Você está na página 1de 188

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

JENNIFER DE FÁTIMA GONÇALVES NEGRI

EFEITOS DE VIZINHANÇA NAS AÇÕES DO VENTO


EM EDIFÍCIOS COM COBERTURA EM DUAS ÁGUAS

CAMPINAS
2017
JENNIFER DE FÁTIMA GONÇALVES NEGRI

EFEITOS DE VIZINHANÇA NAS AÇÕES DO VENTO


EM EDIFÍCIOS COM COBERTURA EM DUAS ÁGUAS

Dissertação de Mestrado apresentada a


Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura
e Urbanismo da Unicamp, para obtenção
do título de Mestra em Engenharia Civil, na
área de Estruturas e Geotécnica.

Orientador: Prof. Dr. Cilmar Donizeti Baságlia


Co-orientador: Prof. Dr. João Alberto Venegas Requena

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA JENNIFER DE
FÁTIMA GONÇALVES NEGRI E ORIENTADA PELO PROF. DR.
CILMAR DONIZETI BASÁGLIA

ASSINATURA DO ORIENTADOR

______________________________________

CAMPINAS
2017
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura
Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Gonçalves, Jennifer de Fátima, 1989-


G586e GonEfeitos de vizinhança nas ações do vento em edifícios com cobertura em
duas águas / Jennifer de Fátima Gonçalves Negri. – Campinas, SP : [s.n.],
2017.

GonOrientador: Cilmar Donizeti Baságlia.


GonCoorientador: João Alberto Venegas Requena.
GonDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.

Gon1. Cobertura (Engenharia). 2. Ventos. 3. Vizinhança. 4. Análise numérica.


5. Dinâmica dos fluidos. I. Baságlia, Cilmar Donizeti. II. Requena, João Alberto
Venegas,1956-. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Neighborhood effects in the wind actions on gable-roof buildings
Palavras-chave em inglês:
Coverage (Engineering)
Winds
Neighborhood
Numerical analysis
Fluid dynamics
Área de concentração: Estruturas e Geotécnica
Titulação: Mestra em Engenharia Civil
Banca examinadora:
Cilmar Donizeti Baságlia [Orientador]
Isaías Vizotto
Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco
Data de defesa: 09-06-2017
Programa de Pós-Graduação: Engenharia Civil

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO

EFEITOS DE VIZINHANÇA NAS AÇÕES DO VENTO EM


EDIFÍCIOS COM COBERTURA EM DUAS ÁGUAS

JENNIFER DE FÁTIMA GONÇALVES NEGRI

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dr. Cilmar Donizeti Baságlia


Presidente e Orientador/Unicamp

Prof. Dr. Isaías Vizotto


Unicamp

Prof. Dr. Pedro Colmar Gonçalves da Silva Vellasco


Universidade Estadual do Rio de Janeiro

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se


no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 09 de junho de 2017


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por permitir que eu chegasse até aqui.

Agradeço ao Prof. Dr. Cilmar Donizeti Basaglia que me concedeu a


oportunidade de ser sua orientada, que sempre me incentivou e me orientou com
muita paciência e dedicação.

Agradeço ao meu co-orientador Prof. Dr. João Alberto Venegas Requena


por ser fonte de inspiração como professor e profissional e por ter contribuído com
as orientações dessa dissertação.

Agradeço ao meu esposo Carlos Eduardo Magrini Negri, pela paciência,


incentivo e compreensão.

Agradeço aos meus pais, Sebastião e Fátima; as minhas irmãs Jéssica e


Jeovanna pelo incentivo e compreensão nos momentos em que estive ausente.

Agradeço ao Flávio Caffarello, Pedro Zaterka, Bruno Fazendeiro Donadon


pelo direcionamento nas questões as análises numéricas e por estarem à disposição
quando precisei.

Aos amigos Lucas e Halan agradeço pelo interesse no tema de minha


dissertação e por me apoiarem em todos os momentos.

Agradeço à SoluTEC Engenharia por ter concedido muitas tardes para as


aulas das disciplinas do mestrado, principalmente ao Engenheiro Flávio Gaiga pelo
incentivo, amizade, compreensão e por ser uma fonte de inspiração profissional.

Agradeço ao Departamento de Estruturas da Faculdade de Engenharia


Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP pela oportunidade e excelência em seu
trabalho.
EPÍGRAFE

“Todos os que estão seriamente envolvidos em pesquisas científicas se


convenceram de que uma consciência está presente nas leis do universo –
uma consciência infinitamente superior à do homem.”

Albert Einstein
RESUMO

Nos últimos anos, com a crescente valorização imobiliária, tem-se


assistido a um considerável aumento na construção de condomínios industriais e
logísticos, os quais na grande maioria são constituidos por um conjunto de edifícios
(i.e., edifícios industriais ou comerciais) com coberturas em duas águas, bastante
próximos uns dos outros. Uma vez que esses edifícios são tipicamente formados por
estruturas leves, a ação do vento é um fator determinante para o dimensionamento.
Para uma rigorosa avaliação da ação do vento em um edifício é necessário obter
informações sobre a distribuição das pressões do vento em toda a edificação e
considerar as interferências aerodinâmicas dos efeitos da localização e
espaçamento de outros edifícios na vizinhança. Em virtude do caráter
intrinsecamente não linear de cada um destes efeitos, os resultados dos problemas
que resultam da interação e acoplamento entre eles só podem ser estudados de
forma “exata” através do recurso a ensaios experimentais bastantes laboriosos e
dispendiosos em túneis de vento. Uma metodologia de análise alternativa e muito
promissora consiste em modelagem numérica baseada na formulação de método
dos volumes finitos que leva em consideração a interação fluido-estrutura. O objetivo
deste trabalho consiste em avaliar e determinar numericamente a distribuição das
pressões do vento em todo o contorno de edifícios com coberturas em duas águas e
exibindo diversas condições de vizinhança. As análises são realizadas por meio do
método dos volumes finitos considerando a interação fluido-estrutura, através do
programa comercial ANSYS-CFX, e alguns dos resultados obtidos são comparados
com os valores fornecidos pela NBR 6123:1988.

Palavras Chave: Edifícios com cobertura em duas águas, Ação do vento,


Coeficientes de pressão, Condições de vizinhança, Análise numérica da dinâmica
dos fluidos.
ABSTRACT

In the last years, with real estate appreciation, we have been watching a
considerable increasing in industrial and logistics building complex, which most are
built by a series of buildings (i.e. industrial or commercial buildings) with gable roof,
very close to each other. Once these buildings are typically built in light structures,
the wind action is a determinant factor for the structural design. Therefore, to a strict
evaluation of wind action in a building it is necessary to obtain information about the
wind pressures distribution in all over the building, and consider location and spacing
of other buildings, i.e., aerodynamic effect interferences due to neighborhood.
Because of intrinsically nonlinear characteristics of each one of these effects, the
results of the problems that result from interaction and linkage between them can
only be studied in an “exact” way through tests quite laborious and costly in wind
tunnels. An alternative analysis methodology that is very promising consists in
numerical modeling based on a finite volume method formulation that considers the
interaction fluid-structure. The objective of this work consists in evaluate and
determine numerically the wind pressures distribution in all over the buildings with
gabled roof and exhibiting several neighborhood conditions. The analyses are
performed by the finite volume method considering the interaction fluid-structure
through the ANSYS-CFX commercial code, and the some results are compared with
values provided by NBR 6123:1988.

Keywords: Buildings with gable roof, Wind actions, Wind force coefficients,
Neighborhood conditions, Numerical analysis of fluid dynamics.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Edifícios com cobertura em duas águas em Contagem, MG. Fonte:


http://www.codeme.com.br/segmentos-de-atuacao/galpoes-comerciais-e-industriais/.
Acesso em 03 de março de 2016. ................................................................................ 22
Figura 2: Imagem ilustrativa de um condomínio logístico em Sumaré, SP. Fonte:
http://www.mg5.com.br/, Acesso em 21 de agosto de 2016. ......................................... 24
Figura 3 – Fluido em regime permanente limitado por um tubo de corrente. Fonte: Adaptado
de Pitta (2002). ............................................................................................................. 27
Figura 4 – Objeto inserido em um fluido em movimento uniforme. Fonte: Adaptado de Pitta
(2002). .......................................................................................................................... 29
Figura 5 – Objeto com abertura envolto por linhas de fluxo. Fonte: Adaptado de Pitta (2002).
..................................................................................................................................... 31
Figura 6 – Forças aerodinâmicas sobre uma edificação. Fonte: Adaptado de Pitta (2002). 33
Figura 7 – Escoamento do vento sobre um objeto simétrico originando um torque. Fonte:
Booggs et al. (2000). .................................................................................................... 34
Figura 8 – Característica do escoamento viscoso, em regime permanete e com variação no
número de Reynoldsd em torno de um cilindro. Fonte: Adaptado de Munson (2004). .. 37
Figura 9: Camada limite sobre uma placa plana no regime laminar e turbulento. Fonte:
Munson, 2004. .............................................................................................................. 38
Figura 10: Região de Barlavento e sotavento. Fonte: Próprio Autor..................................... 39
Figura 11: Mapa de Isopletas do Brasil. Fonte: NBR 6123:1988 adaptado por Loredo-Souza,
2015. ............................................................................................................................ 40
Figura 12: Fator topográfico S1. Fonte: NBR 6123:1988. .................................................... 42
Figura 13: Modelos sobre a plataforma do túbel de vento. Fonte: Harris (1934). ................ 50
Figura 14: Torres em colapso em Ferrybridge. Fonte:
https://deust.wordpress.com/2012/08/27/efek-venturi-pada-bangunanstrukturtinggi/.
Acesso em: 25 de junho de 2016. ................................................................................. 51
Figura 15: Efeito Venturi. Fonte: Carpeggiani, 2004............................................................. 53
Figura 16: Deflexão do vento na direção vertical. Fonte: Loredo-Souza et al. (2009). ......... 54
Figura 17: Característica da esteira. Fonte: Loredo-Souza et al. (2009). ............................. 54
Figura 18: Regime de escoamento de corpo isolado. Fonte: Carpeggiani, 2004.................. 55
Figura 19: Regime de escoamento deslizante. Fonte: Carpeggiani, 2004............................ 55
Figura 20: Regime de escoamento de interferência de esteira. Fonte: Carpeggiani, 2004. .. 56
Figura 21: Discretização do volume de controle de um tubo. Fonte: Bakker, 2006. ............. 61
Figura 22: Resultados para simulação com modelo de turbulência SDT. Fonte: Ansys. ...... 62
Figura 23: Resultados para simulação com modelo de turbulência LES. Fonte: Ansys. ...... 62
Figura 24: Resultados para simulação com modelo de turbulência RANS. Fonte: Ansys. ... 63
Figura 25: Opções de Modelos de turbulência oferecido pelo ANSYS CFX. Fonte: Ansys. . 63
Figura 26: Combinação dos modelos e pelo modelo SST. Fonte: Ansys. ......... 64
Figura 27: Domínio com cilindro. Fonte: Próprio autor. ........................................................ 67
Figura 28: Dimensões (mm) dos edifícios analisados. Fonte: Próprio autor. ........................ 68
Figura 29: Domínio com um edifício com cobertura em duas águas. Fonte: Próprio autor. . 69
Figura 30: Domínio com dois edifícios com cobertura em duas águas. Fonte: Próprio autor.
..................................................................................................................................... 69
Figura 31: Domínio com três edifícios com cobertura em duas águas. Fonte: Próprio autor.
..................................................................................................................................... 69
Figura 32: Resumo das análises numéricas. Fonte: Próprio autor. ...................................... 70
Figura 33: Recomendação da ANSYS para as dimensões dos domínios de análise. Fonte:
Ansys. ........................................................................................................................... 72
Figura 34: Dimensões esquemáticas dos domínios. Fonte: Próprio Autor ........................... 72
Figura 35: Vista isométrica com o domínio de análise para o modelo do cilindro. Fonte:
Próprio autor. ................................................................................................................ 73
Figura 36: Razão de Aspecto. Fonte: Ansys. ....................................................................... 74
Figura 37: Skewness – desvio de volume de um triângulo equilátero. Fonte: Adaptado de
Ansys. ........................................................................................................................... 74
Figura 38: Skewness – desvio do ângulo normal. Fonte: Adaptado de Ansys. .................... 75
Figura 39: Recomendação da Ansys para valores de Skewness. Fonte: Ansys. ................ 75
Figura 40: Qualidade ortogonal – Vetores utilizados o cálculo. Fonte: Ansys. .................... 75
Figura 41: Recomendação da Ansys para valores de Qualidade Ortogonal. Fonte: Ansys. 76
Figura 42: Malha resultante (a) e detalhes da camada limite (b) para o Modelo 1G-V0-0m
(a). Fonte: Próprio autor. .............................................................................................. 78
Figura 43: Condições de contorno 3G-V0-10m. Fonte: Próprio autor. .................................. 80
Figura 44: Condições de contorno 3G-V90-10m. Fonte: Próprio autor. ................................ 80
Figura 45: Condições de contorno 3G-V180-10m. Fonte: Próprio autor. .............................. 80
Figura 46: Gráfico de convergência e valores residuais – Cilindro -3s. Fonte: Próprio autor.
..................................................................................................................................... 81
Figura 47: Pressão na face do cilindro – Cilindro -3s. Fonte: Próprio autor. ......................... 82
Figura 48: Pressão na face do cilindro – Cilindro -5s. Fonte: Próprio autor. ......................... 82
Figura 49: Pressão na face do cilindro – Cilindro -10s. Fonte: Próprio autor. ....................... 83
Figura 50: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior – Cilindro -3s. Fonte:
Próprio autor. ................................................................................................................ 83
Figura 51: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior – Cilindro -5s. Fonte:
Próprio autor. ................................................................................................................ 83
Figura 52: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior – Cilindro -10s. Fonte:
Próprio autor. ................................................................................................................ 84
Figura 53: Ce apresentados pela ABNT NBR 6123:1988 para o vento a 0º. Fonte: Próprio
autor. ............................................................................................................................ 86
Figura 54: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-3s.
Fonte: Próprio autor. ..................................................................................................... 86
Figura 55: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-3s. Fonte: Próprio autor. ............................................... 86
Figura 56: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-5s.
Fonte: Próprio autor. ..................................................................................................... 87
Figura 57: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-5s. Fonte: Próprio autor. ............................................... 87
Figura 58: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-10s.
Fonte: Próprio autor. ..................................................................................................... 88
Figura 59: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-10s. Fonte: Próprio autor. ............................................. 88
Figura 60: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V0-0m-Laminar-3s.
Fonte: Próprio autor. ..................................................................................................... 89
Figura 61: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 1G-V0-0m-Laminar-3s. Fonte: Próprio autor. ................................................... 89
Figura 62: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 1G-V0-0m-
Turbulento 3s. Fonte: Próprio autor. ............................................................................. 90
Figura 63: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 1G-V0-0m-
Turbulento 5s. Fonte: Próprio autor. ............................................................................. 90
Figura 64: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 1G-V0-0m-
Turbulento 10s. Fonte: Próprio autor. ........................................................................... 90
Figura 65: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 1G-V0-0m-
Laminar 3s. Fonte: Próprio autor. ................................................................................. 91
Figura 66: Ce apresentados pela ABNT NBR 6123:1988 para o vento a 90º. ...................... 92
Figura 67: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V90-0m-Turbulento-3s.
Fonte: Próprio autor. ..................................................................................................... 93
Figura 68: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 1G-V0-90m-Turbulento-3s. Fonte: Próprio autor. ............................................. 93
Figura 69: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V90-0m-Laminar-3s.
Fonte: Próprio autor. ..................................................................................................... 94
Figura 70: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 1G-V0-90m-Laminar-3s. Fonte: Próprio autor. ................................................. 94
Figura 71: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 1G-V90-0m-
Turbulento 3s. Fonte: Próprio autor. ............................................................................. 95
Figura 72: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 1G-V90-0m-
Laminar 3s. Fonte: Próprio autor. ................................................................................. 95
Figura 73: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V0-5m. Fonte: Próprio
autor. ............................................................................................................................ 96
Figura 74: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 2G-V0-5m. Fonte: Próprio autor. ...................................................................... 97
Figura 75: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 2G-V0-5m. Fonte:
Próprio autor. ................................................................................................................ 97
Figura 76: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V90-5m. Fonte: Próprio
autor. ............................................................................................................................ 99
Figura 77: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 2G-V90-5m. Fonte: Próprio autor. .................................................................... 99
Figura 78: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 2G-V90-5m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 100
Figura 79: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V0-10m. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 101
Figura 80: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 2G-V0-10m. Fonte: Próprio autor. .................................................................. 102
Figura 81: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 2G-V0-10m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 102
Figura 82: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V90-10m. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 104
Figura 83: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 2G-V90-10m. Fonte: Próprio autor. ................................................................ 104
Figura 84: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 2G-V90-10m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 105
Figura 85: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V0-15m. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 106
Figura 86: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 2G-V0-15m. Fonte: Próprio autor. .................................................................. 107
Figura 87: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 2G-V0-15m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 108
Figura 88: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V0-15m. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 109
Figura 89: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 2G-V90-15m. Fonte: Próprio autor. ................................................................ 110
Figura 90: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 2G-V90-15m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 111
Figura 91: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V0-5m. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 113
Figura 92: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V0-5m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor. ................................................. 113
Figura 93: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V0-5m. Fonte: Próprio autor. .................................................................... 114
Figura 94: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 3G-V0-5m. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 114
Figura 95: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V90-5m. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 116
Figura 96: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V90-5m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor. ............................................... 116
Figura 97: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V90-5m. Fonte: Próprio autor. .................................................................. 117
Figura 98: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 3G-V90-5m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 117
Figura 99: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V180-5m. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 119
Figura 100: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V180-5m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor. ............................................. 119
Figura 101: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V180-5m. Fonte: Próprio autor. ................................................................ 120
Figura 102: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 3G-V180-5m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 120
Figura 103: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V0-10m. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 122
Figura 104: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V0-10m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor. ............................................... 122
Figura 105: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V0-10m. Fonte: Próprio autor. .................................................................. 123
Figura 106: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 3G-V0-10m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 123
Figura 107: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V90-10m. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 125
Figura 108: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V90-10m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor. ............................................. 125
Figura 109: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V90-10m. Fonte: Próprio autor. ................................................................ 126
Figura 110: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 3G-V90-10m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 126
Figura 111: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V180-10m. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 128
Figura 112: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V180-10m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor. ........................................... 128
Figura 113: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V180-10m. Fonte: Próprio autor. .............................................................. 129
Figura 114: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 3G-V180-10m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 129
Figura 115: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V0-15m. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 131
Figura 116: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V0-15m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor. ............................................... 131
Figura 117: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V0-15m. Fonte: Próprio autor. .................................................................. 132
Figura 118: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 3G-V0-15m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 132
Figura 119: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V90-15m. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 134
Figura 120: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V90-15m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor. ............................................. 134
Figura 121: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V90-15m. Fonte: Próprio autor. ................................................................ 135
Figura 122: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 3G-V90-15m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 135
Figura 123: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V180-15m. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 137
Figura 124: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V180-15m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor. ........................................... 137
Figura 125: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o
Modelo 3G-V180-15m. Fonte: Próprio autor. .............................................................. 138
Figura 126: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior Modelo 3G-V180-15m.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 138
Figura 127: Tela Inicial no Workbench - CFX. Fonte: Próprio autor. .................................. 152
Figura 128: Configuração de tela - CFX. Fonte: Próprio autor. .......................................... 153
Figura 129: Tela Inicial no Geometry - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. .......... 153
Figura 130: Visualização de eixos - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. .............. 154
Figura 131: New Sketch - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. ............................. 155
Figura 132: Grid - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. ......................................... 155
Figura 133: Grid - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. ......................................... 155
Figura 134: Draw - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. ........................................ 156
Figura 135: Extrusão do edifício- DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. .................. 157
Figura 136: Inserido o Pitot (1) - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. ................... 157
Figura 137: Inserido o Pitot (2) - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. ................... 158
Figura 138: Inserido o retangulo - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. ................. 159
Figura 139: Extrusão do retangulo - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor............... 159
Figura 140: Fechando as aberturas (New Plane) - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 160
Figura 141: Fechando as aberturas (Configurando o plano) - DesignModeler - CFX. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 160
Figura 142: Fechando as aberturas (Sketch no plano criado) - DesignModeler - CFX. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 161
Figura 143: Fechando as aberturas (Criando uma superfície para o Sketch 3) -
DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. ............................................................... 161
Figura 144: Fechando as aberturas (Superfície criada para o Sketch 3) - DesignModeler -
CFX. Fonte: Próprio autor. .......................................................................................... 162
Figura 145: Prisma gerado (a) Face Frontal (b) Face do Fundo - DesignModeler - CFX.
Fonte: Próprio autor. ................................................................................................... 162
Figura 146: Configuração da Tree Outline - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. . 163
Figura 147: Criando o domínio (1) – Fill - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor....... 163
Figura 148: Criando o domínio (2) – Fill - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor....... 164
Figura 149: Elementos suprimidos - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. ............ 164
Figura 150: Domínio de análise - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor. .................. 165
Figura 151: Workbench - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ............................................. 165
Figura 152: Configuração Inicial - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ................................ 166
Figura 153: Definindo o Elemento (1) - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ........................ 166
Figura 154: Definindo o Elemento (2) - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ........................ 167
Figura 155: Malha sem refinamento - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. .......................... 167
Figura 156: Nomeando as faces - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ................................ 168
Figura 157: Entrada - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ................................................... 168
Figura 158: Parede - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. .................................................... 169
Figura 159: Saída - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ...................................................... 169
Figura 160: Piso - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ........................................................ 169
Figura 161: Edifício - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. .................................................... 170
Figura 162: Pitot - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ........................................................ 170
Figura 163: Named Selection - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. .................................... 170
Figura 164: Refinamento da Malha Sizing - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ................. 171
Figura 165: Refinamento da Malha Sizing Edifício - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor...... 171
Figura 166: Refinamento da Malha Sizing Cilindro (Pitot) - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.
................................................................................................................................... 172
Figura 167: Malha Refinada - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor........................................ 172
Figura 168: Camada Limite Inflation - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. .......................... 173
Figura 169: Parêmetros Inflation - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. ................................ 173
Figura 170: Detalhes Inflation - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor. .................................... 173
Figura 171: Características e Parâmetros de Qualidade da Malha - Mesh - CFX. Fonte:
Próprio autor. .............................................................................................................. 174
Figura 172: Área de Trabalho - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. ................................... 175
Figura 173: Analysis Type - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. ......................................... 175
Figura 174: Configuração do Analysis Type - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. .............. 176
Figura 175: Inserindo Boundary - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. ................................ 176
Figura 176: Boundary Type (Parede, Piso, Edificio e Pitot) - Setup - CFX. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 177
Figura 177: Boundary Details (Parede, Piso, Edificio e Pitot) - Setup - CFX. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 177
Figura 178: Boundary Type (Entrada) - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. ...................... 178
Figura 179: Boundary Details (Entrada) - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. ................... 178
Figura 180: Boundary Type (Saida) - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. ......................... 178
Figura 181: Boundary Details (Saida) - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. ...................... 178
Figura 182: Domínio após configuração dos elementos - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor.
................................................................................................................................... 179
Figura 183: Default Domain (Basic Settings) - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. ............ 180
Figura 184: Default Domain (Fluid Models - Turbulência) - Setup - CFX. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 180
Figura 185: Default Domain (Initialization) - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor................. 181
Figura 186: Solver Control - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. ....................................... 181
Figura 187: Solver Control (Basic Settings)- Setup - CFX. Fonte: Próprio autor................ 182
Figura 188: Output Control (Trn Results)- Setup - CFX. Fonte: Próprio autor. .................. 182
Figura 189: Output Control (Trn Results - Configurações)- Setup - CFX. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 183
Figura 190: Workbench- Solution - CFX. Fonte: Próprio autor. ......................................... 183
Figura 191: Solution (Configuração do Processamento) - Solution - CFX. Fonte: Próprio
autor. .......................................................................................................................... 184
Figura 192: Tela de resultados do processamento - Solution - CFX. Fonte: Próprio autor. 185
Figura 193: Workbench - Results - CFX. Fonte: Próprio autor. .......................................... 185
Figura 194: Pressão no tubo de Pitot - Results - CFX. Fonte: Próprio autor. ..................... 186
Figura 195: Criando uma nova expressão - Results - CFX. Fonte: Próprio autor. ............. 186
Figura 196: Expressão CPe - Results - CFX. Fonte: Próprio autor.................................... 187
Figura 197: Criando uma nova variável - Results - CFX. Fonte: Próprio autor. ................. 187
Figura 198: Variável cp - Results - CFX. Fonte: Próprio autor. .......................................... 187
Figura 199: CPe e Ce no edifício analisado - Results - CFX. Fonte: Próprio autor. ............ 188
Figura 200: Linhas de fluxo no edifício analisado - Results - CFX. Fonte: Próprio autor. ... 188
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Parâmetros meteorológicos. Fonte NBR 6123:1988. ................................................. 44


Tabela 2: Coeficientes de pressão e de forma, externos, para paredes de edificações de
planta retangular. Fonte Belley (1998) .................................................................................... 46
Tabela 3: Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com duas águas,
simétricos, em edificações de planta retangular. Fonte Belley (1998) .............................. 47
Tabela 4: Coeficientes de pressão interna para abertura dominante na face de barlavento.
Fonte NBR 6123:1988. .............................................................................................................. 48
Tabela 5: Coeficientes de pressão interna para abertura dominante situada em zona de alta
sucção. Fonte NBR 6123:1988. ............................................................................................... 49
Tabela 6: Valores de Ø para a Equação 30. Fonte Adaptado de Ansys. ................................. 61
Tabela 7: Modelos utilizados para análise. Fonte Próprio autor. ................................................ 68
Tabela 8: Dimensões dos domínios dos modelos numéricos. Fonte Próprio autor. ............... 72
Tabela 9: Calculo dos parâmetros da camada limite. Fonte Próprio autor. .............................. 78
Tabela 10: Resultados obtidos aplicando a Equação 8. Fonte Próprio autor. ......................... 84
Tabela 11: Configurações para análise do cilindro. Fonte Próprio autor. ............................... 149
Tabela 12: Configurações para análise dos edifícios - MESH Fonte Próprio autor. ............. 150
Tabela 13: Configurações para análise dos edifícios - SETUP. Fonte Próprio autor. .......... 151
LISTA DE SÍMBOLOS

Intervalo de tempo
Massa específica do fluido na seção 1
Área da seção 1
Velocidade na seção 1
Massa específica do fluido na seção 2
Área da seção 2
Velocidade na seção 2
Área de uma superfície plana
Velocidade média do fluido
Massa específica do fluido
Pressão estática
Aceleração da gravidade
Cota de referencia
Força normal
Área Elementar
Pressão no ponto 0
Velocidade no ponto 0
Pressão no ponto e
Velocidade no ponto e
Pressão de obstrução ou pressão dinâmica
Pressão no ponto p
Velocidade no ponto p
Diferença nas pressões estáticas
Coeficiente de pressão
Coeficiente de pressão externa
Diferença nas pressões estáticas externas
Coeficiente de pressão interna
Diferença nas pressões estáticas internas
Coeficiente de forma
Força resultante das pressões externas
Força global
Coeficiente de força global
Força de arrasto
Força de sustentação
Força lateral
Força horizontal
Momento de torção
Coeficiente de torção
Dimensão linear de referência
Vazão de ar
Coeficiente de vazão
Diferença nas pressões estáticas externas
Diferença nas pressões estáticas internas
Número de Reynolds
Diâmetro
Velocidade do fluido
Espessura da camada limite
Período fundamental
Velocidade básica do vento
Velocidade característica do vento
Fator topográfico
Fator de rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o
terreno
Fator baseado em conceitos probabilísticos
Força devido ao vento
Maior dimensão horizontal de uma edificação
Menor dimensão horizontal de uma edificação
Altura da edificação acima do terreno
Fator de efeito vizinhança
Coeficiente de arrasto
Coeficiente de difusão de
Termo fonte
Gradiente de
Energia cinética turbulenta
Taxa de dispersão de energia cinética turbulenta
Função de mistura
Distância até a parede mais próxima do elemento
Viscosidade turbulenta
Medida do tensor taxa de deformação
Segunda função de mistura
̃ Limitador para evitar acumulo de turbulência nas regiões de estagnação
Diâmetro hidráulico
Velocidade do escoamento
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 22

1.1 Considerações Gerais ................................................................................................... 22


1.2 Justificativa .................................................................................................................... 23
2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 25

2.1 Objetivos Gerais ............................................................................................................ 25


2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 25
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 26

3.1 Ação do Vento nas Estruturas........................................................................................ 26


3.1.1 Fundamentos Teóricos Básicos ................................................................................. 26
3.1.1.1 Teorema de Conservação de Massa ....................................................................... 26
3.1.1.2 Teorema de Bernoulli ............................................................................................... 27
3.1.1.3 Pressão Estática ...................................................................................................... 28
3.1.1.4 Pressão Total ........................................................................................................... 28
3.1.1.5 Pressão de Obstrução ............................................................................................. 29
3.1.1.6 Coeficientes de Pressão .......................................................................................... 30
3.1.1.7 Coeficientes de Forma ............................................................................................. 32
3.1.1.8 Coeficiente de Força ................................................................................................ 32
3.1.1.9 Coeficiente de Torção .............................................................................................. 34
3.1.1.10 Coeficientes de Pressão Interna ............................................................................ 35
3.1.1.11 Camada Limite ....................................................................................................... 36
3.2 Aspectos Normativos ..................................................................................................... 38
3.2.1 Forças Estáticas Devido ao Vento ............................................................................. 38
3.2.2 Fator Topográfico S1 ................................................................................................. 41
3.2.3 Fator S2 ..................................................................................................................... 43
3.2.4 Fator Estatístico S3 .................................................................................................... 45
3.2.5 Coeficientes de Pressão e de Forma Externos .......................................................... 45
3.2.6 Coeficientes de Pressão Interna ................................................................................ 48
3.3 Efeitos de Vizinhança .................................................................................................... 49
3.3.1 Breve Histórico Sobre os Estudos dos Efeitos de Vizinhança .................................... 50
3.3.2 Causas dos Efeitos de Vizinhança ............................................................................. 53
3.3.2.1 Efeito Venturi ........................................................................................................... 53
3.3.2.2 Deflexão do Vento na Direção Vertical ..................................................................... 53
3.3.2.3 Turbulência da Esteira ............................................................................................. 54
3.3.3 Efeitos de Vizinhança Segundo a NBR 6123:1988 .................................................... 56
3.3.3.1 Efeitos de Vizinhança nos Coeficientes Aerodinâmicos ........................................... 56
3.3.3.2 Efeitos de Vizinhança no Coeficiente de Torção ...................................................... 57
3.4 Fluidodinâmica Computacional ...................................................................................... 58
3.4.1 Turbulência ................................................................................................................ 61
4. DESCRIÇÃO DOS MODELOS DA ANÁLISE NUMÉRICA ................................... 67

5. METODOLOGIA .................................................................................................... 71

5.1 Pré-processamento........................................................................................................ 71
5.1.1 Geometria .................................................................................................................. 71
5.1.2 Malha ......................................................................................................................... 73
5.1.3 Modelagem – Condições de Contorno ....................................................................... 79
5.2 Solução.......................................................................................................................... 81
5.3 Pós-processamento ....................................................................................................... 81
6. RESULTADOS ...................................................................................................... 82

6.1 Ação do vento sobre um cilindro .................................................................................... 82


6.2 Modelo 1G-V0-0m.......................................................................................................... 85
6.3 Modelo 1G-V90-0m........................................................................................................ 92
6.4 Modelo 2G-V0-5m.......................................................................................................... 96
6.5 Modelo 2G-V90-5m........................................................................................................ 98
6.6 Modelo 2G-V0-10m...................................................................................................... 101
6.7 Modelo 2G-V90-10m.................................................................................................... 103
6.8 Modelo 2G-V0-15m...................................................................................................... 106
6.9 Modelo 2G-V90-15m.................................................................................................... 109
6.10 Modelo 3G-V0-5m...................................................................................................... 112
6.11 Modelo 3G-V90-5m.................................................................................................... 115
6.12 Modelo 3G-V180-5m .................................................................................................. 118
6.13 Modelo 3G-V0-10m.................................................................................................... 121
6.14 Modelo 3G-V90-10m .................................................................................................. 124
6.15 Modelo 3G-V180-10m ................................................................................................ 127
6.16 Modelo 3G-V0-15m.................................................................................................... 130
6.17 Modelo 3G-V90-15m .................................................................................................. 133
6.18 Modelo 3G-V180-15m ................................................................................................ 136
7. CONCLUSÕES ................................................................................................... 140

8. RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ......................................... 143

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 144

APÊNDICE A........................................................................................................... 149

A.1 Configurações no ANSYS CFX para os Modelos do Cilindro ...................................... 149


A.2 Configurações no ANSYS CFX para os Modelos dos Edifícios ................................... 150
APÊNDICE B – TUTORIAL ANSYS CFX ................................................................ 152

B.1 Geometria.................................................................................................................... 153


B.2 Malha .......................................................................................................................... 165
B.3 Configurações – Condições de Contorno .................................................................... 174
B.4 Solução ....................................................................................................................... 183
B.5 Resultados .................................................................................................................. 185
22

1. INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Gerais

No âmbito da construção para fins industriais, comerciais ou logísticas, os


edifícios com cobertura em duas águas se destacam em relação aos demais tipos de
construções. Dentre os fatores que justificam a preferência por esse tipo de edifício,
pode-se destacar a economia que esse tipo de estrutura oferece: nos edifícios com
cobertura em duas águas a altura total da edificação é reduzida, garantindo assim
uma economia no custo total da obra, além do mais, quanto maior a altura do edifício,
maior a intensidade da ação devido ao vento sobre a estrutura em questão.
A ação do vento para estruturas de edifícios de uso geral deve ser
analisada de forma criteriosa, uma vez que esses edifícios (i) são formados por
estruturas leves e (ii) construídos em zonas industriais ou em condomínios
industriais ou logísticos, fazendo com que um edifício fique muito próximo do outro –
ver Figura 1. Blessmann (1989) indica que os coeficientes aerodinâmicos variam
muito com as condições de vizinhança. Um obstáculo natural ou artificial existente
nas proximidades de uma edificação ou elemento estrutural pode afetar
consideravelmente o campo aerodinâmico e, consequentemente, os esforços
exercidos pelo vento. Algumas vezes esta alteração é benéfica, outras vezes não.

Figura 1: Edifícios com cobertura em duas águas em Contagem, MG.


Fonte: http://www.codeme.com.br/segmentos-de-atuacao/galpoes-comerciais-e-industriais/.
Acesso em 03 de março de 2016.
23

A norma brasileira que prescreve os critérios, as condições de


aproximação e os procedimentos de cálculo para determinar as ações devido ao
vento nas estruturas é a NBR 6123 (ABNT NBR 6123:1988) - Forças Devidas ao
Vento em Edificações. Esta norma estabelece os critérios de acordo com o tipo de
estrutura a ser analisada – como sua forma geométrica, aberturas, localização do
edifício e rugosidade do terreno, onde a existência ou não, bem como, a altura de
obstáculos (e.g., outros edifícios) influencia na ação do vento no edifício estudado.
Neste trabalho analisam-se os efeitos das condições de vizinhança na ação
do vento em edifícios com cobertura em duas águas, com diferentes posicionamentos e
espaçamentos dos mesmos e direção de incidência do vento na construção. São
apresentados e discutidos os valores dos coeficientes de pressão e de forma externos,
velocidade e as linhas de fluxo do vento obtidos por meio de análises numéricas
realizadas através do software ANSYS – CFX, o qual utiliza o método dos volumes
finitos e considera a interação fluido-estrutura. Foram analisados modelos com um, dois
e três edifícios. No total, foram gerados vinte e um modelos numéricos, e alguns dos
resultados são comparados com valores propostos pela ABNT NBR 6123:1988.

1.2 Justificativa

As condições de vizinhança podem causar alteração das forças do vento


por efeito Venturi, por deflexão do vento na direção vertical e por turbulência da
esteira (ABNT NBR 6123:1988).
Como nos condomínios industriais e logísticos, os edifícios para uso geral
ficam muito próximos entre si (como mostrado na Figura 2), destaca-se a importância de
verificar se algum dos efeitos citados acima causa um aumento das forças devido ao
vento na edificação.
Apesar da ABNT NBR 6123:1988 indicar (de forma aproximada) no Anexo G
alguns fatores de majoração para considerar o efeito de vizinhança, o texto normativo
também alerta que em muitas situações é necessário que sejam realizados ensaios
em túnel de vento para avaliar as condições de vizinhança e as características do vento
natural – porém, trata-se de ensaios experimentais bastante onerosos e laboriosos.
24

Figura 2: Imagem ilustrativa de um condomínio logístico em Sumaré, SP.


Fonte: http://www.mg5.com.br/, Acesso em 21 de agosto de 2016.

Considerando a crescente construção de condomínios formados por


edifícios com cobertura em duas águas e levando em conta a variação dos
coeficientes aerodinâmicos devido à condição de vizinhança, destaca-se que é de
fundamental interesse técnico e científico a realização de estudos numéricos para
avaliar a ação do vento (pressão, velocidade, fluxo, etc.) e determinar os
coeficientes de pressão e de forma em edifícios de uso geral levando em
consideração os efeitos de vizinhança  um estimulante e necessário desafio que
ainda não foi completamente vencido. Assim, é precisamente neste contexto que
se enquadram e justificam as atividades de pesquisa deste trabalho, cujos
objetivos são apresentados a seguir.
25

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais

O objetivo deste trabalho é avaliar e determinar numericamente os


coeficientes de pressão e de forma devido à ação do vento nas paredes e
coberturas de edifícios com cobertura em duas águas (localizados em condomínios
industriais e logísticos) exibindo diversas condições de vizinhança (dimensões e
posicionamento).

2.2 Objetivos Específicos

 Comparar os resultados dos coeficientes de forma externos devido


à ação do vento da análise numérica com os valores fornecidos pela
NBR 6123:1988.
 Identificar e avaliar a formação de vórtices nas análises das linhas
de fluxo obtidas na análise numérica.
 Visualizar as zonas de altas sucções nas arestas dos edifícios,
conforme propõe a NBR 6123:1988.
 Avaliar os efeitos de vizinhança, considerando diferentes distâncias
e posicionamento entre os edifícios analisados.
 Colaborar para o desenvolvimento de novos instrumentos de cálculo
e procedimentos normativos para a determinação da ação do vento
em edifícios com cobertura em duas águas, considerando os efeitos
de vizinhança.
26

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Ação do Vento nas Estruturas

3.1.1 Fundamentos Teóricos Básicos

Segundo Blessmann (1995), o vento é definido como o movimento das


massas de ar sobre a superfície terrestre, que tem como causa as diferenças de
pressão atmosférica causadas pela energia do sol e pelas variações da temperatura
do ar.
Considerando o fluxo de ar no entorno de uma edificação, pode-se
considerar o vento como um fluido incompressível até velocidades de 300 km/h.
Quando o fluido é incompressível e não viscoso, o mesmo é chamado de fluido ideal.
Em um objeto inserido num fluido ideal, a ação sobre as diversas
superfícies do objeto em questão é dada por intermédio de forças perpendiculares.
Diante de uma mesma condição manométrica, as superfícies do objeto apresentarão
a mesma pressão normal, assim a pressão em um ponto é representada por um
escalar, enquanto a velocidade do fluido é representada por um vetor (PITTA 2002).

3.1.1.1 Teorema de Conservação de Massa

Considerando um fluido em movimento, o mesmo deve obedecer a


equação da continuidade, isso implica que, em um determinado intervalo de tempo,
a massa de fluido que entra em um certo volume é igual à massa que sai adicionada
a variação da massa contida no elemento (PITTA 2002).
Quando todas as partículas de um fluido têm velocidades e trajetórias
(linha de fluxo) iguais num ponto, ou seja, as características do fluido não dependem
do tempo, diz-se que o fluido está em regime permanente.
Analisando um fluido em regime permanente, limitado pelo volume do
tubo de corrente, representado na Figura 3 pelas seções e , em um intervalo de
tempo , tem-se:
27

Figura 3 – Fluido em regime permanente limitado por um tubo de corrente.


Fonte: Adaptado de Pitta (2002).

(1)

Onde:
é a massa de fluido que entra e é a massa de fluido
que sai.
: área de uma superfície plana;
: velocidade média do fluido;
: massa específica do fluido.

Considerando que o fluido é incompressível, isto é, , tem-se:


(2)

Analisando a Equação 2, é possível observar o mesmo que é descrito por


Pitta 2002: “se as linhas de fluxos se afastam, a velocidade do fluido diminui, e se as
linhas de fluxos se aproximam, a velocidade do fluido aumenta”.

3.1.1.2 Teorema de Bernoulli

Considerando a aplicação do teorema de Bernoulli a escoamentos


permanentes de fluidos sem viscosidade e incompressíveis, tem-se (BLESSMANN
1990):
28

(3)

Onde:
: pressão estática
: massa específica do fluido;
: aceleração da gravidade;
: cota de referência;
: velocidade do fluido.

Blessmann (1990) aponta que para ar e gases as forças de massas


podem ser desprezadas, dessa maneira a Equação 3 pode ser reescrita da seguinte
maneira:

(4)

3.1.1.3 Pressão Estática

Considerando um fluido em repouso, a pressão estática é definida como a


força normal exercida em uma superfície plana da área, isto é:

(5)

Onde:
: força normal aplicada na área elementar .

3.1.1.4 Pressão Total

A Figura 4 apresenta um objeto inserido em um fluido em movimento


uniforme, nota-se que o objeto desvia as linhas de fluxo.
29

Figura 4 – Objeto inserido em um fluido em movimento uniforme.


Fonte: Adaptado de Pitta (2002).

Considerando-se e como a pressão e a velocidade em um ponto do


fluxo à barlavento de um objeto não afetado pelo mesmo, e e como a pressão e
a velocidade em um ponto do objeto em questão, e aplicando-se a equação de
Bernoulli, tem-se:

(6)

Se o ponto for um ponto de estagnação ( ), obtém-se:

(7)

Dessa maneira, através da leitura da pressão estática no ponto onde a


velocidade é nula, temos a pressão total em um ponto não afetado pelo objeto. Henri
Pitot utilizou essa técnica em 1732 para mensurar a pressão total, utilizando um
pequeno tubo de vidro com uma curva em ângulo reto e a frente voltada para
barlavento, conhecido como tubo de Pitot (PITTA 2002).

3.1.1.5 Pressão de Obstrução

A pressão de obstrução, também chamada de pressão dinâmica , refere-


se à diferença das pressões estáticas, verificadas na Equação 8:
30

(8)

Pode-se dizer que ( em N/m² e e m/s), essa expressão é


válida supondo uma temperatura de 15ºC, uma pressão atmosférica de 1 atm (1013
mbar) e massa específica do ar igual a 1,2253 kg/m³.

3.1.1.6 Coeficientes de Pressão

Ainda analisando a Figura 4 e considerando-se a aplicação da equação


de Bernoulli em dois pontos, um onde o fluxo não é afetado pelo objeto ( e )e
outro no ponto onde o objeto desvia a linha de fluxo ( e ) tem-se:

(9)

(10)

(11)
( )

(12)
( )

(13)
( )

(14)

Quando os coeficientes são de sobrepressão e para os


coeficientes são de sucção. Para os coeficientes de sobrepressão, o valor máximo
que pode ocorrer é igual ao valor de obstrução, . Já os valores de sucção,
podem chegar a valores elevados, em certas regiões podem atingir de seis a oito
vezes o valor da pressão de obstrução (PITTA 2002).
31

Se o objeto analisado não for totalmente fechado (assim como ocorre em


uma edificação), independentemente da posição da abertura, em todas as
superfícies que compõem o objeto ocorrerá pressões do lado externo e interno
(PITTA 2002) – ver Figura 5.

Figura 5 – Objeto com abertura envolto por linhas de fluxo.


Fonte: Adaptado de Pitta (2002).

O coeficiente de pressão no ponto , situado na face externa do objeto,


é dado por:
(15)

O coeficiente de pressão no ponto , situado na face interna, é dado por:

(16)

Assim, a força total é:

(17)

Onde:
Coeficiente de pressão externo;
Coeficiente de pressão interno.
32

Segundo a NBR 6123:1988, valores positivos para indicam uma


pressão efetiva com o sentido de uma sobrepressão externa, valores negativos para
indicam uma pressão efetiva com o sentido de uma sucção externa.

3.1.1.7 Coeficientes de Forma

Segundo Pitta (2002), para superfícies planas, utilizam-se os coeficientes


de forma que são definidos de maneira semelhante aos coeficientes de pressão.
A força do vento exercida em uma área A é dada por

(18)

Onde:
Força resultante das pressões externas sobre uma superfície ;
Pressão dinâmica;
Superfície de incidência.

As Tabelas 4 e 5 da NBR 6123:1988 fornecem os coeficientes de forma e


de força externos para diversos tipos de edificação.

3.1.1.8 Coeficiente de Força

Considerando a superfície de uma edificação, admite-se que a força do


vento incidente é sempre perpendicular a superfície em questão, como mostrado na
Figura 6. A soma vetorial de todas as forças que atuam nas várias superfícies da
edificação é denominada de força global.
33

Figura 6 – Forças aerodinâmicas sobre uma edificação.


Fonte: Adaptado de Pitta (2002).

Pode-se decompor a força global em várias direções (por exemplo, na


direção do vento, perpendicular ao solo, etc.), onde a definição dessas direções será
de acordo com as condições e hipóteses consideradas para o dimensionamento da
estrutura. Genericamente, a força global é definida por:

(19)

Onde:
Força global;
Coeficiente de força global;
Pressão dinâmica;
Superfície de incidência.

De acordo com a direção definida, podemos considerar as seguintes


forças:
 Força de arrasto : quando a componente da força global tem a
mesma direção do vento;
 Força de sustentação : quando a componente da força global é
perpendicular ao plano horizontal;
34

 Força lateral : quando a componente da força global é normal à


direção do vento e está contida no plano do horizonte;
 Força horizontal : quando a componente da força global está
contida no plano do horizonte, ou seja, é a resultante das forças de
arrasto e lateral.

3.1.1.9 Coeficiente de Torção

Segundo Blessmann (1990), o momento de torção acontece quando a


linha de ação da força global não intercepta o centro de cisalhamento da edificação,
conforme ilustrado na Figura 7, onde é possível observar as linhas de correntes e a
distribuição de pressões. O coeficiente de torção é definido conforme Equação 20.

Figura 7 – Escoamento do vento sobre um objeto simétrico originando um torque.


Fonte: Booggs et al. (2000).

(20)

Onde:
Momento de torção;
É uma dimensão linear de referência e é utilizado para deixar o
coeficiente adimensional;
Coeficiente de torção;
Pressão dinâmica;
Superfície de incidência.
35

3.1.1.10 Coeficientes de Pressão Interna

Para ser considerada habitável, uma construção não pode ser estanque
ao ar. Além da sufocação dos usuários, poderia haver um rompimento de parte de
uma edificação devido a diferença entre a pressão interna e externa (BLESSMANN
1991).
Segundo Pitta (2002), as aberturas situadas à barlavento provocam
sobrepressão interna e as aberturas situadas à sotavento provocam sucção interna.
Como a maioria das edificações possuem aberturas à barlavento e à sotavento, a
determinação do coeficiente de pressão interna depende das dimensões e da
localização dessas aberturas em relação à direção do vento. Alguns estudos
mostraram que apesar de pequenas, quando algumas aberturas são
estrategicamente localizadas, essas permitem o aparecimento de pressões internas
relativamente altas, por isso é fundamental que sejam consideradas todas as
aberturas das edificações na determinação dos coeficientes de pressão interna.
Estudos teóricos e experimentais indicam que a pressão interna está
diretamente associada à vazão do fluido nas aberturas, sendo essa vazão expressa
por:

(21)

Onde:
Vazão de ar na abertura;
Coeficiente de vazão;
Massa específica do ar;
Velocidade do ar na abertura, descrito pela Equação 22.

| |

(22)

O item 6.2 e o Anexo D da NBR 6123:1988 estabelecem critérios para


determinar os coeficientes de pressão interna.
36

3.1.1.11 Camada Limite

Blessmann (1990) relata que é possível facilitar os estudos sobre a


interação entre fluido e corpo sólido quando se considera casos limites, ou seja,
casos em que os valores desprezados não causem alterações significativas dos
resultados. Um desses casos acontece quando o número de Reynolds é muito alto,
de modo que podem ser desprezadas as forças de viscosidades em presença das
forças de inércia e dessa maneira o escoamento é estudado como um fluido sem
viscosidade.
O engenheiro alemão Prandtl mostrou em 1904 que, para fluidos de
pequena viscosidade e com número de Reynolds elevados, tais como água e ar, a
viscosidade tem efeitos apenas em uma camada muito fina sobre a superfície do
sólido. Fora desta camada, a influência da viscosidade é desprezável. A esta fina
camada nas proximidades da superfície do corpo, que sofre a influência da
viscosidade, Prandtl denominou de camada limite.
A Figura 8 demonstra três situações, com variações no número de
Reynolds, no primeiro caso (a) o número de Reynolds é muito baixo e as forças
viscosas são importantes em todo escoamento, no segundo caso (b) há uma divisão
nas regiões, sendo que na área hachurada a viscosidade é importante e para o
terceiro caso (c) o número de Reynolds é tão alto que a camada limite sobre a
superfície é muito fina, para o caso em questão a viscosidade é importante na região
da camada limite e na região de esteira. Através da análise da Figura 8 nota-se que
é possível tratar um escoamento sobre um corpo como a combinação dos
escoamentos viscoso (na camada limite) e invíscido (fora da camada limite).
37

Figura 8 – Característica do escoamento viscoso, em regime permanete e com variação no número


de Reynoldsd em torno de um cilindro. Fonte: Adaptado de Munson (2004).

Segundo Fox et al. (2006), a constatação da camada limite permitiu


demonstrar a teoria dos fluidos por meio de experimentos. Prandtl utilizou o conceito
de camada limite para simplificar as equações que descrevem os escoamentos.
A Figura 9 ilustra um escoamento de um fluido viscoso e incompressível
sobre uma placa plana de comprimento infinito, observa-se que fora da camada
limite as partículas do fluido são estáveis e que na camada limite as partículas dos
fluidos sofrem distorções e que a partir de uma determinada distância o escoamento
na camada limite passa de laminar para turbulento. A letra U representada na Figura
9 é a velocidade do fluído e δ é a espessura da camada limite.
38

Figura 9: Camada limite sobre uma placa plana no regime laminar e turbulento.
Fonte: Munson, 2004.

Munson (2004) indica que a transição do regime laminar para o turbulento


se dá quando o número de Reynolds atinge um valor crítico da ordem de 2x10 5 a
3x106 e é em função da rugosidade da superfície e da intensidade de turbulência
presente no escoamento.

3.2 Aspectos Normativos

3.2.1 Forças Estáticas Devido ao Vento

Como a velocidade do vento varia com o tempo, pode-se dizer que toda a
ação do vento é dinâmica, a NBR 6123:1988 indica que “no vento natural o módulo e
a orientação da velocidade instantânea do ar apresentam flutuações em torno da
velocidade média , designadas por rajadas”. Os efeitos estáticos são causados
pela velocidade média, admitindo que ela seja constante e que atua em um intervalo
de tempo de dez minutos ou mais (resposta média). Por outro lado as flutuações da
velocidade podem induzir em algumas edificações (principalmente em edificações
altas e esbeltas) oscilações denominadas resposta flutuante.
A NBR 6123:1988 estabelece que para edificações com período
fundamental menor ou igual a um segundo a influência da resposta flutuante é
pequena e seus efeitos são considerados na determinação do fator , dessa
39

maneira pode-se considerar a ação do vento como estática. Para edificações com
período fundamental maiores que um segundo, os efeitos dinâmicos devem ser
considerados fazendo a superposição das respostas média e flutuante, conforme
item 9 e Anexo I da NBR 61223:1988. Outro fator que deve ser levado em
consideração é a frequência natural de vibração das edificações, edifícios com
frequência natural de vibrações menores que um hertz deve ter os efeitos dinâmicos
considerados (PRAVIA 2004).
São considerados alguns termos quando se trata de ações devido ao
vento, as definições desses termos de acordo com a NBR 6123:1988 são indicadas
abaixo e ilustrados na Figura 10:
 Barlavento: é a região em que o vento incide em relação à edificação,
nesse sentido são produzidos esforços de pressão na região da
estrutura em que o vento está atuando;
 Sotavento: é a região oposta àquela em que o vento incide em
relação à edificação, nesse sentido são produzidos esforços de
sucção na região oposta da estrutura em que o vento está atuando;
 Sobrepressão: é a pressão efetiva acima da pressão atmosférica de
referência, tem sinal positivo;
 Sucção: é a pressão efetiva abaixo da pressão atmosférica de
referência, tem sinal negativo.

Sotavento

Barlavento

Figura 10: Região de Barlavento e sotavento. Fonte: Próprio Autor.


40

Determinam-se as forças estáticas devidas ao vento, tendo como base a


velocidade básica do vento ( ), adequada ao local onde a estrutura será construída.
De acordo com a NBR 6123:1988, a velocidade básica do vento ( ), é a velocidade
de uma rajada de 3 segundos, excedida em média uma vez em 50 anos, a 10 m
acima do terreno e em campo aberto e plano. Padaratz (1977) apresenta o mapa de
isopletas da velocidade básica do vento que serve como base atualmente para a
NBR 6123:1988 (Figura 11).

Figura 11: Mapa de Isopletas do Brasil. Fonte: NBR 6123:1988 adaptado por Loredo-Souza, 2015.

Tendo a velocidade básica de projeto definida, multiplica-se a mesma pelos


fatores , e , e assim obtém-se a velocidade característica do vento :

(23)

Onde:
S1 Fator topográfico;
41

S2 Fator que considera a influência da rugosidade do terreno, das


dimensões da edificação ou parte da edificação em estudo, e de sua
altura sobre o terreno;
S3 Fator baseado em conceitos probabilísticos.

Uma vez determinada a velocidade característica do vento, é possível


determinar a pressão dinâmica utilizando a Equação 24. Nessa equação, a
pressão dinâmica é dada em N/m² e a velocidade característica em m/s, e é válida
supondo uma temperatura de 15ºC e uma pressão atmosférica de 1 atm
(1013mbar):

(24)

A força devido ao vento depende da diferença de pressão nas faces


opostas da parte da edificação em estudo, sendo assim a força devido ao vento é
obtida pela Equação 25:
(25)

Onde:
Coeficiente de pressão e de forma externa;
Coeficiente de pressão e de forma interna;
Área perpendicular ao plano de atuação do vento.

Quando os valores de coeficientes de pressão externa ou interna são


positivos, isso corresponde a ações de sobrepressões, e valores negativos
correspondem a ações de sucções.

3.2.2 Fator Topográfico S1

O fator topográfico considera a variação no relevo do terreno. Segundo


a NBR 6123:1988, o fator S1 é determinado conforme as descrições a seguir:

 Para terrenos planos ou fracamente acidentados: ;


42

 Para talude e morros, deve-se levar em consideração os itens


descritos a seguir e a Figura 12.

Figura 12: Fator topográfico S1. Fonte: NBR 6123:1988.

Considerando a Figura 12, a NBR 6123:1988 define que se a estrutura se


encontra no ponto A ou nos pontos A e C; .

Se a estrutura se encontra no ponto B, passa a ser uma função e


tem-se:

( ) (26)

( ) (27)

Deve-se interpolar linearmente se:

e
43

Onde:
: é a altura medida a partir da superfície do terreno no ponto
considerado;
: diferença de nível entre a base e o topo do talude ou morro;
: inclinação média do talude ou encosta do morro.

 Por fim, para vales profundos protegidos da ação do vento em


qualquer direção: .

3.2.3 Fator S2

Segundo a NBR 6123:1988, “o fator considera o efeito combinado da


rugosidade do terreno, da variação da velocidade do vento com a altura acima do
terreno e das dimensões da edificação ou parte da edificação em consideração”.

A rugosidade do terreno é dividida em cinco categorias e em três classes:


 Categoria I: terrenos com superfícies lisas de grandes dimensões
com mais de 5 km de extensão (exemplos: mar calmo, lagos e rios,
pântanos sem vegetação);
 Categoria II: terrenos abertos em nível, ou aproximadamente em
nível, com poucos obstáculos isolados, tais como árvores e
edificações baixas (exemplos: zonas costeiras e planas, pântanos
com vegetação rala). Nessa categoria a cota média dos obstáculos
é considerada inferior ou igual a 1,0 m;
 Categoria III: terrenos planos ou ondulados com obstáculos (exemplo:
granjas e casas de campo, fazendas com sebes e/ou muros). Nessa
categoria a cota média dos obstáculos é considerada igual a 3,0 m;
 Categoria IV: terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco
espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada (exemplos:
cidades pequenas e seus arredores, subúrbios densamente
construídos de grandes cidades, áreas industriais plena ou
parcialmente desenvolvidas). Nessa categoria a cota média do topo
dos obstáculos é considerada igual a 10 m;
44

 Categoria V: terrenos cobertos por obstáculos numerosos, altos e


pouco espaçados (exemplo: centros de grandes cidades, complexos
industriais bem desenvolvidos). Nessa categoria a cota média dos
obstáculos é considerada igual ou superior a 25 m.

Quando se trata das dimensões da edificação a NBR 6123:1988


estabelece uma divisão em três classes, essas classes têm intervalos de tempo
diferentes para o cálculo da edificação:

 Classe A: Toda edificação cuja maior dimensão, seja ela horizontal


ou vertical, não ultrapasse 20 m. Para a classe A o intervalo de
tempo é de 3 s;
 Classe B: Toda edificação cuja maior dimensão, seja ela horizontal
ou vertical, esteja entre 20 m e 50 m. Para a classe B o intervalo de
tempo é de 5 s;
 Classe C: Toda edificação cuja maior dimensão, seja ela horizontal
ou vertical, ultrapasse 50 m. Para a classe C o intervalo de tempo é
de 10 s.

O fator é obtido pela seguinte equação:

(28)

A Tabela 1 indica os parâmetros para determinar :

Tabela 1: Parâmetros meteorológicos. Fonte NBR 6123:1988.


Zg Classes
Categoria Parâmetro
(m) A B C
b 1,1 1,11 1,12
I 250
p 0,06 0,065 0,07
b 1 1 1
II 300 Fr 1 0,98 0,95
P 0,085 0,09 0,1
b 0,94 0,94 0,93
III 350
p 0,1 0,105 0,115
b 0,86 0,85 0,84
IV 420
p 0,12 0,125 0,135
b 0,74 0,73 0,71
V 500
p 0,15 0,16 0,175
45

3.2.4 Fator Estatístico S3

O fator baseia-se em conceitos estatísticos e considera o grau de


segurança requerido e a vida útil da edificação. Para o fator a NBR 6123:1988
divide os tipos de edificações em 5 grupos:

 Grupo 1: enquadram-se nesse grupo edificações cuja a ruína total


ou parcial pode afetar a segurança ou a possibilidade de socorro a
pessoas após algum evento. São exemplos para o Grupo 1:
hospitais e quarteis de bombeiros. Para o Grupo 1, o valor de
;
 Grupo 2: enquadram-se nesse grupo edificações para hotéis,
residências, edificações para comércio e industrias com alto fator de
ocupação. Para o Grupo 2, o valor de ;
 Grupo 3: enquadram-se nesse grupo edificações industrias com
baixo fator de ocupação. Para o Grupo 3, o valor de ;
 Grupo 4: enquadram-se nesse grupo elementos de vedações. Para
o Grupo 4, o valor de ;
 Grupo 5: enquadram-se nesse grupo edificações temporárias,
estruturas dos grupos 1 a 3 durante a construção. Para o Grupo 5, o
valor de .

3.2.5 Coeficientes de Pressão e de Forma Externos

As Tabelas 4 a 8 apresentadas na NBR 6123:1988 estabelecem valores


para os coeficientes de pressão para diversos tipos de edificações e para algumas
direções críticas. Também são apresentados nessas tabelas os valores dos
coeficientes para zonas de altas sucções, que aparecem nas arestas das paredes e
de telhados.

Para fins desse trabalho, serão utilizados valores propostos pelas Tabelas
4 e 5 da NBR 6123:1988 e reescritos nas Tabelas 2 e 3.
46

Tabela 2: Coeficientes de pressão e de forma, externos, para paredes de edificações de planta


retangular. Fonte Belley (1998)

Notas para Tabela 2:

 Para a/b entre 3/2 e 2, interpolar linearmente;


 Para vento a 0º nas partes A3 e B3, o coeficiente de forma Ce tem os
seguintes valores:
o Para a/b = 1: mesmo valor das partes A2 e B2;
o Para a/b ≥ 2: Ce = -0,2;
o Para 1 < a/b < 2: interpolar linearmente;
 Para cada uma das duas incidências do vento, o coeficiente de
pressão média CPe médio, é aplicado à parte de barlavento das
paredes paralelas ao vento, em uma distância igual a 0,2b ou h,
considerando o menor valor.
47

Tabela 3: Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com duas águas, simétricos,
em edificações de planta retangular. Fonte Belley (1998)

Notas para Tabela 3:

 O coeficiente de forma Ce na face inferior do beiral é igual ao da


parede correspondente;
 Nas zonas em torno de partes de edificações salientes ao telhado
(chaminés, reservatórios, torres, etc.), deve ser considerado um
coeficiente de forma Ce = 1,2, até uma distância igual à metade da
dimensão da diagonal da saliência vista em planta;
 Na cobertura de lanternins, CPe médio = -2,0;
48

 Para vento a 0º, nas partes I e J o coeficiente de forma Ce tem os


seguintes valores:
o a/b = 1: mesmo valor das partes F e H;
o a/b ≥ 2: Ce = -0,2;
o Interpolar linearmente para valores intermediários de a/b.

3.2.6 Coeficientes de Pressão Interna

Os coeficientes de pressão interna variam de acordo com a permeabilidade,


que acontece devido à presença de aberturas e da localização dessas aberturas na
edificação em relação ao vento. A NBR 6123:1988 estabelece como impermeáveis os
seguintes elementos de vedação: lajes e cortinas de concreto armado ou protendido,
paredes formadas de alvenaria, pedras, tijolos, blocos de concreto e afins desde que
estejam sem portas, janelas ou quaisquer outras aberturas.

São apresentados os seguintes valores para os coeficientes de pressão


interna segundo a NBR 6123:1988:

 Para edificações com duas faces opostas permeáveis; as outras


faces permeáveis:
o CPi = +0,2 para vento perpendicular a uma face permeável;
o CPi=-0,3 para vento perpendicular a uma face impermeável.
 Para edificações com quatro faces igualmente permeáveis:
o CPi = 0 ou -0,3 (considerar o valor mais nocivo).
 Para edificações com abertura dominante em uma face, as outras
faces de igual permeabilidade:
o Abertura dominante na face de barlavento: para esse caso a Tabela
4 indica os valores dos coeficientes de pressão interna:

Tabela 4: Coeficientes de pressão interna para abertura dominante na face de barlavento.


Fonte NBR 6123:1988.
Proporção entre a área de todas as aberturas na face de barlavento e área
CPi
total das aberturas em todas as faces submetidas a sucções externas.
1 + 0,1
1,5 + 0,3
2 + 0,5
3 + 0,6
6 ou mais + 0,8
49

o Abertura dominante na face de sotavento, abertura dominante em


uma face paralela ao vento e abertura dominante não situada em
zona de alta sucção externa: deve-se adotar o valor do coeficiente
de forma externo, Ce correspondente a essa face, na Tabela 4 da
NBR 6123:1988;
o Abertura dominante situada em zona de alta sucção: para esse caso
a Tabela 5 indica os valores dos coeficientes de pressão interna:

Tabela 5: Coeficientes de pressão interna para abertura dominante situada em zona de alta sucção.
Fonte NBR 6123:1988.
Proporção entre a área da abertura dominante e
área total das outras aberturas situadas em todas as CPi
faces submetidas a sucções externas.
0,25 - 0,4
0,5 - 0,5
0,75 - 0,6
1 - 0,7
1,5 - 0,8
3 ou mais - 0,9

 Para edificações efetivamente estanques com janelas fixas que


tenham uma probabilidade desprezível de serem rompidas:
o CPi = 0 ou -0,2 (considerar o valor mais nocivo).

Através do anexo D da NBR 6123:1988 é possível se fazer um maior


entendimento a respeito dos coeficientes de pressão interna.

3.3 Efeitos de Vizinhança

Conforme descrito no item 1.1, os coeficientes aerodinâmicos variam


muito com as condições de vizinhança, essa variação pode ser benéfica ou não.
Segundo Mara et al. (2014), os carregamentos de vento em edifícios altos no meio
urbano são fortemente afetados pelas interferências aerodinâmicas. Carpentierie et
al. (2015) e Kim et al. (2015) identificaram em seus estudos que vários fatores
alteram o fluxo em um edifício, tais como, altura, forma e disposição das edificações
vizinhas.
Yu et al. (2015) analisaram em túnel de vento a ação do fluido em dois
edifícios altos e identificaram tanto efeitos de proteção (onde os coeficientes
50

aerodinâmicas diminuem), como efeitos de ampliação nos coeficientes de pressão.


Para além disso, os autores propõe uma formulação que apresenta o fator de
interferência em função do espaçamento entre os edifícios. Estudos como o de Lam
et al. (2011) também identificaram tanto efeito de proteção como efeito de majoração
nos coeficientes de pressão.
Alguns estudos em túnel de vento considerando efeitos de vizinhança
apresentaram coeficientes de pressão até 50% maiores em relação ao modelo
isolado (HUY et al., 2013, LIM et al., 2014, YAN e SHENG 2016). Sendo assim,
destaca-se a importância de se considerar os efeitos de vizinhança quando se trata
da ação do vento.
Os primeiros estudos que levam em consideração as condições de
vizinhança são apresentados a partir da década de 30, um breve histórico sobre
esses estudos é apresentado no item 3.3.1.

3.3.1 Breve Histórico Sobre os Estudos dos Efeitos de Vizinhança

Harris (1934) verificou, através de uma análise experimental, a variação


da ação do vento no edifício Empire State, em Nova Iorque, onde foram projetados
dois edifícios para serem construídos nos quarteirões adjacentes – ver Figura 13.
Nessa análise, Harris concluiu que os momentos de torção no Empire State foram
quase duplicados. Por outro lado, também constatou que as pressões foram
diminuídas em algumas direções da ação do vento.

Figura 13: Modelos sobre a plataforma do túbel de vento.


Fonte: Harris (1934).
51

Bailey and Vicent (1943) ensaiaram algumas construções próximas, de


alturas baixas e médias e constataram um aumento das sucções nas coberturas e
de sobrepressões nas paredes.
Em novembro de 1965, três torres de resfriamento de um grupo de oito,
entraram em colapso em Ferrybridge na Inglaterra – ver Figura 14. Na análise da
ação do vento sobre as torres foi considerada uma única torre isolada. Esquillan
(1968) diz que uma das causas deste acidente foi a aceleração do vento por um
efeito Venturi. Blessmann (1989) atribui que, além do efeito Venturi, outras causas
podem ter sido a causa do acidente, como a subestimação da velocidade do vento,
o anel superior de enrijecimento da torre pode ter sido inadequado, casca muito fina
e problemas nas fundações.

Figura 14: Torres em colapso em Ferrybridge.


Fonte: https://deust.wordpress.com/2012/08/27/efek-venturi-pada-bangunanstrukturtinggi/.
Acesso em: 25 de junho de 2016.

Blessmann (1989) cita alguns dos principais estudos realizados sobre


os efeitos de vizinhança:
 Hamilton (1962, apud BLESSMANN, 1989) realizou ensaios
considerando o caso de dois modelos cúbicos, onde um dos
cubos se mantinha fixo o outro era girado, quando comparado
com o modelo isolado, as pressões sofreram grandes
alterações;
 Newbewrry, Eaton e Mayne (1957), conforme citado por
Blessmann (1989), observaram o efeito de proteção em edifícios
analisando o vento natural. De um lado onde o edifício não
contava com obstrução dos demais o C e foi de +0,83, enquanto
do lado protegido o C e foi de +0,24;
52

 Leutesser (1971) estudou o efeito de vizinhança em quatro


edifícios altos (utilizando uma corrente de ar uniforme de baixa
turbulência) e concluiu que as sobrepressões foram globalmente
minimizadas e as sucções aumentadas (apud, BLESSMANN,
1989);
 Kelnhofer (1971, apud BLESSMANN, 1989) realizou uma série
de ensaios para verificar a influência de uma edificação vizinha
sobre as sucções na cobertura horizontal de um edifício
paralelepipédico. Nesses ensaios Kelnhofer analisou a variação
da direção do vento, a relação de altura dos modelos e o
afastamento entre os edifícios;
 Reinhold et al. (1977), conforme citado por Blessmann (1989),
verificaram a interação de dois prismas quadrados e iguais em
dois fluxos bidimensionais;
 Sarode et al. (1977) verificaram prismas de seção circular e
quadrada. Com os ensaios os autores concluíram que o arrasto
no modelo situado na esteira varia fortemente com o
afastamento e é consideravelmente menor que o arrasto em
modelo isolado (apud, BLESSMANN, 1989);
 Baskaran et al. (1996, apud BLESSMANN, 1989) verificaram
utilizando fluidodinâmica computacional (CFD) a variação na
velocidade do vento entre edifícios vizinhos e constataram que
os resultados foram sensíveis as variações na largura entre os
edifícios.

No Brasil, o Laboratório de Aerodinâmica das Construções, da


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desenvolve um amplo e sistemático
estudo sobre a interação de edifícios prismáticos desde 1978 com Blessmann e
Riera.
Khanduri et al. (1997) selecionaram pontos comuns na literatura sobre
os efeitos de vizinhança e indicam uma abordagem numérica para avaliação dos
efeitos de interferência do vento nos carregamentos de edifícios. Os mesmos
autores, em 1998, indicam que o fato das condições de vizinhança ser um
53

problema complexo e de vários estudos apresentarem algumas variações, se


faz necessário a proposta de uma normativa universal pra uso prático de
projetistas.

3.3.2 Causas dos Efeitos de Vizinhança

3.3.2.1 Efeito Venturi

O efeito Venturi ocorre quando as edificações vizinhas (geralmente


edificações muito próximas) devido as suas formas, dimensões ou orientações
causam um afunilamento do vento, como mostrado na Figura 15. Com o
afunilamento, ocorre um aumento da aceleração do fluxo do ar e consequentemente
uma alteração nas pressões.

Figura 15: Efeito Venturi. Fonte: Carpeggiani, 2004.

3.3.2.2 Deflexão do Vento na Direção Vertical

Como ilustrado na Figura 16, quando as edificações são altas, elas


defletem para baixo parte do vento que incide à barlavento, aumentando a
velocidade nas áreas próximas ao solo. Quando há edificações baixas situadas
nessas áreas, poderão ter a ação do vento aumentada por esse efeito. Segundo
54

Loredo-Souza et al. (2009) os coeficientes de forma médios das edificações baixas


atingem valores entre -1,5 e -2,0.

Figura 16: Deflexão do vento na direção vertical. Fonte: Loredo-Souza et al. (2009).

3.3.2.3 Turbulência da Esteira

Se uma edificação está localizada à sotavento de outra, essa edificação


pode ser afetada pela turbulência gerada na esteira da edificação de barlavento, o
que pode gerar efeitos de golpe e alterar consideravelmente as pressões – a Figura
17 ilustra esse fenômeno.

Figura 17: Característica da esteira. Fonte: Loredo-Souza et al. (2009).

Cook (1990) apresenta três regimes de escoamento diferentes para


edificações alinhadas na direção do vento:
(i) Regime de escoamento de corpo isolado;
(ii) Regime de escoamento deslizante;
(iii) Regime de escoamento de interferência de esteira.
55

Como mostrado na Figura 18, no regime de escoamento de corpo isolado, os


edifícios são afastados de forma que um não causa interferência no outro. De acordo com
Loredo-Souza et al. (2009):
Um vórtice de pé de fachada forma-se em torno de cada edifício
individualmente e o escoamento posterior à esteira recola ao solo, antes de
atingir o próximo edifício. Neste caso, a distância de separação x, é maior
do que a soma dos comprimentos de separação a barlavento e de
recolamento à sotavento. O efeito de proteção neste caso é menor e as
forças em cada edifício individualmente são similares aos valores
correspondentes ao edifício isolado.

Figura 18: Regime de escoamento de corpo isolado. Fonte: Carpeggiani, 2004.

O regime de escoamento deslizante acontece quando os edifícios são tão


próximos que pode haver a formação de um vórtice entre os edifícios, dessa maneira,
como ilustrado na Figura 19, o escoamento parece saltar ou deslizar sobre o topo dos
edifícios. Nesse regime há um efeito de proteção no edifício à sotavento e as força
devido ao vento no edifício em questão são baixas, já que este edifício está
mergulhado na esteira do edifício à barlavento (LOREDO-SOUZA et al., 2009).

Figura 19: Regime de escoamento deslizante. Fonte: Carpeggiani, 2004.


56

Já o regime de escoamento de interferência de esteira, acontece num


estado intermediário entre o regime de escoamento deslizante e o de corpo isolado.
“Neste caso não há espaço suficiente para a formação completa da esteira, porém a
separação é muito grande para que possa existir um vórtice estável” (LOREDO-
SOUZA et al., 2009) – ver Figura 20.

Figura 20: Regime de escoamento de interferência de esteira. Fonte: Carpeggiani, 2004.

3.3.3 Efeitos de Vizinhança Segundo a NBR 6123:1988

A NBR 6123:1988 estabelece que não é possível indicar valores


numéricos para efeitos de vizinhança de um modo genérico e normativo. O ideal é
realizar ensaios em túnel de vento, onde é possível reproduzir as condições reais de
vizinhança e as características do vento natural.

3.3.3.1 Efeitos de Vizinhança nos Coeficientes Aerodinâmicos

A NBR 6123:1988 apresenta uma indicação aproximada dos aumentos


que os coeficientes aerodinâmicos podem sofrer devido os efeitos de vizinhança no
Anexo G.
Considerando:
: afastamento entre os planos das faces confrontantes de duas edificações altas
vizinhas, sendo a x b as dimensões em planta das edificações (a x b entre 1 x 1 e 4
x 1);
: a menor das duas dimensões;
- lado menor ;
- semidiagonal √ ;
57

: fator de efeito de vizinhança, definido pela relação:

(29)

: coeficiente aerodinâmico em estudo ( ).


Os valores representativos de são:
 Para coeficiente de arrasto, (Figuras 4 e 5 da NBR 6123:1988);
para coeficientes de forma, , e para valor médio do coeficiente de
pressão, médio, em paredes confrontantes (faces paralelas ao
vento na Tabela 4 da NBR 6123:1988):

 Para coeficiente de forma, , e para valor médio do coeficiente de


pressão, médio, na cobertura (ver Tabela 5 da NBR 6123:1988):

Para valores intermediários entre deve-se interpolar linearmente.


Os fatores de efeito de vizinhança são considerados até a altura do topo
dos edifícios vizinhos.

3.3.3.2 Efeitos de Vizinhança no Coeficiente de Torção

A NBR 6123:1988 apresenta no item 6.6 as considerações dos efeitos de


vizinhança no coeficiente de torção, onde indica que para o caso de edificações
58

paralelepipédicas, o projeto deve levar em conta, dentre outras especificações, as


excentricidades causadas por vento agindo obliquamente ou por efeitos de
vizinhança. Os esforços de torção daí oriundos são calculados considerando estas
forças agindo, respectivamente, com as seguintes excentricidades, em relação ao
eixo vertical geométrico:

 Edificações sem efeitos de vizinhança: e ;


 Edificações com efeitos de vizinhança: e ;
 é medido na direção do lado maior, , e é medido na direção
do lado menor, b.

Os efeitos de vizinhança são considerados somente até a altura do topo


das edificações situadas nas proximidades, dentro de um círculo de diâmetro igual à
altura da edificação em estudo, ou igual a seis vezes o lado menor da edificação,
adotando-se o menor destes dois valores.

3.4 Fluidodinâmica Computacional

A fluidodinâmica computacional (CFD) analisa sistemas que envolvem o


fluxo de fluidos por meio das equações de Navier-Stokes (que regem o transporte de
massa, momento e energia) e da lei de conservação de massa, que são resolvidas
por computadores. A evolução dessa técnica só foi possível devido aos avanços
computacionais.

Dentre as diversas áreas que a fluidodinâmica atua se destacam:


problemas que envolvem fluxo de fluidos, transferência de calor e fenômenos como
reações químicas, Silva et al. (2016) destaca que a fluidodinâmica computacional
envolve três áreas da engenharia: teoria de fenômeno dos transportes, métodos
numéricos e computação científica. Na área industrial o desenvolvimento em CFD se
deu a partir da década de 1990 e permitiu algumas vantagens com relação às
análises experimentais, tais como: a redução de custos e tempo de espera em novos
projetos, habilidade de se analisar sistemas muito grandes, estudar sistemas em
condições perigosas (VERSTEEG E MALALASEKERA 1995).
59

Versteeg e Malasekara (1995) indicam que a estruturação dos códigos


CFD se dá por algoritmos numéricos que resolvem os problemas de fluxo de fluidos.
Para melhorar a interface com o usuário os códigos CFD possuem três etapas: pré-
processamento, solução e pós-processamento. O pré-processamento envolve as
etapas importantes para a análise em CDF, são essas etapas:

 Definição da geometria para formar o domínio computacional;


 Geração da malha: nessa etapa Murakami e Mochida (1988)
indicam que a malha deve ser refinada o suficiente para resolver os
problemas de fluxo. A qualidade da malha afeta os resultados da
análise em CFD, já que a solução para os problemas de fluxo
(velocidade, pressão, temperatura, etc.) é definida nos nós de cada
célula da malha, portanto a precisão da solução em CFD é regida
também pela qualidade e refinamento da malha;
 Seleção dos fenômenos físicos e químicos que precisam ser
modelados;
 Definição das propriedades dos fluidos;
 Especificação das condições de contorno.

A etapa de pré-processamento exige muito tempo para modelagem do


domínio, atualização da malha e ajustes de parâmetros de convergência (PASQUAL
2011).

A Solução é a etapa responsável pelo processamento das informações


inseridas no pré-processamento. As etapas realizadas pelos algoritmos numéricos
são (VERSTEEG E MALALASEKERA 1995):

 Aproximação das variáveis de fluxo por meio de funções simples;


 Discretização pela solução das aproximações entre as equações de
transporte de fluxo e as manipulações matemáticas subsequentes;
 Solução das equações algébricas;

Para a resolução numérica existem alguns métodos que podem ser


utilizados: diferenças finitas, elementos finitos, métodos espectrais e método dos
volumes finitos. A diferença entre esses métodos está na aproximação das variáveis
60

do fluxo e na discretização da solução, CHUNG (2002) indica que o método das


diferenças finitas é formulado para malhas estruturadas, enquanto o método dos
volumes finitos é válido também para malhas não estruturadas. O ANSYS CFX
utiliza o método dos volumes finitos (MVF), que foi formulado por Patankar em 1980,
evoluiu do método das diferenças finitas. As etapas que os algoritmos que compõe o
MVF são (VERSTEEG E MALALASEKERA 1995):

 Integração das equações que regem o escoamento em todo


domínio computacional;
 Conversão das equações em um sistema de equações algébricas;
 Solução do sistema de equações algébricas por um método
iterativo.

De acordo com Maliska (1995):

O MVF, ao criar suas equações aproximadas, realiza um balanço da


propriedade em nível de volumes elementares. Se o que se busca com o
método do numérico é a solução da equação diferencial que representa a
conservação da propriedade em nível ponto (infinitesimal), parece lógico
que as equações aproximadas (que formam o sistema linear) representem a
conservação em nível de volumes elementares (discreto). A depuração de
um programa computacional também fica mais fácil quando o analista tem
etapas a serem conferidas. Como no MVF os balanços de conservação
devem ser satisfeitos em nível de volumes elementares, para qualquer
tamanho de malha, todos os princípios de conservação podem ser
checados em uma malha bastante grosseira. Ou seja, quase tudo pode ser
feito manuseando-se poucos resultados em execuções rápidas no
computador. Em outros métodos, pode-se apenas conferir a solução com
uma malha refinada.

Long (2017) apresenta em suas notas de aula, a formulação para o MVF.


A Equação 30 representa a equação de conservação geral que rege o transporte de
massa, momento e energia no volume de controle gerado pelo domínio
computacional, onde o primeiro termo da equação é o termo transiente, o segundo é
o termo divergente que faz o balanço do que entra e sai no domínio, o terceiro é o
termo de troca por difusão interna e o último é o termo fonte.
61

(30)
∫ ∮ ∮ ∫

Os valores de Ø para Equação 30 seguem conforme Tabela 6 e a Figura


21 ilustra um domínio discretizado.

Tabela 6: Valores de Ø para a Equação 30.


Fonte Adaptado de Ansys.
Equação Ø
Continuidade 1
Momento X u
Momento Y v
Momento Z w
Energia h

Domínio
discretizado
Volume de para análise em
controle volumes finitos

Figura 21: Discretização do volume de controle de um tubo. Fonte: Bakker, 2006.

O pós-processamento apresenta os resultados da simulação numérica,


pode-se observar gráficos de vetores, linhas de fluxo, gráficos e linhas de contorno,
trajetória de partículas, realizar animações, etc. É nesta etapa que o usuário
consegue avaliar a qualidade de sua análise em CFD, no caso da análise da ação
do vento, é possível obter os coeficientes de pressão, analisar o fluxo do vento
entorno dos edifícios analisados e verificar a velocidade do fluxo, com esses
resultados em mãos pode-se, através de comparações com ensaios experimentais,
estudos na literatura ou valores de referências normativos validar a qualidade
eficiência da simulação.

3.4.1 Turbulência

As equações de Navier-Stokes são válidas para qualquer regime de


escoamento, seja laminar ou turbulento, no entanto, quando se emprega
62

diretamente estas equações o modelo de turbulência utilizado é a Simulação Direta


da Turbulência (SDT), esse modelo apresenta resultados com alta precisão (Figura
22) e requer utilização de malhas cada vez mais refinadas, que como consequência
exige um enorme esforço computacional (BRAUN 2007). Como alternativa deve-se
recorrer à utilização de outros modelos de turbulência, tais como o modelo Large
Eddy Simulation (LES) e o modelo Reynolds Average Navier-Stokes (RANS).

Figura 22: Resultados para simulação com modelo de turbulência SDT. Fonte: Ansys.

O modelo de turbulência LES – Simulação de Grandes Escalas também


demanda um grande esforço computacional e utilizam um processo onde as maiores
estruturas são calculadas pelas equações de Navier-Stokes e as menores utilizam o
modelo de turbulência LES (GALTER 2015). A Figura 23 representa os resultados
de uma simulação com o modelo de turbulência LES.

Figura 23: Resultados para simulação com modelo de turbulência LES. Fonte: Ansys.

O modelo de turbulência RANS decompõe as variáveis em valores


médios e flutuantes, as estruturas médias são calculadas pelas equações de Navier-
Stokes e as estruturas flutuantes são calculadas por notação tensorial. A Figura 24
representa os resultados de uma simulação com o modelo de turbulência RANS. O
esforço computacional exigido pelo modelo de turbulência RANS é bem menor que
os demais modelos.
63

Figura 24: Resultados para simulação com modelo de turbulência RANS. Fonte: Ansys.

O ANSYS CFX disponibiliza vários modelos de turbulência para análise


em CFD. A Figura 25 ilustra os modelos disponibilizados pelo software.

Figura 25: Opções de Modelos de turbulência oferecido pelo ANSYS CFX.


Fonte: Ansys.

Vários estudos foram realizados utilizando o modelo , dentre eles


pode-se citar: Gomes et al. (2005) apresentaram uma comparação entre os valores
de coeficientes de pressão obtidos em CFD e em túnel de vento para edificações de
formas em “u” e “l” e concluíram que as simulações numéricas de uma forma geral
reproduziram as tendências experimentais; Manfrim (2006) simulou a ação do vento
em edifícios com cobertura em duas águas – variando a inclinação das coberturas -
64

utilizando o software ANSYS e obteve resultados semelhantes aos da NBR


6123:1988 para o edifício com inclinação de 15°.
O modelo utilizado para desenvolver as análises numéricas neste trabalho
foi o modelo Shear Stress Transport Model (SST), este modelo foi proposto por
Menter em 1993 para resolver problemas em CFD para aeronáutica. O modelo SST
é um modelo do tipo RANS que combina a formulação dos modelos e
(Figura 26), já que os desempenhos desses modelos dependem da região do fluxo,
sendo o modelo muito melhor para fluxos na camada limite, ao contrário do
modelo que não é capaz de capturar o comportamento do fluxo na camada
limite e apresenta bons resultados na região de fluxo livre (MENTER 2003 e KARIM
et al., 2009).

Parede

Figura 26: Combinação dos modelos e pelo modelo SST.


Fonte: Ansys.

Vizotto e Ferreira (2015) utilizaram o modelo SST para analisar os


coeficientes de pressão em uma casca de forma livre utilizando o ANSYS CFX e
concluíram que os resultados foram similares aos resultados experimentais.
A formulação do modelo SST é apresentada a seguir, a Equação 31
representa a energia cinética turbulenta e a Equação 32 representa a taxa de
dissipação de energia cinética turbulenta (MENTER 2003):

(31)
̃ [ ]
65

(32)

[ ]

Sendo que, a função é a função de mistura dada por:

√ (33)
{, * ( ) +- }

Com definido pela Equação 34 e a distância até a parede mais


próxima.

(34)
( )

é igual a zero quando esta afastado da superfície ( ) e igual a um


dentro da camada limite ( ).
A viscosidade turbulenta é definida por:

(35)

Onde é uma medida do tensor taxa de deformação e é a segunda


função de mistura dada por:
(36)

[[ * +] ]

̃ – é um limitador para evitar acúmulo de turbulência nas regiões de


estagnação, dado por:
66

(37)
̃ ( ) ̃

As outras variáveis são valores constantes definidas por:


;
;
;
;
;
;
;
;
.
67

4. DESCRIÇÃO DOS MODELOS DA ANÁLISE NUMÉRICA

Inicialmente, com o intuito de validar os critérios adotados nas análises


numéricas, verificou-se a ação do vento sobre um cilindro com 15 m de altura e 3
m de raio, isto é, uma estrutura bastante simples, cuja ação do vento é bastante
conhecida – em particular, o valor da pressão dinâmica. Foram realizados três
modelos numéricos para a análise do cilindro, considerando a variação do tempo
de incidência da ação do vento em 3 s, 5 s e 10 s. A Figura 27 ilustra o domínio de
análise.

Figura 27: Domínio com cilindro. Fonte: Próprio autor.

Para análise dos efeitos de vizinhança nos edifícios com cobertura em


duas águas, foram considerados os modelos descritos na Tabela 7. As dimensões
consideradas para o edifício em estudo seguem o proposto por Requena (2012) e
são apresentadas na Figura 28.
A nomenclatura dos modelos segue o seguinte critério:
XG-VY-Zm
Onde:
X é o numero de edifícios;
Y é a direção de incidência do vento;
Z é a distância entre os edifícios.
68

Dessa maneira, o modelo 2G-V90-15m diz respeito à análise numérica de


dois edifícios, com vento incidindo a 90º e com 15m de distância entre os edifícios.

Tabela 7: Modelos utilizados para análise. Fonte Próprio autor.


MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO
MODELO
VARIÁVEIS 1G-V0- 1G-V90- 2G-V0- 2G-V90- 2G-V0- 2G-V90- 2G-V0-
2G-V90-15m
0m 0m 5m 5m 10m 10m 15m

DISTÂNCIA ENTRE
- - 5m 5m 10m 10m 15m 15m
EDIFÍCIOS

INCIDÊNCIA DO
0º 90º 0º 90º 0º 90º 0º 90º
VENTO

MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO MODELO


VARIÁVEIS 3G-V0- 3G-V90- 3G-V180- 3G-V0- 3G-V90- 3G-V180- 3G-V0- 3G-V90- 3G-V180-
5m 5m 5m 10m 10m 10m 15m 15m 15m

DISTÂNCIA ENTRE
5m 5m 5m 10m 10m 10m 10m 15m 15m
EDIFÍCIOS

INCIDÊNCIA DO
0º 90º 180º 0º 90º 180º 0º 90º 180º
VENTO

Figura 28: Dimensões (mm) dos edifícios analisados. Fonte: Próprio autor.

Após determinar a geometria do edifício, estabeleceram-se os critérios


para a análise dos efeitos de vizinhança. Para o modelo 1G-V0-0m, assim como
no modelo do cilindro, foram realizadas três análises variando o tempo de
incidência da ação do vento, 3 s, 5 s e 10 s. Também foi realizada uma
verificação considerando uma análise em regime laminar e outra em regime
turbulento para os modelos 1G-V0-0m e 1G-V90-0m. A título ilustrativo, as
Figuras 29, 30 e 31, apresentam os domínios para o modelo com um, dois e três
edifícios. No total realizou-se 24 modelos numéricos, a Figura 32 apresenta um
resumo de todas as análises.
69

Figura 29: Domínio com um edifício com cobertura em duas águas.


Fonte: Próprio autor.

Figura 30: Domínio com dois edifícios com cobertura em duas águas.
Fonte: Próprio autor.

Figura 31: Domínio com três edifícios com cobertura em duas águas.
Fonte: Próprio autor.
70

Figura 32: Resumo das análises numéricas. Fonte: Próprio autor.


71

5. METODOLOGIA

No presente trabalho utiliza-se ferramenta CFX do software ANSYS,


versão 15, para a simulação dos domínios de análise. Como guia para utilização do
software, o tutorial apresentado por Caffarello (2016) foi tomado como base.
Conforme descrito no item 3.4 as análises são divididas em três etapas: pré-
processamento, solução e pós processamento, os itens a seguir descrevem os
critérios utilizados em cada etapa para os modelos estudados.

5.1 Pré-processamento

5.1.1 Geometria

Ao iniciar a análise numérica no CFX, a primeira tarefa é definir a


geometria do domínio de análise. Para definir a geometria pode-se importar uma
geometria feita em outro software - com uma plataforma CAD, por exemplo,
utilizando arquivos do tipo “.stp” - ou desenhar a geometria utilizando o ANSYS
DesignModeler ou ANSYS SpaceClaim. O ANSYS SpaceClaim é uma ferramenta
disponível na versão AIM do software e apresenta uma interface mais amigável ao
usuário quando comparada ao ANSYS DesignModeler. Como as análises do
presente trabalho possuem geometrias simples, optou-se por desenhar os edifícios
no ANSYS DesignModeler.
Para a análise em questão, é preciso simular a região onde o fluido irá
escoar, portanto é necessário criar uma região em torno dos elementos em análise
(cilindro e edifícios) e assim formar o domínio de análise. No caso dos modelos de
análise dos efeitos de vizinhança, além dos edifícios foi adicionado um cilindro
posicionado na altura da edificação, na região de barlavento onde a presença do
mesmo não afeta o fluxo do fluido sobre os edifícios - o papel deste cilindro é
funcionar como um tubo de Pitot.
Irwin (2013) propõe que a obstrução máxima da área de projeção do
modelo em relação à área transversal do domínio não ultrapasse 10%, para se evitar
a interferência do fluxo entre o modelo e as paredes do túnel de vento. Uma
72

recomendação da Ansys é que as dimensões do domínio de análise sigam as


proporções propostas na Figura 33.

Figura 33: Recomendação da ANSYS para as dimensões dos domínios de análise.


Fonte: Ansys.

Nos modelos analisados a maior área de obstrução em relação à área


transversal do túnel é de aproximadamente 5%. A Figura 34 e a Tabela 8
apresentam as dimensões dos domínios para cada modelo analisado.

Figura 34: Dimensões esquemáticas dos domínios. Fonte: Próprio Autor

Tabela 8: Dimensões dos domínios dos modelos numéricos. Fonte Próprio autor.

Dimensões dos domínios

MODELOS a (m) b (m) h (m)


CILINDRO 70 70 45
1G-V0-0m 150 200 60
1G-V90-0m 200 160 60
2G-V0-Zm 160 200 60
2G-V90-Zm 200 160 60
3G-VY-Zm 200 240 60
73

Após a definição do elemento a ser analisado e dos arredores desse


elemento é preciso extrair a região por onde o fluido irá escoar e é essa região que é
importante para análises em CFD, a extração dessa região é feita utilizando-se a
opção fill no ANSYS DesignModeler. A Figura 35 apresenta o domínio de análise
para o modelo do cilindro.

Figura 35: Vista isométrica com o domínio de análise para o modelo do cilindro.
Fonte: Próprio autor.

5.1.2 Malha

Após definir a geometria, deve-se definir a malha do domínio de análise. É


importante que a malha tenha boa qualidade, já que a mesma afeta a precisão da
solução, o tempo computacional necessário e a taxa de convergência. Existem dois
aspectos fundamentais para garantir a eficiência da malha: o primeiro é que a malha
tem que ter uma transição suave entre seus elementos e o segundo que a malha
deve ser refinada o suficientemente. Além dos aspectos citados, existem alguns
parâmetros que permitem avaliar a qualidade da malha, a maior parte associada às
questões geométricas e de conectividade entre os elementos vizinhos - alguns
desses parâmetros são: (i) aspect ratio (razão de aspecto), (ii) skewness (assimetria)
e (iii) orthogonal quality (qualidade ortogonal).
A razão de aspecto é definida pela razão entre a maior e a menor aresta
do elemento para elementos em duas dimensões, e para elementos tridimensionais
é a razão entre o raio do círculo circunscrito e o raio do círculo inscrito, conforme
74

Figura 36. Quanto mais próximo de 1,0 melhores são os resultados. Valores
elevados podem levar a erros inaceitáveis na aproximação numérica dos fluxos nas
faces. Uma recomendação da Ansys é que a razão de aspecto seja no máximo 100,
no entanto o CFX tolera valores até 1000.

Figura 36: Razão de Aspecto. Fonte: Ansys.

O skewness representa o desvio do vetor que conecta o centro dos


volumes vizinhos e o vetor normal à face. Ele pode ser calculado pelo desvio de
volume de um triângulo equilátero (aplicável para triângulos e tetraedros), conforme
Figura 37, ou pelo desvio do ângulo normal, conforme Figura 38. Quanto mais
próximo de zero melhor a qualidade da malha, a Ansys recomenda que os valores
não ultrapassem 0,94. A Figura 39 apresenta os valores de recomendação da Ansys
quando se analisa o skewness.

Célula Ideal (CI)

𝑇𝑎𝑚𝑎𝑛 𝑜 𝐶𝐼 𝑇𝑎𝑚𝑎𝑛 𝑜 𝐶𝐴
𝑆𝑘𝑒𝑤𝑛𝑒𝑠𝑠
𝑇𝑎𝑚𝑎𝑛 𝑜 𝐶𝐼

Célula Atual (CA)

Circunferência
Figura 37: Skewness – desvio de volume de um triângulo equilátero.
Fonte: Adaptado de Ansys.
75

Figura 38: Skewness – desvio do ângulo normal.


Fonte: Adaptado de Ansys.

Excelente Muito Bom Bom Aceitável Ruim Inaceitável

Figura 39: Recomendação da Ansys para valores de Skewness.


Fonte: Ansys.

A qualidade ortogonal de uma determinada célula é determinada com o


cálculo dos parâmetros para cada face da célula, conforme Figura 40 e o menor
valor entre as Equações 38 e 39. Quanto mais próximo de 1,0 melhor a qualidade
ortogonal da malha em questão, a Ansys recomenda que para uma analise em CFX
é tolerável o valor mínimo de 0,02. A Figura 41 apresenta os valores de
recomendação da Ansys para a qualidade ortogonal.

Figura 40: Qualidade ortogonal – Vetores utilizados o cálculo.


Fonte: Ansys.

(38)
|⃗⃗⃗ | |⃗ |

(39)
|⃗⃗⃗ | |⃗⃗ |
76

Inaceitável Ruim Aceitável Bom Muito Bom Excelente

Figura 41: Recomendação da Ansys para valores de Qualidade Ortogonal.


Fonte: Ansys.

O módulo utilizado para gerar e refinar a malha no Ansys é o Mesh. O


elemento escolhido para gerar a malha foi o elemento tetraédrico, que segundo
Galter (2015) permite que sejam realizados controles para refinamento da malha nas
regiões críticas.
As superfícies do domínio foram divididas nos seguintes elementos:
“edificio” ou “cilindro”, “pitot”, “piso”, “parede”, “entrada” e “saída” - essa divisão
permite que sejam realizados os refinamentos em áreas críticas e serão utilizadas na
etapa de condição de contorno.
O refinamento da malha nas regiões críticas foi realizado por meio da
ferramenta FaceSizing que permite controlar o tamanho dos elementos. A camada
limite foi simulada utilizando o controle Inflation que permite que sejam inseridos os
parâmetros calculados nas Equações 40 a 44. Blocken et al. (2007) indica que a
simulação da camada limite é importante para a precisão das análises em CFD.
Segundo o Ansys CFX- Solver Modeling Guide (2013) para um modelo de
turbulência funcionar corretamente o número mínimo de pontos de malha dentro da
camada limite deve ser entre 10 a 15 pontos (para os modelos analisados foram
considerados 13 pontos) e a espessura máxima da camada limite deve ser calculada
conforme a Equação 40. Ferreira (2013) indica que dado pela Equação 41 e
o número de Reynolds é dado pela Equação 42.

⁄ (40)

(41)

(42)
77

Onde:
- Tamanho da camada limite;
- Raio hidráulico;
– Número de Reynolds;
– Área transversal do domínio ao escoamento de ar;
- Dimensão horizontal da seção transversal do domínio de análise ao
escoamento de ar;
- Dimensão vertical da seção transversal do domínio de análise ao
escoamento de ar;
– Velocidade do escoamento, considerada 35 m/s;
- Viscosidade cinemática do ar, considerada igual a 0,0000156m²/s.

A taxa de expansão é definida pela Equação 43 conforme indicação de


Garcia (2013), no entanto também há uma recomendação da Ansys que o valor
máximo para a taxa de expansão seja de 1,20 para garantir uma transição suave
entre as camadas. O valor mínimo para o espaçamento da primeira subcamada é
dado pela Equação 44 conforme indicação do Ansys CFX- Solver Modeling Guide
(2013):


( ) (43)

⁄ (44)

A Tabela 9 mostra os valores dos parâmetros da camada limite


calculados para cada modelo. A Figura 42 mostra o resultado da malha para o
modelo 1G-V0-0m, bem como os detalhes da camada limite.
78

Tabela 9: Calculo dos parâmetros da camada limite. Fonte Próprio autor.


Parâmetros da Camada Limite

Área
Dimensão Dimensão
transversal Raio Número de Taxa de
horizontal vertical do
MODELOS do domínio hidráulico Reynolds Δy (m) δ (m) Expansão
do domínio domínio de
de análise Dh (m) Re (Grow rate)
de análise análise
A (m²)

1G-V0-0m 150 60 9000 85,71 192307692,31 1,50E-05 0,20 1,97


1G-V90-
160 60 9600 87,27 195804195,80 1,50E-05 0,20 1,97
0m
2G-V0-Zm 160 60 9600 87,27 195804195,80 1,50E-05 0,20 1,97
2G-V90-
160 60 9600 87,27 195804195,80 1,50E-05 0,20 1,97
Zm
3G-VY-Zm 200 60 12000 92,31 207100591,72 1,51E-05 0,21 1,98
CILINDRO 70 45 3150 54,78 122909699,00 1,45E-05 0,13 1,92

(a)

(b)
Figura 42: Malha resultante (a) e detalhes da camada limite (b) para o Modelo 1G-V0-0m (a).
Fonte: Próprio autor.

No Apêndice A, estão indicados os parâmetros utilizados para


discretização da malha de todos os modelos.
79

5.1.3 Modelagem – Condições de Contorno

Nesta etapa, são configuradas as condições de contorno para a análise


em questão. Para o presente trabalho considerou-se o vento (fluido) em regime
laminar e em regime turbulento para as análises dos modelos 1G-V0-0m e 1G-V90-
0m, e para os demais modelos considerou-se o regime turbulento. Para análise dos
regimes turbulentos utilizou-se o modelo SST (Shear Stress Transport). Foi
considerada uma condição isotérmica de temperatura de 25 °C e pressão ambiente
de 1atm.
Os elementos descritos no item 5.1.2 são utilizados nessa etapa, onde é
necessário atribuir as condições de contorno para cada elemento. Para o elemento
“entrada” considerou-se a configuração de “inlet” que indica a face de entrada do
fluido, a velocidade de entrada considerada foi de 35 m/s. O elemento “saída” foi
configurado como “outlet” que indica a face de saída do fluido, a pressão relativa foi
considerada nula. Para os demais, aplicou-se as configurações de “wall” e para as
contenções de fluxo definiu-se “no slip wall” essa configuração indica as faces de
obstrução do escoamento e a condição “no slip wall” indica que haverá tensões
causadas pelo fluido nessas faces.
Além dessas configurações é nessa etapa que se define se a análise será
em regime transiente ou estacionário, o tempo de incidência da ação do fluido,
configurações de controle de resíduos das equações e configurações de controles
de análise (por exemplo, controle da velocidade que o fluido sai do domínio). Todos
os regimes analisados são transientes. No Apêndice A é possível observar as
condições de contorno aplicadas em todos os modelos analisados.
As Figuras 43 a 45 mostram os domínios de análise com as faces
configuradas para “entrada” e “saída” do fluido para os modelos 3G-V0-10m, 3G-
V90-10m e 3G-V180-10m.
80

Figura 43: Condições de contorno 3G-V0-10m. Fonte: Próprio autor.

Figura 44: Condições de contorno 3G-V90-10m. Fonte: Próprio autor.

Figura 45: Condições de contorno 3G-V180-10m. Fonte: Próprio autor.


81

5.2 Solução

O processamento das equações em CFD acontece no módulo Solution do


ANSYS, enquanto as equações são processadas é possível fazer o monitoramento
da convergência dos resultados através da análise dos gráficos que mostram os
resíduos das equações após as iterações. A Figura 46 ilustra o gráfico de
convergência e os valores residuais gerados nessa etapa para o Modelo do cilindro
com 3s de rajada.

Figura 46: Gráfico de convergência e valores residuais – Cilindro -3s. Fonte: Próprio autor.

5.3 Pós-processamento

Após o processamento, a visualização dos resultados da análise é


realizada no módulo Results do ANSYS, onde é possível visualizar linhas de fluxo,
fluxo vetores, linhas de contorno, realizar animações que representem o
comportamento do fluxo, etc. Para analisar os coeficientes de pressão e de forma
externos criou-se uma variável denominada , que é definida pela razão entre a
pressão total na face do edifício e a pressão máxima na face à barlavento do cilindro
que simula o tubo de Pitot (Equação 45). Os resultados das análises de todos os
modelos são apresentados no item 6.

(45)
82

6. RESULTADOS

6.1 Ação do vento sobre um cilindro

A seguir apresentam-se os resultados obtidos com as análises numéricas


do cilindro considerando o tempo de incidência de 3 s, 5 s e 10 s. Com os resultados
obtidos é possível aplicar a teoria indicada na Equação 8 do item 3.1.1.5 e comparar
os resultados obtidos com o valor da pressão dinâmica indicada pela ABNT NBR
6123:1988 através da aplicação do teorema de Bernoulli. As Figura 47 a 49 mostram
a pressão na face do cilindro, as Figuras 50 a 52 mostram as linhas de fluxos e a
Tabela 10 apresenta os valores obtidos na análise com a aplicação da Equação 8.

Figura 47: Pressão na face do cilindro – Cilindro -3s. Fonte: Próprio autor.

Figura 48: Pressão na face do cilindro – Cilindro -5s. Fonte: Próprio autor.
83

Figura 49: Pressão na face do cilindro – Cilindro -10s. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

Figura 50: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior – Cilindro -3s.
Fonte: Próprio autor.

(a)
(b)

Figura 51: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior – Cilindro -5s.
Fonte: Próprio autor.
84

(a) (b)
Figura 52: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior – Cilindro -10s.
Fonte: Próprio autor.

Tabela 10: Resultados obtidos aplicando a Equação 8. Fonte Próprio autor.


Elementos da Equação 3s 5s 10s
Pressão P0 (Pa) 42,130 41,644 42,477
Velocidade V0 (m/s) 34,417 34,439 34,448
Pressão Pe (Pa) 762,217 765,098 781,015
ΔP (q) 720,087 723,454 738,538
ρ (massa específica kg/m³) 1,216 1,220 1,245
q = X*V0² 0,608 0,610 0,622

A observação dos resultados obtidos nas Figuras 47 a 52 e na Tabela 10


mostra que:
(i) A pressão aumentou conforme o tempo de incidência da ação do
vento foi aumentado (Figuras 47 a 49);
(ii) Analisando as linhas de fluxo apresentadas nas Figuras 50 a 52
observa-se que os vórtices à barlavento sofreram alterações
conforme o tempo de incidência do vento foi aumentado, percebe-se
que o vórtice do modelo com o tempo de rajada de 3 s é melhor
definido e possui um comprimento menor, no modelo com o tempo
de rajada de 5 s houve um aumento no comprimento do vórtice e
sua forma continuou bem definida, analisando o modelo com o
tempo de rajada de 10 s observa-se que a forma do vórtice é
85

irregular, e se mantem dessa maneira ao longo de seu


desenvolvimento;
(iii) A ABNT NBR 6123:1988 indica um valor de pressão dinâmica de
, aplicando a Equação 8 considerando o ponto de
estagnação e um ponto onde o fluxo não é afetado pelo objeto,
obtemos os resultados apresentados na Tabela 8. Os resultados
para os modelos de 3 s, 5 s e 10 s, foram respectivamente
, e , o que gera uma diferença
máxima de aproximadamente 1,5%, portanto os resultados estão
dentro do que propõe a ABNT NBR 6123:1988;
(iv) Os modelos do cilindro, além de ter como objetivo validar a pressão
dinâmica obtida através da aplicação do teorema de Bernoulli e
indicada pela ABNT NBR 6123:1988, foi utilizado como parâmetro
de validação e calibragem dos demais modelos já que os resultados
obtidos estão de acordo com o que propõe a ABNT NBR 6123:1988.

6.2 Modelo 1G-V0-0m

Esse modelo é composto de um edifício com o vento incidindo a 0º


(longitudinal). Foram feitas quatro análises para a ação do vento nesse modelo, três
análises considerando a ação do vento turbulenta com os tempos de rajadas de 3 s,
5 s e 10 s, e um modelo considerando a ação do vento laminar com o tempo de
rajada de 3 s. Com os resultados da análise numérica é possível comparar os
valores de coeficientes de pressão e de forma externos (CPe e Ce) com os valores
indicados pela ABNT NBR 6123:1988, além de comparar os resultados das análises
em regime laminar e turbulento. A Figura 53 apresenta os valores de Ce indicados
pela ABNT NBR 6123:1988, as Figuras 54 a 61 apresentam os valores dos
coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise numérica e as Figuras 62 a 65
apresentam as linhas de fluxo.
86

Figura 53: Ce apresentados pela ABNT NBR 6123:1988 para o vento a 0º.
Fonte: Próprio autor.

Figura 54: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-3s.


Fonte: Próprio autor.

Figura 55: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-3s. Fonte: Próprio autor.
87

Figura 56: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-5s.


Fonte: Próprio autor.

Figura 57: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-5s. Fonte: Próprio autor.
88

Figura 58: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-10s.


Fonte: Próprio autor.

Figura 59: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 1G-V0-0m-Turbulento-10s. Fonte: Próprio autor.
89

Figura 60: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V0-0m-Laminar-3s.


Fonte: Próprio autor.

Figura 61: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 1G-V0-0m-Laminar-3s. Fonte: Próprio autor.
90

(a) (b)
Figura 62: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 1G-V0-0m- Turbulento 3s. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

Figura 63: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 1G-V0-0m- Turbulento 5s. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

Figura 64: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 1G-V0-0m- Turbulento 10s. Fonte: Próprio autor.
91

(a) (b)

Figura 65: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 1G-V0-0m- Laminar 3s. Fonte: Próprio autor.

Observando os resultados apresentados nas Figuras 53 a 65 é possível


tecer os seguintes comentários:
(i) Nos modelos com alteração no tempo de rajada e com análise de
turbulência, os coeficientes de pressão e de forma apresentam
algumas diferenças entre si, principalmente nas faces à barlavento e
sotavento. Nas laterais e na cobertura essas diferenças acontecem
próximas das arestas do edifício, sendo que na região central os
coeficientes são similares entre si;
(ii) Nos modelos de turbulência com o tempo de rajada de 3 e 5 s há
alguns pontos na cobertura com valores de sobrepressão;
(iii) Comparando os resultados da análise numérica do modelo com
turbulência e rajada de 3 s (Figuras 54 e 55) com o os resultados
obtidos pela ABNT NBR 6123:1988, observa-se que os coeficientes de
forma apresentam uma diferença média em torno de 12%
desconsiderando as zonas de alta sucção;
(iv) Em todos os modelos é possível visualizar as divisões das superfícies
onde ocorrem variações entre os coeficientes de pressão e de forma,
além de observar a similaridade com as superfícies apontadas pela
ABNT NBR 6123:1988;
(v) É possível visualizar as zonas com altas sucções nas arestas à
barlavento dos edifícios conforme descrição da ABNT NBR 6123:1988,
92

no modelo com análise laminar essas zonas aparecem entre 5 m e 10


m na cobertura do edifício;
(vi) Comparando os resultados obtidos no modelo com turbulência e no
modelo laminar com rajadas de 3 s, nota-se que os coeficientes de
pressão e de forma apresentam resultados similares entre si, havendo
variações em poucos pontos;
(vii) A análise das linhas de fluxo mostra a formação de vórtices nas faces à
sotavento e nas laterais de todos os modelos. Observa-se que quanto
maior o tempo de rajada menor o valor da velocidade máxima do vento
em torno do edifício (apesar de pequena a diferença). No modelo com
análise laminar nota-se que o comportamento do fluxo é bem diferente
quando comparada aos demais modelos, apesar da similaridade nos
coeficientes de pressão e de forma.

6.3 Modelo 1G-V90-0m

O modelo 1G-V90-0m é composto de um edifício com o vento incidindo a


90º. Para o modelo em questão foram feitas duas análises: uma considerando a ação
do vento turbulenta e outra considerando o regime laminar, ambas com o tempo de
rajada de 3 s. Com os resultados obtidos é possível comparar os valores de coeficientes
de pressão e de forma externos (CPe e Ce) com os valores indicados pela ABNT NBR
6123:1988 e comparar os resultados das análises em regime laminar e turbulento. A
Figura 66 apresenta os valores de Ce indicados pela ABNT NBR 6123:1988, as Figuras
67 a 70 apresentam os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na
análise numérica e as Figuras 71 e 72 apresentam as linhas de fluxo.

Figura 66: Ce apresentados pela ABNT NBR 6123:1988 para o vento a 90º.
Fonte: Próprio autor.
93

Figura 67: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V90-0m-Turbulento-3s.


Fonte: Próprio autor.

Figura 68: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 1G-V0-90m-Turbulento-3s. Fonte: Próprio autor.
94

Figura 69: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 1G-V90-0m-Laminar-3s.


Fonte: Próprio autor.

Figura 70: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 1G-V0-90m-Laminar-3s. Fonte: Próprio autor.
95

(a) (b)

Figura 71: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 1G-V90-0m- Turbulento 3s. Fonte: Próprio autor.

(b)
(a)
Figura 72: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 1G-V90-0m- Laminar 3s. Fonte: Próprio autor.

Por meio da análise dos resultados apresentados nas Figuras 66 a 72 é


possível tecer os seguintes comentários:
(i) Os resultados da análise numérica mostrados nas Figuras 67 e 68 e
os resultados obtidos pela ABNT NBR 6123:1988 (Figura 66)
apresentam os coeficientes de forma similares entre si, com uma
diferença média em torno de aproximadamente 10% retirando as
zonas de alta sucção;
(ii) É possível visualizar as divisões das superfícies onde ocorre uma
variação considerável entre os coeficientes de pressão e de forma,
além de observar a similaridade com as superfícies apontadas pela
ABNT NBR 6123:1988;
96

(iii) Na Figura 68 é possível visualizar as zonas com altas sucções nas


arestas dos edifícios conforme descrição da ABNT NBR 6123:1988,
quando a análise passa a ser laminar (Figura 70) as zonas de altas
sucções acontecem também na região da cumeeira do edifício;
(iv) Comparando os resultados da análise turbulenta com a análise laminar
observa-se uma pequena diferença nos coeficientes de pressão e de
forma em alguns pontos na face à sotavento e na cobertura do edifício;
(v) Analisando as linhas de fluxo é possível notar a formação de vórtices à
sotavento tanto do modelo laminar, como no modelo turbulento. Assim
como na análise com o vento incidindo a 0° é possível notar que as
linhas de fluxo se comportam de maneiras diferentes quando
comparamos o modelo laminar e turbulento, no modelo laminar quase
não há fluxo na lateral do edifício.

6.4 Modelo 2G-V0-5m

Esse modelo é composto de dois edifícios com espaçamento entre si de 5 m e


com o vento incidindo a 0º. A análise foi feita considerando um regime turbulento e 3 s de
rajada. Enquanto as Figuras 73 e 74 apresentam os valores dos coeficientes de pressão
e de forma obtidos na análise numérica, a Figura 75 apresenta as linhas de fluxo.

Figura 73: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V0-5m.


Fonte: Próprio autor.
97

Figura 74: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 2G-V0-5m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)
Figura 75: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 2G-V0-5m. Fonte: Próprio autor.
98

Observando os resultados apresentados nas Figuras 73 a 75 pode-se


concluir que:
(i) Há pouca alteração nos coeficientes de forma, quando comparamos
os resultados apresentados nas Figuras 73 e 74 com os resultados
apresentados do modelo com edifício isolado (Figuras 54 e 55), a
maior diferença acontece nas zonas de alta sucção das faces à
barlavento entre os dois edifícios e na cobertura, onde é possível
notar um aumento nos coeficientes de aproximadamente 50%,
muito provavelmente devido ao efeito Venturi;
(ii) Nesse modelo aparecem menos pontos de sobrepressão na
cobertura do que o modelo com o edifício isolado;
(iii) Os pontos com altas sucções aparecem na cobertura e também nas
faces vizinhas dos edifícios;
(iv) É possível visualizar as divisões das superfícies onde ocorre uma
variação considerável entre os coeficientes de pressão e de forma,
além de observar a similaridade com as superfícies apontadas pela
ABNT NBR 6123:1988;
(v) Analisando as linhas de fluxo na Figura 75 nota-se que a velocidade
do fluxo é maior na região entre os dois edifícios. Para além disso,
nota-se a formação de vórtices à sotavento, no entanto observa-se
que os vórtices para esse modelo se formam de uma maneira
diferente do modelo com o edifício isolado.

6.5 Modelo 2G-V90-5m

Para o Modelo 2G-V90-5m, utiliza-se a composição de dois edifícios com


espaçamento entre si de 5 m e com o vento incidindo a 90º. A análise foi feita
considerando um regime turbulento e 3 s de rajada. Enquanto as Figuras 76 e 77
apresentam os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise
numérica, a Figura 78 apresenta as linhas de fluxo.
99

Figura 76: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V90-5m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 77: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 2G-V90-5m. Fonte: Próprio autor.
100

(a) (b)
Figura 78: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 2G-V90-5m. Fonte: Próprio autor.

Analisando os resultados apresentados constata-se que:


(i) Há uma similaridade nos coeficientes de pressão e de forma entre o
edifício que está à barlavento e o modelo com o edifício isolado,
exceto na face lateral vizinha ao edifício à sotavento que apresenta
valores de coeficientes menores (ainda que os mesmos sejam
coeficientes de sucção);
(ii) O edifício que está à sotavento apresenta alterações significativas
nos coeficientes de pressão e de forma quando comparado aos
coeficientes do modelo isolado, a maior alteração se dá na face
lateral vizinha ao edifício à barlavento que apresenta valores quase
que exclusivos de sucção (apenas nas arestas nota-se valores de
sobrepressão), com relação aos demais coeficientes nota-se que os
valores são em média 50% menores que o edifício isolado, portanto
há um efeito de proteção;
(iii) Observa-se que as zonas de alta sucção no edifício à barlavento
acontece de maneira similar ao modelo com edifício isolado e
conforme propõe a ABNT NBR 6123:1988;
(iv) É possível notar as divisões das superfícies onde ocorrem as
variações consideráveis entre os coeficientes de pressão e de forma
para o edifício que está à barlavento, conforme propõe a ABNT NBR
6123:1988;
(v) Na Figura 78 é possível visualizar a formação de vórtices entre os
edifícios, com isso, na face perpendicular a incidência do vento do
101

edifício à sotavento ocorre coeficientes de pressão e de forma de


sucção. Analisando a formação dos vórtices, pode-se dizer que o
efeito de vizinhança que ocorre para esse modelo é o regime de
escoamento deslizante, onde não há espaço para formação da
esteira entre um edifício e outro e há a formação de um vórtice
estável;
(vi) Nota-se a formação de vórtices à sotavento dos edifícios, com
intensidade e formas diferentes do modelo com o edifício isolado;
(vii) Ainda analisando a Figura 78 observa-se que os maiores valores de
velocidade acontecem nas arestas dos edifícios.

6.6 Modelo 2G-V0-10m

O Modelo 2G-V0-10m é o modelo composto de dois edifícios com


espaçamento entre si de 10 m e com o vento incidindo a 0º. A análise foi feita
considerando um regime turbulento e 3 s de rajada. As Figuras 79 e 80 apresentam
os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise numérica, a
Figura 81 apresenta as linhas de fluxo.

Figura 79: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V0-10m.


Fonte: Próprio autor.
102

Figura 80: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 2G-V0-10m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)
Figura 81: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 2G-V0-10m. Fonte: Próprio autor.
103

A análise dos resultados apresentados nas Figuras 79 a 81 mostram que:


(i) Assim como no Modelo 2G-V0-5m, há pouca alteração nos
coeficientes de pressão e de forma, quando comparamos os
resultados apresentados nas Figuras 79 e 80 com os resultados
apresentados do modelo com edifício isolado, sendo a maior
diferença, um aumentos dos coeficientes da ordem de 40% nas
zonas de alta sucção das arestas da face à barlavento entre os dois
edifícios, devido ao Efeito Venturi;
(ii) O número de pontos de sobrepressões na cobertura é ainda menor
que no Modelo 2G-V0-5m;
(iii) Os pontos com altas sucções são notados na cobertura (próximo à
abertura entre os edifícios) e nas arestas das faces vizinhas dos
edifícios;
(iv) Observa-se a divisão das superfícies onde ocorre variação entre os
coeficientes de pressão, similar ao que propõe a ABNT NBR
6123:1988 e aos modelos anteriores;
(v) Analisando as linhas de fluxo nota-se a formação de vórtices à
sotavento, com a distância entre os edifícios de 10 m os vórtices
aqui formados se aproximam dos vórtices do modelo isolado;
(vi) Também se observa na Figura 81 que a velocidade do fluxo é maior
nas arestas dos edifícios.

6.7 Modelo 2G-V90-10m

Para o Modelo 2G-V90-10m foram considerados dois edifícios com


espaçamento entre si de 10 m com o vento incidindo a 90º. A análise foi feita
considerando um regime turbulento e 3 s de rajada. As Figuras 82 e 83 apresentam
os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise numérica, a
Figura 84 apresenta as linhas de fluxo.
104

Figura 82: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V90-10m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 83: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 2G-V90-10m. Fonte: Próprio autor.
105

(a) (b)

Figura 84: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 2G-V90-10m. Fonte: Próprio autor.

Com os resultados apresentados nas Figuras 82 a 84 podem-se fazer os


seguintes comentários:
(i) Os valores dos coeficientes de pressão e de forma do edifício que
está à barlavento são similares aos valores do mesmo edifício para
o Modelo 2G-V90-5m, ao modelo com um edifício e o que propõe a
ABNT NBR 6123:1988, apresentando diferenças médias em torno
de 10% (quando comparamos os coeficientes de forma das análise
numéricas e a norma), os valores das zonas de altas sucções
também apresentam essa similaridade;
(ii) O edifício que está à sotavento apresenta alterações significativas
nos coeficientes de pressão quando comparado aos coeficientes do
modelo isolado, assim como no Modelo 2G-V90-5m a maior
alteração se dá na face lateral vizinha ao edifício à barlavento que
apresenta valores quase que exclusivos de sucção, no Modelo 2G-
V90-5m observou-se que nas arestas até aproximadamente 1 m
havia valores de sobrepressão, essa faixa aumenta para
aproximadamente 7 m de valores de sobrepressão;
(iii) Com relação aos demais coeficientes do edifício à sotavento nota-
se que há valores de sobrepressão na aresta do edifício e que os
demais coeficientes são em média 50% menores que o edifício
isolado, portanto há um efeito de proteção;
(i) Nota-se as divisões das superfícies onde ocorrem as variações
consideráveis para os coeficientes de pressão e de forma conforme
indicado pela ABNT NBR 6123:1988;
106

(ii) Analisando as linhas de fluxo na Figura 84 é possível visualizar a


formação de vórtices entre os edifícios, nota-se que o efeito de
vizinhança que ocorre para esse modelo é o regime de
escoamento deslizante, onde não há espaço para formação da
esteira entre um edifício e outro e há a formação de um vórtice
estável (predominando aqui os valores de sucção);
(iii) Observa-se ainda a formação de vórtices à sotavento, similar ao
Modelo 2G-V90-5m;
(iv) Comparando os resultados das Figuras 82 e 83 com os resultados
apresentados nas Figuras 76 e 77 nota-se poucas alterações entre
os coeficientes de pressão e de forma e nota-se que a alteração da
distância de 5 m para 10 m entre os edifícios não causam
alterações significativas nos coeficientes de pressão quando a
incidência do vento se dá a 90º.

6.8 Modelo 2G-V0-15m

Esse modelo é composto de dois edifícios com espaçamento entre si de


15 m e com o vento incidindo a 0º. A análise foi feita considerando um regime
turbulento e 3 s de rajada. Enquanto as Figuras 85 e 86 apresentam os valores dos
coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise numérica, a Figura 87
apresenta as linhas de fluxo.

Figura 85: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V0-15m.


Fonte: Próprio autor.
107

Figura 86: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 2G-V0-15m. Fonte: Próprio autor.
108

(a)
(b)
Figura 87: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 2G-V0-15m. Fonte: Próprio autor.

Analisando os resultados apresentados nas Figuras 85 a 87 pode-se dizer


que:
(i) É possível identificar que os coeficientes de pressão e de forma
apresentados nas Figuras 85 e 86 são similares aos resultados
apresentados no modelo com um edifício (Figuras 54 e 55), sendo
que as poucas diferenças observadas continuam nas zonas de alta
sucção nas arestas das faces à barlavento entre os dois edifícios da
ordem de 25%;
(ii) Na Figura 86 observam-se alguns pontos de sobrepressão na
cobertura;
(iii) Assim como nos modelos anteriores, as zonas de alta sucção
aparecem na cobertura e nas faces laterais dos edifícios;
(iv) Notam-se as divisões das superfícies onde ocorrem as variações
consideráveis entre os coeficientes de pressão e de forma conforme
modelo com edifício isolado e similar a ABNT NBR 6123:1988;
(v) Analisando as linhas de fluxo na Figura 87 nota-se que o
escoamento do fluido e a formação de vórtices ocorrem de maneira
similar ao fluxo do modelo isolado;
(vi) Assim como nos modelos anteriores nota-se que as maiores
velocidades do fluxo acontecem nas arestas dos edifícios;
109

(vii) Devido à similaridade dos resultados entre modelo com um edifício


e o Modelo 2G-V0-15m conclui-se que a distância de 15m entre os
edifícios se torna insignificante quando o vento incide a 0º, dessa
maneira os modelos podem ser considerados como isolados;
(viii) Os coeficientes de pressão e de forma dos modelos com dois
edifícios com distância entre si de 5 m, 10 m e 15 m são similares
entre si, a maior diferença entre esses modelos se da no
escoamento do fluxo (principalmente quando se observa a formação
dos vórtices à sotavento).

6.9 Modelo 2G-V90-15m

Para o Modelo 2G-V90-15m foram considerados dois edifícios com


espaçamento entre si de 15 m com o vento incidindo a 90º. A análise foi feita
considerando um regime turbulento e 3 s de rajada. As Figuras 88 e 89 apresentam
os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise numérica, a
Figura 90 apresenta as linhas de fluxo.

Figura 88: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 2G-V0-15m.


Fonte: Próprio autor.
110

Figura 89: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 2G-V90-15m. Fonte: Próprio autor.
111

(a) (b)

Figura 90: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 2G-V90-15m. Fonte: Próprio autor.

Com os resultados apresentados nas Figuras 88 a 90 podem-se fazer os


seguintes comentários:
(i) Independente da distância entre os edifícios, nos modelos com
vento incidindo a 90° com dois edifícios, o edifício à barlavento
apresentam coeficientes de forma similares entre si, ao modelo
isolado e o que propõe a ABNT NBR 6123:1988, sendo essa
diferença correspondente a 10% do valor proposto pela norma.
Os valores das zonas de altas sucções também apresentam
similaridade entre os modelos analisados;
(ii) O edifício que está à sotavento também apresenta alterações
significativas nos coeficientes de pressão e de forma quando
comparado aos coeficientes do modelo isolado. Na face lateral
vizinha ao edifício à barlavento os valores são quase exclusivos de
sucção, sendo que no Modelo 2G-V90-15m os valores se
sobrepressão estão numa faixa de aproximadamente 10 m a partir
das arestas;
(iii) Analisando a Figura 89 nota-se que no edifício à sotavento a maior
parte dos coeficientes são em média 50% menores que no modelo
com edifício isolado;
(iv) É possível observar as divisões das superfícies onde ocorrem as
variações consideráveis para os coeficientes de pressão e de
forma conforme indicado pela ABNT NBR 6123:1988;
112

(v) Analisando as linhas de fluxo apresentadas na Figura 90 pode-se


visualizar a formação de vórtices entre os edifícios, diferente dos
modelos com as distâncias entre os edifícios de 5 m e 10 m os
vórtice nesse modelo não são estáveis, mas também não há
espaço para a formação da esteira, portanto o efeito de
vizinhança que acontece é o regime de escoamento de
interferência de esteira;
(vi) Os vórtices que se formam à sotavento são similares aos
apresentados nos modelos com distância entre os edifícios de 5 e
10 m;
(vii) A análise das linhas de fluxo também permite visualizar que a
maior velocidade ocorre nas arestas dos edifícios;
(viii) Comparando os resultados apresentados nas Figuras 88 e 89
com os resultados das Figuras 76, 77, 82 e 83 nota-se uma
similaridade entre os coeficientes de pressão, dessa forma
conclui-se que a alteração da distância de 5m para 15m entre os
edifícios não causam alterações significativas nos coeficientes de
pressão quando a incidência do vento se dá a 90º.

6.10 Modelo 3G-V0-5m

Para o Modelo 3G-V0-5m foram considerados três edifícios com


espaçamento entre si de 5 m com o vento incidindo a 0º. A análise foi feita
considerando um regime turbulento e 3 s de rajada. As Figuras 91 a 93 apresentam
os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise numérica, a
Figura 94 apresenta as linhas de fluxo.
113

Figura 91: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V0-5m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 92: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V0-5m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor.
114

Figura 93: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V0-5m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)
Figura 94: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 3G-V0-5m. Fonte: Próprio autor.
115

Com os resultados apresentados nas Figuras 91 a 94 podem-se fazer os


seguintes comentários:
(i) O edifício acrescentado nesse modelo se encontra à barlavento e os
valores dos coeficientes de pressão e de forma para esse edifício
(Figura 92) são similares ao modelo com edifício isolado com vento
incidindo a 90°, sendo possível visualizar as zonas de altas sucções
na aresta do edifício em questão, e observar as divisões das
superfícies onde ocorrem as variações consideráveis para os
coeficientes de pressão para conforme indicado pela ABNT NBR
6123:1988. A variação média dos coeficientes de forma
(desconsiderando as zonas de altas sucções) é de 10% quando
comparado com a norma;
(ii) Os coeficientes de pressão e de forma dos outros dois edifícios que
estão paralelos entre si, apresentam uma simetria, valores baixos e
predominantes de sucção, sendo que há em alguns pontos valores
de sobrepressão, com isso pode-se dizer que esses edifícios estão
protegidos pelo terceiro;
(iii) Analisando as linhas de fluxo na Figura 94 observa-se a formação
de vórtices estáveis entre o edifício que está à barlavento e os
edifícios à sotavento, caracterizando assim o regime de escoamento
deslizante;
(iv) Observa-se ainda na Figura 94 um aumento da velocidade do fluxo
entre os edifícios paralelos, a formação de vórtices à sotavento do
conjunto e que a maior velocidade do fluxo se da na aresta do
edifício à barlavento.

6.11 Modelo 3G-V90-5m

O Modelo 3G-V90-5m é composto de três edifícios com espaçamento


entre si de 5 m com o vento incidindo a 90º. A análise foi feita considerando um
regime turbulento e 3 s de rajada. As Figuras 95 a 97 apresentam os valores
dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise numérica, a Figura 98
apresenta as linhas de fluxo.
116

Figura 95: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V90-5m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 96: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V90-5m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor.
117

Figura 97: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V90-5m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)
Figura 98: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 3G-V90-5m. Fonte: Próprio autor.
118

Analisando os resultados apresentados constata-se que:


(i) Nos edifícios paralelos entre si (Figura 97) os valores dos
coeficientes de pressão e de forma são similares ao Modelo 2G-
V90-5m, há algumas diferenças nas faces laterais que são vizinhas
do edifício que está perpendicular;
(ii) O edifício acrescentado nesse modelo (Figura 96) apresenta
coeficientes de forma com uma diferença média de 10% (retirando
as zonas de alta sucção) ao que propõe a ABNT NBR 6123:1988 e
o modelo 1G-V0-0m-Turbulento-3s, sendo que há diferenças na
face lateral vizinha dos outros dois edifícios;
(iii) Nos modelos que estão à barlavento percebe-se as divisões das
superfícies onde ocorrem as variações consideráveis entre os
coeficientes de pressão e de forma;
(iv) O edifício que está à sotavento é protegido pelos edifícios à
barlavento e possui coeficientes de pressão e de forma em sua
maioria baixos e de sucção;
(v) Na Figura 98 percebe-se a formação de vórtices estáveis entre os
edifícios paralelos caracterizando o regime de escoamento
deslizante, nota-se também a formação dos vórtices à sotavento;
(vi) Analisando as linhas de fluxos percebe-se que as velocidades
maiores encontram-se nas arestas dos edifícios, e que há um
comportamento diferente no fluxo entre os edifícios paralelos e o
edifício acrescentado, que causa a alteração na simetria dos
coeficientes de pressão e de forma nas faces vizinhas dos edifícios.

6.12 Modelo 3G-V180-5m

Para o Modelo 3G-V180-5m foram considerados três edifícios com


espaçamento entre si de 5 m com o vento incidindo a 180º. A análise foi feita
considerando um regime turbulento e 3 s de rajada. Enquanto as Figuras 99 a 101
apresentam os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise
numérica, a Figura 102 apresenta as linhas de fluxo.
119

Figura 99: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V180-5m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 100: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V180-5m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor.
120

Figura 101: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V180-5m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)
Figura 102: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 3G-V180-5m. Fonte: Próprio autor.
121

Com a análise dos resultados apresentados nas Figuras 99 a 102 podem-


se fazer os seguintes comentários:
(i) Os edifícios paralelos entre si (Figura 101) apresentam coeficientes
de pressão e de forma com diferenças médias de 5% comparadas
ao Modelo 2G-V0-5m, porém nos últimos metros dos edifícios os
coeficientes se alteram devido à presença do terceiro edifício;
(ii) É possível observar na Figura 101 as divisões das superfícies onde
ocorrem as variações consideráveis para os coeficientes de pressão
e de forma para conforme indicado pela ABNT NBR 6123:1988;
(iii) O edifício acrescentado nesse modelo (Figura 100) tem o vento
incidindo na região entre os edifícios paralelos, nessa região
aparecem valores de sobrepressão (apenas na região central).
Ainda analisando os coeficientes apresentados na Figura 100 nota-
se que os valores são baixos, e na região da cumeeira são
apresentados os maiores valores de coeficientes;
(iv) Observa-se que os edifícios à barlavento protegem o edifício à
sotavento;
(v) Analisando as linhas de fluxo entre os edifícios paralelos nota-se um
aumento da velocidade do fluxo (Figura 102);
(vi) Também é possível observar na Figura 102 a formação de vórtice
estáveis entre os edifícios à sotavento e à barlavento,
caracterizando o regime de escoamento deslizante, para além
disso, nota-se a formação de vórtices à sotavento.

6.13 Modelo 3G-V0-10m

Esse modelo é composto de três edifícios com espaçamento entre si de 10 m


com o vento incidindo a 0º. A análise foi feita considerando um regime turbulento e 3 s de
rajada. As Figuras 103 a 105 apresentam os valores dos coeficientes de pressão e de
forma obtidos na análise numérica, a Figura 106 apresenta as linhas de fluxo.
122

Figura 103: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V0-10m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 104: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V0-10m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor.
123

Figura 105: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V0-10m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)
Figura 106: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 3G-V0-10m. Fonte: Próprio autor.
124

Analisando os resultados das Figuras 103 a 106 pode-se dizer que:


(i) Comparando os resultados desse modelo com o Modelo 3G-V0-5m
observa-se que os resultados são similares, sendo que o edifício a
barlavento apresenta valores médios de coeficientes de forma com
diferenças de até 10%;
(ii) O edifício à barlavento apresenta coeficientes de pressão e de
forma (Figura 104) similares ao modelo com edifício isolado com
vento incidindo a 90°, nota-se as zonas de altas sucções na aresta do
edifício em questão e é possível observar as divisões das superfícies
onde ocorrem as variações consideráveis para os coeficientes de
pressão para conforme indicado pela ABNT NBR 6123:1988;
(iii) Na Figura 105 os coeficientes de pressão e de forma nos edifícios
paralelos entre si, são simétricos, apresentam valores baixos e em
sua maioria de sucção, havendo alguns pontos de sobrepressão;
(iv) Identifica-se que o edifício à barlavento protege os edifícios à
sotavento;
(v) Observa-se na Figura 106 um aumento da velocidade do fluxo entre
os edifícios paralelos, a formação de vórtices à sotavento do
conjunto e que a maior velocidade do fluxo se da na aresta do
edifício à barlavento;
(vi) Ainda sobre a Figura 106 observa-se a formação de vórtices
estáveis entre o edifício que está à barlavento e os edifícios à
sotavento, caracterizando assim o regime de escoamento
deslizante.

6.14 Modelo 3G-V90-10m

Para o Modelo 3G-V90-10m foram considerados três edifícios com


espaçamento entre si de 10 m com o vento incidindo a 90º. A análise foi feita
considerando um regime turbulento e 3 s de rajada. As Figuras 107 a 109
apresentam os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise
numérica, a Figura 110 apresenta as linhas de fluxo.
125

Figura 107: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V90-10m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 108: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V90-10m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor.
126

Figura 109: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V90-10m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)
Figura 110: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 3G-V90-10m. Fonte: Próprio autor.
127

Com os resultados apresentados nas Figuras 107 a 110 podem-se tecer


os seguintes comentários:
(i) Comparando os resultados do modelo atual com o Modelo 3G-V90-
5m observa-se que os resultados são similares, apresentando uma
diferença média de 10% nos coeficientes de forma;
(ii) Os coeficientes de pressão e de forma dos edifícios paralelos entre
si apresentados na Figura 109 são similares ao Modelo 2G-V90-5m,
havendo um aumento de cerca de 20% na face vizinha ao edifício
perpendicular;
(iii) Nota-se que o edifício que está à sotavento é protegido pelos outros
edifícios, já que apresenta coeficientes em sua maioria baixos e de
sucção, observa-se que os maiores coeficientes de sucção para
este edifício estão localizados na cumeeira;
(iv) Observa-se as divisões das superfícies onde ocorrem as variações
consideráveis entre os coeficientes de pressão e de forma nos
edifícios à barlavento, conforme propõe ABNT NBR 6123:1988;
(v) O edifício acrescentado (Figura 108) apresenta coeficientes de
forma com uma diferença média de 10% (retirando as zonas de alta
sucção) a ABNT NBR 6123:1988 e o modelo com um edifício;
(vi) Na Figura 110 percebe-se a formação de vórtices estáveis entre os
edifícios paralelos caracterizando o regime de escoamento deslizante,
nota-se também a formação dos vórtices à sotavento. A análise das
linhas de fluxos permite observar que as velocidades maiores
encontram-se nas arestas dos edifícios, e o comportamento no fluxo
entre os edifícios paralelos e o edifício acrescentado é diferente,
causando a alteração na simetria dos coeficientes de pressão nas
faces vizinhas dos edifícios.

6.15 Modelo 3G-V180-10m

Esse modelo é composto de três edifícios com espaçamento entre si de


10 m com o vento incidindo a 180º. A análise foi feita considerando um regime
turbulento e 3 s de rajada. Enquanto as Figuras 111 a 113 apresentam os valores
128

dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise numérica, a Figura 114


apresenta as linhas de fluxo.

Figura 111: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V180-10m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 112: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V180-10m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor.
129

Figura 113: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V180-10m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

Figura 114: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 3G-V180-10m. Fonte: Próprio autor.
130

Com os resultados apresentados constata-se que:


(i) Na Figura 113 é possível identificar que os coeficientes de pressão
e de forma são similares ao Modelo 2G-V0-5m, apresentando uma
diferença média de 15%, porém nos últimos metros dos edifícios os
coeficientes se alteram. Também é possível observar as divisões
das superfícies onde ocorrem as variações consideráveis nos
coeficientes de pressão e de forma conforme indicado pela ABNT
NBR 6123:1988;
(ii) O edifício acrescentado nesse modelo, que apresenta os
coeficientes de pressão e de forma na Figura 112 tem a incidência
do vento na região entre os edifícios paralelos, nessa região
aparecem valores de sobrepressão, assim como no Modelo 3G-
V180-5m, porém aqui a região de sobrepressão é maior;
(iii) Nota-se que os valores dos coeficientes de pressão na Figura 112
são baixos e na região da cumeeira observa-se os maiores valores,
o que demonstra que há um efeito de proteção no edifício à
sotavento;
(iv) As linhas de fluxo apresentadas na Figura 114 apresentam
comportamentos similar as linhas de fluxo do Modelo 3G-V180-5m
apresentadas na Figura 102, observa-se que há um aumento da
velocidade do fluxo entre os edifícios paralelos, vórtices estáveis se
formam entre os edifícios à sotavento e à barlavento (regime de
escoamento deslizante), há formação de vórtices à sotavento do
conjunto e percebe-se as velocidades máximas nas arestas dos
edifícios.

6.16 Modelo 3G-V0-15m

Para o Modelo 3G-V0-15m foram considerados três edifícios com


espaçamento entre si de 15 m com o vento incidindo a 0º. A análise foi feita
considerando um regime turbulento e 3 s de rajada. As Figuras 115 a 117
apresentam os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise
numérica, a Figura 118 apresenta as linhas de fluxo.
131

Figura 115: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V0-15m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 116: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V0-15m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor.
132

Figura 117: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V0-15m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)
Figura 118: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 3G-V0-15m. Fonte: Próprio autor.
133

Com os resultados apresentados nas Figuras 115 a 118 podem-se fazer


os seguintes comentários:
(i) Os resultados dos coeficientes de pressão e de forma apresentados
nas Figuras 116 e 117 nas faces vizinhas entre os edifícios
apresentam valores de até 50% diferentes dos modelos com a
distância entre os edifícios de 5 e 10 m e do modelo isolado;
(ii) O edifício à barlavento apresenta coeficientes de pressão e de
forma (Figura 116) na face vizinha aos outros edifícios com valores
de sucção próximos as arestas e valores de sobrepressão entre os
edifícios, na cobertura nota-se as zonas de altas sucções na aresta
do edifício em questão;
(iii) Na Figura 117 os coeficientes de pressão e de forma nos edifícios
paralelos entre si, são simétricos, apresentam valores baixos e em sua
maioria de sucção, observa-se um aumento nos pontos de
sobrepressão nas faces vizinhas com o edifício da Figura 116. Conclui-
se que o edifício à barlavento protege os edifícios à sotavento, com
exceção nas arestas externas onde há sobrepressão;
(iv) Analisando as linhas de fluxos apresentadas na Figura 118 observa-se
que os vórtices entre os edifícios à barlavento e à sotavento não são
estáveis, mas que também não há espaço para a formação completa
da esteira, caracterizando o regime de escoamento de interferência de
esteira, os vórtices aqui formados causam a sobrepressão na região
central do edifício à barlavento descrito em (ii), nota-se também o
aumento da velocidade do fluxo entre os edifícios paralelos.

6.17 Modelo 3G-V90-15m

O Modelo 3G-V90-15m é composto de três edifícios com espaçamento


entre si de 15 m com o vento incidindo a 90º. A análise foi feita considerando um
regime turbulento e 3 s de rajada. As Figuras 119 e 121 apresentam os valores dos
coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise numérica, a Figura 122
apresenta as linhas de fluxo.
134

Figura 119: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V90-15m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 120: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V90-15m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor.
135

Figura 121: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V90-15m. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)
Figura 122: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 3G-V90-15m. Fonte: Próprio autor.
136

Com a análise dos resultados tem-se:


(i) Os resultados apresentados para esse modelo são similares aos
resultados para os modelos com distância entre os edifícios de 5 e
10 m, apresentando uma diferença média de 15% nos coeficientes
de forma;
(ii) Os coeficientes de pressão e de forma apresentados na Figura 121
para os edifícios paralelos entre si são similares aos coeficientes do
Modelo 2G-V90-5m;
(iii) O edifício à sotavento na Figura 121 apresenta valores de
coeficientes de pressão e de forma baixos (os maiores valores
ocorrem na cumeeira) e em sua maioria de sucção, o que indica que
este é edifício é protegido pelos outros dois;
(iv) Os valores de coeficiente de pressão e de forma apresentados na
Figura 120 são similares aos coeficientes do modelo isolado e ao
que propõe a ABNT NBR 6123:1988, com diferença média de 10%
nos coeficientes de forma (desconsiderando as zonas de alta
sucção);
(v) Observa-se nos edifícios à barlavento, as divisões das superfícies
onde ocorrem as variações consideráveis entre os coeficientes
conforme indicação da ABNT NBR 6123:1988;
(vi) Na análise das linhas de fluxo na Figura 122 percebe-se a formação
de vórtices estáveis entre os edifícios paralelos caracterizando o
regime de escoamento deslizante. Para além disso, nota-se a
formação dos vórtices à sotavento. Observa-se também que as
velocidades maiores encontram-se nas arestas dos edifícios.

6.18 Modelo 3G-V180-15m

Para o Modelo 3G-V180-15m foram considerados três edifícios com


espaçamento entre si de 15 m com o vento incidindo a 180º. A análise foi feita
considerando um regime turbulento e 3 s de rajada. As Figuras 123 e 125
apresentam os valores dos coeficientes de pressão e de forma obtidos na análise
numérica, a Figura 126 apresenta as linhas de fluxo.
137

Figura 123: CPe e Ce obtidos na análise numérica para o Modelo 3G-V180-15m.


Fonte: Próprio autor.

Figura 124: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V180-15m (3º Edifício). Fonte: Próprio autor.
138

Figura 125: CPe e Ce obtidos na análise numérica em coordenadas específicas para o


Modelo 3G-V180-15m. Fonte: Próprio autor.

(a)
(b)
Figura 126: Linhas de Fluxo (a) Vista Isométrica (b) Vista superior
Modelo 3G-V180-15m. Fonte: Próprio autor.
139

Analisando os resultados apresentados nas Figuras 123 a 126 pode-se


dizer que:
(i) Na Figura 125 observa-se que os coeficientes de pressão são
similares ao Modelo 2G-V0-5m, apresentando uma diferença média
de 15%, porém nos últimos metros dos edifícios os coeficientes se
alteram, também é possível observar as divisões das superfícies
onde ocorrem as variações consideráveis para os coeficientes de
pressão para conforme indicado pela ABNT NBR 6123:1988;
(ii) A análise da Figura 124 mostra que o vento que incide entre os
edifícios paralelos, gera sobrepressão no edifício perpendicular,
assim como nos Modelos 3G-V180-5m e 3G-V180-10m, porém para
o modelo atual a região de sobrepressão é maior, os valores de
sucção nessa face aparecem aproximadamente nos primeiros 5 m
das arestas;
(iii) Também é possível analisar na Figura 124 que há um efeito de
proteção no edifício à sotavento, já que os valores dos coeficientes
de pressão são baixos, observa-se um aumento nesses valores na
cumeeira do edifício em análise;
(iv) A análise das linhas de fluxo apresentadas na Figura 126 mostra
que há um aumento da velocidade do fluxo entre os edifícios
paralelos, nota-se as velocidades máximas nas arestas de edifícios,
a formação de vórtices à sotavento do conjunto e percebe-se que os
vórtices que se formam entre os edifícios à sotavento e à barlavento
não são estáveis, e que também não há espaço para a formação
completa da esteira, portanto identifica-se o regime de escoamento
de interferência de esteira.
140

7. CONCLUSÕES

Com os resultados obtidos da análise numérica dos cilindros foi possível


validar o valor de pressão dinâmica obtida pelo teorema de Bernoulli e proposta pela
ABNT NBR 6123:1988, sendo que os mesmos foram satisfatórios, apresentando
uma diferença máxima de 1,5% - esse modelo também foi utilizado como parâmetro
de validação e calibragem dos demais modelos.
Os coeficientes de pressão e de forma externos obtidos por meio dos
modelos numéricos para um edifício apresentam resultados similares aos valores
apresentados pela ABNT NBR 6123:1988 tanto para o vento incidindo a 0º como a
90º em regime turbulento. Em regime laminar os valores dos coeficientes também
são similares aos coeficientes propostos pela norma, havendo algumas diferenças
pontuais. Na análise das linhas de fluxo foi possível observar a formação de vórtices
à sotavento dos edifícios.
Nos modelos de dois edifícios com vento incidindo a 0º, independente da
distância entre os edifícios os coeficientes de pressão e de forma são similares aos
coeficientes do modelo com um edifício. Apesar dessa similaridade, nos modelos
com espaçamento entre edifícios de 5 e 10 m há um aumento nos valores dos
coeficientes de pressão nas arestas à barlavento das faces entre os mesmos.
Analisando as linhas de fluxo, percebeu-se que a formação dos vórtices à sotavento
se alteram conforme a distância entre os edifícios, sendo que quando o
espaçamento é de 15 m os vórtices são similares ao modelo com um edifício.
Os valores dos coeficientes de pressão e de forma nos modelos de dois
edifícios com vento incidindo a 90º são similares ao modelo com um edifício e ao
que propõe a ABNT NBR 6123:1988 nos edifícios que estão à barlavento,
independente do espaçamento entre os edifícios. No entanto, os edifícios que estão
à sotavento são protegidos pelos edifícios à barlavento e possuem valores de
coeficientes baixos e predominantemente de sucção, conforme o espaçamento entre
os edifícios aumenta, notou-se que as regiões de sobrepressão se expandem. Com
a análise das linhas de fluxo observou-se que conforme o espaçamento entre os
edifícios foi aumentado os vórtices entre os edifícios foram se tornando instáveis, dessa
maneira nos modelos com espaçamento entre os edifícios de 5 e 10 m identifica-se o
141

regime de escoamento de corpo deslizante, e quando o espaçamento é de 15 m


caracteriza-se o regime de interferência de esteira.
Nos modelos com três edifícios e vento incidindo a 0º identificou-se que
no edifício que está à barlavento os valores dos coeficientes são similares ao que
propõe a ABNT NBR 6123:1988. Os edifícios paralelos entre si, que estão à
sotavento e são protegidos pelos edifícios à barlavento, possuem valores de
coeficientes quase exclusivos de sucção e próximos de zero, as regiões de
sobrepressão se expandem conforme o espaçamento entre os edifícios aumenta.
Analisando as linhas de fluxo, notou-se que os vórtices entre os edifícios apresentam
comportamento similar ao modelo com dois edifícios e ventos incidindo a 90º,
quando o espaçamento entre os edifícios é de 5 e 10 m verificou-se o regime de
escoamento deslizante, o regime muda para interferência de esteira quando o
espaçamento entre os edifícios é de 15 m.
Na análise dos coeficientes de pressão e de forma e das linhas de fluxo
com vento incidindo a 90º dos modelos com três edifícios, os edifícios que estão
paralelos entre si apresentam comportamento similar aos modelos com dois edifícios e
o edifício que está perpendicular apresenta valores similares ao modelo com um
edifício, há uma alteração nos valores dos coeficientes nas faces vizinhas.
Nos modelos com três edifícios e incidência de vento a 180º, os valores
de coeficientes de pressão e de forma nos edifícios que são paralelos entre si são
similares aos valores do modelo com edifício isolado, sendo que nas arestas
próximas ao edifício perpendicular os coeficientes sofrem alterações. Analisando o
edifício perpendicular, observou-se que o mesmo é protegido pelos edifícios que
estão à barlavento (predominando valores baixos e de sucção) e que conforme a
distância entre os edifícios aumenta as zonas de sobrepressão são expandidas.
Analisando as linhas de fluxo observou-se que quando a distância é de 5 e 10 m
acontece o regime de escoamento deslizante e que quando o espaçamento é de 15
m o regime passa a ser de interferência de esteira.
Em todos os modelos foi possível visualizar as zonas de alterações
significativas dos coeficientes de pressão e de forma e as zonas de altas sucções
nas arestas dos edifícios. Nas análises das linhas de fluxo observou-se que nas
arestas dos edifícios à barlavento a velocidade do fluxo é superior, também é
142

possível observar que a velocidade do fluxo aumenta quando há um afunilamento do


mesmo, que caracteriza o efeito Venturi.
Através das análises apresentadas neste trabalho fica evidente que é
fundamental analisar as condições de vizinhança quando se trata da ação do vento,
já que as diferentes posições dos edifícios e direções de incidência do vento
influenciam nos valores de coeficientes de pressão externos e no comportamento
geral do fluxo, de uma maneira geral os edifícios que ficam à sotavento possuem
coeficientes de forma predominantes de sucção e com valores próximos de zero, o
que pode trazer uma economia significativa para os projetos (deve-se atentar para
os coeficientes nas arestas desse edifícios). Para além disso, os resultados das
análises mostram que a fluidodinâmica computacional é uma excelente ferramenta
para análise da ação do vento em estruturas, apresentando resultados similares ao
que propõe a ABNT NBR 6123:1988, soluções rápidas e com custos reduzidos.
143

8. RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

As análises em CFD se destacam em relação aos ensaios experimentais


de túnel de vento em vários aspectos tais como: viabilidade econômica, agilidade
nos resultados e por não ter limitações em termos de simulações das condições de
vizinhança.
A aplicação da fluidodinâmica computacional na engenharia do vento tem
crescido nas últimas duas décadas, no entanto observa-se uma dificuldade na
aplicação da mesma já que as análises em CFD envolvem muitos parâmetros que
podem ser controlados pelo usuário (FRANKE et al.). Com isso há muito para se
aprender nessa abrangente área de pesquisa, seguem algumas sugestões para
pesquisas futuras:
1. Realizar calibrações de modelos, como variar as dimensões dos
domínios e verificar se há interferência nos resultados;
2. Verificar edificações com aberturas e validar os coeficientes de
pressão interna;
3. Estudar o efeito de vizinhança em edificações com formas e alturas
diferentes;
4. Validar os resultados das análises numéricas deste trabalho com
ensaios em túnel de vento.
144

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, ABNT, NBR 6123. Forças


devidas ao vento em edificações, Rio de Janeiro, 1988, 66 p.
ANSYS CFX-Solver Modeling Guide Ansys, Inc. Release 15.0. www.ansys.com.
BAKKER, A. Lecture 1 – Introduction to CFD – Applied Computational Fluid
Dynamics. http://www.bakker.org. 2002-2006.
BAILEY, A., VICENT, N.D.G. Wind pressures on buildings including of adjacent
buildings. Journal Of the Institution of Civil Engineers, v. 20, p. 243-275, 1943.

BASKARAN, A., KASHEF, A. Investigation of fair flow around buildings using


computational fluid dynamics techniques. Journal Of Engineering Structures, v.
18, p. 861-875, 1996.

BELLEY, I. H. – Edifícios Industriais em Aço. 2ª ed. São Paulo: Ed. Pini, 1998.

BLESSMANN, J. Ação do Vento em Edifícios. 2ª ed. Porto Alegre: Ed.


Universidade/UFRGS, 1989.

BLESSMANN, J. Aerodinâmica das Construções. 2ª ed. Porto Alegre: Ed. Sagra,


1990.

BLESSMANN, J. O Vento na Engenharia Estrutural. 1ª ed. Porto Alegre: Ed.


Universidade/UFRGS, 1995.

BLESSMANN, J. Pressão Interna. 3ª ed. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS,


1991.

BLOCKEN, B., STATHOPOULOS. T., CARMELIET. J. CFD simulation of the


atmospheric boundary layer: wall function problems. Atmospheric Environment, v.
41, p. 238-252, 2007.

BOOGGS, D.W., HOSOYA, N., COCHRAN, L. Sources of torsional wind on tall


buildings: lessons from the wind tunnel. Advanced Technology in Structural
Engineering (Proceedings of the 2000 Structures Congress & Exposition).
Philadelphia, May 2000, SEI/ASCE.

BRAUN, A. L. Simulação numérica na engenharia do vento incluindo efeitos de


interação fluido-estrutura. 2007. 283 f. Tese (Doutorado) – Curso de Engenharia
Civil, Programa de pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul – Porto Alegre, 2007.

CAFFARELLO, F. M. Análise Estrutural de Cobertura em Gridshell de Madeira.


2016. 148 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Departamento de
Engenharia de Estruturas e Geotecnia, Universidade Estadual de Campinas -
Unicamp, Campinas, 2016.
145

CARPEGGIANI, E. A. Determinação dos efeitos estáticos de torção em edifícios


altos devido à ação do vento. 2004. 184 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de
Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade
federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, 2004.
CARPENTIERI, M., ROBINS, A. G. Influence of urban morphology on air flow over
building arrays. Journal of Wind Engineering and Industrial Aerodynamics, v.
145, p. 61-74, 2015.
COOK. N. J. The designer’s guide to wind loading of building structures. Part 2:
Static Structures. (Building Research Establishment). London, UK. 1990.
CHUNG. T. J. Computational Fluid Dynamics. First published. Cambridge
University Press. Cambridge, 2002.
ESQUILLAN, N. Les effects de la neige et du vent sur les constructions et le régles
NV65. Annales de l’Institut Technique du Batiment et des Travaux Publics.
Paris, (25): 1484, oct. 1968.
FERREIRA, A. M. Análise numérica e experimental da ação do vento em
estruturas em cascas de formas livres. 2013. 197 f. Tese (Doutorado) - Curso de
Engenharia Civil, Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotecnia,
Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, Campinas, 2013.
FRANKE, J., HIRSH, C. et al. Recommendations of the Use of CFD in Wind
Engineering. University of Birmingham. Disponível em
http://www.costc14bham.ac.uk/.
FOX, R. MCDONALD, A. PRITCHARD, P. Introdução a mecânica dos fluidos.
LTC, 6ª Ed, 2006.
GARCIA, M. S. C. Análise de modelo reduzido de estrutura em casca de forma
livre de planta hexagonal apoiada nos vértices sob ação do vento. 2013. 103 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Departamento de Engenharia
de Estruturas e Geotecnia, Universidade Estadual de Campinas - Unicamp,
Campinas, 2013.
GALTER, M. D. Ação do vento em casca de forma livre de planta pentagonal
apoiada nos vértices. 2015. 151 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia
Civil, Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotecnia, Universidade
Estadual de Campinas - Unicamp, Campinas, 2015.
GALTER, M. D. et al. Ação do vento em modelo reduzido de casca de forma livre de
planta pentagonal apoiada nos vértices. Proceedings of the XXXVI Iberian
Latinamerican Congress on Computational Methods in Engineering (CILAMCE
2015), Rio de Janeiro. Nov. 2015.
GOMES, M., RODRIGUES, A., MENDES. P. Experimental and numerical study of
Wind pressures on irregular-plan shapes. Journal of Wind Engineering and
Industrial Aerodynamics, v. 93, p. 741-756, 2005.
146

HARRIS, C. L. Influence of neighboring structures on the wind pressure on Tall


Buildings. Bureau of Standards, Journal of Research. v.12, Research Paper RP
637, jan. 1934.
HUI, Y., TAMURA, Y., YOSHIDA, A., KIKUCHI, H. Pressure and flow field
investigation of interference effects on external pressures between high-rise
buildings. Journal of Wind Engineering and Industrial Aerodynamics, v. 115, p.
150-161, 2013.
IRWIN, P., DENOON, R., SCOTT, D. Wind Tunnel Testing of High-Rise
Buildings. 1ed. Illinois Institute of Technology, Routledge, New York, 2013.
KARIM, M., RAHMA, M., ALIM, A., IQBAL, S. Two-Equation Eddy-Viscosity
Turbulence Model for Computing Drag Force on Axisymmetric Underwater
Vehicle Hull Form. Institute of Marine Engineers (India), 2009.
KHANDURI, A.C., BÉDARD, C., STATHOPOULOS, T. Modelling wind-induced
interference effects using backpropagation neural networks. Journal of Wind
Engineering and Industrial Aerodynamics, v. 72, p. 71-79, 1997.
KHANDURI, A.C., STATHOPOULOS, T., BÉDARD, C. Wind-induced interference
effects on buildings – a review of state-of-the-art. Engineering Structures, v. 20, p.
617-630, 1998.
KIM, W., TAMURA, Y., YOSHIDA, A. Interference effects on aerodynamic wind
forces between two buildings. Journal of Wind Engineering and Industrial
Aerodynamics, v. 147, p. 186-201, 2015.
LAM, K.M., ZHAO, J.G., LEUNG, M.Y.H. Wind-induced loading and dynamic
responses of a row of tall buildings under strong interference. Journal of Wind
Engineering and Industrial Aerodynamics, v. 99, p. 573-583, 2011.
LIM, H.C., TSUKAMOTO, K., OHBA, M., MIZUTANI, K. Study on the surfasse
pressure distribution of cubes in cross wind arrays. Journal of Wind Engineering
and Industrial Aerodynamics, v. 133, p. 18-26, 2014.
LONG, C. Finite Volume Method – Notas de aula. Disponível em
<http://www.math.uci.edu/~chenlong/226/FVM.pdf>. Acessado em: 15 fev. 2017.
LOREDO-SOUZA A. M. et al. Majoração e reduções nas cargas de vento em
edifícios altos de concreto armado: Influência de prédios vizinhos. Anais do 51º
Congresso Brasileiro do Concreto CBC2009. Out. 2009.
MALISKA, C. Transferência de calor e mecânica dos fluidos computacional:
fundamentos e coordenadas generalizadas. Rio de Janeiro, RJ: Livros Técnicos e
Científicos, 1995.
MANFRIM, S. Estudo numérico para a determinação das pressões devidas a
ação do vento em edifícios industriais. 2006. 114 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia) – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual
Paulista, Ilha Solteira, 2006.
147

MARA, T. G., TERRY, B. K., HO, T. C. E., ISYUMOV, N. Aerodynamic and peak
reponse interference factors for an upstream square building of identical height.
Journal of Wind Engineering and Industrial Aerodynamics, v. 133, p. 200-210,
2014.
MENTER, F. R. Zonal Two Equation k-ω Turbulence Models for Aerodynamic Flows.
AIAA Journal 93-2906, 24 th Fluid Dynamics Conference. Orlando, Florida. July.
1993.
MENTER, F. R., KUNTZ, M., LANGTRY, R. Ten Years of Industrial Experience
with the SST Turbulence Model. Software Development Department, ANSYS –
CFX, 83714 Otterfing, Germany. Turbulence, heat and Mass Transfer, 2003.
MUNSON, B. R., YOUNG, D. F., OKIISHI, T. H. Fundamentos da mecânica dos
fluidos. Blücher, 4ª Ed, 2004.
MURAKAMI, S., MOCHIDA, A. 3-D numerical simulation of air flow around a cubic
model by means of the k-ε model. Journal of Wind Engineering and Industrial
Aerodynamics, v. 31, p. 238-303, 1988.
PADARATZ, I. J. Velocidade Básica do Vento no Brasil. 1977. 101 f. Dissertação
(Mestrado) – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal
do rio Grande do Sul – Porto Alegre, 1977.
PASQUAL, S. Um Estudo Sobre a Ação do Vento nas Estruturas de Membrana.
2011. 109 f. Dissertação (Mestrado em Engenheira Civil) - Escola Politécnica da
USP, São Paulo, 2011.
PATANKAR, S. V. Numerical Heat Transfer and Fluid Flow. 1 ed. Hemisphere
Publishing Corporation, Taylor & Francis Group, 1980.
PITTA, J.A.A. Ações Devidas ao Vento em Edificações. São Carlos: UfSCar,
2002.(Série Apontamentos).

PRAVIA, Z. M. C., Drehmer, G. A. Estruturas de aço. Apostila Cap. 3. Passo Fundo


RS. Universidade de Passo Fundo, 2004.
PRANDTL, L. On Fluid Motion at veru Small Friction. Third International Congress
of Mathematics, 1904.

REQUENA, João Alberto Venegas. Procedimento para elaboração de projetos de


estruturas metálicas para coberturas em duas águas. Apostila Cap 1. Campinas
SP. UNICAMP, Campinas 2012.
SILVA, L. F. L., MEDRONHO,R. A., KLEIN, E. S. Análise da Formação do
Profissional em Fluidodinâmica Computacional. I Congresso Brasileiro de
Fluidodinâmica Computacional. Campina Grande. Jun. 2016.

SOUZA, A. M. L.; NBR-6123: Proposta para a nova norma de vento. São Paulo:
Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural - ABECE, 2015. P&B.
Vídeo visível para associados da ABECE. Disponível em:
<http://site.abece.com.br/>. Acesso em: 27 jan. 2015.
148

VERSTEEG, H. K., MALALASEKERA. W. An introduction to computational fluid


dynamics The finite volume method. 1ed. Editora Longman Scientific & Techinical,
1995.

VIZOTTO, I., FERREIRA, A. M. Wind force coefficients on hexagonal free form shell.
Engineering Structure, v. 83, p. 17-29, 2015.
YU, F. X., XIE, Z.N., ZHU, J. B., GU, M. Interference effects on wind pressure
distribution between two high rise buildings. Journal of Wind Engineering and
Industrial Aerodynamics, v. 142, p. 188-197, 2015.
YAN, B., LI, Q.S. Wind tunnel study of interference effects between twin super-
tallbuildings with aerodynamic modifications. Journal of Wind Engineering and
Industrial Aerodynamics, v. 156, p. 129-145, 2016.
149

APÊNDICE A

A.1 Configurações no ANSYS CFX para os Modelos do Cilindro

A seguir apresentam-se as configurações utilizadas para os modelos do


cilindro.

Tabela 11: Configurações para análise do cilindro. Fonte Próprio autor.


PARÂMETROS DA MALHA
Tipo de elemento de malha Tetraédrica
Tamanho máximo de elemento 0,2
Quantidade de nós da malha 144.903
Quantidade de elementos de malha 521.560
CONFIGURAÇÕES DA ANÁLISE - SETUP
Transient - 100 Timesteps per run -
Analysis Type - 3s
0,03 s - Total 3s
Transient - 100 Timesteps per run -
Analysis Type - 5s
0,05 s - Total 5s
Transient - 100 Timesteps per run -
Analysis Type - 10s
0,10 s - Total 10s
Cilindro, Parede, Piso (Wall/ No slip
wall)/ Entrada (Inlet/ Normal Speed -
35m/s/ Turbulence - Medim intensity) /
Default Domain
Saída (Outlet/ Option -Average Static
pressure/ Relative Pressure - 0 Pa/
Pres. Profile Blend - 0,05)
Material - Air at 25 C/ Continuos Fluid/
Reference Pressure 1 atm/ Non
Buoyant/ Stationary/ Mesh
Initialization
Deformation - None/ Heat Transfer -
Isothermal 25 C/ Combustion and
Thermal radiation - None
Initialization - Turbulence Model Shear Stress Transport
Initialization - Wall Function Automatic
Cartesian - u = 0, v = 0, w = 35 m/s/
Satatic pressure - Automatic with
Initialization - Velocity Components
value - 0 P/ turbulence Medium
(Intensity 5%)
Trn Results - output frequency (Time
Output Control
step Interval - 10)
Advection Scheme - High Resolution/
Transient Scheme - Second Order
Solver Control
Backward Euler/ turbulence Numerics
- High Resolution
Min. Coeff. Loops 1 - Max. Coeff.
Solver Control - Convergence Control
Loops 10
Solver Control - Convergence Criteria RMS - 0,00001
150

A.2 Configurações no ANSYS CFX para os Modelos dos Edifícios

A seguir apresentam-se as configurações utilizadas para os modelos dos


edifícios:

Tabela 12: Configurações para análise dos edifícios - MESH Fonte Próprio autor.
PARÂMETROS GERAIS DA MALHA
Tipo de elemento de malha Tetraédrica
PARÂMETROS INDIVIDUAIS DA MALHA
Tamanho máximo do elemento edificio/
Tamanho máximo do elemento pitot/
Modelos
quantidde de nós da malha/ quantidade
de elementos da malha
1G-V0-0m-3s-LAMINAR 0,5/ 0,02/ 444.479/ 1.332.818
1G-V0-0m-3s/5s/10s-TURBULENTO 0,5/ 0,02/ 444.479/ 1.332.818
1G-V90-0m-3s-LAMINAR 0,5/ 0,02/ 444.213/ 1.336.104
1G-V90-0m-3s-TURBULENTO 0,5/ 0,02/ 444.213/ 1.336.104
2G-V0-5m 0,5/ 0,03/ 468.339/ 1.404.388
2G-V90-5m 0,5/ 0,03/ 469.728/ 1.409.630
2G-V0-10m 0,5/ 0,03/ 484.498/ 1.450.483
2G-V90-10m 0,5/ 0,03/ 479.391/ 1.439.861
2G-V0-15m 0,5/ 0,03/ 485.887/ 1.458.758
2G-V90-15m 0,5/ 0,03/ 485.073/ 1.455.774
3G-V0-5m 0,6/ 0,03/ 501.516/ 1.497.397
3G-V90-5m 0,6/ 0,03/ 499.099/ 1.490.736
3G-V180-5m 0,6/ 0,03/ 494.775/ 1.484.327
3G-V0-10m 0,6/ 0,03/ 497.138/ 1.505.001
3G-V90-10m 0,6/ 0,03/ 501.072/ 1.509.773
3G-V180-10m 0,6/ 0,03/ 496.613/ 1.502.782
3G-V0-15m 0,6/ 0,03/ 508.780/ 1.528.870
3G-V90-15m 0,6/ 0,03/ 511.386/ 1.532.182
3G-V180-15m 0,6/ 0,03/ 508.741/ 1.528.741
151

Tabela 13: Configurações para análise dos edifícios - SETUP. Fonte Próprio autor.
CONFIGURAÇÕES GERAIS DA ANÁLISE - SETUP
Transient - 100 Timesteps per run - 0,03 s
Analysis Type - 3s
- Total 3s
Transient - 100 Timesteps per run - 0,05 s
Analysis Type - 1G-V0-0m-5s
- Total 5s
Transient - 200 Timesteps per run - 0,05 s
Analysis Type - 1G-V0-0m-10s
- Total 10s
Pitot, Edificio, Parede, Piso (Wall/ No slip
wall)/ Entrada (Inlet/ Normal Speed -
35m/s/ Turbulence - Medim intensity) /
Default Domain
Saída (Outlet/ Option -Average Static
pressure/ Relative Pressure - 0 Pa/ Pres.
Profile Blend - 0,05)
Material - Air at 25 C/ Continuos Fluid/
Reference Pressure 1 atm/ Non Buoyant/
Initialization Stationary/ Mesh Deformation - None/ Heat
Transfer - Isothermal 25 C/ Combustion
and Thermal radiation - None
Initialization - Turbulence Model Shear Stress Transport
Initialization - Turbulence Model
1G-V0-0m-3s-LAMINAR Laminar
1G-V90-0m-3s-LAMINAR
Initialization - Wall Function Automatic
Cartesian - u = 0, v = 0, w = 35 m/s/
Initialization - Velocity Components
Satatic pressure - Automatic with value - 0
V 0º e V 180º
P/ turbulence Medium (Intensity 5%)
Cartesian - u = 35, v = 0, w = 0 m/s/
Initialization - Velocity Components
Satatic pressure - Automatic with value - 0
V 90º
P/ turbulence Medium (Intensity 5%)
Trn Results - output frequency (Time step
Output Control
Interval - 10)
Advection Scheme - High Resolution/
Transient Scheme - Second Order
Solver Control
Backward Euler/ turbulence Numerics -
High Resolution
Solver Control - Convergence Control Min. Coeff. Loops 1 - Max. Coeff. Loops 10
Solver Control - Convergence Criteria RMS - 0,0001
152

APÊNDICE B – TUTORIAL ANSYS CFX

Apresenta-se nesta seção um tutorial para criar um modelo da ação do


vento em um edifício conforme modelo 1G-V0-0m-Turbulento-3 s (um edifício com
vento incidindo a 0° e com 3 s de rajada), utilizando ANSYS – CFX.
Primeiramente deve-se abrir o “Workbench”. Na aba do lado esquerdo
estará o “Toolbox”, em “Analysis Systems” deve-se selecionar a opção “Fluid Flow”
(CFX), arrastando essa opção para a aba do lado direito “Project Schematic”, e
então teremos a seguinte tela:

Figura 127: Tela Inicial no Workbench - CFX. Fonte: Próprio autor.

O primeiro passo para uma análise em CFX é definir a geometria do


domínio, isso é feito no item “Geometry” na aba “Projetct Schematic”. O item B.1
especifica os passos que devem ser utilizados nessa etapa. Antes de abrir o
“Geometry” é possível configurar a tela de acordo com a preferência do usuário,
basta clicar em “Tools”, “options”, “appearance” e configurar a tela, conforme Figura
128, para deixar o fundo branco basta escolher a cor branca em “background
Color2”, sendo este procedimento opcional, caso não seja realizado, o fundo da área
de trabalho ficará azul claro, que é o default do software.
153

Figura 128: Configuração de tela - CFX. Fonte: Próprio autor.

B.1 Geometria

A geometria pode ser importada de uma plataforma CAD ou desenhada


no ANSYS – CFX, para este tutorial optou-se por desenhar o domínio no
“DesignModeler” do software. Basta clicar duas vezes na opção “Geometry” indicada
na Figura 127 para se iniciar a construção do domínio, a Figura 129 apresenta a tela
de trabalho.

Figura 129: Tela Inicial no Geometry - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.
154

O edifício será desenhado no eixo XY, então basta clicar com o botão
direito do mouse sobre o “XYPlane” e ativar a opção “Look at” (Figura 130). Os itens
seguintes são descritos em tópicos:

 Clicar na no item “New Sketch” (Figura 131);


 Na aba “Sketching”:
o Ativar o “grid” em “settings” (Figura 132);
o Escolher a ferramenta “polyline” em “draw” e desenhar a forma
desejada (Figura 133);
o Ajustar as dimensões utilizando o “dimensions” (Figura 134).

Figura 130: Visualização de eixos - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.


155

Figura 131: New Sketch - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 132: Grid - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 133: Grid - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.


156

Figura 134: Draw - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.

Agora é feita a extrusão do sketch gerado, basta clicar em “extrude” e


configurar os parâmetros da extrusão. Nos detalhes da extrusão podem-se
configurar distâncias assimétricas, simétricas, só em uma direção, elementos com
espessuras ou blocos maciços, como para o edifício em questão não será avaliado
coeficientes de pressão internas, considerou-se o mesmo sendo maciço. Após
configurar todos os parâmetros, é preciso gerar a forma utilizando a ferramenta
“genarate”, as configurações da extrusão estão indicadas na Figura 135.
Após a extrusão é preciso inserir o tubo de Pitot, a pressão na face à
barlavento deste tubo servirá como referência para encontrarmos os coeficientes de
pressão e de forma externos. É importante que este tubo esteja em uma região que
não altere as condições do fluxo próximo ao edifício analisado e na altura máxima do
edifício em questão. Para inserir o cilindro que vai simular o tubo de Pitot, utiliza-se a
ferramenta “create”, “primitives”, “cylinder” (Figura 136), as propriedades do cilindro
(posição e dimensão) são indicadas na Figura 137, aqui também é preciso utilizar a
ferramenta “genarate” antes de passar para a próxima etapa.
157

Figura 135: Extrusão do edifício- DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 136: Inserido o Pitot (1) - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.
158

Figura 137: Inserido o Pitot (2) - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.

Criado o edifício e o cilindro, é preciso criar o elemento que vai envolver o


edifício e em seguida formar o domínio de análise. Vamos utilizar um paralelepípedo
para tal função. As recomendações para o dimensionamento do domínio estão
descritas no item 5.1.1. Os passos para desenhar o paralelepípedo são os mesmos
para desenhar o edifício (criar um novo “sketch”, ajustar suas dimensões e fazer a
extrusão), a única diferença é que a extrusão não pode ser como um volume maciço
(já que o fluxo tem que escoar ao redor do edifício analisado) e que há a
necessidade de se fechar a extrusão, pois como ela tem espessura, as partes frontal
e do fundo ficam abertas. As Figuras 138 a 144 ilustram os passos para construção
do domínio.
159

Figura 138: Inserido o retangulo - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 139: Extrusão do retangulo - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.


160

Figura 140: Fechando as aberturas (New Plane) - DesignModeler - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Figura 141: Fechando as aberturas (Configurando o plano) - DesignModeler - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Para fechar as faces, após criar um novo plano XY utilizando a ferramenta


“new plane”, deve-se desenhar um “sktech” no plano criado com dimensão maior ou igual
à abertura e criar uma superfície para o “sktech” gerado. Este procedimento deve ser
realizado para as faces frontal e do fundo. Na Figura 141 o plano criado está na face
frontal localizada coordenada (0, 0, 100), para o fundo a coordenada deve ser (0, 0, -100).
O valor de 100 é porque o paralelepípedo tem 200 m de profundidade (100 m na direção
positiva do eixo z e 100 m na direção negativa do mesmo eixo).
161

Figura 142: Fechando as aberturas (Sketch no plano criado) - DesignModeler - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Figura 143: Fechando as aberturas (Criando uma superfície para o Sketch 3)


- DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.
162

Figura 144: Fechando as aberturas (Superfície criada para o Sketch 3)


- DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.

Após repetir o procedimento para a face do fundo, o paralelepípedo ficará


conforme Figura 145 e a janela “Tree Outline” deverá ficar conforme a Figura 146.

(a) (b)

Figura 145: Prisma gerado (a) Face Frontal (b) Face do Fundo
- DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.
163

Figura 146: Configuração da Tree Outline - DesignModeler - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Com as geometrias criadas é preciso criar o domínio de análise que é


justamente o volume entre o edifício e o paralelepípedo que o envolve, para isso
utiliza-se a ferramenta “Fill” conforme Figuras 147 e 148.

Figura 147: Criando o domínio (1) – Fill - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.
164

Figura 148: Criando o domínio (2) – Fill - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.

Após criar o domínio (“Solid” em destaque na Figura 148) devem-se


suprimir os elementos que não são utilizados na análise, este procedimento está
ilustrado na Figura 149.

Figura 149: Elementos suprimidos - DesignModeler - CFX.


Fonte: Próprio autor.
165

Com isso temos o domínio criado (Figura 150). A próxima etapa é salvar o
projeto, fechar o “DesignModeler” e dar início a configuração da malha que será
apresentada no item B.2.

Figura 150: Domínio de análise - DesignModeler - CFX. Fonte: Próprio autor.

B.2 Malha

De volta à tela inicial do “Workbench” deve-se dar um clique duplo na etapa


“Mesh”, perceba que o item “Geometry” já está definido conforme Figura 151.

Figura 151: Workbench - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.


166

No “Mesh” deve-se definir o elemento que será utilizado, apesar de


utilizarmos o CFX, a Ansys recomenda que a malha seja criada para o Fluent. Essa
configuração é feita clicando em “Mesh” e selecionando a opção “Fluent” em “Solver
Preference” (conforme Figura 152), em seguida vamos definir o tipo de elemento que
vamos utilizar, clicando com o botão direito do “Mesh” e escolhendo a opção “Insert”
e “Method” (Figuras 153 e 154), após este procedimento deve-se clicar em
“Generate Mesh”. A Figura 155 mostra a malha gerada (observe que ainda não foi
realizado refinamento da malha). Para verificar a seção transversal do domínio, basta
utilizar a ferramenta “New Section Plane” destacada na Figura 154.

Figura 152: Configuração Inicial - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 153: Definindo o Elemento (1) - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.
167

FERRAMENTAS DE SELEÇÃO New Section Plane

Figura 154: Definindo o Elemento (2) - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 155: Malha sem refinamento - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Para selecionar o corpo, deve-se estar com a ferramenta de seleção


“Body” selecionada. Para o próximo passo devemos nomear os elementos do
domínio. Nessa etapa mudar as ferramentas de seleção de acordo com o elemento
a ser selecionado facilita o processo, para as faces, a ferramenta de seleção deve
ser a “Face” e para o edifício e o cilindro a ferramenta deve ser a “Box Select” É
possível selecionar mais de uma face ou elemento mantendo a tecla “Ctrl”
168

selecionada. Para nomear as faces basta clicar com o botão direito na face em
questão e selecionar a opção “Create Named Selection”. As Figuras 156 a 162
apresentam a seleção e os nomes criados para cada face e/ou elemento. A Figura
163 mostra a janela “Outline” após os nomes serem criados.

Figura 156: Nomeando as faces - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 157: Entrada - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.


169

Figura 158: Parede - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 159: Saída - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 160: Piso - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.


170

Figura 161: Edifício - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 162: Pitot - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 163: Named Selection - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.


171

Após determinar os nomes dos elementos, a próxima etapa é o


refinamento da malha, para isso basta clicar com o direito em “Mesh” e selecionar a
ferramenta “Sizing” (Figura 164), este procedimento deve ser realizado tanto para o
edifício (Figura 165) como para o cilindro (Figura 166). No “Sizing”, deve-se
especificar o tamanho do elemento. Os valores utilizados seguem o que foi indicado
na Tabela 12 do Apêndice A. Na Figura 167 apresenta-se a malha após o
refinamento.

Figura 164: Refinamento da Malha Sizing - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 165: Refinamento da Malha Sizing Edifício - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.
172

Figura 166: Refinamento da Malha Sizing Cilindro (Pitot) - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 167: Malha Refinada - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

A próxima etapa é inserir os parâmetros da camada limite, para isso clica-


se com o direito em “Mesh” e seleciona-se a ferramenta “Inflation” (Figura 168), os
parâmetros da camada limite estão indicados na Tabela 9 e devem ser configurados
conforme Figura 169. No item “Scoping Method” deve-se selecionar todo o domínio,
em “Boundary Scoping Method” a opção “Named Selection” deve ser selecionada e
na opção “Boundary” seleciona-se as opções: “Parede”, “Piso”, “Edificio” e “Pitot”.
Com isso, deve-se gerar a malha novamente. A Figura 170 apresenta os detalhes da
camada limite.
173

Figura 168: Camada Limite Inflation - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 169: Parêmetros Inflation - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.

Figura 170: Detalhes Inflation - Mesh - CFX. Fonte: Próprio autor.


174

Por fim podem-se analisar as características da malha gerada e analisar


os parâmetros de qualidade da mesma conforme Figura 171. Após salvar o arquivo,
pode-se fechar a janela e passar para a etapa seguinte.

Figura 171: Características e Parâmetros de Qualidade da Malha - Mesh - CFX.


Fonte: Próprio autor.

B.3 Configurações – Condições de Contorno

O “Setup” é a etapa seguinte à definição da malha, é aqui que são


configuradas as propriedades dos fluidos e as condições de contorno para análise
em questão. Para iniciar as atividades basta voltar à janela do “Workbench” e dar um
clique duplo em “setup”, a Figura 172 mostra a área de trabalho da etapa em
questão.
175

Figura 172: Área de Trabalho - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor.

O primeiro item a ser configurado é o “Analysis Type” (Figura 173),


seleciona-se a análise transiente e define-se a duração do tempo de incidência da
ação do vento utilizando a opção de números de “timesteps” e a duração de cada
um, para essa análise considerou-se 100 timesteps com duração de 0,03 s, sendo
um total de 3 s. Seleciona-se “ok” e algumas mensagens irão aparecer, após
configurar os demais parâmetros as mensagens deixarão de existir. A configuração
do “Analysis Type” está ilustrada na Figura 174.

Figura 173: Analysis Type - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor.


176

Figura 174: Configuração do Analysis Type - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor.

Em seguida vamos configurar os elementos do domínio, para isso basta


clicar com o botão direito em “Default Domain” ir em “Insert” e em seguida
“Boundary” (Figura 175).

Figura 175: Inserindo Boundary - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor.


177

Este procedimento deverá ser realizado para cada elemento e/ou face
nomeada na etapa anterior, uma ação que facilita este procedimento é nomear a
Boundary com o mesmo nome (inclusive utilizando formatação igual – letras
maiúsculas, espaços, etc.) utilizado na etapa “Mesh”. Para os elementos “Piso”,
“Parede”, “Edificio” e “Pitot”, a configuração em “Boundary Type” é de “wall” (Figura
176) e em “Boundary Details” seleciona-se “No Slip Wall” (Figura 177). Para
“Entrada” a configuração em “Boundary Type” é de “inlet” (Figura 178) e em
“Boundary Details” deve-se inserir a velocidade do fluido em “Normal Speed” (essa
velocidade pode ser um valor ou uma equação, para as análises deste trabalho
considerou-se uma velocidade média de 35 m/s) e definir a intensidade de
turbulência (Figura 179). O último é a face “Saida” em “Boundary Type” a
configuração utilizada para essa face é de “outlet” (Figura 180) e em “Boundary
Details” deve-se configurar os parâmetros conforme Figura 181. Após configurar os
elementos o domínio apresentará setas indicando a face de entrada do fluido e a
face de saída, além disso, as “boundaries” criadas ficaram embaixo de “Default
Domain” conforme Figura 182.

Figura 176: Boundary Type (Parede, Piso, Edificio e Pitot) - Setup - CFX.
Fonte: Próprio autor.

Figura 177: Boundary Details (Parede, Piso, Edificio e Pitot) - Setup - CFX.
Fonte: Próprio autor.
178

Figura 178: Boundary Type (Entrada) - Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Figura 179: Boundary Details (Entrada) - Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Figura 180: Boundary Type (Saida) - Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Figura 181: Boundary Details (Saida) - Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.
179

Figura 182: Domínio após configuração dos elementos - Setup - CFX. Fonte: Próprio autor.

Após a configuração dos elementos basta clicar em Default Domain para


configurar as propriedades do fluido em questão (Figura 183), selecionar o modelo de
turbulência (Figura 184) e atribuir as condições de inicialização (Figura 185).
180

Figura 183: Default Domain (Basic Settings) - Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Figura 184: Default Domain (Fluid Models - Turbulência) - Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.
181

Figura 185: Default Domain (Initialization) - Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Na sequência, deve-se editar o “Solver Control” (Figura 186) para


configurar os critérios de convergência. Para o presente tutorial as configurações
utilizadas seguem conforme Figura 187. Vale ressaltar que uma recomendação da
Ansys é que os modelos venham a convergir até a 5ª iteração e que os resíduos
sejam da ordem de no máximo ou “RMS” .

.
Figura 186: Solver Control - Setup - CFX.
Fonte: Próprio autor.
182

Figura 187: Solver Control (Basic Settings)- Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Por último deve-se clicar em “Output Control” e em “Trn Results” criar um


item novo (Figura 188) e configurar como a Figura 189.

Figura 188: Output Control (Trn Results)- Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.
183

Figura 189: Output Control (Trn Results - Configurações)- Setup - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Feito isso, todas as mensagens irão desaparecer, o passo seguinte é


salvar o projeto e passar para etapa da solução.

B.4 Solução

Para dar início a essa etapa basta voltar ao “Workbench” e clicar na etapa
“Solution”, para isso as demais etapas devem estar concluídas, como mostra a
Figura 190.

Figura 190: Workbench- Solution - CFX.


Fonte: Próprio autor.
184

Em seguida deve-se definir como o processamento irá ocorrer, este


critério depende da capacidade computacional. Para a análise em questão
configurou-se o processamento conforme Figura 191.

Figura 191: Solution (Configuração do Processamento) - Solution - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Enquanto o processamento é realizado, uma tela se abrirá mostrando os


valores dos resíduos das equações do lado esquerdo e no lado direito haverá outra
tela com as informações sobre os cálculos de cada iteração, bem como informações
sobre o modelo gerado (qualidade da malha, número de nós e elementos, dentre
outros). Após o processamento do modelo a tela de solução apresenta-se conforme
Figura 192.
185

Figura 192: Tela de resultados do processamento - Solution - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Analisando o gráfico gerado do lado esquerdo, observa-se que o modelo


não convergiu conforme o parâmetro configurado na Figura 187, onde o critério de
convergência RMS (Root Means Square) estabelecido foi de 0,00001. Para haver
convergência, os resíduos das equações apresentados no gráfico da Figura 192
deveriam estar abaixo de . Por se tratar de um tutorial vamos prosseguir com a
análise, o ideal aqui seria voltar na etapa “Mesh” e reconfigurar a malha até que haja
convergência do modelo.

B.5 Resultados

Terminado o processamento, deve-se fechar “Solution” e voltar à tela


inicial do “Workbench”. Em seguida, basta dar um clique duplo em “Results”.

Figura 193: Workbench - Results - CFX. Fonte: Próprio autor.


186

Para se chegar aos valores dos coeficientes de pressão e de forma, o


primeiro passo é obter a pressão na face à barlavento do cilindro, que deve
funcionar como um tubo de “Pitot”. Para isso seleciona-se a ferramenta “Contour” e
atribuem-se os parâmetros conforme Figura 194, o valor de referência será o valor
máximo de pressão, que para este modelo é de 764.397 Pa.

Figura 194: Pressão no tubo de Pitot - Results - CFX. Fonte: Próprio autor.

Em seguida deve-se criar uma nova expressão , que é definida pela razão
entre a pressão total na face do edifício e a pressão máxima na face à barlavento do
cilindro (Equação 45). Nas Figuras 195 e 196 apresenta-se este procedimento.

Figura 195: Criando uma nova expressão - Results - CFX.


Fonte: Próprio autor.
187

Figura 196: Expressão CPe - Results - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Na sequência cria-se uma nova variável para a expressão criada conforme


Figura 197 e 198.

Figura 197: Criando uma nova variável - Results - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Figura 198: Variável cp - Results - CFX.


Fonte: Próprio autor.

Para visualização dos coeficientes de pressão e de forma no edifício


analisado, basta selecionar a ferramenta “Contour” e atribuir os parâmetros conforme
Figura 199.
188

Figura 199: CPe e Ce no edifício analisado - Results - CFX. Fonte: Próprio autor.

Por fim, para inserir as linhas de fluxo deve-se selecionar a ferramenta


“Streamline” e atribuir os parâmetros conforme Figura 200.

Figura 200: Linhas de fluxo no edifício analisado - Results - CFX. Fonte: Próprio autor.

Você também pode gostar