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ENSINO DE HISTÓRIA, HISTÓRIA PÚBLICA E AS TDICS NA

CONSTRUÇÃO DO SABER HISTÓRICO

Leandro de Araújo Crestani


Docente - FAG/Campus Toledo,
Pós-doutorando em História Pública/UNESPAR,
Bolsa COOPEX/FAG.
leandrocrestani@hotmail.com

RESUMO: O presente estudo tem como objeto de investigação o ensino de história e


seus públicos a partir do uso das Tecnologias Digitais de Informação e da Comunicação
– TDICs na construção do saber histórico. Logo, esta proposta visa à difusão de
conhecimento histórico para além da sala de aula, buscando uma audiência ampliada, ou
seja, utilizando da história pública na perspectiva da apreensão e da produção do
conhecimento histórico fora das universidades. As TDICs, marcadamente presentes no
dia a dia dos educandos, dos professores e grande público, pode se tornar uma alternativa
para melhorar o processo de ensino-aprendizagem de História em sala de aula. Além
disso, pode-se, também, utilizar o conhecimento produzido por alunos e professores como
possibilidade de divulgação da história utilizando-se de uma linguagem adequada para
públicos que estejam fora do ambiente escolar. Por meio da página do Facebook, História
Sem Fronteira, pretende-se tratar a história sob diferentes ângulos, apontando
contribuições, divergências e silêncios. Vislumbra-se assim, um espaço de interação entre
alunos, professores e o grande público com o objetivo de fomentar a divulgação científica
em uma linguagem acessível e aproximar a história acadêmica do grande público através
do uso dessas mídias no ensino de História.

Palavras-chave: Ensino; História Pública; TDICs.

INTRODUÇÃO

Como ensinar história em um período de tão acentuado revisionismo e


negacionismo presentes nas redes sociais? O que muda para os professores de História
nesse momento em que fake news1, teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo
utilizados para disseminar ódio e negar o conhecimento histórico transmitido em sala de
aula?
Esses questionamentos apontam para a necessidade de repensar o ensino de
história em um contexto de ampliação de seu público para além da academia e da escola.

1
Entende-se por fake news são notícias falsas divulgadas em redes sociais.
Neste caso específico, o objetivo é o de direcionar o diálogo histórico para o grande
público presente nas redes sociais. Essa questão parece ocupar um papel de destaque na
contemporaneidade quando se considera a gravidade de narrativas históricas que, mesmo
se apresentando com “apolíticas”, atendem uma agenda exclusivamente política, como
por exemplo, os movimentos intitulados Escola Sem Partido e Brasil Paralelo e os livros
da Coleção Guia Politicamente Incorretos.
Esses movimentos e produções bibliográficas buscam deslegitimar o trabalho
dos historiadores e, principalmente, dos professores de história, como se pode constatar
no livro de Leandro Narloch, Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, em que
o autor incita um discurso de ataque:

[...] é hora de jogar tomates na historiografia politicamente correta. Este guia


reúne histórias que vão diretamente contra ela. Só erros das vítimas e dos heróis
da bondade, só virtudes dos considerados vilões. Alguém poderá dizer que se
trata do mesmo esforço dos historiadores militantes, só que na direção oposta.
É verdade. Quer dizer, mais ou menos. Este livro não que ser um falso estudo
acadêmico, como o daqueles estudiosos, e sim uma provocação. Uma pequena
coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas
com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos. (NARLOCH,
2OO9, p. 25).

Esse tipo de narrativa produzida para o grande público por não historiadores
requer que se repense a atuação tanto de historiadores quanto de professores de história,
cujo discurso de formação e de construção do conhecimento deve extrapolar da academia
para os espaços de atuação social, especialmente, como é foco deste estudo, o ambiente
virtual. Em especial, considera-se que o crescente número dessas narrativas revisionistas,
embasadas em fake news, visam contestar a historiografia e as fontes históricas e, em
decorrência distanciar os profissionais dessas áreas da vida social, deslegitimando seu
discurso.
É um tipo de narrativa que além de estar presente no livro revisionista conforme
exemplo anterior, também aparece em sites, blogs, redes sociais e, muitas vezes, é
compartilhada em grupos do aplicativo WhatsApp. Senão, basta considerar que narrativas
como “o nazismo era de esquerda”, “nunca existiu ditadura militar no Brasil”, “a Terra é
plana” foram difundidas no cotidiano por meio das mídias e apresentam campos de
disputas ideológicas que os historiadores estão enfrentando, principalmente na educação
básica, dado que muitos pais ou familiares reproduzem e transmitem esse conhecimento
a seus filhos, fortificando-o no cotidiano educacional.
Nessa perspectiva, é de suma importância que os professores de história se
apropriem de meios que promovam o diálogo entre o saber histórico e o amplo público,
pois, mesmo considerando que a escola seja um espaço de produção e reprodução do
saber, os educandos acabam, muitas vezes, interagindo de forma passiva com seus
familiares e com a sociedade com a qual convivem.
Para tanto, é necessário também, compreender o uso que se faz da história,
principalmente em relação ao passado e presente, haja vista que o passado não está a salvo
das disputas de memórias no presente. Nessa perspectiva, compactua-se com a concepção
de Almeida e Rovai (2011), para os quais a História Pública é uma possibilidade não
apenas de conservação e divulgação da história, mas também de uma construção do
conhecimento histórico pluridisciplinar atento aos processos sociais, às suas mudanças e
tensões.
Pensar a história para um grande público, não acadêmico, é pensar em um
movimento de atuação dos historiadores e professores na inserção da transmissão do saber
histórico em outros espaços, como por exemplo, nas mídias sociais, visando legitimar o
sentido social do ato de ensinar e fazer a história.
Os procedimentos metodológicos adotados nesta pesquisa visam tratar de
alternativas e possibilidades da utilização das Tecnologias Digitais de Informação e da
Comunicação, TDICs, no Ensino de História com vistas à ampliação de seu público.
Considera-se como foco mídias sociais como o Facebook (página), que pode ser
considerada uma ferramenta emergente de difusão de ideias. Assim, neste breve ensaio
será apresentada a experiência da Página História Sem Fronteira, criada em 24 de junho
de 2019, com o objetivo de divulgar e compartilhar experiências e conhecimentos
específicos sobre História, alunos, professores e pesquisadores para o amplo público.

1. ENSINO DE HISTÓRIA PARA O GRANDE PÚBLICO

A forte atração das redes sociais se baseia em elementos primordiais como as


curtidas, os compartilhamentos, as hashtags, dentre outros que evidenciam o gosto pelo
compartilhamento de “informações”. Compartilhar, nesse ambiente virtual, é um dos
principais elementos da arquitetura das redes sociais, sustentadas na necessidade de
reconhecimento e promoção da opinião dos indivíduos no ciberespaço, incentivando-os
a expressarem as suas opiniões, principalmente aqueles que não tinham voz (ou espaço)
nos meios de comunicações tradicionais.
As redes sociais são promotoras de conhecimento e difusão da informação,
entretanto, podem provocar emoções, indignação, polêmicas, raiva e até mesmo serem
promotoras da réplica de informações falsas, popularmente conhecida como fake news.
Giuliano da Empoli (2020) aponta, em seu livro “Engenheiros do Caos”, o
estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), no qual foi
demonstrado que uma falsa informação tem, em média 70% a mais de probabilidade de
ser compartilhada na internet do que uma notícia verdadeira: “[...] nas redes sociais a
verdade consome seis vezes mais tempo que uma fake news para atingir 1.500 pessoas”
(EMPOLI, 2020, p. 78).
Segundo Crestani (2020), depreende-se daí que o espaço e os canais de articulação
devem ser amplificados e fortalecidos para evitar concepções sem fundamento, como é o
caso do negacionismo histórico em redes sociais, em que surgem afirmativas de que “não
existiu escravidão no Brasil”, que “não houve ditadura militar no Brasil”, ou ainda, que
“não houve holocausto” ou que “o nazismo não era ideologia de direita”. Essas
publicações, entretanto, não podem ser consideradas apenas como equívocos de
intepretação do conteúdo ou uso inapropriado de conceitos históricos, mas devem ser
analisadas à luz do que se convencionou denominar fake news.
Esse tipo de veiculação de informação se tornou presente nos discursos dos alunos
e da própria sociedade, passando a figurar sob o status de verdade absoluta, trazendo
consigo, além de equívocos de interpretação, um ocultamento de determinadas versões e
um “negacionismo” de determinados fatos amparados na construção de novas “versões
oficiais” (CRESTANI, 2020).
Em face desse panorama, faz-se necessário que professores de história utilizem as
TDICs como plataforma de aprendizagem e de divulgação da histórica tanto para seus
alunos quanto para o grande público, principalmente no que concerne à confrontação dos
fatos com a atual tendência de revisionismo histórico propagado pelas fake news. Essa
atividade não visa, em absoluto, suplantar o papel da instituição de ensino, tampouco a
atuação docente, antes, efetiva-se como uma estratégia de ampliar o papel dos
historiadores nas redes sociais, já que esses espaços são privilegiados para a formação da
opinião pública, como bem observa Carvalho (2014, p. 174) ao considerar que “as redes
[sociais] representam um espaço político e de construção de sentidos sobre a história”.
A ideia da democratização do conhecimento histórico advém, na ótica de Mauad,
Almeida e Santhiago (2016), da necessidade de enquadramento profissional do
historiador para além do âmbito acadêmico e do ensino formal. Essa atuação vislumbraria
a construção do que seria uma forma diferenciada de inserção do conhecimento histórico
na sociedade e dos profissionais da área em funções diversificadas e próximas ao grande
público.
A academia tem sido omissa em considerar seriamente esse tipo de historiografia
produzida para o grande público, ficando somente à margem do que faz stricto sensu nas
escolas de formação superior (ALBIERI, 2011).
Nesse esforço, a história pública é entendida como o conjunto de ações, como
movimento que busca romper com a narração de um passado comum, representado, em
muitos casos, por meio de concepções de uma memória oficial, que costumava enaltecer
os grandes homens e os grandes feitos e encorajar a memorização de nomes e datas
(ALBIERI, 2011, p. 20).
A articulação do Ensino de História à História Pública estabelece pontes de
comunicação, o que permite, entre outras possibilidades amplificação do conhecimento
histórico para outros públicos, pois, segundo Liddington (2011), é necessário ampliar a
audiência sobre o conhecimento histórico, visando aumentar o acesso ao público sobre o
passado, desenvolvendo uma memória plural, distinta da memorial oficial ensinada.

2. TDICs, REDES SOCIAIS E O GRANDE PÚBLICO.

As TDICs têm alterado as formas de se comunicar, de trabalhar, de se relacionar


e de aprender. A democratização de recursos tecnológicos como computadores,
notebooks, smartphones e, principalmente, a ampliação de redes sociais como o
Facebook, os Blogs, os Canais do YouTube, o Twitter e os grupos de WhatsApp fez com
que a comunicação tradicionalmente feita por cartas e ligações telefônicas se
modificassem, impulsionando o rápido acesso à informação e à comunicação.
Em tempos de revisionismo do saber – seguidamente realizado de forma
criminosa – como serve de exemplo a veiculação das chamadas fake News presentes em
mídias sociais, utilizar as TDICs para o ensino de História é uma possibilidade de
confrontação e conscientização desses tipos de interpretação que chegam até o grande
público (CRESTANI, 2019).
Sob essa perspectiva, basta relembrar que o mundo acompanhou, em tempo real,
a queda das Torres Gêmeas do World Trade Center nos Estados Unidos. Isso se deve ao
fato de que um celular que antigamente fazia somente ligação e mandava mensagem
SMS, hoje se tornou um smartphone, levando a uma grande mudança no processo de
comunicação, pois são equipados com câmera fotográfica e filmadora, MP3, Redes
sociais, internet, dentre outros itens que ampliam a velocidade de circulação da notícia.
A informação passa a ser distribuída/veiculada por várias mídias, em tempo real,
ficando disponível para todos, em qualquer lugar do mundo, desde os jovens, considerado
por Marc Prensky (2001) como nativos digitais, até os imigrantes digitais. Nesse cenário,
além da facilidade de acesso, os sujeitos têm a possibilidade de intervenção e participação
nas redes sociais, permitindo um processo de democratização da informação e da difusão
do Saber.
Para Grossi et. al. (2014), as rápidas e impactantes transformações propiciadas
pelo uso das TDICs produzem novas formas de interação e organização social, política e
econômica, atuando e definindo de maneira determinante as configurações de
organização e comunicação de diferentes grupos sociais, em especial entre os jovens e
em abrangência global.
Partindo dessa ideia, Carvalho (2010, p. 98) ressalta que “as redes sociais podem
contribuir tanto para a divulgação do conhecimento quanto para a promoção de uma maior
comunicação entre os profissionais”. Nessa ótica, uma rede social se constitui como um
espaço possível para compartilhar experiências e conhecimentos específicos sobre o
conhecimento histórico. Ou seja, as redes sociais são, atualmente, um campo de disputa
de narrativas sobre o conhecimento histórico.
O desafio aqui proposto é o de aliar as redes sociais ao ensino de história e à
história pública a partir da mediação das TDICs, considerando que os meios digitais
podem ser considerados como espaços escorregadios para os historiadores, que terão que
confrontar a “revisão da história com fins político-ideológicos com releituras do passado,
por vezes, opostas a pesquisas já consolidadas na historiografia e sem embasamento em
fontes históricas: “trata-se da produção de versões opinativas sobre fatos e eventos, com
base em impressões de indivíduos ou grupos que pretendem fazer valer seus interesses
nas disputas políticas e nas guerras de memória em curso” (HERMETO; FERREIRA,
2018, p. 11).
Toda essa conjuntura requer que tanto o historiador quanto os professores de
História estejam presente nas redes sociais, seja no sentindo de acompanhar o avanço das
tecnologias, seja como território de combate pela própria defesa do saber histórico.

3. PÁGINA NO FACEBOOK: HISTÓRIA SEM FRONTEIRA

Um dos propósitos principais desse estudo é o de produzir e avaliar os impactos


da transmissão do saber histórico por meio das redes sociais para o grande público,
especificamente via Facebook, a saber, pela página História Sem Fronteira, criada em 24
de junho de 2019 com o objetivo de divulgar os temas históricos. Atualmente, essa página
conta com 7.956 seguidores, conforme levantamento realizado entre os dias de 29 de
agosto e 25 de setembro de 2020, período de 28 dias de análise da página. As publicações,
ao longo desse período, alcançaram 1.1350,016 pessoas, engajando um público de
126,279 pessoas e já houve publicações que alcançarem de 40 mil a 1 milhão de pessoas
nesse período.
Por meio da página do Facebook, História Sem Fronteira (FIGURA 1),
pretende-se tratar a história sob diferentes ângulos, apontando contribuições, divergências
e silêncios. Vislumbra-se assim, um espaço de interação entre alunos, professores e o
grande público com o objetivo de fomentar a divulgação científica em uma linguagem
acessível e aproximar a história acadêmica do grande público, através do uso dessas
mídias no ensino de História.
FIGURA 1 - Página no Facebook História Sem Fronteira

Fonte: Página História Sem Fronteira (2020).

Parte-se aqui da concepção de que as redes sociais podem desempenhar uma


função educativa de formação para o grande público e, principalmente, contribuir com os
debates históricos promovidos para, com e pelo público seguidor da página.
Uma página de Facebook favorece não apenas a difusão do saber histórico, mas
também o conhecimento dos processos de construção e ressignificação do passado pelo
o público que a acompanha. Atualmente, o Facebook conta com mais de um bilhão de
usuários conectados simultaneamente em sua plataforma. Os brasileiros se destacam,
conforme indica a pesquisa “Futuro Digital em Foco Brasil”, realizada em 2015. Segundo
consultoria comScore, “os brasileiros sãos os que mais passam tempo em redes sociais no
mundo: 650 horas por mês. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2013, 79%
dos usuários de Internet entre 9 e 17 anos possuem perfil em redes sociais”
(CARVALHO, 2016, p. 40-41).
A Página do Facebook História Sem Fronteira intenciona ampliar a divulgação,
democratizando o acesso ao conhecimento histórico produzido com rigor científico para
o grande público. É válido ressaltar que, muitas vezes, no próprio Facebook, perfis ou
páginas fazem a divulgação de fake news e a transmissão de um discurso da pós-verdade,
com argumentos que se baseiam em desmoralizar os sujeitos ou até mesmo os fatos
históricos.
No gráfico 1, é possível visualizar os fãs, denominação dada pelo próprio
Facebook, ou seja, as pessoas que efetivamente curtiram qualquer uma das publicações
pelo menos uma vez. O gráfico apresenta esses fãs agrupados por idade e gênero e os
dados demográficos gerados pelo Facebook demonstram que, dentre os 7.956 seguidores,
fãs da página, 56% são mulheres e 43% homens e que a faixa etária média é de 35 a 44
anos, sendo 17% das mulheres e homens de 35 a 44 anos, num total de 14%.

GRÁFICO 1 – Fãs da Página no Facebook História Sem Fronteira

FONTE: Dados coletos da Página História Sem Fronteira em setembro de 2020.

No gráfico 2, abaixo, é possível visualizar as pessoas alcançadas com as


publicações da página. Ou seja, o número de pessoas que tiveram alguma visualização do
conteúdo da página ou entraram na página mesmo não sendo seguidores. Esse dado
agrupou as pessoas por idade e sexo e os dados demográficos gerados pelo Facebook
evidenciam que, das pessoas alcançadas, 71% são mulheres e 29% são homens. Do total
de mulheres, 19% tem entre 25 a 34 anos, e 19% e homens entre 25 a 44 anos. Entre os
homens, de 25 a 34 anos, totalizam 9% e de 35 a 44 anos, 7%.

GRÁFICO 2 – Pessoas alcançadas pela Página no Facebook História Sem Fronteira


FONTE: Dados coletos da Página História Sem Fronteira em setembro de 2020.

No gráfico 3, abaixo, é possível visualizar as pessoas envolvidas com as


publicações da página, ou seja, as que interagiram com os posts, curtiram, comentaram
ou compartilharam as publicações, ou ainda, que, de certa forma se envolveram com
página nos últimos 28 dias. Os dados demográficos gerados pelo Facebook demonstram
que 79% são mulheres e 21% homens e que a maior da etária das mulheres fica entre 35
a 44 anos, sendo 22% e, dentre os homens, de 25 a 34 anos, sendo 5% e 35 a 44 anos,
sendo 5%.

GRÁFICO 3 – Pessoas envolvidas com as publicações da Página no Facebook História


Sem Fronteira

FONTE: Dados coletos da Página História Sem Fronteira em setembro de 2020.

Na tabela 1, é possível visualizar os países, cidades e idiomas das pessoas


envolvidas com as publicações da página. Do total, 79% são mulheres e 21% homens e o
maior público foi do Brasil, 64.133 pessoas, do qual a maioria da cidade de São Paulo,
4.654 pessoas. Nota-se também que o idioma mais utilizado foi o português (Brasil),
62.911 pessoas.
TABELA 1 – Países, Cidades e Idioma das pessoas envolvidas com as publicações da
Página no Facebook História Sem Fronteira

FONTE: Dados coletos da Página História Sem Fronteira em setembro de 2020.

O público que acompanha as publicações da página demonstra preferência por


posts que tenham o uso de imagens (fotos), conforme pode ser observado no gráfico 4,
evidenciando que os fãs, seguidores, ou pessoas envolvidas com as publicações não
preferem links, que geralmente têm textos ou vídeos.

GRÁFICO 4 – Tipos de publicações e a preferência pelo público da Página no


Facebook História Sem Fronteira

FONTE: Dados coletos da Página História Sem Fronteira em setembro de 2020.

Nota-se que as pessoas alcançadas e envolvidas com as publicações da página são


naturalmente atraídas para o conteúdo visual do post. O público prefere consumir
informações em formato visual, pois é mais atraente, o que leva ao aumento do
engajamento e melhor performance da publicação. Esse fator permite problematizar o
sucesso das fakes news, dado que a característica mais marcante do público das redes
sociais é a preferência por informações visuais, ao invés de textos com dados e,
geralmente as fake news utilizam do apelo visual.
Como o compromisso da página em estudo é com a divulgação do saber histórico,
busca-se aliar nas publicações textos e imagens, como se pode observar nas figuras 2 e 3,
que são tipos de publicações utilizadas para discutir a Independência do Brasil.

FIGURA 2 – Publicações sobre a Independência do Brasil (1).

FONTE: Página História Sem Fronteira em setembro de 2020.


FIGURA 3 – Publicações sobre a Independência do Brasil (2).
FONTE: Página História Sem Fronteira em setembro de 2020.

Nota-se que os posts normalmente apresentam o maior alcance na Página no


Facebook quando se utiliza imagens (ou fotos), o que leva a crer que é uma estratégia
assertiva para a divulgação do saber histórico para públicos maiores, pois muitos
seguidores costumam interagir com essas publicações, compartilhando-as em seus perfis
e, até mesmo, em grupos. Em outras palavras, trata-se de uma forma de divulgação de
conteúdo que tem grande aceitação entre os seguidores da página.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Facebook se tornou, nos últimos anos, uma das principais redes sociais
presentes no cotidiano das pessoas, e principalmente um local de considerável influência
na opinião pública, daí a relevância de seu uso como como ferramenta para a divulgação
do saber histórico.
A articulação entre o ensino de história, história pública e as TDICs é uma
estratégia para desenvolver e fortalecer a função pública para transmissão do saber
histórico. Um espaço de interação entre alunos, professores e o grande público com o
objetivo de fomentar a divulgação científica em uma linguagem acessível e aproximar a
história acadêmica do grande público, através do uso das redes sociais.
É importante ressaltar que ensinar história nesse período de revisionismo e
negacionismo nas redes sociais, é também, ocupar o ciberespaço sem usar uma linguagem
empolada ou citações estéreis. Não obstante, a valorização do passado para além da
academia, deve se pautar na democratização do acesso ao conhecimento histórico sem
perder a cientificidade, visando à formação de uma consciência histórica para um amplo
público, não acadêmico.
Em tempos de fake news, teorias da conspiração e algoritmos utilizados para
disseminar ódio e negar o conhecimento histórico transmitido em sala de aula, a relação
ensino de história, história pública e TDICs pode contribuir no processo de formação do
sujeito histórico (alunos, professores e o grande público) no sentido de favorecer uma
maneira de pensar e fazer a história neste contexto emergente das mídias sociais: “não
apenas pelas possibilidades de linguagens e suportes variados, algo que pode favorecer o
interesse pelas temáticas históricas, mas, especialmente, por abrir portas e janelas para
giros na abordagem das interpretações da História” (HERMETO; FERREIRA, 2018, p.
16).

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