Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Patrono: J. Sanson
CELD 28/11/2010
A Lei de Causa e Efeito
ÍNDICE
1 A CARNE É FRACA 2
3 A LEI É PUNITIVA? 7
5 ESTUDO DE CASOS 10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14
1
6º Encontro Espírita sobre o livro O Céu e o Inferno
1 - A CARNE É FRACA.
Todos nós já ouvimos, ao menos uma vez nesta vida, alguém pronunciar a frase
―a carne é fraca‖, para justificar algum deslize. Se buscarmos atentamente em nossas
lembranças, é muito provável que nós mesmos a tenhamos pronunciado. Mas será que a
usamos com o mesmo significado histórico religioso? É possível que esta frase, que
tinha o objetivo de ‗alertar‘, agora seja usada para ‗justificar‘. Pois, então, vejamos o
contexto ao qual ela está associada.
No Evangelho de Mateus, capítulo 26, versículos 36 a 45, vemos o seguinte
relato do que acontece momentos antes de Judas trair Jesus com o beijo:
―Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos
discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. E levando consigo Pedro e os dois
filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.
Então lhes disse: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo.
E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai,
se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu
queres.
Voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Assim nem
uma hora pudestes vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o
espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
Retirando-se mais uma vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode
passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
E, voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam
carregados. Deixando-os novamente, foi orar terceira vez, repetindo as mesmas
palavras. Então voltou para os discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que
é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.‖
No Evangelho de Marcos encontramos estes mesmos momentos descritos nos
versículos 32 a 41 do capítulo 14, como se segue:
2
A Lei de Causa e Efeito
repouso, e alerta que podemos superar estas limitações físicas com nossos atributos de
espírito. Já o sentido que damos a esta frase, atribuindo nossos deslizes morais a uma
necessidade irresistível do corpo físico, é o oposto do ensinamento de Jesus, pois
responsabiliza a carne pela fraqueza do espírito. Se fizermos uma avaliação isenta das
situações que vivenciamos, poderemos constatar que, se falhamos, não foi ‗por causa‘
de nossas potencialidades, mas, pelo uso que fizemos delas.
3
6º Encontro Espírita sobre o livro O Céu e o Inferno
“Mas, dirá alguém, como é que os mortos vão ressuscitar? Com que corpo
virão? Louco! O que semeias não reviverá, se não morrer antes. E o que semeias não é
o corpo a se formar, mas grão nu, de trigo, por exemplo, ou de qualquer planta. E Deus
lhe dá um corpo que bem entende, e a cada semente, o seu corpo apropriado. Toda a
carne não é a mesma carne, mas uma é a carne dos homens, outra a carne das feras,
outra, a carne das aves, outra, a dos peixes. Há corpos celestes e corpos terrestres;
mas um é o esplendor dos corpos celestes e outro o dos terrestres. Um é o brilho do sol
e outro o brilho das estrelas. E uma estrela brilha diferente de outra estrela. Assim
também na ressurreição dos mortos: semeado na podridão, o corpo ressuscita
incorruptível. Semeado na humilhação ele ressuscita glorioso. Semeado frágil,
ressuscita forte. E semeando um corpo animal, ressuscita um corpo espiritual. Como
há um corpo animal, há também um corpo espiritual". (grifos nossos)
Paulo faz distinção entre os dois corpos que possuímos, um o corpo físico e
outro o corpo espiritual. É com este último que iremos ressuscitar no mundo espiritual,
ao qual retornaremos após a morte do primeiro. Ele ainda afirma: "A carne e o sangue
não podem herdar o reino de Deus” (I Coríntios 15, 50).
Em O Livro dos Espíritos, São Luís nos traz os seguintes esclarecimentos, sobre
reencarnação e ressurreição:
1011. Assim, através do dogma da ressurreição da carne, a Igreja ensina, ela própria, a
doutrina da reencarnação?
―Isto é evidente; esta doutrina é, aliás, a consequência de muitas coisas que
passaram despercebidas e que não se tardará a compreender neste sentido; dentro em
pouco, reconhecer-se-á que o Espiritismo ressalta, a cada passo, do próprio texto das
Escrituras sagradas. Os Espíritos não vêm, portanto, subverter a religião, como alguns o
pretendem; vêm, ao contrário, confirmá-la, sancioná-la, através de provas irrecusáveis;
mas, como chegou o tempo de não mais se empregar a linguagem figurada, eles se
exprimem sem alegoria e dão às coisas um sentido claro e preciso, que não possa estar
sujeito a nenhuma falsa interpretação.
4
A Lei de Causa e Efeito
Eis por que, daqui a algum tempo, tereis maior número de pessoas sinceramente
religiosas e crentes do que tendes hoje.‖
São Luís
―... uma pessoa sensível facilmente verte lágrimas; não é a abundância das
lágrimas que dá sensibilidade ao espírito, é a sensibilidade do espírito que provoca a
secreção abundante das lágrimas.‖
O Céu e o Inferno, cap. VIII
219. Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo
prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, como o das línguas, o do
cálculo, etc.?
―Lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas do qual ela própria não
tem consciência. De onde queres que venham? O corpo muda, o Espírito, porém, não
muda, embora troque de vestimenta.‖
Todo corpo físico é perfeito. Se devemos avaliar a árvore por seus frutos,
podemos afirmar que a perfeição de nosso corpo físico consiste em ter tudo o de que
necessitamos para o aprendizado terreno. Lembremos a resposta dada pelos Espíritos a
Kardec, na questão 922 de O Livro dos Espíritos, sobre ―a soma de felicidade comum a
todos os homens‖. Eles nos dizem que, ―com relação à vida material, é a posse do
necessário‖. Portanto esta ‗felicidade‘ começa na posse de um corpo físico feito ‗sob
medida‘ para nós e, quando estamos aptos, com a nossa efetiva participação. Mesmo
quando não estamos ‗aptos‘, somos nós que imprimimos, no nosso ‗molde‘, o roteiro a
ser seguido, pois uma das funções do perispírito é ser o modelo organizador biológico.
262. Como pode o Espírito, que, em sua origem, é simples, ignorante e carecido de
experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa e ser responsável por
essa escolha?
―Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir, como
fazeis com a criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-
arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe
5
6º Encontro Espírita sobre o livro O Céu e o Inferno
acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos bons
Espíritos. A isso é que se pode chamar a queda do homem.‖
(...) ―Já observei o gráfico referente ao organismo físico que o nosso amigo
receberá de futuro, verificando, de perto, as imagens da moléstia do coração que ele
sofrerá na idade madura, como consequência da falta cometida no passado.‖
(...) ―Com exceção do tubo arterial, na parte a dilatar-se para o mecanismo do
coração, tudo irá muito bem. Todos os genes poderão ser localizados com normalidade
absoluta.‖
(...) ―Os membros e os órgãos serão excelentes. E se o nosso amigo souber
valorizar as oportunidades do futuro, possivelmente conquistará o equilíbrio do aparelho
circulatório, mantendo-se em serviço de iluminação por abençoado tempo de trabalho
terrestre. Depende dele o êxito preciso.‖
6
A Lei de Causa e Efeito
―Chico, meu filho nasceu surdo, mudo, cego e sem os dois braços. Agora está
com uma doença nas pernas e os médicos querem amputar as duas para salvar a vida
dele. Há uma resposta pra mim no Espiritismo?‖
_ Chico, explique à nossa irmã que este nosso irmão em seus braços suicidou-se
nas dez últimas encarnações e pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as
possibilidades de se matar novamente. Mas, agora que está aproximadamente com cinco
anos, procura um rio, um precipício para se atirar.
Avise nossa irmã que os médicos amigos estão com a razão. As duas pernas dele
vão ser amputadas, em seu próprio benefício, para que ele fique mais algum tempo na
Terra, a fim de que diminua a ideia de suicídio.‖
3 - A LEI É PUNITIVA?
Vimos anteriormente que trazemos em nosso corpo o reflexo das marcas que
imprimimos em nosso molde, as chamadas marcas perispirituais. No entanto, tais
marcas não implicam, necessariamente, vicissitudes, pois Deus deixa sempre uma porta
aberta ao arrependimento. No momento em que há uma efetiva mudança, um
arrependimento sincero, enfim, um retorno ao caminho do bem, não é mais necessário
desencadear processos que tivessem por objetivo a mudança de rumo, a transformação,
pois ela já ocorreu. No exemplo do livro Chico, de Francisco, não houve a mudança
desejada pelo próprio Espírito antes de nascer e os processos necessários à sua
transformação foram desencadeados. Estes recursos poderiam estar latentes em seu
organismo ou foram colocados providencialmente em seu caminho como complemento
ao seu esforço transformador. O que parecia um mal se mostra como remédio.
7
6º Encontro Espírita sobre o livro O Céu e o Inferno
627. Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensino
que os Espíritos dão? Terão que nos ensinar mais alguma coisa?
―Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque
falava de conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister agora que a
verdade se torne inteligível para todo mundo. Muito necessário é que aquelas leis
sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda
menos os que as praticam. A nossa missão consiste em abrir os olhos e os ouvidos a
todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os hipócritas: os que vestem a capa
da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. O ensino dos Espíritos tem
que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para
que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o
reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível
interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei
toda de amor e de caridade.‖ (grifos nossos)
8
A Lei de Causa e Efeito
Aquele, portanto, que não aproveita essas máximas para melhorar-se, que as
admira como coisas interessantes e curiosas, sem que lhe toquem o coração, que não se
torna nem menos vão, nem menos orgulhoso, nem menos egoísta, nem menos apegado
aos bens materiais, nem melhor para seu próximo, mais culpado é, porque mais meios
tem de conhecer a verdade.‖
ESE cap.XVIII – item 12
Sendo assim, o efeito produzido pelo nosso distanciamento das Leis é uma
necessidade de retorno ao bom caminho. Para tanto, em função das escolhas que
fizemos, desprezando os chamados de amor, o único remédio eficaz é a dor.
―No fundo, a dor é apenas uma lei de equilíbrio e educação. Sem dúvida, os
erros do passado recaem sobre nós, com todo o peso e determinam as condições de
nosso destino. Com frequência, o sofrimento é só o contragolpe das violações cometidas
contra a ordem eterna; mas, sendo o legado de todos, ela deve ser considerada como
uma necessidade de ordem geral, como um agente de desenvolvimento, uma condição
do progresso. Todos os seres devem experimentá-la, por sua vez. Sua ação é benfazeja,
para quem sabe compreendê-la. Porém, só podem compreendê-la aqueles que sentiram
seus efeitos poderosos. É principalmente a estes que dirijo estas páginas; a todos os que
sofrem, sofreram, ou merecem sofrer!‖
Léon Denis, O Problema do Ser e do Destino. cap. XXVI
Na questão 222 de O Livro dos Espíritos, que na verdade é uma reflexão sobre
existência única e reencarnação, Kardec faz diversas considerações sobre a pluralidade
das existências e expõe diversas situações que verificamos no cotidiano e as analisa sob
os dois aspectos: o da pluralidade e o da unicidade. Dele, destacamos este pequeno
trecho:
9
6º Encontro Espírita sobre o livro O Céu e o Inferno
no meio onde já viveram, em contato com os mesmos indivíduos, para ter ocasião de
reparar os erros, ou cumprir deveres de reconhecimento.‖
Revista Espírita, janeiro 1867
“Esta é a lei da justiça divina: a cada um segundo suas obras, no céu como
na Terra.”
5 - ESTUDO DE CASOS.
10
A Lei de Causa e Efeito
Essas palavras são suficientes para mostrar quanto era elevada a alma que aquele
corpo disforme encerrava. Onde esse menino havia haurido semelhantes sentimentos?
Não podia ser no meio onde fora educado e, além disso, na idade em que ele começou a
sofrer, ainda não podia compreender nenhum raciocínio, portanto, eles lhe eram inatos;
mas então, com tão nobres instintos, por que Deus o condenava a uma vida tão
miserável e tão dolorosa, admitindo-se que Deus tivesse criado essa alma ao mesmo
tempo que esse corpo, instrumento de tão cruéis sofrimentos? Ou é preciso negar a
bondade de Deus, ou é preciso admitir uma anterior, isto é, a preexistência da alma e a
pluralidade das existências. Esse menino morreu, e seus últimos pensamentos foram
para Deus, e para o médico caridoso que tivera piedade dele.
Algum tempo depois, ele foi evocado na Sociedade de Paris, onde deu, isto em
1863, a seguinte comunicação:
―Vós me chamastes; vim fazer com que minha voz se estenda além deste recinto
para atingir a todos os corações; que o eco que ela fará vibrar chegue até a sua solidão;
ela lhes lembrará que a agonia na Terra prepara as alegrias no céu e que o sofrimento
não é nada mais que a casca amarga de um fruto delicioso que dá a coragem e a
resignação. Ela lhes dirá que sobre a cama tosca e pobre onde se alojou a miséria, estão
os enviados de Deus, cuja missão é ensinar à humanidade que não existe dor que não se
possa suportar com a ajuda do Todo-Poderoso e dos bons espíritos. Ela ainda lhes dirá
para ouvir as lamentações misturando-se às preces, e compreender a sua harmonia
piedosa, tão diferente dos tons culpados do lamento misturando-se às blasfêmias.
Um dos vossos bons espíritos, grande apóstolo do Espiritismo, concordou em
ceder-me este lugar esta noite; também devo vos dizer, por minha vez, algumas palavras
sobre o progresso da vossa Doutrina. Ela deve ajudar, na sua missão, aqueles que
encarnam entre vós para aprenderem a sofrer. O Espiritismo será o pilar indicador; eles
terão o exemplo e a palavra, e então os lamentos serão transformados em gritos de
alegria e em lágrimas de contentamento.
P. Parece, de acordo com o que acabais de dizer, que vossos sofrimentos não eram a
expiação de faltas anteriores.
R. Eles não eram uma expiação direta, porém, ficai certos de que toda dor tem sua causa
justa. Aquele que conhecestes tão miserável foi belo, importante, rico e lisonjeado; eu
tinha aduladores e cortesãos, fui fútil e orgulhoso. Outrora fui bem culpado, reneguei
Deus e fiz o mal ao meu próximo, mas expiei cruelmente; primeiro no mundo dos
espíritos e a seguir na Terra. O que sofri durante alguns anos somente, nesta última e
muito curta existência, eu padeci durante uma vida inteira até o fim da velhice. Por meu
arrependimento, obtive perdão diante do Senhor, que teve a bondade de me confiar
várias missões das quais a última vos é conhecida.
Eu a solicitei para terminar minha depuração.
Adeus, meus amigos, tornarei a vir algumas vezes entre vós. Minha missão é a
de consolar e não a de instruir; mas existem tantos aqui cujos tormentos estão ocultos
que eles ficarão contentes com a minha vinda.
Marcel
11
6º Encontro Espírita sobre o livro O Céu e o Inferno
seus males, por aqueles, principalmente, que lançavam blasfêmias ao céu em vez de
preces!
Se a agonia foi longa, a hora da morte não foi terrível; os membros
convulsionados sem dúvida se contorciam e mostravam aos assistentes um corpo
deformado se revoltando contra a morte, a lei da carne que quer viver apesar de tudo;
mas um anjo planava por cima do leito do moribundo e cicatrizava seu coração; depois
levou sobre suas asas brancas essa alma tão bela que se evadia desse corpo disforme
pronunciando estas palavras: ‗Glória vos seja dada, ó meu Deus!‘ E essa alma subiu
feliz para o Todo-Poderoso e exclamou: ‗Eis-me aqui, Senhor! Vós me destes por
missão ensinar a sofrer; suportei dignamente a prova?‘
E agora o espírito do pobre menino retomou as suas proporções; ele plana no
espaço, indo do fraco ao pequeno, e dizendo a todos: ‗Esperança e coragem‘.
Liberto de toda a matéria e de toda a mácula, ele está perto de vós, e vos fala não mais
com sua voz sofredora e queixosa, mas em tons vigorosos; ele vos diz: ‗Aqueles que me
viram, contemplaram o menino que não se queixava; nele colheram a calma para os
seus males; e seus corações se reforçaram na benigna confiança em Deus; eis o objetivo
da minha curta passagem pela Terra.‘
Santo Agostinho
A senhora B., de Bordeaux, não passou pelas terríveis angústias da miséria, mas
foi, toda a sua vida, mártir de dores físicas pelas numerosas doenças graves que a
atingiram durante setenta anos, desde a idade de cinco meses, e que, quase a cada ano, a
colocava à beira da morte. Três vezes foi envenenada pelas experiências que uma
ciência insegura fez com ela, e seu temperamento, arruinado pelos remédios tanto
quanto pelas doenças, deixou-a até o fim de seus dias presa a sofrimentos intoleráveis
que nada podia atenuar. Sua filha, espírita-cristã e médium, pedia a Deus, em suas
preces, que aliviasse suas provas cruéis, mas seu guia espiritual disse-lhe que
simplesmente pedisse forças para sua mãe suportá-las com paciência e resignação, e
ditou-lhe as seguintes instruções:
―Na existência humana, tudo tem a sua razão de ser; não há um só sofrimento
dos que causastes que não encontre uma repercussão nos sofrimentos por que passais;
nenhum dos vossos excessos que não encontre contrapartida em uma de vossas
privações; uma lágrima que caía dos vossos olhos sem ser para lavar uma falta, algumas
vezes um crime. Sofrei, portanto, com paciência e resignação vossas dores físicas e
morais, por mais cruéis que elas vos pareçam, e pensai no lavrador, cujos membros são
alquebrados pela fadiga, mas continua sua obra sem se deter porque tem diante dele as
espigas douradas que serão o fruto da sua perseverança.
Tal é o destino do infeliz que sofre na vossa Terra; o desejo ardente que ele tem
pela felicidade, que deve ser o fruto da sua paciência, torna-o forte contra as dores
passageiras da humanidade.
Assim acontece com tua mãe; cada dor que ela aceita como uma expiação é uma
nódoa do seu passado que se apaga, e quanto mais cedo todas as manchas forem
apagadas, mais cedo ela será feliz. A falta de resignação só torna o sofrimento
improdutivo, porque então as provas deverão recomeçar. Portanto, o mais útil para ela é
a coragem e a submissão, é isso que é preciso pedir que Deus e os bons espíritos lhe
concedam.
Tua mãe em tempos passados foi um médico sábio, admitido em uma classe
onde nada custava garantir-se o bem-estar e onde foi coberto de dádivas e de honras.
12
A Lei de Causa e Efeito
13
6º Encontro Espírita sobre o livro O Céu e o Inferno
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DENIS, Léon, O Problema do ser e do Destino. Rio de Janeiro: Edições Léon Denis,
. no prelo.
KARDEC, Allan, O Céu e o Inferno. 1ª ed. Rio de Janeiro: Edições Léon Denis, 2007.
KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo. 4ª ed. Rio de Janeiro: Edições
Léon Denis. 2007.
KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Edições Léon Denis,
. 2007.
O Futuro e o Nada. Org. CARVALHO, Homero & MOREIRA, Lúcia. 1ª ed. Rio de
Janeiro: Léon Denis - Gráfica e Editora, 2005.
PALHANO JR, Lamartine. Teologia Espírita – 1. ed – Rio de Janeiro: CELD, 2004.
XAVIER, Francisco C. & André Luiz (espírito). Missionários da Luz – 39ª ed. – Rio
. de Janeiro: FEB, 2004.
14