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4 Estágios do Cabalista: Estudo, Trabalho sobre si, Meditação e Contemplação.

Quando compreendermos as Escrituras da Torah como parte do desenvolvimento do nosso Ser


Integral, saberemos quem é o EU SOU, aquele que É. Nesse momento não existe mais
separação entre o observador e o observado, ambos são um. É a Unidade Pura, Echad.

O propósito dos estudos da Cabala não é produzir estados alterados de consciência através de
práticas extáticas pré-estabelecidas, e sim, despertar a nossa própria consciência através da
inspiração natural, que só pode ser desenvolvida a partir de quatro estágios: Estudo, Trabalho
sobre si, Meditação e Contemplação. Fora disso é mistificação popular e alimento para o ego.

O estudo é a parte fundamental do trabalho do cabalista, ele é o propósito da busca pelo


conhecimento de quem realmente EU SOU. É através do estudo que eu amplio minhas
faculdades intelectuais e desperto a capacidade de questionamento sobre a vida e a realidade
das coisas.

Sem estudo é praticamente impossível desenvolver a sensibilidade necessária para


compreender os sinais ao longo de nossa jornada. “A tua palavra é lâmpada que ilumina os
meus passos e luz que clareia o meu caminho.” Salmos 119.105

O trabalho sobre si compreende o autoconhecimento, fora dele não há libertação. Para o


cabalista, conhecer-se a si mesmo é tarefa fundamental para o seu desenvolvimento integral
através da Cabala.

Como é possível compreender as coisas metafísicas sem compreendermos primeiro o


mecanismo em que nos encontramos engendrados? Estamos em Malchut, a realidade
concreta, o mundo da ação, e com isso é preciso conhecer como a máquina trabalha e interage
com o meio ambiente.

O autoconhecimento não fala somente a respeito do corpo humano de forma fisiológica, mas
também deve ser observado as emoções, os sentimentos, as pulsões instintivas e a natureza
dos pensamentos. “Conhece-te a ti mesmo e serás como os Deuses.” Oráculo de Delphos.

Quanto à meditação, consiste em estar presente. Essa é a menor e a mais abrangente


definição da palavra. Meditar para os cabalistas é diferente do meditar para os orientais, é
como diz o salmista: “Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de
noite.” Salmos 1.2 - Meditar é ruminar, digerir, buscar compreender aquilo que foi proposto
para uma profunda reflexão em total estado de presença.

Após o período de reflexão, vem o próximo estágio, a contemplação, como a própria palavra
se define, estar em templo – “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo,
que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” I Coríntios 6.19

Na contemplação procuramos esvaziar-se de qualquer forma de raciocínio, buscando no


silêncio e na quietude a abertura de espaço para receber as substâncias mais sutis do universo.
É impossível impedir que os pensamentos venham, mas devemos apenas observá-los como
expectadores diante do palco da vida. Para isso, é recomendado algumas práticas cabalísticas
como contemplar as letras e as suas combinações, utilizar algum mantra como por exemplo, a
palavra “Shemá” inspirando e expirando entre outros métodos de trazer a atenção para o
centro de si mesmo.

Através da prática disciplinada desses quatro estágios, desenvolvemos o nosso Ser Integral,
que corresponde à unidade dos quatro mundos: Atzilut-Emanação, Briá-Criação, Ietsirá-
Formação e Assiá-Ação. A dimensão do grande EU SOU – IHWH, o Sagrado Tetragramaton, a
quarta dimensão. Como os alquimistas em busca da Pedra Filosofal: Saber, Querer, Ousar e
Calar.

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