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Disciplina: Psicologia sem psiquismo: adoecimento, morte e luto

Na aula sobre morte e luto, houve dois pontos que para mim foram principais
para o entendimento da temática na perspectiva fenomenológico-existencial: a teoria do
pego e o modelo do processo dual do luto.
A teoria do apego se baseia na intrínseca necessidade de segurança do ser
humano nos momentos iniciais da vida. Essa segurança é fornecida ao bebê por meio da
construção de um vínculo afetivo com a figura materna. Esse vínculo caracteriza um
estilo de apego que, se for seguro, irá possibilitar que a criança explore o mundo com
confiança. O indivíduo que construiu apego seguro com a figura materna passa por um
eventual processo de luto de forma mais saudável e menos traumática, pois a relação
com o falecido é transformada mas o vínculo afetivo é mantido. Por outro lado, pessoas
que tiveram apego de estilo ansioso ambivalente, inseguro-evitativo ou desorganizado,
possivelmente passaram por um processo de luto mais traumático.
O processo do luto pode ser vivido de duas formas: com orientação apara a
perda e com orientação para a restauração. A orientação para a perda consiste nas
respostas ao rompimento do vínculo afetivo. Envolve o trabalho de luto em si, a
negação/aceitação da realidade da morte, a rememoração do ente querido através de
fotografias, das lembranças narradas, do anseio por sua proximidade, da ruminação
sobre como seria a vida se ele não tivesse morrido. A orientação para a restauração
consiste na reconstrução do mundo presumido. Envolve um movimento de
reorganização da vida após a morte do ente querido, por exemplo, ao assumir as tarefas
que eram realizadas pela pessoa que morreu ou ao retornar as próprias tarefas do dia a
dia. Para que a fase do luto transcorra de forma saudável, espera-se que o enlutado
oscile sua orientação entre a perda e a restauração até que consiga acomodar a dor e
transformar a relação com o falecido, retomando o vínculo afetivo.
Como ainda não iniciei os atendimentos, não tenho casos clínicos para relatar, mas
durante as explicações da aula, o tempo todo tomei a minha própria experiência de luto como
forma de ilustrar o conhecimento teórico. Sofri a perda do meu pai há oito anos. Consegui fazer
associações entre o tipo de apego que mais provavelmente me foi proporcionado na infância e a
forma como vivenciei o luto naquela época, em que era ainda adolescente.

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