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Experimento 1:

Termistor.

Disciplina: BC1507 – Instrumentação e Controle.

Discentes:
Fernando Henrique Gomes Zucatelli
Lucas Sardinha de Arruda
Pedro Caetano Oliveira

Turma: A/Diurno

Profº. Dr. Rodrigo Jacobe


Rodrigues

Santo André, 02 de Março 2011.


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1. OBJETIVOS
Entender o funcionamento da Ponte de Wheatstone e seu uso para obter
experimentalmente a curva característica de um sensor. Com o levantamento dessa
curva confirmar a viabilidade do uso do dispositivo (termistor) para a medida de
temperatura e analisar a influência do tempo de resposta de um sensor

2. PARTE EXPERIMENTAL

Figura 1 – Montagem experimental.

Sendo R1 e R2 resistores comuns e cuja resistência, medida através de um


multímetro na função ôhmica, vale 9,93 kΩ.
A Ponte foi montada e alimentada com tensão 5V constante e inicialmente foi
“zerada” (leitura de tensão no voltímetro de 0V) com o termistor no ar. Promoveu-se
um pequeno aumento na temperatura do termistor e pôde-se verificar que ele era do
tipo NTC, já que a tensão na ponte aumentou.
Em seguida o sensor foi mergulhado no béquer com água juntamente com um
termômetro de mercúrio e novamente a ponte foi zerada sendo a resistência do
potenciometro de 6,44 kΩ.
O resistor de potência foi colocado na água e ligado à fonte de alimentação sob
a tensão de 20V.
Os valores de temperatura e tensão foram anotados enquanto a água aquecia
para criar uma curva de tensão em função da temperatura (V(T)). Em seguida, a
fonte foi desligada e anotados ambos os valores em função do tempo enquanto a
água resfriava.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com os dados da tensão e da temperatura foi possível plotar um gráfico


relacionanda-as, permitindo a comparação com o datasheet, após posterior
conversão da tensão para resistência.
Tabela 1 – Dados do aquecimento de um resistor em solução aquosa.
Dados Aquecimento
Temperatura (ºC) Tensão (V) Temperatura (ºC) Tensão (V)
28 -0,086 42 0,541
29 0,008 43 0,62
30 0,033 44 0,638
31 0,122 45 0,698
32 0,157 46 0,704
33 0,211 47 0,823
34 0,267 48 0,841
35 0,356 49 0,779
36 0,339 50 0,812
37 0,372 51 0,878
38 0,29 52 0,98
39 0,578 53 0,994
40 0,533 54 1,094
41 0,563 55 1,077

Figura 2 – Gráfico da tensão na ponte em função da temperatura do dado pelo termômetro.


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Percebe-se que entre as temperatura de 39°C e 41°C houve uma redução da


tensão medida e o gráfico apresentou um salto, neste instante, durante a tentativa
de leitura do termômetro, acabou-se deslocando-se o termistor de posição afetando
sua leitura e prejudicando a medida.
Para a conversão de tensão para resistência, baseando-se no conceito da
ponte de Wheatstone, tem-se que:
 Rs R4  Vs  Rs R4 
Vs = E  − ⇒ = −  (1)
 R1 + R3 R2 + R4  E  R1 + R3 R2 + R4 

Substituindo os valores e isolando R4, obtém-se:


63, 492 − 162,554 A
R4 = (2)
9, 99 + 15, 77 A

Em que A é a razão Vs/E.


De acordo com o gráfico da Figura 3 a resistência do termistor diminui com o
aumento da temperatura e pode ser aproximada a uma redução linear conforme
denota o coeficiente R2 = 0,9564 calculado com uso do software Microsoft Excel.

Comportamento termistor em função da Tempetura

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7
Resistência (k ohm)

6
5
4
3
2
1
0
25 30 35 40 45 50 55 60
Temperatura (°C) y = -0,1608x + 10,767
R2 = 0,9594

Figura 3 – Gráfico da resistência do termistor em função da temperatura.

A seguir, apresenta-se a curva de funcionamento do termistor fornecida pelo


fabricante através da datasheet.
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Figura 4 – Gráfico das curvas de funcionamento do termistor, segundo o fabricante.

Pode-se perceber, através da comparação entre a Figura 3 e a, que o termistor


utilizado apresenta um comportamento bastante próximo à reta 2 desse gráfico,
permitindo concluir que se trata de um Miniature Beads RS lote no.151-142.
Após o aquecimento do resistor, foi realizada a segunda parte do experimento,
que consistia na análise da resposta do sensor a diminuição da temperatura. Onde
foram utilizados os seguintes valores para construção do gráfico. (Figura 5.)
Tabela 2 – Dados do resfriamento do sensor.
Dados Resfriamento
Tempo (s) Temperatura (ºC) Tensão (V) Tempo (s) Temperatura (ºC) Tensão (V)
30 54,0 0,967 360 48,0 0,747
60 53,5 0,942 390 47,5 0,732
90 53,0 0,907 420 47,0 0,751
120 52,0 0,887 450 46,5 0,708
150 51,5 0,867 480 46,0 0,700
180 51,5 0,856 510 46,0 0,674
210 50,0 0,839 540 45,5 0,672
240 50,0 0,845 570 45,0 0,637
270 49,0 0,821 600 45,0 0,627
300 49,0 0,782 630 44,5 0,619
330 48,5 0,767 660 44,0 0,600
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Comparação de resposta no resfriamento termometro e


termistor

400,0

300,0

200,0 T (K)
Tensão (V) x 200
100,0

0,0
0 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (s)

Figura 5 – Gráfico comparativo da resposta do termistor com o termômetro. (Os valores de tensão
estão multiplicados por um fator de x200 para melhor visualização de seu comportamento).

No experimento realizado foi utilizado somente o termistor do tipo NTC, este


termistor tem por característica a diminuição da resistência com o aumento da
temperatura, e isto foi verificado no decorrer do experimento. Analisando-se os
gráficos do data sheet pode-se notar que a diferença entre o termistores do tipo PTC
e NTC reside na maior faixa de comportamento linear do NTC sobre o PTC,
permitindo maior precisão.
O experimento foi importante para comprovar a eficácia do uso deste termistor
para o sensoriamento dentro do intervalo de temperatura testado, principalmente por
se comportar numa região linear.
O controle automático da temperatura da água baseada no uso do termistor
está representado na Figura 6. O valor da temperatura é ajustado no potenciometro
da ponte de Wheatstone. O sistema trabalha de forma a corrigir a diferença de
tensão na ponte indicando que o termistor está com a resistência ajustada no
potênciomento e consequentemente está sujeito a respectiva temperatura da água.
A regulagem da temperatura é feita alterando-se a tensão a qual a resistência de
aquecimento está submetida, está tensão pode ser controlada por outro
potenciometro.

Figura 6 – Diagrama de blocos para controle automático da água com uso de termistor
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O parâmetro β é dado por (3) deduzida a partir do Data Sheet:


β β   T1 −T2  
 −  R   T T
β    T −T  R   TT  R 
R2 = R1.e  T2 T1 
⇒ 2 = e  2 1 
⇒ β  1 2  = ln  2  ⇒ β =  2 1  .ln  2  (3)
R1  T2T1   R1   T1 − T2   R1 

Onde R é dado em Ω e T em Kelvin.


De acordo com a Tabela 3 para T2, R2 valores finais medidos e R1, T1 valores
iniciais medidos, o parâmetro β foi calculado em 4234,0 K.
Tabela 3 – Valores utilizados para o cálculo do parâmetro β.
T2 (K) T1 (K) R2 (kΩ) R1 (kΩ) β (K)
328,0 301,0 2,17 6,91 4234,0

Outra forma de se calcular o parâmetro β é ajustando uma reta ao ln (R) e a


inverso da temperatura (1/T) dos pontos coletados conforme exive a Figura 7.

ln R(ohm)
Parâmetro Beta como coeficiente da reta ln(R) em função de 1/T
Linear (ln R(ohm))
9
8,8
8,6
8,4
ln R

8,2
y = 3981,4x - 4,4044
8
R2 = 0,9752
7,8
7,6
0,003 0,00305 0,0031 0,00315 0,0032 0,00325 0,0033 0,00335
1/T (1/Kelvin)

Figura 7 – Gráfico de ln(R) em função do inverso da temperatura.

De acordo com a aproximação linear calculada pelo Excel para o conjunto de


pontos representativos dos dados coletados, o coeficiente angular da reta é 3981,4
que é bem próximo do valor calculado com uso da equação (3). A diferença é de
aproximadamente 6%.
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4. CONCLUSÃO
Conclui-se que o termistor é um sensor quando acoplado a um ponte de
Wheatstone e apresenta uma região linear no intervalo entre 29°C e 55°C.
Seu intervalo de funcionamento é importante não apenas para garantir a
integridade do aparelho, mas também para permitir a confiabilidade dos dados, já
que o comportamento do termistor pode variar em determinados intervalos.
Esse comportamento também é importante, já que define a diferença entre o
tipo NTC, mais preciso, e o PTC, menos preciso.
Os dados levantados estão de acordo com os dados da referência do Data
Sheet para um termistor NTC, apesar das medidas terem sido um pouco imprecisas
devido à dificuldade de fixar os instrumentos de medição e o resistor responsável
pelo aquecimento, além da distribuição não igualitária do calor.
O parâmetro β está de acordo com o valor pesquisado para um termistor do
tipo NTC, segundo a tabela 6.2 da referência [1]

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] BALBINOT, Alexandre; BRUSAMARELLO, Valner J. Instrumentação e
fundamentos de medidas. Rio de janeiro: LTC, 2006. V.1. p. 286-290
[2] RS Data Sheet Thermistors. RS Components

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