Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
3
Perdas de Protensão
DEFINIÇÕES
3.1. Introdução
A força efetiva de protensão é variável ao longo do cabo e menor do que a aplicada pelo
dispositivo de protensão. Esta redução de força é chamada de perda de protensão. Ela é
devida a várias causas. Costuma-se agrupar as perdas em dois conjuntos:
A. Perdas imediatas que ocorrem durante o estiramento e ancoragem dos cabos
B. Perdas progressivas, que ocorrem ao longo do tempo.
No caso comum de concreto protendido com aderência posterior, constituem perdas
imediatas, aquelas provenientes de:
Atrito entre o cabo e a bainha;
Acomodação do cabo nas ancoragens;
Encurtamento do concreto durante a operação de protensão.
As perdas progressivas são provocadas pela:
Retração e fluência do concreto
Relaxação da armadura de protensão.
Figura 23
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 32
Substituindo
P
p= e ds=r.dα
r
na expressão anterior, tem-se:
P dP
.µ.r.dα + dP = 0 ou = −µ.dα
r P
Portanto,
ln( P ) = −µ.α + C
e, portanto
Figura 24
Em situações usuais, ilustradas na fig.24, µ ≈ 0,2 e α ≤ 20° (0,35 rad). Portanto, o produto
µα ≤ 0,07. Para valores desta ordem pode-se tomar
e −µα ≅ 1 − µα
resultando
P ≅ P0 (1 − µα ) .
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 33
Portanto, a força de protensão num ponto de abscissa x (normalmente, para o cálculo das
perdas por atrito, pode-se adotar como comprimento aproximado do cabo o valor de sua
projeção sobre o eixo x da peça) é dada por:
P ≅ Pi [1 − µ (α + k α x )] .
Pode-se definir:
k = k αµ
resultando
P ≅ P0 (1 − µα − kx )
µ k
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 34
A
B C
Figura 25
Admitindo-se:
µ = 0,2 ; k = 0,002 m-1 ; PA = 1733 KN; Ap = 11,84 cm2
PB ≅ PA (1 − µα − ka 1 )
Figura 26
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 35
Figura 27
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 36
Figura 28
1° Método
Figura 29
2.1. Se A1 for maior ou igual do que Aδ , a influência do encunhamento está restrita ao
trecho curvo inicial e pode ser definida através da igualdade [área da figura
(P0PP01)]=Aδ , resultando
2 ( P0 − P ) x P0 ( µα + ka 1 ) x 2
Aδ = =
2 a1
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 37
A δa1
x=
P0 ( µα + ka 1 )
P0 − P1
P = P1 + x
a1
P01 = 2P − P0
Figura 30
3.2. Se A2 for menor do que Aδ , todo o cabo é afetado pelo encunhamento, figura 9 e os
valores da força de protensão podem ser obtidos a partir da expressão (caso C):
2 ∆P ( a 1 + a 2 ) = A δ − A 2 ∆P = 4,19 kN .
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 38
Figura 31
A. Nos cabos protendidos por uma das extremidades (ancoragem fixa na outra
extremidade), o diagrama de força de protensão pode ser definido (a partir da
extremidade que recebe a protensão) aplicando-se, por exemplo, o procedimento visto
no item anterior.
2° Método
Figura 32
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 39
Desta forma, o valor do recuo é dado pela área da figura triangular hachurada dividida pela
rigidez normal do cabo (Ep Ap). Isto é,
2 ( P0 − P ) x 2P0 ( µα + ka1 ) x x 1 E p A p δa 1
δ= = ⋅ ⋅ ou x = [para (x < a1)]
2E p A p a1 2 Ep A p P0 ( µα + ka 1 )
resultando
⎛ x ⎞
P = Po ⎜ 1 − µα − kx ⎟ → P01 = 2P − P0 .
⎝ a1 ⎠
Figura 33
A área da figura hachurada dividida pela rigidez normal do cabo fornece o valor do recuo
do cabo. Assim
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 40
P0 ( µα + ka1 ) a 1 ⎛ x − a1 ⎞ Ep A p
+ P1k ( x − a 1 ) ⎜ a 1 + ⎟=δ
2 ⎝ 2 ⎠ 2
logo
E p A p δ − ( P0 − P1 ) a 1 + P1ka 12
x=
P1k
resultando
P = P1 ⎡⎣1 − k ( x − a1 ) ⎤⎦
P01 = 2P − P0
P11 = 2P − P1
Figura 34
Tem-se:
( P0 − P1 ) a1 + Ep A p
( P1 − P2 ) ⎛⎜ a1 +
a2 ⎞
⎟ + ∆P ( a 1 + a 2 ) = δ
2 ⎝ 2⎠ 2
ou
δ P0 − P1 ⎛ a ⎞
Ep A p − a 1 − ( P1 − P2 ) ⎜ a 1 + 2 ⎟
∆P =
2 2 ⎝ 2⎠
a1 + a 2
P01 = 2P2 − P0 − 2∆P
P11 = 2P2 − P1 − 2 ∆P
P22 = P2 − 2.∆P
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 41
Não se sabe a priori, até onde chega a influência do recuo nas ancoragens. A solução pode
ser encontrada por tentativas. Pode-se começar, por exemplo, admitindo-se tratar do caso
A (item 3.3) onde a influência é restrita ao trecho curvo. Assim,
O valor obtido mostra que o recuo afeta além do trecho curvo inicial (x > a1 = 10 m). Caso
se admita o caso B (influência até um ponto do trecho reto), vem:
E p A p δ − ( P0 − P1 ) a 1 + P1ka 12
x=
P1k
δ P0 − P1 ⎛ a ⎞
Ep A p − a 1 − ( P1 − P2 ) ⎜ a 1 + 2 ⎟
∆P =
2 2 ⎝ 2⎠
a1 + a 2
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 42
Figura 35
Figura 36
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 43
n −1
∆σ p = α p ( σ g + σcp )
2n
onde:
Mg
σg = e p → tensão no concreto ao nível do baricentro da armadura de
Ic
protensão, devida à carga permanente mobilizada pela protensão;
⎛ 1 e 2p ⎞
σcp = − P ⎜ + ⎟ → tensão no mesmo ponto anterior, devida à protensão simultânea
⎜A ⎟
⎝ c Ic ⎠
dos n cabos;
Ep
αp = → coeficiente de equivalência;
Ec
n ( n − 1)
εc,pg1 = ⎡⎣1 + 2 + ... + ( n − 1) ⎤⎦ = ε c,pg1
2
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 44
n ( n − 1)
∆P = ε c,pg1E p A p,1
2
onde:
Ap,1 é a área da seção transversal de um cabo
ou
n ( n − 1) εc,pg n ( n − 1) σ g + σcp Ap
∆P = E p A p,1 = Ep
2 n 2 nE c n
onde
Ap é a área total dos n cabos.
Finalmente, tem-se:
∆P n −1
∆σp = = α p ( σ g + σcp )
Ap 2n
P = ∑ Pi = 8106kN
Mg 3000
σg = ep = × 0,816 = 4, 72MPa
Ic 0, 519
⎛ 1 e 2p ⎞ ⎛ 1 0,8162 ⎞
σc,p = −P ⎜ + ⎟ = −8106 ⎜ + ⎟ = −18, 99MPa
⎜A ⎟
⎝ c Ic ⎠ ⎝ 0, 944 0, 519 ⎠
Logo
n −1 5 −1
∆σ p = α p ( σ g + σ cp ) = 5,85 × ( 4, 72 − 18, 99 ) × = −33, 4MPa
2n 2×5
A tensão inicial de tração na armadura de protensão vale:
P0 1733
σp0 = = = 1464MPa
A p 11,84
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 45
A perda percentual é de
∆σp 33, 4
=− = −2, 3%
σp0 1464
a
Fluência
A B a0
to t
A B’
P
Pi = cte
Pi = constante
L0 a
Pi
to t
Figura 37
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 46
P
Relaxação Pi
A B
to t
A B’ P
a
a0 = cte a0 = constante
L0
a0
to t
Figura 38
Pode-se admitir que o efeito do tempo em uma peça de concreto protendido transcorra em
condições que se aproximam da fluência pura no concreto e da relaxação pura na armadura
de protensão.
De fato, no concreto, as solicitações de caráter permanente são devidas à carga permanente
(constante) e à protensão que relativamente varia pouco; as tensões normais
correspondentes no concreto acabam gerando deformações adicionais semelhantes a
fluência pura.
A grande deformação inicial aplicada na armadura para se obter a força de protensão,
mantém-se praticamente constante ao longo do tempo provocando perdas de tensão
semelhantes a relaxação pura.
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 47
Figura 39
a
0,45 0,50 0,55 0,65 0,65
c
Porosidade aumenta →
Índice de vazios aumenta →
- Espessura fictícia da peça hfic;
Figura 40
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 48
Figura 41
E p εcs
∆σp ≅ β é um fator de correção ( ≥1,0 ), pode ser usado β=1 a favor da segurança
β
Figura 42
∆l c = ϕ(t 0 , t )∆l 0
∆l c
ε cc =
l
ε cc = ϕ(t 0 , t )ε c
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 49
Figura 43
Figura 44
Mg Fpo ⎛ ( Fpo .e p ) ⎞
σc,pog = ep − −⎜ ep ⎟
Ic A c ⎜⎝ I c ⎟
⎠
Mg Fpo ⎛ 2 Ac ⎞
σc,pog = ep − ⎜ 1 + ep ⎟
Ic Ac ⎝ Ic ⎠
⎡ positivo ⎤ ⎡ negativo ⎤
σc,pog = ⎢ σc,g ⎥ + ⎢ σc,po ⎥
⎢⎣ ⎥⎦ ⎢⎣ ⎥⎦
α p ϕ∞ σc,pog
∆σp,c ≅
β
onde:
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 50
Es
α p é a razão entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto .
Ec
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 51
Figura 45
0 ,15
⎛ t − t0 ⎞
ψ( t 0 , t ) = ψ1000 ⎜ ⎟
⎝ 1000 ⎠
Onde:
σpi e Pi são respectivamente a tensão e a força no macaco;
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações
Escola Politécnica – Universidade de São Paulo 52
Para tensões inferiores a 0,5 fptk, admite-se que não haja perda de tensão por relaxação.
Para tensões intermediárias entre os valores fixados na tabela 7, permite-se a interpolação
linear.
Pode-se considerar, para o tempo infinito (t=50 anos), o valor é ψ ∞ ≅ 2,5 ψ1000.
σpo ψ1000
ou ∆σp,r ≅ − Para aplicações usuais.
β
⎛ ϕ ⎞
β = 1 + χ ∞ + α p ρ p ⎜1 + ∞ ⎟ η p
⎝ 2 ⎠
⎛ e 2p ⎞
η = ⎜ 1 + Ac ⎟
⎜ I ⎟
⎝ c ⎠ ⇒ Varia em cada seção
Mg Fpo
σc,pog = ep − η
Ic Ac
Prof. Ricardo Leopoldo e Silva França / Prof. Hideki Ishitani / Prof. Francisco Graziano
PEF – Departamento de Estruturas e Fundações