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Irma Filomena Lobosco

Economia

Adaptada por Irma Filomena Lobosco


APRESENTAÇÃO

É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Economia, parte in-
tegrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a
educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre-
sentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso,
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!

Unisa Digital
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 5
1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS........................................................................................................ 7
1.1 Conceitos de Economia..................................................................................................................................................8
1.2 Classificação dos Bens....................................................................................................................................................9
1.3 A Economia como Ciência Social............................................................................................................................10
1.4 A Economia e suas Relações......................................................................................................................................11
1.5 O Problema Econômico..............................................................................................................................................12
1.6 Sistemas Econômicos...................................................................................................................................................13
1.7 Recursos ou Fatores (Meios) de Produção...........................................................................................................16
1.8 O Princípio do Custo de Oportunidade................................................................................................................19
1.9 Riqueza, Utilidade e Valor...........................................................................................................................................20
1.10 Bens e Serviços.............................................................................................................................................................20
1.11 Setores Econômicos...................................................................................................................................................20
1.12 Divisão da Economia.................................................................................................................................................21
1.13 Método............................................................................................................................................................................21
1.14 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................22
1.15 Atividades Propostas.................................................................................................................................................22

2 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO................................................................... 23


2.1 Antiguidade.....................................................................................................................................................................24
2.2 Mercantilismo.................................................................................................................................................................24
2.3 Fisiocracia.........................................................................................................................................................................25
2.4 Os Clássicos......................................................................................................................................................................25
2.5 Teoria Neoclássica.........................................................................................................................................................27
2.6 A Era Keynesiana............................................................................................................................................................27
2.7 O Período Recente.........................................................................................................................................................28
2.8 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................29
2.9 Atividades Propostas....................................................................................................................................................29

3 MICROECONOMIA............................................................................................................................... 31
3.1 Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica...........................................................................................32
3.2 As Tarefas do Sistema de Mercado..........................................................................................................................35
3.3 Como o Mercado Funciona.......................................................................................................................................36
3.4 Produção...........................................................................................................................................................................36
3.5 Os Setores de Produção..............................................................................................................................................37
3.6 Possibilidade de Produção.........................................................................................................................................37
3.7 Os Fatores de Produção..............................................................................................................................................37
3.8 A Produção do Capital.................................................................................................................................................39
3.9 Os Dois Mercados..........................................................................................................................................................39
3.10 Demanda, Oferta e Equilíbrio.................................................................................................................................40
3.11 Oferta...............................................................................................................................................................................44
3.12 Equilíbrio de Mercado...............................................................................................................................................45
3.13 Elasticidades..................................................................................................................................................................46
3.14 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................47
3.15 Atividades Propostas.................................................................................................................................................47

4 TEORIA DA PRODUÇÃO................................................................................................................... 49
4.1 O Modelo Básico............................................................................................................................................................50
4.2 A Lei dos Rendimentos Decrescentes....................................................................................................................51
4.3 Os Rendimentos da Firma..........................................................................................................................................52
4.4 Produtividade.................................................................................................................................................................52
4.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................54
4.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................54

5 MERCADO DE TRABALHO.............................................................................................................. 55
5.1 História do Trabalho.....................................................................................................................................................55
5.2 Mercado de Trabalho...................................................................................................................................................56
5.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................58
5.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................59

6 FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA............................................................................ 61
6.1 Principais Índices que Acompanham os Preços................................................................................................68
6.2 O Balanço de Pagamentos.........................................................................................................................................69
6.3 Políticas Econômicas....................................................................................................................................................71
6.4 A Inserção do Brasil na Economia Mundial..........................................................................................................73
6.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................73
6.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................74

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS...................................... 75


REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 77
INTRODUÇÃO

A Economia cada vez mais vai se firmando como uma ciência imprescindível para o mundo dos ne-
gócios, não só internamente em cada país, como externamente, pois os países, com a abertura econômi-
ca do mundo em seguida à liberalização do movimento de capitais, ficam expostos a decisões tomadas
por agentes econômicos internacionais.
A estrutura da apostila baseia-se no problema da escassez, a fim de estudar a oferta e a procura
de produtos e, a partir desse instrumental, abordar a microeconomia ou teoria dos preços/economia
da empresa, analisando a demanda, a oferta, as estruturas de mercado,a teoria da produção e fatores de
produção .
A teoria macroeconômica, em âmbito nacional, propõe aos governos o estudo das variáveis ma-
croeconômicas, e, ainda, fornece ferramentas para a análise do comportamento da Economia como um
todo.
O presente material foi desenvolvido para a modalidade do Ensino a Distância (EaD) e seu uso será
de grande valia no decorrer das aulas do curso.
Tem como objetivos gerais: propiciar a análise dos conceitos de oferta e demanda, entender a fun-
cionalidade da atividade econômica, sua abrangência e limitações, entender a interação das complexas
variáveis da atividade econômica, e identificar a economia no que tange ao mercado de trabalho e prin-
cipais variáveis macroeconômicas.
Ao final de cada capítulo, leia com atenção os enunciados e responda às questões propostas. Essas
questões objetivam auxiliá-lo na aprendizagem. Primeiramente, responda a todas as questões e somente
ao final verifique as suas respostas, relacionando-as com as respostas e comentários do professor, ao final
desta apostila.

Irma Filomena Lobosco

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1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Caro(a) aluno(a), formam suas opiniões sobre como o Estado deve


Neste capítulo, trataremos dos conceitos da tomar medidas para resolvê-los. Um estudante de
ciência econômica. Vamos iniciar a discussão? Economia, de Direito ou de outra área pode vir a
Analisando o cotidiano, facilmente você ocupar cargo de responsabilidade em uma em-
identificará inúmeras questões econômicas, presa ou na própria administração pública e ne-
como, os exemplos a seguir de autores da área: cessitará de conhecimentos teóricos mais sólidos
para poder analisar os problemas econômicos
que nos rodeiam no dia a dia (VASCONCELLOS;
ƒƒ aumentos de preços nos alimentos,
GARCIA, 2003, p. 1).
planos de saúde, aluguel da casa etc.;
Todo indivíduo tem algum conhecimento
ƒƒ inflação e deflação;
sobre Economia e este conhecimento pode ser
ƒƒ anúncios de períodos de crise econô- útil, porém um conhecimento insuficiente pode
mica ou de crescimento; ser perigoso.
ƒƒ desemprego; Com a estabilidade da economia após o
ƒƒ setores que crescem mais do que ou- controle da inflação na década de 1990, o cená-
tros, como a indústria automobilística e rio empresarial brasileiro mudou. Os empresários
a indústria da construção civil; que não atentaram para a modernização dos pro-
ƒƒ diferenças salariais, dissídios coletivos, cessos de produção e de seus produtos, controle
greves; de custos e maximização dos lucros foram pegos
ƒƒ crises no balanço de pagamentos: dívi- de surpresa.
da interna e dívida externa; Da mesma forma que um profissional que
ƒƒ valorização ou desvalorização da taxa tenha realizado vários negócios envolvendo con-
de câmbio: importação e exportação; tratos trabalhistas, com sucesso, pode considerar-
-se um perito na economia dos salários ou que um
ƒƒ ociosidade em alguns setores de ativi-
administrador de empresa que tenha enfrentado
dade;
o controle dos custos de sua empresa pode consi-
ƒƒ diferença de renda entre as várias re-
derar que seu ponto de vista sobre o controle de
giões do país: Norte, Nordeste, Sudeste
preços é a última palavra, um profissional do mer-
etc.;
cado financeiro que negocia ações pode concluir
ƒƒ taxas de juros para financiamentos de que sabe tudo a respeito de economia financeira.
capital;
Nesse sentido, chamo a atenção sobre o
ƒƒ déficit governamental; fato de que os eventos econômicos estão presen-
ƒƒ elevação de impostos e tarifas públicas. tes no nosso dia a dia, são divulgados na mídia:
jornais, revistas, noticiário da televisão, rádio etc.
e precisamos entender seus impactos para poder
Os indivíduos discutem tais temas com em-
controlar as consequências.
pirismo, ou seja, pela experiência de cada um e

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A esse respeito, Guimarães e Gonçalves Deve o governo cobrar pedágio a fim de


(2010, p. 1) argumentam que: reduzir o congestionamento nas ruas das
grandes cidades? Quais são exatamente
os custos da intervenção do governo? O
Entendendo o funcionamento da econo- entendimento da economia nos auxilia a
mia, somos capazes de julgar se o gover- pensar sobre questões desse tipo.
no deve intervir ou não nas mais variadas
situações, e de compreender os princípios
básicos que devem nortear as decisões Podemos, assim, concluir que cada pessoa
sobre políticas públicas. Deve o governo tende, naturalmente, a julgar um fato econômico
interferir nos impactos sobre o preço do
pelo seu efeito imediato sobre ela.
ouro de uma charge ofensiva a Maomé
feita por um cartunista dinamarquês?

1.1 Conceitos de Economia

Podemos explicar o que é Economia anali- contratar trabalhadores, investir; e até


sando o significado do verbo ‘economizar’ ou da as decisões dos nossos governantes.
expressão ‘fazer economia’. Economizar significa Afinal, por trás de tudo o que observa-
evitar gastar inutilmente e guardar para futuras mos na economia e na sociedade estão
necessidades; sempre procuramos economizar o os atos e as escolhas individuais (GUI-
nosso dinheiro, reservando uma parte para uma MARÃES; GONÇALVES, 2010);
situação de emergência. ƒƒ Bem: é tudo aquilo capaz de atender
Segundo Vasconcellos e Garcia (2003, p. 2): a uma necessidade humana. Pode ser
“A palavra economia deriva do grego oikosnomos material ou imaterial (PINHO; VASCON-
(de oikos, casa, e nomos, lei), que significa a admi- CELLOS; TONETO JR., 2011);
nistração de uma casa, ou do Estado.” ƒƒ Escassez: produzir o máximo de bens e
Ainda segundo os autores, pode ser assim serviços com os recursos escassos dis-
definida: poníveis a cada sociedade (PINHO; VAS-
CONCELLOS; TONETO JR., 2011);
Economia é a ciência social que estuda ƒƒ Necessidade humana: qualquer ma-
como o indivíduo e a sociedade decidem nifestação de desejo que envolva a es-
(escolhem) empregar recursos produti-
colha de um bem econômico capaz de
vos escassos na produção de bens e ser-
viços, de modo a distribuí-los entre as vá- contribuir para a sobrevivência ou para
rias pessoas e grupos da sociedade, a fim a realização social do indivíduo (PINHO;
de satisfazer as necessidades humanas. VASCONCELLOS; TONETO JR., 2011);
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2003, p. 2).
ƒƒ Recursos: são os meios materiais ou
imateriais que permitem satisfazer cer-
Essa definição contém vários conceitos im- tas necessidades. Mão de obra, recursos
portantes, que são a base e o objeto do estudo da naturais/terra, capital, capacidade em-
ciência econômica, que estuda a produção, a cir- presarial (DICIONÁRIO DE ECONOMIA
culação, a distribuição e o consumo, quais sejam: ON LINE);
ƒƒ Produção: criação de um bem ou de
ƒƒ Escolha: decisões das pessoas sobre um serviço adequado para a satisfação
consumir, trabalhar, poupar, estudar; as de uma necessidade (DICIONÁRIO DE
decisões das empresas sobre produzir, ECONOMIA ON LINE);

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ƒƒ Distribuição: é a maneira como a pro- volução Industrial). Desde então, a Economia foi
dução ou a renda total é distribuída en- se tornando cada vez mais importante (GUIMA-
tre os indivíduos ou entre os fatores de RÃES, 1993).
produção (DICIONÁRIO DE ECONOMIA Ela trata do bem-estar do homem e os ele-
ON LINE). mentos-chave da atividade econômica são: (a)
os recursos produtivos (R); (b) as técnicas de pro-
Ainda está para ser elaborada uma defini- dução (que transformam os recursos em bens e
ção definitiva sobre Economia. Muitas têm sido serviços – BS); (c) as necessidades humanas (NH)
propostas e discutidas. De acordo com Mochon (MENDES, 2005).
(2004, p. 9), “a economia estuda a maneira como Tem-se:
se administram os recursos escassos, com o ob-
jetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los R → BS → NH.
para seu consumo entre os membros da socieda-
de” ou, então, “economia é a ciência que estuda a
produção, a circulação, a distribuição e o consu- Portanto, podemos afirmar que a função da
mo”. Economia como um todo é descrever, analisar, ex-
plicar e correlacionar o comportamento da pro-
Economia é o estudo das leis econômicas
dução, do desemprego, dos preços e dos fenôme-
indicadoras do caminho que devemos seguir a
nos semelhantes.
fim de aumentarmos a produtividade, melhoran-
do o padrão de vida das populações com o cor-
Atenção
reto emprego dos recursos (SAMUELSON, 1975).
A Economia só surgiu como ciência a partir A Economia estuda a maneira como os
do século XVIII, quando foram feitas grandes des- homens e as sociedades decidem, com ou
cobertas técnicas e científicas que modificaram sem utilização do dinheiro, empregar re-
radicalmente o modo de produzir dos povos (Re- cursos produtivos escassos!

1.2 Classificação dos Bens

Tudo que é raro em relação às necessidades ou – o que é mais frequente – cobrando-se um


individuais ou coletivas deve ser economizado. preço daqueles que desejam tais bens.
Assim, tudo aquilo que é raro é um bem econô- Devido à sua carência, os bens econômicos
mico e tudo aquilo cuja abundância supera nos- devem, geralmente, ser produzidos, quando en-
sas necessidades não é um bem econômico. O ar tão tomam a forma de serviços ou de bens ma-
que respiramos, a areia do deserto, a água do mar teriais: o vendedor que realiza a venda de um de-
e muitos outros bens não podem ser classificados terminado produto (mercadoria) na loja participa
como bens econômicos. São classificados como na produção do bem econômico, assim como o
bens livres. A principal característica dos bens operário que trabalhou na sua produção.
econômicos é sua carência, isto é, existem em Fabricar algo, transpor e vendê-lo, ministrar
menor quantidade do que as necessidades. uma aula, cortar o cabelo, entregar uma carta,
Devido a essa característica, os bens econô- tudo isso e mais uma infinidade de outras ativida-
micos devem ser racionados. Isso pode ser feito des são atos de produção. Quem realiza atos de
através de um sistema de repartição autoritária produção realiza uma atividade econômica.

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1.3 A Economia como Ciência Social

A Economia como ciência social trata 3. sociais: consistem no desejo, que to-
dos diferentes aspectos do comportamento dos sentem, de participar de vários
humano que são ocupados pelas ciências so- grupos e de ser aceito por eles. Alguns
ciais, podendo ser caracterizados como ciên- desses grupos são: o familiar, grupos
cias do comportamento ou ciências humanas. de escola, companheiros de trabalho;
Elas compreendem áreas distintas, diferenciando,
4. estima: o indivíduo deseja ser mais do
por sua natureza, os vários aspectos da ação do
que um membro do seu grupo; neces-
homem com o qual cada uma delas se envolve.
sita de estima, afeto, amor, valorização
Em qualquer sociedade, os recursos ou fa-
e reconhecimento. A satisfação das
tores de produção são escassos; contudo, as ne-
necessidades de estima provoca senti-
cessidades humanas são ilimitadas e sempre se
renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre mentos de autoconfiança;
alternativas de produção e de distribuição dos re- 5. autorrealização: está ligada ao desejo
sultados da atividade produtiva aos vários grupos do ser humano de desenvolver e usar
da sociedade. sua capacidade, suas aptidões e habili-
Economia é a ciência social que estuda dades, bem como de realizar seus pla-
como o indivíduo e a sociedade decidem empre- nos.
gar os recursos produtivos escassos na produção
de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre
as várias pessoas e grupos da sociedade, de forma Pensando e observando a vida das pessoas,
a satisfazer as necessidades humanas. percebemos facilmente que as necessidades hu-
manas são limitadas quanto ao número. Logo que
Consideradas elementos-chave da ativida-
de econômica, as necessidades humanas se cons- alguém consegue dinheiro para saciar sua fome e
tituem na razão de ser (na força motivadora) da para vestir-se, já pensa em adquirir sua casa pró-
atividade econômica. Os desejos dos serem hu- pria. Quando já tem a casa, quer decorá-la da me-
manos são ilimitados. lhor maneira possível. Depois, surge a necessida-
As diferentes necessidades humanas são, de de convidar os amigos para conhecer a casa e
geralmente, agrupadas da seguinte forma: ouvir os últimos CDs adquiridos.
À medida que vão se satisfazendo as ne-
1. fisiológicas: são as necessidades bá- cessidades, outras vão surgindo: carros, viagens,
sicas da vida: água, comida, abrigo, ar, cursos, roupas da moda, emprego melhor e assim
vestuário, descanso etc.; por diante.
2. segurança: as pessoas desejam estar,
na medida do possível, seguras de que Economia Positiva e Economia Normativa
no futuro não lhes faltarão meios de sa-
tisfazer suas necessidades básicas. Ne-
Toda ciência deve seguir critérios para que
cessitam, também, sentirem-se seguras
possa ser considerada aceitável na comunidade
quanto ao respeito e à estima dos de-
científica. Assim, a teoria econômica, que apre-
mais. No trabalho, as pessoas sentem
senta um grande desenvolvimento nos últimos
necessidade de segurança quanto ao
séculos, necessidade de ferramentas para sua
seu emprego, isto é, desejam ter certa
análise.
garantia de que não serão dispensadas
a qualquer momento;

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De acordo com Vasconcellos e Garcia (2002, Quando se diz que deveria ocorrer uma me-
p. 32): lhoria na distribuição de renda, expressa-se um
juízo de valor, pois é uma crença que é uma coi-
a teoria econômica utiliza-se de argu- sa boa ou má. Esse exemplo é um argumento da
mentos positivos (economia positiva) e economia normativa. Já a economia positiva au-
argumentos normativos (economia nor- xiliará a identificar o instrumento de política eco-
mativa). A economia normativa contém
nômica adequado à diminuição da concentração
um juízo de valor, subjetivo, e a economia
positiva é o conjunto de conhecimentos de renda, como, por exemplo, política salarial ou
objetivos, que respeita todos os cânones política tributária, que avaliará os aspectos positi-
científicos. vos e negativos.

1.4 A Economia e suas Relações

A Economia faz fronteira com outras impor- a História facilita a compreensão do pre-
tantes disciplinas, tais como: sociologia, psicolo- sente, e ajuda nas previsões para o futuro,
com bases nos fatos do passado.
gia, antropologia, administração, contabilidade,
estatística e matemática. Para a interpretação de Há também uma grande conexão entre
Economia e Geografia, pois esta permite
registros históricos, são necessários os instrumen-
avaliar também questões como as con-
tos analíticos, porque os fatos não “contam com dições geoeconômicas dos mercados
sua própria história”, mas possuem grande impor- regionais, a concentração espacial dos
tância. fatores produtivos, a localização de em-
presas, a composição setorial da ativida-
Caro(a) aluno(a), Vasconcellos e Garcia
de econômica, muito úteis à análise eco-
(2002, p. 33) procuraram estabelecer os pontos de nômica.
contato entre a teoria econômica e outras áreas
Aponta ainda a relação entre Economia
do conhecimento: e Política, pois, nesse sentido a atividade
econômica subordina-se à estrutura ao
Na chamada pré-economia, antes da Re- regime político do país.
volução Industrial do século XVIII, que
corresponde ao período da Idade Média,
a atividade econômica era vista como Como você sabe, e vimos na citação ante-
parte integrante da Filosofia, Moral e Éti- rior, a esse respeito Vasconcellos e Garcia (2003, p.
ca. A Economia era orientada por princí- 10) afirmam que,
pios morais e de justiça.
O início do estudo sistemático da Econo- apesar de ser uma ciência social, a Eco-
mia coincidiu com os grandes avanços na nomia é limitada pelo meio físico, dado
área de Física e Biologia nos séculos XVIII que os recursos são escassos, e se ocu-
e XIX. pa de quantidades físicas e das relações
Com o passar do tempo, predominou entre essas quantidades. Daí surge a ne-
uma concepção humanística, que colo- cessidade da utilização da Matemática
ca em plano superior os móveis psicoló- e da Estatística como ferramentas para
gicos da atividade humana. A Economia estabelecer relações entre variáveis eco-
é por excelência uma ciência social, pois nômicas. Por exemplo, a relação entre o
objetiva a satisfação das necessidades consumo nacional está diretamente re-
humanas. lacionada com a renda nacional e pode
ser representada da seguinte forma: C =
Muitos avanços obtidos na Teoria Econô-
ƒ(RN) e ΔC / ΔRN > 0. Diz que o consumo
mica advieram da pesquisa histórica, pois
(C) é uma função (ƒ) da renda nacional

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(RN) e dada uma variação da renda nacio- Estatística. Por exemplo: C = 2pr, onde C
nal (ΔRN), terá uma variação diretamente = comprimento da circunferência, p = le-
proporcional (na mesma direção) do con- tra grega PI e r = radianos, é uma relação
sumo agregado (ΔC). matemática exata qualquer que seja o
comprimento da circunferência. Em eco-
Como as relações econômicas não são
nomia tratamos de leis probabilísticas.
exatas, mas probabilísticas, recorre-se à

1.5 O Problema Econômico

O problema econômico está centralizado Por escassez, entende-se a situação em que


no fato de que os recursos disponíveis ao homem os recursos são limitados e podem ser utilizados
para produzir bens e serviços são limitados, escas- de diferentes maneiras, de tal modo que devemos
sos, mas a necessidade ou desejo desses bens e sacrificar uma coisa por outra. A seguir, apresen-
serviços varia e é insaciável (MENDES, 2005, p. 3). tam-se situações de escassez comuns no dia a dia:
A ciência econômica procura resolver esse
problema, atribuindo um grau de importância a ƒƒ uma quantidade limitada de recursos
cada necessidade e sugerindo a canalização dos (dinheiro) para consumir alimentos
recursos para a satisfação das necessidades mais ofertados nos supermercados exige a
urgentes. Um indivíduo deve satisfazer suas ne- escolha entre a compra de determina-
cessidades, porém o alimento cotidiano e o lazer das mercadorias (comprar unidades a
não têm a mesma importância. De que adianta o mais de um produto e a menos de ou-
indivíduo andar vestido de acordo com a última tro);
moda se tem dificuldades em se alimentar? Tam- ƒƒ tempo limitado para ler um livro que
bém não têm a mesma importância a necessida- exige algumas horas de dedicação im-
plica ter menos horas para se dedicar a
de de pagar a educação dos filhos e o desejo de
outras atividades, como, por exemplo,
comprar um carro.
assistir a um filme no cinema;
O dinheiro que um indivíduo dispõe serve
ƒƒ na empresa, uma máquina tem capaci-
para muita coisa quando é abundante. Como, dade para produzir dois diferentes pro-
em geral, o dinheiro é escasso, é preciso utilizá-lo dutos e exige decisão de qual deles irá
muito bem, para que seja suficiente para o mais produzir a mais ou a menos.
importante, ao mesmo tempo em que se procura
melhorar a situação.
Para Vasconcellos e Garcia (2002, p. 22),
Um país também tem muitas necessidades:
estradas, represas, hospitais, escolas, fábricas etc.
Diante da elevada quantidade de necessidades, o todas as sociedades, qualquer que seja
seu tipo de organização econômica ou
governo, geralmente, sente a falta de recursos. É
regime político, são obrigadas a fazer
preciso classificá-las segundo sua importância e, opções, escolhas entre alternativas, uma
em seguida, canalizar para as prioritárias os recur- vez que os recursos não são abundantes.
sos disponíveis. Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre
O QUE E QUANTO, COMO e PARA QUEM
produzir.
Atenção

A Economia é a ciência da escassez ou das O QUE E QUANTO PRODUZIR? A socieda-


escolhas. de é responsável por decidir se produz mais bens
de consumo ou bens de capital, como, por exem-

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Economia

plo, se quer produzir mais armas de fogo ou mais buição dos resultados de sua produção: trabalhado-
manteiga? Em que quantidade? Os recursos de- res, capitalistas ou proprietários de terra? Agricultura
vem ser dirigidos para a produção de mais bens ou indústria? Mercado interno ou mercado externo?
de consumo ou bens de capital? Dada a escassez Região Norte ou Sul? É a distribuição da renda gera-
de recursos de produção, a sociedade escolhe- da pela atividade econômica.
rá, dentro das possibilidades de produção, quais Por que são problemas? Porque decorrem
produtos serão produzidos e as respectivas quan- de um problema fundamental, que é a escassez
tidades a serem fabricadas. de recursos.
COMO PRODUZIR? Essa questão é relacio- Como esses problemas são resolvidos? Isso
nada à eficiência produtiva. Serão utilizados mé- depende de como a sociedade está organizada
todos de produção de capital intensivos? Ou mão politicamente
de obra intensiva? A sociedade escolherá quais Existem duas formas principais de organiza-
recursos de produção serão utilizados para a pro- ção econômica:
dução de bens e serviços, considerando o nível
tecnológico existente. Isso depende da disponi-
1. economia de mercado (ou descentrali-
bilidade de recursos de cada país. Geralmente, a
zada, tipo capitalista);
concorrência entre os diferentes produtores de-
cide como vão ser produzidos os bens e serviços, 2. economia planificada (ou centralizada,
considerando os métodos mais eficientes e que tipo socialista).
tiverem o menor custo de produção possível.
PARA QUEM PRODUZIR? A sociedade deve
decidir quais os setores que participarão da distri-

1.6 Sistemas Econômicos

Segundo Vasconcellos e Garcia (2003, p. 2), de resolver os problemas econômicos


um sistema econômico pode ser definido como fundamentais (o que e quanto, como e
para quem produzir), guiados por uma
a forma política, social e econômica pela “mão invisível”, mediante o mecanismo
qual está organizada uma sociedade. É de preços que promove o equilíbrio nos
um particular sistema de organização da vários mercados.
produção, distribuição e consumo de to-
•• Se houver excesso de oferta
dos os bens e serviços que as pessoas uti-
(ou escassez de demanda), as
lizam buscando uma melhoria no padrão
de vida e bem-estar. empresas formarão estoques e
serão obrigadas a diminuir seus
preços para vender a produção,
As economias de mercado podem ser anali- até que se atinja um preço sa-
sadas por dois sistemas: tisfatório para os estoques;
•• Se houver excesso de demanda
(ou escassez de oferta), existirá
ƒƒ sistema de concorrência pura (sem concorrência entre os consu-
a interferência do governo): perfeita- midores pelos escassos bens
mente competitivo, predomina o lais- disponíveis. O preço tende a
sez-faire: milhares de produtores e mi- aumentar, até que se atinja um
nível de equilíbrio em que não
lhões de consumidores têm condições

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mais existirão consumidores A forma de resolver os problemas econômicos


em espera; fundamentais é decidida por uma agência ou ór-
ƒƒ sistema de mercado misto: atuação gão central de planejamento e não pelo mercado
do governo para eliminar as distorções (VASCONCELLOS; GARCIA, 2002).
alocativas e distributivas de recursos e
promover a melhoria do padrão de vida
Os Agentes Econômicos
de coletividade, das seguintes formas:
•• atuação sobre a formação de
preços via impostos, subsídios, No funcionamento do sistema econômico
tabelamentos, fixação de salá- de uma economia de mercado que não tenha
rio-mínimo, preços mínimos, interferência do governo e não tenha transações
taxa de câmbio; com o exterior (economia fechada), os agentes
•• compra de bens e serviços do
econômicos são as famílias (unidades familiares)
setor privado;
•• fornecimento de bens públicos e as empresas (unidades produtoras).
que não são vendidos no mer-
cado: educação, justiça, segu- Dicionário
rança. É aquele bem que não
apresenta rivalidade em seu Agente Econômico: indivíduos, grupos de indiví-
consumo; duos ou organismos que constituem, do ponto de
•• fornecimento de serviços pú- vista dos movimentos econômicos, os centros de
blicos: iluminação, água, sanea- decisão e de ações fundamentais.
Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.
mento básico, transporte etc.;
•• investimento em infraestrutura
básica (energia, estradas etc.), As famílias são as proprietárias dos fatores
o qual a iniciativa privada não de produção e os fornecem às unidades de produ-
tem recursos financeiros de as- ção (empresas), por meio do mercado dos fatores
sumir. de produção. Consequentemente, as empresas,
através da combinação dos fatores de produção,
No funcionamento de uma economia cen- produzem bens e serviços e os fornecem às famí-
tralizada ou planificada, a propriedade dos recur- lias por meio do mercado de bens e serviços.
sos é do Estado. Os meios de produção incluem Observe caro(a) aluno(a) as figuras a seguir:
máquinas, edifícios, residências, terra, matérias-
Esse fluxo é denominado de Fluxo Real da
-primas. Os meios de sobrevivência pertencem
Economia, conforme apresentado na Figura 1.:
aos indivíduos (roupas, carros, televisores etc.).

Figura 1 – Fluxo real da economia.

Mercado de bens e serviços


Demanda Oferta

Famílias Empresas

Oferta Demanda
Mercado de fatores de produção
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003).

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No mercado de bens e serviços, as famílias Cabe ressaltar que o fluxo real da Economia
demandam bens e serviços, enquanto as empre- só é possível com a moeda, que é utilizada para
sas os ofertam; no mercado de fatores de produ- remunerar os fatores de produção e para o paga-
ção, as famílias ofertam os serviços dos fatores de mento dos bens e serviços.
produção, que são de sua propriedade, enquanto Assim, paralelo ao fluxo real, temos um flu-
as empresas os demandam. xo monetário da Economia (Figura 2).

Figura 2 – Fluxo monetário da economia.

Pagamentos dos bens e serviços

Famílias Empresas

Remuneração dos fatores de produção

Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003).

Finalmente, o fluxo circular de renda é a


união dos fluxos real e monetário da Economia
(Figura 3).

Figura 3 – Fluxo circular de renda.

Mercado de bens e serviços

O que e quando produzir

Famílias Como produzir Empresas

Para quem produzir

Mercado de fatores de produção

Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003).


Fluxo monetário
Fluxo real (bens e serviços)

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As forças de oferta e da demanda atuam em fatores de produção, formam-se os preços dos fa-
cada um dos mercados para determinar o preço. tores de produção: salários, juros, aluguéis, lucros,
Portanto, no mercado de bens e serviços, formam- royalties etc. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003).
-se os preços de bens e serviços; no mercado de

1.7 Recursos ou Fatores (Meios) de Produção

Os recursos econômicos, que constituem de riquezas acumuladas por uma socie-


a base de qualquer economia, são os meios uti- dade, estão os seguintes:
lizados pela sociedade para a produção de bens •• infraestrutura econômica: trans-
e serviços que irão satisfazer as necessidades hu- portes; telecomunicações; energia;
manas. •• infraestrutura social: sistemas de
São as três características dos recursos eco- água e saneamento, educação, cul-
nômicos: tura, segurança, saúde, lazer e es-
portes;
a) escassos em sua quantidade (ou seja, •• construções e edificações de
limitados), representados por uma si- modo geral, sejam públicas ou pri-
tuação na qual os recursos podem ser vadas;
utilizados na produção de diferentes •• equipamentos de transporte:
bens e serviços; caminhões, ônibus, utilitários, lo-
b) versáteis, pois podem ser aproveitados comotivas, vagões, embarcações,
em diversos usos; aeronaves;
•• máquinas e equipamentos: são
c) podem ser combinados em propor-
utilizados nas atividades de extra-
ções variáveis na produção de bens e
ção, transformação, prestação de
serviços.
serviços, na indústria de construção
e nas atividades agrícolas;
Quanto à classificação, os recursos po- •• matérias-primas ou insumos:
dem ser agrupados em: energia elétrica, óleo diesel, gás, co-
rantes, matérias químicas para a in-
a) recursos naturais: todos os bens eco- dústria; ou sementes, fertilizantes,
nômicos na produção e que são obti- inseticidas, herbicidas, fungicidas,
dos diretamente da natureza; vacinas, rações e combustíveis na
agricultura, entre outros.
b) recursos humanos: toda atividade hu-
mana (esforço físico e/ou mental) utili-
zada na produção de bens e serviços; Caro(a) aluno(a), informa-nos Mendes
c) capital: todos os bens materiais produ- (2005, p. 5) que
zidos pelo homem e que são utilizados
na produção. O fator capital inclui o alguns autores consideram também
conjunto de riquezas acumuladas por como mais um tipo de recurso o em-
preendedorismo, que é o esforço uti-
uma sociedade e é com essas riquezas
lizado para coordenar a produção, dis-
que um país desenvolve suas atividades tribuição e venda de bens e serviços, ou
de produção. Entre os principais grupos seja, para organizar os recursos naturais,
humanos e o capital. Um empreendedor

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toma decisões de negócios, assume os tecnologia disponível também é deter-


riscos oriundos dessas decisões, compro- minado, ou seja, naquele momento, não
mete tempo e dinheiro com um negócio é possível fazer uma mudança tecnoló-
sem nenhuma garantia de lucro. gica. Esse limite é descrito pela curva ou
fronteira de possibilidade de produção.

Curva de Possibilidades de Produção


A decisão das empresas a princípio pode
não estar relacionada com a maximização do lu-
Você sabia que levando em consideração
cro: algumas visam à reputação de longo prazo,
que, em cada dia útil de trabalho, cerca de 80 mi-
ao aumento da participação no mercado. Entre-
lhões de pessoas produzem uma variedade de
tanto, o meio para alcançar tais objetivos é fazê-
bens e serviços avaliada em, aproximadamente,
-lo vendendo o bem a um preço baixo por certo
R$ 4 bilhões1?
tempo. Nessa ação a empresa prejudica a lucrati-
A quantidade de bens e serviços que pode vidade no momento presente, mas contribui para
ser produzida é limitada por nossos recursos dis- obter maior lucro no futuro, atraindo um número
poníveis e pela tecnologia que dominamos. maior de clientes.
De acordo com Mendes (2005, p. 8), Caro(a) aluno(a), a seguir, ilustra-se, na Ta-
bela 1, a curva de possibilidade de produção de
na escolha dos bens e serviços que de- dois produtos num determinado momento, con-
vem ser produzidos, a primeira provi- siderando, assim, que a quantidade produzida de
dência é determinar quais combinações
de bens e serviços são possíveis, levando
todos os demais bens e serviços é mantida cons-
em consideração duas restrições: (a) que tante; admitindo dois produtos que a maioria
a quantidade de recursos produtivos é dos estudantes adquire: guaraná e CDs (MENDES,
determinada (limitada); (b) que o nível de 2005).

Tabela 1 – Seis pontos hipotéticos sobre a fronteira de possibilidades de produção.


PRODUÇÃO DE GUARANÁ PRODUÇÃO DE CDs
POSSIBILIDADES
(milhões de litros/mês) (milhões de unidades/mês)
A 30 0
B 28 1
C 24 2
D 18 3
E 10 4
F 0 5
Fonte: Mendes (2005, p. 7).

1
Avaliada em aproximadamente 4 bilhões a quantidade de bens e serviços.

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Figura 4 – A curva de possibilidades de produção.

Camisas

Carros

Produção eficiente de possibilidade de produção por uma das duas


seguintes razões:

Unindo-se os pontos, obtém-se a chama-


da “curva das possibilidades de produ- a) os recursos não estão sendo emprega-
ção” ou curva de transformação, à medi- dos plenamente;
da que se passa do ponto A para B, de B b) os recursos estão sendo utilizados de
para C e assim por diante, até D, em que
maneira ineficiente.
se estarão transformando carros em ca-
misas. O pleno emprego é definido por
uma situação em que os recursos dispo-
Mudança na curva de possibilidade de produção
níveis estão sendo plenamente utilizados
na produção de bens e serviços, garantin-
do o equilíbrio econômico das atividades
produtivas. (PINHO; VASCONCELOS; TO- Considerando a necessidade de crescimen-
NETO JR., 2011, p. 13). to econômico de um país como o Brasil em vir-
tude do crescimento populacional elevado, con-
forme dados do Instituto Brasileiro de Geografia
Atenção e Estatística (IBGE)2, e admitindo-se que a produ-
ção já seja eficiente, como seria possível produ-
A curva de transformação representa um impor-
tante fato: “uma economia em pleno emprego zir mais de ambos os produtos? Como é possível
precisa sempre, ao produzir um bem, desistir de deslocar para a direita a curva de possibilidade de
produzir um tanto de outro bem”.
produção?
De acordo com a curva de possibilidade de
produção, a opção de produção disponível com
A eficiência de produção é alcançada se um dado conjunto de recursos produtivos deve
não pudermos produzir mais de um produto sem deslocar a curva de possibilidade de produção
produzir menos de algum outro bem. Uma eco- para a direita (crescimento econômico). Se uma
nomia poderia estar produzindo abaixo da curva economia utilizar mais recursos naturais, huma-

2
Em comparação com o Censo 2000, ocorreu um aumento de 20.933.524 pessoas. Esse número demonstra que o crescimento
da população brasileira no período foi de 12,3%, inferior ao observado na década anterior (15,6% entre 1991 e 2000). O Censo
2010 mostra também que a população é mais urbanizada que há 10 anos: em 2000, 81% dos brasileiros viviam em áreas
urbanas, agora são 84% (IBGE, 2012).

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Economia

nos, capital e habilidades empreendedoras, ela


poderá, como um todo, produzir mais de cada um
Saiba mais
dos bens e serviços. Esse mesmo resultado pode
ser alcançado se novas tecnologias forem desen- Análise econômica é a aplicação à realidade econô-
volvidas, de tal modo que a produtividade dos fa- mica do método científico de decomposição em ele-
mentos mais facilmente compreensíveis que o todo,
tores aumente.
visando a inseri-los em um esquema explicativo.
O formato de curva é explicado pelo concei-
to de custo de oportunidade, que é um dos prin-
cípios fundamentais para a análise econômica.
Por princípio, entende-se uma simples, mas evi-
dente, verdade que a maioria das pessoas enten-
de e aceita (MENDES, 2005).

Figura 5 – Crescimento econômico.

Alimentos

(toneladas) Máquinas (milhares)

1.8 O Princípio do Custo de Oportunidade

Saiba mais
Incorpora a noção de que sempre enfren-
tamos a situação de escolher entre duas ou mais O custo de estudar em tempo integral
Consideremos um estudante de medicina de uma
opções e de que temos que optar por uma coisa universidade pública que tem todo o seu tempo ocu-
(um produto, por exemplo) em detrimento de ou- pado com os estudos. No Brasil, os alunos não pagam
tra, visto que os recursos são limitados e podem para estudar em universidades públicas. Dado que o
estudante não paga, isso significa que estudar não im-
ser utilizados em diferentes alternativas. plica custos para ele?
Conforme Guimarães e Gonçalves (2010, Mesmo se os livros saíssem de graça, a resposta ainda
p. 10) o custo de oportunidade é: “Para o econo- seria não, pois se o jovem tivesse optado por trabalhar
em vez de destinar todo seu tempo à faculdade de
mista, é o valor do melhor uso alternativo dessa medicina, ele estaria recebendo algum salário. Esse sa-
coisa.” lário, multiplicado pelos anos na faculdade, é o custo
de oportunidade total de estudar. Por sua vez, o be-
nefício dessa escolha é que seu salário como médico,
depois de formado, será provavelmente bem mais alto
do que seria sem a formação. Outro benefício pessoal
é o prazer de aprender medicina (GUIMARÃES; GON-
ÇALVES, 2010).

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1.9 Riqueza, Utilidade e Valor

A palavra ‘riqueza’ lembra uma grande ƒƒ valor de uso: é a utilidade que um bem
quantidade de bens econômicos ou dinheiro. Em tem para nós pessoalmente. É conheci-
Economia, qualquer bem útil, acessível e limita- do também como valor de estima;
do recebe o nome de riqueza. ƒƒ valor de troca: é o valor que um bem
Utilidade é a qualidade que possuem os tem no sentido de poder ser trocado
bens econômicos de satisfazer as necessidades por outro. É o valor de mercado do
humanas. O bem, porém, só é útil quando de- bem.
sejado pelo homem. Utilidade, portanto, é um
conceito mais subjetivo que objetivo. O grau de Desse modo, um bem pode ser de grande
utilidade de um bem depende da necessidade valor de uso e de nenhum valor de troca, como
de cada indivíduo. Um bem pode ser útil para al- um álbum de fotos de família, por exemplo.
guém e não o ser para outra pessoa. O valor das coisas é determinado por um
conjunto de fatores; o trabalho e a utilidade são
Pinho, Vasconcelos e Toneto Jr, (2011, p. 11)
apenas dois dos fatores constitutivos desse valor.
definem utilidade como “a capacidade que tem Além desses, existem outros elementos sociais,
um bem de satisfazer uma necessidade humana.” políticos, psicológicos, estéticos etc.
Valor é a medida da utilidade econômica.
Existem dois tipos:

1.10 Bens e Serviços

Os produtos devem ser classificados segun- Segundo o destino, os produtos podem ser
do sua natureza e seu destino. Segundo a nature- classificados em: bens e serviços de consumo du-
za, os produtos gerados no processo produtivo se ráveis ou de uso imediato; bens e serviços inter-
classificam em bens (B) e serviços (S). mediários (matérias-primas ou insumos para se-
Os bens são produtos tangíveis oriundos rem transformados em bens de consumo); bens e
das atividades dos setores primário, secundário e serviços de produção (bens de capital).
terciário de produção. Já os serviços são os pro-
dutos intangíveis, resultantes das atividades ter-
ciárias de produção.

1.11 Setores Econômicos

Mendes (2005, p. 11) afirma que “de acordo a) setor primário: agricultura, pecuária,
com a intensidade de uso dos recursos, são classi- extração vegetal;
ficadas as atividades de produção”, os chamados b) setor secundário: indústria extrativa
setores da Economia, a seguir: mineral, indústria de transformação, in-
dústria da construção;

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c) setor terciário: comércio, comunica-


ções, intermediação financeira, imo-
biliárias, hospedagem e alimentação, Atenção
reparação e manutenção, serviços pes- O problema fundamental de qualquer economia
soais, outros serviços, como assistência reside na seguinte questão: diante das necessi-
à saúde, educação, cultura, lazer, culto dades humanas, que são variadas e insaciáveis, e
os recursos, que são limitados e versáteis, como
religioso e governos federal, estaduais e combiná-los para satisfazer ao máximo as neces-
municipais. sidades da sociedade?

Mendes (2005) esclarece que, de modo ge-


ral, o setor primário utiliza mais intensivamente o
fator terra; o setor secundário ou setor industrial
utiliza o fator capital; e o setor terciário, o fator tra-
balho.

1.12 Divisão da Economia

A bifurcação da ciência econômica nesses a) Microeconomia ou teoria de forma-


dois grandes ramos, isto é, a macroeconomia e a ção de preços: estuda os problemas
microeconomia, data dos primórdios da década econômicos do indivíduo, da família e
de 1930. Ambas giram em torno do problema da da empresa;
limitação e do caráter finito dos recursos produti- b) Macroeconomia: se envolve com os
vos em face das necessidades vitais e da civiliza- grandes problemas, em seus setores, no
ção, infinitas e ilimitadas, subjacentes ao ser hu- aspecto global ou seus agregados.
mano, problemática essa que embasa e justifica
a razão da existência da Economia como ciência.

1.13 Método

a) Indutivo: partimos da análise, observa- c) Psicológico: buscamos, na psicologia,


ção e pesquisa de fatos individuais para a explicação sobre determinadas for-
obtermos uma conclusão, um ensina- mas de comportamento da população.
mento, uma lei ou verdade universal; Exemplo: boatos (força dos comentá-
b) Dedutivo: obtemos de leis e verdades rios).
universais experiências, ensinamentos,
verdades ou leis de caráter particular,
contidas naqueles princípios;

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1.14 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você estudou os conceitos fundamentais de Economia e foi levado(a) à reflexão
sobre as questões econômicas cotidianas, tomando como base do objeto da ciência econômica: escolha,
escassez, necessidades, recursos, produção e distribuição.
Desde os primeiros estudos, a Economia trata do bem-estar do homem, tendo como elementos-
-chave da atividade econômica os recursos produtivos e as técnicas de produção que transformam os
recursos em bens e serviços para atender às necessidades humanas.
Aprendeu que tudo que é raro em relação às necessidades individuais ou coletivas deve ser econo-
mizado. Portanto, tudo que é raro é um bem econômico.
Também pôde compreender a economia como uma Ciência Social que se relaciona com o com-
portamento e as necessidades humanas, agrupadas em: fisiológicas, segurança, sociais, estima e autor-
realização, sendo que o problema econômico fundamental está centralizado nos recursos limitados para
atender às necessidades humanas ilimitadas. Assim, a Economia é a ciência da escassez ou das escolhas.
As sociedades são obrigadas a fazer as escolhas sobre o que e quanto, como e para quem produzir,
e cabe aos sistemas econômicos organizar a produção, distribuição e consumo de todos os bens e servi-
ços que as pessoas utilizam em busca do melhor padrão de vida e bem-estar.
Viu ainda relacionados os agentes econômicos que participam do Fluxo Real da Economia, que em
paralelo impulsionam o Fluxo Monetário, resultando no Fluxo Real Monetário da Economia.
Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

1.15 Atividades Propostas

1. Por que os problemas econômicos fundamentais (o que, como e para quem produzir) são
originados da escassez de recursos produtivos?

2. Os problemas econômicos fundamentais (o que, como e para quem produzir) existem:


a) Somente nas sociedades de economia centralizada do tipo socialista.
b) Somente nas sociedades de “livre empresa” ou capitalista, nas quais o mercado é o único
responsável para responder ao problema.
c) Em todas as sociedades, não importando seu grau de desenvolvimento ou sua forma de
organização política.
d) Somente nas sociedades subdesenvolvidas.

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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
2 ECONÔMICO

Neste capítulo da disciplina de Economia, formulação teórica da moderna análise macroe-


você conhecerá a história da origem da Ciência conômica, registrou que o mundo estava excep-
Econômica. cionalmente ansioso por um diagnóstico mais
Como podemos precisar, quando e onde bem fundamentado, pronto a aceitá-lo e desejoso
essa importante ciência, que é a Economia, teve de experimentá-lo.
seu início? Assim, praticamente durante toda a pri-
Faremos um rápido resgate da origem do meira metade do século a Grande Depressão e as
interesse pela Economia e os problemas dela de- Grandes Guerras aproximariam as reflexões teóri-
correntes que sempre despertaram a atenção dos cas dos economistas às soluções práticas dos esta-
povos; mas o estudo sistemático da Economia é distas. A Grande Depressão abalou todo o sistema
relativamente recente. Certamente, em todas as econômico do Ocidente. Nos anos de 1929-1933,
épocas da história universal, as pequenas comu- o desemprego se alastrara de forma incontrolável
nidades e as grandes nações procuraram resol- e, durante as Grandes Guerras, o esforço de mo-
ver eficientemente seus problemas de natureza bilização tecnológica e industrial veio demonstrar
econômica. Mas, só a partir do século XVIII é que a correlação definitiva entre o poder militar e o
a Economia despontou como ciência. No século poder econômico. A depressão dos anos 1930 re-
XIX, seu progresso foi extraordinário e, nas últi- duziu drasticamente o Produto Nacional (PN) das
mas décadas do século XX, seu estudo ganhou economias atingidas, reduzindo-o pela metade:
novo e inesperado impulso (ROSSETTI, 1995). os Estados Unidos, que produziam mais de 115 bi-
Inicialmente, pode-se assinalar que esse lhões de dólares em 1929, atingiram apenas 55 bi-
crescente interesse tem muito a ver com a eclo- lhões em 1933, época que cerca de ¼ de sua força
são das Grandes Guerras de 1914-1918 e de de trabalho ficou desempregada. De outro lado,
1939-1945 e com a crise econômica que abalou as Grandes Guerras também viriam comprometer
o mundo ocidental na década de 1930. Muitos a atividade econômica normal. Em 1945, no auge
instrumentos de análise econômica foram de- do esforço militar, cerca de 55% da capacidade in-
senvolvidos durante as guerras, com o objetivo dustrial do mundo estava destinada à produção
de se conhecer em profundidade a estrutura dos de armamentos.
sistemas nacionais de produção, como apoio de
retaguarda aos esforços da guerra. Depois, nos in-
tervalos das guerras, as nações ocidentais, abala- Saiba mais
das pela Grande Depressão, se voltaram para o es-
Depressão de 1930: fase do Ciclo Econômico, ca-
tudo dos elementos determinantes do equilíbrio racterística das economias capitalistas, marcada pela
econômico, interessadas no restabelecimento da diminuição da produção, uma tendência à baixa dos
normalidade e na rápida reabsorção das massas preços e ao aumento do desemprego.
desempregadas. Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.
Keynes (1936), intitulado como notável
economista inglês, a quem pode ser atribuída a

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Mas, além dessas causas do crescente in- Caro(a) aluno(a), Rossetti (1995, p. 73) infor-
teresse pela Economia, há uma terceira causa de ma-nos a esse respeito que
alta significação, que se fez notar, sobretudo, no
pós-guerra. Trata-se da preocupação básica do no final do século XX, os habitantes do
século XX em torno da ideia do desenvolvimento mundo subdesenvolvido empenharam-
econômico. De fato, tão logo terminou a Segun- -se numa mobilização sem precedentes,
com vistas a um gigantesco alvo: a cons-
da Grande Guerra, o mundo todo se viu às voltas
trução de uma nova sociedade e de uma
com um fenômeno de dimensões inesperadas nova economia, para possibilitar a uni-
– o grande despertar dos povos subdesenvolvi- versalização das condições do bem-estar,
dos. Esse despertar, motivado pela facilitação das através da aceleração de seu progresso
comunicações internacionais, evidenciou os con- material.
trastes do atraso e da afluência, transformando-
-se numa das mais notáveis características dos Para Vasconcellos e Garcia (2003, p. 14), “en-
últimos anos da década de 1940 e, sobretudo, contramos na evolução do pensamento econô-
até os anos 1970. A perseguição obstinada do mico o consenso de que a Teoria Econômica, de
desenvolvimento econômico, por mais de 2/3 da forma sistematizada, iniciou-se quando foi publi-
população da Terra, passaria a ser fundamental da cada a obra de Adam Smith A riqueza das nações,
economia do pós-guerra. em 1776.”

2.1 Antiguidade

Na Antiguidade, encontramos, na Grécia, as finanças públicas. Também são encontradas algu-


primeiras referências conhecidas de Economia no mas considerações de ordem econômica nos es-
trabalho de Aristóteles (384-322 a.C.), em seus es- critos de Platão (427-347 a.C.) e Xenofonte (440-
tudos sobre aspectos de administração privada e 335 a.C.).

2.2 Mercantilismo

Foi a partir do século XVI que observamos bre a moeda. O mercantilismo considerava que o
o nascimento dessa primeira escola econômica: o governo de um país seria mais forte e poderoso
mercantilismo. Mesmo sem representar um con- quanto maior fosse seu estoque de metais precio-
junto técnico homogêneo, são explícitas as preo- sos, estimulou guerras e praticou o nacionalismo,
cupações sobre a acumulação de riquezas de uma que manteve a poderosa e constante presença do
nação. São presentes alguns princípios de como Estado em assuntos econômicos.
fomentar o comércio exterior e entesourar rique-
zas, bem como o acúmulo de metais adquire uma
grande importância, de acordo com os relatos so-

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Economia

2.3 Fisiocracia

Uma escola de pensamento francesa, a fi- mentação governamental, considerando a lei da


siocracia, do século XVIII, elaborou trabalhos natureza suprema e que tudo o que fosse contra
importantes que sustentavam que a terra era a ela seria derrotado, sendo que a função do sobe-
única fonte de riqueza e que havia uma ordem rano era servir de intermediário para que as leis
natural que fazia com que o universo fosse regido da natureza fossem cumpridas.
por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, A riqueza consistia em bens produzidos
desejadas pela Providência Divina para a felicida- com o auxílio da natureza (fisiocracia significa
de dos homens. O trabalho de maior destaque foi “regras da natureza”), em atividades econômicas
o do Dr. Fraçois Quesnay, autor da obra Tableau como a lavoura, a pesca e a mineração. Portanto,
économique, o primeiro a dividir a Economia em estimulava-se a agricultura e exigia-se que as pes-
setores, mostrando a inter-relação deles. Wassily soas empenhadas no comércio e nas finanças fos-
Leontief (1940), economista russo, naturalizado sem reduzidas ao menor número possível. Em um
norte-americano, da Universidade de Harvard, mundo constantemente ameaçado pela falta de
aperfeiçoando o trabalho de Quesnay, o transfor- alimentos, com excesso de regulamentação e in-
mou no sistema de circulação monetária input- tervenção governamental, a situação não se ajus-
-output. tava às necessidades da expansão econômica. Só
A fisiocracia surgiu como reação ao mercan- a terra tinha capacidade de multiplicar a riqueza.
tilismo, pois considerava desnecessária a regula-

2.4 Os Clássicos

Adam Smith (1723-1790) Considerado o precursor da moderna teoria


econômica, colocada como um conjunto científi-
Em sua visão harmônica do mundo real, co sistematizado, com um corpo teórico próprio,
acreditava que, se deixasse atuar a livre concor- já era um renomado professor quando publicou
rência, uma “mão invisível” levaria a sociedade à sua obra A riqueza das nações, em 1976. O livro
perfeição. Afirmou que todos os agentes, em sua é um tratado muito abrangente sobre questões
busca de lucrar o máximo, acabam promovendo econômicas, que vão desde as leis de mercado e
o bem-estar de toda a comunidade e que a defesa aspectos monetários até a distribuição do rendi-
do mercado, como regulador das decisões econô- mento da terra (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003).
micas de uma nação, traria muitos benefícios para Para ele, a causa da riqueza das nações é
a coletividade, independentemente da ação do o trabalho humano, a qual denominava teoria
Estado. É o princípio do liberalismo. do valor-trabalho, que tem, como fator prepon-
derante para aumentar a produção, a divisão
do trabalho, ou seja, os trabalhadores deveriam
Dicionário
se especializar em algumas tarefas. Atribui-se à
Liberalismo: doutrina que afirma que o melhor sis- aplicação desse princípio o aumento da destreza
tema econômico é o que garante o livre jogo das pessoal, economia de tempo e condições para o
iniciativas individuais dos agentes econômicos. aperfeiçoamento e o invento de novas máquinas
Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.
e técnicas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003).

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David Ricardo (1772-1823) Jean Baptiste Say (1768-1834)

Pode ser considerado outro expoente do Retomou a obra de Adam Smith, amplian-
período clássico, tendo desenvolvido alguns mo- do-a. Subordinou o problema das trocas de mer-
delos econômicos com grande potencial analí- cadorias à sua produção e popularizou a chama
tico. Aprimora a tese de que todos os custos se Lei de Say: “a oferta cria sua própria procura”, ou
reduzem a custos do trabalho e mostra como a seja, o aumento da produção transformar-se-ia
acumulação do capital, acompanhada de aumen- em renda dos trabalhadores e empresários, que
tos populacionais, provoca uma elevação da ren- seria gasta na compra de outras mercadorias e
da da terra, até que os rendimentos decrescentes serviços.
diminuam de tal forma os lucros que a poupança
se torne nula, atingindo-se uma economia esta-
cionária, com salários de subsistência e sem ne- Thomas Malthus (1766-1834)
nhum crescimento. Sua análise de distribuição do
rendimento da terra foi um trabalho seminal de Seu trabalho sistematizou uma teoria geral
muitas ideias do chamado período neoclássico. sobre a população, ao assinalar que o crescimen-
Discute a renda auferida pelos proprietá- to da população dependia rigidamente da oferta
rios de terras mais férteis. Em virtude de a terra de alimentos, apoiando a teoria dos salários de
ser limitada, quando a terra de menor qualidade subsistência.
é utilizada no cultivo, surge imediatamente a ren-
da sobre aquela de primeira qualidade, ou seja, a
renda da terra é determinada pela produtividade Atenção
das terras mais pobres. Analisou, ainda, por que
Para Thomas Malthus, a causa de todos os males
as nações comerciavam entre si, se é melhor para da sociedade residia no excesso populacional:
elas comerciarem e quais produtos devem ser co- enquanto a população crescia em Progressão
Geométrica (PG), a produção de alimentos seguia
merciados. A sua resposta constitui um importan-
uma Progressão Aritmética (PA).
te item da teoria do comércio internacional, cha-
mada de teoria das vantagens comparativas. O População: PG = 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256...
Produção: PA = 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16...
comércio entre países dependeria das dotações
relativas de fatores de produção.
A maioria dos estudiosos considera que os
Para esse economista, o potencial da popu-
estudos de Ricardo deram origem a duas corren-
lação excederia em muito o potencial da terra na
tes antagônicas: a neoclássica, por suas abstra-
produção de alimentos. Entretanto, Malthus não
ções simplificadoras, e a marxista, pela ênfase
previu o ritmo e o impacto do progresso tecnoló-
dada à questão distributiva e aos aspectos sociais
gico, nem as técnicas de limitação da fertilidade
na repartição da renda da terra.
humana que se seguiram.

John Stuart Mill (1806-1873)

Seu trabalho foi o principal texto utilizado


para o ensino de Economia no fim do período
clássico e no início do período neoclássico. Sua
obra consolidou o exposto por seus antecessores
e avançou, por incorporar mais elementos institu-
cionais, definindo melhor as restrições, vantagens
e funcionamento de uma economia de mercado.

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Economia

2.5 Teoria Neoclássica

Trata-se do período que teve início na dé- mia. O comportamento do consumidor é analisa-
cada de 1870 e desenvolveu-se até as primeiras do em profundidade; o desejo do consumidor de
décadas do século XX. maximizar sua utilidade (satisfação no consumo)
Destacam-se os aspectos microeconômicos e o do produtor de maximizar seu lucro são a base
da teoria, pois a crença na economia de merca- para a elaboração de um sofisticado aparato teó-
do e em sua capacidade autorreguladora fez com rico. Por meio do estudo de funções ou curvas de
que não se preocupassem tanto com a política e utilidade (que pretendem medir o grau de satisfa-
o planejamento macroeconômico. ção do consumidor) e de produção, considerando
Os neoclássicos sedimentaram o raciocínio restrições de fatores e restrições orçamentárias, é
matemático explícito inaugurado por David Ri- possível deduzir o equilíbrio de mercado. Como
cardo, procurando isolar os fatos econômicos de o resultado depende, basicamente, dos conceitos
outros aspectos da realidade social (VASCONCEL- marginais (receita marginal, custo marginal etc.),
LOS; GARCIA, 2003). é também chamada teoria marginalista.
Segundo Vasconcellos e Garcia (2003, p.
18) “a análise marginalista é muito rica e variada”.
Alfred Marshall (1842-1924)
Apesar de questões microeconômicas ocuparem
o centro das atenções, houve uma produção rica
Autor do livro Princípios de economia, publi- em outros aspectos da teoria econômica, como
cado em 1890, que serviu como livro-texto básico a teoria do desenvolvimento econômico de
até a metade deste século. Nesse período, outros Schumpeter e a teoria do capital e dos juros de
economistas se destacaram, como, por exemplo: Böhm-Bawerk. Ainda segundo o mesmo autor,
William Jevons, Léon Walras, Eugene Böhm-Ba- deve-se destacar, também, a análise monetária,
werk, Joseph Alois Schumpeter, Vilfredo Pareto, com a criação da teoria quantitativa da moeda,
Arthur Pigou e Francis Edgeworth. que relaciona a quantidade de dinheiro com os
Esse período marca a formalização da análi- níveis gerais de atividade econômica e de preços.
se econômica, com destaque para a microecono-

2.6 A Era Keynesiana

Iniciou-se com a publicação da teoria geral A teoria econômica vigente acreditava que
do emprego, dos juros e da moeda, de John May- se tratava de um problema temporário. Já a teo-
nard Keynes (1936). Para entender o impacto da ria geral consegue mostrar que a combinação das
obra de Keynes, é preciso considerar a economia políticas econômicas adotadas até então não fun-
mundial da década de 1930, em crise, que ficou cionava adequadamente e aponta para soluções
conhecida como a Grande Depressão, conforme que poderiam tirar o mundo da recessão.
já descrito anteriormente. A realidade dos fatos Seus argumentos influenciaram muito a po-
relacionados à situação conjuntural da economia lítica econômica dos países capitalistas. De modo
dos principais países capitalistas era crítica, rela- geral, essas políticas revelaram-se eficientes e
apresentaram resultados positivos no período
cionada com o número de desempregados.
que se seguiu à Segunda Guerra Mundial.

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Seguiu-se um desenvolvimento expressivo Os fiscalistas têm seus maiores expoentes


da teoria econômica. Por um lado, incorporaram- em James Tobin, da Universidade de Yale, e Paul
-se os modelos por meio do instrumental estatís- Anthony Samuelson, de Harvard e do Massachu-
tico e matemático, que contribuiu para formalizar setts Institute of Technology (MIT). Estes recomen-
ainda mais a ciência econômica. Por outro, alguns dam o uso de políticas fiscais ativas e um acentua-
economistas trabalharam na agenda de pesquisa do grau de intervenção do Estado.
aberta pela obra de Keynes. Os pós-keynesianos realizaram uma releitu-
Destacaram-se três grupos de economistas ra da obra de Keynes, visando a mostrar que ele
no debate sobre os aspectos do trabalho de Key- não negligenciou o papel da moeda e da políti-
nes, que dura até hoje: os monetaristas, os fiscalis- ca monetária. Enfatizam o papel da especulação
tas e os pós-keynesianos. É possível fazer algumas financeira e, como Keynes, defendem um papel
generalizações, embora não exista entre os gru- ativo do Estado na condução da atividade econô-
pos um pensamento homogêneo. mica. Além da economista Joan Robinson, outros
Os monetaristas estão associados à Univer- economistas desta corrente são Hyman Minsky,
sidade de Chicago e têm como economista de Paul Davison e Alessandro Vercelli.
maior destaque Milton Friedman. De maneira ge- É necessário ressaltar que, apesar das dife-
ral, privilegiam o controle da moeda e um baixo renças entre as várias correntes, há consenso nos
grau de intervenção do Estado. pontos fundamentais da teoria, já que são basea-
dos no trabalho de Keynes.

2.7 O Período Recente

A partir dos anos 1970, a teoria econômica Consequentemente, a teoria econômica


veio apresentando algumas transformações, após caminha em muitas direções, a exemplo da área
as duas crises do petróleo. Três características de finanças empresariais, que era basicamente
marcam esse período: uma consciência maior das descritiva, com um baixo conteúdo empírico. A
limitações e possibilidades de aplicações da teo- incorporação de algumas técnicas, econometrias,
ria; avanço no conteúdo empírico da economia; e conceitos de equilíbrio de mercados e hipóteses
o desenvolvimento da informática, que permitiu sobre o comportamento dos agentes econômi-
um processamento de informações em volume e cos revolucionou a teoria de finanças e essa revo-
precisão sem precedentes. lução se fez sentir também nos mercados finan-
É possível que a análise econômica englobe ceiros, com a explosão recente dos chamados
quase todos os aspectos da vida humana, sendo mercados futuros e de derivativos.
que o impacto desses estudos na melhoria do pa-
drão de vida e do bem-estar de nossa sociedade
é considerável. O controle e o planejamento ma-
croeconômico nos permitem antecipar muitos
problemas e evitar algumas flutuações desneces-
sárias.

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Economia

2.8 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você estudou sobre a origem do interesse na Economia e o seu surgimento como
Ciência.
A Teoria Econômica iniciou-se, de forma sistematizada, pela obra de Adam Smith A riqueza das na-
ções, em 1776.
Aprendeu sobre os precursores da teoria econômica por meio de uma breve retrospectiva da histó-
ria, desde a Antiguidade até o período recente. Viu ainda a evolução do pensamento econômico, segundo
os Clássicos: Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill, Jean Baptiste Say e Thomas Malthus.
No período neoclássico sedimentou-se o raciocínio matemático iniciado por David Ricardo. Alfred
Marshall foi o autor da obra intitulada Princípios de Economia, que formalizou a análise econômica, com
destaque para a Microeconomia, a Teoria Marginalista e a criação da teoria quantitativa da moeda, que
relaciona a quantidade de dinheiro com os níveis gerais de atividade econômica e de preços.
A publicação da Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, de Keynes, estabeleceu a necessidade
da intervenção do Estado através de uma política de gastos públicos.
No período recente a análise Macroeconômica permite antecipar os problemas econômicos por meio
do controle e planejamento, sendo possível constatar novas direções, a exemplo da Teoria de Finanças.

2.9 Atividades Propostas

1. Explique sucintamente em que consistia a riqueza para os mercantilistas e para os fisiocratas?

2. Após a leitura deste capítulo, você poderá responder quem foi o mais destacado dos economis-
tas clássicos e explicar quais foram as suas principais ideias?

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3 MICROECONOMIA

A microeconomia é conhecida como o ramo outras palavras, originam-se aí as procuras (indivi-


da ciência econômica voltado ao estudo do com- duais ou não), que se traduzirão em rendimentos
portamento das unidades de consumo represen- para as firmas.
tadas pelos indivíduos e/ou famílias (estas desde Já na teoria da firma, tem-se a figura do in-
que caracterizadas por um orçamento único), ao divíduo-empresário, esforçando-se para combinar
estudo das empresas, suas respectivas produções os fatores de produção, em vista de sua limitação
e custos e ao estudo da produção e preços dos orçamentária, com a intenção de maximizar o nível
diversos bens, serviços e fatores produtivos. de lucro de sua organização. Colocando de outra
Efetivamente, a microeconomia, ao estabe- maneira, a partir da análise desses procedimentos,
lecer princípios gerais, revela-se muito mais abs- são obtidos os elementos necessários à derivação
trata do que a macroeconomia, a qual se encon- das ofertas individuais e de mercado.
tra voltada ao exame de questões e de medidas A combinação das quantidades de fatores
peculiares a um dado lugar e instante do tempo. de produção, bens e/ou serviços que os consumi-
A microeconomia apresenta uma visão mi- dores estariam dispostos a adquirir impõe a deter-
croscópica dos fenômenos econômicos. A título minação de um denominador comum, que nada
comparativo, se fosse considerada uma floresta, mais será do que o preço. A determinação desse
a microeconomia estudaria as espécies vegetais preço é tarefa que se propõe a microeconomia, ao
que a compõem individualmente, ou seja, estu- estudar a questão tanto no âmbito dos fatores de
daria a composição dos itens da floresta; enquan- produção quanto no caso dos bens e/ou serviços.
to a macroeconomia preocupar-se-ia com o pro- A microeconomia, ou teoria dos preços,
duto floresta como um todo. analisa a formação de preços do mercado, ou seja,
Além disso, a microeconomia está voltada como a empresa e o consumidor interagem e de-
à apreciação das unidades individuais da Econo- cidem qual o preço e a quantidade de um deter-
mia. Outro modo de distinção entre microecono- minado bem ou serviço em mercados específicos
mia e macroeconomia repousa no aspecto dos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2003).
preços.
A microeconomia estuda as unidades (con-
sumidores, firmas, trabalhadores, proprietários
Atenção dos recursos etc.) componentes da Economia e
o modo como suas decisões e ações são inter-
A microeconomia é conhecida por teoria de -relacionadas. Portanto, é de responsabilidade da
preços.
microeconomia cuidar, individualmente, do com-
portamento dos consumidores e produtores, com
vistas à compreensão do funcionamento geral do
Como isso é concretizado? sistema econômico, ou seja, ela está ligada ao exa-
me das ações dos agentes econômicos privados
Na teoria do consumidor, a microeconomia
em suas atividades de produção e de consumo e,
enaltece a intenção dos indivíduos, em face das
assim, procura investigar as possibilidades de efi-
respectivas rendas, de se apropriarem de uma
combinação de quantidades de bens tal que lhes ciência e equilíbrio do sistema econômico como
possibilite a maximização de suas satisfações. Em um todo. A análise microeconômica é também

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chamada teoria dos preços, visto que, nas econo-


mias liberais, é o funcionamento do livre mecanis-
mo do sistema de preços que articula e coordena
as ações dos produtores e consumidores (MEN-
DES, 2005).

3.1 Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica

A Hipótese Coeteris Paribus Objetivos da empresa

A grande questão na microeconomia, que é


Dicionário
a origem das diferentes correntes de abordagem,
Coeteris paribus: do latim, tudo ou mais permanece reside na hipótese adotada quanto aos objetivos
constante. da empresa produtora de bens e serviços.
Segundo Vasconcellos e Garcia (2003, p. 32),

O foco de estudo é dirigido apenas àquele


a análise tradicional supõe o Princípio da
mercado, analisando-se o papel que a oferta e Racionalidade, segundo o qual o empre-
a demanda nele exercem, supondo que outras sário sempre busca a maximização do
variáveis interfiram muito pouco ou que não in- lucro total, otimizando a utilização dos
terfiram de maneira absoluta. Assim, torna-se recursos de que dispõe3. Essa corrente
possível o estudo de um determinado mercado enfatiza conceitos como receita marginal,
custo marginal e produtividade marginal
selecionando-se apenas as variáveis que influen- em lugar de conceitos de média (receita
ciam os agentes econômicos – consumidores e média, custo médio e produtividade mé-
produtores – nesse particular mercado, indepen- dia), daí ser chamada de marginalista.
dentemente de outros fatores, que estão em ou-
tros mercados, poderem influenciá-los (VASCON-
Podemos entender que a decisão de uma
CELLOS; GARCIA, 2003).
empresa sobre o preço de venda e a quantidade
produzida do produto é pautada no objetivo de
Papel dos Preços Relativos obter maior ganho possível, sendo necessário co-
nhecer que condições do ambiente afetam a rela-
Na análise microeconômica, os preços rela- ção entre preço cobrado e lucro auferido.
tivos, ou seja, os preços de um bem em relação
aos demais, assumem destacada importância em
relação aos preços absolutos (isolados) das mer-
cadorias.

3
O princípio da racionalidade (que supõe um homus economicus) é aplicado extensamente na teoria microeconômica
tradicional. Por esse princípio, os empresários tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos custos de produção, os
consumidores procuram maximizar sua satisfação (ou utilidade) no consumo de bens e serviços (limitados por sua renda e
pelos preços das mercadorias), os trabalhadores procuram maximizar lazer etc.

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Economia

Aplicações da Análise Microeconômica Em relação à política econômica, a teoria


microeconômica pode contribuir na análise e to-
A análise microeconômica, ou teoria dos mada de decisões das seguintes questões:
preços, como parte da ciência econômica, preo-
cupa-se em explicar como se determina os pre- ƒƒ efeitos dos impostos sobre mercados
específicos;
ços dos bens e serviços, bem como dos fatores
ƒƒ política de subsídios (nos preços de
de produção. O instrumental microeconômico
produtos como trigo e leito ou na com-
procura responder, também, a questões aparen- pra de insumos como máquinas, fertili-
temente triviais; por exemplo: por que, quando o zantes etc.);
preço de um bem se eleva, a quantidade deman- ƒƒ fixação de preços mínimos na agricul-
dada desse bem deve cair, coeteris paribus. tura;
A microeconomia representa uma ferra- ƒƒ controle de preços;
menta útil para estabelecer políticas e estratégias, ƒƒ política salarial;
dentro de um horizonte de planejamento, tanto ƒƒ política de tarifas públicas (água, luz
nas empresas quanto na política econômica. etc.);
Nas empresas, a análise microeconômica ƒƒ política de preços públicos (petróleo,
pode subsidiar as seguintes decisões: aço etc.);
ƒƒ leis antitrustes (controle de lucros de
monopólios e oligopólios).
ƒƒ política de preços da empresa;
ƒƒ previsões de demanda e de faturamen-
to; Pode-se inferir, com essas observações, que
são decisões necessárias ao planejamento estra-
ƒƒ previsões de custo de produção;
tégico das empresas e à política e programação
ƒƒ decisões ótimas de produção (escolha
econômica do setor público.
da melhor alternativa de produção, isto
é, da melhor combinação de fatores de
Divisão do Estudo Microeconômico
produção);

ƒƒ avaliação e elaboração de projetos de
A teoria microeconômica consiste nos se-
investimentos (análise custo-benefício
guintes tópicos:
para a compra de equipamentos, am-
pliação da empresa etc.);
a) análise da demanda: a teoria da de-
ƒƒ política de propaganda e publicidade
manda ou procura de uma mercadoria
(como as preferências dos consumido-
ou serviço divide-se em teoria do con-
res podem afetar a procura do produto);
sumidor (demanda individual) e teoria
ƒƒ localização da empresa (se a empresa da demanda de mercado;
deve situar-se próxima aos centros con-
b) análise da oferta: a teoria da oferta de
sumidores ou aos centros fornecedores
um bem ou serviço também se subdi-
de insumos);
vide em oferta da firma individual e
ƒƒ diferenciação de mercados (possibili- oferta de mercado. Dentro da análise
dades de preços diferenciados, em di- da oferta da firma, são abordadas a teo-
ferentes mercados consumidores do ria da produção, que analisa as relações
mesmo produto). entre quantidades físicas entre o produ-
to e os fatores de produção, e a teoria
dos custos de produção, que incorpora,

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além das quantidades físicas, os preços Conforme Pinho, Vasconcelos e Toneto


dos insumos; Jr. (2011) as estruturas do mercado de
c) análise das estruturas de mercado: a fatores de produção são:
partir da demanda e da oferta de mer- •• concorrência perfeita: muitos
cado, são determinados o preço e a vendedores e muitos compradores
quantidade de equilíbrio de um dado num mercado em que nenhum de-
bem ou serviço. O preço e quantidade, les tem uma influência significativa
entretanto, dependerão da particular no preço;
forma ou estrutura desse mercado, ou •• concorrência imperfeita: apresen-
seja, se ele é competitivo, com muitas ta um único vendedor;
empresas produzindo um dado produ- •• monopsônio: é caracterizado pela
to, ou concentrado em poucas ou em existência de muitos vendedores e
uma única empresa. um único comprador;
Conforme Pinho, Vasconcelos e Toneto •• oligopsônio: mercado no qual
Jr. (2011), as estruturas de mercados de existem poucos compradores, que
bens e serviços são: dominam o mercado, e muitos ven-
•• concorrência perfeita: muitos dedores;
vendedores e muitos compradores d) teoria do equilíbrio geral: considera
num mercado em que nenhum de- as inter-relações entre todos os merca-
les tem uma influência significativa dos, diferentemente da análise de equi-
no preço; líbrio parcial, que analisa um mercado
•• concorrência imperfeita ou mo- isoladamente, sem considerar suas in-
nopolista: caracteriza-se pelo fato ter-relações com os demais. A teoria do
de que as empresas produzem pro- bem-estar, ou Welfare, estuda como al-
dutos diferenciados, embora subs- cançar soluções socialmente eficientes
titutos próximos; para o problema da alocação e distri-
•• monopólio: o setor é a própria fir- buição dos recursos, ou seja, encontrar
ma, porque existe um único produ- a “alocação ótima dos recursos”.
tor que realiza toda a produção ;
•• oligopólio: estrutura de mercado
que se caracteriza pela existência
Atenção
de reduzido número de produtores
e vendedores fabricando bens que Um dos focos do estudo microeconômico con-
são substitutos próximos entre si; siste na análise das imperfeições de mercado, na
qual se analisam situações em que os preços não
são determinados isoladamente em cada merca-
do.

Saiba mais

Monopólio e Concorrência Imperfeita: situação de


um mercado em que não existe concorrência na ofer-
ta. Só se apresenta um único vendedor. Sempre que
existe um único comprador, a teoria econômica utiliza
atualmente o termo ‘monopsônio’, ou ‘monopólio do
comprador’.

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Economia

3.2 As Tarefas do Sistema de Mercado

Quais são as funções sociais que qualquer todas as sociedades, acima do nível de
mecanismo econômico – seja ele regido pela tra- subsistência existe sempre o problema
dição, imposição ou mercado – deve desempe- de como produzir o que a sociedade
nhar? deseja, bem como o que produzir.
Examinando o problema, vemos que exis- Exemplo: se você fosse o prefeito de
tem três tarefas a serem desempenhadas por to- uma cidade do interior de qualquer
dos esses mecanismos econômicos: Estado brasileiro, teria que decidir que
tipo de transporte utilizar, que méto-
1. todos os sistemas econômicos devem dos agrícolas encorajar, que tipos de
direcionar esforços da sociedade para sistemas de distribuição estabelecer.
a produção dos bens e serviços que tal A escolha da técnica errada pode não
sociedade necessita, sejam elas regidas provocar colapso (apesar de isso ser
pela tradição, imposição ou mercado; possível), mas acarretará desperdício e
todas as sociedades devem poder con- um nível de bem-estar menor do que o
tar com a produção regular das provi- que está ao alcance da cidade;
sões necessárias. 3. todos os sistemas econômicos devem
Exemplo: coexistem, no Brasil, dife- resolver o problema de distribuição do
rentes sociedades no mesmo espaço, produto entre seus membros.
como algumas cidades do Nordeste e Exemplo: sob muitos aspectos, este
do interior de alguns Estados. Nessas é o problema mais difícil. A escassez –
sociedades muito simples, a necessida- importada pela natureza ou causada
de básica gira em torno da busca infin- pelo homem – torna extremamente
dável de alimento, vestimenta e edu- necessária a solução do problema da
cação. Em cidades mais “avançadas”, as divisão de um produto. Entretanto,
“necessidades” vão muito além desse seja por costume, imposição ou outra
tripé. maneira qualquer, para a sociedade so-
Em princípio, as tarefas são as mesmas: breviver é necessário que a produção
todas as sociedades apoiam-se em or- do sistema seja partilhada – e de modo
ganização econômicas, que devem alo- aceitável.
car seus homens e materiais aos usos
que a sociedade exige para se manter
em funcionamento. Se o método de
organização falha, a comunidade entra
em colapso;

2. todos os sistemas econômicos devem


também determinar os métodos de
produção. A produção não é simples-
mente a aplicação de esforço humano
à natureza. Em todo sistema social, do
mais rústico ao mais avançado, existe o
problema da técnica a ser utilizada. Em

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3.3 Como o Mercado Funciona

Assim, o que produzir, como produzir e a poderão ser obtidos. Usamos os recursos: terra,
quem entregar o produto constituem os proble- trabalho e capital para plantar cereais ou pode-
mas básicos da Economia, os quais toda ordem mos usá-los para criar gado e obter leite. Supo-
social deve enfrentar de uma maneira ou de ou- nhamos que utilizamos todos os nossos recursos
tra. na produção de cereais e, após 6 meses, colhe-
Como o mercado enfrenta esses três pro- mos 500 sacas. No semestre seguinte, colocamos
blemas? todos os nossos esforços na criação de gado lei-
O mercado não parece prestar atenção para teiro e obtemos 250 litros de leite. Teríamos, en-
isso. Quando olhamos para um sistema de merca- tão, descoberto duas possibilidades extremas de
do, tudo o que vemos é um sistema de trocas, no produção para a alocação de nosso esforço social.
qual cada um tem de se arranjar por si mesmo e É mais provável, entretanto, preferirmos
ninguém é responsável pelo encargo de conferir uma mistura de cereal e leite, e não tudo de um e
se serão produzidos os bens adequados, se serão nada de outro. Assim, teríamos de encontrar, atra-
produzidos da maneira correta e entregues às vés de tentativas, as combinações de cereal e leite
pessoas certas. que poderíamos ter, ao utilizar alguns de nossos
Exemplo: vamos supor que vivemos isola- recursos em cada operação.
dos em uma ilha, na qual apenas dois produtos

3.4 Produção

Produzir é criar uma utilidade ou aumentar As riquezas naturais, por si só, não são su-
a utilidade dos bens econômicos. O homem não ficientes para atender às necessidades humanas;
cria matéria; ele cria apenas utilidade, transfor- por isso, são necessárias novas utilidades. A tudo
mando os bens e adaptando-os às suas necessi- que é transformado em utilidade pelo homem
dades. damos o nome de produto.

Dicionário

Utilidade: a capacidade que tem um bem de satis-


fazer uma necessidade humana.
Fonte: Manual de Economia (2011)

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3.5 Os Setores de Produção

Vimos que produzir significa criar meios ƒƒ setor primário: compreende as ativi-
para a satisfação das necessidades humanas; a dades que se desenvolvem em contato
plantação, o transporte, a tecelagem, a confecção, direto com a natureza: agropecuária,
as lojas, a lavadeira, tudo isso faz parte do proces- pesca, extração de minérios, horticultu-
so para satisfazer nossa necessidade de vestir. ra, fruticultura etc.;
Desde as primeiras torças, o comércio tem ƒƒ setor secundário: abrange todas as
marcado sua presença na vida do ser humano, atividades industriais de elaboração de
garantindo-lhe um modo de vida. A circulação de produtos: indústria, produção de ener-
riquezas, viabilizada pelo comércio, trouxe, e ain- gia, obras públicas etc. Concentra-se em
da traz, importantes consequências para as ativi- modificar os produtos que vêm do setor
dades econômicas. primário;
As atividades econômicas estão divididas ƒƒ setor terciário: responsável pela distri-
em três setores: buição e venda dos produtos dos seto-
res primário e secundário, bem como
pela prestação de serviços.

3.6 Possibilidade de Produção

O centro do problema da produção é a ne- Além disso, quando as técnicas mudam ou quan-
cessidade de escolha que devemos fazer. Essa es- do nossos recursos crescem ou diminuem, essa
colha é inevitável, porque é imposta, naturalmen- divisão também muda. Por exemplo, a invenção
te, pelos recursos existentes, por nossa técnica ou de uma nova forragem para o gado pode elevar a
know-how conhecido. produção de leite em nossa ilha; então, podería-
As possibilidades são muitas e não são está- mos produzir mais sacas de cereais e mais litros
ticas. À medida que cresce o capital e a tecnolo- de leite.
gia, a fronteira pode avançar, de modo que o im-
possível no passado torna-se atingível no futuro.

3.7 Os Fatores de Produção

Como o mercado, essa imensa e confusa Alguns elementos são necessários para que
teia de indivíduos e empresas, determina a aloca- haja produção. Chamamos de fatores de produ-
ção dos recursos da sociedade? ção os seguintes elementos básicos: recursos na-
Para responder a esta pergunta, teremos de turais, trabalho e capital.
esclarecer as atividades do mercado e descobrir,
em seu fluxo, um padrão qualquer que nos per-
mita compreender como ele funciona.

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ƒƒ Recursos naturais: são os recursos ob- Chamamos esses indivíduos, em seus pa-
tidos da natureza e que vão ser trans- péis de produtores, de fatores de produção e
formados através da indústria: ferro, vemos que eles constituem um grupo e uma ati-
madeira, petróleo, terras etc. vidade, sob todos os aspectos, tão importantes
ƒƒ Trabalho: é a colaboração da energia quanto os dos consumidores.
humana, manual ou intelectual, no pro- O trabalho, os recursos naturais e o capital
cesso de produção. oferecidos pelos indivíduos donos de suas pró-
ƒƒ Capital: é tudo aquilo que é fruto de prias habilidades, ou donos de recursos e equi-
poupança e que vai aumentar a produ- pamentos, constituem não apenas os agentes
ção. físicos da produção, que devem ser combinados
de maneira a garantir a produção, como também
classes sociais cujo comportamento deve ser
Na verdade, existe um padrão. Se olharmos coordenado na produção.
para o fluxo de mercado, observamos que os
participantes não são iguais. Um grupo de par-
ticipantes consiste de indivíduos, como nós, que Atenção
entram no mercado como compradores, buscan-
do os bens e serviços que desejam ou que podem O mercado combina as realidades físicas de tra-
balho, recursos e equipamentos, organizando as
comprar. Esses são os consumidores, que normal-
atividades apropriadas daqueles que possuem
mente pensamos ser o único – ou pelo menos, o cada uma dessas entidades físicas.
mais importante – grupo do “mercado”. Mas, se
olharmos outra vez, podemos ver que não são.
Existe um segundo grupo, tão grande e im-
O mercado transforma-se, então, em algo
portante quanto o primeiro, cujo papel vamos
mais que uma terrível confusão. É, agora, um local
examinar agora. São os indivíduos que já iden-
onde consumidores e fatores de produção bus-
tificamos como consumidores, dessa vez, entre-
cam uma solução para seus problemas particu-
tanto, no mercado com um propósito diferente:
lares e individuais, despendendo sua renda para
ganhar a vida oferecendo seus serviços para a
satisfazer seus desejos próprios, por um lado, e
produção. Além disso, podemos distinguir pelo
ganhando dinheiro ao oferecer suas habilidades
menos três tipos de serviços oferecidos por esses
ou posses, por outro.
indivíduos:

ƒƒ o primeiro é o trabalho, oferecido pe-


los indivíduos sob várias formas, desde
as profissões não especializadas e de
baixa remuneração, até as sofisticadas e
altamente remuneradas;
ƒƒ o segundo é os serviços dos recursos
naturais, como a terra, oferecidos pelos
indivíduos que são seus proprietários;
ƒƒ o terceiro é os serviços de capital – ins-
trumentos de produção feitos pelo ho-
mem –, oferecidos no mercado pelas
pessoas que os possuem.

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3.8 A Produção do Capital

Definimos capital como sendo o bem que ta se destina ao consumo imediato de bens e ser-
se destina a produzir outros bens. Por isso, ele é viços, sendo parte dela utilizada para aumentar a
muito importante no processo produtivo. produção.
Compare o rendimento de um agricultor O ato de não consumir uma parte da renda
trabalhando com ferramentas agrícolas rudimen- denomina-se poupança, que, por sua vez, permi-
tares e o de um agricultor que pode dispor de te que se faça um investimento, ou seja, a despesa
modernas máquinas e equipamentos agrícolas. destinada a produzir novos bens.
Analise a importância do capital. Assim, temos o seguinte esquema:
Como surge o capital? A produção gera re-
ceitas (recursos financeiros), mas nem toda recei-

Produção
Poupança Investimento de Mais
de Mais
Bens
Bens
Produção de
Bens
Bens
Consumo

3.9 Os Dois Mercados

O dinheiro que os indivíduos gastam como consumo numa agência de empregos, num escri-
consumidores é ganho por eles próprios quando tório imobiliário ou num banco.
agem como fatores de produção. Essa conexão de Falta esclarecer um aspecto do mercado:
consumidores e fatores de produção mostra-nos ele não engloba apenas participantes indivi-
outro aspecto do mercado: é o fato de que duas duais, sejam consumidores ou fatores de produ-
atividades (a compra pelos indivíduos e a venda ção, mas engloba também a instituição chamada
de fatores de produção) têm lugar no mercado e empresa.
que essas atividades têm lugar em dois mercados. Qual é o papel desempenhado pelas em-
O indivíduo, ao fazer compras visando a sa- presas?
tisfazer suas necessidades particulares, irá procu- Olhando o luxo, percebemos imediatamen-
rar um lugar no mercado em que as transações en- te que seu papel é central, pois, no mercado em
volvam bens e serviços. Os que buscam um lugar que os indivíduos buscam bens e serviços, vemos
para ganhar dinheiro irão procurar um lugar no que os vendedores são, em sua maior parte, em-
mercado em que as transações envolvem, exclusi- presas. Na outra parte do mercado, na qual os fa-
vamente, serviços de outros indivíduos como eles tores de produção oferecem seus serviços, vemos
próprios. que os compradores desse mercado também
Não se compra recursos naturais, trabalho são as empresas. Assim, as empresas funcionam
ou capital num armazém, ou bens e serviços de como elos na cadeia circular já observada, adqui-

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rindo os recursos naturais, trabalho e capital e rantir à sociedade a produção que ela necessita.
vendendo bens e serviços. Passamos, então, para o mercado de fatores, pois
A próxima figura (Figura 6) nos ajuda a vi- sem dúvida esse mercado aumentará nossa visão
sualizar esse fluxo de transações e nos diz como quanto ao problema de quem será capaz de pedir
analisar a complexidade do processo e mercado. tais bens e serviços. Finalmente, vamos investigar
Para solucionar o problema econômico, va- a instituição central, que é a empresa, pois aí está
mos seguir o caminho mais fácil. Primeiramente, o foco de energia e organização em que são de-
devemos estudar o mercado de bens e serviços, terminadas as técnicas da sociedade.
pois ele certamente está ligado à tarefa de ga-

Figura 6 – O fluxo circular numa visão microeconômica.

A família como consumidora


$$$$$$ A família como fator de produção $$$$

O mercado de O mercado de
fatores bens e serviços

$$$$$$ $$$$$$
A empresa como vendedora de bens e serviços
A empresa como empregadora de fatores

Fonte: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2003).

3.10 Demanda, Oferta e Equilíbrio

Teoria Elementar da Demanda A procura se expressa por uma dada quan-


tidade em um dado período. Assim, deve-se dizer
que: Dona Maria tem desejo de adquirir 5 quilos
É a procura, ou demanda individual, da de feijão por semana e não, simplesmente, que
quantidade de um determinado bem ou serviço Dona Maria deseja 5 quilos e que está à sua pro-
que o consumidor deseja adquirir em certo perío- cura.
do de tempo, considerando-se que a demanda é Mas, do que depende essa procura ou esse
um desejo de adquirir, é uma aspiração, um pla- desejo de adquirir? Quais são os fatores ou variá-
no, e não sua realização. Demanda é o desejo de veis que influenciam essa procura?
comprar.
A teoria da demanda é derivada de hipóte-
ses sobre a escolha do consumidor entre diversos
bens que seu orçamento permite adquirir. O que
Atenção se procura é explicar o processo de escolha do
Não se deve confundir procura com compra,
consumidor perante as diversas alternativas exis-
nem oferta com venda. tentes. Tendo um orçamento limitado, o que quer
dizer, um dado nível de renda, o consumidor pro-
curará distribuir esse seu orçamento (renda) entre

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os diversos bens e serviços de forma a alcançar a Vemos que a escolha do consumidor foi in-
melhor combinação possível, ou seja, aquela que fluenciada por algumas variáveis, que, em geral,
lhe trará o maior nível de satisfação. serão as mesmas que influenciarão sua escolha
Exemplo: supondo que um indivíduo vá em outras ocasiões.
almoçar num restaurante, vamos verificar o que Para estudar a influência de cada fator so-
influencia sua escolha. Recebendo o cardápio, a bre a procura, é preciso fazer uma simplificação,
primeira coisa que ele olha é os preços. Assim, a pois estudar em conjunto é bastante complexo
escolha de um determinado prato, digamos um e exigiria um instrumento matemático mais ela-
filé, depende não só do preço do filé, mas tam- borado. A simplificação consistirá em considerar
bém do preço de outras carnes, do preço das cada efeito, cada variável, separadamente, fazen-
massas etc. do a hipótese de que tudo o mais permaneça
Pode-se facilmente ver que, quanto maior constante. Essa hipótese é também conhecida
for o preço do filé, menos propenso estaria o indi- como a cláusula de ceteris paribus. Por exemplo,
víduo a pedir um. Da mesma forma, quanto me- dizemos que, ceteris paribus4, a demanda é fun-
nor o preço dos outros pratos principais (massas, ção do preço.
carnes etc.), menor desejo ele terá de comer um
filé. Isso se dá porque o filé, as outras carnes e a
massa são substitutos. Ele escolhe ou um ou ou- Atenção
tro. Dificilmente o consumidor pedirá um frango
A demanda é também denominada teoria do
acompanhado de um peixe. consumidor.
Caso o preço dos acompanhamentos seja
alto, ele reduzirá sua vontade de pedir filé. Além
dos preços, outra variável afeta essa escolha: a Como o preço e a quantidade demandada
renda. Se o indivíduo não tiver dinheiro para pa- têm relação negativa, a curva de demanda se in-
gar a conta, não irá pedir o filé com fritas. Tam- clina para baixo. Observe, caro(a) aluno(a), a Figu-
bém, o gosto do consumidor determina a esco- ra 7 a seguir:
lha. Mesmo que o preço do bife de fígado e seus
acompanhamentos seja baixo, o indivíduo não o
pedirá caso não suporte fígado.

Figura 7 - Curva de demanda - função linear.


Preço do Livro (R$)

Qtd adquirida de livros


Fonte: Adaptado de Vasconcelos (2010).

4
Mediante essa condição, são selecionadas as variáveis relevantes de um determinado problema, supondo fixo tudo o mais,
porque se estima que não seja essencial para a questão que se está estudando.

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A demanda, ou procura por certa merca- a) efeito substituição: quando um bem


doria, mostra as quantidades máximas desta que possui um bem substituto que satis-
o consumidor e/ou o mercado estão dispostos e faz a mesma necessidade e seu preço
podem comprar num dado espaço de tempo dos aumenta, coeteris paribus, o consumi-
vários preços alternativos, coeteris paribus. dor passa a comprar o bem substituto,
Determinantes da demanda do bem X: provocando a queda na quantidade
demandada. Exemplo: se o preço da
ƒƒ Px – preço; carne de vaca subir demasiadamente,
os consumidores passarão a demandar
ƒƒ R – renda do consumidor;
a carne de frango, reduzindo, assim, sua
ƒƒ G – gostos e preferências; demanda por carne de vaca;
ƒƒ N – número de consumidores; b) efeito renda: quando aumenta o preço
ƒƒ Py – preço dos bens substitutos ou com- de um bem, tudo o mais constante (ren-
plementares; da do consumidor e preços de outros
ƒƒ Fpsi – fatores psicológicos. bens constantes), o consumidor perde
o poder aquisitivo e a demanda por
esse produto diminui. Acontece que,
A Lei Geral da Demanda estabelece que há
apesar de seu salário monetário não ter
uma relação inversamente proporcional entre a
sofrido nenhuma alteração, seu salário
quantidade procurada (demandada) e o preço do
“real”, em termos de poder de compra,
bem, coeteris paribus.
foi corroído. Conforme Guimarães e
Gonçalves (2010, p. 17), “mudanças na
Assim: restrição orçamentária, ou seja, mudan-
ças na renda e nos preços alteram as es-
colhas dos consumidores.”

Observe caro(a) aluno(a), na Tabela 2, a re- Relação entre Quantidade Demandada e Preço
lação quantidade-preço procurada pode ser re- do Bem
presentada por uma escala de procura, conforme
segue: Podemos representar a relação entre quan-
tidade demandada e preço do bem da seguinte
Tabela 2 – Relação quantidade-preço. maneira: Dn = f( Pn), tudo o mais permanece cons-
Quantidade demandada tante.
Preço do bem ($) (P)
do bem (Q) Normalmente, teremos uma relação inversa
1,00 12.000 entre o preço do bem e a quantidade demanda-
3,00 8.000 da. Quando o preço do bem cai, o bem fica mais
6,00 4.000 barato em relação aos seus concorrentes e, dessa
8,00 3.000
10,00 2.000 forma, os consumidores deverão aumentar seu
desejo de comprá-lo. De outra parte, quando o
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003). preço cai, o indivíduo fica mais rico em termos
reais.
A curva de demanda é negativamente incli- Exemplo: com R$ 100,00, eu posso comprar
nada, devido ao efeito conjunto de dois fatores: 1 (um) par de sapatos, se o preço for R$ 100,00;
dois pares, se o preço cair pela metade; e quatro
pares, se o preço for R$ 25,00.

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Quando o indivíduo fica mais rico, normal- Relação entre a Procura de um Bem e a Renda
mente aumenta as demandas. Por essas razões, o do Consumidor
bem fica relativamente mais barato e o consumi-
dor com maior poder de compra; deve-se espe- Na definição de Pinho, Vasconcelos e Tone-
rar que, quando o preço de um bem ou serviço to Jr. (2011):
cai, a quantidade procurada aumente.
Assim, quando Pn ↓ ↔ Dn ↑ e Pn ↑ ↔ Dn↓ , ou Dn = f( R)
seja, quando Pn cai, a demanda por esse bem au-
menta. Quando o preço aumenta, a demanda cai.
Esta é uma hipótese plausível e já testada várias Existe uma relação crescente e direta en-
vezes para diversos produtos, mas há uma limita- tre a renda e a demanda de um bem ou serviço.
ção: tudo o mais permanecendo constante, é um Quando a renda cresce, a demanda do bem deve
efeito isolado. Na realidade, muitos efeitos apare- aumentar, pois o indivíduo, ficando mais rico, vai
cem conjuntamente e é difícil fazer a separação desejar aumentar seu padrão de consumo e, por-
de cada um (GUIMARÃES; GONÇALVES, 2010). tanto, demandar maiores quantidades de bens e
serviços.
Relação entre a Procura de um Bem e o Preço Em relação à renda dos consumidores, há
dos outros Bens três situações distintas:

ƒƒ Bem Normal: tudo o mais constante,


Na definição de Pinho, Vasconcelos e Tone-
um aumento na renda provoca um au-
to Jr. (2011):
mento na quantidade demandada do
bem.
Dn = f( Pi), tudo o mais permanecendo cons- ƒƒ Bem Inferior: tudo o mais constante,
tante. um aumento na renda provoca uma
diminuição na quantidade demandada
Para essa função, não temos a relação geral: do bem. Ex.: Passagem de ônibus, carne
o aumento do preço do bem i poderá aumentar de segunda.
ou reduzir a demanda do bem n. A reação depen- ƒƒ Bem de consumo saciado: se aumen-
de do tipo de relação existente entre os dois bens. tar a renda do consumidor, não aumen-
Caso o aumento do preço de i aumentar a tará a demanda do bem. Ex.: demanda
demanda do bem n, os itens i e n são chamados de alimentos básicos, como o açúcar,
substitutos ou concorrentes. No exemplo dado sal, arroz.
do restaurante, o filé e as massas são bens substi- Essa é a regra e, como toda regra, ela ad-
tutos. Também são bens substitutos a manteiga e mite exceções. Em primeiro lugar, é pos-
a margarina, o transporte por trem e por avião, o sível que o indivíduo esteja totalmente
café e o chá etc. satisfeito com o consumo de um determi-
nado bem e, portanto, não altere a quan-
Os bens concorrentes são aqueles que tidade procurada por unidade de tempo
guardam relação de substituição, pois se conso- quando sua renda aumentar. É o caso do
me um ou outro, dado que o consumo de um consumo saciado. (PINHO; VASCONCE-
pode substituir o consumo do outro. LOS; TONETO JR. 2011, p. 119).
Se o aumento do preço do bem i ocasionar
uma queda na demanda do bem x, serão chama-
Outra exceção encontra-se nos chamados
dos de bens complementares. Exemplo: pão e bens inferiores. Estes são bens cuja demanda se
manteiga, leite e café. Os bens complementares reduz quando a renda aumenta. Por exemplo: a
são aqueles que são consumidos conjuntamente.

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demanda de carne de segunda reduz quando o Sempre falamos sobre a procura individual.
indivíduo aumenta seus ganhos, pois aí ele pas- E a procura de mercado?
sará a demandar carne de primeira e não mais de
segunda.
Dicionário
Relação entre a Procura de um Bem e o Gosto Mercado: é qualquer situação, estrutura, contexto,
do Consumidor lugar etc., em que a oferta e a demanda de um
bem se encontram.

Trata da influência do gosto ou da preferên-


cia do consumidor sobre a demanda. Vamos estu- A procura de mercado é a soma das procu-
dar essa relação por meio de um exemplo. ras individuais. Suponhamos que, a um dado pre-
ço, o consumidor A deseja adquirir 10 caixas de
Uma grande campanha publicitária incen-
bombons, o consumidor B deseja 7 e o C, 5 caixas.
tivando a população a usar filtro solar mostra os
Sendo o mercado constituído por essas pessoas,
efeitos nocivos do sol e os benefícios que o filtro
a procura de mercado será de 22 caixas de bom-
solar traz à saúde. O povo é despertado por essa
bons, ao preço dado.
propaganda e resolve usar mais filtro solar. O que
ocorrerá com a demanda do filtro solar? A de-
manda aumentará.

3.11 Oferta

A oferta é toda a escala, ou toda a curva, en- Os bens em cuja produção são emprega-
quanto a quantidade ofertada é um ponto espe- das grandes quantidades desse fator sofrerão au-
cífico da curva de oferta. Assim, um aumento no mentos de custo significativos, enquanto aque-
preço do bem provoca um aumento da quantida- les que o empregam pouco sofrerão menos.
de ofertada, coeteris paribus. Exemplo: aumentando o preço da terra,
Define-se oferta como a quantidade de um teremos um grande aumento no custo de pro-
bem ou serviço que os produtores desejam ven- dução de soja, enquanto, em outros setores que
der por unidade de tempo. Novamente, é preciso utilizam em menor intensidade o fator terra, tere-
destacar os dois elementos: a oferta é um desejo, mos menores aumentos de custos. Assim, a mu-
um plano, uma aspiração, é um fluxo por unida- dança no preço de um fator acarretará alterações
de de tempo; do mesmo modo que a demanda, a na lucratividade relativa das produções.
oferta de um bem depende de inúmeros fatores O mesmo raciocínio se pode fazer em re-
(PINHO; VASCONCELOS; TONETO JR., 2011). lação à mudança na tecnologia de produção. Os
A oferta de um bem depende de seu pró- bens que mais se beneficiaram da mudança tec-
prio preço, admitindo a hipótese coeteris paribus: nológica terão lucratividade aumentada e, assim,
quanto maior for o preço de um bem, mais inte- surgirão deslocamentos nas curvas de oferta de
ressante se torna produzi-lo e, portanto, a oferta diversos bens e serviços.
é maior. Em segundo lugar, a oferta do bem x Em terceiro lugar, a oferta de um bem pode
depende dos preços dos fatores de produção. De ser alterada por mudança nos preços dos demais
fato, o preço dos fatores, juntamente à tecnologia bens produzidos. Se os preços dos demais bens
empregada, determina o custo da produção. Ha- subirem e o preço do bem x permanecer idênti-
vendo aumento do preço de fator, aumentar-se- co, a sua produção torna-se menos atraente em
-ia o custo da produção.

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relação à produção dos outros bens, consequen- O preço, em uma economia de mercado, é
temente diminuindo sua oferta. determinado tanto pela oferta quanto pela pro-
cura.

3.12 Equilíbrio de Mercado

O preço na economia de mercado é deter- a quantidade desse bem que o consumidor está
minado tanto pela oferta quanto pela demanda. disposto a adquirir em certo período, tudo o mais
Observe, caro(a) aluno(a), as figuras a seguir. permanecendo constante, ou seja, não variando
A curva de demanda (procura) mostra a re- o preço dos outros bens, a renda e o gosto do
lação entre a demanda e o preço do bem. Essa consumidor.
curva mostra a relação entre o preço do bem e

Figura 8 – Curvas da procura e da oferta.

Curva da Procura Curva da Oferta

Fonte: Adaptada de Rossetti (2000).

Figura 9 – Ponto de equilíbrio.

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Você sabia que uma vez que o preço sofre com o preço estabelecido e os negócios fluem livre-
influência para mais ou para menos em função das mente.
quantidades procuradas e ofertadas, há que se su- O equilíbrio é o balanceamento de forças. Ao
por um ponto de equilíbrio onde as pressões altis- nível de um certo Mercado o Equilíbrio ocorre quan-
tas, que interessam à oferta, sejam anuladas pelas do a Demanda e Oferta estão balanceadas, isto é,
pressões de baixa, exercidas pela procura? têm a mesma intensidade.
Ponto de equilíbrio será aquela situação na
qual tanto a oferta quanto a procura se satisfazem

3.13 Elasticidades

Mudanças nos preços dos bens, coeteris pa- Então:


ribus, provocam mudanças nas quantidades de-
mandadas. Portanto, para analisar o grau em que ep = ≤ Δ%Q ÷ Δ%P) ou ep = ± (ΔQ÷ΔP × P÷Q)
a quantidade demandada responde a uma varia-
ção nos preços de forma correta e usada em Eco-
nomia, utiliza-se a elasticidade-preço da deman- Se:
da, a partir da se relaciona a variação percentual ep > 1, a Demanda é dita elástica, quando a
da quantidade e a variação percentual do preço variação percentual da quantidade demandada é
(PINHO; VASCONCELOS; TONETO JR., 2011). maior do que a variação percentual de preços.
ep = 1, a Demanda tem elasticidade unitá-
ria, quando ocorre igualdade entre as variações
Atenção percentuais.
Elasticidade da demanda mede a sensibilidade ep < 1, a Demanda é dita inelástica, quando
de resposta na Demanda de um bem resultante qualquer variação nos preços não provocará va-
da mudança em qualquer determinante da De- riação na quantidade demandada.
manda.

Como exemplos de demanda inelástica, po-


demos citar os remédios e o sal, pois, indepen-
Elasticidade – Preço da Demanda (Ep) mede
dentemente da variação dos preços, a demanda
a resposta relativa na quantidade demandada de
não sofrerá alteração!
um bem (Δ%Q), resultante da variação no preço
desse bem (Δ%P), coeteris paribus.

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3.14 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo você aprendeu que a Microeconomia, ou Teoria dos Preços, analisa a formação de
preços no mercado, no qual a empresa e o consumidor interagem para decidir qual o preço e a quantida-
de de um determinado bem ou serviço em um mercado específico.
Viu sobre a importância, no raciocínio econômico, da hipótese coeteris paribus, que para analisar
um mercado específico deve “tudo o mais permanecer constante”.
Aprendeu o conceito de demanda, oferta e equilíbrio de um bem ou serviço e também pôde com-
preender sobre as variáveis que influenciam no comportamento da demanda e da oferta.
Também aprendeu o conceito da elasticidade da demanda.
Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem.

3.15 Atividades Propostas

1. Assinale os fatores mais importantes que afetam as quantidades procuradas:


a) Preço e durabilidade do bem.
b) Preço do bem, renda do consumidor e custos de produção.
c) Preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, renda e preferência do con-
sumidor.
d) Renda do consumidor e custos de produção.

2. Assinale a alternativa correta, coeteris paribus:

a) Um aumento da oferta diminui o preço e aumenta a quantidade demandada do bem.


b) Uma diminuição da demanda aumenta o preço e diminui a quantidade ofertada e deman-
dada do bem.
c) Um aumento da demanda aumenta o preço e diminui a oferta do bem.
d) Um aumento da demanda aumenta o preço, a quantidade demandada e a oferta do bem.

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4 TEORIA DA PRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), res de produção. Se o processo de produção for


Neste capítulo você conhecerá os princípios simples, ou seja, com a combinação dos fatores,
gerais da teoria da produção que possibilitam as obter-se-á um único produto. O processo de pro-
bases para a análise dos custos e da oferta dos dução múltiplo, ou produção múltipla, decorre da
bens produzidos. combinação dos fatores para a produção de mais
Vamos iniciar o estudo da teoria da produ- de um produto.
ção apresentando alguns conceitos fundamen- Produto total: mostra a produção máxima
tais! com a aplicação de quantidades diferentes de fa-
De acordo com Pinho, Vasconcelos e Toneto tores da produção (K = Capital e L = mão de obra).
Jr. (2011, p. 171), o primeiro conceito básico é o A produção de curto prazo é aquela em
de empresa ou firma: “Unidade de produção que que pelo menos um dos recursos (fatores de pro-
atua racionalmente, procurando maximizar seus dução) é fixo e os outros são aplicados em dife-
resultados relativos à produção e lucro.” rentes momentos da produção e em quantidades
O estudo da teoria da produção abarca prin- diferentes.
cípios que se constituem em peças fundamentais A produção total de longo prazo é aquela
para a análise dos preços e do emprego dos fa- que ocorre com a combinação de diferentes re-
tores, bem como sua alocação entre os diversos cursos de produção, permanecendo com um de-
usos alternativos. les fixo.
A teoria da produção serve de base para a Produto médio é a contribuição de cada fa-
análise das relações existentes entre produção e tor de produção, sendo dado pela fórmula:
custos de produção, que é importante na forma-
ção dos preços, servindo também de apoio para PT ÷ q (L,K)
a análise da demanda da firma com relação aos
fatores de produção que utiliza.
Sendo:
A seguir alguns conceitos básicos!
Função de produção: identifica a forma PT = Produto Total
de solucionar os problemas técnicos da produ-
q (L, K) fator de produção – mão de obra/
ção, pela apresentação das combinações de fa-
capital
tores que podem ser utilizados para o desenvol-
vimento do processo produtivo. É a relação que
Dicionário
demonstra qual a quantidade obtida do produto,
com base na quantidade utilizada dos fatores de Fator de produção: bens ou serviços transformá-
produção. veis em produção.
Produção: transformação, pela empresa, dos fato-
Processo de produção: técnica que permi- res adquiridos em produtos para a venda no mer-
te que um ou mais produtos sejam obtidos pela cado.
Fonte: Manual de Economia (2011).
utilização de determinadas quantidades de fato-

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Fatores variáveis: aqueles cujas quantida- ƒƒ Custo total (custo operacional): é a


des utilizadas variam com a realização dos pro- soma do custo fixo e variável.
cessos produtivos.
Fatores fixos: aqueles cujas quantidades Quanto aos custos unitários, temos:
utilizadas não variam com a realização do proces-
so produtivo.
ƒƒ Custo fixo médio: é o custo fixo dividi-
Num cenário microeconômico é importan- do pela quantidade produzida;
te o conhecimento dos custos da produção para
ƒƒ Custo variável médio: é o custo variá-
se determinar com precisão o preço final da mer-
vel dividido pela quantidade produzida;
cadoria e evitar a atuação da empresa com uma
produção no nível de prejuízo, ou seja, abaixo do ƒƒ Custo marginal: é a variação do custo
seu custo fixo, pelo menos. total em relação à variação da quanti-
dade produzida, ou a derivada do custo
Os custos totais são:
total em relação à derivada da quanti-
dade. São os acréscimos dados ao cus-
ƒƒ Custo fixo: é o custo que não muda to total em relação aos acréscimos da
com as mudanças na quantidade pro- quantidade produzida.
duzida;
ƒƒ Custo variável: sofre mudanças com as
alterações na quantidade produzida;

4.1 O Modelo Básico

É apresentado pelos autores Guimarães e Caro(a) aluno(a), Guimarães e Gonçalves


Gonçalves (2010) o modelo em que a empresa es- (2010, p. 32) nos falam a respeito definindo como
colhe o preço (p) e a quantidade vendida (q), com importantes três características da curva de cus-
a finalidade de maximizar seu lucro, ou seja, a em- tos:
presa não pode vender qualquer quantidade ao
preço que desejar. Ela deve respeitar a condição 1) Produzir mais custa mais caro: para au-
de que no mesmo mercado, ao preço p*, os con- mentar a quantidade produzida é preci-
sumidores queiram comprar q*. De outra forma, so utilizar mais energia, mais gente, mais
os valores p* e q* devem estar sobre a curva de máquinas, mais matéria-prima etc, e tudo
isso custa dinheiro.
demanda do bem.
2) Se a empresa está produzindo pouco,
O lucro total de uma empresa (L) é igual à aumentar a produção é mais fácil, menos
receita das vendas de seus produtos (R) menos o custoso, mas se a empresa está produzin-
custo total de produzi-los (C). Tem-se então a se- do a todo vapor, aumentar a produção é
guinte função: difícil.
3) O custo total de produção C(q) pode
ser dividido em duas partes: (i) o custo
L=R–C fixo da produção CF, um custo que inde-
pende de quanto se está produzindo; (ii)
um custo variável CVar(q) que depende
O que é necessário entender é como o cus-
do montante total produzido.
to de produção das empresas se comporta.

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Economia

A função custo é assim representada: Esse mesmo raciocínio pode ser representa-
do no conceito de custo marginal. O custo Margi-
C(q) = CF + CVar(q) nal CMg(q) é o custo de se produzir uma unidade
a mais, dado que já se decidiu produzir q unida-
des. A função é:
A curva do custo é Ilustrada a seguir:

CMg(a) = C(q + 1) – C(q)


Figura 10 – Curva de custo.

C A relação positiva entre o custo marginal e a


quantidade q traduz a ideia de que o custo de se
produzir uma unidade a mais aumenta à medida
CV que a capacidade produtiva da empresa vai se es-
gotando.
CF
Figura 11 – Curva de custo marginal.

q
Fonte: Pinho, Vasconcelos e Toneto Jr. (2011).
CMg

Quando a produção é zero, o custo total


é positivo devido ao custo fixo. À medida que
a quantidade aumenta, os custos de produção
acompanham a elevação. Quanto mais se produz,
mais é encarecida a produção: a curva vai ficando
mais e mais inclinada. q
Fonte: Pinho, Vasconcelos e Toneto Jr. (2011).

4.2 A Lei dos Rendimentos Decrescentes

Um elemento importante no estudo da teo- demais fatores, a produção, inicialmente, cres-


ria da produção é a lei dos rendimentos decres- cerá a taxas crescentes; a seguir, depois de certa
centes, que descreve o comportamento da taxa quantidade utilizada do fator variável, passará a
de variação da produção quando é possível variar crescer a taxas decrescentes, e continuando o in-
apenas um dos fatores, permanecendo constan- cremento da utilização do fator variável, a produ-
tes os demais. ção decrescerá (PINHO; VASCONCELOS; TONETO
Aumentando-se a quantidade de um fator JR., 2011).
variável, permanecendo fixa a quantidade dos

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4.3 Os Rendimentos da Firma

Todas as firmas ao realizarem o processo de Vamos definir outros dois tipos de receita
produção de bens têm como objetivo obter uma que são muito importantes para a análise da fir-
compensação para a sua atividade geradora de ma!
riquezas. Os custos de produção têm uma contra- Receita média (RMe): resultado do quo-
partida, que se constitui no rendimento ou recei- ciente entre a receita total e a quantidade vendi-
ta recebida pela venda da produção no mercado. da do produto.
Quanto maior for esse rendimento, maior incen-
tivo terá a firma para continuar a sua produção
RMe = RT (p x q) ÷ q
e manter o suprimento do produto ao mercado
consumidor.
O rendimento total ou receita total das ven- Receita marginal: resultado do quociente
das de uma firma é o resultado da multiplicação entre as variações da receita total decorrentes das
da quantidade total do produto oferecida e ven- variações da quantidade vendida do produto.
dida ao mercado pelo preço de venda. A função
que representa o rendimento ou receita total é: RMg = ΔRT ÷ Δq

RT = p x q

Sendo:
P = preço de venda o produto
Q = quantidade vendida
RT = rendimento ou receita total das vendas

4.4 Produtividade

Você sabia que a Produtividade é mais um 1978, o índice de produtividade do Japão aumen-
problema administrativo do que econômico? tou 8% e o dos Estados Unidos, 0,3%.
Pense a respeito! Produtividade é uma unidade de medida
A maior ou menor produtividade é uma ou valor expresso pela relação entre o insumo e o
questão de organização do trabalho, de enge- produto (do inglês input-output).
nharia industrial (processos, logística etc.).
Depois da Segunda Guerra Mundial, muitos
países passaram a se preocupar com a produtivi- Dicionário
dade. Por volta de 1950, sete trabalhadores japo-
neses produziam o mesmo que um norte-ame- Insumo: neologismo criado para traduzir a expres-
são inglesa input, que abrange todos os recursos
ricano. Em 1977, a produção de dois japoneses gastos ou investidos para a obtenção de determi-
era igual à de um operário norte-americano. Em nado resultado (output) da produção.

52
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Economia

De acordo com a definição, temos: R$ 90.000,00


=2
R$ 45.000,00

Para uma análise mais precisa da produtivi-
dade, podemos calculá-la considerando isolada-
A produtividade pode ser analisada sob os mente os três grupos de insumos: natureza, capi-
aspectos quantitativo e qualitativo. Por exemplo: tal e trabalho. As matérias-primas são insumos da
uma empresa industrial cuja produção mensal natureza. Máquinas, equipamentos e instalações
atinja o valor de R$ 90.000,00, empregando insu- pertencem ao grupo de capital. A mão de obra
mos calculados em R$ 45.000,00, terá um índice direta e indireta representa o grupo de trabalho.
de produtividade igual a 2: A produtividade de cada um desses grupos  pode
 ser calculada conforme segue:


352'87,9,'$'('$1$785(=$ 9$/25'$352'8d­2BBB
9$/25'$0$7e5,$35,0$

352'87,9,'$'('$1$785(=$
352'87,9,'$'('2&$3,7$/  9$/25'$352'8d­2BBB
 48$17,'$'(352'8=,'$28 9$/25'$352'8d­2
9$/25'$0$7e5,$35,0$
 1Ò0(526'(0È48,1$69$/25'$60È48,1$6
 (48,3$0(1726(
352'87,9,'$'('2&$3,7$/ 48$17,'$'(352'8=,'$28 9$/25'$352'8d­2 ,167$/$d®(6 
 1Ò0(526'(0È48,1$69$/25'$60È48,1$6
352'87,9,'$'('275$%$/+2 48$17,'$'(352'8=,'$BB (48,3$0(1726(
+20(16+25$ ,167$/$d®(6

352'87,9,'$'('275$%$/+2 48$17,'$'(352'8=,'$BB
+20(16+25$

Podemos, também, calcular a produtivida-


Podemos, também, calcular a produtividade do trabalhador da seguinte forma:
de do trabalhador da seguinte forma:
Podemos,
 também, calcular a produtividade do trabalhador da seguinte forma:
352'87,9,'$'('275$%$/+$'25 48$17,'$'(352'8=,'$BB
 1Ò0(52'(75$%$/+$'25(6

352'87,9,'$'('275$%$/+$'25 48$17,'$'(352'8=,'$BB
 1Ò0(52'(75$%$/+$'25(6

Além das fórmulas mencionadas, a produtividade pode ser ainda calculada de


várias
Além maneiras. Um dos cálculos utilizado,
a produ- principalmente pelas deindústrias, e que permite
das fórmulas
Além dasmencionadas,
fórmulas mencionadas, Um índice
a produtividade pode produtividade
ser ainda calculadamaiordeou me-
tividade
umapode sermais
análise ainda calculada
detalhada dade várias ma- é o cálculo
produtividade nor nãocusto-minuto.
corresponde necessariamente à melhor
várias maneiras. Um dos cálculos utilizado, principalmente pelas indústrias, e que permite
neiras. Um dos cálculos utilizado, principalmente ou pior produtividade; por isso, além da análise
uma análise mais detalhada da produtividade
pelas indústrias, e que permite uma análise mais é o cálculo custo-minuto.
quantitativa, é preciso fazer a análise qualitativa.
detalhada da produtividade Saibaé omais:
cálculo custo-
-minuto. Capacidade Instalada é o potencial de produção de
Saiba mais:
determinado setor da economia. Dizer queDicionário
a indústria
Capacidade
está trabalhandoInstalada
com é79,04%
o potencial
da decapacidade
sua produção de éo
Saiba mais
determinado
mesmo setorque
que dizer da está
economia. Dizer que
com 20,96% a indústria
Produção:
de suacriação de um bem ou de um serviço
está trabalhando com adequado para a satisfação de uma necessidade.
capacidade
Capacidade Instalada é o potencial de 79,04%
de produção
de produção da sua capacidade é o
ociosa.
mesmo
determinado setor da economia. Dizerque
que adizer que está com 20,96%Fonte:
indústria de suahttp://www.economiabr.net/dicionario.
capacidade
está trabalhando com 79,04% de produção
da sua capacidade éFonte:
o ociosa.
http://www.economiabr.net/dicionario.
mesmo que dizer que está com 20,96% de sua capaci-
dade de produção ociosa. Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.
Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.

Um índice de produtividade maior ou menor não corresponde necessariamente


à melhor ou pior produtividade; por isso, além da análise quantitativa, é preciso fazer a
Um índice de produtividade maior ou menor não corresponde necessariamente 53
análise qualitativa. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
à melhor ou pior produtividade; por isso, além da análise quantitativa, é preciso fazer a
Irma Filomena Lobosco

Em épocas de crise, muitas empresas dimi- As organizações mais eficazes e que utili-
nuem quadros de pessoal, supondo que a dimi- zam os métodos mais eficientes são aquelas cujos
nuição da mão de obra pode melhorar os índices índices de produtividade são constituídos de va-
de produtividade. Não podemos esquecer que os lores quantitativos e qualitativos.
recursos humanos são os únicos que reagem, isto
é, são os que têm condições de encontrar e viabi-
Atenção
lizar alternativas produtivas.
A produtividade empresarial é mais uma questão
de organização e métodos.

4.5 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo você estudou sobre a Teoria da Produção e conheceu a relação existente entre pro-
dução e custos de produção.
Viu que o estudo da teoria da produção e o desenvolvimento de sua análise exigem conhecimen-
tos de alguns conceitos básicos: de empresa ou firma, de fator de produção e de produção.
Observou também que a Produtividade na Economia é uma unidade de medida ou valor expresso
pela relação entre o insumo e o produto.
Ainda neste capítulo, apresentamos exemplos considerando isoladamente os três grupos de insu-
mos: natureza, capital e trabalho.
Você aprendeu também que uma das análises realizadas pelas empresas é o custo operacional da
empresa por minuto e conheceu a importância da utilização dos métodos que utilizam índices quantita-
tivos e qualitativos para uma análise eficaz.

4.6 Atividades Propostas

1. Qual é o índice de produtividade de uma empresa industrial com produção mensal de R$


100.000,00, empregando insumos calculados em R$ 50.000,00?
a) 2.
b) 4.
c) 1.
d) 0.

2. Sabendo-se que essa empresa tem 2.000 trabalhadores, que produziram 10.000 produtos,
qual é a produtividade do trabalhador?
a) 5.
b) 4.
c) 0,5.
d) 25.

54
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5 MERCADO DE TRABALHO

5.1 História do Trabalho

O trabalho é o mais importante fator de pro- Na Idade Média


dução e sem ele não existiriam os meios de produ-
ção; consequentemente, não haveria geração de Na Idade Média, existiam três classes de pes-
riquezas. soas: os sacerdotes, os nobres e os trabalhadores.
Trabalhar significava cultivar a terra para produ-
Saiba mais zir alimentos e cuidar do rebanho, que fornecia a
lã para o vestuário. A maioria das terras agrícolas
A palavra ‘trabalho’ deriva da palavra latina tripalium, estava dividida em áreas chamadas feudos; um
que designa um tipo de instrumento de tortura.
feudo abrangia uma aldeia e uma grande exten-
são de terra arável que a circundava. A terra arável
era dividida em duas partes: uma pertencia ao se-
nhor e a outra ficava à disposição dos servos para
Embora seja o mais importante, a maior parte produzirem seu sustento. O servo era obrigado a
das riquezas por ele produzidas não vai para os tra- trabalhar dois ou três dias por semana nas terras
balhadores. Só recentemente os trabalhadores co- do senhor, sem pagamento algum. Quando havia
meçaram a adquirir consciência de sua importância pressa, primeiramente devia colher os produtos
e passaram a lutar para alcançar maior participação das terras do senhor, não importando quantos
nos benefícios gerados pelo trabalho. dias fossem necessários para a colheita.
Durante a maior parte da Idade Média, pra-
Na Antiguidade ticamente não existiu o comércio como conhece-
mos hoje, apenas um intercâmbio de mercadorias.
De fato, o trabalho apresentou, durante muito Alguém poderia não ter lã suficiente para fazer seu
tempo, um sentido de punição e de castigo. Para os vestuário, mas ter vinho de sobra; então, trocava al-
hebreus, por exemplo, o homem havia sido simples- guns galões pela lã que precisava.
mente condenado ao trabalho. O comércio cresceu. Esse fato provocou pro-
Os gregos e os romanos só admitiam o tra- fundas mudanças na sociedade feudal. A riqueza,
balho manual para os escravos. As elites só admi- que era medida pela quantidade de terras que a
tiam o trabalho intelectual, porque correspondia pessoa possuía, passou, no final da Idade Média, a
à parte nobre do corpo humano: o cérebro. O ser medida pelo dinheiro. Além disso, a expansão do
trabalho que exigisse força e destreza muscular e comércio provocou também o crescimento das
um contato direto com a matéria era desprezível. cidades.

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Irma Filomena Lobosco

Os Artesãos e suas Corporações


Dicionário
O progresso das cidades e o uso do dinheiro Trabalho: repartição diferenciada de tarefas entre
fizeram com que os camponeses, que tinham ha- os membros de uma comunidade. O trabalho é di-
vidido pela sociologia em: como divisão biológica,
bilidade para fabricar algum produto, pudessem divisão territorial e divisão social do trabalho.
abandonar a agricultura e viver de seu ofício. Se Fonte: Wikipédia.
o artesão fosse bom trabalhador e se tornasse co-
nhecido entre os moradores da cidade, seus pro-
dutos seriam procurados e ele poderia aumentar Com a Revolução Industrial e o surgimen-
a produção e contratar um ou dois ajudantes. to das grandes fábricas, a partir do século XVIII,
a exploração do trabalho humano atingiu limites
inacreditáveis: os operários, inclusive mulheres e
Saiba mais crianças, eram obrigados a trabalhar, em média,
85 horas por semana. Além do excessivo número
Corporativismo é um Sistema que confere papel de de horas de trabalho, as condições eram precá-
direção e poder regulamentador a sindicatos únicos
(patronais ou de trabalhadores), constituídos por pro-
rias.
fissão. Em contrapartida à exploração do trabalho
humano, surgiram novas ideias, principalmente
com Karl Marx, que propunha que os meios de
produção – fábricas, máquinas, matérias-primas –
fossem de propriedade de todo o povo. Os traba-
A Revolução Industrial lhadores, por sua vez, passaram a se organizar em
sindicatos para defender seus interesses e perce-
A invenção de máquinas para substituir o beram que, embora fracos como indivíduos, po-
trabalho humano diminuiu ainda mais a impor- deriam tornar-se fortes quando unidos.
tância da função dos artesãos. Com as máquinas, A partir dessas novas ideias sobre o traba-
vieram as fábricas, com sua organização eficiente lho e graças aos movimentos trabalhistas, a classe
e a divisão de trabalho. O sistema fabril provocou trabalhadora passou a ter maior importância so-
um grande aumento na produção. cial e política.

5.2 Mercado de Trabalho

Segundo dados estatísticos do IBGE, publi- Observe, caro(a) aluno(a), o que nos fala a
cados em março de 2012, analisando o contin- respeito Guimarães e Gonçalves (2010, p. 68):
gente de ocupados, segundo os grupamentos de
atividade econômica, de fevereiro para março de São as empresas que demandam os ser-
2012, foi observada variação positiva apenas no viços dos trabalhadores e, como não po-
grupamento da indústria extrativa, de transfor- deria deixar de ser, a demanda delas por
mão de obra é função do balanço entre
mação e distribuição de eletricidade, gás e água
custos e benefícios envolvidos na contra-
(mais 108 mil pessoas, 3,0%). No confronto com tação de empregados, ou seja, do efeito
março do ano anterior, ocorreu acréscimo na edu- líquido que a contratação exerce sobre o
cação, saúde e administração pública (mais 125 lucro da empresa.
mil pessoas, 3,6%) e declínio nos serviços domés-
ticos (menos 94 mil pessoas, 5,9%).

56
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Economia

A curva de demanda de trabalho é a relação


entre o custo de se ter um trabalhador e o núme-
ro de trabalhadores demandados pela empresa.
Nessa perspectiva, essa curva é negativamente
inclinada, conforme mostra a Figura a seguir:

Figura 12 – Curva da demanda do trabalho.

n
Fonte: Guimarães e Gonçalves (2010).

O maior salário corresponde à menor de- Em consequência da última hipótese, sur-


manda por trabalhadores (n). O benefício margi- ge a produtividade marginal decrescente do
nal do trabalhador decresce para a empresa. Se o trabalho, para a qual o benefício marginal de um
salário é muito alto, só valerá a pena contratar um funcionário decresce com o número de emprega-
funcionário, mas, se o salário é baixo, passa a valer dos existentes na empresa.
a pena contratar vários trabalhadores. Vamos ilustrar, caro(a) aluno(a), com o se-
Guimarães e Gonçalves (2010) apresentam guinte exemplo:
o modelo de escolha das empresas, considerando Suponha que em uma determinada loja já
um modelo simples de uma empresa que decide trabalhem quatro funcionários. O quinto empre-
sobre o número de pessoas que irá empregar na gado poderia executar uma tarefa de carregar as
produção, (n), considerando as seguintes hipóte- compras de alguns clientes, limpar o chão com
ses: mais frequência para tornar a loja mais atrativa
aos compradores, podendo ainda substituir um
ƒƒ A empresa visa a maximizar o lucro; dos quatro funcionários que faltasse ao trabalho.
ƒƒ Todos os potenciais trabalhadores são Não mais que isso. Assim, o aumento da receita
idênticos (ou seja, não há diferenças de proveniente da contratação do quinto funcioná-
produtividade entre os trabalhadores); rio seria muito pequeno, certamente bem menor
ƒƒ O custo de cada funcionário para a em- que o aumento na receita derivado da contrata-
presa é w (incluindo tudo, desde os cus- ção do primeiro funcionário. A receita extra obti-
tos de recrutamento até o salário); da com a contratação de um funcionário se a loja
já tem n funcionários é a receita marginal do tra-
ƒƒ Quanto mais trabalhadores, mais a em-
balho, dada por RMg(n) = R(n + 1) – R(n).
presa produz.
Então, com 0 funcionários, a receita do dono
da loja é de R$ 60 mil por ano. Com um funcioná-
rio, essa receita sobe para R$ 100 mil. Um acrésci-

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Irma Filomena Lobosco

mo de 40 mil. Com quatro funcionários, a receita A primeira linha da Tabela 3 mostra n, o nú-
é de R$ 150 mil por ano e sobe para apenas R$ mero de funcionários; a segunda traz a receita
155 mil com a contratação do quinto funcionário da loja, R(n); e a terceira traz a receita marginal,
(GUIMARÃES; GONÇALVES, 2010). RMg(n).

Tabela 3 – Relação entre número de funcionários, receita da loja e receita marginal.

n 0 1 2 3 4 5
R(n) 60 100 125 140 150 155
RMg(n) 40 25 15 10 5
Fonte: Guimarães e Gonçalves (2010).

Analisando, vê-se que a receita é crescente dade de trabalhadores, mas a produtividade mar-
em n, mas a receita marginal é decrescente em n, ginal do trabalhador é decrescente na quantida-
pois a produção da empresa cresce com a quanti- de de funcionários.

Saiba mais

O custo de um trabalhador para uma dada empresa é o seu salário acrescido de todos os impostos atrelados ao paga-
mento do funcionário e demais custos indiretos (custos de contratação, administrativos etc.). Já o benefício de um traba-
lhador depende de quanto ele ajuda a empresa a produzir mais, a reduzir custos de produção, a melhorar a distribuição
e o marketing etc.
Fonte: Guimarães e Gonçalves ( 2010).

5.3 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo você conheceu a história do trabalho e aprendeu questões importantes do Mercado
de Trabalho.
Aprendeu que na antiguidade os gregos e os romanos só admitiam o trabalho manual para os es-
cravos. As elites só admitiam o trabalho intelectual.
Já, na Idade Média trabalhar significava cultivar a terra para produzir alimentos e cuidar do reba-
nho, que fornecia a lã para o vestuário.
Conheceu os fatores que influenciaram o surgimento dos artesãos e suas corporações.
Viu, ainda, sobre a Revolução Industrial e a divisão do trabalho, que por seus movimentos trabalhis-
tas propiciou à classe trabalhadora um novo status social e político.
E, por fim, entendeu os determinantes do preço de trabalho – o salário – ou qualquer outra forma
de remuneração do trabalhador que resultam da interação entre empresas e trabalhadores.

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Economia

5.4 Atividades Propostas

1. Qual o significado do trabalho na Idade Média?


a) Era um tipo de instrumento de tortura.
b) A especialização e divisão do trabalho.
c) Trabalhar significava tratar da terra para produzir.
d) Organizado pelos sindicatos.

2. Qual foi o impacto da Revolução Industrial para o trabalho?

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6 FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA

Caro(a) aluno(a) faça uma reflexão sobre os agregados e melhor compreensão das interações
assuntos corriqueiros que estão despertando o entre estes (VASCONCELOS, 2010).
interesse da população, com o objetivo de enten- É de responsabilidade do Governo manter
der melhor as manchetes dos jornais do dia! a estabilidade da economia, o desenvolvimento
A Macroeconomia estuda os fatores que de- social e a diplomacia externa.
terminam o nível da Renda e Produto. Vamos conceituar agora:
Temos as seguintes definições de Macroe-
conomia: “É o estudo do comportamento agrega- ƒƒ Oferta Agregada: representa o que as
do de uma economia.” “Trata do funcionamento empresas, no seu conjunto, estão dis-
da Economia como um todo, inclusive como são postas a produzir e a vender para cada
determinados o produto e o emprego total de re- nível geral de preços, assumindo como
cursos da economia, e o que faz com que esses constantes todas as restantes variáveis
níveis flutuem, tentando responder às questões determinantes da oferta agregada, tais
da vida econômica.” com as tecnologias disponíveis e as
Vamos entender as relações entre as dife- quantidades e preços dos fatores pro-
rentes variáveis macroeconômicas a partir dos dutivos;
principais agregados? ƒƒ Demanda Agregada: constitui-se nas
despesas da coletividade em bens e
ƒƒ Renda; serviços de consumo, investimento,
ƒƒ Emprego; despesas governamentais e exporta-
ƒƒ Produto Nacional; ções;

ƒƒ Desemprego; ƒƒ Inflação: tendência contínua e susten-


tada da elevação de todos os preços de
ƒƒ Investimento;
bens e serviços da economia.
ƒƒ Estoque de Moeda;
ƒƒ Poupança;
Observe, caro(a) aluno(a), no fluxo a seguir
ƒƒ Taxa de Juros;
como ocorre a evolução da Macroeconomia na
ƒƒ Consumo; teoria econômica.
ƒƒ Nível Geral de Preços;
ƒƒ Taxa de Câmbio.

A macroeconomia desconsidera o compor-


tamento das unidades econômicas individuais,
porém permite estabelecer relações entre os

61
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a teoria econômica.
Irma Filomena Lobosco

Observação Sistemática da Realidade Produto Nacional Bruto (PNB): mede a


renda que pertence efetivamente aos nacionais,
incluindo a renda recebida de nossas empresas
no exterior, e excluindo a renda enviada para o
Teoria Econômica
Princípios, leis, teorias e modelos.
exterior pelas empresas estrangeiras localizadas
no Brasil.
Com o intuito de avaliar o nível de pro-
dução de um país, se calcula o “produto”, o qual
Análise Macroeconômica pode ser avaliado sob duas óticas: o PIB e o PNB.
Estudo agregador da atividade
econômica de magnitudes globais, Ambos são representados por um único número,
com vistas ao crescimento e que procura expressar o nível de atividade eco-
equilíbrio do sistema econômico.
nômica em todos os setores, ou seja, a produção
de todos os bens e serviços (BS) de um país num
determinado ano.

Teoria dos Agregados e Teoria Observe, caro(a) aluno(a), o que Guimarães


do Equilíbrio e do Crescimento e Gonçalves (2010) nos falam a respeito!
Moeda, política fiscal, relações Há diversas maneiras de definir o produto,
internacionais e desenvolvimento.
por exemplo:

ƒƒ O produto líquido desconta do pro-


Política Econômica duto a depreciação das máquinas, en-
Aplicações desenvolvidas pela teoria quanto o produto bruto não desconta;
econômica com objetivos
predeterminados. ƒƒ O produto nacional considera a renda
dos habitantes do país, enquanto o pro-
duto interno considera a renda referen-
te ao que foi produzido.
Produto Interno Bruto (PIB) / Produto Nacio-
nal Bruto (PNB) / Produto Nacional Líquido A fórmula para o cálculo é a seguinte:
(PNL)

PIB = consumo privado + investimentos to-


Produto Interno Bruto (PIB): mede o valor tais feitos na região + gastos do governo +
total de bens e serviços numa economia, tendo exportações – importações
em vista que mede a produção global dentro dos
limites territoriais do país. O valor do PIB é sempre expresso a preço de
No cálculo do PIB entram os mais variados mercado, salvo se informado o contrário.
tipos de produtos e serviços (cimento, pão, gela- É importante também entender a diferença
deira, carnes, sapatos, bananas, televisão, milho, entre o PIB Real e o PIB Nominal: “O PIB nominal
soja, trigo etc.); mas seria muito difícil agregá-los, é valor calculado levando-se em conta os preços
pois não tem sentido somar sapatos com carnes do ano corrente: ou seja, se houver inflação no
ou milho com soja. Para resolver esse problema período, ela será contabilizada no resultado final.
de “juntar” tudo, de obter um único indicador que Já o PIB real é medido com o preço fixado no ano
inclua todos os bens e serviços, os economistas anterior, tirando-se desse cálculo o efeito da in-
criaram o conceito de “produto”. flação.”5

5
Fonte: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/pib/produto-interno-bruto-pib.shtml#1.

62
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Economia

Saiba mais

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE registrou que o PIB brasileiro se desacelerou a 2,7% em 2011 em
relação ao ano anterior, quando registrou uma alta de 7,5%, em relação a 2010, totalizando 4,14 trilhões de reais (2,38
trilhões de dólares ao câmbio atual). O crescimento foi inferior aos 3% que esperava o governo devido aos efeitos da
crise econômica mundial.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/crescimento-economico-do-brasil-desacelera-a-2-7-em-2011.

Produto Nacional de sacas de café, vendidas a R$ 500,00 a saca. O


valor do produto nacional dessa nação é: 1 milhão
Para alcançar determinada receita ou ren- de sacas de café x R$ 500,00 = R$ 500.000.000,00.
da, é preciso produzir. Produto nacional é preci- Isso significa que o valor do produto nacional é
samente a soma de todos os bens e serviços finais constituído pela soma paga aos que contribuíram
vendidos no período de um ano. para criá-lo.

Exemplo: imagine uma nação que só pro-


duzisse café. Durante um ano, ela produz 1 milhão

Produto nacional Renda nacional R$


1 milhão de sacas de café a R$ 500,00 a saca paga a:
operários/empregados 250.000.000,00
donos de terras 125.000.000,00
prestamistas 65.000.000,00
empresários 70.000.000,00
TOTAL R$ 500.000.000,00 TOTAL R$ 500.000.000,00

Renda Nacional
Atenção

A renda nacional é a soma das rendas ou re- Renda nacional é a soma das rendas ou receitas
recebidas por todas as pessoas em um ano, ou
ceitas recebidas por todas as pessoas em um ano. seja, é a soma total dos salários, juros, lucros, alu-
É toda a composição que está ligada diretamente guéis e renda da terra obtida pelos cidadãos de
ao processo de produção a custo dos fatores: salá- um país, durante o período de um ano.
rio, lucro, juro, aluguéis = Renda Nacional.
Todos os países procuram medir o resulta-
A renda nacional depende da maior ou
do de suas atividades econômicas e essa medição
menor produtividade do trabalho e da maior ou
pode ser feita através do cálculo da renda nacio-
menor rentabilidade de todos os fatores da pro-
nal.
dução.

63
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Irma Filomena Lobosco

Renda Per Capita narem pagamentos que remuneram os


fatores que produzem os bens e serviços
significa que a renda e despesa são duas
Dividindo a renda nacional pelo número de medidas diferentes do mesmo fluxo con-
habitantes, temos a renda per capita de um país, tínuo. Se as despesas forem maiores ou
que é o que cada um ganharia se dividíssemos menores que a remuneração dos fatores,
é claro que a renda obtida não pode ser a
igualmente o valor da produção, em um ano, en- renda nacional de equilíbrio.
tre todas as pessoas do país.
A renda per capita é um dos critérios para
se avaliar o desenvolvimento econômico de um A Renda Nacional de equilíbrio ocorre quan-
país, mas não pode ser o único. Portanto, além do a remuneração dos fatores de produção (a ren-
da renda nacional, devemos levar em conta cer- da nacional) iguala os gastos desejados em bens
tos dados indicativos do padrão de vida da po- e serviços de consumo e investimento (a despesa
pulação em geral: média de vida dos habitantes, nacional).
mortalidade infantil, leitos de hospital, percentual Portanto, entenda, caro(a) aluno(a), que a
de alfabetização, consumo de energia per capita, despesa corresponde à demanda agregada e a
meios de transporte etc. produção corresponde à oferta agregada, sendo
A renda per capita do Brasil é muito baixa que ambos são conceitos equivalentes da renda
em relação aos povos economicamente mais de- nacional.
senvolvidos.
Renda Pessoal Disponível
Saiba mais
Além da Renda Nacional, temos os concei-
O Censo Demográfico 2010, do IBGE, mostra que a de-
sigualdade de renda ainda é bastante acentuada no tos de Renda Pessoal e Renda Pessoal Disponível,
país. Embora a média nacional de rendimento domi- que são úteis para a análise macroeconômica, em-
ciliar per capita fosse de R$ 668 em 2010, 25% da po- bora não sejam medidas de produção. Esses con-
pulação recebia até R$ 188, e metade dos brasileiros
recebia até R$ 375, menos do que o salário-mínimo ceitos surgem ao considerarmos na Contabilida-
naquele ano (R$ 510). de Nacional as transferências, os tributos diretos e
Fonte: http://economia.terra.com.br/noticias/noticia. outras receitas do Governo. As transferências são
aspx?idNoticia=201111161227_TRR_80491503. pagamentos que não decorrem de uma atividade
produtiva corrente. Por exemplo: aposentadorias,
pensões e auxílios diversos.
Assim, considerando as transferências, os
Renda Nacional de Equilíbrio tributos diretos e outras receitas do Governo,
temos: renda pessoal disponível, que pode ser
Vamos entender o conceito de renda nacio- conceituada como o montante que os indivíduos
nal de equilíbrio? têm à sua disposição para consumir ou poupar e
Conforme Pinho, Vasconcellos, Toneto Jr. é igual a:
(2011, p. 340), é preciso saber a distinção entre
renda e despesa: Renda Nacional (PNL ao custo dos fatores)
+ transferências – aposentadorias, pensões
Enquanto a renda mede o fluxo de pa- e auxílios
gamento dos fatores de produção, isto - tributos diretos pagos pelas empresas
é, salário, juros, lucro e aluguel, a despe-
sa mede o fluxo dos gastos em bens e - outras receitas do Governo
serviços de consumo e investimentos da = Renda Pessoal
economia. O fato de as despesas se tor-

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Economia

- tributos diretos pagos pelas famílias processo de produção. Dessa forma, o capitalista
= Renda Pessoal Disponível obtém os seus lucros apoderando-se de todo o
trabalho que o operário continua a realizar após
ter criado um valor igual ao seu salário.
Para que Serve o Cálculo da Renda
Hoje, o que se discute não é a existência do
lucro, mas a sua apropriação. Nas economias ca-
As principais vantagens são: pitalistas, ele vai para os detentores do capital das
empresas. Nas economias socialistas, o lucro vai
ƒƒ medir o crescimento econômico do necessariamente para o Estado, embora uma fra-
país; ção possa ser deixada à disposição das empresas.
ƒƒ avaliar a contribuição dos diferentes Um dos aspectos interessantes é o que diz respei-
setores da produção na atividade eco- to à distribuição do lucro entre os empregados.
nômica, tais como: agricultura, pesca,
construção civil, comércio e indústria Juro
na produção de riquezas;
ƒƒ conhecer a distribuição da renda, isto é, Juro é a remuneração do capital. Quando al-
o modo como é repartido o total que o guém recebe um empréstimo em dinheiro, deve
país produz. pagar ao credor, além do “principal”, uma soma
determinada para compensar o lucro que o cre-
Lucro dor deixou de ter ao emprestar o dinheiro.
Podemos justificar a cobrança dos juros da
seguinte forma:
Lucro é a remuneração do empresário, re-
presentado por um ganho aleatório igual à dife-
rença entre o preço de venda e o preço de custo ƒƒ não são apenas os pobres que pedem
dos produtos e serviços. Se não houvesse a pos- empréstimos, mas também os comer-
sibilidade de lucro, o empresário não correria o ciantes, os industriais e o governo, com
risco de aplicar seu capital em determinada ativi- o fim de aplicar esse capital na produ-
dade produtiva. ção;
O capital é formado da mais-valia, que con- ƒƒ o capital é, hoje, um fator de produção;
siste no fato de que o trabalhador, em qualquer sendo produtivo, ninguém o empresta
que seja o processo de produção, transforma sem receber uma retribuição;
matéria-prima em produtos, empregando deter- ƒƒ apesar de a inflação ser baixa, de se ter
minados meios de produção. uma moeda praticamente estável com
o câmbio controlado, o próprio sistema
comercial de financiamento e a cultura
Dicionário
existente no mercado financeiro fazem
Mais-valia: valor suplementar que o operário pro- com que os juros sejam cobrados.
duz durante todo o tempo em que continua a tra-
balhar depois de produzir o valor de sua força de
trabalho.

O valor do produto é formado pelo valor


dos meios de produção mais o novo valor que o
operário, ao trabalhar, está criando. Do trabalho,
portanto, sai o único valor que se cria em cada

65
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Poupança e Investimento Função poupança (S): é a parcela da ren-


da nacional não consumida em dado período de
A poupança nacional é a parcela da renda tempo.
nacional não gasta em bens e serviços de consu-
mo produzidos na economia, sendo que a renda S = – a + (1 – b)y
é o fator que, isoladamente, tem maior influência
no nível da poupança da coletividade. A função Sendo:
poupança pode ser obtida por meio da renda me-
(1 – b) = a propensão marginal a poupar.
nos a função consumo, ou seja, é dada segundo
hipóteses do modelo Keynesiano básico:
 A figura a seguir ilustra a curva da função
poupança. 
Função consumo (C): consumo em função
 da renda crescente do nível de renda nacional (Y). Figura 14 – Curva da função poupança.
O modelo mais simples supõe o consumo como Figura 14 – Curva da função poupança.
C=a+
uma função by
linear. S

CSendo:
= a + by

a = consumo mínimo da coletividade S = – a + (1 – b)y


Sendo:
b = propensão marginal a consumir (PMgC)
a = consumo mínimo da coletividade
bA=PMgC é a relação
propensão marginalentre um acréscimo
a consumir (PMgC) no consumo desejado devido a um
-a
naPMgC
acréscimo A rendaéda a relação entre um acréscimo no
coletividade.
consumo desejado devido a um acréscimo na
renda da coletividade. Fonte: Pinho,
Fonte: Vasconcellos e Toneto
Pinho, Vasconcellos Jr. (2011).
e Toneto Jr. (2011).
Observe, caro(a) aluno(a), a figura a seguir! Corresponde à função consumo da
coletividade:
Observe, caro(a) aluno(a), a figura a seguir! Agora que você já aprendeu como é forma-
Corresponde à função consumo da coletividade: da a Agora
poupança
quenacional
você já vamos entender
aprendeu como aérela-
formada a
ção entre poupança e investimento?
Figura 13 – Função consumo. entender a relação entre poupança e investimento?
Figura 13 – Função consumo.

C Dicionário
VERBETE
Investimento: parcela do produto nacional não
C = a + by consumida.

,QYHVWLPHQWRSDUFHODGRSURGXWR
a QDFLRQDOQmRFRQVXPLGD
Considere uma economia em que as famí-
y lias podem poupar para consumir no futuro, na
Fonte: Pinho, Vasconcellos e Toneto Jr. (2011). qual as empresas têm capital para investir em
Considere uma economia em que as famílias podem
Fonte: Pinho, Vasconcellos e Toneto Jr. (2011). bens que serão utilizados na produção de bens
futuro,denaconsumo.
qual as empresas têm capital para investir em ben
produção
Função poupança (S): é a parcela da renda de bens
nacional de consumo.em dado
não consumida
período de tempo. Para reflexão, imagine como o nível da renda gerado
consumo desejado (C2) e o fluxo de renda não gasto em cons

S = – a + (1 – b)y programada pela coletividade igual a S2. Essa economia produz s


66 C2 que está sendo consumida, significando que a diferença da p
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estocada. As empresas já assumiram todos os custos de produ
Economia

Para reflexão, imagine como o nível da ren- A inflação pode ser conceituada como
da gerado em uma economia (y2´), o consumo um aumento contínuo e generalizado
no nível de preços, ou seja, os movimen-
desejado (C2) e o fluxo de renda não gasto em
tos inflacionários representam elevações
consumo, ou seja, a poupança programada pela em todos os bens produzidos pela eco-
coletividade igual a S2. Essa economia produz nomia e não meramente o aumento de
somente e apenas a parcela C2 que está sendo um determinado preço. Outro aspecto
consumida, significando que a diferença da pro- fundamental refere-se ao fato de que o
fenômeno inflacionário exige a elevação
dução não consumida é estocada. As empresas já
contínua dos preços durante um período
assumiram todos os custos de produção, faltan- de tempo, e não meramente uma eleva-
do-lhes recursos, pois não houve a venda total ção esporádica dos preços.
da produção para cumprir com a liquidação das
obrigações firmadas. Nesse momento, os empre-
Principais tipos de inflação:
sários irão recorrer aos empréstimos correspon-
dentes ao volume de poupança realizada pela
coletividade, com o objetivo de financiar seus in- ƒƒ Inflação de demanda: considerada o
vestimentos em estoque pela produção não ven- tipo mais clássico de inflação, diz res-
dida (PINHO; VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2011). peito ao excesso de demanda agrega-
da, em relação à produção disponível
de bens e serviços. Pode ser entendida
Inflação
como excesso de moeda em circulação
em busca de poucos bens (PINHO; VAS-
Informa-nos o IBGE6 que, em 2010, a infla- CONCELLOS; TONETO JR., 2011);
ção registrada foi de 5,91%. No primeiro ano de ƒƒ Inflação de custos: considerada uma
governo de Dilma Rousseff, o Banco Central (BC) inflação tipicamente de oferta. A de-
realizou um processo de redução dos juros para manda permanece praticamente a
estimular o crescimento. Os juros atualmente es- mesma, entretanto os custos de deter-
tão altos, mas estavam ainda mais elevados no minados insumos necessários aumen-
início do governo FHC. A inflação, que antes era tam e são repassados aos preços dos
de mais de 1.000% ao ano, agora está abaixo de produtos. Pode também estar asso-
10% ao ano. ciada ao fato de algumas firmas, com
elevado poder de monopólio ou oligo-
pólio, terem condições de elevar seus
Dicionário
lucros acima do aumento dos custos de
Inflação: fenômeno geral de ajuste, por meio mo- produção (PINHO; VASCONCELLOS; TO-
netário, das tensões existentes em um conjunto
NETO JR., 2011);
socioeconômico. É caracterizada pela alta do nível
geral dos preços e pela depreciação da moeda. ƒƒ Inflação inercial: considerada decor-
Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario. rente dos reajustes de preços e salários
provocados pela indexação ou correção
monetária.
Quando os preços na economia sobem X%,
há inflação de X%, ou seja, a inflação é um au-
mento no índice de preços. Para medir a inflação, os números índices
de preços são utilizados para transformar variá-
A esse respeito nos fala Pinho, Vasconcellos
veis nominais em reais. Um índice de preços ao
e Toneto Jr. (2011, p. 385):

6
Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/ipca15/defaultipca15.shtm.

67
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consumidor é basicamente o preço de um con- construção civil). Como principal base de referên-
junto de bens e serviços que sintetiza o consumo cia, podem-se considerar os Índices de Preços ao
aproximado de um indivíduo com determinada Consumidor (IPC), também denominados Índices
faixa de renda. Os vários índices de preços são di- de Custo de Vida (ICV).
vulgados por meio das siglas: IPC, IGP, IGP-M, IPCA Ilustra-se, na Tabela 4, a existência de três
etc. O que eles apresentam de diferença relevante bens na Economia e a respectiva variação de pre-
é que cada um considera um conjunto de bens ços entre dois meses.
diferente.
Existem índices de preços por atacado (in-
dústria e agricultura) e de varejo (consumidor e

Tabela 4 – Comparativa do índice de preços.


Variação de preços no período Participação no gasto total do consumidor
Carne 10% 30%
Arroz 10% 60%
Fósforo 100% 10%
Soma 100%
Fonte: Vasconcellos e Garcia (2003).

Não se pode calcular uma média aritmética, Média aritmética = 0,1 x 0,3 + 0,1 x 0,6 + 1 x
pois os três bens têm pesos diferentes. Calcula- 0,1 = 0,19 ou 19%.
mos, então, uma média aritmética ponderada:

6.1 Principais Índices que Acompanham os Preços

Prezado(a) aluno(a), você sabia que as ins- O Índice de Preços ao Consumidor (IPC)
tituições de pesquisa determinam os componen- mede a variação de preços de um conjunto fixo
tes que provocam algumas diferenças entre os de bens e serviços componentes de despesas ha-
índices? bituais de famílias com nível de renda situado en-
Desde sua criação em 1947, o IPA, inicial- tre 1 e 33 salários-mínimos mensais. Sua pesquisa
mente batizado de Índice de Preços por Ata- de preços se desenvolve diariamente, cobrindo
cado e, a partir de abril de 2010, denominado sete das principais capitais do país: São Paulo, Rio
Índice de Preços ao Produtor Amplo, registra de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto
variações de preços de produtos agropecuários e Alegre e Brasília.8
industriais nas transações interempresariais, isto O IPC-S integra o sistema de índices de
é, nos estágios de comercialização anteriores ao preços ao consumidor da FGV, que inclui: IPC-DI,
consumo final.7 IPC-M, IPC-10, IPC-3i e IPC-C1. Apesar de a cole-

7
Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=402880811D8E34B9011D984D9EE23590>.
8
Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B7350710C7>.

68
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Economia

ta ser semanal, a apuração das taxas de variação em 7 capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Ho-
leva em conta a média dos preços coletados nas rizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília). O
quatro últimas semanas até a data de fechamen- índice é divulgado nas versões 10, M e DI. Apura
to. O intervalo entre o fim da coleta e sua divul- a evolução dos custos no setor da construção, um
gação é de um dia, sendo um dos mais curtos, in- dos termômetros do nível de atividade da econo-
clusive para padrões internacionais. Abrangência mia.10
geográfica: Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São
Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre. Sua
pesquisa de preços ocorre nos seguintes setores: Saiba mais
Alimentação, Habitação, Vestuário, Saúde e Cui-
dados Pessoais, Educação, Leitura e Recreação, O IBGE é uma importante empresa pública brasileira
criada com o propósito básico de apresentar estudos
Transportes e Despesas Diversas.9 e acompanhar as variações de contas macroeconômi-
O Índice Nacional da Construção Civil cas, tais como: desemprego, custo de vida, inflação etc.
(INCC) é formado a partir de preços levantados Fonte: http://www.economiabr.net/dicionario.
em oito capitais estaduais. No processo de am-
pliação de cobertura, o INCC chegou a pesquisar
preços em 20 capitais. Atualmente a coleta é feita

6.2 O Balanço de Pagamentos

O balanço de pagamentos é o registro con- b) R


emuneração de fatores de produ-
tábil de todas as transações de um país com ou- ção externos: pagamentos de juros so-
tros países do mundo. bre dívidas e lucros de empresas estão
O Balanço de Pagamentos é composto por nessa conta. Observe que brasileiros
duas contas: a conta financeira e a conta de tran- têm ativos no exterior e estrangeiros
sações correntes. têm ativos no Brasil. Os pagamentos
recebidos menos os juros e lucros en-
A conta de transações correntes é compos-
viados para o exterior correspondem
ta por:
rB. No caso do Brasil, rB é normalmen-
te negativo, pois há mais estrangeiros
a) B
alança comercial: exportações me- com investimentos no Brasil do que
nos importações de bens e serviços. brasileiros com investimentos no exte-
Corresponde ao termo X – M. Se X – M rior. Então, B < 0 e assim rB < 0, sendo B
é positivo, convenciona-se dizer que te- representando conta financeira.
mos um superávit na balança comercial
(está entrando dinheiro no país). Se X
– M é negativo, importamos mais que A conta financeira é dividida em duas par-
exportamos, temos um déficit, sendo tes:
que X – M representa as transações cor-
rentes;

9
Disponível em: < http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B7993012F7>.
10
Disponível em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B7684C11DF>.

69
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ƒƒ Fluxos de capital: investimentos dire- O total de compras de moeda estrangeira


tos de empresas multinacionais, inves- deve ser sempre exatamente igual ao total de
timentos financeiros de brasileiros em vendas de moeda estrangeira, pois, sempre que
outros países ou vice-versa; pagamen- alguém está vendendo alguma coisa, outra pes-
tos de dívidas. soa está comprando. O balanço de pagamentos
ƒƒ Variação nas reservas do Banco Cen- precisa estar sempre em equilíbrio, ou seja, o
tral: refere-se à variação nos ativos es- montante de débitos deve sempre “bater” com o
trangeiros nas mãos do Banco Central montante de crédito, da mesma forma que qual-
(GUIMARÃES; GONÇALVES, 2010). quer registro contábil que registre lançamentos
por partidas dobradas.
Geralmente, o balanço de pagamentos é
Assim, no balanço de pagamentos, estão
dividido em três grandes categorias relativas a
registrados todas as importações e exportações
três tipos de transações, sendo representado da
brasileiras, os fretes que os navios pagam a navios
seguinte forma:
estrangeiros, os empréstimos que o Brasil recebe
em moeda estrangeira, o capital de firmas estran-
geiras que abrem filiais no Brasil, o capital das fir- Balanço Comercial
mas estrangeiras que saem do Brasil etc. Débito Crédito
No balanço de pagamentos, estão registra- Importações Exportações
das todas as compras e vendas de moeda estran-
geira. As compras são efetivadas para importar Balanço de Serviços
mercadorias de outros países ou para pagar ser- Débito Crédito
viços prestados por estrangeiros a brasileiros ou, (pagamentos (recebimento
estrangeiros) estrangeiros)
ainda, para que as firmas estrangeiras possam en-
Frete Fretes
viar seus lucros aos países de origem, para paga-
Prêmios de seguros Prêmios de seguros
mento de juros de empréstimos estrangeiros ou
Transporte Transporte
para pagamento de royalties e patentes a outras
Turismo e viagens Turismo e viagens
nações.
Juros de empréstimos Juros de empréstimos
As vendas de moedas estrangeiras são efe-
Lucros remetidos ao Lucros remetidos ao
tivadas pelos exportadores que receberam suas
exterior exterior
receitas em dólares.
Outros pagamentos Outros pagamentos
Todas as compras de moeda estrangeira são
registradas no lado esquerdo da balança de pa-
gamentos, isto é, são lançadas a débito. Por outro A balança comercial e a balança de serviços,
lado, todas as vendas de moeda estrangeira são consideradas conjuntamente, formam a chama-
registradas no lado direito da balança de paga- da “balança de transações correntes”, a qual não
mentos, isto é, são lançadas a crédito. registra os capitais das firmas estrangeiras que
entram e saem do Brasil, os empréstimos que o
Esquematicamente:
Brasil recebe de entidades e nações internacio-
nais etc. Todas essas transações que não se refe-
Débito Débito rem à produção e venda de serviços ou bens são
Compra de moeda Venda de moeda registradas na terceira divisão da balança de pa-
estrangeira estrangeira gamentos, a balança de capitais.

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Economia

Balança de Capitais Pense a respeito!

Débito/Crédito Apesar de havermos afirmado que o ba-


Capitais de empresas estrangeiras lanço de pagamentos está sempre em equilíbrio,
Empréstimos estrangeiros isso não significa de forma alguma que as diver-
sas divisões do balanço de pagamentos também
Investimentos diretos
estejam em equilíbrio. Não é necessário que o
Crédito de longo prazo montante de importações brasileiras seja igual ao
montante de exportações e que o montante de
Saiba mais renda de serviços pago aos brasileiros seja igual
ao montante de capital que ingressou no país ou
A Balança de Capital é a Conta estatística que recapi- que abandonou o país. A soma dos débitos das
tula a movimentação do ativo e do passivo ocorrida três balanças, conjuntamente, deve ser igual à
entre um país e o resto do mundo, no decurso de um
determinado período. O Balanço de Pagamentos do soma dos créditos.
Brasil de abril/11 apresentou superávit de US$ 6,8 bi-
lhões ante US$ 9,5 bilhões em março/11.
Fonte: Informativos Econômicos da Secretaria de
Política Econômica (SPE), 26/05/2011.

6.3 Políticas Econômicas

Os instrumentos de política econômica são: ideal de cada momento econômico. Por


controle da oferta de moeda, pode-se
a) p
olítica fiscal: a atuação do governo entender:
no que diz respeito à arrecadação de i. condições de crédito, ou seja, dis-
impostos (as chamadas receitas públi- ponibilidade ou não de emprésti-
cas) e aos gastos públicos. O objetivo mos. O governo pode aumentar ou
básico da política fiscal é conduzir, com reduzir a capacidade dos bancos
eficiência, a área administrativa do go- de emprestar por meio do depó-
verno, promovendo o bem-estar da po- sito compulsório, isto é, ao obrigar
pulação mediante a realização de obras os bancos a recolherem maiores ou
de interesse da sociedade e a eficácia menores volumes de seus recursos
na arrecadação tributária, a fim de fazer no Banco Central;
frente às despesas orçamentárias; ii. aumento ou diminuição do dinhei-
olítica monetária: diz respeito às in-
b) p ro que circula na economia (por
tervenções governamentais sobre o meio do volume de dinheiro que o
mercado financeiro, seja atuando ativa- governo emite);
mente ao controlar a oferta de moeda, c) p
olítica cambial: fundamenta-se na
seja atuando passivamente sobre as ta- administração da taxa de câmbio e no
xas de juros. Ela pode ser definida como controle das operações cambiais. Ela
o controle da oferta da moeda e das tem impacto direito sobre a política
taxas de juros que garante a liquidez monetária;

71
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d) política de rendas: refere-se ao contro-


Saiba mais
le de preços e salários exercidos pelas
autoridades econômicas e que podem • Economia a Dois Setores Sem Formação de Ca-
ser considerados dentro do âmbito das pital
políticas monetárias, fiscal ou cambial. • Economia a Dois Setores Com Formação de Ca-
pital
Os controles sobre preços e salários si- • Economia a Três Setores: O Setor Público
tuam-se em categoria própria de políti- • Economia a Quatro Setores: O Setor Externo
ca econômica. A característica especial
é a de que, nesses controles, os agentes
econômicos ficam proibidos de levar
a cabo o que fariam em resposta a in-
fluências econômicas normais do mer- Para gerar crescimento: G ↑ ou T ↓, ou seja,
cado. aumentar os gastos do governo em subsídios, in-
vestimentos, empréstimos e financiamento de
Percebe-se que a existência do governo in- obras de infraestrutura ou diminuir a cobrança
terferindo na economia é de vital importância. dos tributos.
Quando o governo deseja cumprir as metas eco- Para gerar retração: G ↓ou T ↑, ou seja,
nômicas de Crescimento Produtivo, Redução do diminuir os gastos do governo em subsídios, in-
Déficit Público e Aumento de Emprego, planeja vestimentos, empréstimos e financiamentos de
um orçamento equilibrado igualando os tributos obras de infraestrutura ou elevar a cobrança dos
aos gastos orçamentais. tributos.
Atenção, caro(a) aluno(a) para a situação O Governo pode desestimular um setor e
que será apresentada! estimular outro. A Política de Orçamento Equili-
O Equilíbrio da Renda e Produto em econo- brado é representada pela função G = T, ou seja,
mia de três setores é dado pela função da deman- quando os gastos do governo são equivalentes
da agregada desses setores: aos tributos cobrados, gera-se crescimento eco-
nômico.

C = Ca + PMgC (Y – T) + I + G

Onde
G = gastos do governo (subsídios, investi-
mentos, empréstimos, obras de infraestru-
tura)
T = tributos
Ta = tributos indiretos (são aqueles que não
incidem diretamente no processo produti-
vo da renda)

A política econômica de crescimento ou de


retração é realizada através da política fiscal.

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Economia

6.4 A Inserção do Brasil na Economia Mundial

Você sabia que a inserção do Brasil na eco- Os dois primeiros apontam o grau de expo-
nomia mundial ainda é pequena e alguns indica- sição do país à concorrência mundial e o terceiro
dores podem dar uma ideia da trajetória que o é um indicador da capacidade do país produzir
país terá ainda que percorrer para participar mais dentro dos padrões mundiais e absorver níveis
ativamente da globalização? mais sofisticados de tecnologia. Não são medidas
Quanto mais um país está integrado na eco- perfeitas, mas dão uma ideia da posição do Brasil
nomia mundial, maior é a exposição à concorrên- em relação a alguns fatos estilizados da economia
cia internacional, maior a absorção de tecnologias mundial.
modernas e maiores as opções de escolha para Mesmo assim, a política de abertura não
os consumidores finais e os produtores de obter tem sido linear nem consistente. Os retrocessos
recursos financeiros a custos menores no merca- têm sido frequentes, particularmente depois do
do mundial; tudo isso contribui para melhorar a Plano Real, introduzindo grande instabilidade
alocação de recursos da economia e para atingir nas regras de importação e nos preços relativos, e
padrões mundiais de eficiência. dificultando o planejamento de longo prazo das
Existem várias formas para expressar o grau empresas.
de integração de um país na economia mundial. Restrições às importações são importantes
Aqui são utilizados: barreiras à difusão de tecnologia e ao aumento
da produtividade total dos fatores de produção,
ƒƒ o grau de abertura comercial; além de introduzirem distorções na alocação dos
ƒƒ a estabilidade da política de importa- fatores de produção e no padrão de concorrência.
ções;
ƒƒ a participação dos manufaturados no
total das exportações.

6.5 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo você estudou os Fundamentos da Macroeconomia e aprendeu que o seu principal
objeto é estudar os elementos que determinam o nível de produção, do emprego e dos preços.
Compreendeu que os países procuram medir os resultados de suas atividades econômicas pelo cál-
culo da Renda Nacional, que é a soma das rendas ou receitas recebidas por todas as pessoas em um ano.
Viu que o cálculo da Renda Nacional permite medir o crescimento econômico de um país, além de
avaliar os setores que contribuíram, identificando a distribuição da renda.
Conheceu os conceitos de Lucro, Juro e Produto Nacional.
Foram explicadas as Políticas Econômicas e os seus principais instrumentos: política fiscal, política
monetária, política cambial e a política de rendas.
Ainda, conheceu o conceito de Balanço de Pagamentos e as contas que o compõem.

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Conheceu a evolução do crescimento do PIB brasileiro e aprendeu sobre os principais índices que
acompanham os preços no Brasil.
Agora vamos avaliar o seu aprendizado.

6.6 Atividades Propostas

1. Assinale a alternativa errada:


a) A política de rendas corresponde, basicamente, aos controles de preços e salários.
b) A política monetária tem aplicação mais imediata do que a política fiscal.
c) A política cambial, no setor externo, refere-se a alterações na taxa de câmbio.
d) Todas as alternativas estão erradas.

2. O balanço de pagamentos é:
a) O registro contábil de todas as transações de um país com outros países do mundo.
b) O saldo das importações e exportações.
c) A regulamentação das atividades bancárias e de crédito.
d) A regulamentação de impostos.

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RESPOSTAS COMENTADAS DAS
ATIVIDADES PROPOSTAS

Capítulo 1

1. Após estudar os Conceitos Fundamentais da Ciência Economia e compreender o problema


econômico, você chegará à resposta de que as necessidades humanas são ilimitadas frente aos
recursos, que são escassos.
2. Após estudar os Sistemas Econômicos, compreenderá que em todas as sociedades, não impor-
tando seu grau de desenvolvimento ou sua forma de organização política. Independentemen-
te da organização econômica ou regime político, todas as sociedades são obrigadas a fazer
escolhas entre as alternativas, pois os recursos produtivos são escassos.

Capítulo 2

1. No mercantilismo, a riqueza consistia no acúmulo de metais. Um país seria mais forte e po-
deroso quanto maior fosse seu estoque de metais precisos. Estimulou a guerra. A fisiocracia
considerava a lei da natureza suprema e a terra era a única fonte de riqueza.

2. Adam Smith. A ideia de Smith era clara. A produtividade decorre da divisão do trabalho, sendo
necessário ampliar os mercados e as iniciativas privadas para que a produtividade e a riqueza
sejam aumentadas. Ainda, o papel do Estado (nação) na economia não deveria promover a
intervenção nas leis de mercado e na prática econômica. Princípio do liberalismo.

Capítulo 3

1. A alternativa C está correta, pois apresenta os determinantes da demanda de um bem.

2. A alternativa A está correta. Quando o preço do bem cai, o bem fica mais barato em relação
aos seus concorrentes e, dessa forma, os consumidores deverão aumentar seu desejo de com-
prá-lo. De outra parte, quando o preço cai, o indivíduo fica mais rico em termos reais.

Capítulo 4

1. A alternativa correta é a A. Utilize a fórmula da Produtividade = Produto ÷ Insumo.

2. A alternativa correta é a C. Utilize a fórmula Quantidade Produzida ÷ Nº de trabalhadores.

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Irma Filomena Lobosco

Capítulo 5

1. A alternativa correta é a C. Na Idade Média, os nobres eram os senhores feudais, proprietários


das terras agrícolas chamadas feudos, e permitiam que os servos produzissem para sustento
e sobrevivência sem nenhum pagamento. Não existia comércio nessa época. A economia era
de trocas (escambo).

2. A Revolução Industrial, com a invenção das máquinas, que substituíram o trabalho humano,
afetou a importância da função dos artesãos e deu origem à divisão do trabalho.

Capítulo 6

1. A alternativa correta é a D: todas estão erradas. Na alternativa A, a política de rendas é um


conjunto de medidas para redistribuir a renda e promover a justiça social, sendo um dos ins-
trumentos da política econômica. Na alternativa B, a política fiscal é de efeito imediato. Na
alternativa C, a política cambial é responsável também pelas operações cambiais.

2. A alternativa correta é a A. É o registro contábil de todas as transações de um país com outros


países do mundo, sendo um instrumento da contabilidade nacional para registrar todo o di-
nheiro que entra e sai de um país.

Capítulo 7

1. A alternativa correta é a B. Os índices de preços são também denominados Índices de Custo


de Vida, pois se relacionam aos preços de produtos que interferem na sobrevivência da popu-
lação.

2. A alternativa correta é a A. São indicadores que afetam tanto as empresas quanto os consumi-
dores e diferenciam-se em internos (inflação, PIB) e externos (balança comercial, balança de
pagamentos).

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REFERÊNCIAS

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