polícias Militares, no sentido de combater essa
criminalidade, de modo a evitar falhas, seja na busca dos criminosos, seja na
preservação da integridade e vida da população, e dos próprios policiais.
Esses grupos de criminosos, estão sujeitos à adequação de suas condutas
em diversos crimes. Estão organizados e munidos de uma estrutura voltada
especificamente para a prática de crimes, de tal modo que o conhecimento dos
policiais militares a respeito do tema faz-se necessário para também ter uma estrutura
organizada para o combate a esses crimes, visto que os crimes do “novo cangaço”
não se encerram em si mesmos, dão azo a vários outros crimes conexos, como o
tráfico de drogas, tráfico de armas, lavagem de dinheiro, entre outros. De tal modo
que a ação policial no combate a essas condutas venham prevenir e reprimir de
maneira efetiva as ações criminosas, tornando-se efetiva no controle de diversos
crimes.
Sabe-se que a adequação das ações aos tipos penais acima citados,
deve ser feita pelo Delegado de polícia, mas é de extrema relevância que os policiais
que integram a PMMA devam conhecer os tipos penais e além disso, estar preparados
para todas as ações desses grupos que vem se aperfeiçoando na prática desses
crimes, de modo a prevenir e reprimir essas condutas, cumprindo seu mister
constitucional.
25

6.3 Busca incessante e efetiva de combate ao “novo cangaço”.

O mais recente caso de combate ao “Novo Cangaço” no Brasil ocorreu em


Nova Bandeirante/MT no dia 04 de junho de 2021. Na ocasião duas cooperativas de
créditos foram alvos das ações criminosas.
Na manhã de 04 de junho de 2021, por volta das 10:00 horas, a cidade de
Nova Bandeirantes/MT foi invadida por cerca de 13 criminosos armados e trajados de
roupas camufladas. Estima-se que ao todo participaram da ação criminosa 20
infratores da lei, onde cerca de 30 pessoas foram feitas de reféns, e na fuga desses
criminosos pessoas foram colocadas nas carrocerias dos veículos, a fim de que a
segurança dos criminosos fosse garantida.
Após a ação criminosa, as equipes policiais que primeiro atenderam a
ocorrência seguiram os parâmetros determinados para o atendimento de ocorrências
contra os novos cangaceiros. Várias barreiras policiais foram feitas, com o intuito de
quebrar o planejamento dos criminosos, de forma que o objetivo foi alcançado quando
um dos veículos em fuga observaram um bloqueio policial. O veículo em fuga retornou,
e a equipe do bloqueio observou quando os criminosos abandonaram o veículo e
tomaram destino junto à região de mata.
Seguindo as diretrizes operacionais para atendimento de ocorrências
contra os “novos cangaceiros”, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE)
da Polícia Militar do Mato Grosso (PMMT) permaneceu em missão por exatos 58
(cinquenta e oito) dias ininterruptos, logicamente em integração com os demais órgãos
da segurança pública daquele Estado. Onde o saldo final da operação foram de 09
(nove) criminosos em óbito por meio de confronto com o BOPE, 05 (cinco) presos e 2
(dois) com destino incerto, porém já identificados. É importante frisar que dentre os
presos ou em óbito, 11 (onze) são oriundos de outros Estados da Federação.
O BOPE da PMMT foi citado neste Projeto de Intervenção pois este é o
responsável por criar a doutrina de operações rurais referência no Brasil, onde esta
tem surtido efeitos positivos na resolução desses tipos de crime, pois o Estado do
Mato Grosso foi um dos mais afetados pelo “novo cangaço” nas décadas de 1990 e
2000. (PACCOLA, 2015)
Desta forma, após sofrerem muito com ações dos “novos cangaceiros”
profissionais de segurança pública começaram a estudar esse tipo de ação criminosa
26

de forma que estratégias e táticas eram necessárias ao enfrentamento efetivo dessas


ações.
Os integrantes do BOPE/PMMT, entre os aos de 2008 a 2014, foram os
responsáveis pela consolidação da doutrina de operações rurais daquela unidade
operacional, de forma que atualmente a PMMT é uma escola formadora de
especialistas em operações rurais, difundindo o conhecimento para várias Polícias
Militares de todo Brasil. De forma que entre esses anos foi institucionalizado um POP
(procedimento operacional padrão) seguido pela difusão da doutrina e também pelo
assessoramento na elaboração dos planos de contingência das diversas unidades
policiais do Estado, logicamente que todas as ações de difusão do conhecimento foi
objetivando a integração das diversas unidades policiais existentes objetivando o
sucesso da missão contra os “novos cangaceiros”.
Partindo para o Estado do Maranhão, onde várias ações criminosas dos
“novos cangaceiros” foram bem contundentes entre os anos de 2015 a 2019, período
de análise do PI. Desta feita, observa-se que internamente a PMMA possui forças e
fraquezas, as quais precisam ser analisadas, retificadas e aperfeiçoadas.
Sabe-se que apenas o melhoramento de pessoal e/ou logístico, ou seja,
aumento de efetivo, de viaturas, de poderio bélico e de equipamentos em geral não é
o suficiente para o combate ao “novo cangaço”. Mas sim, de tudo o que foi citado
anteriormente em conjunto com estratégias. Desta forma, Mintzberb e Quinn (2001, p.
2001) definem estratégia da seguinte maneira:

Estratégia é o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e


sequência de ações de uma organização em um todo coerente. Uma
estratégia bem formulada ajuda a ordenar e alocar os recursos de uma
organização para uma postura singular e viável, com base sem suas
competências internas e relativas, mudanças no ambiente antecipadas e
providências contingentes realizadas por oponentes inteligentes.

Deste modo, agir estrategicamente é traçar os objetivos a serem


alcançados a longo prazo utilizando-se de meios necessários para conseguir chegar
no referido objetivo, e ainda em um sentido mais específico, a estratégia pode ser
entendida como uma maneira habilidosa para se empregar os meios necessários para
lograr êxito em determinada missão.
27

Pensar estrategicamente é pensar em evolução dos conceitos doutrinários,


ou seja, estudar os pontos fracos em determinada instituição, e partir para a resolução
e aperfeiçoamento das técnicas necessárias para combater as fraquezas. Desta feita,
a PMMA tem a obrigação de se manter em constante evolução doutrinária, visando
manter-se sempre à frente das modalidades criminosas através de ações estratégias,
ou seja, trazendo do alto-comando para todo o corpo da instituição.
Para tanto, vale lembra do jargão que sempre é escutado dentro dos
aquartelamentos: “não pergunte se somos capazes, dê-nos a missão”. Assim, a
missão pode ser entendida como alguma tarefa que determinado indivíduo, ou grupo
de indivíduos tem o papel de fazer, ou seja, um trabalho que dever realizado através
de alguma determinação, de maneira que esta tarefa esteja inserida em algum plano
ou planejamento estratégico. Segundo o dicionário online de língua portuguesa Dicio
(2020) a palavra missão significa “tarefa que deve ser feita por alguém a mando de
outra pessoa; encargo, incumbência: cumprir uma missão”. Conjunto das pessoas que
receberam essa tarefa ou encargo. Aquilo que se deve fazer, cumprir; obrigação.”.
Pensando em estratégia e missão, não poderíamos deixar de falar em
planejamento e tática. Todas essas palavras estão relacionadas entre si. Portanto,
pensando em planejamento, Chiavenato (1999, p. 209) asseverou que:

O planejamento inicia o processo administrativo. Inclui a definição dos


objetivos organizacionais e a seleção das políticas, procedimentos e métodos
desenhados para o alcance desses objetivos. Seu sucesso requer o
reconhecimento do ambiente da organização, a estimulação da criatividade e
o encorajamento de novas ideias e abordagens inovadoras aos desafios da
administração. [...] O planejamento consiste na tomada antecipada de
decisões.

Já tratando de tática, lembramos que ela é a reunião de todos os recursos


necessários e empregados para se alcançar um objetivo. De forma que Couto (1988,
p. 230) conceitua tática como “a ciência/arte de utilizar, da melhor forma, os meios
militares em função do ambiente operacional e das facilidades proporcionadas pela
técnica, e tendo em vista reduzir o adversário pelo combate ou pela ameaça do
combate”.
Assim, criando e fortalecendo uma doutrina de operações rurais, em
consonância com estratégias e técnicas, adicionadas à conscientização e
28

comprometimento profissional com a vontade de fazer (proação) são elementos


fundamentais para o efetivo aprendizado profissional e efetividade no atendimento de
ocorrências contra os bandos do “novo cangaço”

6.4 A Polícia Militar do Maranhão como responsável das ações contra o “novo
cangaço”: elaboração do plano de ação e combate aos assaltos a banco,
como primeiro instrumento de mudança.

A competência da Polícia Militar é definida pela Constituição Federal em


seu artigo 144, § 5º, in verbis:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem
pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas
em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. (BRASIL, 1988)

No plano infraconstitucional, a Polícia Militar do Maranhão possui a lei


4.570/1984 que dispõe sobre a estrutura organizacional da PMMA, que traz os
seguintes preceitos quanto à atuação da PMMA no campo da segurança pública, em
seus artigos 1º e 2º, in verbis:
Art. 1º. A Polícia Militar do Maranhão, considerada força auxiliar, reserva do
Exército, nos termos do § 4º, do art. 13, da Constituição da República
Federativa do Brasil, organizada com base na hierarquia e disciplina, em
conformidade com a legislação federal em vigor, destina-se à manutenção da
ordem pública e segurança interna na área do Estado.
Art. 2º. Compete à Polícia Militar:
I – executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das
Forças Armadas, o policiamento ostensivo fardado, planejado pela
autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da Lei, a
manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; (grifo
meu)
II - atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou áreas
específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem;
III - atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem,
precedendo o eventual emprego das Forças Armadas;
IV - atender a convocação parcial ou total, inclusive mobilização, do Governo
Federal em caso de guerra ou para prevenir ou reprimir grave perturbação da
ordem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-se à força terrestre para
emprego em suas atribuições específicas de Polícia Militar e como
participante da Defesa Interna e Defesa Territorial;
VI – exercer:
a) missões de guarda e honras militares;
b) guarda da sede dos Poderes Estaduais;
c) atividades de assessoramento policial militar na forma do disposto no artigo
19, parágrafo único, desta Lei.
29

VII atender por determinação do Secretário de Segurança, às requisições do


Poder Judiciário;
VIII – desenvolver operações policiais em conjunto com a Polícia Civil;
IX – cooperar com os demais órgãos de segurança interna, quando solicitado
por autoridade competente. (MARANHÃO, 1984)

Visando cumprir com sua obrigação constitucional e legal, na repressão de


crimes, a elaboração de um plano de ação para combate aos crimes, pela Polícia
Militar do Maranhão, que vise reprimir de forma efetiva os crimes praticados na
perspectiva do “novo cangaço” é medida institucional necessária e minimizadora de
problemas no combate a essas condutas.
A Polícia Militar do Maranhão através do Comandante Geral, assessorado
por seus órgãos de direção são competentes para elaborar e disseminar o referido
plano de ação para todas as suas unidades, com vistas a unificar e padronizar a
atuação dos policiais na prevenção e repressão ao “novo cangaço”. É o que se extrai
da leitura do artigo 4º e 11º da Lei 4.570/1984, in verbis:
Art. 4º. A administração, o comando e o emprego da Corporação, são da
competência e responsabilidade do Comandante-Geral, assessorado e
auxiliado pelos órgãos de direção.
Art. 11. O Estado-Maior é o órgão de direção geral responsável perante o
Comandante-Geral pelo estudo, planejamento, coordenação, fiscalização e
controle das atividades da Corporação, que não colidirem com o disposto no
artigo 3º, desta lei, inclusive dos órgãos de direção setorial. É, ainda, o órgão
responsável pelo planejamento administrativo, programação e orçamento,
elaborando diretrizes e ordens do Comando que acionam os órgãos de
direção setorial e os de execução no cumprimento de suas missões.
(MARANHÃO, 1984)

A existência de um plano de ação para repressão dessa modalidade criminosa


tem por fim proteger a comunidade, o patrimônio e a vida do policial atuante na
repressão direta de crimes de assalto a banco. A elaboração e a disseminação deste
plano e o investimento em treinamentos dos policiais ensejaria na prevenção e
proteção de vidas, integridade física das pessoas, preservação do patrimônio dos
bancos e das cidades atacadas, além de servir como instrumento de qualificação
institucional e preservação da imagem e atuação da Polícia Militar do Maranhão.
30

7. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Após as análises dos conceitos de cangaço e “novo cangaço”, observando


suas semelhanças e diferenças, podendo ou não comparar ambos os bandos de
criminosos no cenário nacional e observando a necessidade de traçarmos um paralelo
dessas ações no Estado do Maranhão, haverá a necessidade de se traçar um
diagnóstico do ambiente de estudo, e os responsáveis pelo policiamento ostensivo e
preventivo, que é a Polícia Militar do Maranhão.
Será feito também um paralelo de atuação do “novo cangaço” no território
maranhense, bem como adentraremos na proposta de intervenção de acordo com os
objetivos traçados no início dos estudos.

7.1 Diagnóstico do ambiente

O Estado do Maranhão está situado na região nordeste do país. É


pertencente à sub-região do meio norte, pois é o Estado do Nordeste mais próximo
da região norte brasileira e possuidor de uma extensa faixa coberta pela Floresta
Amazônica. Faz divisa com os Estados do Piauí (a leste), Pará (a oeste) e Tocantins
(a sudoeste e sul). Com uma extensa área territorial (329.651,495 Km²) o Maranhão
é o 8º colocado dentre os Estados de todo o Brasil e o 3º dentre os Estados do
Nordeste.
Está dividido em 217 municípios, com sua capital em São Luís, possui uma
população estimada em 7.114.598 pessoas (dados de 2020), com uma densidade
demográfica de 19,81 hab./Km². (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2021).
A Polícia Militar do Maranhão criada com o nome de “Corpo de Polícia da
Província do Maranhão”, por meio da Lei Provincial nº 21 de 17 de junho de 1836.
(SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO MARANHÃO, 2013).
Instituição essa quase que bicentenária, possui um efetivo
aproximadamente de 14.000 policiais militares, distribuídos em todos os municípios
maranhenses, observando a sua estrutura operacional e administrativa bem como a
peculiaridade regional de localidade.
31

Sabe-se que no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2019, houveram


cerca de 218 ações criminosas contra instituições financeiras no Maranhão, sem levar
em consideração as tentativas, e sim apenas as consumadas. (SINDICATO DOS
BANCÁRIOS DO MARANHÃO, 2019).

TABELA 1 - Comparativo de Ocorrências a instituições financeiras no Estado do


Maranhão de 2015/2019.
TIPO 2015 2016 2017 2018 2019
Assaltos 11 10 07 03 02
Arrombamentos 61 47 13 14 23
Saidinhas 12 04 04 03 04
TOTAL 84 61 24 20 29
FONTE: SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO MARANHÃO, 2019

Desta feita, em janeiro de 2017 e novembro de 2018, duas ocorrências


foram pontos chaves para que o Projeto de Intervenção fosse pensado. Pois a
primeira, bandidos tentaram invadir a cidade de Bacabal – MA para provavelmente
assaltarem alguma instituição financeira, mas foram denunciados por um disparo
acidental onde os meliantes estavam reunidos; já na segunda ação, o crime se
consumou. Quando dezenas de criminosos invadiram a cidade, atacaram o 15º BPM,
a 16ª Delegacia Regional de Polícia Civil, fizeram o cerco e bloqueio nas principais
vias de entrada e saída da cidade e de posse de um caminhão-baú, adentraram ao
Serviço de Regional de Tesouraria (Seret) do Banco do Brasil, e consumaram aquele
que pode ser uma das maiores ações criminosas contra instituições financeiras no
Estado, quiçá, no País.
É de fácil percepção que de 2016 a 2018 houve uma diminuição
significativa nas ações criminosas, mas que no ano de 2019, novamente o gráfico
volta a crescer. Fato muito preocupante, pois os riscos que essas quadrilham causam
à população e também às forças públicas são enormes, fora os prejuízos financeiros
causados e as cenas de verdadeiras guerras deixadas nas cidades.
Para deixar claro as a contundência dessas ações criminosas e o impacto
que estas causam a toda estrutura policial local bem como para a sociedade, segue
abaixo o relatório analítico redigito pelo Sargento PM Brito e Soldado PM Xavier, os
quais estavam de serviço no COPOM (Centro de Operações Policiais Militares) do 15º
32

BPM, por ocasião da ocorrência que se deu no dia 03 de janeiro de 2017, por volta de
01:00 hora da manhã:
Por volta das 21h, 02 viaturas do 15º BPM juntamente com o esquadrão águia
foram atender uma ocorrência de disparo de arma de fogo no loteamento alto
do Mearim, Trizidela, margens da BR 316. Ao chegarem no local forma
recebidos com disparos de arma de fogo, entre elas fuzil 762, 556 e pistola.
Os policiais conseguiram sair das viaturas e se abrigar no matagal e
revidaram atirando contra os veículos dos bandidos, mas devido a força
desproporcional da quadrilha com cerca de 20 homens, abrigaram-se sem
poder progredir e aguardaram até a chegada do reforço.
Os bandidos efetuaram mais de 100 disparos nas viaturas e em seguida
explodiram um dos veículos que estavam utilizando, e abandonaram o outro,
modelo FOX. A explosão foi tão forte que formou uma cratera com cerca de
70 centímetros de profundidade, arremessou partes do veículo a 25 metros e
ainda danificou as viaturas que estavam próximas, as quais já ficaram
bastante avariadas com os disparos do bando.
Como todos os DPM’s estavam cientes da situação, foram feitas barreiras em
diversos pontos da BR 316. Com o apoio dos PMs São Mateus e São Luiz
Gonzaga que estavam fazendo uma barreira no povoado Santo Antonio, foi
feita uma abordagem ao acusado acima e após o mesmo ter afirmado que
um dos veículos utilizados pelos bandidos, a Mitsubishi L200 Triton de cor
branca, era de sua propriedade, fora dado voz de prisão ao mesmo.
(MARANHÃO, RELATÓRIO ANALÍTIO, 2017)

É muito importante e necessário frisar o perfil das cidades maranhenses


que sofreram com ações criminosas denominadas “novo cangaço”, pois ficará claro
que os criminosos sempre escolhem cidades com os mesmos perfis, ou seja, cidades
interioranas, com população pequena, força estatal fragilizada, ou mesmo quase
inexistente.

TABELA 2 - Cidades afetadas pelo “Novo Cangaço” 2015/2019.


CIDADE KM ² POPULAÇÃO DEN. DEMOGRÁFICA (hab/Km²)
Olho D’Água das 695,333 18.601 26,75
Cunhãs
Paulo Ramos 1.168,609 20.079 10,06
Lima Campos 321,932 11.423 35,48
Colinas 1.978,695 39.132 19,76
São Luís Gonzaga do 909,164 20.153 20,81
Maranhão
Grajaú 8.861,717 62.093 7,03
Bom Jardim 6.588,380 39.049 5,93
Bacabal 1.656,736 100.014 59,43
Pio XII 545,140 22.016 40,39
Brejo 1.073,258 33.359 31,04
Arame 2.976,039 31.702 10,54
33

Esperantinópolis 452,411 18.452 28,37


Fonte: IBGE (2021).
Com alguns exemplos acima, ratifica-se que os “novos cangaceiros” do
século XXI escolhem na maioria das vezes cidades pequenas, assim como os
cangaceiros tradicionais, posto que, geralmente as pequenas cidades possuem
grandes faixas de áreas rurais, com uma população relativamente pequena e com
uma baixa densidade demográfica.

7.1.1 Análise de Ishikawa como diagnóstico do ambiente no combate ao “novo


cangaço”

No referido Projeto de Intervenção, será utilizada de forma bem resumida,


porém de fácil entendimento e assimilação, o Diagrama de Ishikawa, ou Diagrama de
Causa e Efeito, ou ainda Diagrama Espinha de Peixe. Esta ferramenta da qualidade
tem por objetivo procurar a causa principal para um determinado problema. Ela foi
criada pelo engenheiro japonês Kaoru Ishikawa em 1943. (MACHADO, 2012, p. 47)
De acordo com Willians (1995), o diagrama de causa-efeito, também
chamado diagrama de Ishikawa ou de espinha de peixe, é uma ferramenta simples
muito utilizada em qualidade.
Segundo Machado (2012, p. 47) “O diagrama de causa e efeito foi
desenvolvido para representar a relação entre o efeito e todas as possibilidades de
causa que podem contribuir para esse efeito”.
Desta forma, Ishikawa (1993) explica o seguinte:

“A análise de processo é a análise que esclarece a relação entre os fatores


de causa no processo e os efeitos como qualidade, custo, produtividade, etc.,
quando se está engajado no controle de processo. O controle de processo
tenta descobrir os fatores de causa que impedem o funcionamento suave dos
processos. Ele procura assim a tecnologia que possa efetuar o controle
preventivo. Qualidade, custo e produtividade são efeitos ou resultados deste
controle de processo”. (Ishikawa, 1993).

Assim, será analisado a seguir alguns pontos importantes e necessários


sob a ótica deste autor. Vale lembrar que os pontos observados são vistos de forma
simples, resumida, baseado na experiência e intuitiva.
34

QUADRO 2 – Análise do Diagrama de Ishikawa.

Fonte: Próprio Autor (2021)

Com base na análise do gráfico acima, extrai-se algumas propostas de


soluções para as causas levantadas, sempre observando e deixando um profissional
responsável por implementar a solução.

QUADRO 3 – Causa/Solução.
CAUSA RAÍZ PLANO DE AÇÃO
Falta de qualificação profissional. Qualificação profissional
Efetivo reduzido Aumento do efetivo
Não existe um plano de ação comum Criação de um Plano de Ação
Falta padronização nas ações Padronizar as ações
Armazenamento de grande volume de Compartimentação do volume de
dinheiro dinheiro
Armamentos com poder de fogo menor Equipar com melhores armas as forças
que as quadrilhas. policiais.
Fonte: Próprio Autor
35

Diante dos pontos observados por este autor, observa-se que a PMMA tem
várias maneiras de melhorar as forças policiais para o enfrentamento ao “novo
cangaço”, haja vista que são pontos que estão dentro das possibilidades institucionais.

7.2 Proposta de Solução

Em abril de 2015 foi realizado o 1º curso de operações rurais no Maranhão,


onde fora criado o COSAR, comando de operações e sobrevivência em área rural.
Este grupamento teve por objetivo qualificar agentes de segurança pública para o
combate ao crime organizado e enfrentamento de quadrilhas, principalmente àquelas
que agem contra instituições financeiras, ou seja, o “novo cangaço”. Grupamento este
que teve suas bases doutrinárias e operacionais de acordo com a CIOSAC
(Companhia Independente de Operações e Sobrevivência em Área de Caatinga) da
PMPE (Polícia Militar do Pernambuco).
Após diversas ações criminosas que o Maranhão vinha sofrendo viu-se a
necessidade de criação de uma tropa especializada para o combate aos “novos
cangaceiros”, de forma que através das experiências em atendimento de crimes
contra instituições financeiras, observou-se a necessidade de uma normatização e/ou
padronização das ações reativas de toda força de segurança envolvida nesse tipo de
ocorrência. De forma que sejam traçados os objetivos e as linhas de ações para as
ações reativas e respostas legais contra quadrilhas de assaltantes de banco.
Dentro da administração existe um processo em que as empresas ou
mesmo colegas de uma mesma repartição buscam as melhores práticas na gestão e
administração em relação às concorrentes. De forma que as empresas incorporam as
melhores práticas das outras. Esse processo chama-se Benchmarkin.

Benchmarking é a procura contínua dos melhores métodos que produzam um


maior desempenho, quando adaptados e implementados na própria
organização. No benchmarking, deve ser destacado seu aspecto de atividade
de expansão contínua, o objetivo da expansão é a identificação dos melhores
métodos operacionais que, quando implementados, produzam um
desempenho superior. (BOGAN, 1996, p. 5)

Destarte, para a criação de um plano para atendimento de ocorrências dos


crimes organizados de assalto a bancos se faz necessário a utilização dessa
36

ferramenta da administração, já que muitas outras Polícias Militares do Brasil,


principalmente a PMMT, a precursora da doutrina de operações rurais, já tratam
dessas políticas de ações contra crimes de assalto a bancos, principalmente da
modalidade do “novo cangaço”, objeto de estudo do referido PI.

7.2.1 Proposta de um Plano de Ação e suas diretrizes operacionais

Após o que fora explanado, um plano de ação será apresentado ao final


deste PI para PMMA, conforme consta no Apêndice A, como uma ferramenta
adequada para o atendimento de ocorrências contra organizações criminosas
especialistas em assaltos a banco.
O plano de ação terá como objetivo principal a padronização das ações de
toda PMMA no atendimento de ocorrências contra assalto a banco, mas que serão
determinados os responsáveis pela execução do plano, os materiais necessários, as
sequências lógicas das ações, as ações críticas a serem executadas, os resultados
esperados, as correções necessárias, erros que podem ser evitados e etc.
Destarte, o objetivo do plano de ação é que algumas normas sejam
padronizadas, de forma que desde a assunção do serviço até seu término, tudo seja
executado como descrito no plano. Por exemplo: preparar o local de trabalho; definir
pontos de proteção caso o aquartelamento seja atacado; manter a viatura equipada;
forma de deslocamento e chegada ao local da ocorrência, sem exposições
desnecessárias, visando a integridade física da equipe policial; repasse das
informações com maior riqueza de detalhes; acionamento de apoio; realização de
cerco e bloqueios; solicitação de socorro a possíveis vítimas; ações imediatas em
caso da ocorrência transformar-se em crise com reféns; ações corretas caso os
criminosos desloquem-se para regiões de mata, de forma que sejam evitados erros
visando a proteção da incolumidade física dos agentes de segurança bem como de
pessoas alheias à ocorrência; e por fim, confeccionar o Boletim de Ocorrência (BO)
com todos os detalhes possíveis e necessários, para que este auxilie a polícia
judiciária (investigativa) e também em futuros estudos de casos.
Serão expressos também linhas de ações para as UPM’s (unidade policiais
militares) vizinhas as unidades atacadas, de forma que estas realizem cercos e
bloqueios, e consequentemente as suas manutenções, objetivando que os criminosos
tomem rumo diferente daquele, ou mesmo sejam presos.
37

Portanto, assim que uma UPM tenha conhecimento de ocorrência da


modalidade “novo cangaço”, algumas medidas necessárias e padronizadas devem
ser tomadas. São elas:
1. Certificar-se da veracidade da ocorrência;
2. Manter contato visual ao local da ocorrência de forma segura, objetivando a
busca e coleta das informações;
3. Repassar as informações com maior riqueza de detalhes ao COPOM, para que
este difunda o mais rápido possível para as forças amigas;
4. Solicitar apoio local e de unidades vizinhas à região atacada, acionando o
Plano de Chamada, o Plano de Contingência e o Plano de Segurança, e caso
necessário, utilizar-se de apoio médico;
5. Acionar as unidades especializadas (Antibomba, Operações Rurais,
Gerenciamento de Crises, etc.);
6. Realizar os cercos e bloqueios, constantes no Plano de Segurança;
7. Não adentrar as regiões de mata, caso o planejamento dos meliantes sejam
quebrados por meio dos bloqueios e eles se homiziem em regiões rurais,
deixando esta missão para a equipe especializada em operações rurais.
De forma bem resumida e fática, espera-se que toda força de segurança
pública se engaje no atendimento da ocorrência após a eclosão do evento crítico, e
que ações como manter sempre o armamento e equipamento em boas condições;
sempre priorizar por sua segurança e da equipe; fazer o isolamento e a contenção
das ações; não adentrar a região de mata sem o treinamento e os equipamentos
adequados; não adotar ações isoladas, improvisadas ou mesmo precipitadas; acionar
rapidamente o apoio necessário; repassar as informações com a maior riqueza de
detalhes; não admitir que pessoas alheias a ocorrência se exponham a riscos; não
subestimar o perigo desse tipo de ação criminosa; confeccionar BO de forma que
contenham todas as informações necessárias; as UPM’s devem confeccionar os
Plano de Contingência, de Chamada e de Segurança.
No Apêndice A deste PI todos os itens descritos acima de forma resumida
serão desenvolvidos de forma lógica e clara, para que o operacional entenda a lógica
das ações no atendimento da ocorrência antes, durante e após a eclosão do evento
crítico.
38

7.3 Cronograma

AÇÕES 2021 AGO. SET. OUT.


Término e apresentação do PI
Impressão
Encaminhamento ao EMG
Análise
Aprovação
Publicação
Implementação
Divulgação à PMMA
FONTE: Elaborado pelo autor.

7.4 Recursos Necessários

Os recursos que serão utilizados para o proposto no referido Projeto de


Intervenção serão apenas o efetivo policial existente bem como os recursos logísticos
existentes na PMMA, além do pessoal e material existente, serão utilizados também
dos conhecimentos técnicos-profissionais dos policiais qualificados pertencentes ao
quando organizacional da PMMA, para a difusão do conhecimento das técnicas
utilizadas no atendimento de ocorrências contra bandos criminosos de assalto a
banco.

7.5 Resultados Esperados

Assim que o plano para atendimento de ocorrências dos crimes


organizados de assalto a bancos for submetido a uma banca avaliadora, espera-se
que o Alto Comando da PMMA tome o PI como base teórica para implementação em
toda a Instituição, já que o Estado do Maranhão possui 217 municípios, e devido a
sua extensão territorial e o grande número de pequenas cidades, todas estão sujeitas
a ações criminosas praticadas pelos “novos cangaceiros”.
Após a possível difusão do plano, espera-se que os policiais militares do
Maranhão se conscientizem e acatem as ideias normativas constates no plano,
fazendo com que as ações planejadas e descritas surtam efeitos imediatos no
combate ao “novo cangaço”.
39

Será dado um delineamento a curto e médio prazo após a difusão das


informações do plano, de forma que a cultura organizacional da PMMA, que ainda não
tem a sua normatização no que diz respeito ao atendimento a ocorrência contra
instituições financeiras, passe a focar mais em ações preventivas e repressivas
devidamente planejadas.
Objetiva-se também com o plano de ação a cultura da perseverança, já que
como vimos no exemplo do último evento crítico dessa natureza na PMMT, a força de
segurança permaneceu em operações por 58 (cinquenta e oito) dias, ou seja, desde
a manutenção do cerco e de um bloqueio, a força estatal deve dá uma resposta digna
e necessária à população que sofrera com o bando criminoso. Assim, operação que
duram dias ou mesmo semanas, não surtem efeitos positivos contra bandos
criminosos.
Geralmente o que se observa é que várias viaturas se deslocam para o
ponto crítico da ocorrência, mas como manda a doutrina, se essas viaturas realizarem
os cercos e bloqueios, serão muitos pontos fechados dificultando a fuga dos
criminosos. Desta forma, objetiva-se que o planejamento dos criminosos seja
quebrado, obrigando-os a fugirem para regiões inesperadas, desconhecidas e
inóspitas ao ser humano em fuga e carregado de diversos equipamentos e dinheiro.
Através do processo do Benchmarking, explanado anteriormente, e
seguindo os ensinamentos da PMMT, em ocorrência contra instituições financeiras,
espera-se que a PMMA adote uma cultura organizacional diferente no atendimento
dessas ocorrências, assim, a instituição adotará algumas medidas necessárias, são
elas: manutenção dos cercos e bloqueios; isolamento e preservação de vestígios (nas
agências atacadas, carros queimados, acampamentos encontrados, etc.); só entrar
na região de mata apenas a equipe especializada; dentre outras medidas que serão
acrescentadas ao plano.
No contexto do atendimento de ocorrência contra instituições financeiras
se faz necessário as interagências de todos os órgãos de segurança, do governo e da
sociedade, de forma que o policiamento de 1ª, 2ª e 3ª malha atuem dentro de suas
especificações, bem como a conjugação dos apoios do setor de inteligência da
PMMA, apoios dos bancos, comércios locais, fazendas, sociedade, ou mesmo dos
demais órgãos estatais, será um fato crucial para a resolução da ocorrência de
maneira aceitável, de forma que seja reestabelecido a ordem pública e a paz social.
40

Espera-se o resultado da cultura da prática do ensino e um programa de


capacitação, pois no plano para atendimento de ocorrências contra instituições
financeiras muita parte técnica e específica serão explanadas para que reflita no todo,
ou seja, na resolução das ocorrências. Serão necessárias instruções teóricas e
práticas de patrulha urbana e rural, confecção de plano de contingência, realização
de cercos e bloqueios, atividade de inteligência, isolamento de local de crime, dentre
outras.
41

8. RESPONSÁVEL PELA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Nome Completo: Antonio Plinio Meneses dos Santos


Patente: CAPITÃO QOPM
Matricula: 1993849
Lotação: 38º BPM
E-mail: pliniomeneses88@gmail.com
Telefone: (99) 99177-9611
42

9. DECLARAÇÃO DE CESSÃO DE DIREITOS E USO

Eu, ANTONIO PLINIO MENESES DOS SANTOS, RG, 16.152 PMMA,


CPF, 024.652.143-06, Capitão QOPM, matrícula, 1993849, residente no endereço,
Rua Coronel Simplício, 50, Parque Manoel Lacerda, Bacabal – MA, CEP: 65.700-000,
assumo inteira responsabilidade pelas informações prestadas. Declaro estar ciente
que este projeto será cedido a Policia Militar do Maranhão (PMMA) para seu uso,
adequação e implantação em conformidade às demandas e possibilidades
institucionais, respeitados os direitos legais de Propriedade intelectual.

São Luís – MA, 08 de agosto de 2021.

___________________________________________________
CAP QOPM ANTONIO PLINIO MENESES DOS SANTOS
Matrícula: 1993849
43

REFERÊNCIAS

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______. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
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______. Lei de Crimes Hediondos. Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990. Disponível


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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2013/lei/l12850.htm. Acesso em: 01 ago. 2021.

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delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno. Buscador Dizer o Direito,
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COUTO, Abel Cabral. Elementos de estratégia: apontamentos para um curso.


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46

APENDICE A – PLANO PARA ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS DOS CRIMES


ORGANIZADOS DE ASSALTO A BANCOS

PLANO PARA ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS DOS CRIMES ORGANIZADOS DE


ASSALTO A BANCOS.
Ref.:
– Constituição Federal Brasileira;
– Código Penal Brasileiro;
– Código de Processo Penal Brasileiro;
– Constituição do Estado do Maranhão;
– Lei de Organização Básica da PMMA;
– Estatuto da PMMA;
– Manual de Redação da PMMA;
– Nota de Instrução nº 001/95 – PM/3 (Padroniza a elaboração de Planos e Ordens na PMMA);
– Decreto nº 15.777 – De 01/09/1997 (Aprova o regulamento de uniformes da Polícia Militar do
Maranhão e dá outras providências).
1. OBJETIVOS
 Padronizar os procedimentos operacionais e especificar as funções de cada fração policial
no atendimento da ocorrência;
 Possuir coordenação e controle de toda tropa utilizada na missão;
 Aumentar a eficiência nas ações antes, durante e após as ações criminosas;
 Reforçar os efeitos do emprego da tropa bem como dos armamentos e equipamentos
disponíveis na PMMA no local da ocorrência.
2. MISSÃO
2.1 Geral
 Desempenhar em conformidade com a CF/1988 e demais legislações, a preservação,
manutenção reestabelecimento da ordem pública, objetivando a proporcionalidade e
continuidade do controle criminal ora desestabilizado por ofensivas violentas contra
instituições financeiras.

2.2 Específica
 Executar as ações de comando através do policiamento ostensivo preventivo e repressivo
em conformidade com a legislação brasileira;
 Atuar preventivamente dentro do que será estabelecido no Plano de Ação;
47

 Intensificar as ações de policiamento ostensivo e preservação da ordem pública,


principalmente após a eclosão do evento crítico, realizando os cerco, bloqueios e ações de
inquietação;
 Conduzir pessoas suspeitas, em flagrante delito e/ou com mandados de prisão em aberto
às autoridades judiciárias competentes, respeitando os ditames legais;
 Intensificar as abordagens nas barreiras policiais.
3. EXECUÇÃO
3.1 Fase Preventiva (PRÉ-INCIDENTAL):
 Montar uma sequência de Planos, de forma que estes tratem das seguintes demandas:
chamada do efetivo, locais onde serão realizados cercos e bloqueios, segurança do quartel,
mapeamento dos locais de risco da cidade e uma possível mobilização da comunidade local;
 O efetivo policial local deve conhecer o município de sua lotação, bem como a existência e
a localização das agências bancárias, para que sejam traçadas as rotas de aproximações
das agências e também das possíveis vias de fugas (entradas e saídas da cidade) e pontos
bases para realização dos cercos e bloqueios;
 Realizar abordagens a veículos suspeitos, principalmente àqueles com as características
semelhantes aos que os “novos cangaceiros” utilizam: picapes, SUV;
 Ter o mapeamento das rotas vicinais que dão acesso às diversas regiões circunvizinhas à
cidade atacada, bem como pontuar locais que possam servir para acampamento dos
criminosos;
 Realizar o treinamento constantes da utilização dos planos, envolvendo todo o efetivo policial
disponível;
 Realizar exercícios simulados aproximando ao máximo de uma possível ação criminosa,
com o objetivo de contabilizar os tempos de resposta no atendimento e execução dos planos;
 Manter o policial responsável pela guarda do quartel com pelo menos 01 (uma) arma de fogo
de uso portátil, de cal 5,56 ou 7,62;
 Estabelecer pontos de segurança dentro do quartel para uma possível evacuação segura;
 Realizar reuniões comunitárias objetivando a conscientização da população na gravidade de
uma investida criminosa do “novo cangaço”, bem como ganhar a confiança populacional no
intuito desta fornecer informações pertinentes à prevenção de ações delituosas;
 Orientar a população em geral quanto ao uso do aplicativo SINESP-cidadão, para a consulta
de veículos roubados ou mandados de prisão;
 Manter o policiamento ordinário na realização do patrulhamento preventivo em instituições
financeiras, principalmente em períodos de pagamentos;
 Estabelecer ações não convencionais, como por exemplo a preparação do terreno para uma
possível ação voltada a contramedidas de neutralização dos criminosos;
 Divulgar para a população através de mídias sociais dados sobre marginais envolvidos em
ações criminosas contra instituições financeiras bem como os dados de veículos
furtados/roubados na região;
48

 Implementar ações de inteligência e contrainteligência, mantendo a rotina de coleta e


atualização de dados referente às ações criminosas do “novo cangaço”.

3.2 Fase de Confrontação/Reativa (INCIDENTAL):


 Ao tomar conhecimento de que está havendo um roubo a uma instituição financeira, deverão
certificar da procedência da informação, preferindo não deslocar de imediato até o foco da
denúncia de suposto assalto, priorizando a integridade física dos policiais militares e de
terceiros;
 Se a guarnição policial estiver no aquartelamento, antes de sair, atentar para o plano de
segurança interno, de forma que deve ser feito uma verificação dos arredores para garantir
que os meliantes não estejam próximos;
 O policial deverá se aproximar do local da ocorrência mantendo condições de abrigo, até
obter contato visual com a agência de forma que o locais escolhidos sejam capazes de
suportar possíveis disparos de arma de fogo;
 Confirmada a ação criminosa, nenhuma GU PM (Guarnição Policial Militar) deverá deslocar
para o local do fato criminoso;
 As informações devem ser repassadas imediato, priorizando informações referentes a:
número de infratores, existência de reféns, vestimentas, materiais, equipamentos, mochilas,
coletes, veículos e armas utilizadas, existência de miguelitos (apetrechos utilizados para
dilacerar pneus), tipo de ação criminosa, locais de fuga, sotaques, etc. Ao passo que sejam
solicitados apoio de acordo com contatos previamente definidos no planejamento;
 Acionar o plano de chamada da Unidade de forma rápida, objetivando acionar o maior
número de militares possíveis para que se proceda o plano de segurança da região atacada,
realizando os cercos e bloqueios locais previamente definidos;
 Acionar o plano de contingência da Unidade de forma rápida, objetivando acionar o maior
número de militares possíveis para que se proceda o plano de segurança da região atacada,
realizando os cercos e bloqueios regionais (UPM’s vizinhas) previamente definidos;
 Acionar a unidade de saúde, caso seja necessário a utilização de socorro médico;
 Acionar a equipe especializada em operações rurais, caso o planejamento de fuga dos
meliantes seja quebrado e eles tomem destino para região de mata;
 Caso os criminosos consigam fugir, as equipes policiais de 1ª malha (policiamento ordinário)
deverão isolar todos os locais envolvidos na ocorrência, para realização de levantamentos e
perícias necessárias;
 Difundir em todos os meios de comunicação interna sobre o possível sentido de evasão dos
criminosos, para que a segurança dos policiais que estão realizados os cercos e bloqueios
sejam mantidas;
 Se alguma GU PM possivelmente conseguir fazer o acompanhamento tático, que o faça
mantendo uma distância necessária à segurança, pois geralmente na fuga, os criminosos
levam reféns com o intuito de garantir a suas integridades físicas;
49

 Caso os planos de ações surtam efeitos imediatos, e os criminosos sejam acuados ainda
dentro da agencia bancária e tomarem reféns, as equipes devem conter e isolar o local, pois
a será necessário uma gerencia de crises com profissionais especializados, e logicamente
os mesmos devem ser acionados;
 As equipes policiais devem atentar para ações de dissimulação dos criminosos,
principalmente na fuga, evasão, troca de veículos, vestimentas, com o objetivo de retardar
ou mesmo evitar as ações de defesa das forças policiais;
 Atenção na realização dos bloqueios, pois estes devem ser de difícil destruição e/ou
transposição, e que sejam feitos mais de um numa mesma via, de forma que fique distante
um do outro cerca de 3 a 5Km;
 Na segunda linha de bloqueio, posicionar a VTR PM (Viatura Policial Militar) longe do
bloqueio físico, e os militares em posições privilegiadas, de preferência em planos mais
acima;
 A GU PM deve manter-se preparada para e capaz de neutralizar as forças adversas e
garantir o sucesso em eventual confronto.

3.3 Fase de Operações (PÓS-INCIDENTE)


 Definir a GU PM que fará o registro da ocorrência no Distrito Policial;
 Prestar apoio a unidade de saúde, para a assistência medica caso seja necessário;
 Isolar os locais envolvido na ação criminosa, principalmente a instituição financeira e os
carros queimados, a primeira com o intuito de evitar saques pela população e possivelmente
a existência de explosivos não detonados, e o segundo, pois será um local de muitas
informações para as equipes de investigação;
 Relacionar testemunhas que sirvam para confrontar com as primeiras informações, para
corroborar ou não, subsidiando meios para as investigações;
 Caso não seja possível a preservação integral dos locais, fazer a apreensão de capsulas
e/ou objetos que possam ter sido deixados pelos criminosos, utilizando-se de luvas
descartáveis ou similares;
 Às equipes que estejam realizando os cercos e bloqueios, manterem-se nos locais até
determinação contrária, com o intuito de transformar o bloqueio em barreira policial, visando
abordar todos os veículos e transeuntes que ali possam passar, pois em uma ação de
dissimulação, os indivíduos podem fugir da cidade de maneira sorrateira, utilizando de
veículos legais;
 Todas as informações que chegarem às GU PM, devem ser condensadas em um único local,
para que este possa fazer a filtragem, e retirar apenas as informações necessária;
 As viaturas de 2ª malha (Força Tática, ROTAM, ROCAM), devem realizar o policiamento de
inquietações e abordagem por toda área em que os indivíduos possam ter fugido,
principalmente em veículos, edificações rurais, fazendas, sítios, chácaras etc.
4. ATIVIDADES CRITICAS
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 Possibilidade de ataque ao quartel, impossibilitando a saída da GU PM para prestar apoio


no atendimento da ocorrência;
 Utilização de abrigos que suportem calibres de armas de alta energia;
 Aproximação ao local do incidente crítico, objetivando a busca de informações e localização
dos criminosos, tipos de armas, veículos e presença ou não de reféns;
 Execução dos cercos e bloqueios conforme consta nos planos de segurança de cada
localidade;
 Acompanhamento e eventuais abordagens a veículos suspeitos, e possíveis confrontos
armados;
 Busca e captura de elementos homiziados em área de mata.
5. AÇÕES CORRETIVAS
 A GU PM em patrulhamento ou na base policial devem estar sempre usando ou em
condições de uso de todos os armamentos e equipamentos, de forma que não seja tomado
de surpresa;
 Determinar que pessoas alheias ao evento crítico estejam circulando pelas proximidades do
local da ocorrência;
 Atentar para todo ambiente no entorno do local atacado, informando sobre toda
movimentação ocorridas na região;
 Em caso de feridos, com lesões graves ou não, fazer o socorro médico assim que possível;
 A prioridade em caso de ocorrências criminosas de ações de “novos cangaceiros” é a
realização e manutenção dos cercos e bloqueios;
 Nas ações com utilização de explosivos, deverão ser adotados os procedimentos de
verificação da agência e presença de explosivos secundários e/ou não detonados, fazendo
o isolamento do local para que a equipe especializada proceda a retirada e/ou detonação
dos artefatos com segurança;
 Ao observar veículos abandonados e/ou queimados, a equipe que se deparar deverão fazer
o isolamento do local objetivando preservar o máximo de vestígios, para que sejam
subsidiados os trabalhos de rastreamento e perícias;
 Em ocorrência com reféns, o confronto armado deverá ser evitado, a fim de que sejam
preservadas a integridade física deles;
 Se os infratores conseguirem fugir dos cercos e bloqueios em direção as áreas de mata, as
informações sobre as rotas de fuga deverão ser reportadas, bem como o adentramento
nessas regiões deverão ser evitados;
 Se for necessário, as vias de possíveis fugas deverão possuir mais de um bloqueio, visando
a quebra do planejamento dos criminosos.
6. RESULTADOS ESPERADOS
 Confirmação ou não da ação criminosa;
 Os policiais militares envolvidos na ocorrência estejam devidamente a par de todos os
procedimentos a serem adotados no plano;
51

 Os apoios disponíveis e necessários devem ser acionados em tempo hábil;


 As informações pertinentes à ação devem ser repassadas com maior riqueza de detalhes e
com a maior brevidade possível;
 Conter e isolar os criminosos, a fim de que os mesmos sejam presos e apresentados à
autoridade policial;
 Realizar os cercos e bloqueios conforme determinado previamente;
 Priorização da segurança dos agentes do Estado, bem como da sociedade em geral;
 Manter a preservação dos locais necessários às perícias e/ou rastreamento dos criminosos;
 Manter sempre a integridade tática das equipes, sem que ajam atitudes isoladas por parte
de cada policial;
 Manutenção dos cercos e bloqueios por tempo necessário à quebra do planejamento e/ou
captura dos meliantes;
 Captura e prisão dos criminosos;
 Proatividade das equipes policiais nas ações de prevenção e reação contra ataques às
instituições criminosas;
 Executar ações planejadas no sentido de executar os planejamentos prévios que envolvam
os batalhões circundantes, outras forças de segurança e a comunidade local;
 Confecção do Boletim de Ocorrência, com o maior número de detalhes possíveis.
7. ERROS A SEREM EVITADOS
 Deslocar até o local da ocorrência e parar a VTR PM próximo ao local do fato;
 Assumir riscos desnecessários com ações desorganizadas, empíricas ou amadoras;
 Não atentar para a coleta e a difusão das informações;
 Deixar de realizar os acionamentos necessários aos apoios para a confecção dos cercos e
bloqueios, acionamentos das equipes especializadas e/ou reforços de batalhões vizinhos;
 Acessar as áreas de mata sem o devido conhecimento técnico e sem possuir os
equipamentos necessários, missão esta destinada às equipes especializadas;
 Fazer a manipulação de qualquer objeto não detonado, sem o devido conhecimento técnico;
 Desprezar da complexidade da ação violenta do “novo cangaço”;
 Deixar de realizar os cercos e bloqueios de forma eficiente, sem alcançar os objetivos
traçados;
 Todos os dados devem ser explicitados em Boletim de Ocorrência;
 Deixar as UPM de confeccionarem os Planos de Contingência, Planos de Chamadas, Planos
de Segurança.
8. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL E DOUTRINÁRIA
COSTA, Carlos André Viana da. “Novo Cangaço” no Pará: regionalização dos Assaltos e seus
Fatores de Incidência. 2016. 80f. Dissertação (Especialização em Segurança Pública) – Programa
de Pós –graduação em Segurança Pública, Instituto de Filosofia e ciências Humanas, Universidade
Federal do Pará, Belém, 2016.

GASPAROTO, K. A. F. A influência da atividade de inteligência para as ações do BOPE da


PMMT em ocorrências de roubo as instituições financeiras. 2013. Monografia (Graduação em
Ciências Militares) – Coordenação do Curso de Formação de Oficiais, Mato Grosso, 2013.
52

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal Parte Especial. 9 ed. Niterói: Ímpetos, 2012.

MATO GROSSO. Policia Militar. Atuação Policial em roubo e furto a instituição financeira na
modalidade Novo Cangaço no interior do Estado. Módulo V – Eventos Críticos. Processo 505 –
Procedimento 505.6. Mato Grosso: PMMT, 2017.

PACCOLA, M. Teoria Geral da Patrulha Rural. Cuiabá: V CPAR/PMMT, 2015. 45 slides.

RODRIGUES, Ricardo Matias. Do Novo Cangaço ao Domínio de Cidades. 2018. Disponível em:
https:// https://www.alphabravobrasil.com.br/do-novo-cangaco-ao-dominio-de-cidades/. Acesso em:
03 ago. 2021.

SOUZA, Anildomá Willans. Lampião: Nem Herói Nem Bandido. A História. Serra Talhada: GDM
Gráfica, 2007. 2ª edição. 241p.

UCHÔA, Romildson Farias. Ataques às bases de transporte de valores: um crime comum no


Brasil? 2017. Disponível em: http://www.fenapef.org.br/ataques-as-bases-de-transporte-de-valores-
um-crime-comum-no-brasil/. Acesso em: 5 ago. 2021.

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