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1.

Movimento Harmônico Simples

A oscilação é o movimento alternado de algo (uma partícula) que fica


indo e voltando para as mesmas posições repetidas vezes. Quando isso
ocorre, diz que é um movimento oscilatório. Quando a amplitude não é muito
alta, se diz que o movimento é harmônico simples.

Por que ocorre a oscilação? Na mecânica, quando uma partícula está


presa a algo como uma mola ou um pendulo, após a aplicação de uma força
externa, se qualquer perda de energia for desconsiderada, a força da mola (por
exemplo) irá fazer com que a partícula retorne ao inicio, e então fique
oscilando. A figura 1 mostra como isso ocorre.

Figura 1: Esquema de oscilação em mola

FONTE: Adaptado do Freedman


Essa força da mola é também chamada de força restauradora. Quando
ocorre uma oscilação, dois termos que se tornam importantes são o período e
a freqüência.

O período é o tempo que demora para a partícula completar 1 ciclo. Na


figura 2, a partícula percorre o seguinte caminho: Ela sai do ponto 0, segue
para 3 metros (seta vermelha), retorna para o ponto zero (seta azul), segue
para o ponto -3 metros (seta amarela) e então finalmente retorna para o ponto
zero (seta verde). O período é o tempo que demora para que ela percorra todo
esse caminho.

Figura 2: Ciclo de oscilação

Sendo o período o tempo, ele é dado em segundos e expresso pelo


termo 𝑇.

Já a freqüência é a quantidade de ciclos por segundo. Vamos supor, que


para completar o ciclo da figura 2 demore 1 segundo, logo a freqüência será de
1 ciclo por segundo. Porém, e se demorar 2 segundos? Então a freqüência
será de meio ciclo por segundo. Se demorar 10 segundos para completar, será
de 0,1 ciclo por segundo. Percebe-se que a freqüência é o inverso do período,
de forma que:

1 1
𝑓= →𝑇=
𝑇 𝑓

E a freqüência é dada em 1/𝑠 ou 𝐻𝑧 (Hertz). Além disso, quando


trabalhamos com oscilações, a trigonometria (seno, cosseno) é usada, pois ela
descreve movimentos cíclicos, de forma que é necessário trabalharmos com
valores em radianos (angulação, e valores de velocidade angular). Cada 90º
1
graus em uma circunferência equivalem a 2 . 𝜋, de forma que 360º equivalem a

2. 𝜋 . De forma então, que a quantidade de radianos por segundo


(𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟) que uma partícula percorre passa a ser simplesmente a
freqüência vezes 2𝜋.

𝜔 = 2𝜋𝑓

A figura 3 mostra uma circunferência e um ciclo na mesma.

Figura 3: MHS

Observe que a bolinha branca é a bolinha real (presa na mola, por


exemplo), porém o movimento é descrito em termos da bolinha azul imaginária
de forma que possamos trabalhar com valores de seno e cosseno.
1.1. Dedução das equações de distância, velocidade e aceleração

A figura 4 mostra uma bola presa no ponto Q em um disco. O disco gira


com velocidade angular 𝜔 constante, fazendo a bola girar com o movimento
circular uniforme.

Figura 4: (a) velocidade; (b) aceleração

FONTE: Adaptado do Freedman


Precisamos determinar a posição da partícula em cada instante no eixo
horizontal x. Para isso, olhamos a figura 4 (b). Percebe-se que, enquanto o
ponto 𝑄 se desloca no perímetro da circunferência, o ponto 𝑃 se move no eixo
horizontal de forma a ser SEMPRE um cateto da hipotenusa de 𝑄 (Raio da
circunferência). O raio da circunferência é chamado de AMPLITUDE 𝐴, pois é o
valor máximo onde a partícula vai antes de retornar. Sendo assim, a distância x
(sempre menor ou igual a 𝐴), é descrita simplesmente por:

𝑥 = 𝐴. cos 𝜃

Onde 𝜃 é o ângulo momentâneo da partícula. Que ângulo é esse? Esse


ângulo está se movendo a cada segundo, afinal a partícula está se
movimentando. Já vimos que a partícula se move com velocidade angular tal
que:

𝜔 = 2𝜋𝑓

Ou seja, a cada segundo, a partícula anda 2𝜋𝑓 de radianos. Além disso,


vamos supor na figura 5 que a partícula começou em um valor x tal que:

(a)

(b)

Figura 5: (a) inicio no eixo (b) círculo de referência


Sendo assim, o ângulo inicial é dado como 𝜃𝑜 . Logo, se a velocidade
angular 𝜔 é constante, a posição para cada instante é descrita como, a posição
inicial mais o quanto variou (ou seja, a velocidade angular (radianos por
segundo) vezes o tempo (segundos), pois dá o quanto de radiano que mudou
no intervalo de tempo dado):

𝜃 = 𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜

De forma mais simples, também pode ser descrito através da já


conhecida derivada. Analogamente a MRUV, a velocidade (nesse caso
angular) é a taxa de variação da posição (nesse caso o ângulo) em função do
tempo (derivada):

𝑑𝜃
=𝜔
𝑑𝑡

De forma que solucionando:

𝜃 𝑡
∫ 𝑑𝜃 = ∫ 𝜔𝑑𝑡
𝜃𝑜 0

𝜃 − 𝜃𝑜 = 𝜔. 𝑡

𝜃 = 𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜

Sendo assim, a posição x da partícula descrita anteriormente é:

𝑥 = 𝐴. cos 𝜃

𝑥(𝑡) = 𝐴. cos (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

Agora vem a parte fácil. Sabendo que a posição é 𝑥(𝑡) e que a


velocidade é a taxa de variação da posição em função do tempo (derivada),
basta derivar essa equação para achar a velocidade da partícula:

𝑑𝑥 (𝑡)
𝑣 (𝑡) =
𝑑𝑡

𝑑 (𝐴. cos(𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 ))
𝑣(𝑡) =
𝑑𝑡

𝑣(𝑡) = 𝐴. 𝜔. −𝑠𝑒𝑛. (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )


E da mesma forma, a aceleração é:

𝑑𝑣 (𝑡)
𝑎(𝑡) =
𝑑𝑡

𝑑(𝐴. 𝜔. −𝑠𝑒𝑛. (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 ))


𝑎(𝑡) =
𝑑𝑡

𝑎 (𝑡) = 𝐴. 𝜔2 . −cos (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

Então as equações de posição, velocidade e aceleração da partícula em


função do tempo para movimento harmônico simples são:

𝑥(𝑡) = 𝐴. cos (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

𝑣(𝑡) = 𝐴. 𝜔. −𝑠𝑒𝑛. (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

𝑎 (𝑡) = 𝜔2 . 𝐴. −cos (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

Perceba uma coisa: as três funções são trigonométricas, ou seja, variam


de zero ( cos (0,5𝜋) ; cos (1,5𝜋) ; 𝑠𝑒𝑛 (0); 𝑠𝑒𝑛 (𝜋); 𝑠𝑒𝑛(2𝜋) ), até 1
(sen(0,5𝜋) ; sen; 𝑐𝑜𝑠 (0); 𝑐𝑜𝑠(𝜋); 𝑐𝑜𝑠(2𝜋)). Logo, os valores máximos e mínimos
das três funções são facilmente determinados. Sendo o mínimo zero, o máximo
vai ocorrer sempre que o cosseno ou seno for 1, logo:

𝑥 𝑚𝑎𝑥 = 𝐴

𝑣𝑚𝑎𝑥 = 𝐴. 𝜔

𝑎𝑚𝑎𝑥 = 𝜔2 . 𝐴

1.2. Freqüência e período para mola e pêndulo


1.2.1. Mola

Imagine um corpo em repouso, preso a uma mola. Alguém vem e aplica


uma força nesse corpo, fazendo-o se movimentar, e então começar um
movimento harmônico simples por estar preso na mola.

A partir dessas informações, como estudamos o movimento do corpo?


Bom, sabemos que é uma MOLA, logo, há uma constante 𝑘 que caracteriza a
mesma e relaciona o deslocamento com a força aplicada. Sabemos que o
deslocamento da mola pela força será proporcional à rigidez da mola, tal que:

𝐹 = 𝑘. 𝑥

Onde:

𝐹 − Força aplicada na mola;

𝑘 − Rigidez da mola;

𝑥 − Deslocamento.

Beleza, o que sabemos que ocorre quando uma força é aplicada? UMA
ACELERAÇÃO! É a segunda lei de Newton, ela diz:

𝐹 = 𝑚. 𝑎

Igualando as duas forças, então:

𝑘. 𝑥 = 𝑚. 𝑎

E como já vimos, a aceleração em um movimento harmônico é descrita


como:

𝑎 (𝑡) = 𝜔2 . 𝐴. −cos (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

Se notar bem, após o 𝜔2 , a equação se resume em:

𝑥(𝑡) = 𝐴. cos (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

Logo:

𝑎 (𝑡) = −𝜔2 . 𝑥

Sendo assim, substituindo essa equação na da força:

𝑘. 𝑥 = 𝑚. 𝑎 → 𝑘. 𝑥 = 𝑚. 𝜔2 . 𝑥

𝑘 = 𝑚. 𝜔2

O sinal de negativo foi removido, pois ele só indica que a aceleração é


sempre contrária a velocidade. Sendo assim, chegamos a conclusão que:
𝑘
𝜔 =√
𝑚

Essa é a velocidade angular do corpo oscilante em função da mola e da


massa do mesmo. Lembrando que a velocidade angular nada mais é do que
uma conversão da freqüência para radianos:

𝜔 = 2𝜋𝑓

Então:

𝑘
2𝜋𝑓 = √
𝑚

E se a freqüência é o inverso do período:

1 𝑘 𝑚
2𝜋. = √ → 𝑇 = 2𝜋. √
𝑇 𝑚 𝑘

1.2.2. Pêndulo

Para o pêndulo é necessário maior visualização. Imagine uma bolinha


pendurada em um fio, alguém a segura em determinada altura e então a solta,
o que ocorre? Ela cai e então retorna, em uma espécie de balanço, isso é o
pêndulo. Porém o que causa esse movimento? Claramente é a gravidade,
porém como, se ela atua para baixo? A figura 6 ilustra bem o que ocorre:

Figura 6: Pêndulo (FONTE: SOFISICA.COM)


Perceba que o peso 𝑃 está sempre para baixo devido a gravidade, e
isso faz com que a força se decomponha quando a bolinha está inclinada. Na
figura, a decomposição 𝑃. 𝑐𝑜𝑠𝜃 é cancelada com a tensão no fio 𝑇, e a única
força atuante passa a ser 𝑃. 𝑠𝑒𝑛𝜃. Tal que:

𝐹 = 𝑃. 𝑠𝑒𝑛𝜃

E esse valor de seno é:

𝑥
𝑠𝑒𝑛𝜃 =
𝐿

Sendo assim:

𝑥
𝐹 = 𝑃.
𝐿

Sabendo que o peso 𝑃 nada mais é que a massa vezes a gravidade:

𝑥
𝐹 = 𝑚. 𝑔.
𝐿

De acordo com a segunda lei de Newton, a força é:

𝐹 = 𝑚. 𝑎

Logo:

𝑥
𝑚. 𝑔. = 𝑚. 𝑎
𝐿

𝑥
𝑔. = 𝑎
𝐿

Da mesma forma que foi feito antes, a aceleração pode ser descrita por:

𝑎 (𝑡) = 𝜔2 . 𝑥

Tal que:

𝑥
𝑔. = 𝜔2 . 𝑥
𝐿

𝑔
= 𝜔2
𝐿
𝑔
𝜔=√
𝐿

E a velocidade angular:

𝑔
𝜔 = 2𝜋𝑓 → 2𝜋𝑓 = √
𝐿

O período:

𝐿
𝑇 = 2𝜋√
𝑔

Equações

Distância 𝑥(𝑡) = 𝐴. cos (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

Velocidade 𝑣(𝑡) = 𝐴. 𝜔. −𝑠𝑒𝑛. (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

Aceleração 𝑎(𝑡) = 𝜔2 . 𝐴. −cos (𝜔. 𝑡 + 𝜃𝑜 )

Período (massa mola)


𝑘
2𝜋𝑓 = √
𝑚

Freqüência (massa mola) 𝑚


𝑇 = 2𝜋. √
𝑘

Período (pêndulo) 𝐿
𝑇 = 2𝜋√
𝑔

Freqüência (pêndulo) 𝑔
2𝜋𝑓 = √
𝐿

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