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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CENTRAL DE CURSOS DE EXTENSÃO E


PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
MBA EM PERÍCIA CONTÁBIL

APLICABILIDADE DA PROVA PERICIAL CONTÁBIL EM PROCESSOS


LICITATÓRIOS

Genimar Vieira Grosso

Belo Horizonte
Ago/2014
Genimar Vieira Grosso

APLICABILIDADE DA PROVA PERICIAL CONTÁBIL EM PROCESSOS


LICITATÓRIOS

Monografia apresentada à Central


de Cursos de Extensão e Pós-Graduação
Lato Sensu como requisito parcial para
conclusão do Curso de Especialização em
MBA em Perícia Contábil.

Prof.(a) Rosemary de Souza Montanholi

Belo Horizonte
Ago/2014

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Aplicabilidade da Prova Pericial Contábil em Processos Licitatórios

Monografia apresentada à Central de Cursos de Extensão e Pós-Graduação Lato


Sensu da Universidade Gama Filho como requisito parcial para a conclusão do Curso de
Pós-Graduação em MBA em Perícia Contábil.

AVALIAÇÃO

1. CONTEÚDO
Grau:______

2. FORMA
Grau:______

3. NOTA FINAL: ________

AVALIADO POR

Esp. Márcia de Souza Montanholi _____________________

Orientadora – Rosemary de Souza Montanholi _____________________

Belo Horizonte/MG, 30 de Agosto de 2014.

_________________________________________
Coordenadora Márcia de Souza Montanholi

3
Agradeço a Deus, pois até aqui,
por Sua graça e misericórdia, Ele me ajudou.
A minha esposa, Gláucia, pela paciência e sustento.
Aos meus pais, Geder e Inamar, pelo dom da vida
e pelos princípios ensinados.
E aos meus familiares e amigos, que sempre estão comigo.

4
Dedico este trabalho primeiramente а Deus quе permitiu quе tudo isso acontecesse,
еm todos оs momentos é o maior mestre quе alguém pode conhecer.
Aos meus pais que me deram a vida e me ensinaram a como vivê-la.
À minha esposa, pessoa cоm quem аmо partilhar а vida, e sempre está ao meu lado.
Aos meus professores que me ensinaram que o conhecimento está sempre se renovando.
Аоs meus familiares e amigos, pelo incentivo е pelo apoio constantes.
A esta universidade quе oportunizou um horizonte superior.
Enfim, a todos aqueles quе, dе alguma forma,
estiveram е estão próximos dе mim, fazendo esta vida valer cada vеz mais а pena.
Obrigado por tudo!”

5
“Se não puder voar, corra.
Se não puder correr, ande.
Se não puder andar, rasteje,
mas continue em frente de qualquer jeito. ”
Martin Luther King Jr.

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Resumo

Este trabalho tem por finalidade, de forma qualitativa, demonstrar a importância


da Perícia Judicial Contábil, referente ao suporte instrumental que oferece ao Poder
Judiciário no sentido de solucionar os conflitos quando esses estão relacionados com
questões técnicas de ordem licitatória. Procura-se mostrar a importância da Prova Pericial
Contábil dentro de um Processo Licitatório, bem como a importância da qualidade na
elaboração de um laudo, seguindo as determinações e orientações emanadas nas normas,
princípios e na Doutrina que disciplinam o assunto. Alguns conceitos sobre Perícia
Contábil e Licitação são apresentados, e outros elementos necessários para o
entendimento deste assunto, além dos requisitos e conhecimentos recomendáveis para o
exercício dessa especialidade dentro da Ciência Contábil. Para tanto, utilizou-se de
pesquisa bibliográfica.

Palavras-chave: Perícia Contábil, Perícia Judicial Contábil, Licitações, Processo


Licitatórios.

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Abstract

This study aims to qualitatively demonstrate the importance of Judicial Expertise


Accounting, referring to the instrumental support that gives the judiciary in order to solve
conflicts when these are related to technical issues of bidding order. Attempts to show the
importance of Accounting Expert Testimony in a Bidding Process, as well as the
importance of quality in the preparation of a report following the determinations and
guidelines issued by the norms, principles and doctrine governing the subject. Some
concepts of Accounting Expertise and bid lists, and other elements necessary for the
understanding of this issue beyond the recommended requirements and knowledge to
pursue that specialty within the Accounting Science. For this, we used the literature.

Keyboard: Forensic Accounting, Accounting Judicial Expertise, Bidding,


Bidding Process.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 12
2.1 PERÍCIA CONTÁBIL ........................................................................ 12
2.2 PERITO - CONTADOR ..................................................................... 13
2.3 PERÍCIA JUDICIAL CONTÁBIL ..................................................... 14
2.4 PERITO JUDICIAL CONTÁBIL ....................................................... 16
3 LICITAÇÃO: CONCEITO E FINALIDADE ................................................. 17
4 PROCESSOS LICITATÓRIOS ...................................................................... 19
5 PRINCÍPIOS LICITATÓRIOS ....................................................................... 20
5.1 ISONOMIA OU IGUALDADE .......................................................... 20
5.2 LEGALIDADE ................................................................................... 20
5.3 IMPESSOALIDADE .......................................................................... 20
5.4 MORALIDADE E PROBIDADE ADMINISTRATIVA ..................... 21
5.5 PUBLICIDADE .................................................................................. 21
5.6 VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO ............... 22
5.7 JULGAMENTO OBJETIVO .............................................................. 22
5.8 PADRONIZAÇÃO .................................................................................... 22
5.9 MOTIVAÇÃO ........................................................................................... 23
5.10 EFICIÊNCIA ........................................................................................... 23
5.11 RAZOABILIDADE ................................................................................ 23
5.12 LIVRE CONCORRÊNCIA .................................................................... 23
5.13 LIVRE ECONOMICIDADE .................................................................. 23
6 MODALIDADES DE LICITAÇÕES ............................................................. 24
6.1 CONCORRÊNCIA ............................................................................. 24
6.2 TOMADA DE PREÇOS ..................................................................... 27
6.3 CONVITE .......................................................................................... 27
6.4 CONCURSO ...................................................................................... 28
6.5 LEILÃO ............................................................................................. 29
6.6 PREGÃO ............................................................................................ 29
7 TIPOS DE LICITAÇÃO ................................................................................. 30
7.1 MENOR PREÇO ................................................................................ 30

9
7.2 MELHOR TÉCNICA ......................................................................... 30
7.3 TÉCNICA E PREÇO .......................................................................... 31
7.4 MAIOR LANCE OU OFERTA .......................................................... 31
8 REGISTRO DE PREÇOS ................................................................................. 31
9 INEXIBILIDADE E DISPENSA DE LICITAÇÃO .......................................... 32
10 IRREGULARIDADES NAS LICITAÇÕES ................................................... 33
11 PROCEDIMENTOS JUDICIAIS .................................................................... 34
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 35
13 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 36
14 WEBGRAFIA ................................................................................................. 38

10
1 INTRODUÇÃO
Os problemas sociais são consequência da política econômica, financeira e
fiscal que aumenta a demanda judicial, por conflitos nas áreas habitacional,
previdenciária, fiscal e trabalhista, e não menos habitual, na pública, nas quais as
lides são esclarecidas de forma ágil e segura através da prova material, que é a
Perícia Contábil.
A profissão contábil apresenta uma diversidade de opções de trabalhos que
podem ser exercidas pelo bacharel em ciências contábeis, e a Perícia Contábil é
uma das atividades mais dinâmicas no ramo contábil, pois, para se tornar um bom
perito, o profissional, além de se manter atualizado quanto à matéria contábil,
também deve conhecer todas as leis que regem a sua profissão.
O perfil do contabilista e da própria Contabilidade como ciência social vem se
modificando para adequar-se ao ambiente em que está inserida, possuindo como
prerrogativa básica a satisfação da necessidade da célula social.
O estudo das nuances que envolvem a atividade da pericial contábil reveste-
se de relevante caráter social, na medida em que as atuações eficazes auxiliarão na
realização da Justiça.
Além disso, com tantas finalidades imputadas à Contabilidade e com o atual
contexto econômico-social, há de se perceber que esta ciência possui um vasto
caminho de oportunidades, sendo que a Perícia Contábil merece o reconhecimento
dos seus usuários pela contribuição que gera para a sociedade em geral.
A prática da atividade pericial contábil vem sofrendo constantes
transformações, ocasionadas, especialmente, por aspectos de ordem legal na esfera
pública.
Dentre essas, pode-se citar a atuação destes profissionais em Processos
Judiciais decorrentes de ajuizamentos de Processos Licitatórios com suspeita de
fraudes, que modificou sensivelmente a forma de produção das provas periciais nas
causas de sua competência, impactando, consequentemente, a atividade do perito-
contador.
Assim, este trabalho objetiva analisar a aplicabilidade e a inserção da prova
pericial contábil nas causas decorrentes de Processos Licitatórios em Procedimentos
Judiciais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 PERÍCIA CONTÁBIL
A Perícia Contábil é concebida como uma atividade de examinar as coisas e
os fatos, reportando sua autenticidade e opinando sobre as causas, essências e
efeitos da matéria examinada. Pode haver em qualquer área, sempre onde existir a
controvérsia ou a pendência, inclusive em algumas situações empíricas.
O objetivo da Perícia é o estado do fato característico e peculiar, que está
sendo objeto de litígio extrajudicial ou judicial, e que ocorre dentro do âmbito de
qualquer uma das ciências em questão, fornecendo mediante um Laudo, Parecer ou
Relatório, em linguagem acessível ao ser humano normal, condições para o
julgamento e apreciação jurídica do fato estudado.
Nos termos do item 13.1.1 das Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC T
13:
“a Perícia Contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e
científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova
necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial
contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a
legislação específica no que for pertinente.”
Para atingir a finalidade a que se propõe, a Perícia Contábil deve seguir
procedimentos previstos legalmente.
A prova pericial é obtida mediante procedimentos determinados pela
Resolução do CFC 858/99 - Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC-T 13.4.1, da
Perícia Contábil:
“Os procedimentos de Perícia Contábil visam fundamentar as conclusões que
serão levadas ao laudo pericial contábil ou parecer contábil, e abrangem total
ou parcialmente, segundo a sua natureza e complexidade da matéria, exame,
vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e
certificação”.
O atendimento aos procedimentos descritos na norma, aliado à observância
dos requisitos pessoais e legais exigidos do perito-contador, credencia a Perícia
Contábil como meio de prova incontestável, possibilitando ao juiz adotar, em cada
caso, a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei
e às exigências do bem comum.
De acordo com (Ornelas, 2000) “o significado da palavra perícia tem o mesmo
significado de prova pericial ou prova técnica”.
12
E mais, o mesmo (Ornelas, 2000) destaca que a perícia contábil é a prova
material por excelência:
“o sistema contábil, como o melhor banco de dados capaz de quantificar
monetariamente fatos econômicos – financeiros das provas admissíveis em
Direito, a perícia é o meio utilizado pelos magistrados e pelas partes para se
convencerem de questões controvérsias e de ordem técnica e científica”.
“A função pressupõe enfrentar determinados aspectos processuais, relativos
ao domínio e o entendimento quanto à produção de prova pericial e, em papel
relevante na qualidade de auxiliar da justiça”.

Logo, infere-se que a Perícia Contábil constitui o conjunto de procedimentos


técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova
necessários a subsidiar à justa solução do litígio, em conformidade com as normas
jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.

2.2 PERITO-CONTADOR
A resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 560/83, de 28 de
outubro de 1983, estabelece as atribuições privativas dos profissionais da
contabilidade as perícias contábeis, judiciais e extrajudiciais, sendo que tais
atribuições são privativas dos contadores, ou seja, o técnico de contabilidade não
poderá exercer tal função.
No mesmo sentido, a Resolução CFC nº 1.243, de 10 de dezembro de 2009,
que aprova a NBC TP 01 – Perícia Contábil, afirma que “a perícia contábil judicial,
extrajudicial e arbitral, é de competência exclusiva de contador registrado no CRC”.
Não obstante, as normas profissionais do Perito Contábil, a Resolução CFC
nº 1.244, de 10 de dezembro de 2009, que aprova NBC PP 01 – Perito Contábil,
também determina que “Perito é o contador regularmente registrado em Conselho
Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal,
devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experiências, da matéria
periciada”.
Não basta, portanto, estar o profissional devidamente inscrito no órgão de
classe competente, mister se faz também que o profissional esteja no pleno gozo e
exercício de seus direitos profissionais.

13
2.3 PERÍCIA JUDICIAL CONTÁBIL
A perícia judicial é aquela realizada no âmbito do Poder Judiciário, por
determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos, e se processa
segundo regras legais específicas.
A principal função da prova pericial é a de converter os fatos técnico-
científicos referentes à lide em certeza jurídica, ou seja, é fundamental provar, de
acordo com este estudo, os fatos contábeis. Deste modo, logo que o magistrado
adquire a certeza jurídica, sobre os fatos da questão, ele pode julgá-la. É por esta
razão que o magistrado não pode tomar decisões através de convicções próprias,
sua convicção é adquirida com base nas provas obtidas nos autos.
Se as provas que o magistrado obtiver não forem suficientes para uma
tomada de decisão, este pode prorrogar o caso até que se obtenham a quantidade
de provas suficientes para a resolução, e, daí, uma opinião final para que não
restem dúvidas com o fechamento da lide. Ao perito também não é permitido
manifestar sua opinião própria a respeito da lide. Ele é um auxiliar da Justiça e sua
função é apenas transmitir os fatos contábeis ao magistrado.
Segundo (Ornelas, 2000) “a função primordial da prova pericial é a de
transformar os fatos relativos à lide, de natureza técnica ou científica, em verdade
formal, em certeza jurídica”. Somente após esta certeza jurídica, é que poderá se ter
uma verdade condizente com os fatos para uma possível resolução.
De acordo com o entendimento do especialista de direito (Theodoro Júnior,
2012) a prova pericial seria “como o meio de suprir a carência de conhecimentos
técnicos de que se ressente o juiz para apuração de fatos litigiosos”.
A prova pericial contábil é uma das espécies do gênero prova pericial que visa
à demonstração da verdade, a formar a convicção do magistrado quanto à existência
dos fatos, pela qual se materializa o trabalho do contador no exercício da função
pericial, no poder judiciário. A prova, materializada no laudo pericial contábil, cria um
vínculo natural com o processo judicial, em razão de sua finalidade primordial, que é
subsidiar o processo decisório do Juiz de Direito.
Segundo (Sá, 2004):
“Perícia Judicial Contábil é a que visa servir de prova, esclarecendo o Juiz
sobre assuntos em litígio que merecem seu julgamento, objetivando fatos
relativos ao patrimônio aziendal ou de pessoas.”

14
Em sua obra “Perícia Contábil” (Ornelas, 2000) citando Milhomens diz que “a
prova tem por finalidade demonstrar a verdade ou não-verdade de uma afirmação.”
Portanto, os fatos em que exista controvérsia dependem de prova a fim de
produzir a convicção necessária ao julgamento da lide pelo magistrado.
Note-se, ainda, que a prova pericial contábil tem como característica
essencial o emprego de conhecimento técnico e científico. Esse é o cerne, a base
da prova pericial, científicos ou técnicos, que a instância a qual se dirige não possui,
ou, ainda que os possua não possa empregá-los especificamente ao caso, seja em
razão do cargo ou em razão do respeito à ética, independência e equidade.
Na seção I do título VIII do livro I do Código de Processo Civil, art.332
apresenta as disposições gerais relativas às provas, é dito que:
“Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
especificados neste código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em
que se funda a ação ou a defesa”.
A prova pericial liga-se à prova documental, seja quando recai sobre o próprio
documento, ou quando se vale de documentos como alicerce do exame pericial, ou
seja, ou o documento é o próprio objeto da perícia ou é elemento de prova dentro da
perícia.
A prova pericial contábil judicial insere-se entre os meios de prova admitidos
pela legislação brasileira e seu objetivo principal é mostrar a verdade dos fatos
acerca do patrimônio de pessoas jurídicas e naturais, públicas e privadas, a fim de
auxiliar o juiz nas questões técnicas que lhe são próprias, como uma maneira de
formar sua convicção, sendo, por este motivo, considerada um meio de prova de
grande valor.
Como relata (Sá, 2004), “a perícia é considerada instrumento de prova para
efeitos judiciais”.
Já (Ornelas, 2000) alerta para o fato de que
“enquanto prova técnica, servirá, apesar de não exclusivamente, para suprir
as insuficiências do magistrado ou dos membros do tribunal arbitral no que se
refere a conhecimentos técnicos ou científicos, propiciando certeza jurídica
quanto à matéria fática”.
Portanto, a perícia judicial contábil nada decide, mas esclarece.

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2.4 PERITO JUDICIAL CONTÁBIL
O Código de Processo Civil (CPC), no título IV em seu capítulo V, cita os
auxiliares da Justiça, entre os quais se encontra o perito.
Quando a prova depender de conhecimento tecnológico e científico contábil, o
juiz, que é leigo na matéria, será assistido por um perito (CPC, art. 421).
E para exercer a função pericial, o contador deve estar dotado de habilidade,
destreza e, principalmente, de conhecimento técnico-científico de Contabilidade.
Sendo auxiliar da justiça, o perito é nomeado por força da confiança do juiz da
causa, sempre que a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico
fora da área jurídica (CPC, art. 145).
A nomeação em juízo independe de qualquer compromisso formal de fiel
cumprimento das atribuições a ele destinadas, pois sua responsabilidade decorre
pura e simplesmente da lei.
É o perito uma pessoa que, pelas qualidades especiais que possui,
geralmente de natureza científica ou artística, supre as insuficiências do juiz no que
tange à verificação ou apreciação daqueles fatos controversos da causa que para tal
exijam conhecimentos especiais ou técnicos.
Suprindo deficiências do juiz, não o substitui, porém, nas suas atividades;
apenas auxilia, isto é, colabora na formação do material probatório.
O ilustre (Ornelas, 2000) destaca algumas qualidades que o perito contábil
deve possuir:
“Deve possuir cultura geral e contábil profunda, que lhe permitam colaborar
com o magistrado na verificação ou apreciação dos fatos contábeis objeto da
lide, de modo a supri-lo daqueles conhecimentos técnicos ou científicos que
este não possua”.

“o perito contábil tem necessidade de aprender algumas noções


fundamentadas quanto ao instituto da prova, qual a função da prova, a quem
compete o ônus da prova, os meios de prova contábeis disponíveis, bem
assim os tipos de prova sobre os quais estará desenvolvendo seu mister”.

Também se deve citar como uma das características essenciais ao perito


contábil: a imparcialidade.

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Ser imparcial é desempenhar a função pericial sem ser tendencioso para
qualquer uma das partes envolvidas no processo judicial, ou como magistralmente
ensina o ilustre mestre (D`Auria, 1962):
“O perito não deve se arrecear de fazer afirmações que contrariem interesses
alheios, portanto ele nada inventa ou imagina, limitando-se a reportar coisas e
fatos autênticos e opinando, sempre, com integral imparcialidade”.

Portanto, a missão do perito não é advogar ou patrocinar a parte que o


contratou ou nomeou, é de fato e simplesmente expor a sua opinião livre sobre os
pontos e questionamentos a cerca da lide e que foram submetidos ao seu exame.

3 LICITAÇÃO: CONCEITO E FINALIDADE


Devido ao reconhecimento da importância do uso eficiente dos recursos
públicos, a Constituição Federal de 1988 trouxe no inciso XXI do art. 37 a previsão
legal que obriga que as obras, serviços, compras e alienações públicas sejam feitas
através de processo licitatório, assegurando igualdade de condições a todos os
concorrentes.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

(....) XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,


serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de
licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

A previsão constitucional foi regulamentada pela Lei Federal nº 8.666, de 21


de junho de 1993, atualizada pelas Leis nº 8.883, de 8 de junho de 1994, 9.648, de
27 de maio de 1998 e pela Lei 9.854, de 27 de outubro de 1999. É a lei geral de
Licitações e Contratos Administrativos.

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Nos seus três primeiros artigos a Lei 8.666/93 estabelece:

Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos


pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e
locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.

Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações,


concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando
contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação,
ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.

A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da


isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e
será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos
da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da
publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhe são correlatos.

A Lei 8.666/93 estabeleceu cinco modalidades de licitação: Concorrência;


Tomada de Preços; Convite; Concurso; Leilão.
Entretanto, a Lei 10.520, de 17 de julho de 2002, instituiu a sexta modalidade
de licitação denominada Pregão, para aquisição de bens e serviços comuns.
Para cada modalidade de licitação há exigências específicas de
procedimentos, formalização do processo e prazos.
Respeitadas as exceções estabelecidas na Lei, o que determina a
modalidade da contratação é o valor do objeto a ser contratado.
É importante salientar que a obrigatoriedade em utilizar as modalidades
Concorrência, Tomada de Preços e Convite, é dada para valores superiores a um
limite estabelecido nas legislações de cada Ente Federativo. Porém, valores abaixo
do limite também podem ser licitados através das modalidades mais complexas,
caso seja necessário, ou seja, pequenas compras podem ser realizadas através de
Concorrência.

18
4 PROCESSOS LICITATÓRIOS
Licitação é um procedimento administrativo, mediante o qual a Administração
Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse.
Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de
atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual
oportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade
nos negócios administrativos.
A demanda globalizante vivida nos últimos anos tem exigido do Estado uma
posição cada vez mais diligente quando o assunto é gastos públicos, notadamente
na aquisição de bens e serviços de terceiros.
Com esse fim, o Estado criou mecanismos que possibilitaram ao gestor o
desprendimento mais eficiente do dinheiro público, através do instituto das licitações.
Vista como um procedimento preliminar de natureza administrativa, realizada
toda vez que a Administração Pública deseja adquirir bens e serviços, realizar obras,
fazer alienações e locações, coloca-se como uma medida preliminar ao contrato,
senão, condição para sua assinatura. Sua finalidade primaz é selecionar a proposta
de contratação mais vantajosa para a Administração Pública conforme os
parâmetros fixados no instrumento convocatório de licitação, ou seja, no edital.
Por esse motivo, a licitação além de possibilitar uma igualdade de
oportunidades entre aqueles que desejam contratar com a Administração, também
permite que seja feita a melhor escolha dentre o universo de fornecedores,
possibilitando a realização da melhor contratação possível para a Administração
Pública, evitando-se assim apadrinhamentos, favorecimentos e perseguições.
Diante disso, pode-se concluir que, por meio da licitação, todos os princípios
expressos na constituição atinentes à Administração Pública, como legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, serão concretizados.
Por isso, faz-se necessário que o procedimento licitatório esteja sempre
vinculado à lei, em obediência ao princípio da legalidade. Seguindo-a, haverá um
tratamento igualitário entre os licitantes, de forma que todos os que se interessar em
participar do procedimento possam fazê-lo, pautando seus atos pela estrita
observância das disposições normativas e visando o interesse público.

19
5 PRINCÍPIOS LICITATÓRIOS
A licitação visa propiciar iguais oportunidades aos que desejam contratar com
o poder público, dentro dos padrões previamente estabelecidos pela administração,
e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos. É o meio
técnico-legal de verificação das melhores condições para a execução de obras e
serviços, compra de materiais e alienação de bens públicos. Realiza-se através de
uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a administração e para os
licitantes, sem observância dos quais é nulo o procedimento licitatório e o contrato
subsequente.
Para que um procedimento licitatório seja bem-sucedido, tem que se observar
os princípios básicos que regem a licitação, qualquer que seja a sua modalidade.
Assim, o processo e julgamento das propostas oferecidas pelos licitantes
inscritos no certame se procederão em estrita conformidade com as várias regras ou
princípios.

5.1 ISONOMIA OU IGUALDADE


Este princípio constitui um dos alicerces da licitação, na medida em que visa,
não apenas permitir à Administração a escolha da melhor proposta, como também
assegurar igualdade de direitos a todos os interessados em contratar. Consagrado
no artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, garante aos concorrentes o direito
de competir em condições comuns a todos, sem distinção ou restrição.

5.2 LEGALIDADE
É o princípio basilar de toda a Administração Pública, pois toda a atividade
administrativa está sujeita aos mandamentos da lei e deles não se pode afastar ou
desviar, sob pena de invalidade. Enuncia que todos os atos pertinentes ao processo
licitatório devem obedecer estritamente ao disposto em Lei, sob pena de nulidade.

5.3 IMPESSOALIDADE
Exige que a Administração trate os administrados sem perseguições e sem
favorecimentos, como consectário do princípio da igualdade de todos perante a Lei.
Todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e
obrigações, devendo a Administração, em suas decisões, pautar-se por critérios

20
objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as
vantagens por ele oferecidas, salvo as expressamente previstas na lei ou no
instrumento convocatório.
Ao obter a proposta mais vantajosa para a Administração, os atos
administrativos devem ser justos, imparciais, não podendo traduzir-se em benefício
ou prejuízo a alguém específico.

5.4 MORALIDADE E PROBIDADE ADMINISTRATIVA


O princípio da moralidade exige da Administração comportamento não
apenas lícito, mas também consoante com a moral, os bons costumes, as regras de
boa administração, os princípios de justiça e equidade, a ideia comum de
honestidade.
A moralidade administrativa constitui, hoje, pressuposto de todo ato da
Administração Pública e se confunde com o dever de probidade do administrador
público, como elemento necessário à legitimidade de seus atos. Regulamenta os
atos dos agentes administrativos, que devem ser compatíveis com a ética, a boa
moral e os bons costumes, na promoção do bem comum.
Esclarece (Motta, 2002) que “o princípio da moralidade obriga à correta
utilização do dinheiro público. Ou seja, os cidadãos têm direito a um governo
honesto”.
Veda-se aos agentes administrativos a prática de atos que caracterizem
lesão, fraude, prejuízo, aos cofres públicos, em proveito próprio ou não.

5.5 PUBLICIDADE
O princípio da publicidade diz respeito não apenas a divulgação do
procedimento para conhecimento de todos os interessados, como também aos atos
da Administração praticados nas várias fases do procedimento, que podem e devem
ser abertos aos interessados, para assegurar a todos a possibilidade de fiscalizar
sua legalidade.
Este princípio possui amparo legal no art. 3°, § 3° da L ei Federal 8.666/93 e
visa a garantir a qualquer interessado o acompanhamento processual e a
fiscalização dos atos da entidade promotora do certame.

21
5.6 VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO
O princípio da vinculação ao instrumento convocatório significa que a
Administração e os licitantes ficam sempre adstritos aos termos do pedido ou do
permitido no instrumento convocatório da licitação, quer quanto ao procedimento,
quer quanto à documentação, às propostas, ao julgamento e ao contrato.
O que significa, uma vez estabelecidas as regras do certame, que se tornam
obrigatórias para aquela licitação durante todo o procedimento e para todos os seus
participantes, inclusive para o órgão ou entidade licitadora.

5.7 JULGAMENTO OBJETIVO


O princípio do julgamento objetivo é o que se baseia no critério indicado no
edital e nos termos específicos das propostas.
É princípio de toda licitação que seu julgamento se apoie em fatores
concretos pedidos pela Administração em confronto com o ofertado pelos
proponentes dentro do permitido pelo edital, afastando o discricionarismo na escolha
das propostas, obrigando os julgadores a se aterem ao critério prefixado pela
Administração, levando sempre em consideração o interesse do serviço público, os
fatores qualidade, rendimento, eficiência, durabilidade, preço, prazo, financiamento,
carência e outras condições pertinentes pedidas ou admitidas pelo edital.

5.8 PADRONIZAÇÃO
Expresso no art. 15, I, da Lei 8.666/93:
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: I - atender ao
princípio da padronização, que imponha compatibilidade de
especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o
caso, as condições de manutenção, assistência técnica e garantia
oferecidas
Explica o jurista (GASPARINI, 2008):
Padronizar significa igualar, uniformizar, estandardizar. Padronização,
por sua vez, quer dizer adoção de um estander, um modelo. A
palavra ‘princípio’ indica o básico, o elementar. Assim deve a entidade
compradora, em todos os negócios para a aquisição de bens,
observar as regras básicas que levam à adoção de um estander, de
um padrão que, vantajosamente, possa satisfazer às necessidades
das atividades que estão a seu cargo.

22
5.8 MOTIVAÇÃO
A Administração Púbica deve mencionar as razões as quais motivaram a
prática dos atos. A motivação é a exposição que antecede o ato. Serve para
caracterizar o ato e mesmo justificá-lo. “A motivação do ato é baliza do administrador
para o Judiciário examinar o ato na sua integridade” (MOTTA, 2002).

5.9 EFICIÊNCIA
Consagrado pela Emenda Constitucional n° 19 de 04/06/1998, art. 3°, impõe à
Administração Pública o dever de dirigir suas ações com a finalidade de conseguir o
melhor resultado, ensejando rapidez, desburocratização, qualidade e eficácia.

5.10 RAZOABILIDADE
Diante da promoção do bem comum, a Administração está impedida de
nortear suas ações com intuito de beneficiar ou prejudicar outrem.
Este princípio norteia as tomadas de ações do administrador público, ao qual
foi conferido discricionariedade no exercício de suas funções, sendo incumbido de
tomar as melhores providências, dentro do que é razoável e do permitido
legalmente.

5.11 LIVRE CONCORRÊNCIA


Elencado no art. 170, IV, da Constituição Federal, garante às empresas
privadas a competição entre si em condições de igualdade.
Significa, segundo (NASCIMENTO NETO, 2009), “a possibilidade de os
agentes econômicos atuarem sem embaraços juridicamente plausíveis, em um dado
mercado, visando à produção, à circulação e ao consumo de bens e serviços, isto é,
a livre concorrência procura garantir que os agentes econômicos tenham
oportunidade de competir de forma justa no mercado.”

5.12 LIVRE ECONOMICIDADE


Este princípio, constante do caput do art.70 da Carta Magna relaciona-se ao
controle dos gastos públicos, devendo a Administração Pública primar pela correta
aplicação do dinheiro público, em quantidade e qualidade, sob o ponto de vista
econômico e buscando o melhor custo-benefício.

23
6 MODALIDADES DE LICITAÇÕES
Uma vez conhecidos os princípios norteadores do procedimento licitatório,
passemos então, a apresentar as modalidades de Licitação.
A Lei nº 8.666, de 21.06.1993, prevê no seu artigo 22, cinco modalidades
básicas de licitações a serem observadas pelo Administrador Público, das quais
escolherá uma para efetivar sua contratação e elaborar o Edital de convocação
pertinente: concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão, sendo que as
três primeiras modalidades serão determinadas em função de limites, tendo em vista
o valor estimado da contratação.
Incluem-se aqui, as modalidades Pregão Presencial e Pregão Eletrônico,
instituídas pelo Decreto Lei n° 10.520, de 17 de julho de 2002.

6.1 CONCORRÊNCIA
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial
de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação
exigidos no edital para execução do seu objeto.
O procedimento da concorrência compreende as seguintes fases: edital,
habilitação, classificação, homologação e adjudicação.
O edital é o ato pelo qual a Administração divulga a abertura da concorrência
ou da tomada de preços, fixa os requisitos para participação, define o objeto e as
condições básicas do contrato e convida a todos os interessados para que
apresentem suas propostas.
Em síntese, é o ato pelo qual a Administração faz uma oferta de contrato a
todos os interessados que atendam às exigências nele estabelecidas. É a lei da
licitação, pois o que nele se contiver deve ser rigorosamente cumprido, sob pena de
nulidade.
O artigo 40 estabelece os requisitos que deve observar o edital, alguns deles
concernindo ao próprio procedimento da licitação (objeto, condições para
participação, forma de apresentação das propostas, critérios para julgamento) e
outros referentes ao contrato (prazo e condições para assinatura do contrato, para
execução e para entrega do objeto da licitação, condições de pagamento e, quando
for o caso, de reajuste de preços, condições de recebimento do objeto da licitação).

24
Na redação do termo do contrato equivalente, nada pode ser inserido em
discordância com o que determina o edital (art. 41).
Na fase de habilitação, a Administração Pública abre, em ato público, os
envelopes contendo a documentação, que deve ser rubricada pelos licitantes
presentes e pela Comissão (§§ 1º e 2º do art. 43). Examinados os documentos,
serão considerados habilitados os licitantes que tiverem atendido às exigências do
edital, não sendo permitido, após o ato público de abertura dos envelopes, a
apresentação ou substituição de documentos. Os licitantes que não estiverem com a
documentação em ordem são considerados inabilitados para participar da licitação e
recebem de volta, fechado, o envelope contendo sua proposta, "desde que não
tenha havido recurso ou após sua denegação" (art. 43, inciso II). Quando todos
forem inabilitados, a Administração poderá dar aos licitantes o prazo de oito dias (ou
três, no caso de convite), para que apresentem nova documentação (art. 48,
parágrafo único).
O § 3º do artigo 43 permite à Comissão ou autoridade superior, em qualquer
fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a
complementar a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento
ou informação que deveria constar originariamente da proposta. O que se pretende
é permitir a adoção de medidas para esclarecimento da própria Comissão ou
autoridade superior, como vistorias, laudos, pareceres técnicos ou jurídicos.
Se nenhum dos licitantes estiver com a documentação em ordem, encerra-se
o procedimento. Basta a habilitação de um licitante para que se dê prosseguimento,
passando-se à fase seguinte, de classificação das propostas, desde que não haja
recurso. Se este foi interposto, terá que ser aguardada sua decisão, já que ele tem
efeito suspensivo (art. 109, I, a, e § 2º).
Os documentos exigíveis para a habilitação estão indicados no artigo 27 da
Lei nº 8.666 e somente podem referir-se à habilitação jurídica, qualificação técnica,
qualificação econômico-financeira, regularidade fiscal e cumprimento do disposto no
inciso XXXIII do artigo 7º da Constituição Federal.
Pelo artigo 37, XXI, da Constituição, somente poderão ser exigidos
documentos referentes à "qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações". Isto não impede que sejam exigidos
documentos referentes à capacidade jurídica, pois a Administração não pode

25
celebrar contratos com pessoa, física ou jurídica, que não comprove ser titular de
direitos e obrigações na ordem civil.
Na terceira fase do procedimento, a Administração faz o julgamento das
propostas, classificando-as pela ordem de preferência, segundo critérios objetivos
constantes do edital.
Essa fase pode ser subdividida em: I - Fase da abertura dos envelopes
contendo as "propostas" dos concorrentes habilitados, que se dá após ter
transcorrido o prazo sem interposição de recurso ou ter havido desistência expressa
dele, ou após o julgamento dos recursos interpostos (art. 43, III); e II - Fase do
julgamento das propostas, que é realizada de acordo com os tipos de licitação, os
critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores
exclusivamente nele referidos (art. 45).
Os tipos de licitação, para essa finalidade, estão previstos no § 1º do artigo 45
e compreendem quatro categorias: a de menor preço, a de melhor técnica, a de
técnica e preço e a de maior lance ou oferta.
Em qualquer modalidade (preço, técnica ou técnica e preço), no caso de
haver empate entre as propostas, aplicar-se-á o artigo 3º, § 2º, que determina seja
dada preferência, como critério de desempate, aos bens e serviços: I - produzidos ou
prestados por empresas brasileiras de capital nacional; II - produzidos no País; III -
produzidos ou prestados por empresas brasileiras. Persistindo o empate, será feito o
sorteio (art. 45, § 2º).
A homologação equivale à aprovação do procedimento. É precedida do
exame dos atos que o integraram pela autoridade competente, a qual, se verificar
algum vício de ilegalidade, anulará o procedimento ou determinará seu saneamento,
se cabível. Se o procedimento estiver em ordem, ela o homologará. A mesma
autoridade pode, por razões de interesse público, devidamente demonstradas,
revogar a licitação.
A adjudicação é o ato pelo qual a Administração, pela mesma autoridade
competente para homologar, atribui ao vencedor o objeto da licitação. É o ato final
do procedimento.

26
6.2 TOMADA DE PREÇOS
É a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou
que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
É aplicada para uma faixa de valor intermediária a partir do limite máximo para o
convite até o valor inicial determinado para a concorrência pública.
A tomada de preços substitui o convite caso seja conveniente para a
Administração.
Não há muita diferença entre o procedimento da concorrência e o da tomada
de preços.
A diferença básica está no prazo de antecedência na publicação do edital,
que é de 15 dias (art. 21, § 2º, III) e na fase de habilitação. Ela é feita antes do
procedimento da licitação, para os inscritos no registro cadastral; e é feita durante o
procedimento para os que apresentarem a documentação necessária ao
cadastramento "até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação" (art. 22, § 2º). A qualificação aí referida é a de
que trata o artigo 27.
Assim, no curso do procedimento, se somente se inscreverem licitantes
cadastrados, a Comissão encarregada da licitação limitar-se-á a examinar o
certificado de registro cadastral, para verificar sua validade, quer no que se refere ao
prazo, quer no que se refere à categoria do licitante em relação às exigências da
licitação.
Se outros se apresentarem sem o certificado, mas com a documentação
exigida para esse fim até o terceiro dia útil anterior ao recebimento das propostas, a
Comissão, na fase de habilitação, deverá examinar essa documentação.
Quanto ao mais, as fases são as mesmas da concorrência.

6.3 CONVITE
É a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu
objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três)
pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente

27
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e
quatro) horas da apresentação das propostas.
É facultada a publicação dos avisos contendo os resumos dos editais do
convite.
O prazo mínimo até o recebimento das propostas será de 5 dias úteis.
É obrigatória a justificativa no processo, sob pena de repetição do convite,
quando, por limitações de mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, não
se puder obter o número mínimo de licitantes. Existindo na praça mais de três
possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou
assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto
existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.
No convite, o procedimento é simplificado: a convocação dos licitantes é feita
por escrito, com cinco dias úteis de antecedência, mediante carta-convite dirigida a
pelo menos três interessados, escolhidos pela unidade administrativa, e mediante
afixação, em local apropriado, da cópia do instrumento convocatório, sendo
facultada, ainda, a publicação no Diário Oficial.
Recebidos os envelopes com as propostas, seguem-se a classificação, a
adjudicação e a homologação.

6.4 CONCURSO
O Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados, para
escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios
ou remuneração aos vencedores.
A Lei nº 8.666 não estabelece o procedimento a ser adotado no concurso,
remetendo sua disciplina a regulamento próprio, específico para cada concurso.
Apenas consta da lei que o edital deve ser publicado com 45 dias de
antecedência (art. 21, § 2º, I, a) e que o regulamento deverá indicar: I - a
qualificação exigida dos participantes; II - as diretrizes e a forma de apresentação do
trabalho; III - as condições de realização do concurso e os prêmios a serem
concedidos (art. 52, § 19).

28
6.5 LEILÃO
O Leilão é a modalidade de licitação para a venda de bens móveis inservíveis
para a Administração e mercadorias legalmente apreendidas ou penhoradas,
realizada entre quaisquer interessados para a venda destes bens, a quem oferecer o
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
Também com relação ao leilão, a Lei nº 8.666 não estabelece o procedimento
específico, remetendo a matéria à "legislação pertinente" (art. 53).
O leilão pode ser feito por leiloeiro oficial ou servidor designado pela
Administração (art. 53); os bens serão pagos a vista ou no percentual estabelecido
no edital, não inferior a 5%; após a assinatura da ata lavrada no local do leilão, os
bens serão entregues ao arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do restante
no prazo previsto no edital, sob pena de perder em favor da Administração o valor já
recolhido (art. 53, § 2º).
Conforme § 4º do artigo 53, o edital do leilão deve ser amplamente divulgado,
principalmente no município em que se vai realizar.

6.6 PREGÃO
O Pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços
comuns, qualquer que seja o valor estimado, onde a disputa pelo fornecimento é
feita por meio de propostas e lances em sessão pública ou por meio eletrônico.
O pregão é absolutamente peculiar, com duas características fundamentais.
Uma consiste na inversão das fases de habilitação e julgamento. Outra é a
possibilidade de renovação de lances por todos ou alguns dos licitantes, até chegar-
se à proposta mais vantajosa. Em segundo lugar, o pregão comporta propostas por
escrito, mas o desenvolvimento do certame envolve a formação de novas
proposições ("lances"), sobre forma verbal (ou, mesmo, por via eletrônica). Em
terceiro lugar, podem participar quaisquer pessoas, inclusive aqueles não inscritos
em cadastro.
O Pregão tem uma peculiaridade em relação ao seu objeto, pois estes só
podem ser bens e serviços de uso comum, cujos padrões de desempenho e
qualidade possam ser objetivamente definidos em edital, sendo vedada a utilização
para bens e serviços de engenharia, locações imobiliárias e alienações, onde os
licitantes serão selecionados e convidados a participar de uma etapa de disputa, na

29
qual serão oferecidos novos preços através de lances sucessivos e verbais (Pregão
presencial) ou por meio eletrônico (Pregão eletrônico), até a obtenção da melhor e
mais vantajosa proposta à Administração.

7 TIPOS DE LICITAÇÃO
Além de prever as modalidades de licitação, a Lei 8.666/93 estabelece em
seu art. 45, os tipos de julgamento das propostas, que devem ser previamente
estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele
referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de
controle. Os critérios podem ser por menor preço; melhor técnica; técnica e preço ou
maior lance ou oferta.
A definição do tipo de licitação a ser utilizado traz reflexos não apenas sobre o
julgamento das propostas, mas principalmente na fase externa do procedimento
licitatório, àquela que melhor servir aos objetivos da licitação, dentro do critério de
julgamento estabelecido no edital ou convite.

7.1 MENOR PREÇO


A licitação do tipo menor preço se concentrará nas questões econômico-
financeiras, isto é, a Administração está procurando tão somente a proposta mais
vantajosa pelo menor custo possível. Aqui o critério de julgamento é o preço, que
deve ser entendido segundo uma ótica econômica. Isto é, a licitação de menor preço
não impõe a Administração contratar o mais “barato”, mas sim o mais vantajoso
economicamente.
O melhor preço para a Administração está diretamente relacionado com o
menor desembolso por parte da Administração. Assim, não há vício ou defeito em se
examinar questões técnicas para definir o melhor preço.

7.2 MELHOR TÉCNICA


Na Melhor Técnica, selecionará o proponente melhor qualificado para
execução de uma técnica para atingir um determinado fim. O que a Administração
pretende é a obra, o serviço, o equipamento ou o material mais eficiente, mais
durável, mais aperfeiçoado, mais rápido, mais rentável, mais adequado, enfim, aos
objetivos de determinado empreendimento ou programa administrativo. Em face

30
desses objetivos, é lícito à Administração dar prevalência a outros fatores sobre o
preço, porque nem sempre se pode obter a melhor técnica pelo menor preço. Este
tipo de licitação baseia-se no exame de outros aspectos que não só os de natureza
econômica, tais como aspectos metodológicos, tecnológicos, científicos, ou seja, de
natureza não econômica. Por isso, a licitação onde o julgamento envolva questões
técnicas implica procedimento mais complexo do que nas de menor preço.

7.3 TÉCNICA E PREÇO


Na Técnica e Preço será selecionada a proposta que alcance a maior média
ponderada das valorizações das propostas técnicas e de preço, de acordo com os
pesos pré-estabelecidos. Esse tipo de licitação permite a conjugação dos fatores
qualidade, rendimento, preço, prazo e outros relevantes ao objeto da licitação,
previstos no edital, para obtenção da proposta mais vantajosa, em face do critério de
julgamento estabelecido no ato convocatório. A classificação é feita pela média
ponderada das valorizações das propostas técnicas e de preço, de acordo com os
pesos preestabelecidos no instrumento convocatório.

7.4 MAIOR LANCE OU OFERTA


No Maior Lance ou oferta vence o licitante que fizer a melhor proposta quando
da alienação de bens ou concessão de direito real de uso.

8 REGISTRO DE PREÇOS
De acordo com o art. 15 da Lei 8.666/93, as compras, sempre que possível,
deverão ser processadas através de sistema de registro de preços. Este consiste em
uma forma de contratação, onde a administração pública promove uma concorrência
para estabelecer preços para itens que virá a necessitar, gerando para o fornecedor
vencedor uma expectativa de venda de acordo com a necessidade futura da
administração, até o limite do quantitativo previsto no processo licitatório.
Este modelo traz características bastante positivas para a administração
pública, tais como, a redução significativa de gastos com gestão de grandes
estoques e a não necessidade de disponibilizar um grande volume de capital em
uma única compra, haja vista que estas serão realizadas de forma paulatina,
atendendo a cada necessidade que venha a surgir.

31
9 INEXIBILIDADE E DISPENSA DE LICITAÇÃO
Apesar do ordenamento jurídico brasileiro ter referendado a licitação como
regra para a contratação, por parte da Administração Pública, este prevê exceções
nas quais a contratação pode ser realizada de forma direta. As previsões transcritas
tanto no art. 17, quanto no art. 24 da Lei 8.666/93, só devem ocorrer por razões de
interesse público e nos casos expressamente previstos.
Uma das formas de contratação direta é a inexibilidade de licitação, que tem
como característica o fato de que a licitação não é possível, haja vista que um dos
possíveis competidores possui qualidades que atendem de forma exclusiva às
necessidades da administração pública, inviabilizando os demais participantes. A
utilização deste dispositivo deverá obedecer a comprovação de exclusividade em
relação a especificação do item a ser contratado, sendo vedada a indicação de uma
marca específica quando houver mais de uma que atenda as exigências descritas
no item.
Outra forma de contratação direta é através da dispensa de licitação, que tem
como característica o fato de que a licitação é possível, entretanto não se realiza por
conveniência administrativa. Para caracterizar a dispensa, a Lei 8.666/93, no seu art.
24, enumerou 24 situações que tornam facultativo o processo licitatório. Fatores
como emergência e a relação custo-benefício, são exemplos do que deve ser levado
em consideração na opção deste tipo de contratação. Acrescenta-se neste ponto, a
previsão legal do art. 24, I e II da Lei 8.666/93, a qual faculta à Administração
Pública a dispensa de licitação nas contratações de compras e serviços cujos
valores estejam estimados até o limite de R$ 8.000,00 (oito mil reais), e de obras e
serviços de engenharia que não ultrapassem o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil
reais) – procedimento comumente conhecido como “compra direta”.
O artigo 24 elenca ainda, hipóteses em que a licitação é dispensável,
devendo o administrador público valer-se dessas prerrogativas somente quando os
fatos enquadrarem-se às disposições previstas em lei, ante apresentação de
justificativa. Tal ato será então, devidamente autorizado e ratificado pela autoridade
superior e publicado na imprensa oficial, sob pena de nulidade.
Outro ponto que merece destaque no presente trabalho é a licitação
inexigível, prevista no art. 25 do mesmo diploma legal. Trata o referido artigo, dos

32
casos em que há inviabilidade de competição, impossibilidade de concorrência,
como nos casos de contratação de serviços ofertados por empresa exclusiva.
Explica (GASPARINI, 2008) sobre a inexigibilidade de licitação:

“A inexigibilidade também difere da licitação dispensada. Na inexigibilidade a


Administração Pública não pode realizar a licitação por razão fática, enquanto
na licitação dispensada a Administração Pública não pode promover a
licitação por determinação legal.”

10 IRREGULARIDADES NAS LICITAÇÕES


A atividade administrativa se encontra sujeita aos controles externo e interno.
Este é efetuado pela própria Administração Pública, tendo em vista seu poder de
autotutela.
Faz-se mister observar que à autoridade competente incumbe zelar pela
implantação do controle interno e por sua atuação de modo eficiente, permitindo não
só controlar a execução da despesa, mas também otimizar a utilização dos recursos,
com resultados para toda a Administração Pública, em respeito ao prescrito no art.
74, II, da Constituição da República/88.
Ao mesmo tempo, há o controle externo da licitação que é exercido por
diferentes órgãos e pelos cidadãos.
Nesse sentido, tal fiscalização pode ser desempenhada pelo Ministério
Público, de acordo com o art. 129 da CR/88, pelo Poder Legislativo, que pode se
valer, também, de comissão parlamentar de inquérito, pelos Tribunais de Contas,
nos termos do art. 71 da CR/88, e pelo Poder Judiciário.
É importante a participação da sociedade para o controle da probidade dos
procedimentos licitatórios, tendo o controle social sido expressamente previsto pelo
legislado constitucional, conforme o art. 74, § 2º, da CR/88, aplicável a todos
Tribunais de Contas, in verbis:

Art. 74. [...] § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é


parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades
perante o Tribunal de Contas da União.

33
A identificação de fraudes em licitação exige que seja dada a devida
observância à formalização do processo, mediante a análise do edital, dos
documentos apresentados pelos concorrentes e de toda a documentação relativa
aos procedimentos realizados, dispensando-se especial atenção às irregularidades
detectadas.
Além disso, é necessário atentar para o contexto real do processo licitatório,
isto é, verificar aspectos como a demonstração da necessidade de contratar por
parte da autoridade administrativa, o valor do contrato em comparação com os
valores de mercado, o cumprimento do objeto contratado.

11 PROCEDIMENTOS JUDICIAIS
Os crimes contra a licitação dispostos na Lei 8.666/93 são crimes de ação
penal pública incondicionada.
Ao seu processamento e julgamento, assim como nos recursos e nas
execuções que lhes digam respeito, aplica-se subsidiariamente, o Código de
Processo Penal e a Lei de Execução Penal.
Os procedimentos judiciais são revelados desde o acontecimento da fraude
até o julgamento e a sentença, conforme artigos 100 a 108 da Lei 8.666/93.
Por serem crimes de ação penal pública incondicionada, cabe ao Ministério
Público promover a referida ação por meio de denúncia.
Contudo, qualquer pessoa pode e deve provocar a iniciativa do Ministério
Público, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem
como as circunstâncias em que se deu a ocorrência.
A provocação do Ministério Público também pode ser feita por magistrados,
membros dos Tribunais ou Conselhos de Contas ou titulares dos órgãos integrantes
do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes, quando verificarem a
existência destes crimes em autos ou documentos de que conhecerem. Neste caso,
remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao
oferecimento da referida denúncia.

34
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A falta de conhecimento técnico e científico em áreas específicas dificulta o
trabalho do judiciário na tomada de decisões. Muitas vezes, informações, fatos e
dados sem fundamentação e sem comprobabilidade, são levados aos autos e
podem propiciar equívocos na tomada de decisões. É neste momento que surge a
necessidade e caracteriza-se a importância do perito judicial para levar aos autos a
prova com base em informações técnicas, no formato do laudo pericial.
Nos procedimentos judiciais decorrentes de processos licitatórios, caso a
matéria do processo seja mais complexa e não seja de claro entendimento do juiz,
este remete a causa à análise de uma Perícia Contábil, exercida pelos peritos
contábeis, preferencialmente com especialidade na matéria, que em conjunto com
advogados e juízes atuam nestes processos judiciais.
A Perícia Contábil deve adequar-se a essa nova ordem, conciliando as
determinações das Normas Brasileiras de Contabilidade quanto aos procedimentos
a serem adotados pelo Direito Administrativo, norteador das Licitações Públicas.
A necessidade de articulação entre os procedimentos da Perícia Contábil e os
critérios estabelecidos pelo Direito Administrativo (Licitações e Contratos
Administrativos) justifica-se pelo grande número de causas de competência dessa
matéria, pois há um vasto mercado de trabalho inserido neste espaço, o qual não
pode ser preterido pelo profissional contábil.
A identificação deste novo ambiente de atuação do contador constitui-se em
condição inicial à adequação do profissional às novas perspectivas impostas.
Cabe ao profissional contábil, portanto, interagir-se e adequar-se a essa
matéria, sob pena de ver desprestigiado e relegado importante instrumento da
Justiça: a Prova Pericial Contábil.

35
13 BIBLIOGRAFIA

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D’AURIA, Francisco. Revisão e perícia contábil (parte teórica). São Paulo: Editora
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Juruá, 2011.

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Fundamentais. 3.ed. Curitiba: Juruá, 2003.

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Paulo: Saraiva, 1983.

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direito processual civil processo de conhecimento. 53. ed., rev. e atual. Rio de
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37
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso
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______. Decreto Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da


União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para
aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm>. Acesso em: 05 jun.
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______. Decreto Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de


Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda-livros, e dá
outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/Del9295.htm>. Acesso em: 05 jun. 2014.

______. Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998. Modifica o regime e


dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e
agentes políticos, controle de despesas e finanças públicas e custeio de
atividades a cargo do Distrito Federal, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm>.
Acesso em: 05 jun. 2014.

______. Lei Federal nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de


Processo Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869compilada.htm>. Acesso em: 05 jun.
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm>. Acesso
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______. Lei Federal nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Dispõe sobre as sanções
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exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública
direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm>. Acesso em: 05 jun. 2014.

______. Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37,


inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos
da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm>. Acesso em: 05 jun. 2014.

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8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8883.htm>. Acesso em: 05
jun. 2014.

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no 3.890-A, de 25 de abril de 1961, no 8.666, de 21 de junho de 1993, no 8.987, de
13 de fevereiro de 1995, no 9.074, de 7 de julho de 1995, no 9.427, de 26 de
dezembro de 1996, e autoriza o Poder Executivo a promover a reestruturação
da Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de suas subsidiárias e dá
outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9648cons.htm>. Acesso em: 05 jun. 2014.

______. Lei Federal nº 9.854, de 27 de outubro d 1999. Altera dispositivos da Lei


no 8.666, de 21 de junho de 1993, que regula o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: <
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