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Instituto Federal Baiano – campus Teixeira de Freitas

Curso Técnico em Agropecuária – 1° ano Integrado

Kauã Neres de Souza

Muitos alunos, poucos estudantes

Eu vivo dentro do meu quarto, geralmente não saio, a não ser que seja para comer e
beber água (raramente). Ficar sozinho no meu cantinho me conforta um pouco. Não
posso dizer que sou feliz, nem infeliz, sou apenas eu, alguns livros didáticos que não
saem de cima da minha cama, uma tabela periódica, um notebook e alguns lembretes
com papeis coloridos – talvez seja isso que me faz menos infeliz, inclusive.

Durante a pandemia, a minha escola resolveu adotar o tão famoso ensino remoto, ou
para os mais íntimos, EAD (sigla de “Enviando Alunos Diretamente ao inferno”).
Acordo às sete da manhã todos os dias, entro nas reuniões, faço anotações, vejo
inúmeras videoaulas, entrego atividades, faço outras atividades, tiro um cochilo
(quando dá tempo), me alimento, tomo um banho, escovo os meus dentes e enquanto
me olho no espelho penso: “nossa, não aprendi (CENSURADO) nenhuma”.

Mesmo em meio a tantos artigos, livros, fórmulas, exercícios e professores, sinto como
se nada somasse ao meu aprendizado, eu apenas decoro, respondo, esqueço e
coloco outro assunto no lugar desse buraco. Nos ensinam a calcular equações do
segundo grau, mas não nos ensinam como o matemático e astrônomo Bhaskara
Akaria chegou à aquela famosa solução que todos sabemos de cor e salteado.

Por que sempre sinto medo antes de uma prova? Por que me sinto tão desprovido de
inteligência? O que seria essa tal “inteligência” que tanto falam? Por que o meu nível
de ansiedade só aumenta e o tempo para o envio do PDF diminui?

Faz um tempo que concluí que na escola existem muitos alunos, e pouquíssimos
estudantes. A cada dia que se passa não me sai da cabeça a ideia de que de fato não
sou um estudante, e sim mais um número, apenas um simples aluno que sonha em
ser estudante.

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