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A PLASTICIDADE NEURAL

E O SISTEMA NERVOSO
Profª Cybelle Coelho
A plasticidade cerebral é o ponto culminante
da nossa existência, da qual depende a
aprendizagem. É a capacidade adaptativa
do sistema nervoso central.
NOSSO CÉREBRO GUARDA:

⚫ 10% DO QUE LÊ
⚫ 20% DO QUE É ESCRITO
⚫ 30% DO QUE VÊ
⚫ 50% DO QUE VÊ E ESCUTA
⚫ 70% DO QUE OUVE E DISCUTE
⚫ 90% DO QUE OUVE E PRATICA
SITEMA NERVOSO CENTRAL

⚫ Na lesão: morte da maioria das células;

⚫ Capazes de regeneração desde que em contato com o


microambiente do SNP;

⚫ Microambiente do SNC:
⚫ Fatores neurotróficos: proteção dos neurônios centrais,
estimulação do brotamento.
Plasticidade no Sistema Nervoso Central
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

⚫ Distribuição e localização lesões traumáticas


⚫ Incidência:
⚫ Acidentes automobilísticos e industriais
⚫ Lesões esportivas
⚫ Traumas penetrantes
⚫ Fraturas e Lesões ao nascimento

⚫ Microambiente propício para o crescimento axonal (matriz extracelular –


laminina, fibronectina, tenascina, colágeno e proteoglicanas).
NEUROPLASTICIDADE
⚫ Capacidade do SN de modificar algumas de suas propriedades
morfológicas e funcionais em resposta às alterações do
ambiente;

⚫ Adaptação do SN às mudanças ambientais;

⚫ Modificação não periódica e de duração maior do que poucos


segundos.

(LUNDY-EKMAN, 2004)
NEUROPLASTICIDADE
⚫ É a propriedade que as células nervosas possuem de
transformar, de modo permanente (nem sempre) a sua função ou
a sua forma, em função do meio externo;

⚫ Capacidade de reorganização do SN;

⚫ Casos de lesões, disfunções ou envelhecimento.

(LUNDY-EKMAN, 2004)
NEUROPLASTICIDADE
⚫ Maior durante o desenvolvimento infantil e diminui, mas não
termina, na vida adulta.

⚫ Plasticidade Regenerativa – Novo crescimento de axônio


após lesão (ocorre no SNP).

⚫ Plasticidade Axônica ou Dendrítica – Implica na


reorganização da distribuição dos terminais axônicos, dos
dendritos e das espinhas dendríticas, em função do ambiente.
NEUROPLASTICIDADE

⚫ Plasticidade Sináptica – Ocorre pelo aumento ou diminuição da


eficácia da transmissão sináptica.

⚫ Plasticidade Somática – Implica na regulação, proliferação e


morte de células nervosas, ocorre durante os estágios
embrionários.
Neuroplasticidade Humana
Diferenciação Neuronal
NEUROPLASTICIDADE

⚫ As modificações no SN podem ser:


⚫ Habituação
⚫ Aprendizado e memória
⚫ Recuperação de lesão
NEUROPLASTICIDADE
⚫ Habituação:
⚫ Diminuição na resposta a um estímulo repetido.
◦ Ex: Comportamento reflexo a um estimulo indolor – cessa após varias repetições

⚫ Decorre da “redução” da atividade sináptica entre os neurônios sensoriais


e os interneurônios;

⚫ Devido da quantidade liberada de neurotransmisssor pela terminação pré-sinaptica;.


Repetição prolongada da estimulação

Ocorrem alterações estruturais permanentes

Número de conexões sinápticas

-Obs.: Na fisioterapia: a habituação visa diminuir a resposta neural a um estímulo.


Ex: Sensibilidade exacerbada.
NEUROPLASTICIDADE
• Aprendizado e memória: dependem de alterações da força das
conexões persistentes e duradouras sinápticas.

⚫ Aprendizado: Aquisição de um conhecimento ou Habilidade – Processo.

⚫ Memória: - Retenção e armazenamento do conhecimento ou habilidade - Produto


- Localização: depende da natureza da informação
Início do aprendizado motor: regiões grandes e
difusas do encéfalo mostram atividade sináptica

Repetição da tarefa: regiões ativas do encéfalo


NEUROPLASTICIDADE
⚫ Recuperação de lesão:

➢ Tudo que lesar ou seccionar um axônio neuronal provoca alterações


degenerativas (pode ou não casar morte celular);

➢ Alguns neurônios tem a capacidade de regenerar seus axônios;

➢ Sobrevivência do corpo celular neuronal é fundamental.


Degeneração
• Lesão axônica:
• Axônio seccionado
• Proximal
• Distal

⚫ Cromatólise:
⚫ Corpúsculo de Nissl
⚫ Do núcleo e do nucléolo

⚫ Migração para periferia

⚫ Degeneração Walleriana:
⚫ Células de Schwann

⚫ Macrófagos
Regeneração
o Cones de Crescimento:
➢ “Bandas de Büngner”: Alinhamento das células de
Schawnn

o Nervo Regenerado: Forma segmentos internodais


mais curtos do que os originais

o Fase de Maturação: Recuperar as dimensões da


fibra e da velocidade de condução
NEUROPLASTICIDADE
⚫ Recuperação de lesão - Lesão Axônica:

⚫ Axônios periféricos lesados podem se recuperar


da lesão;
⚫ E os alvos privados de entrada pelos axônios
lesados, podem atrair novos brotamentos para
manter o funcionamento do SN;

⚫ Regeneração de axônio Brotamento


⚫ Colateral – Quando um alvodesnervado é
reinervado por ramificações de axônios
intactos
⚫ Regenerativo - Ocorre quando um axônio e
seu alvo foram lesados
NEUROPLASTICIDADE
⚫ Recuperação de lesão:
o Lesão Axônica

A regeneração ocorre com mais freqüência no SNP

Células de Schwann produzem o Fator de crescimento neural (NGF)

⚫ Recuperação funcional Lento


➢ 1 a 2 mm ao dia para humanos
➢ 3 a 4 mm ao dia para ratos
NEUROPLASTICIDADE
Oligodendrócitos Cél. Schwann

✓ Falta de NGF ✓ Presença de NGF


✓ Danos irreversíveis: os neurônios ✓ Auxilia no processo de
não regeneram funcionalmente regeneração
seus axônios.
✓ Guia crescimento
✓ Inibição do crescimento axonal
NEUROPLASTICIDADE
⚫ Recuperação de lesão:

o Alterações sinápticas:
1. Eficácia sináptica
2. Hipersensibilidade por desnervação
3. Ineficácia sináptica
4. Desmascaramento de sinapses silenciosas
NEUROPLASTICIDADE
1. Eficácia sináptica:
➢ O edema local faz com que algumas sinapses fiquem inativas a
compressão do corpo celular/do axônio

➢ Desaparecido edema Eficácia sináptica


NEUROPLASTICIDADE
2. Hipersensibilidade por desnervação:
⚫ Quando as terminações pré-sináptica são destruídas

⚫ Desenvolvem-se novos sítios receptores na membrana pós-sináptica, em


reposta ao transmissor liberado pelos outros axônios próximos
NEUROPLASTICIDADE
3. Hipereficácia sináptica:
⚫ Ramos de axônios são destruídos

⚫ As ramificações restantes recebem todo neurotransmissor que,


normalmente, seria partilhado entre todos os terminais

4. Desmacaramento das sinapses silenciosas:


⚫ No SNC, muitas sinapses parecem não ser usadas

⚫ A lesão de outras vias resulta em uso aumentado das sinapses que


até então estavam silenciosas
NEUROPLASTICIDADE
o Reorganização do “mapa cortical” após a lesão de nervo
periférico;

➢ Observa-se uma visível alteração do mapa cortical;

➢ Área que não mostrava mais reação nenhuma - reage a


estimulação sensitiva
⚫ Mapa cortical com a
representação da mão

⚫ Mapa cortical logo


após a lesão

⚫ Após algumas semanas,


sem que tenha ocorrido a
regeneração, observa- se
uma visível alteração do
mapa cortical
⚫ Após algumas semanas da
lesão, na qual, porem, houve
total regeneração – possível
apenas na neuropraxia e
axoniotmese

⚫ Reorganização falsa ou não


completa após uma transecção
PLASTICIDADE ATRAVÉS DA ESTIMULAÇÃO PERIFÉRICA

⚫ Estimulações sensoriais periféricas podem também desencadear


modificações na organização do mapa cortical

➢ Mostra um mapa cortical de um


cortex somato-sensitivo de um
macaco que fora treinado a
esfregar diariamente e por varias
horas o D2 e o D3 sobre uma placa
de feltro
NEUROPLASTICIDADE
⚫ Reorganização após uma lesão central no córtex somato-sensorial:

⚫ Lesão no córtex somato-sensitivo


⚫ Primeiro há uma perda total da percepção do dedo
⚫ Tecido degenera
⚫ Reorganização do mapa cortical
⚫ Função do tecido destruído foi assumida pelo tecido nervoso vizinho
intacto
⚫ Zona pontilhada representa
uma lesão. Primeiro há uma
perda total de percepção deste
dedo

⚫ O tecido destruído degenera e,


após algumas semanas,
permanece apenas uma estreita
faixa de glia reativa

⚫ No final: a função do tecido


destruído foi assumida pelo
tecido nervoso vizinho intacto
NEUROPLASTICIDADE: REORGANIZAÇÃO FUNCIONAL
NEUROPLASTICIDADE
⚫ Plasticidade no Sistema motor:

➢ O córtex, que ficará sem função após a lesão, tenta, horas depois, ocupar-se do controle
da musculatura vizinha;

➢ Mecanismos básicos da reorganização:

▪ A reorganização da funções neurais requer alteração da rede neural, em particular das


interconexões

▪ Temos 2 possibilidades:
- Formação de novas conexões através de crescimento de novos axônios e dendritos das células já existentes
- Fortalecem-se conexões que, até então, foram pouco utilizadas ou que se manifestam fracamente
EFEITOS DA REABILITAÇÃO NA PLASTICIDADE

Local
da lesão
Paciente
Intensidade
da reabilitação Recuperação
da função nervosa

Tempo entre Extensão


a lesão e o início da lesão
da terapia
PRINCIPAIS PATOLOGIAS NEUROLÓGICAS
PRINCIPAIS SÍNDROMES NEUROLÓGICAS
◦ Piramidal (primeiro neurônio motor): espasticidade, hiperreflexia,clônus, sinal de Babinski,paresia).;

◦ Segundo Neurônio Motor (neurônio motor inferior): hiporreflexia /arreflexia, atrofia, flacidez,
cãibras, miofasciculações, plegia);

◦ Síndrome Periférica: hiporreflexia/arreflexia, atrofia, flacidez, plegia, alterações de sensibilidade (nem


sempre);

◦ Síndrome Periférica: hiporreflexia/arreflexia, atrofia, flacidez, plegia, alterações de sensibilidade (nem


sempre);
PRINCIPAIS SÍNDROMES NEUROLÓGICAS

◦ Síndrome Cerebelar: dismetria, decomposição do movimento, tremor de intenção,


fenômeno de rechaço, reflexos pendulares, fala escandida, marcha ebriosa, hipotonia, provas
gráficas, macrografia,assinergismo de tronco;

◦ Síndrome Extrapiramidal: movimentos involuntários, alterações na velocidade e ritmo dos


movimentos, alterações do tônus, alterações posturais;

◦ Síndrome Cortical: alterações da linguagem , apraxias/ agnosias, memória, intelecto, atenção,


comportamento e demências.
PRINCIPAIS SÍNDROMES NEUROLÓGICAS
◦ Síndrome Sensitiva: cordonal posterior,dissociação siringomielia,talâmica
◦ Síndrome Sensitiva: distribuição da alteração sensitiva
◦ Síndrome Sensitiva: vias ascendentes e corticais

Nervos Dermátomos Dermátomos Tratos Córtex Lemnisco


Periféricos Vista Anterior Vista Posterior ascendentes sensorial primário medial
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

⚫ Annunciato, NF. O processo plástico do sistema nervoso. Temas


sobre o desenvolvimento, v.3, n.17, p. 4-12, 1994

⚫ Cook, AS & Woolacott, MH. Controle Motor: Teoria e aplicações


praticas. 2 ed. São Paulo: Editora Manole, 2003

⚫ Lundy-Eckman, L. Neurociências: Fundamentos para a Reabilitação.


Rio de janeiro: editora Guanabara, 2000

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