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SUMÁRIO
CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA – SETEMBRO DE 2020............................................................................. 2
DIREITO CONSTITUCIONAL.................................................................................................................. 2
IMPEDIMENTO/SUSPEIÇÃO DE MINISTROS EM AÇÕES OBJETIVAS ................................................... 2
REQUISIÇÕES ADMINISTRATIVAS POR ENTES SUBNACIONAIS .......................................................... 3
EMPREGO DA FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA .............................................................. 4
DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................................. 4
TÉCNICO DE CONTABILIDADE: REGISTRO NO CRC............................................................................. 4
TREINADOR DE TÊNIS: DESNECESSIDADE DE REGISTRO .................................................................... 5
SAMU: (DES)NECESSIDADE DE PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM...................................................... 5
SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .................................. 5
PROCESSO PENAL ............................................................................................................................... 6
IMPUGNAÇÃO DE ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA .............................................................. 6
(IM)PARCIALIDADE DO JULGADOR E PRODUÇÃO DE PROVAS ........................................................... 6
ASTREINTES: APLICABILIDADE NO PROCESSO PENAL........................................................................ 7
ASTREINTES: BLOQUEIO VIA BACEN-JUD ......................................................................................... 8
IMPEDIMENTO/SUSPEIÇÃO DE TURMA DO STJ ................................................................................ 8
BUSCA E APREENSÃO EM CASA DESABITADA (IMPORTANTE!!!) ....................................................... 8
DIREITO PENAL ................................................................................................................................... 9
EXECUÇÃO PENAL: REMIÇÃO DE PENA PELO ESTUDO ...................................................................... 9
FALTA DE PRESTAÇÃO DE CONTAS POR PREFEITO .......................................................................... 10
ESTELIONATO: NOVA REGRA DO ART. 171, § 5, CP ......................................................................... 10
PROGRESSÃO DE REGIME DE MULHER GESTANTE .......................................................................... 11
DIREITO ELEITORAL .......................................................................................................................... 12
INQUÉRITO ELEITORAL: ARQUIVAMENTO ...................................................................................... 12
DIREITO CIVIL ................................................................................................................................... 12
GUARDA E REGISTRO DE ACESSOS À INTERNET .............................................................................. 12
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................... 14
EXERCÍCIOS COMENTADOS ............................................................................................................... 18

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA – SETEMBRO DE 2020


Prezado(a) aluno(a).

Apresento a coletânea de julgados do STF e STJ do mês de setembro de 2020, relativo às


matérias de Direito Constitucional, Direito Penal, Processo Penal e Direito Administrativo. Dos
informativos 990 e 991 do STF não extraí decisões importantes para a carreira de delegado. Por
outro lado, incluí uma decisão de Direito Eleitoral e uma de Direito Civil, que pelo seu teor
podem ser cobradas no seu concurso.
O material está organizado por ramo do direito e por assuntos. As decisões são apresentadas
no seguinte formato: i) destaque, com trecho do acórdão; ii) caso concreto, com uma
explicação sucinta dos fatos; iii) premissas, onde identificamos aspectos legais e doutrinários
sobre o tema; e iv) decisão, com o resultado do provimento judicial e seus fundamentos. A
depender do tema essa ordem é invertida ou resumida em uma “breve análise”, sempre dando
maior ênfase aos assuntos potencialmente mais relevantes aos concursos de Delta.
Ao final são propostas 30 (trinta) questões inéditas ao estilo “CERTO X ERRADO”, todas
comentadas. Sugiro que você inicie logo pelas questões, pois elas irão suscitar a curiosidade e
a dúvida sobre os assuntos apresentados e discutidos ao longo do material.
Acompanhe também nossas matrizes pela plataforma do ALFACON, em que comento as
decisões mais relevantes de cada material.

Bons estudos!

Prof. Anderson Lima


(@prof_andersonlima)

➢ Informativos analisados:
• STJ – 677, 678
• STF – 988, 989, 990, 991, 992

DIREITO CONSTITUCIONAL
IMPEDIMENTO/SUSPEIÇÃO DE MINISTROS EM AÇÕES OBJETIVAS
STF, 989 - Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos julgamentos de
ações de controle concentrado, exceto se o próprio ministro firmar, por razões de
foro íntimo, a sua não participação. (ADI 6362)

Caso concreto: no curso da ADI 6362 suscitou-se uma questão de ordem acerca da
possibilidade de declaração de suspeição ou impedimento de ministros do STF nos julgamentos
de ações de controle de constitucionalidade. O plenário estendeu o objeto da questão para todas
as ações de controle concentrado em que se discute a validade de normas, incluindo-se a ADPF;
Existe impedimento ou suspeição no julgamento de ações objetivas?

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Decisão do Plenário: NÃO! Ações objetivas são aquelas que não se discutem situações
individuais e interesses concretos; e sim questões de ordem abstrata, como a
constitucionalidade de leis e atos normativos. Nestas ações, via de regra, não se pode suscitar
impedimento ou suspeição dos magistrados, dado que tais institutos estão ligados às relações
do juiz com os sujeitos do processo. Contudo, o plenário admite uma exceção: quando o próprio
ministro, por razões de foro íntimo, declara-se impedido ou suspeito.

REQUISIÇÕES ADMINISTRATIVAS POR ENTES SUBNACIONAIS


STF, 989 - O Plenário julgou improcedente o pedido formulado na ação direta de
inconstitucionalidade contra o art. 3º, caput, VII, e § 7º, III, da Lei 13.979/2020,
que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública
de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de
2019 (Covid-19). (ADI 6362)

Caso concreto: A Confederação Nacional de Saúde (CNS) impugnou via Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) os seguintes dispositivos da Lei n. 13.979/2020:
Lei 13.979/2020: “Art. 3º Para enfrentamento da emergência de
saúde pública de importância internacional decorrente do
coronavírus, as autoridades poderão adotar, no âmbito de suas
competências, dentre outras, as seguintes medidas: (...) VII –
requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas,
hipótese em que será garantido o pagamento posterior de
indenização justa; e (...) § 7º As medidas previstas neste artigo
poderão ser adotadas: (...) III – pelos gestores locais de saúde, nas
hipóteses dos incisos III, IV e VII do caput deste artigo.”
Em síntese, a CNS requereu que o plenário desse interpretação conforme aos dispositivos,
no sentido de que as requisições administrativas fossem: 1°) coordenadas pelo Ministério da
Saúde; 2°) somente pudessem ser implementadas pelos entes subnacionais (Estados, DF e
Municípios) após autorização e consentimento do Ministério da Saúde; 3°) dependessem de
motivação e prévia audiência do atingido pela requisição.
O que é requisição administrativa? Trata-se de instrumento jurídico, previsto no art. 5º,
XXV da CR/88, que permite à autoridade competente, nas hipóteses de iminente perigo público,
usar bens móveis, imóveis ou serviços particulares, assegurado o direito a indenização
posterior apenas se houver dano. Ex. diante do iminente risco de deslizamentos de terras, o
prefeito municipal requisita o alojamento de uma empresa privada para abrigar
temporariamente as pessoas que residem na área potencialmente atingida.
Durante a crise de COVID-19 os entes subnacionais (Estados, DF e Municípios) podem
requisitar bens e serviços privados sem anuência do Ministério da Saúde?
Decisão do plenário: SIM. Por maioria o STF julgou improcedente o pedido da CNS,
assegurando aos Estados/DF e Municípios a possibilidade de implementar suas requisições
administrativas sem qualquer anuência ou autorização do Ministério da Saúde e tampouco
audiência prévia do atingido. Entre os fundamentos da decisão destacam-se os seguintes: a)
importância da desconcentração de poder no sistema federalista; b) maior proximidade dos
Estados e Municípios das demandas decorrentes da emergência de saúde pública; c)
inexistência de hierarquia entre os entes políticos (U/E/DF/M); d) tratar-se de matéria de
interesse e atuação comum da União, Estados/DF e Municípios (art. 23, II CR/88);

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EMPREGO DA FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA


STF, 992 - É plausível a alegação de que a norma inscrita no art. 4º do Decreto
5.289/2004, naquilo em que dispensa a anuência do governador de estado no
emprego da Força Nacional de Segurança Pública, viole o princípio da autonomia
estadual. (ACO-3427)

Caso concreto: a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) foi mobilizada para atuar
nos municípios de Prado e Mucuri (Estado da Bahia), mediante portaria do ministro da justiça,
a fim de prestar apoio ao Ministério da Agricultura. O governo da Bahia, que não havia solicitado
formalmente o apoio da FNSP, contestou a atuação e requereu ao STF que ordenasse a retirada
dos policiais.
Premissas: i) a FNSP é composta majoritariamente por policiais civis e militares dos
estados, contudo é vinculada ao Ministério da Justiça; ii) o emprego da FNSP é regulamentado
pelo art. 4° do Decreto 5.289/2004, o qual assim dispõe:
Decreto 5.289/2004 - Art. 4o A Força Nacional de Segurança Pública
poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional,
mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado,
do Distrito Federal ou de Ministro de Estado. (Redação dada pelo
Decreto nº 7.957, de 2013)
Pode o Ministro da Justiça determinar o emprego da FNSP mesmo sem anuência do
Governador de Estado?
Decisão do Plenário: NÃO! O Art. 4° do Decreto 5.289/2004 padece de ilegalidade, uma
vez que ampliou o conteúdo semântico da Lei 11.473/07, da qual deveria extrair sua validade.
Além disso, o plenário apontou que a autorização unilateral de emprego da FNSP, sem anuência
do mandatário estadual, viola o sistema federativo e a autonomia dos Estados-Membros. Com
isso, a Corte referendou a decisão monocrática que ordenou a retirada da FNSP dos municípios
de Prado e Mucuri/BA.

DIREITO ADMINISTRATIVO
TÉCNICO DE CONTABILIDADE: REGISTRO NO CRC
STJ, 677 - Ao técnico em contabilidade que tenha concluído o curso após a edição da
Lei n. 12.249/2010 é assegurado o direito de se registrar no Conselho de Classe até
1º de junho de 2015, sem que lhe seja exigido o Exame de Suficiência, sendo-lhe,
dessa data em diante, vedado o registro. (REsp 1.659.767-RS)

Breve análise: a 1º Turma/STJ reviu sua própria jurisprudência definindo os seguintes


parâmetros acerca da inscrição de profissionais (bacharéis e técnicos) no Conselho Regional de
Contabilidade: a) após 1º/JUN/2015 somente obtém registro no CRC os bacharéis em ciências
contábeis, oriundos de cursos reconhecidos pelo MEC e após exame de suficiência; b) a partir
dessa data (1º/JUN/2015) o CRC não mais defere registros a técnicos em contabilidade;
E os técnicos em contabilidade formados antes de 1º/JUN/2015?
Estes podem obter o registro profissional desde que o tenham feito até a data
supramencionada. Este registro independe de exame de suficiência. Já quem não fez o registro
antes desta data não pode mais o fazer.

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TREINADOR DE TÊNIS: DESNECESSIDADE DE REGISTRO


STJ, 677 - O exercício da atividade de treinador ou de instrutor de tênis não exige o
registro no Conselho Regional de Educação Física. (AgInt no REsp 1.767.702-SP)

Breve análise: a 2º Turma/STJ decidiu que a atividade de treinador de educação física


não é restrita a profissionais com registro no Conselho Regional de Educação Física, desde que
suas atividades não se confundam com preparação física, limitando-se à transmissão de
conhecimentos de domínio comum decorrentes de sua própria experiência em relação ao
referido desporto.

SAMU: (DES)NECESSIDADE DE PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM


STJ, 678 - A composição da tripulação das Ambulâncias de Suporte Básico - Tipo B e
das Unidades de Suporte Básico de Vida Terrestre (USB) do Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência - SAMU sem a presença de profissional de enfermagem não
ofende, mas sim concretiza, o que dispõem os artigos 11, 12, 13 e 15 da Lei n.
7.498/1986, que regulamenta o exercício da enfermagem. (REsp 1.828.993-RS)

Breve análise: o que se discutia no RESP era se a composição da tripulação das


Ambulâncias Tipo B e da Unidade de Suporte Básico de Vida Terrestre do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, sem a presença de profissional da enfermagem,
negava vigência ao que dispõem os artigos 11, 12, 13 e 15 da Lei n.º 7.498/86, que regulamenta
o exercício da enfermagem. Tais unidades são usadas para transportes de menor complexidade,
onde as pessoas não estão em estado grave, nem possuem risco de morte.
Em razão disso, a 1º Seção/STJ foi no sentido negativo, ou seja, não é obrigatória a
presença de profissional de enfermagem nestas unidades, sendo suficiente a presença de um
técnico ou auxiliar de enfermagem. Apontou-se, ainda, que decisão em sentido contrário
praticamente inviabilizaria o uso destas unidades móveis, dado que compõe 80% da frota do
SAMU, e demandariam a contratação de milhares de enfermeiros.

SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS POR IMPROBIDADE


ADMINISTRATIVA
STJ, 678 - A pena de suspensão dos direitos políticos por ato de improbidade
administrativa alcança qualquer mandato eletivo que esteja sendo ocupado à época
do trânsito em julgado da condenação. (REsp 1.813.255-SP)

Caso concreto: determinado vereador teve seu mandato cassado pela mesa da Câmara
de Vereadores, após decisão judicial que suspendeu seus direitos políticos por três anos. O
vereador recorre alegando que a condenação por improbidade estava relacionada ao mandato
anterior, já encerrado, razão pela qual não poderia atingir o atual. O caso chega ao STJ.
Premissas: a suspensão de direitos políticos é uma das consequências da condenação
por improbidade administrativa (art. 12, Lei 8.429/92);
Os efeitos da condenação alcançam o mandato diverso do que se deram os fatos?
Decisão da 2° Turma/STJ: SIM! A perda do mandato eletivo de vereador decorre
automaticamente da condenação judicial de suspensão dos direitos políticos na ação de

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improbidade administrativa já transitada em julgado, sendo o ato da Câmara Municipal


vinculado e declaratório. Ademais, decisão em sentido contrário afrontaria o escopo principal
da “LIA”, que é o de extirpar da administração pública os condenados por atos ímprobos.

PROCESSO PENAL
IMPUGNAÇÃO DE ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA
STF, 988 - A Segunda Turma, em conclusão e por empate na votação, concedeu, de
ofício, a ordem de habeas corpus para declarar a nulidade da utilização, como meio
de prova, do segundo acordo de colaboração premiada firmado, por auditor e sua
irmã, no âmbito de operação deflagrada com o objetivo de desarticular organização
criminosa formada por auditores fiscais. (HC-142205 e HC-143427)

Caso concreto: Um auditor fiscal era investigado por supostos crimes tributários e contra
administração pública. Durante a deflagração de operação policial o mesmo foi preso em
flagrante por crimes sexuais. Diante do quadro, o auditor e sua irmã decidiram colaborar com
as investigações e firmaram um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público.
Desse acordo, decorreram diversas prisões e afastamentos de cargos de outros auditores fiscais
delatados pelo colaborador.
Ocorre que no curso do processo penal, verificou-se que o colaborador havia omitido fatos
e cometido novos crimes, razão pela qual o acordo foi rescindido. Durante seu interrogatório, o
colaborador acusou os membros do MP (GAECO) de manipular suas declarações e omitir os
vídeos de seu depoimento.
No meio dessa confusão toda, o MP firmou um novo acordo com o delator, no qual ele se
retratou das acusações feitas aos promotores do GAECO. Esse segundo acordo foi apensado
como aditivo do primeiro (aquele que fora rescindido). Os auditores delatados ingressam em
juízo pedindo a nulidade deste segundo acordo de colaboração premiada.
Esse segundo acordo é válido? Caso positivo, ele pode atingir os demais auditores?
Decisão da 2º Turma/STF: NÃO! Apesar da decisão da turma terminar empatada (2 x 2),
venceu a tese favorável aos réus, decidindo-se pela invalidade do acordo. Nos termos do voto
condutor (Ministro Gilmar Mendes), o cenário é de colaborações temerárias e claramente
questionáveis. Assentou-se que o poder negocial do processo penal possui limites e balizas
legais, as quais podem e devem ser fiscalizadas pelo poder judiciário. Consignou-se, ainda, que
por ter a natureza de meio de obtenção de prova, a colaboração premiada pode ser anulada
sempre que eivada de vícios e ilicitudes.

(IM)PARCIALIDADE DO JULGADOR E PRODUÇÃO DE PROVAS


STF, 988 - Em conclusão de julgamento e ante o empate na votação, a Segunda
Turma deu parcial provimento a agravo regimental em recurso ordinário em habeas
corpus, para declarar a nulidade da sentença condenatória proferida nos autos de
processo penal, por violação à imparcialidade do julgador.

Caso concreto: A defesa de um cidadão condenado em 1º grau ingressa com HC visando


a anulação da sentença com base nos seguintes argumentos: 1º) o magistrado tomou
diretamente os depoimentos dos colaboradores no acordo de colaboração premiada; 2º) após

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a apresentação das alegações finais, o magistrado determinou de ofício a juntada de


documentos, os quais foram usados como fundamento para condenação. Com base nisso, a
defesa arguiu a parcialidade do juiz e requereu a nulidade da sentença penal.
Premissas: i) o sistema processual penal adotado pelo Brasil é o Acusatório (art. 3º-A,
CPP), o qual veda a iniciativa do juiz na fase instrutória, bem como a substituição do órgão de
acusação; ii) o modelo acusatório guarda em sua essência, a separação das funções de acusar,
julgar e defender, e, assim, tem como escopo fundamental a efetivação da imparcialidade do
juiz
No caso concreto, o juiz atuou de forma parcial?
Decisão da 2º Turma/STF: SIM! Embora a votação fosse concluída empatada (2 X 2),
venceu o entendimento mais favorável ao paciente. Argumentou-se que apesar da colheita
direta da oitiva dos colaboradores pelo juiz não seja, por si só, causa de nulidade, assentou-se
que havia elementos indicativos de que o magistrado se investiu da função persecutória ainda
na fase pré-processual, violando o sistema acusatório. Em relação a juntada de documentos
diretamente pelo juiz, apontou-se que o juiz produziu, sem pedido das partes, a prova para
justificar a condenação que já era por ele almejada, aparentemente. Por tudo, concluiu-se pela
nulidade da sentença condenatória.

ASTREINTES: APLICABILIDADE NO PROCESSO PENAL


STJ, 677 - É possível a fixação de astreintes em desfavor de terceiros, não
participantes do processo, pela demora ou não cumprimento de ordem emanada do
Juízo Criminal. (REsp 1.568.445-PR)

Caso concreto: no curso de uma investigação criminal de pedofilia e estupro de


vulnerável praticados pela internet, o juiz determinou aos provedores do Facebook que
indicassem uma série de informações de usuários da rede, abrindo prazo de 06 meses. A
empresa só cumpriu a ordem 09 dias após o término do prazo, levando o magistrado a aplicar
uma multa de R$ 450.000 a título de astreintes. A empresa recorreu, alegando a não ser parte
na ação, logo a regra não se aplicaria a ela.
Premissas: i) astreintes são uma espécie de multa processual, prevista no CPC, imposta
pelo juiz, a fim de dar efetividade a determinada ordem judicial de cumprimento de uma
obrigação;
É possível aplicar astreintes contra terceiros não participantes do processo penal?
Decisão da 3° Seção/STJ: SIM! O tribunal admitiu a aplicação subsidiária das normas do
CPC ao processo penal, fundamentando, ainda, que elas se incluem dentro do poder geral de
cautela do juiz. Destacou-se, que no processo penal não há qualquer irregularidade na aplicação
da multa contra terceiros, com vistas a dar maior efetividade às decisões judiciais. Noutra via,
ressaltou-se que não seria possível aplicar tais multas ao réu, uma vez que isso ofenderia o
princípio do nemo tenetur se detegere.
Em síntese:
SIM! Aplicação subsidiária do
Contra terceiros
Admite-se a aplicação de CPC
astreintes no processo penal? NÃO! Ofende o nemo tenetur
Contra o réu
se detegere

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ASTREINTES: BLOQUEIO VIA BACEN-JUD


STJ, 677 - É possível ao juízo criminal efetivar o bloqueio via Bacen-Jud ou a inscrição
em dívida ativa dos valores arbitrados a título de astreintes. (REsp 1.568.445-PR)

Caso concreto: na mesma situação fática narrada acima, a forma de aplicação da multa
definida pelo juízo foi o bloqueio de valores via Bacen-Jud. Trata-se de um sistema eletrônico
que conecta o poder judiciário ao BACEN, por onde o juiz pode realizar bloqueios de contas
bancárias. Nesse ponto, o Facebook alegou que a medida era inválida, devendo ser adotada a
inscrição em dívida ativa.
O Tribunal concordou com o argumento do Facebook?
Decisão da 3° Seção/STJ: NÃO! Tanto o juízo pode aplicar a multa com inscrição em
dívida ativa quanto via bloqueio através do Bacen-Jud, considerando-se esta a medida mais
gravosa. O que irá definir qual das medidas a serem adotadas são as condições do caso concreto.

IMPEDIMENTO/SUSPEIÇÃO DE TURMA DO STJ


STJ, 678 - Não há impedimento ou suspeição de integrantes de Colegiado do STJ que
apreciaram recurso especial e, posteriormente, venham a participar do julgamento
de outro apelo raro oriundo de revisão criminal ajuizada na origem. (AgRg na ExSusp
209-DF)

Caso concreto: no curso de determinado processo penal, após decisão de 2º grau, um


indivíduo ingressa com recursos de agravo regimental e embargos de declaração junto ao STJ,
os quais foram julgados pela Quinta Turma. Ao término deste processo o mesmo acaba sendo
condenado. O já condenado entra com ação de revisão criminal desse mesmo processo, no qual
a defesa ingressa com recurso especial que é, por sorteio, distribuído novamente à Quinta
Turma. O recorrente alega suspeição da Turma, com base no art. 252, III do CPP;
Em síntese, o que o recorrente quer é levar o caso à Sexta Turma do STJ, notoriamente mais
garantista que a Quinta Turma.
Premissas: CPP, Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: [...]
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre
a questão".
A regra de impedimento/suspeição aplica-se a este caso?
Decisão da 5º Turma/STJ: NÃO. A vedação de participação somente ocorre quando o
mesmo juiz atuou em diferentes instâncias. Ex. um magistrado julgou “Joãozinho” e após ser
promovido a desembargador recebe um recurso do mesmo caso. Nessa situação ele é impedido
de julgar novamente. Tal não é a situação em tela, dado que os ministros não mudaram de
instância. Ademais, o regimento interno do STJ prevê essa situação como configuradora de
prevenção. Por tudo, o caso seguiu na 5º Turma.

BUSCA E APREENSÃO EM CASA DESABITADA (IMPORTANTE!!!)


STJ, 678 - Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio
mandado judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo
de forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se

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alia à fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime


permanente. (HC 588.445-SC)

Premissas: i) a proteção constitucional prevista no art. 5°, XI da CR/88 independe de seu


formato e localização, mas pressupõe que o indivíduo a use para fins de moradia e habitação,
ainda que de forma transitória;
Caso concreto: a polícia recebeu denúncia anônima detalhando o armazenamento de
armas e drogas numa determinada residência (kitnet). Chegando ao local, os policiais foram
informados pelos vizinhos de que o imóvel não era habitado. Ademais, foi possível visualizar
ainda do lado de fora a presença de substância análoga a drogas. O que fazem os policiais? PÉ
NA PORTA! Realizada a entrada sem mandado judicial foram encontrados aproximadamente
10 kg de drogas diversas, uma submetralhadora e diversos tipos e quantidades de munição.
Considerando-se que a entrada se deu sem mandado, a busca e apreensão é válida?
Decisão da 5° Turma/STJ: SIM! No caso concreto, havia elementos suficientes a indicar
a prática de crime e a inexistência de habitação no local. Ademais, o crime de tráfico na
modalidade “guardar” é permanente, logo configurada estaria a situação de flagrância, exceção
constitucional à proteção do domicílio. Com isso, o STJ considerou válida a ação policial e
denegou a ordem de habeas corpus.
Vale destacar que o STJ não desconsiderou a proteção constitucional de que goza a
propriedade privada pelo fato de estar desabitada; mas sim que a flexibilizou para as hipóteses
em que se aliam estes dois elementos: ausência de residentes + fundada suspeita de prática de
crime.

DIREITO PENAL
EXECUÇÃO PENAL: REMIÇÃO DE PENA PELO ESTUDO
STJ, 677 - O tempo excedido, na frequência escolar, ao limite legal de 12 horas a
cada 3 dias deve ser considerado para fins de remição da pena. (HC 461.047-SP)

Premissas: i) a Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal – LEP) prevê duas possibilidades de
remição de pena: pelo trabalho e pelo estudo; ii) a remição pelo trabalho ocorre na seguinte
proporção: a cada 3 dias de trabalho, com jornada máxima de 8 hs diárias, decorre a redução
de 01 dia de pena; iii) a remição pelo estudo possui a seguinte regra: a cada 12 (doze) horas de
estudo, divididos em no mínimo 3 dias, reduz a pena em 01 dia;
O que ocorre quando o preso excede as 08 horas de trabalho? O STJ firmou entendimento
no HC 462.464/SP de que as horas excedentes devem ser consideradas para fins de remição;
Caso concreto: um apenado frequentou durante 9 meses um curso com duração de 4h10
min. Ou seja, a cada 03 dias ele estudava 12h30 min, excedendo o tempo estabelecido pela LEP,
que é de 12h a cada 3 dias.
Nesse caso, é possível contabilizar o tempo excedido para fins de remição de pena?
Decisão da 6º Turma/STJ: SIM! Para a Sexta Turma, nada impede que as horas excedidas
sejam também consideradas para fins de remição de pena, dado ser esta a interpretação que
melhor se adequa ao espírito ressocializador da LEP.

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FALTA DE PRESTAÇÃO DE CONTAS POR PREFEITO


STJ, 677 - O crime previsto no art. 1°, VII, do Decreto-Lei n° 201/1967 se
perfectibiliza quando há uma clara intenção de descumprir os prazos para a prestação
de contas. (REsp 1.695.266-PB)

Premissas: O Decreto-Lei 201/1967 possui tipificada como crime a falta de prestação de


contas por prefeito no art. 1º, VII:
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal,
sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do
pronunciamento da Câmara dos Vereadores: (...) VII - Deixar de
prestar contas, no devido tempo, ao órgão competente, da aplicação
de recursos, empréstimos subvenções ou auxílios internos ou
externos, recebidos a qualquer título;
Caso concreto: O Município de Livramento/PB firmou dois convênios com a FUNASA, dos
quais recebeu recursos públicos federais. Ocorre que a então prefeita deixou de prestar duas
contas nos devidos prazos, fazendo-o de forma extemporânea para ambos os casos. O MPF
apresentou denúncia contra a prefeita, contudo o juízo a rejeitou, alegando não ter sido
demonstrado o dolo. O MPF leva o caso até o STJ.
Decisão da 6º Turma/STJ: para a Turma não ficou evidenciado o elemento volitivo
(dolo) de não prestar contas. Em que pese o mero atraso configure, ao menos formalmente a
conduta prevista no art. 1º, VII, cabe ao órgão de acusação demonstrar a intenção consciente e
voluntária de deixar de prestar constas – o que não ficou evidenciado no caso. Manteve-se o
arquivamento do caso.

ESTELIONATO: NOVA REGRA DO ART. 171, § 5, CP


STJ, 677 - A retroatividade da representação no crime de estelionato alcança todos
os processos ainda não transitados em julgado. (HC 583.837-SC)

Premissas: a Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) alterou a regra da ação penal do crime de
Estelionato, que passou de Pública Incondicionada a Pública Condicionada à representação da
vítima. Acompanhe:
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo
alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: (...) § 5º Somente se
procede mediante representação, salvo se a vítima for: I - a
Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou
adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70
(setenta) anos de idade ou incapaz.
Caso concreto: um sujeito já condenado pelo TJ/SC ingressa com vários habeas corpus
pedindo a retroatividade na norma, o que levaria à necessidade de representação da vítima nos
casos em que este não tivesse sido colhido.
O §5º do art. 171, CP retroage aos casos já denunciados ou julgados?
Decisão da 6º Turma/STJ: SIM! Por se tratar de uma norma mista, com conteúdo
material e processual, a mesma segue as regras de retroatividade e ultratividade quando
favorecem ao réu ou acusado. Nesse sentido, reconhece-se que a ação penal pública condiciona
é mais favorável que a incondicionada, razão que impõe a retroatividade da norma.

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Existe um limite temporal?


SIM! E aqui está a divergência entre a 5º e a 6º Turmas. Acompanhe:
- Para a 5º Turma/STJ: a nova lei retroage para os fatos ainda não denunciados (HC –
573.093 SC), ou seja, os já denunciados seguem seu trâmite normal.
- Para a 6º Turma/STJ: a nova lei retroage inclusive para os fatos já denunciados, desde
que ainda não tenha ocorrido o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
E quem tem razão?
Quem sabe né, rs?! Certamente essa situação acabará subindo ao pleno do STJ e talvez ao
próprio STF. As decisões divergentes geram uma grave insegurança jurídica. Pra você
concurseiro, fiquei atento aos nossos informativos e mantenha-se atualizado.

PROGRESSÃO DE REGIME DE MULHER GESTANTE


STJ, 678 - O requisito "não ter integrado organização criminosa" incluso no inciso V
do § 3º do art. 112 da LEP, para progressão de regime da mulher gestante, mãe ou
responsável por criança ou pessoa com deficiência, deve ser interpretado de acordo
com a definição de organização criminosa da Lei n. 12.850/2013. (HC 522.651-SP)

Premissas: i) O art. 112, §3º da Lei 7.210/84 estabelece 05 requisitos cumulativos para
progressão de regime de presa gestante; ii) um dos requisitos é “não ter integrado organização
criminosa);
Lei 7.210/84, Art. 112 (...) § 3º No caso de mulher gestante ou que
for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência,
os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: I -
não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II -
não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; III - ter
cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; IV
- ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado
pelo diretor do estabelecimento; V - não ter integrado organização
criminosa.
Caso concreto: uma mulher condenada por Associação para o Tráfico, presa em regime
fechado, requer a progressão para o regime semiaberto, dado ser mãe de um menino de 06
anos. Tanto o juízo de piso quanto o tribunal negam o pedido, com fundamento no art. 112, §3º,
V da LEP, uma vez que a condenação indicaria que ela integra organização criminosa.
O conceito de organização criminosa do art. 112, §3º, V da LEP é o mesmo da Lei
12.850/13?
Decisão da 6° Turma/STJ: SIM! A interpretação de que o termo usado no art. 112, §3, V
da LEP seria “mais amplo” que o conceito de organização criminosa estabelecido pela Lei
12.850/13 não se coaduna com a verdade. Para a Turma, a regra do art. 112, §3º, V é norma
penal em branco, complementada pelo art. 1°, I da Lei 12.850/13. Além disso, trata-se de norma
híbrida, o que impõe a necessidade de interpretação alinhada aos princípios inerentes às
normais penais.
Logo, não é possível ao intérprete ampliar o alcance desse conceito para além do que a
própria norma penal o fez. Apontou-se, ainda, a finalidade do dispositivo, voltado à proteção de
crianças ou pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade por ter suas mães
encarceradas. Com base nisso, a 6° turma concedeu o HC.

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DIREITO ELEITORAL
INQUÉRITO ELEITORAL: ARQUIVAMENTO
STF, 989 - Afronta a autoridade da decisão do STF proferida nos autos do Inquérito
4.432 a atuação da Justiça Eleitoral de arquivar os autos do inquérito pelo crime
eleitoral e remeter o feito à Justiça Comum sem qualquer diligência ou análise dos
autos. (RCL 34805)

Caso concreto: O Inquérito n. 4.432 foi instaurado inicialmente no STF, a fim de apurar
supostos pagamentos indevidos a partidos políticos, tendo por fundo a negociação de tempo de
propaganda televisiva. Com a perda do foro especial, o STF remeteu os autos à Justiça Eleitoral
para continuidade das investigações. Ocorre que, após manifestação do Parquet, o juízo
eleitoral determinou o arquivamento do inquérito em relação aos supostos delitos eleitorais e
remeteu o feito à Justiça Federal, para apuração dos delitos comuns. A decisão do juízo eleitoral
foi objeto de reclamação, uma vez que ter-se-ia alterado a competência criminal, afrontando
assim a decisão do STF.
No caso, houve afronta à decisão do STF?
Decisão da 2° Turma/STF: SIM. Prevaleceu o voto do Min. Gilmar Mendes, no sentido de
que o Ministério Público e a Justiça Eleitoral não realizaram diligências mínimas para apurar os
fatos, determinando o arquivamento logo após o recebimento dos autos. Argumentou-se que
houve violação à autoridade da decisão do STF, que definiu a competência da Justiça Eleitoral
para apuração.

DIREITO CIVIL
GUARDA E REGISTRO DE ACESSOS À INTERNET
STJ, 678 - É juridicamente possível obrigar os provedores de aplicação ao
fornecimento de IPs e de dados cadastrais de usuários que acessaram perfil de rede
social em um determinado período de tempo. (REsp 1.738.651-MS)

Premissa: o art. 15 da Lei 12.965/14 (Marco Civil da Internet), prevê a obrigação de


registro de acesso a aplicações de internet pelo prazo de 06 meses;
Lei 12.965/14, Art. 15. O provedor de aplicações de internet
constituído na forma de pessoa jurídica e que exerça essa atividade
de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos
deverá manter os respectivos registros de acesso a aplicações de
internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo
prazo de 6 (seis) meses, nos termos do regulamento.
Breve análise: a discussão que chega ao STJ é de se além da obrigação de guarda e
registro dos dados de acesso, o provedor de aplicação poderia ser compelido também a fornecer
os IP’s e dados cadastrais dos usuários. Para o STJ, considerando a previsão do art. 15 da Lei
12.965/12 e o art. 5°, IV da CR/88 (vedação ao anonimato), admite-se tal determinação, desde
que lastreada por decisão judicial, uma vez tratar-se de mero desdobramento das obrigações
de guarda e registro.
Com base nisso, a Terceira Turma determinou que o provedor informasse quais usuários
(endereço IP e dados cadastrais) acessaram o perfil de uma rede social durante determinado
período.

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➔ Mesmo se tratando de direito civil, o tema pode ser cobrado de forma acessória nos
concursos de delegado, dado tratar-se de um relevante meio de obtenção de provas
nos dias atuais.

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EXERCÍCIOS
1. Em nome do princípio do “in dubio pro reu” o empate no julgamento de uma ação de
habeas corpus favorece o paciente (réu ou acusado).
CERTO ( ) ERRADO ( )

2. Um dos postulados básicos do sistema acusatório, adotado no processo penal brasileiro,


é que o juiz não pode atuar como substituto do órgão de acusação. Em razão disso, é
vedada a iniciativa probatória do magistrado na fase de investigação.
CERTO ( ) ERRADO ( )

3. Conforme entendimento da Corte Suprema, os institutos da suspeição e do impedimento


aplicam-se também aos ministros do STF, tanto nos processos de natureza subjetiva
quanto objetiva.
CERTO ( ) ERRADO ( )

4. No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de


propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, independente
de dano;
CERTO ( ) ERRADO ( )

5. Segundo a jurisprudência do STF, em situações de crise sanitária, como a de COVID-19, o


poder requisitório dos entes subnacionais deve ser limitado pelo órgão gestor da pasta
(Ministério da Saúde).
CERTO ( ) ERRADO ( )

6. Por se tratar de meio de obtenção de prova, a colaboração premiada pode ser submetida
à apreciação judicial, admitindo-se sua invalidação quando eivada de vícios e ilicitudes.
CERTO ( ) ERRADO ( )

7. O sistema processual penal adotado pelo Brasil é o Acusatório, embora não exista
previsão legal expressa nesse sentido.
CERTO ( ) ERRADO ( )

8. Segundo o STJ, é possível a aplicação de Astreintes no processo penal, tanto em relação a


terceiros quanto ao réu.
CERTO ( ) ERRADO ( )

9. É possível ao juízo criminal efetivar o bloqueio via Bacen-Jud ou a inscrição em dívida


ativa dos valores arbitrados a título de astreintes.
CERTO ( ) ERRADO ( )

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10. Segundo o STF, admite-se o emprego da Força Nacional de Segurança Pública pelo
Ministro da Justiça, independente de solicitação ou anuência do governador de estado.
CERTO ( ) ERRADO ( )

11. O exercício da atividade de treinador ou de instrutor de tênis não exige o registro no


Conselho Regional de Educação Física.
CERTO ( ) ERRADO ( )

12. Situação fática: João ocupou o cargo de prefeito municipal no período de 2013 a 2016,
sendo reeleito para mandato de 2017 a 2020. Ocorre que durante seu primeiro mandato
João praticou atos que levaram à sua condenação por improbidade administrativa, o que
se deu apenas no curso do segundo mandato. Nesse caso, JOÃO não poder ser afastado
do cargo, uma vez a suspensão dos direitos políticos só poderia ocorrer em relação ao
primeiro mandato.
CERTO ( ) ERRADO ( )

13. Em que pese se reconheça a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil ao Processo
Penal, neste não se admite a aplicação de multas processuais (astreintes), dado que
ofenderia o direito de defesa.
CERTO ( ) ERRADO ( )

14. Uma Turma do STJ que tenha julgado em sede de Recurso Especial (RESP) uma
determinada ação penal é impedida de participar do julgamento de eventual Revisão
Criminal impetrada após a condenação.
CERTO ( ) ERRADO ( )

15. É ilícita a busca e apreensão domiciliar realizada sem mandado judicial ou consentimento
dos moradores.
CERTO ( ) ERRADO ( )

16. A proteção constitucional da casa prevista no art. 5º, XI CR/88 independe do formato ou
localização do bem, tampouco de tratar-se de bem móvel ou imóvel, desde que seja usado
para fins de moradia ou habitação permanentes.
CERTO ( ) ERRADO ( )

17. Segundo o STJ, não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio
mandado judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de
forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no local se alia à
fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente.
CERTO ( ) ERRADO ( )

18. A ordem judicial de busca e apreensão deve ser executada preferencialmente de dia,
evitando-se os finais de semana.
CERTO ( ) ERRADO ( )

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19. A Lei 7.210/84 - Lei de Execução Penal, prevê a remição de pena pelo trabalho, mas nada
menciona acerca desta possibilidade pelo estudo.
CERTO ( ) ERRADO ( )

20. Para o STJ, a remição de pena pelo trabalho, ao contrário do que ocorre na remição de
pena pelo estudo, admite o aproveitamento das horas excedentes ao máximo legal
previsto.
CERTO ( ) ERRADO ( )

21. Embora possa configurar improbidade administrativa, a falta de prestação de contas por
prefeito não configura tipo penal.
CERTO ( ) ERRADO ( )

22. O delito de estelionato, após o Pacote Anticrime, passou a exigir a representação da


vítima para seu processo e julgamento.
CERTO ( ) ERRADO ( )

23. Após o ingresso da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), a ação penal do crime de
Estelionato passou a ser pública condicionada à representação da vítima, independente
da condição desta.
CERTO ( ) ERRADO ( )

24. A retroatividade da representação no crime de estelionato alcança todos os processos


ainda não transitados em julgado.
CERTO ( ) ERRADO ( )

25. O tempo exigido da mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou
pessoas com deficiência, para progressão de regime é reduzida de 1/6 para 1/8, com
vistas a proteção da criança ou deficiente.
CERTO ( ) ERRADO ( )

26. Segundo o STJ, as regras especiais de progressão de regime da mulher gestante ou mãe
de criança ou pessoa com deficiência, não se aplicam a condenadas por Associação para
o Tráfico, uma vez que se presume integrarem organizações criminosas.
CERTO ( ) ERRADO ( )

27. Verificada a conexão ou continência entre crimes de competência da Justiça Federal e da


Justiça Eleitoral, dar-se-á, como regra, a separação dos processos e julgamentos.
CERTO ( ) ERRADO ( )

28. Não é obrigatória a presença de profissional de enfermagem na composição da tripulação


das Ambulâncias de Suporte Básico - Tipo B e das Unidades de Suporte Básico de Vida
Terrestre (USB) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU.

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CERTO ( ) ERRADO ( )

29. Segundo STJ, dando interpretação ao Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14), os
provedores de aplicação são responsáveis pela guarda e preservação dos dados
cadastrais e de endereços IP’s de usuários, podendo ser obrigados a fornecer tais
informações quando requisitado por autoridade judiciária.
CERTO ( ) ERRADO ( )

30. Em que pese seja formada majoritariamente por policiais dos estados (policiais militares
e civis), a Força Nacional de Segurança Pública é vinculada ao Ministério da Justiça, a
quem cabe avaliar em cada caso o seu emprego.
CERTO ( ) ERRADO ( )

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EXERCÍCIOS COMENTADOS
Em nome do princípio do “in dubio pro reu” o empate no julgamento de uma ação
de habeas corpus favorece o paciente (réu ou acusado).
CERTO. Via de regra os colegiados de julgamento possuem número ímpar de
membros, justamente para evitar o empate. Contudo, se por qualquer razão (ex.
licença de um dos ministros/desembargadores) o número de julgadores for par e a
decisão terminar empatada, o HC irá favorecer ao paciente.

Foi isso que aconteceu em dois julgados analisados nesse material, dado que a
Segunda Turma do STF estava com apenas 04 ministros, em razão de licença do
Ministro Celso de Melo.

Um dos postulados básicos do sistema acusatório, adotado no processo penal


brasileiro, é que o juiz não pode atuar como substituto do órgão de acusação. Em
razão disso, é vedada a iniciativa probatória do magistrado na fase de investigação.
CERTO. Mesmo antes do Pacote Anticrime já era uníssono o entendimento da
doutrina de que o sistema processual adotado pelo Brasil era o Acusatório. Com a
entrada em vigor da Lei 13.964/19, isto passou a constar de forma expressa no art.
3°-A, do CPP. Nesse sentido, a atuação probatória do juiz é bastante restrita,
especialmente na fase investigatória.

Conforme entendimento da Corte Suprema, os institutos da suspeição e do


impedimento aplicam-se também aos ministros do STF, tanto nos processos de
natureza subjetiva quanto objetiva.
ERRADO. Processos subjetivos são aqueles em que se discutem questões de
ordem individual, interesses concretos. Processos objetivos são aqueles em que o
objeto da discussão é abstrato, como a validade de uma lei ou ato normativo – cujo
efeito da decisão suplanta o interesse das partes.

Neste tipo de processo (objetivo) não se vislumbra a aplicabilidade dos


institutos da suspeição ou impedimento para os ministros do STF, dada a inexistência
de interesses individuais em jogo. A única exceção admitida é quando o próprio
ministro, por razões de foro íntimo, declarar-se suspeito ou impedido.

No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de


propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
independente de dano;
ERRADO. O instituto da requisição administrativa somente admite o
pagamento de indenização ulterior “se houver dano”, eis o erro da questão. Vale
lembrar que na ADI 6362 o STF reconheceu a competência dos Estados/DF e
Municípios de requisitar bens móveis, imóveis ou serviços de particulares durante a
crise de COVID-19 independente de autorização ou consentimento do Ministério da
Justiça.

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PS.: não confunda a palavra “iminente”, que significa “que ameaça se


concretizar, que está a ponto de acontecer; próximo, imediato”, com a palavra
“eminente”, cujo significado é “muito acima do que o que está em volta;
proeminente, alto, elevado”.

Ex.1: A chuva é iminente (está prestes a ocorrer);

Ex. 2: O eminente Ministro (destaca a relevância do ministro).

Blza?!

Segundo a jurisprudência do STF, em situações de crise sanitária, como a de COVID-


19, o poder requisitório dos entes subnacionais deve ser limitado pelo órgão
gestor da pasta (Ministério da Saúde).
ERRADO. Esse era o argumento usado pelo impetrante da ADI 6362. Contudo,
a decisão do STF foi justamente em sentido oposto. Não faz sentido que o poder
requisitório dos Estados/DF e Municípios seja limitado justamente numa situação de
crise, especialmente porque nessas hipóteses são esses entes os mais próximos da
população.

Por se tratar de meio de obtenção de prova, a colaboração premiada pode ser


submetida à apreciação judicial, admitindo-se sua invalidação quando eivada de
vícios e ilicitudes.
CERTO. Esse foi um dos argumentos do STF para anular uma colaboração
premiada (HC-142205 e HC-143427). Vale destacar que a colaboração em si não é
prova, e sim meio de obtenção de prova. Nesse sentido, cabe às autoridades que
estão firmando o acordo, buscar outros elementos que corroborem (ou refutem) os
termos do depoimento do colaborador.

O sistema processual penal adotado pelo Brasil é o Acusatório, embora não exista
previsão legal expressa nesse sentido.
ERRADO. Antes da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), o fundamento jurídico
usado pela doutrina para afirmar que o sistema brasileiro era o Acusatório
encontrava-se no art. 129, I da CR/88. Ocorre que com a entrada em vigor da novel
lei, isto passou a constar de forma expressa no art. 3º-A do CPP (Art. 3º-A. O
processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.)

Segundo o STJ, é possível a aplicação de Astreintes no processo penal, tanto em


relação a terceiros quanto ao réu.
ERRADO. Olha a casca de banana!

De fato o STJ admite a aplicação de Astreintes no processo penal, sob o


fundamento de emprego subsidiário das normas do CPC ao CPP. Nessa linha, não há

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qualquer objeção à aplicação de Astreintes em desfavor de terceiros que não


figurem na condição de réus do processo penal. Contudo, e aí está o erro, não se
pode aplicar Astreintes em desfavor do próprio réu, uma vez que ele estaria sendo
obrigado a produzir prova contra si mesmo. Esta medida, segundo o STJ, fere de
morte o princípio do nemo tenetur se detegere, razão pela qual é inadmitida.

É possível ao juízo criminal efetivar o bloqueio via Bacen-Jud ou a inscrição em


dívida ativa dos valores arbitrados a título de astreintes.
CERTO. Trata-se do destaque do REsp 1.568.445-PR decidido pela 3º Sec/STJ.
Embora mais gravosa, a implementação de Astreintes diretamente via bloqueio de
contas no sistema BACEN-JUD é admitido, desde que implementado pelo juízo
competente. No caso concreto, buscava-se que as astreintes fossem aplicadas
através de inclusão em dívida ativa. Por obvio essa segunda é muito mais favorável
a quem sofre a medida, contudo é menos eficaz ao sistema de justiça criminal.

Segundo o STF, admite-se o emprego da Força Nacional de Segurança Pública pelo


Ministro da Justiça, independente de solicitação ou anuência do governador de
estado.
ERRADO. Na ACO-3427 o plenário da corte decidiu justamente o oposto: que
o emprego da FNSP depende de solicitação ou pelo menos anuência dos governadores
de estado. O fundamento, conforme visto, é a preservação da autonomia dos
estados-membro.

O exercício da atividade de treinador ou de instrutor de tênis não exige o registro


no Conselho Regional de Educação Física.
CERTO. A regra acerca do exercício de atividades profissionais está prevista na
CR/88, Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Nesse sentido, não
existindo restrição legal ao exercício de determinada profissão, a regra é que
qualquer pessoa possa a exercer.

Situação fática: João ocupou o cargo de prefeito municipal no período de 2013 a


2016, sendo reeleito para mandato de 2017 a 2020. Ocorre que durante seu
primeiro mandato João praticou atos que levaram à sua condenação por
improbidade administrativa, o que se deu apenas no curso do segundo mandato.
Nesse caso, JOÃO não poder ser afastado do cargo, uma vez a suspensão dos
direitos políticos só poderia ocorrer em relação ao primeiro mandato.
ERRADO. A LIA prevê entre suas penalidades a suspensão dos direitos
políticos. A aplicação da penalidade independe do agente estar ocupando o cargo em
que praticou o ato ímprobo. No caso do prefeito, ele perderá os direitos políticos, e
por consequência o cargo, mesmo que o ato ímprobo tenha sido praticado no primeiro
mandado.

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Em que pese se reconheça a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil ao


Processo Penal, neste não se admite a aplicação de multas processuais (astreintes),
dado que ofenderia o direito de defesa.
ERRADO. Admite-se sim a aplicação de astreintes no processo penal, desde
que isso não seja feito contra o réu. As astreintes podem ser aplicadas a um terceiro
envolto no processo, como no caso analisado, em que o juiz determinou ao facebook
que repassasse determinadas informações num determinado prazo e o provedor não
o fez.

Uma Turma do STJ que tenha julgado em sede de Recurso Especial (RESP) uma
determinada ação penal é impedida de participar do julgamento de eventual
Revisão Criminal impetrada após a condenação.
ERRADO. As regras de impedimento e suspeição não se aplicam nesta
hipótese. Apesar de já ter apreciado a matéria em sede de RESP, a Turma não é
impedida de analisar eventual revisão criminal, dado que não houve alteração de
instância.
Ademais, sequer é admitida a imposição de impedimento a colegiados, mas tão
somente aos julgadores (ex. ministro, desembargador, juiz).

É ilícita a busca e apreensão domiciliar realizada sem mandado judicial ou


consentimento dos moradores.
CERTO. De fato a casa possui proteção constitucional no art. 5º, XI que permite
o ingresso de terceiros apenas nas seguintes situações: 1º) com consentimento do
morador; 2º) sem consentimento do morador em caso de flagrante delito, desastre,
para prestar socorro ou por ordem judicial durante o dia.
Assim, a regra é: o ingresso da polícia somente pode ocorrer nessas hipóteses
constitucionais.

A proteção constitucional da casa prevista no art. 5º, XI CR/88 independe do


formato ou localização do bem, tampouco de tratar-se de bem móvel ou imóvel,
desde que seja usado para fins de moradia ou habitação permanentes.
ERRADO. Olha a casa de banana!
Estava tudo certo até surgir a palavra “permanentes”. De fato a proteção
constitucional da casa é ampla, portanto independe de ser um mero “barraco” ou
uma mansão. Sob o ponto de vista jurídico, a proteção é a mesma. O que importa é
que o “barraco” ou a “mansão” sejam usados para fins de moradia ou habitação, a
qual pode ser permanente ou temporária. Do contrário, alguém que aluga uma casa
para passar temporada de férias não estaria protegido de ingressos abusivos de
agentes estatais.

Segundo o STJ, não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem
prévio mandado judicial, em apartamento que não revela sinais de habitação, nem

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mesmo de forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de residentes no


local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime
permanente.
CERTO. Essa decisão é mega importante para vc, futuro delegado!
No HC 588.445-SC, a Quinta Turma considerou válido o ingresso de policiais
numa residência em que havia forte suspeita de tráfico de drogas. Como sabemos o
tráfico de droga na modalidade “guardar” é crime permanente, logo admite o
flagrante. Ademais, tal circunstância soma-se a outro fato: era notório que a casa
estava desabitada. Nessa situação, somando-se as duas situações: suspeita de
tráfico + casa desabitada, o STJ entendeu possível o ingresso mesmo sem o mandado
judicial.

A ordem judicial de busca e apreensão deve ser executada preferencialmente de


dia, evitando-se os finais de semana.
ERRADO. A palavra “preferencialmente” torna a assertiva incorreta, dado
tratar-se de uma condição obrigatório, imposta pela própria Constituição que a busca
se dê ao dia.
E o que é dia? A doutrina oscila entre um critério objetivo (das 6h às 18h) e um
critério natural (do amanhecer ao pôr do sol). Mas atenção! Qualquer que seja o
critério adotado, a busca NÃO PODE ocorrer antes das 5 h ou após às 21 h, dado que
nestas condições configura abuso de autoridade – Lei 13.869/19, Art. 22, III.
E essa história de evitar finais de semana? Engodo! Não existe nenhuma
previsão nesse sentido. A busca pode se dar tanto nos dias de semana quanto nos
finais de semana, trata-se de uma decisão da autoridade policial responsável pelo
seu cumprimento.

A Lei 7.210/84 - Lei de Execução Penal, prevê a remição de pena pelo trabalho, mas
nada menciona acerca desta possibilidade pelo estudo.
ERRADO. Atualmente a LEP possui sim a previsão de remição pelo estudo, a
qual deve se dar na proporção: a cada 12 horas de estudo, reduz 01 dias de
cumprimento de pena.

Para o STJ, a remição de pena pelo trabalho, ao contrário do que ocorre na remição
de pena pelo estudo, admite o aproveitamento das horas excedentes ao máximo
legal previsto.
ERRADO. As regras de remição de pena pelo trabalho e pelo estudo são as
seguintes: PELO TRABALHO: a cada 3 dias de trabalho, com jornada máxima de 8 hs
diárias, decorre a redução de 01 dia de pena; PELO ESTUDO: a cada 12 (doze) horas
de estudo, divididos em no mínimo 3 dias, reduz a pena em 01 dia;
Se o indivíduo trabalhar além das 08 hs diárias esse excedente irá ser
aproveitado para fins de remição.
O mesmo se dá no caso de o apenado estudar horas além destas 12 horas a
cada três dias, elas serão consideradas no cômputo para fins de remição.

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Embora possa configurar improbidade administrativa, a falta de prestação de


contas por prefeito não configura tipo penal.
ERRADO. O prefeito que deixa de prestar contas ou as presta de forma
extemporânea, incorre, ao menos em tese, no delito do art. 1º, VII do Decreto-Lei
201/67.

O delito de estelionato, após o Pacote Anticrime, passou a exigir a representação


da vítima para seu processo e julgamento.
CERTO. Com a Lei 13.964/19 (Anticrime), o Estelionato passou de crime de
ação penal pública incondicionada p/ crime de ação penal pública condicionada
, logo, exige-se a representação da vítima para seu processo e julgamento.

Após o ingresso da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), a ação penal do crime de


Estelionato passou a ser pública condicionada à representação da vítima,
independente da condição desta.
ERRADO. Vc já notou que venho batendo muito nessa tecla? É que isso vai cair
certo nos próximos concursos. Vamos lá!
De fato o Estelionato passou, em regra, a depender da representação da vítima.
Contudo, há exceções e essas exceções dependem justamente da condição da vítima.
Se a vítima for a Administração Pública, direta ou indireta; criança ou adolescente;
pessoa com deficiência mental; ou maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz o
delito seguirá sendo de ação penal pública incondicionada.

A retroatividade da representação no crime de estelionato alcança todos os


processos ainda não transitados em julgado.
CERTO. De acordo com decisão da Sexta Turma no HC 583.837-SC, a
retroatividade da norma que passou a exigir a representação para o crime de
Estelionato aplica-se a todos os processos que ainda não transitaram em julgado.
Essa decisão choca-se com a posição da Quinta Turma, a qual define como
marco temporal de aplicação o oferecimento da denúncia.

O tempo exigido da mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças
ou pessoas com deficiência, para progressão de regime é reduzida de 1/6 para 1/8,
com vistas a proteção da criança ou deficiente.
CERTO. Tal regra está prevista no art. 112, §3º da LEP, devendo este requisito
temporal ser cumulado com os demais previstos no mesmo dispositivo.

Segundo o STJ, as regras especiais de progressão de regime da mulher gestante ou


mãe de criança ou pessoa com deficiência, não se aplicam a condenadas por
Associação para o Tráfico, uma vez que se presume integrarem organizações
criminosas.

MUDE SUA VIDA!


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ERRADO. No HC 522.651-SP, a Sexta Turma decidiu que o fato da mulher ser


condenada por Associação para o Tráfico não significa, necessariamente, que ela
integre organização criminosa. Ademais, os requisitos configuradores da Associação
são diferentes da Organização (quantidade de agentes, tipo de delitos, etc). Portanto,
a assertiva erra pela generalidade, dado que se admite sim a progressão diferenciada
da mulher mesmo quando condenada por Associação para o Tráfico.

Verificada a conexão ou continência entre crimes de competência da Justiça


Federal e da Justiça Eleitoral, dar-se-á, como regra, a separação dos processos e
julgamentos.
ERRADO. Por ser especial, a Justiça Eleitoral atrai a competência para o
processo e julgamento tanto dos delitos eleitorais quanto daqueles que lhe sejam
conexos ou continentes. Tal regra vem insculpida no art. 78, IV do CPP, o qual é
amplamente reconhecido como recepcionado pela CR/88.

Não é obrigatória a presença de profissional de enfermagem na composição da


tripulação das Ambulâncias de Suporte Básico - Tipo B e das Unidades de Suporte
Básico de Vida Terrestre (USB) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência –
SAMU.
CERTO. O STJ analisou essa matéria no REsp 1.828.993-RS, em que
interpretando a legislação atinente ao caso considerou desnecessária a presença de
profissional de enfermagem nestas ambulâncias, cujo gravidade de atendimento é
menos complexo.

Segundo STJ, dando interpretação ao Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14), os


provedores de aplicação são responsáveis pela guarda e preservação dos dados
cadastrais e de endereços IP’s de usuários, podendo ser obrigados a fornecer tais
informações quando requisitado por autoridade judiciária.
CERTO. Com fundamento na vedação ao anonimato (CR/88, Art. 5º, IV), o STJ
entendeu que os provedores de aplicação têm sim a obrigação de informar os dados
cadastrais e endereços IP’s de usuários.
Apesar de se tratar de matéria de Direito Civil, este tema tem grande relevância
na atividade prática do delegado de polícia, dado que os “cibercrimes”, tornaram-se
uma constante no dia a dia policial.

Em que pese seja formada majoritariamente por policiais dos estados (policiais
militares e civis), a Força Nacional de Segurança Pública é vinculada ao Ministério
da Justiça, a quem cabe avaliar em cada caso o seu emprego.
CERTO. A FNSP fica vinculada ao MJ, responsável pela decisão sobre seu
emprego. Ou seja, os governadores, quando acharem necessário, pedem apoio da
FNSP e o MJ decide. O que não se admite é que o MJ envie policial da FNSP sem que
haja solicitação ou anuência do governador, dado que estarei violando o pacto
federativo e a autonomia dos Estados-Membros.

MUDE SUA VIDA!


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