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DOUTRINA DOS ANJOS

ANGELOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................91

1. DEFINIÇÃO DO TERMO ...............................................................................................................92

2. A ORIGEM DOS ANJOS ..................................................................................................................93


2.1 A NATUREZA DOS ANJOS ..........................................................................................................94

3. CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS .......................................................................................................97


3.1 GABRIEL .........................................................................................................................................97
3.2 ARCANJO MIGUEL .......................................................................................................................97
3.3 QUERUBINS ...................................................................................................................................98
3.4 SERAFINS .......................................................................................................................................98
3.5 O ANJO DO SENHOR ....................................................................................................................98

4. MINISTÉRIO DOS ANJOS .............................................................................................................101


a) Adorar a Deus ...................................................................................................................................101
b) Mediadores da Lei ...........................................................................................................................101
c) Executam os juízos de Deus .............................................................................................................101
d) Reúnem os eleitos ............................................................................................................................102
e) No Juízo Final ..................................................................................................................................102

5. ANJOS NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO ....................................................................103


5.1 No Antigo Testamento ......................................................................................................103
5.2 No Novo Testamento .........................................................................................................104

6. ANJOS DESOBEDIENTES ..............................................................................................................111


6.1 UM SER REAL ..............................................................................................................................111
6.2 SUA EXISTÊNCIA REGISTRADA ..............................................................................................111
6.3 SUA PERSONALIDADE ..............................................................................................................111
6.4 SUA ORIGEM ...............................................................................................................................112
6.5 SEU CARÁTER .............................................................................................................................113

7. SEUS NOMES E TÍTULOS .............................................................................................................114


a) Satanás .............................................................................................................................................114
b) Diabo ................................................................................................................................................114
c) Serpente ............................................................................................................................................114
d) Dragão ..............................................................................................................................................115
e) Belzebu .............................................................................................................................................115
f) Belial .................................................................................................................................................115
g) Tentador ............................................................................................................................................115
h) Príncipe deste mundo .....................................................................................................................115
i) Príncipe da potestade do ar .............................................................................................................116
j) Enganador .......................................................................................................................................116

8. DEMÔNIOS .......................................................................................................................................117
8.1 A realidade dos demônios ...........................................................................................117

9. NATUREZA DOS DEMÔNIOS ......................................................................................................119


a) Sua força .........................................................................................................................................119
b) Sua sabedoria ..................................................................................................................................119
c) Imorais ............................................................................................................................................119

10. PROPÓSITO DOS DEMÔNIOS ...................................................................................................121


a) Oposição aos santos .......................................................................................................................121
b) Afastar da fé ...................................................................................................................................121
c) Propagam a idolatria .......................................................................................................................121

Bibliografia ...................................................................................................................................123
MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

INTRODUÇÃO
Estudar angelologia é envolver-se em um dos temas mais empolgantes das Escrituras Sagradas. A presença dos
anjos pode ser notada em toda a Bíblia. De Gênesis a Apocalipse podemos ver o desenvolvimento do ministério
desses seres celestiais no Éden, na história do povo de Israel e na história da Igreja do primeiro século. Por serem
criaturas especiais, dotadas de um poder sobrenatural, conferido pelo próprio Deus, quando os criou, muito
antes dos seres humanos, foram constituídos como “ministros de Deus em favor daqueles que hão de herdar a
salvação” (Hebreus 1:14). Não obstante, apesar de todas as prerrogativas a eles conferidas pela Palavra de Deus,
ao contrário do que muitos pensam, os anjos são apenas seres criados e, portanto, não possuem os atributos da
divindade. Eles estão sujeitos ao governo divino, e o  importante  papel que eles têm desempenhado na história
da humanidade torna-os merecedores de referência especial e de um estudo específico, pois, nas Escrituras, sua
existência é sempre considerada matéria pacífica.

CURSO DE TEOLOGIA 91
MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

1 DEFINIÇÃO DO TERMO
Initium doctrinae sit consideratio nominis. Para o estudo de determinado tema, deve-se iniciar pela análise
de sua denominação, que poderá ajudar a compreender aquilo que se pretende estudar. Seguiremos a orientação
do maior orador romano, Marco Túlio Cícero, que disse: “Quando se quer pôr ordem e método numa discussão
é preciso dar início definido à coisa de que se debate para se ter dela uma idéia clara e precisa”.1 Portanto, assim
principiaremos nosso estudo.
De início, pedimos licença para adverti-lo de que no transcurso de nosso estudo molestaremos freqüentemente
os seus ouvidos com graecu largos, como diriam os filósofos.
O vocábulo “anjo”, tal qual aparece nas versões correntes, vem de uma raiz hebraica, %a;l.m; mal’ak. No
grego da Versão dos Setenta (Septuaginta), os eruditos traduziram “mal’ak” por a;ggeloj – angelos.2 Ambos
os termos significam “um mensageiro, embaixador, alguém que é enviado, um anjo, um mensageiro de Deus”.
Em Marcos 1.2, por exemplo, o termo aggelos é atribuído a João Batista: “...eis que eu envio o meu anjo
(aggelos) ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti”, enquanto mal’ak é usado na profecia
correspondente em Malaquias 3.1.
Assim, pelo contexto é que será possível determinar se o mensageiro (anjo) em questão é humano ou angelical.
Como seres espirituais estão divididos em duas classes: anjos santos (bons) e anjos caídos (maus).
Os anjos santos são mensageiros de Deus, que por opção própria permaneceram em seu estado original, submissos
à vontade de Deus, enquanto os anjos decaídos, ao contrário, são os que se rebelaram (Judas 6; Apocalipse 12.3-4),
tornando-se servos de Satanás, “o deus deste século” (2 Coríntios 4.4).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 1
1) O vocábulo anjo vem de quais raízes?
2) O que significa o termo anjo?
3) Quais são as duas classes de anjos?

1
CÍCERO, Marco Túlio. Dos deveres. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 33.
2
Ver volume 1, A Septuaginta, p. 37.

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2 A ORIGEM DOS ANJOS


Diferentemente de Deus, os anjos são seres criados por Ele antes da criação do universo (Jó 38.7) e, portanto,
foram testemunhas da criação do mundo. São chamados de ~yhil{a/h’ ynEB.
Beney Ha’Elohiym, “filhos de
Deus”, mas nem por isso estão sem faltas (Jó 4.18; 15.15).
Não existem desde a eternidade, como explicitamente declaram as Escrituras: “Tu só és SENHOR, tu fizeste o
céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há; e tu os guardas
em vida a todos, e o exército dos céus te adora” (Neemias 9.6). “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas
legiões celestes... Louvem o nome do SENHOR, pois mandou ele, e foram criados” (Salmos 148.2, 5). “Porque nele
foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações,
sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas
as coisas subsistem por ele” (Colossenses 1.16-17). Os anjos estão de fato entre as coisas “invisíveis” que Deus
criou para servi-lo.
A Bíblia não nos informa o momento exato em que os anjos foram criados. No entanto, de acordo com Jó
38.4-7, podemos depreender que isso se deu antes da criação do universo.
Essas criaturas angelicais são mencionadas tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Vejamos:

a) Conforme a Concordância Bíblica Exaustiva, no Antigo Testamento eles são mencionados textualmente
por 109 vezes e sempre em missões específicas.3 Leia: Gênesis 16.7, 9-11; 19.1, 15; 24.7, 40; 28.12; 31.10-
11; 32.1; 48; Êxodo 3.2; 14.9; 23.20, 23; 32.34; 33.2; Números 20.16; 22.22-27, 31-32, 34-35; Juízes 2.1,
4; 5.23; 6.11-12, 20-22; 13.3, 6, 13, 15-17, 19-20; 1 Samuel 29.9; 2 Samuel 14.17; 19.27; 1 Reis 13.18;
19.5, 7; 2 Reis 1.1, 15; 19.35; 1 Crônicas 21.12, 15-16, 18, 20, 27, 30; 2 Crônicas 32.21; Jó 4.18; Salmos
8.5; 34.7; 35.5-6; 91.11; 103.20; 148.2; Eclesiastes 5.6; Isaías 37.36; 63.9; Daniel 3.28; 6.22; Oséias 12.4;
Zacarias 1.9, 11-14, 19; 2.3; 3.3, 5-6; 4.1, 4-5; 5.10; 6.4-5; 12.8; Malaquias 2.7; 3.1.

b) No Novo Testamento essas criaturas são mencionadas servindo aos santos por 175 vezes (51 vezes nos
Sinópticos, 21 em Atos, 67 em Apocalipse).4 Emprega-se com respeito a homens apenas 6 vezes (Lucas
7.24; 9.52; Tiago 2.25; Mateus 11.10; Marcos 1.2; Lucas 7.27 ao citarem Malaquias 3.1). Convém que o
aluno examine minuciosamente cada texto e contexto onde a palavra está presente: Mateus 1.20, 24; 2.13,
19; 4.6, 11; 11.10; 13.39, 41, 49; 16.27; 18.10; 22.30; 24.31, 36; 25.31, 41; 26.53; 28.2, 5; Marcos 1.2, 13;
8.38; 12.25; 13.27, 32; Lucas 1.11, 13, 18-19, 26, 28, 30, 34-35, 38; 2.9-10, 13, 15; 4.10; 7.27; 9.26; 15.10;
16.22; 20.36; 22.43; 24.23; João 1.51; 5.4; 12.29; 20.12; Atos 5.19; 6.15; 7.35, 53; 8.26; 10.3, 7, 22; 12.7,
11, 15, 23; 23.8-9; 27.23; Romanos 8.38; 1 Coríntios 4.9; 6.3; 11.14; Gálatas 1.8; 3.19; 4.14; Colossenses
2.18; 2 Tessalonicenses 1.7; 1 Timóteo 3.16; 5.21; Hebreus 1.4-7, 13; 2.2, 7, 9, 16; 12.22; 13.2; 1 Pedro
1.12; 3.22; 2 Pedro 2.4, 11; Judas v. 6; Apocalipse 1.1, 20; 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14; 5.1, 11; 7.1-2, 11; 8.2-8,
10, 12, 13; 9.1, 11, 13-15; 10.1, 5, 7-10; 11.1, 15; 12.7; 14.6, 8-10, 15, 17-19; 15.1, 6, 8; 16.1, 3-5, 8, 10,
12, 17; 17.17; 18.1, 21; 19.17; 20.1; 21.9, 12, 17; 22.6, 8, 16.

3
GILMER, Thomas L.; JACOBS, Jon; VILELA, Milton. Concordância bíblica exaustiva. São Paulo: Vida, 1999, p. 65.
4
COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2000. vol. 1, p. 147.

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São numerosos
No último livro das Escrituras Sagradas, o Apocalipse de João, existem apenas três capítulos (4, 6, 13)
onde o vocábulo está ausente, mas nos demais ele ocorre 67 vezes. Na região celestial, o número angelical é
elevado a um grau supremo. A Bíblia é categórica ao afirmar que existem “... milhões de milhões e milhares de
milhares” (Apocalipse 5.11). Eles foram descritos em multidões que ultrapassam nossa imaginação. Confira:
“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos”
(Hebreus 12.22). “Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze
legiões de anjos?” (Mateus 26.53). “Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes
e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz:
Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor”
(Apocalipse 5.11-12).
Existem ainda outras citações semelhantes com outros apelativos que exprimem o mesmo sentido, a saber:
“anjos destruidores” (Salmos 78.49), “o destruidor” (Êxodo 12.23), “portadores da morte” (Jó 33.22), “arcanjo”
(Judas 9), “varões” (Gênesis 18.2), “homens” (Josué 5.13), “intérpretes” (Jó 33.23), “ministros” (Salmos 104.4),
“espíritos” (Hebreus 1.14), “ventos” (Salmos 104.4), “mancebos” (Marcos 16.5), “estrelas” (Apocalipse 1.20;
12.4), “filhos de Deus” (Jó 1.6;2.1) etc.

2.1 A NATUREZA DOS ANJOS


Para saber sobre a natureza dos anjos, só podemos recorrer às Escrituras Sagradas, pois são elas que nos
trazem a verdade sobre Deus e suas criaturas.

a) Eles são incorpóreos


Em várias passagens das Escrituras os anjos são descritos como espíritos: “Fazes a teus anjos ventos e a teus
ministros, labaredas de fogo” (Salmos 104.4). “Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço
a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hebreus 1.14). Em Lucas 24.37-39, Jesus disse: “...um espírito não
tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho”. Diante dessa declaração do mestre da Galiléia, percebe-se que
os anjos são destituídos de corpos físicos. Apesar de serem espíritos, ou seja, não possuírem um corpo físico, são
capazes de assumir uma aparência humana (Gênesis 19.1-3; Marcos 16.5):

“Ao anoitecer, vieram os dois anjos a Sodoma, a cuja entrada estava Ló assentado; este, quando os viu,
levantou-se e, indo ao seu encontro, prostrou-se, rosto em terra” (Gênesis 19.1).

“Enviou Deus um anjo a Jerusalém, para a destruir; ao destruí-la, olhou o SENHOR, e se arrependeu do mal, e
disse ao anjo destruidor: Basta, retira, agora, a mão. O Anjo do SENHOR estava junto à eira de Ornã, o jebuseu”
(1 Crônicas 21.15).

“No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria”
(Lucas 1.26-27).

“Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de
Jerusalém a Gaza...” (Atos 8.26).

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“Eis, porém, que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz iluminou a prisão; e, tocando ele o lado de Pedro, o
despertou, dizendo: Levanta-te depressa! Então, as cadeias caíram-lhe das mãos. Disse-lhe o anjo: Cinge-te e calça as
sandálias. E ele assim o fez. Disse-lhe mais: Põe a capa e segue-me. Então, saindo, o seguia, não sabendo que era real o
que se fazia por meio do anjo; parecia-lhe, antes, uma visão. Depois de terem passado a primeira e a segunda sentinela,
chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade, o qual se lhes abriu automaticamente; e, saindo, enveredaram por
uma rua, e logo adiante o anjo se apartou dele. Então, Pedro, caindo em si, disse: Agora, sei, verdadeiramente, que o
Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo judaico” (Atos 12.7-11).

Outra característica dos anjos é que aparecem e desaparecem à vontade e movimentam-se com uma rapidez
inconcebível. São imortais, poderosos, possuidores de grande inteligência e sabedoria. Apesar de os anjos serem
descritos na Bíblia pelo sexo masculino, a passagem de Mateus 22:30 deixa claro que eles são assexuados, isto
é, não possuem sexo. Não são de modo algum onipresentes, atributo este pertencente somente à divindade.5
Todavia, podem estar presentes no tempo e num espaço bem confinado, como revela o texto: “Perguntou-lhe
Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios” (Lucas 8.30).6
Sete demônios habitavam no corpo de Maria Madalena (Marcos 16.9).

b) Não devem ser adorados
Os anjos são seres criados e, como tais, não devem ser adorados, pois a adoração é uma prerrogativa exclusiva
do Deus Trino, das três pessoas da Trindade, a saber, do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Isaías 6.3; Romanos
11.33-36; Apocalipse 4). Não encontramos na Bíblia nenhuma passagem que abone a idéia de adoração ou culto
aos anjos. Jesus, quando da tentação no deserto, deixou bem claro a quem devemos adorar e prestar culto, quando
disse a Satanás: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto”. Visto como um anjo não é Deus, mas
apenas uma criatura de Deus, não pode nem deve ser adorado ou cultuado. O apóstolo João, quando estava na
ilha de Patmos recebendo revelação das coisas futuras por intermédio de um anjo, “prostrou-se ante os pés do
anjo que lhe mostrou essas coisas, para adorá-lo. Então, o anjo disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu,
dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus” (Apocalipse 22.8-9, grifo
nosso). Portanto, reiteramos que somente o Deus revelado nas Escrituras deve ser adorado, porque disse Ele:
“…a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Isaías 42.8).

c) Sua criação
Em conformidade com alguns textos bíblicos, deduzimos que todos os anjos foram criados de uma só vez e que
nenhum outro anjo foi acrescentado depois ao seu número, pois, como já vimos, eles são assexuados (Mateus 22:30),
não se reproduzem. Os anjos não são eternos; fazem parte do universo que Deus criou. Numa passagem que se refere aos
anjos como as “hostes” dos céus (ou o “exército dos céus”), diz Esdras: “Só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus
e todo o seu exército (...) e todo o exército do céu te adora” (Neemias 9.6; veja Salmos 148.2, 5). Paulo nos diz que Deus
criou todas as coisas, “as visíveis e as invisíveis”, por meio de Cristo e para Ele, e depois inclui especificamente o mundo
dos anjos com a expressão “sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades” (Colossenses 1:16). Por
causa da rebelião foram divididos em duas classes: anjos obedientes e anjos desobedientes, ou anjos bons e anjos maus.

d) Sua personalidade
Os anjos possuem qualidades que caracterizam uma pessoa. Por exemplo, são seres racionais: “... sábio é meu
senhor, segundo a sabedoria de um anjo de Deus, para entender tudo o que se passa na terra” (2 Samuel 14.20); são

5
Ver no volume 1, Atributos incomunicáveis, p. ????
6
No grego: legiwn (legeon). Segundo o dicionário Strong, legião significa: “corpo de soldados cujo número diferia de tempos em tempos. Na
época de Augusto, parece ter consistido de 6826 homens (i.e., 6100 soldados a pé e 726 cavaleiros)”. In: Bíblia On-line: Módulo Avançado
3.0. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. CD-ROM.

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seres morais, criados com capacidade de discernir e fazer o que é certo ou errado: “...como um anjo de Deus, assim
é o rei, meu senhor, para discernir entre o bem e o mal” (2 Samuel 14.17); devotam adoração inteligente: “Louvai-
o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes” (Salmos 148.2); possuem emoções: “Eu vos afirmo
que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lucas 15.10).
Foram compensados pela obediência e castigados pela desobediência: “Ora, se Deus não poupou anjos quando
pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo” (2 Pedro
2.4); “…e a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele
tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia” (Judas 6).

e) Sábios e poderosos
Por meio das Escrituras, tornou-se manifesto o mundo espiritual, revelando que os anjos são possuidores
de sabedoria e inteligência sobre-humana. Myer Pearlman afirmou que “a inteligência dos anjos excede a dos
homens nesta vida, porém é necessariamente finita”.7
Para os estudantes da Bíblia, a sabedoria dos anjos é evidente, pois nos é informado que eles foram criados
muito tempo antes que os homens. Jesus forneceu testemunho do conhecimento limitado dos anjos quando falou
da sua segunda vinda, dizendo: “Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem
o Filho, senão o Pai” (Marcos 13.32).
Com relação ao seu poder, embora seja grande, é limitado (Salmos 103.20).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 2
1) Por que os anjos são chamados de filhos de Deus?
2) Quando foram criados os anjos?
3) Cite três passagens dos anjos no Antigo Testamento e três no Novo Testamento.
4) Cite os três capítulos do livro do Apocalipse em que não aparece o termo anjos.
5) No mundo espiritual, os anjos possuem características inerentes ao homem. Quais são elas?

7
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 1999. p. 60.

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3 CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS


Os anjos são classificados em duas categorias: anjos obedientes (bons) e anjos desobedientes (maus). Algumas
passagens da Bíblia Sagrada deixam entender que há uma hierarquia angelical. “...acima de todo principado, e
potestade, e poder, e domínio...” (Efésios 1.21); “...pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a
terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades” (Colossenses
1.16); “...ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes” (1 Pedro 3.22).
Na Carta aos Colossenses a posição hierárquica está em ordem decrescente: tronos, soberanias, principados e
potestades, enquanto em Efésios a mesma graduação é mencionada em ordem crescente: principados, potestades,
poder e domínio. Conclui-se que essas posições hierárquicas de autoridade entre os anjos ocorrem devido às suas
diferentes funções exercidas no céu.

3.1 GABRIEL (laeyrIb.G: )


O  nome Gabriel é oriundo do hebraico laeyrIb.G:
– Gabriy’el, de rb,G,
geber, “homem (jovem e forte),
varão”, e significa literalmente “homem de  Deus, varão de Deus”.
Ele aparece quatro vezes nas Escrituras, e sempre em missões específicas (Daniel 8.16; 9.21; Lucas 1.19;
1.26). No Antigo Testamento Gabriel aparece apenas no livro do profeta Daniel, e ali como mensageiro  celestial 
para revelar eventos futuros ou escatológicos (Daniel 8.19; 9.24-27).
No Novo Testamento Gabriel ressurge somente na narrativa de Lucas que descreve o nascimento de Cristo.
Ali, ele é o mensageiro  angelical  que anuncia grandes eventos: o nascimento de João (Lucas  1.11-20) e de
Jesus (Lucas 1.26-38). Também é apresentado como aquele que “assiste diante de Deus” (Lucas 1.19), o que
evidencia sua relação pessoal com seu criador. Destes casos, conclui-se que Gabriel  é o portador das grandes
mensagens divinas  aos  homens. Pode-se concluir dizendo que na Bíblia Gabriel é o “anjo mensageiro” e Miguel
o “anjo guerreiro” (Daniel 10.13; Apocalipse 12.7).
Não é somente nas Escrituras Sagradas que podemos encontrar referências a este ser celestial. Os manuscritos
descobertos nas grutas de Qumrã comprovam o interesse dos essênios por anjos. Gabriel é um dos quatro nomes
angelicais escritos nos escudos dos Filhos da Luz enquanto saem para a batalha (1 QM 9.14-16). Os Targuns
introduzem Gabriel nas narrativas bíblicas como aquele que guia José para encontrar-se com seus irmãos (Gênesis
37.15), que enterra Moisés (Deuteronômio 34.6) e destrói o exército de Senaqueribe (2 Crônicas 32.21).8

3.2 MIGUEL (laek'ymi)


O nome Miguel é de origem hebraica laek’ymi
Miyka’el, de ymi
miy, “quem?”, + i kiy, “como?” e ’El, yk
“Deus”, e significa literalmente “quem é como Deus, quem é semelhante a Deus”.
Ele é mencionado como aquele que se levanta, provavelmente, em defesa do povo de Israel. “Mas o
príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio
para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Daniel 10.13). Neste mesmo sentido, o versículo
21 fala de “... Miguel, vosso príncipe”.
Miguel, diferentemente dos demais anjos, é descrito no Novo Testamento como um arcanjo (Micah.l
o` avrca,ggeloj Mikhael hó arkhangelos, “Miguel o arcanjo” (Jd 9), vocábulo oriundo do grego, avrca,ggeloj
8
Durante a época persa os judeus adotaram como língua corrente o aramaico. Isto criou a necessidade de dispor de traduções da Bíblia
nesta língua (targumim). No princípio tratava-se de versões orais, de caráter parafrásico, da leitura sinagogal (Neemias 8.8). Ao ser posta,
mais tarde, por escrito, e ao tornar-se mais complexa a paráfrase, passaram a ter uso extra-sinagogal e a adquirir caráter literário mais
acentuado.

CURSO DE TEOLOGIA 97
MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

Arkhangelos, de a;rcw arkhoo, “governo, chefe, líder”, e a;ggeloj angelos, “anjo, mensageiro”, e significa “líder
ou chefe dos anjos”.

3.3 QUERUBINS (~ybiruK.)


O vocábulo ~ybiruK.
Kerubiym é a forma plural do hebraico bWrK.
Kerub. Seu correspondente grego é
Ceroubi.n Kheroubín. Não se sabe ao certo se este termo significa uma posição especial ou um serviço exaltado
rendido por aqueles que levam este nome.
Aparecem pela primeira vez na entrada do jardim do Éden, incumbidos de guardar o caminho para a árvore
da vida depois que o homem foi expulso (Gênesis 3.24). Uma função semelhante foi creditada aos dois querubins
dourados. Sobre a arca da aliança, no Santo dos Santos do tabernáculo no deserto, embora em figuras de ouro,
foram postos em  cada extremidade do propiciatório (a tampa que cobria a  arca no santíssimo lugar - Êxodo
25.17-22; Hebreus 9.5), onde simbolicamente protegiam os objetos guardados na arca e proviam, com  suas
asas estendidas, um pedestal visível para o trono  invisível  de Yahweh (Salmos 80.1; 99.1).
Também foram bordados querubins nas cortinas e véus do tabernáculo, bem como estampados nas paredes do
Templo (Êxodo 26.31; 2 Crônicas 3.7).
Profeta do cativeiro babilônico, Ezequiel se refere a estes seres chamando-os pelo seu título dezenove vezes.
Os quatro seres viventes mencionados pelo profeta são querubins (Ezequiel 1.5, 13-15; 3.13; 10.14-15).
O principal propósito deles é proclamar e proteger a glória, a soberania e a santidade de Deus. Severino Pedro
nos informa que existe uma característica dupla nesses seres viventes denominados querubins: “Eles são chamados
de querubins e como tais desempenham dupla função, isto é, são guardas celestiais (Gênesis 3.24), e ao mesmo
tempo eles desempenham a função de serafins (os componentes do coro angelical) que clama dia e noite: ‘Santo,
Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos: toda a Terra está cheia da sua Glória’ (cf. Is 6.1-6; Ap 4.8 e ss.)”. 9
Segundo Louis Berkhof, “mais que outras criaturas, eles foram destinados a revelar o poder, a majestade e a
glória de Deus, e a defender a santidade de Deus no jardim do Éden, no tabernáculo, no templo e na descida de
Deus a terra” (Teologia sistemática, p. 146).
Satanás também pertencia a essa classe de seres espirituais conforme implícito no texto: “Tu eras querubim
da guarda ungido, e te estabeleci...” (Ezequiel 28.14, 16).

3.4 SERAFINS (~ypir'f.)


O  termo hebraico ~ypir’f.
Serafiym é a forma plural de @r’f’
Saraf, oriundo de @r;f'
saraf, “queimar,
cauterizar, ser queimado”.
A única menção a esses seres celestiais nas Escrituras Sagradas localiza-se no livro do profeta Isaías (Isaías
6.3). Presume-se que se ocupam da adoração a Deus, clamando “uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo
é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Isaías 6.3).

3.5 O ANJO DO SENHOR


Outro ensino veterotestamentário de grande importância, que por sua vez causa muita confusão entre os
cristãos, está estritamente relacionado com as aparições de um anjo denominado “Anjo do Senhor” ( hw”hy>
%a;l.m; - Mal’ak Yehowah ou Mal’ak Yahweh). A maneira pela qual este anjo é descrito distingue-o de qualquer
outro ser criado. Este anjo (mensageiro) aparece inúmeras vezes no Antigo Testamento. Vale lembrar que a
palavra hebraica mal’ak, traduzida por anjo, significa simplesmente “mensageiro”. Porém, encontramos várias
passagens nas Escrituras onde o Anjo do SENHOR é chamado de “Deus” ou “SENHOR”. Vejamos.
Abraão recebe ordens de Deus para sacrificar seu filho, Isaque, no lugar em que Ele mostraria. Em obediência,
Abraão fora “ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou ali um altar, e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque,
seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha. E estendeu Abraão a sua mão e tomou o cutelo para imolar
o seu filho. Mas o Anjo do SENHOR lhe bradou desde os céus e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
9
SILVA, Severino Pedro da. Os anjos – sua natureza e ofício. Rio de Janeiro: CPAD, 1987. p. 64.

98 CURSO DE TEOLOGIA
MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

Então, disse: Não estendas a tua mão sobre o moço e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus
e não me negaste o teu filho, o teu único” (Gênesis 22.9-12, grifo nosso).
Jacó lutou com um anjo e prevaleceu. Ao final “Jacó lhe perguntou e disse: Dá-me, peço-te, a saber, o teu
nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. E chamou Jacó o nome daquele lugar
Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva” (Gênesis 32.30, grifo nosso).
Moisés, ao se encontrar inesperadamente com este mensageiro de Deus no monte Sinai, descobre: “E apareceu-
lhe o Anjo do SENHOR em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo,
e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se
não queima. E, vendo o SENHOR que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés!
Moisés! E ele disse: Eis-me aqui” (Êxodo 3.2-4, grifo nosso).
É chamado de Senhor Jeová: “E o Anjo do SENHOR estendeu a ponta do cajado que estava na sua mão e
tocou a carne e os bolos asmos; então, subiu fogo da penha e consumiu a carne e os bolos asmos; e o Anjo do
SENHOR desapareceu de seus olhos. Então, viu Gideão que era o Anjo do SENHOR; e disse Gideão: Ah! Senhor
JEOVÁ, que eu vi o Anjo do SENHOR face a face. Porém o SENHOR lhe disse: Paz seja contigo; não temas,
não morrerás. Então, Gideão edificou ali um altar ao SENHOR e lhe chamou SENHOR é Paz; e ainda até ao dia
de hoje está em Ofra dos abiezritas” (Juízes 6.21-24, grifo nosso).
É chamado de maravilhoso: “Porém o Anjo do SENHOR disse a Manoá: Ainda que me detenhas, não comerei de
teu pão; e, se fizeres holocausto, o oferecerás ao SENHOR. Porque não sabia Manoá que fosse o Anjo do SENHOR. E
disse Manoá ao Anjo do SENHOR: Qual é o teu nome? Para que, quando se cumprir a tua palavra, te honremos. E o
Anjo do SENHOR lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso? Então, Manoá tomou
um cabrito e uma oferta de manjares e os ofereceu sobre uma penha ao SENHOR; e agiu o Anjo maravilhosamente,
vendo-o Manoá e sua mulher. E sucedeu que, subindo a chama do altar para o céu, o Anjo do SENHOR subiu na
chama do altar; o que vendo Manoá e sua mulher, caíram em terra sobre seu rosto. E nunca mais apareceu o Anjo do
SENHOR a Manoá, nem à sua mulher; então, conheceu Manoá que era o Anjo do SENHOR. E disse Manoá à sua
mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto Deus” (Juízes 13.16-22, grifo nosso).
Nesse texto, Ele declara ser seu nome secreto, pois a palavra “maravilhoso” no hebraico “yalp - piliy ou
aylp – paliy” significa “incompreensível, extraordinário, ser difícil de compreender”. Todavia, Deus se revela
ao profeta Isaías como o Filho de Deus: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está
sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da
Paz” (Isaías 9.6, grifo nosso).
A revelação progressiva de Deus vai se tornando inteligível na medida de sua vinda à Terra. Através do
profeta Malaquias, Deus anuncia: “Eis que eu envio o meu mensageiro (João Batista), que preparará o caminho
diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor (Jesus Cristo), a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a
quem vós desejais; eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos (Deus Pai)” (Malaquias 3.1).
Analisando essa passagem das Escrituras, uma das principais autoridades nos Estados Unidos sobre história
dos judeus, línguas e costumes do Antigo Testamento, Charles L. Feinberg, afirma que “o mensageiro é, sem
sombra de dúvida, João Batista” (Mateus 3.3; 11.10; Marcos 1.2-3; Lucas 1.76; 3.4; 7.26-27; João 1.23).10
Este mesmo autor, que cresceu em um lar judeu ortodoxo e estudou hebraico e assuntos afins durante quatorze
anos como matérias preparatórias para o rabinato, admitiu que o Anjo da Aliança é “a auto-revelação de Deus.
Ele é o Senhor em Pessoa, o Anjo do Senhor da história do Antigo Testamento, o Cristo pré-encarnado das muitas
teofanias (manifestação de Deus) nos livros do Antigo Testamento”.11
Por fim, outro judeu de não pequena envergadura conclui: “Não se pode evitar a conclusão de que este Anjo misterioso
não é outro senão o Filho de Deus, o Messias, o Libertador de Israel, e o que seria o Salvador do mundo”.12

10
FEINBERG, Charles L. Os profetas menores. São Paulo: Vida, 1996. p. 340.
11
Idem, p. 341.
12
PEARLMAN, Myer. Op. cit., p. 59.

CURSO DE TEOLOGIA 99
MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 3
1) De modo geral como podem ser classificados os anjos?
2) Como é colocada a ordem hierárquica em Colossenses e em Efésios?
3) O que significa o nome Gabriel?
4) Qual é o único livro do Antigo Testamento em que aparece o nome do arcanjo Miguel?
5) O que significa o termo querubim?
6) Qual livro faz menção dos serafins?
7) O que o Dr. Charles L. Feinberg afirma sobre o Anjo do Senhor?

100 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

4 MINISTÉRIO DOS ANJOS


Os anjos foram criados com propósitos definidos por Deus. Nas Escrituras encontramos a razão de sua
existência. Foram criados como servos de Deus, de Cristo e da Igreja para executarem a vontade de Deus na Terra
(Hebreus 1.6, 14). Além disso, conversam entre si (Apocalipse 14.18). Antes de se rebelarem contra o Criador,
todos os anjos foram criados primordialmente para adorar a Deus e a Cristo, tendo, portanto, sua existência
centrada nEles. Passemos a analisar o que a Bíblia diz sobre o ministério dos anjos.

a) Adorar a Deus
O principal e talvez o mais importante ministério dos anjos é o de adorar e oferecer louvor incessante a Deus.
Várias passagens das Escrituras confirmam esse asserto:

“Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de
milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de
receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” (Apocalipse 5.11-12).

“E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (Hebreus 1.6).

“Bendizei ao SENHOR, todos os seus anjos, valorosos em poder, que executais as suas ordens e lhe
obedeceis à palavra. Bendizei ao SENHOR, todos os seus exércitos, vós, ministros seus, que fazeis a sua
vontade” (Salmos 103.20-21).

b) Mediadores da Lei
Foi por intermédio dos anjos que a Lei mosaica foi transmitida ao povo israelita: “…vós que recebestes a lei
por ministério de anjos e não a guardastes” (Atos 7.53). “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por
causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de
anjos, pela mão de um mediador” (Gálatas 3.19). “Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e
toda transgressão e desobediência recebeu justo castigo…” (Hebreus 2.2).

c) Executam os juízos de Deus


Por várias vezes os anjos são apresentados nas Escrituras com missões específicas: executar os juízos de Deus.

“Ao anoitecer, vieram os dois anjos a Sodoma, a cuja entrada estava Ló assentado; este, quando os viu,
levantou-se e, indo ao seu encontro, prostrou-se, rosto em terra. Então, disseram os homens a Ló: Tens aqui
alguém mais dos teus? Genro, e teus filhos, e tuas filhas, todos quantos tens na cidade, faze-os sair deste lugar;
pois vamos destruir este lugar, porque o seu clamor se tem aumentado, chegando até à presença do SENHOR; e
o SENHOR nos enviou a destruí-lo” (Gênesis 19.1, 12-13).

“Estendendo, pois, o Anjo do SENHOR a mão sobre Jerusalém, para a destruir, arrependeu-se o SENHOR
do mal e disse ao Anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, retira a mão. O Anjo estava junto à eira de
Araúna, o jebuseu. Vendo Davi ao Anjo que feria o povo, falou ao SENHOR e disse: Eu é que pequei, eu é que
procedi perversamente; porém estas ovelhas que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim e contra a casa de
meu pai” (2 Samuel 24.16-17).

CURSO DE TEOLOGIA 101


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

“Então, naquela mesma noite, saiu o Anjo do SENHOR e feriu, no arraial dos assírios, cento e oitenta e cinco
mil; e, quando se levantaram os restantes pela manhã, eis que todos estes eram cadáveres” (2 Reis 19.35).

“No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes,
expirou” (Atos 12.23).

“Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Ide e derramai pela terra as sete taças da
cólera de Deus. Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra, e, aos homens portadores da marca
da besta e adoradores da sua imagem, sobrevieram úlceras malignas e perniciosas” (Apocalipse 16.1-2).

d) Reúnem os eleitos
No retorno de Cristo à Terra para buscar seus fiéis, os anjos exercerão grande influência. “Então, aparecerá no
céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as
nuvens do céu, com poder e muita glória. E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais
reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (Mateus 24.30-31).

e) No Juízo Final
Os anjos de Deus serão os ceifeiros que separarão os cristãos dos incrédulos no dia do juízo final. Eles
conhecem a diferença entre o joio e o trigo.

“Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio,
atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro... o inimigo que o semeou é o diabo;
a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos” (Mateus 13.30, 39).

“Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na
fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 13.49-50).

“...e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor
Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e
contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (1 Tessalonicenses 1.7-8).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 4
1) Os anjos foram criados com propósitos definidos por Deus. Quais são?
2) Cite três ministérios dos anjos.

102 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

ANJOS NO ANTIGO E NO
5 NOVO TESTAMENTO
O ministério dos anjos é proeminentemente desenvolvido. Eles estão presentes em quase todos os
acontecimentos tanto do Antigo como do Novo Testamento. Eles afloram em toda a Bíblia!

5.1 No Antigo Testamento


O comentador Severino Pedro da Silva observa que “embora os anjos estivessem presentes na criação,
nenhuma referência foi feita ao ministério deles até os dias de Abraão. Só depois eles aparecem (Gn 16.7 e ss.) e
a partir daí, estão presentes até o último capítulo da Bíblia (Ap 22.16)”.13
Não obstante, no jardim do Éden, quando Deus expulsou Adão e Eva, foram colocados querubins para
“guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3.24)

• Apareceu no deserto de Sur à escrava egípcia Agar a fim de lhe socorrer e foi identificado como “Anjo
do Senhor”: “Tendo-a achado o Anjo do SENHOR junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte
no caminho de Sur, disse-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vens e para onde vais? Ela respondeu: Fujo da
presença de Sarai, minha senhora. Então, lhe disse o Anjo do SENHOR: Volta para a tua senhora e humilha-
te sob suas mãos. Disse-lhe mais o Anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de
maneira que, por numerosa, não será contada. Disse-lhe ainda o Anjo do SENHOR: Concebeste e darás à
luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o SENHOR te acudiu na tua aflição” (Gênesis 16.7-11).

• Anunciaram o nascimento de Isaque ao patriarca Abraão: “Apareceu o SENHOR a Abraão nos carvalhais
de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia. Levantou ele os olhos,
olhou, e eis três homens de pé em frente dele. Vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro, prostrou-
se em terra…” (Gênesis 18.1 e ss).

• Predisseram a destruição das cidades de Sodoma e Gomorra: “Disse mais o SENHOR: Com efeito, o
clamor de Sodoma e Gomorra tem-se multiplicado, e o seu pecado se tem agravado muito. Descerei e
verei se, de fato, o que têm praticado corresponde a esse clamor que é vindo até mim; e, se assim não é,
sabê-lo-ei. Então, partiram dali aqueles homens e foram para Sodoma; porém Abraão permaneceu ainda
na presença do SENHOR” (Gênesis 18.20-22).

• Os anjos salvaram Ló do meio da destruição: “Ao anoitecer, vieram os dois anjos a Sodoma, a cuja entrada
estava Ló assentado; este, quando os viu, levantou-se e, indo ao seu encontro, prostrou-se, rosto em terra... Então,
disseram os homens a Ló: Tens aqui alguém mais dos teus? Genro, e teus filhos, e tuas filhas, todos quantos
tens na cidade, faze-os sair deste lugar; pois vamos destruir este lugar, porque o seu clamor se tem aumentado,
chegando até à presença do SENHOR; e o SENHOR nos enviou a destruí-lo” (Gênesis 19.1, 12-13).

• Impediram o sacrifício de Isaque: “Mas do céu lhe bradou o Anjo do SENHOR: Abraão! Abraão! Ele
respondeu: Eis-me aqui! Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora
sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho” (Gênesis 22.11-12).

13
SILVA, Severino Pedro da. Op. cit., 85.

CURSO DE TEOLOGIA 103


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

• Guardaram Jacó: “Também Jacó seguiu o seu caminho, e anjos de Deus lhe saíram a encontrá-lo”
(Gênesis 32.1).

• Foi adiante de Moisés: “Enviarei o Anjo adiante de ti; lançarei fora os cananeus, os amorreus, os heteus,
os ferezeus, os heveus e os jebuseus” (Êxodo 33.2).

• Guiou Israel no deserto: “Então, o Anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, se retirou e passou para
trás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles” (Êxodo 14.19).

• Dirigiu o damasceno Eliezer para Arã: “O SENHOR, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e de
minha terra natal, e que me falou, e jurou, dizendo: À tua descendência darei esta terra, ele enviará o seu
anjo, que te há de preceder, e tomarás de lá esposa para meu filho” (Gênesis 24.7).

• Repreendeu Balaão: “Então, o SENHOR abriu os olhos a Balaão, ele viu o Anjo do SENHOR, que estava
no caminho, com a sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça e prostrou-se com o
rosto em terra” (Números 22.31).

• Repreendeu os israelitas: “Subiu o Anjo do SENHOR de Gilgal a Boquim e disse: Do Egito vos fiz subir e
vos trouxe à terra que, sob juramento, havia prometido a vossos pais. Eu disse: nunca invalidarei a minha
aliança convosco. Vós, porém, não fareis aliança com os moradores desta terra; antes, derribareis os seus
altares; contudo, não obedecestes à minha voz. Que é isso que fizestes?” (Juízes 2.12).

• Comissionou Gideão: “Apareceu o Anjo do SENHOR a esta mulher e lhe disse: Eis que és estéril e nunca
tiveste filho; porém conceberás e darás à luz um filho” (Juízes 13.1 e ss.).

• Feriu 70 mil: “Vendo Davi ao Anjo que feria o povo, falou ao SENHOR e disse: Eu é que pequei, eu é que
procedi perversamente; porém estas ovelhas que fizeram? Seja, pois, a tua mão contra mim e contra a casa
de meu pai... desde a manhã até ao tempo que determinou; e, de Dã até Berseba, morreram setenta mil
homens do povo” (2 Samuel 24.15-16).

• Socorreu Elias: “Voltou segunda vez o anjo do SENHOR, tocou-o e lhe disse: Levanta-te e come, porque
o caminho te será sobremodo longo” (1 Reis 19.7).

• Apareceram a Geazi: “Orou Eliseu e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O
SENHOR abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor
de Eliseu” (2 Reis 6.17).

• Livrou Daniel da cova dos leões: “O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca aos leões, para que não
me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; também contra ti, ó rei, não cometi
delito algum” (Daniel 6.22).

• Ajudou Zacarias: “Então, perguntei: meu senhor, quem são estes? Respondeu-me o anjo que falava comigo:
Eu te mostrarei quem são eles” (Zacarias 1.9).

5.2 No Novo Testamento


No Novo Testamento o ministério dos anjos se torna mais ativo, mais movimentado e mais esclarecido: “Não
são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hebreus

104 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

1.14). Desde o nascimento, a vida, a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus, os anjos estavam presentes,
o que faz jus à afirmação do apóstolo Paulo: “...contemplado pelos anjos” (1 Timóteo 3.16). Jesus foi enfático
sobre o ministério dos anjos, de igual modo os apóstolos nos Atos, nas epístolas e no Apocalipse. Vejamos:

• Um anjo anunciou o nascimento de João Batista: “Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não temas,
porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de
João” (Lucas 1.13).

• Um anjo anunciou a Maria o nascimento de Jesus: “No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte
de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da
casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria” (Lucas 1.26-27).

• Um anjo anunciou a José o mesmo acontecimento: “Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe
apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua
mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo” (Mateus 1.20).

• Anunciaram aos pastores belemitas o nascimento de Jesus: “Havia, naquela mesma região, pastores que
viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite. E um anjo do Senhor desceu
aonde eles estavam, e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor. O
anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo
o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2.8-11).

• Foi vista uma grande multidão: “…apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a
Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem”
(Lucas 2.13-14).

• José foi advertido por um anjo para fugir: “...eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e
disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque
Herodes há de procurar o menino para o matar” (Mateus 2.13).

• Novamente José foi orientado por um anjo para retornar: “Tendo Herodes morrido, eis que um anjo do
Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e disse-lhe: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe e vai para
a terra de Israel; porque já morreram os que atentavam contra a vida do menino” (Mateus 2.19-20).

• Anjos ministraram a Jesus depois de sua tentação: “...e eis que vieram anjos e o serviram” (Mateus 4.11).

• Jesus disse a Natanael que ele veria anjos: “Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e
os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (João 1.51).

• Jesus tinha, caso fosse necessário, legiões de anjos para protegê-lo: “Acaso, pensas que não posso rogar
a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” (Mateus 26.53).

• Jesus foi fortalecido por um anjo no Getsêmani: “Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava”
(Lucas 22.43).

• Um anjo removeu a pedra do sepulcro: “E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do
Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela” (Mateus 28.2).

CURSO DE TEOLOGIA 105


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

• Anjos estavam presentes na hora da ascensão: “E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus
subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus,
por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como
o vistes subir” (Atos 1.10-11).

• Na posição glorificada os anjos rendem-lhe submissão: “…o qual, depois de ir para o céu, está à destra
de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes” (1 Pedro 3.22).

• Anjos acompanharão a volta de Jesus: “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com
os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras” (Mateus 16.27). “Quando vier o
Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória”
(Mateus 25.31).

a) Nos evangelhos
• Jesus disse que os anjos subiam e desciam sobre ele: “Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu
aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (João 1.51).

• Tinha milhares de anjos à sua disposição: “Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me
mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” (Mateus 26.53).

• Voltarão com Jesus no dia do juízo: “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com
os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras” (Mateus 16.27). “Quando vier o
Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória”
(Mateus 25.31).

• Jesus disse que eles reuniriam seus escolhidos: “E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de
trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus”
(Mateus 24.31).

• Jesus disse que eles separarão os ímpios dos justos: “Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que
ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade e os lançarão na fornalha
acesa; ali haverá choro e ranger de dentes. Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu
Pai” (Mateus 13.41-43).

• Jesus disse que os anjos se alegram quando um pecador se arrepende: “Eu vos afirmo que, de igual
modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lucas 15.10).

• Jesus disse confessar nosso nome perante os anjos: “Digo-vos ainda: todo aquele que me confessar
diante dos homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos anjos de Deus” (Lucas 12.8).

• Jesus falou sobre a imortalidade dos anjos: “Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em
casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mateus 22.30).

• Jesus falou sobre o diabo e seus serviçais: “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda:
Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25.41).

106 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

b) Nos Atos dos Apóstolos


No princípio da sua formação a Igreja Primitiva foi auxiliada e protegida por estes seres celestiais. O que
Jesus havia dito nos evangelhos, nos Atos dos Apóstolos torna-se visível aos olhos dos fiéis.

• Os anjos testemunharam a ascensão de Jesus: “E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus
subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus,
por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o
vistes subir” (Atos 1.10-11).

• Um anjo soltou Pedro e João da prisão: “...de noite, um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e,
conduzindo-os para fora...” (Atos 5.19).

• Um anjo disse para Filipe ir para o deserto ao encontro do eunuco: “Um anjo do Senhor falou a Filipe,
dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha
deserto” (Atos 8.26).

• Um anjo soltou Pedro da prisão: “Eis, porém, que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz iluminou
a prisão; e, tocando ele o lado de Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa! Então, as cadeias
caíram-lhe das mãos” (Atos 12.7).

• Um anjo falou com o centurião Cornélio: “Morava em Cesaréia um homem de nome Cornélio, centurião
da coorte chamada Italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa e que fazia muitas esmolas ao
povo e, de contínuo, orava a Deus. Esse homem observou claramente durante uma visão, cerca da hora
nona do dia, um anjo de Deus que se aproximou dele e lhe disse...” (Atos 10.1-3).

• Um anjo feriu a Herodes: “...um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido
de vermes, expirou” (Atos 12.23).

• Um anjo falou com o apóstolo Paulo durante a tempestade: “…um anjo de Deus, de quem eu sou e a quem
sirvo, esteve comigo” (Atos 27.23).

c) Nas epístolas
Os anjos não perderam seu foco nas epístolas; continuaram a exercer suas funções de servos.

• Paulo falou do julgamento dos anjos: “Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos?” (1 Coríntios 6.3).

• O apóstolo disse que era observado a ponto de se “tornar espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a
homens” (1 Coríntios 4.9).

• Paulo confirmou o ensino de Jesus referente à sua vinda acompanhado de anjos: “…e a vós outros, que sois
atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu
poder” (2 Tessalonicenses 1.7).

• Paulo advertiu quanto a novos ensinos, diferentes daquele por ele ministrado: “Mas, ainda que nós ou mesmo um
anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gálatas 1.8).

• O autor aos hebreus fez grande menção dos anjos (Hebreus 1.4-7, 13; 2.2, 5, 7, 9, 16; 12.22; 13.2).

CURSO DE TEOLOGIA 107


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

d) No Apocalipse
Nesse livro os anjos desempenham um papel de destaque tanto na escrita do livro quanto nas revelações ali
descritas.

• Um anjo ditou o livro a João: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos
as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu
servo João” (Apocalipse 1.1; 22.16).

• Cada uma das sete igrejas tinha um anjo: “Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão
direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são
as sete igrejas” (Apocalipse 1.20; 2.1 etc).

• Um anjo exclamou a respeito do livro selado: “Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz:
Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?” (Apocalipse 5.2).

• Milhares de anjos cantavam louvores ao cordeiro: “Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos
seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando
em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e
honra, e glória, e louvor” (Apocalipse 5.11-12).

• Quatro anjos receberam poder para danificar a Terra: “Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro
cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a
terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma” (Apocalipse 7.1).

• Um anjo selou os eleitos: “Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou
em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar, dizendo: Não
danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus. Então,
ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de
Israel” (Apocalipse 7.2-4).

• Os anjos se prostraram sobre o rosto diante de Deus: “Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos
e os quatro seres viventes, e ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a Deus” (Apocalipse 7.11).

• Um anjo foi usado para acolher as orações dos santos: “Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com
um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos
sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do
incenso, com as orações dos santos. E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à
terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto” (Apocalipse 8.3-5).

• Sete anjos tocavam as sete trombetas: “Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se
para tocar” (Apocalipse 8.6).

• Um anjo do abismo: “…e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é
Abadom, e em grego, Apoliom” (Apocalipse 9.11).

• Quatro anjos soltaram milhões de exércitos: “Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam

108 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens. O número dos
exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número” (Apocalipse 9.15-16).

• Um anjo estava com o livro aberto, anunciando o fim: “Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em
nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo; e
tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra... e jurou por aquele
que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já
não haverá demora...” (Apocalipse 10.1-2, 6).

• Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão e seus anjos: “Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos
pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos” (Apocalipse 12.7).

• Um anjo, voando, proclamou o evangelho às nações: “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um
evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo”
(Apocalipse 14.6).

• Outro anjo voando proclamou a queda da Babilônia: “Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande
Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição” (Apocalipse 14.8).

• Um anjo proclamou a perdição dos seguidores da besta: “Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em
grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também
esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com
fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro” (Apocalipse 14.9-10).

• Um anjo anunciou a colheita da Terra: “Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele
que se achava sentado sobre a nuvem: Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a
seara da terra já amadureceu!” (Apocalipse 14.15).

• Um anjo anunciou a vindima da Terra: “Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o
fogo, e falou em grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: Toma a tua foice afiada e ajunta os cachos
da videira da terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas! Então, o anjo passou a sua foice na terra, e
vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus” (Apocalipse 14.18-19).

• Sete anjos derramaram as sete pragas finais: “Vi no céu outro sinal grande e admirável: sete anjos tendo os
sete últimos flagelos, pois com estes se consumou a cólera de Deus” (Apocalipse 15.1).

• Um anjo anunciou o juízo contra a Babilônia: “Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha
grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória. Então, exclamou com potente voz, dizendo:
Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e
esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável” (Apocalipse 18.1-2).

• Um anjo ajudou a dar a Babilônia o golpe mortal: “Então, um anjo forte levantou uma pedra como grande
pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar, dizendo: Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a
grande cidade, e nunca jamais será achada” (Apocalipse 18.21).

• Um anjo presidiu sobre a destruição da besta: “Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande

CURSO DE TEOLOGIA 109


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus”
(Apocalipse 19.17).

• Um anjo amarrou a Satanás: “Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma
grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos”
(Apocalipse 20.2).

• Um anjo mostrou a João a Nova Jerusalém: “Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos
sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro” (Apocalipse 21.9).

• Um anjo proibiu João de adorá-lo: “Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi,
prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. Então, ele me disse: Vê, não
faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro.
Adora a Deus” (Apocalipse 22.8-9).

Apesar de vivermos em um mundo repleto de fantasias criadas pela brilhante mente de homens que não crêem
nas Escrituras, os anjos são reais, e mais, é explícita a afirmativa de que eles são enviados a favor daqueles que
hão de herdar a salvação (Hebreus 1.14).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 5
1) Cite duas aparições dos anjos no Antigo Testamento.
2) Cite duas aparições dos anjos no Novo Testamento.

110 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

6 ANJOS DESOBEDIENTES
Embora Satanás e seus subordinados jamais devessem receber qualquer proeminência, é salutar compreender
o lugar dado a eles nas Escrituras. Nenhum outro indivíduo, exceto a Trindade, recebeu tamanho enfoque na
Bíblia, desde seu início até o fim, como o personagem que conhecemos como Satanás, o diabo. Ainda que
algumas pessoas falem de “diabos”, como se houvesse muitos de sua espécie, tal expressão é incorreta. Há um
número grande de “demônios”, mas existe apenas um “diabo”. “Diabo” é a transliteração do vocábulo grego
“diabolov - diabolos”, nome sempre usado no singular, que significa “acusador” e é aplicado exclusivamente
nas Escrituras a Satanás. “Demônio” é a transliteração de “daimonion - daimonion”.
Todos os anjos foram criados perfeitos por Deus, o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis (Ezequiel
28.15). A maior parte deles manteve-se obediente, enquanto muitos outros acompanharam Satanás na sua
rebeldia. Esses “anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio,
ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande Dia” (Judas v. 6).
Não temos informações tão minuciosas concernentes a sua origem, queda, caráter, obra e influência, mas o
que possuímos é suficiente para se compreender a respeito dele e de seu exército de demônios. Não podemos
permanecer ignorantes em relação aos seus ardis.

6.1 UM SER REAL


Quem é Satanás? Quem é este inimigo das nossas almas? Será uma criatura vestida de vermelho, com um
garfo gigante na mão, cauda longa e dois chifres?
Talvez não saibamos de onde surgiu esta caricatura. A origem desta representação deturpada remonta à Idade
Média. Na época medieval, o povo ridicularizava a Satanás e descrevia-o nos termos mais desprezíveis e odiosos
que se podia imaginar.

6.2 SUA EXISTÊNCIA REGISTRADA


Satan (Njs), seu nome hebraico, só é mencionado diretamente em três livros no Antigo Testamento. Na
primeira vez, em 1 Crônicas 21.1, lemos: “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o
censo de Israel”. Ele aparece a seguir no livro de Jó por várias vezes (1.6-9, 12; 2.1-4, 6-7). A última vez encontra-
se em Zacarias 3.1-2: “Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo do SENHOR, e
Satanás estava à mão direita dele, para se lhe opor. Mas o SENHOR disse a Satanás: O SENHOR te repreende, ó
Satanás; sim, o SENHOR, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do fogo?”.
Já no Novo Testamento ele é mencionado como Satanás ou diabo, cerca de setenta e duas vezes. Sua atuação
se torna mais evidente no Novo Testamento provavelmente devido à encarnação do Filho de Deus para destruir
as suas obras, efetuando a redenção na cruz do calvário.

6.3 SUA PERSONALIDADE
Ao atribuir-lhe personalidade, queremos dizer de sua maneira habitual de ser, aquilo que o distingue de outro
ser, “forma de vida caracterizada por uma existência autoconsciente que possui o intelecto, emoções e vontade”.14
Ele não é uma “figura de linguagem” ou uma “personificação do mal”, é sim um ser pessoal, inteligente, com
vontade e determinação próprias. As Escrituras descrevem Satanás como um ser real com todas as marcas de
14
FRANCISCO, Waldomiro. A doutrina dos anjos e demônios – Estudo exegético acerca dos anjos e demônios à luz das Escrituras. 3. ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2005. p. 86.

CURSO DE TEOLOGIA 111


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

sua personalidade. Portanto, ele possui todas as características pessoais – ele é capaz de pensar, falar e elaborar
estratégias. Ele tem mente, emoções e vontade própria. A Bíblia registra vários pronomes pessoais relacionados
a ele. É, portanto, uma pessoa – um anjo decaído, para ser mais específico. Vejamos algumas atribuições que a
Palavra de Deus confere a ele:

a) Vontade: “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e
no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens
e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do
abismo” (Isaías 14.13-15).
b) Conhecimento: “Então, respondeu Satanás ao SENHOR: Porventura, Jó debalde teme a Deus? Acaso, não
o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens
se multiplicaram na terra” (Jó 1.9-10).

Ele é constantemente referido como um ser pessoal. Pronomes pessoais são aplicados a ele nas Escrituras: Jó
1.12; 2.2-3, 6; Zacarias 3.2; Mateus 4.10; João 8.44, como também atos pessoais são realizados por ele: Jó 1.9-
11; Mateus 4.1-11; João 8.44; 1 João 3.8; Judas 9; Apocalipse 12.7-10.

6.4 SUA ORIGEM


Deus é o criador de “...todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam
soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Colossenses 1.16). O
próprio Deus declarou que tudo quanto havia feito era muito bom (Gênesis 1.31). As Escrituras indicam que a
criatura conhecida como Satanás nem sempre teve este nome, o qual lhe foi dado por ele ter adotado um proceder
de oposição e resistência a Deus.
No livro do profeta Ezequiel encontramos uma descrição pormenorizada da beleza e sabedoria com que
Satanás foi criado. Assim descrevem as Escrituras a seu respeito: “Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria
e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o
diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e
os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te
estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos,
desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti. Na multiplicação do teu comércio, se encheu
o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer,
ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te
contemplem. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários;
eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu, e te reduzi a cinzas sobre a terra, aos olhos de todos os
que te contemplam” (Ezequiel 28.12-18).
Por meio desse texto fica manifesto que Lúcifer pertencia a um alto escalão angelical. Nesse mesmo livro
encontramos indícios de como um ser que atingiu um grau muito elevado na escala dos valores morais, intelectuais
e estéticos caiu tanto, a ponto de ser agora o mais vil do universo.
O capítulo 14 de Isaías conta-nos que a causa principal da queda desse terrível ser foi o “orgulho”, atingindo
seu clímax, seu momento fatal, com a “violência” (v. 16). O orgulho corroeu a pessoa de Lúcifer, que premeditou
um plano para usurpar o trono do Deus Altíssimo: “Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu
trono... subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (vv. 13-14).
Por cinco vezes esse formoso querubim ungido quis fazer prevalecer sua vontade em oposição à de Deus
afirmando: “Eu subirei ao céu” (v. 14); “exaltarei o meu trono” (v. 13); “no monte da congregação me assentarei”
(v. 13); “subirei acima das mais altas nuvens” (v. 14) e “serei semelhante ao Altíssimo” (v. 14).
Diante de Deus, tudo isso era ilusório, pois para o Criador tudo era passado: Lúcifer “fazia”, “punha”, “assolava”,

112 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

“deixava”, “destruíste”, “mataste”, “era”, “foste”, “estavas” (cf. Isaías 14.16-17; Ezequiel 28.13-15).
Uma das “estrelas” mais brilhantes do céu rebelou-se contra seu Criador e, ao fazer isso, atraiu um terço dos
anjos para juntar-se a ele (Apocalipse 12:3-4). Assim, de um começo justo e perfeito, essa pessoa espiritual desviou-
se para o pecado e a degradação. Como conseqüência dessa rebelião, Lúcifer foi expulso do reino celestial e do
cargo que mantinha, nunca mais ocupando a posição de honra e influência que recebera. A sentença do supremo
tribunal celestial foi: “…serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (Isaías 14.15).

6.5 SEU CARÁTER


Nas Escrituras as qualidades e ações que lhe são atribuídas podiam ser referidas apenas a uma pessoa, não
a um princípio abstrato do mal. Devido à ignorância, por vários séculos, ele representou papéis que levaram os
seres humanos a pensar a seu respeito de muitas formas enganosas e não no seu verdadeiro caráter, tornando
assim mais fácil desviá-los de Deus.
Lúcifer era um ser celestial perfeito, cheio de sabedoria e formosura. Agora é um enganador, um mestre em
enfeitar o pecado para que este pareça atraente. Ele o vende com a mais bela embalagem para nos convencer
a comprá-lo! Era isso que o diabo fazia no deserto. Tentava Cristo mediante ofertas atraentes que o levariam à
morte (Mateus 4:1-11).
Em sua Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo refere-se às “...ciladas do diabo” (6.11), um termo grego que
significa astúcia, engenho e engano. A palavra meyodeia – methodeia (ciladas) era usada em relação a um
animal selvagem que perseguia astuciosamente a sua presa e pulava inesperadamente sobre ela.
Na primeira aparição do diabo registrada nas Escrituras ele tentou e enganou Adão e Eva no jardim do Éden (Gênesis
3.1). Este sempre foi seu principal método de operação: tentar, enganar, ocultar, seduzir, camuflar e deturpar.
Segundo Steven J. Lawson, “nos dias atuais, Satanás engana o mundo, para que este aceite suas mentiras,
através das seguintes entidades e propósitos”:

• Movimento da libertação feminina, com seu desígnio unissexual, que nega a ordem de Deus para a família.

• Movimento gay, exaltando a homossexualidade, que é uma completa perversão da criação da sexualidade
feita por Deus.

• Proliferação das seitas que negam os claros ensinos da Bíblia Sagrada sobre Jesus Cristo e a salvação.

• Difusão do humanismo secular: teologia liberal, psicologia popular, misticismo, filosofia da Nova Era, os
quais negam a existência de Deus e a autoridade da Bíblia.15

Lúcifer, “o filho da alva”, foi criado para glória e honra de Deus, contudo, devido a sua infidelidade e soberba
em querer ser igual a Deus, perdeu o seu estado de pureza e perfeição original transformando-se assim em
Satanás, o diabo.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 6
1) Onde surgiu a caricatura de Satanás?
2) Quais são os três livros do Antigo Testamento em que Satã é mencionado diretamente?
3) O que queremos dizer ao atribuir personalidade a Satanás?
4) O que Lúcifer recebeu como conseqüência de sua rebelião?

15
LAWSON, Steven J. Fé sob fogo. Rio de Janeiro: CPAD, 1997. p. 34.

CURSO DE TEOLOGIA 113


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

7 SEUS NOMES E TÍTULOS


Os hebreus consideravam os nomes como uma revelação, encerrando algum atributo ou característica da
pessoa nomeada. Por exemplo, o nome Adão significa “da terra”, ou “tirado da terra vermelha”; assim, o seu
nome revela sua origem. Seguindo essa mesma linha de raciocínio, investigaremos os vários nomes e títulos de
Satanás encontrados nas Escrituras.
A seguir, são listados alguns nomes por meio dos quais podemos descobrir suas características e atributos
pessoais.

a) Satanás
No hebraico “Njs – satan” significa “adversário, alguém que se opõe”. Esse nome torna bem visível seu
desígnio como adversário. O nome “Satanás” é usado cinqüenta e seis vezes no Antigo e no Novo Testamento.
Ele descreve suas tentativas maliciosas e persistentes de prejudicar o plano de Deus.
Sob a condenação divina, Satanás e seus anjos “não prevaleceram; nem mais seu lugar se achou nos céus”
(Apocalipse 12.8). Agora e até o final dos tempos, Satanás é o inimigo declarado de Deus, de Cristo, dos anjos
obedientes e do povo eleito.

b) Diabo
O nome diabo significa especificamente “dado à calúnia, difamador, que acusa com falsidade”.16 No livro do
Apocalipse o apóstolo João usa quatro nomes para Satanás: “Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o
diabo, Satanás...” (Apocalipse 20.2).
A palavra “diabo”, referindo-se ao próprio Satanás, aparece trinta e cinco vezes no Novo Testamento.

c) Serpente
Entre os antigos a serpente era um emblema de astúcia e sabedoria. A primeira manifestação do diabo na
Terra foi registrada no livro de Gênesis na tentação do primeiro casal, quando Satanás tomou posse da serpente,
falando, argumentando e raciocinando (3.1-15). Apocalipse 12.9 e 20.2 menciona “a antiga serpente, que se
chama diabo”.

d) Dragão
Houve no registro bíblico duas grandes guerras envolvendo Satanás. A primeira está registrada no livro de
Apocalipse, entre Miguel e seus anjos contra o dragão. A outra aconteceu no deserto da Judéia entre Jesus e o
mesmo inimigo (Lucas 4.1-13).
A primeira foi um combate de dimensões fora do comum, uma batalha sem derramamento de sangue, uma
guerra espiritual nos campos de batalha imperceptíveis ao homem. “Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos
pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se
achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o
sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Apocalipse 12.7-9).
E a segunda ocorreu no deserto, quando da tentação de Jesus (Mt 4.1-11).

16
Bíblia On-line…, cit.

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MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

e) Belzebu
Este nome, de origem aramaica, procede do hebraico “bwbz leb – Baal-Zebube” (senhor do inseto ou
senhor das moscas). Posteriormente foi designado pelos judeus para “senhor do monturo” referindo-se a Satanás,
príncipe dos espíritos malignos. Certa feita, após Jesus libertar um cego e mudo os fariseus acusaram-no de
expelir “demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios” (Mateus 12.24). A palavra maioral no
grego é “arcwn – archon”, que significa “governador, comandante, chefe, líder”. Assim, por meio deste texto
sabemos que Satanás governa os espíritos malignos na qualidade de príncipe.

f) Belial
Este nome, “leylb – baliya‘al” em hebraico, foi usado no Antigo Testamento para designar homens ímpios,
perversos, companheiro vil (Deuteronômio 13.13; Juízes 19.22; 20.13; 1 Samuel 2.12; 10.27; Provérbios 6.12;
19.28). No grego “belial – Belial ou beliar – Beliar” significa alguém “inútil ou malvado”. É também
um dos nomes do diabo (2 Coríntios 6.15).

g) Tentador
Na primeira aparição do diabo registrada nas Escrituras ele tentou e enganou Adão e Eva no jardim do Éden
(Gênesis 3.1). Este sempre foi o seu principal método de operação: tentar, enganar, ocultar, seduzir, camuflar e
deturpar. Satanás tenta os servos de Deus com o propósito de destruí-los, como bem disse Steven Lawson: “O
diabo brinca com nossa mente e luta para que pensemos erradamente sobre as decisões que tomamos. Por meio
de suas mentiras camufladas de verdade, ele nos tenta, a fim de que admitamos que preto seja branco e vice-
versa. Apresenta o bem como mal e mal como bem”.17
A tentação é uma das maiores armas do arsenal de Satanás; por isso ele é chamado de Tentador. No grego
a palavra tentação é “πειρασμόν – peirasmos”, que pode significar “testar ou provar algo”. O termo significa
“uma prova de retidão” ou “uma indução para o mal”, dependendo do contexto. Quando procedente do Diabo, é
sempre para a prática do mal.

h) Príncipe deste mundo


Esse título atribuído a Satanás demonstra sua influência sobre as autoridades deste mundo (gr. kosmov
– kosmos). Esta palavra “mundo” possui algumas idéias em sua forma verbal, por exemplo: colocar as coisas em
ordem, sistematizar e adornar ou decorar. A partir dessa última forma originou-se o vocábulo “cosmético”, que é
o conceito de adornar a aparência exterior.
Assim, no Novo Testamento, o termo “mundo” é empregado no sentido de planeta Terra (cf. João 1.10; Atos
17.24). Também é utilizado para significar os habitantes da Terra, referindo-se ora às pessoas em geral, como em
João 3.16, ora a todos os incrédulos, alheios para com Deus, como em João 14.17 e 15.18. Mas é a concepção
de sistema mundial, belamente organizado e disposto a funcionar sem a direção de Deus, que vem ao encontro
do que pretendemos demonstrar. O sistema mundial está adornado com belos conceitos de cultura, música, arte,
filosofia, religião etc. Não são más em si mesmas, entretanto Satanás distorce seus sentidos, afastando o homem
de um verdadeiro relacionamento com Deus, sendo digno do título a ele atribuído: príncipe deste mundo.
No grego a palavra usada para príncipe é “arcwn – archon”, que pode ser traduzida por “governador,
comandante, chefe, líder”, de onde podemos concluir que ele exerce grande poder (concedido por Deus) e
influência sobre esse sistema. Ele mesmo disse que recebeu este direito de se fazer obedecer: “Disse-lhe o diabo:
Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser”
(Lucas 4.6).
Por três vezes Jesus atribuiu esse nome a ele: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu
príncipe será expulso” (João 12.31); “Já não falarei muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele

17
LAWSON, Steven. Op. cit., p. 24.

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MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

nada tem em mim” (João 14.30) e “...do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado” (João 16.11).
Ele recebeu o título de príncipe, entretanto sobre ele está a autoridade e o domínio do Rei dos reis e Senhor dos
senhores (Apocalipse 19.16).

i) Príncipe da potestade do ar
Como foi dito, ele exerce influência e autoridade não só na Terra, mas também no mundo espiritual. Ele é
perito na astúcia, e com sua eloqüência trouxe após si um terço dos anjos dos céus (Apocalipse 12.4), que lhe
obedecem e se sujeitam às suas ordens e forma de governo.

j) Enganador
Satanás é um perito no plantio de dúvidas; é sua técnica especial. Na sua primeira aparição registrada na
Bíblia, ele enganou Eva no jardim do Éden (Gênesis 3.1; 1 Timóteo 2:14). Suas táticas não mudaram com o
passar do tempo. O diabo promete o Céu, mas entrega o inferno; oferece a vida, mas envia a morte; fala de
salvação, mas introduz a destruição. O mais mortal de todos os inimigos vem camuflado de arauto de paz,
provedor de prosperidade e restaurador de esperança.

Além de todos esses nomes, ainda encontramos os seguintes: acusador (Apocalipse 12.10), anjo de
luz (2 Coríntios 11.13-15), homicida (João 8.44), pai da mentira (João 8.44), leão que ruge (1 Pedro 5.8),
destruidor (Apocalipse 9.11), entretanto os que até o momento foram apresentados já bastam para demonstrar
com quem estamos lidando.

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 7
1) Qual era o nome de Satanás antes da queda?
2) O que significa o nome diabo?
3) No Novo Testamento o termo “mundo” é empregado em vários sentidos. Quais são eles?

116 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

8 DEMÔNIOS
No Novo Testamento o vocábulo grego daimonion – daimonion é limitado e específico em comparação com
as noções que os antigos filósofos tinham dela, bem como a utilização desta palavra no grego clássico. Ao ser
traduzida para o latim, daimon se tornou daemon, que deu origem ao português demônio. Para a cultura grega,
o mundo estava cheio de demônios (daimonion - espírito dos mortos), seres intermediários entre os deuses e os
homens que poderiam ser aplacados ou controlados por magia, feitiços e encantamentos. Eles viviam no ar (gr. ahr
– aer), parte mais baixa e impura entre a Terra e a Lua.18 A obra dos demônios poderia ser vista nas calamidades e
desgraças que sobrevêm à vida do homem, por meio do qual levavam os homens à doença e à loucura.
Na Bíblia daimon é empregado somente para poderes malignos. Não há crença nos espíritos dos mortos, ou
nos fantasmas, muito menos de sacrifícios a estes, visto que as Escrituras são categóricas em afirmar: “Sacrifícios
ofereceram aos demônios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos
quais não se estremeceram seus pais” (Deuteronômio 32.17). Paulo adverte aos cristãos para que não tenham as
mesmas atitudes dos pagãos, pois “as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e
eu não quero que vos torneis associados aos demônios” (1 Coríntios 10.20, grifo nosso), sendo que o paganismo
em geral tem o demônio por detrás dele (Apocalipse 9.20).
Os demônios estão subordinados a Satanás e estão sujeitos a ele. Eles possuem poder tanto para realizar o mal
como para causar doenças. A Bíblia relata o caso de “uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia
já dezoito anos, andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se”. Jesus, ao vê-la assim, a libertou
dessa possessão demoníaca. Os evangelhos são ricos em exemplos de pessoas endemoninhadas, cuja personalidade
foi inteiramente dominada por espíritos malignos que delas tomaram posse e que falavam através de suas vítimas
(Marcos 5.5). Os textos bíblicos deixam explícito o conhecimento sobrenatural que os demônios tinham. Sabiam
quem era Jesus (Marcos 5.7), como também o destino que lhes estava preparado (Mateus 8.29; Tiago 2.19).

8.1 A realidade dos demônios


Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento advertem acerca da existência dos demônios. No Antigo Testamento
há referência aos demônios sob o nome “ryes - sa‘iyr” ou “res - sa‘ir” (Levítico 17.7; 2 Crônicas 11.15) ou
“dv - shed ou (plural) Mydv” (Deuteronômio 32.17; Salmos 106.37). Estes termos hebraicos aparecem ligados
à idolatria e a sacrifícios humanos, sempre condenados por Deus.
Estamos vivendo numa época marcada pelo reavivamento mundial do ocultismo, em que as pessoas prezam
mais a experiência do que a verdade. Muitas pessoas dizem crer em Jesus, entretanto não sabem o que Ele disse
sobre o mundo espiritual.
Jesus reconheceu a existência dos demônios assim como eles também sabiam com quem estavam lidando. Ele
foi acusado pelos fariseus de expulsar os demônios pelo poder de Belzebu, aos quais contra-atacou dizendo: “Se
eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos
juízes. Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós”
(Mateus 12.27-28). “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios;
falarão novas línguas…” (Marcos 16.17).
O apóstolo Paulo recebeu por revelação de Deus o discernimento quanto às oferendas aos ídolos e escreveu
“que as coisas que eles sacrificam, é aos demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos

18
COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Op. cit., p. 513.

CURSO DE TEOLOGIA 117


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser
participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1 Coríntios 10.20-21).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 8
1) Na Bíblia, daimon é empregado somente para quê?
2) O termo shed no Antigo Testamento está ligado a quê?
3) O que Paulo escreveu sobre as coisas sacrificadas?

118 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

9 NATUREZA DOS DEMÔNIOS


As Escrituras deixam evidente que os demônios possuem características e ações pessoais próprias, o que
demonstra que possuem personalidade e também inteligência. A Bíblia é taxativa ao expor a realidade do mundo
espiritual e de seus habitantes, bem como em fazer conhecer as características inerentes dessas criaturas.
No que diz respeito a sua natureza são perversos, imundos e desmoralizados. São exemplos dessas características:
“Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados, saindo
dentre os sepulcros, e a tal ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que gritaram:
Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” (Mateus 8.28-29). “Tendo
chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar
toda sorte de doenças e enfermidades” (Mateus 10.1).
Os espíritos malignos têm influência sobre os homens e procuram ocupar seus corpos, sujeitando-os a seus
desígnios perversos (cf. Mateus 12.43-44; Marcos 5.8).

a) Sua força
São muito mais fortes do que o homem, violentos, porém de pouco vigor em face de Jesus. “Ao desembarcar,
logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo, o qual vivia nos sepulcros, e
nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo; porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias,
as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo” (Marcos 5.2-4).

b) Sua sabedoria
São possuidores de uma sabedoria sobrenatural, porém não são oniscientes. Os textos bíblicos comprovam
seu conhecimento sobre Cristo bem como sua condenação eterna:

“Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados,
saindo dentre os sepulcros, e a tal ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que gritaram:
Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” (Mateus 8.28-29).

“Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi ele ensinar na sinagoga. Maravilhavam-se da sua
doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Não tardou que aparecesse na
sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual bradou: Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste
para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!” (Marcos 1.21-24).

“Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” (Atos 19.15).

“Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem” (Tiago 2.19).

c) Imorais
Devido a sua desobediência, os demônios são seres de baixa ordem moral, degenerados em sua condição e vil
em suas ações, obedientes a Satanás.

“E eis que, dentre a multidão, surgiu um homem, dizendo em alta voz: Mestre, suplico-te que vejas meu

CURSO DE TEOLOGIA 119


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

filho, porque é o único; um espírito se apodera dele, e, de repente, o menino grita, e o espírito o atira por terra,
convulsiona-o até espumar; e dificilmente o deixa, depois de o ter quebrantado” (Lucas 9.39-40).

“Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados,
saindo dentre os sepulcros, e a tal ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis
que gritaram: Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?”
(Mateus 8.28-29).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 9
1) No que diz respeito à natureza dos demônios, o que podemos afirmar?
2) O que se pode dizer sobre a sabedoria dos demônios?

120 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

10 PROPÓSITO DOS DEMÔNIOS


Desde sua condenação, o diabo e os seus súditos buscam impedir os propósitos de Deus bem como ampliar o
seu domínio. A intensidade do seu desejo de reinar não diminui, nem sua busca para alcançar esse fim. A tentação
de Jesus no deserto evidencia seu comportamento arrogante, já que nem mesmo Cristo foi poupado de seus ataques
e desígnios. Sob seu controle, miríades de demônios estão interessadas em promover este plano. Várias são as
artimanhas usadas por este exército maligno para obstruir os planos de Deus. Dentre elas podemos destacar:

a) Oposição aos santos


Eles constantemente se opõem aos santos em seus esforços para viver piedosamente em conformidade com o
padrão estabelecido nas Escrituras. É por essa razão que o apóstolo Paulo disse: “Revesti-vos de toda a armadura
de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a
carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efésios 6.11-12).
Em uma de suas viagens missionárias o apóstolo diz que “quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo, não
somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho” (1 Tessalonicenses 2.18).

b) Afastar da fé
Por meio de suas astúcias, investem na imitação (são peritos nesta área), fazendo com que muitas pessoas
entendam o certo como errado e o errado como certo. Seu alvo principal é induzir os homens ao pecado. Quanto
aos fiéis, “o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a
espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a
própria consciência” (1 Timóteo 4.1-2).

c) Propagam a idolatria
As Escrituras são claras com relação a esta prática:

“Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, com os quais eles se prostituem; isso lhes será por
estatuto perpétuo nas suas gerações” (Levítico 17.7).

“Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram
há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais” (Deuteronômio 32.7).

“...pois imolaram seus filhos e suas filhas aos demônios” (Salmos 106.37).

“Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero
que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não
podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1 Coríntios 10.20-21).

“Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas
mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem
ver, nem ouvir, nem andar” (Apocalipse 9.20).

CURSO DE TEOLOGIA 121


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

Causam vários males físicos


Nem todas as enfermidades são causadas diretamente por demônios, entretanto podem causar algumas
enfermidades, podendo levar até a morte. A Bíblia fala de:
Cegueira: “Então, lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, passando o mudo a falar
e a ver” (Mateus 12.22).
Mudez: “Ao retirarem-se eles, foi-lhe trazido um mudo endemoninhado. E, expelido o demônio, falou o
mudo; e as multidões se admiravam, dizendo: Jamais se viu tal coisa em Israel!” (Mateus 9.32-33).
Loucura: “Então, rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da Galiléia. Logo ao desembarcar, veio da
cidade ao seu encontro um homem possesso de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava em casa
alguma, porém vivia nos sepulcros. E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando e dizendo em alta
voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes. Porque Jesus ordenara
ao espírito imundo que saísse do homem, pois muitas vezes se apoderara dele. E, embora procurassem conservá-lo
preso com cadeias e grilhões, tudo despedaçava e era impelido pelo demônio para o deserto. Perguntou-lhe Jesus:
Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios. Rogavam-lhe que não
os mandasse sair para o abismo. Ora, andava ali, pastando no monte, uma grande manada de porcos; rogaram-lhe
que lhes permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu. Tendo os demônios saído do homem, entraram nos
porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do lago, e se afogou. Os porqueiros, vendo
o que acontecera, fugiram e foram anunciá-lo na cidade e pelos campos. Então, saiu o povo para ver o que se
passara, e foram ter com Jesus. De fato, acharam o homem de quem saíram os demônios, vestido, em perfeito juízo,
assentado aos pés de Jesus; e ficaram dominados de terror” (Lucas 8.26-35).
Suicídio: “E trouxeram-lho; quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e, caindo
ele por terra, revolvia-se espumando. Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde
a infância, respondeu; e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma
coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos” (Marcos 9.20-22).
Ferimentos: “...um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo;
e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando” (Marcos 9.1-18).
Deformidades: “E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos;
andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se” (Lucas 13.11).

VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM

Capítulo 10
1) Várias são as artimanhas usadas pelo exército maligno para obstruir os planos de Deus. Cite três delas.

122 CURSO DE TEOLOGIA


MÓDULO 2 DOUTRINA DOS ANJOS

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CURSO DE TEOLOGIA 123


faculdade teológica betesda
Moldando vocacionados

AVALIAÇÃO - MÓDULO II
ANGELOLOGIA
1) Existe diferença entre os termos aggelos (grego) e malak (hebraico)? o que ambos significam?

2) O termo anjo pode ser usado para uma pessoa? Explique.

3) O que se pode dizer sobre hierarquia angelical?

4) Quem é o Anjo do Senhor?

5) Faça um breve comentário sobre o ministério dos anjos.

6) Cite pelo menos três exemplos da manifestação dos anjos no Antigo Testamento, nos evangelhos, nos Atos
dos Apóstolos, nas epístolas e no Apocalipse.

7) Quanto à origem de Satanás, o que as Escrituras dizem?

8) Cite cinco nomes pelos quais as Escrituras se referem ao diabo.

9) Como os gregos concebiam os demônios?

10) Quais os propósitos do diabo e seus demônios?

CARO(a) ALUNO(a):
• Envie-nos as suas respostas referentes a cada QUESTÃO acima. Dê preferência por digitá-las em
folha de papel sulfite, sendo objetivo(a) e claro(a).
CAIXA POSTAL 12025 • CEP 02013-970 • SÃO PAULO/SP
• De preferência, envie-nos as 5 avaliações juntas.

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