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ELABORADO POR:
INAILDO MULUNJI JAMBA SOARES
LUBANGO/2021
DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE E GESTÃO
LUBANGO/2021
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra para minha esposa, Dorcas Kiama, companheira inseparável que compartilha
comigo momentos de alegria e de sucesso, e para minha filha Heilici Soares. Também para
meus pais que muitas vezes tiveram que se sacrificar até demais para que essa monografia
fosse possível.
I
AGRADECIMENTOS
É da mais elementar justiça utilizar este espaço da presente dissertação para agradecer a todas
as pessoas, que directa ou indirectamente, contribuíram para que a mesma se tornasse uma
realidade.
A minha esposa e família, agradeço pelo seu amor e apoio que, sem dúvida, foram essenciais
para a conclusão desse trabalho.
Agradeço de coração e com máxima admiração ao escritor e professor Dr. Sílvio Aparecido
Crepaldi, pelo apoio, paciência e por ter ajuda me disponibilizando materiais que serviram de
suporte para esta Monografia.
Ao meu orientador, por quem tenho grande admiração, Prof. Msc. Miguel Luzolo.
II
RESUMO
Surge então a auditoria Fiscal como instrumento de análise do correcto cumprimento das
obrigações fiscais.
O objectivo deste trabalho é apresentar a auditoria fiscal e seus principais conceitos, dentro do
cenário actual e entender as causas de sua importância nos negócios das organizações como
instrumento de revisão, verificação e segurança para as mesmas.
Compete ao auditor fazer este exame completo à empresa com o objectivo de transmitir uma
imagem verdadeira e apropriada da situação financeira da empresa no período de tempo
considerado.
A auditoria fiscal pressupõe a realização de um exame à situação fiscal da empresa com vista
ao controlo do incumprimento das normas fiscais e à detecção de omissões, inexactidões,
operações simuladas, mas também o exercício de uma boa gestão e planeamento fiscal para a
obtenção de economias fiscais.
III
ABSTRACT
However, companies located in Angola, in order to gain greater competitiveness, are directing
their efforts to, in addition to other matters, also to tax planning and initiatives so that the
effects of the tax burden in force in the country are reduced as much as possible, without
thereby , flee from the segment of the legislation that governs the country's tax system.
Thus, the Tax audit emerges as an instrument for analyzing the correct compliance with tax
obligations.
The objective of this work is to present the tax audit and its main concepts, within the current
scenario and understand the causes of its importance in the business of organizations as a
review, verification and security instrument for them.
Hence the need to hire professionals specialized in the tax area, so that they eliminate the
organization's possibilities of incurring fines and/or sanctions for not correctly complying
with tax obligations.
It is up to the auditor to carry out this complete examination of the company in order to
convey a true and appropriate image of the company's financial situation in the period of time
considered.
The tax audit presupposes an examination of the company's tax situation with a view to
controlling non-compliance with tax rules and detecting omissions, inaccuracies, simulated
operations, but also the exercise of good tax management and planning to obtain savings tax.
IV
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CT – Código Tributário
IC – Imposto de Consumo
VI
LISTA DE FIGURAS
VII
LISTA DE TABELAS
VIII
INDICE GERAL
DEDICATÓRIA..........................................................................................................................I
AGRADECIMENTOS...............................................................................................................II
RESUMO..................................................................................................................................III
ABSTRACT.............................................................................................................................IV
LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................................VI
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................VII
LISTA DE TABELAS...........................................................................................................VIII
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................1
IX
1.1.4. Aplicação da Lei Fiscal no Tempo.....................................................................13
1.4.1. Tributação...........................................................................................................28
2. Metodologia...................................................................................................................30
X
2.4.1 Apresentação dos Resultados dos Questionários......................................................32
CONCLUSÃO..........................................................................................................................44
LIMITAÇÕES E SUGESTÕES...............................................................................................44
REFERÊNCIAS........................................................................................................................46
ANEXOS..................................................................................................................................50
XI
INTRODUÇÃO
O tema levado a estudo não tem recebido uma atenção merecida, se tornando motivo de
debates por parte das instituições a nível mundial. Mas o nosso governo tem procurado meios
de dar a conhecer a sua importância, dando espaço a realização de conferências, de formas a
subsidiar aquilo que tem sido a fraca existência de obras literárias ligadas a este tema no
nosso País.
“A auditoria fiscal é um tipo especializado de auditoria; não se trata de uma auditoria global,
pois é exclusiva da área dos impostos, observando as necessidades da empresa em matéria
fiscal e de avaliação da eficácia da gestão fiscal.” [CITATION Mai10 \p 13 \l 2070 ]
Torna-se importante estudar a prática da auditoria fiscal como instrumento de gestão devido o
seu objecto de estudo, que está centrado no cumprimento das obrigações fiscais por parte das
empresas, evitando penalidades que oneram os custos de tributação.
Justificativa
1
O cenário empresarial tem sido um dos principais afectados por essas transformações. As
empresas começam a perceber que a utilização de suas competências internas é a chave para
elaborar e implementar manobras estratégicas mais eficazes e ágeis. Elas vêm buscando
resultados e diminuição de seus custos, procurando mecanismo que lhes ajuda a melhorar o
cumprimento das suas obrigações fiscais, ampliando assim, cada vez mais, o foco na
qualidade, produtividade, competitividade e excelência.
Com base nisso surge a necessidade de efectuar a pesquisa sobre “A auditoria fiscal como
instrumento de gestão nas empresas de prestação serviços do Lubango”.
Problema de Investigação
Falar de auditoria fiscal no seio empresarial tem se tornando uma problemática, face as fracas
referências literárias existentes, que não são até certa medida, suficiente para fornecer
conteúdos necessários à prática da mesma. Desta forma o presente trabalho procura saber:
De que forma a prática da Auditoria Fiscal é percebida como um instrumento de gestão nas
empresas de prestação de serviço do Lubango?
Objectivo Geral
Objectivos Específicos
Analisar o dossiê permanente, corrente, fiscal e os relatórios e contas de uma das empresas em
analise para verificar a sua situação fiscal.
Compreender até que ponto as penalidades do não cumprimento das obrigações fiscais
comprometem os fluxos de caixa da empresa.
Estrutura do Trabalho
De forma a atingir os objectivos a que se propôs, o trabalho foi assim estruturado: Introdução,
Capítulo I – Fundamentação Teórica, Capítulo II Estudo Aplicado, Conclusão, Limitações e
Sugestões. Iniciou-se com uma apresentação do trabalho na Introdução. No primeiro capítulo
2
fez-se uma abordagem teórica sobre assuntos relevantes ao tema estudado: Auditoria Fiscal
como Instrumento de Gestão nas Empresas de Prestação de Serviço. No segundo capítulo
apresentou-se a metodologia utilizada bem como os dados recolhidos, seu tratamento e os
resultados obtidos a partir do estudo aplicado às empresas de Prestação de Serviço da cidade
do Lubango. Por último apresentou-se conclusões, bem como as limitações e sugestões do
estudo.
3
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Logo este capítulo apresentará o embasamento teórico dos temas levados a estudo nesta monografia.
De acordo o disposto no nº 5, do artigo 3.º do CGT (classificação dos tributos) “São Impostos
os tributos com natureza unilateral, em virtude da sua obrigação não constituir a contrapartida
de qualquer prestação individualizada do Estado e demais ente públicos”
O nosso normativo no nº 7 do Artigo 3.º CGT (Classificação dos tributos) dispõe o seguinte:
A diferença entre Taxa e Imposto é que o Imposto tem carácter unilateral e a Taxa tem
carácter bilateral (há contraprestação) ou seja há obrigações para ambas as partes e uma é o
correspectivo da outra. Os impostos têm de ser criados por lei e tem por base o princípio da
capacidade contributiva, já as taxas assentam no princípio da proporcionalidade, o legislador
apenas tem de definir o seu regime geral (ou decreto-lei parlamentarmente autorizado).
[CITATION Cab11 \p 9 \t \l 2070 ]
4
Para Vera da Silva [CITATION VER10 \p 22 \n \t \l 2070 ] as fases da vida de um imposto
são:
Sistema
Sistema Fiscal
Fiscal Angolano
Angolano
Imposto
Imposto sobre
sobre aa
Imposto Despesa
Despesa
Imposto sobre
sobre oo Imposto
Imposto sobre
sobreoo Regime
Regime Especial
Especial
Rendimento
Rendimento Imposto
Imposto sobre
sobre oo Património
Património de
de Tributação
Tributação
Valor
Valor Acrescentado
Acrescentado
Imposto
Imposto (IVA) Imposto Regime
Regime fiscal
Industrial
(IVA) ImpostoPredial
Predial fiscal
Industrial Imposto (IP)
(IP) Contribuições
Contribuições para
para aplicável
aplicável ao
ao sector
sector
ImpostoEspecial
Especial Segurança petrolífero
Imposto
Imposto sobre
sobreosos de
de Consumo
Consumo (IEC) (IEC) Imposto
Imposto Sobre
Sobre Segurança Social
Social petrolífero
Rendimentos
Rendimentosdo do Sucessões
Trabalho Imposto
Imposto de de Selo
Selo Sucessões ee Regime
Regime fiscal
fiscal
Trabalho (IRT)
(IRT) (IS) Doações
Doações
(IS) aplicável
aplicável àà
Imposto sobre
Imposto sobre indústria
Aplicação Imposto
Imposto de de indústriamineira
mineira
Aplicação dede Veiculos
Capitais
Capitais(IAC)
(IAC) Veiculos
Motorizado
Motorizado (IVM)(IVM)
Para Carmo [CITATION Jos16 \p 3 \n \t \l 2070 ] “o Sistema Fiscal Angolano apresenta uma
estrutura cedular, com vários impostos sobre os rendimentos auferidos por empresas e/ou
indivíduos”. Actualmente, segundo Santos [CITATION Clá20 \p 5 \n \t \l 2070 ] em
convergência com Carmo [CITATION Jos16 \p 3 \n \t \l 2070 ] o Sistema Fiscal angolano
engloba o Regime Geral e o Regime Especial de Tributação, visando as suas incidências
objectivas e subjectivas, as isenções, as taxas dos impostos, os modos de liquidação e
pagamento, bem como as obrigações declarativas dos sujeitos passivos. Assim sendo, o
regime geral de tributação é composto por um conjunto de impostos (conforme se pode
constatar na figura acima) sobre o rendimento (imposto sobre o rendimento do trabalho,
imposto industrial e imposto sobre a aplicação dos capitais), sobre a despesa (imposto
5
especial de consumo, imposto sobre valor acrescentado imposto de selo e Imposto de
Veiculos Motorizado), sobre o património (imposto predial, e imposto sobre sucessões e
doações) e outros impostos. E o regime especial de tributação é constituído pela tributação da
Actividade Petrolífera e pela tributação da Actividade Mineira. [CITATION Jos16 \l 1046 ]
Para o nosso contexto, a Constituição da Republica de Angola (CRA) vem evidenciar para
que serve o sistema fiscal no seu artigo 101º (Sistema Fiscal) onde tipifica que “ o Sistema
Fiscal visa satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas,
assegurar a realização da política económica e social do Estado e proceder a uma justa
repartição dos rendimentos e da riqueza nacional. ”
Em coordenação com lei magna (CRA), o CGT faz menção aos Fins de Tributação no nº 2
DO artigo 10º onde o legislador afirma que “A tributação deve igualmente promover a
estabilidade financeira do Estado, através da diversificação das suas fontes de receitas.” Estas
receitas que muito denominamos de receitas públicas segundo Campos & Lázaro [CITATION
Ant05 \p 2 \n \t \l 1046 ], elas classificam-se em:
Critérios sócio-politicos;
Critérios sócio-economicos: tem em conta factores como o nível de fiscalidade,
a estrutura fiscal e a complexidade técnica do sistema fiscal.
“Nível de Fiscalidade (coeficiente fiscal) é expressa pela relação entre receitas fiscais e um
indicador de rendimento nacional”. [CITATION Ant05 \p 3 \t \l 1046 ] . Ela é dada pelo
somatório das Receitas Fiscais mais Segurança Social na razão do Produto Interno Bruto
6
(PIB), isto é, “permite medir a parte do rendimento nacional que, através dos impostos, é
transferida do sector privado para o sector público.”
Segundo Pereira (2010) citado por Vera da Silva, [CITATION VER10 \p 4 \n \t \l 2070 ] em
sua tese “caracteriza e distingue dois grandes tipos de sistemas fiscais: os sistemas fiscais dos
países industrializados e os sistemas fiscais dos países em desenvolvimento.”
9%
5%
48%
38%
“Estrutura Fiscal é a composição interna do sistema fiscal, o peso relativo de que cada um dos
impostos tem no total das receitas” [CITATION Ant05 \p 4 \t \l 1046 ] . “A escolha de uma
estrutura fiscal é uma opção política com vista a uma maior justiça, maior equilíbrio e maior
bem-estar social.” Deste modo as estruturas fiscais apresentam as seguintes características:
Não existe uma estrutura fiscal óptima. Contudo os países mais desenvolvidos têm uma
estrutura fiscal baseada em impostos sobre o rendimento, contribuições para segurança social
e impostos gerais sobre o consumo.
Neste contexto, Angola tem empreendido vastas reformas no decorrer da década passada, que
de alguma forma são inadiável, profunda e inovadora de todo o seu sistema fiscal, como
apresento a seguir de uma maneira resumida e sustentada por um gráfico cronológico
[ CITATION Del20 \l 2070 ]:
8
IVA, IEC e RJFDE Alteração profunda na tributação indirecta mediante
revogação do IC e substituição pelo IVA. Introdução de IEC sobre importação e
produção de determinados produtos. Reforma do RJFDE;
Reforma dos códigos fiscais III e aprovação do Código do IP Reforma do CGT,
e códigos do IRT e Imposto Industrial. Aprovação do IP e revogação do IPU e
Imposto sobre Sucessões e Doações e Sisa sobre
1 transmissão de imóveis.
4
Gráfico 2 - Reforma Tributária - Cronologia de eventos
C
r
Reforma Reforma
10 PERT 12 de 14 i 18 ADT Angola 20 Reforma de
de
códigos a - Portugal códigos fiscais
códigos
fiscais I III e aprovação
fiscais II ç
1 Código IP
11 Património 13 Grandes ã Criação IVA, IEC,
da AGT 9
RSEF e Contribuintes o RJFDE
contribuintes e RJFDE
faltosos
d
a
A
Fonte: Deloitte Tax
G
Com a introdução do IVA em 2019 e a Criação Tdo Academyda
IEC, devido ao fraco conhecimento
funcionalidade e benefícios da implementação destes impostos pelos empresários e não só,
torna-se necessário apontar vantagens e desvantagens da tributação da despesa, segundo
Campos & Lázaro [CITATION Ant05 \p 3 \n \t \l 1046 ].
Efeito de anestesia, porque quem paga não sente e quem recebe não se depara
com resistência;
Menos propensão às fraudes e evasões fiscais;
A Administração Fiscal utiliza menos recursos na fiscalização;
Maior facilidade na determinação da matéria colectável.
São impostos cegos, que não atendem à real capacidade contributiva dos
contribuintes, contrariando o objectivo de progressividade na tributação, que
por vezes se reputa de fundamental (constitucionalmente consagrada);
Maior susceptibilidade de abusos a que estarão sujeitos por parte dos governos,
para atingir mais receitas.
9
Com isso o Estado espera aumentar o nível de arrecadação de receitas através da
tributação sobre a despesa, deixando de depender maioritariamente do imposto sobre o
rendimento.
Este código sofreu alterações significantes, conforme apresentado por Cruz, Caldeira, &
Cláudia [CITATION Dua20 \p 3 \n \t \l 2070 ]:
“As alterações propostas visam equilibrar a carga fiscal das famílias, retomando-se a
progressividade das taxas” [CITATION Dua20 \p 4 \t \l 2070 ]. Daí temos:
O novo Código do Imposto Predial (“CIP”) instituiu um conceito de imposto único sobre o
património imobiliário, consolidando num único código o regime fiscal aplicável à detenção,
arrendamento e transmissão gratuita ou onerosa de imóveis., passando a estar sujeitos às
novas regras todos os prédios urbanos e rústicos.[CITATION Del20 \p 15 \l 2070 ].
11
Actualização e modernização da tributação incidente sobre o património
imobiliário: actualização do regime de tributação do património tanto na
vertente estática e vertente dinâmica;
Estímulo do mercado imobiliário de terrenos rurais: aprovação de normas
que permitam a dinamização das transacções deste tipo de terrenos;
Maior eficiência na gestão do modelo de tributação do património: criação
de ferramentas tecnológicas com vista à desmaterialização dos processos
essenciais do imposto;
Fonte de receitas municipais: papel relevante do Imposto Predial enquanto
principal fonte de arrecadação de receitas municipais, no âmbito do processo de
descentralização administrativa e institucionalização material das autarquias
locais.
“Para que um tributo possa ser exigido é necessária expressa previsão legal (nullum tributum
sine praevia lege). Esta previsão legal foi denominada como princípio da legalidade.”
[CITATION Mol14 \p 11 \t \l 2070 ]
Por sua vez no n.º 1 do artigo 102º da CRA dispõe o seguinte: “Os impostos só podem ser
criados por Lei, que determina a sua incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos
contribuintes.” No seu nº 3 o legislador segue dizendo que “a criação de impostos de que
12
sejam sujeitos activos os órgãos do poder local, bem como a competência para a sua
arrecadação, são determinadas por lei.”
No artigo 102.º nº 2, da CRA, o legislador afirma que “as normas fiscais não têm efeito
retroactivo, salvo as de carácter sancionatório, quando sejam mais favoráveis aos
contribuintes.”
“Quando o facto tributário for de formação sucessiva, a nova Lei é apenas aplicável ao
período decorrido após a sua entrada em vigor.” Artigo 8º nº4 do CGT.
13
1.1.4. Aplicação da Lei Fiscal no Tempo
Não aplicação da nova lei que veio alterar os elementos essenciais do imposto,
desde que a obrigação já tenha sido constituída em momento anterior ao
aparecimento dessa lei (teoria da irretroactividade)
Aplicação da nova lei ao processo administrativo em curso, desde que os
elementos alterados não sejam essenciais
O CGT no seu artigo 9º nº 2 tipifica que “a tributação directa sobre as pessoas singulares ou
colectivas abrange a totalidade dos rendimentos, independentemente do lugar da sua
proveniência.”
14
Para os empresários não tem sido só possível fazer uma análise da situação financeira mais
como também da situação fiscal da empresa, de modos a permitir maior exactidão das
demonstrações financeiras e contribuir para melhor observância das leis fiscais.
A auditoria fiscal ao longo do tempo tem se tornado uma prática no seio empresarial, tal que,
passou a ser um mecanismo de controlo para empresas, e não usado somente pelos agentes
fiscais para inspeccionar a regularidade fiscal do contribuinte.
“A auditoria fiscal é um tipo especializado de auditoria; não se trata de uma auditoria global,
pois é exclusiva da área dos impostos, observando as necessidades da empresa em matéria
fiscal e de avaliação da eficácia da gestão fiscal”. [CITATION Mai10 \p 13 \l 2070 ].
De formas a dar luz daqueles que são os entes que realizam este tipo de auditoria, o mesmo
autor segui dizendo que:
Assim, olhando para definição apresentada anteriormente, sente-se que há uma concordância
e sequência lógica, quando Oliveira, Paixão, Silva, & Furtado [CITATION Ely17 \p "5
& 6" \n \t \l 2070 ] falam com que intenção cada entidade (empresa e estado) realiza a
Auditoria Fiscal:
15
Começo primeiro por apresentar a definição de alguns autores onde conceituam a auditoria
fiscal numa vertente angla estadista e social ao expressarem um interesse do Estado na
arrecadação de receitas, de prevenção e combate a situações eventuais de evasão e fraude
fiscal.
De acordo com Grampert (2002) citado por Martínez [CITATION Mar121 \p 152 \n \t \l
2070 ] em sua tese: “Auditoria Fiscal é um exame para saber se o contribuinte avaliou e
declarou sua divida fiscal e cumpriu outras obrigações de acordo com as leis impostos e o
sistema tributário em geral.”
Por outro lado, as definições que se apresentam a seguir abordam uma auditoria fiscal
desencadeada pela empresa (vertente empresarial).
A auditoria fiscal tem por missão efectuar um exame da situação fiscal da empresa
tendo em vista o controlo da regularidade fiscal, assim como o conhecimento dos
riscos que decorrem da prática de eventuais erros de forma a contribuir para uma
maior eficiência da gestão fiscal, dentro dos limites do quadro da legislação em
vigor.
Quando falar das “formas de auditoria” mais a frente vamos poder entender como se
comporta a Auditoria Fiscal nas duas vertentes.
“Auditoria Fiscal é uma importante ferramenta que auxilia a gestão de modos a atingir os
seus objectivos, focando no cumprimento regular das leis fiscais, de forma a credibilizar o
16
planeamento e a gestão fiscal para obtenção de economias fiscais, e lidar com eventuais
reformas tributárias e crises que podem se apresentar no sistema económico nacional.”
Para fazer uma abordagem mais completa apresento uma figura baseado no artigo de Bastos
[CITATION Bas04 \p 2 \n \t \l 2070 ] de modos a facilitar a interpretação das similaridades e
diferenças entre elas.
Em pesquisas desencadeadas, vários foram os autores que afirmarão que auditoria fiscal é
uma extensão da auditoria financeira, como é o caso de Pohlmann:
A Auditória Fiscal assemelha-se muito e pode, até mesmo, ser considerada como uma
subespécie de auditoria financeira, que é o conjunto de técnicas e procedimentos empregados
17
para exame de registros e demonstrações financeiras, bem como a documentação que lhe dá
suporte, visando apresentar e formalizar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre
situações, transacções ou eventos patrimoniais. [CITATION Mar10 \p 19 \t \l 2070 ]
Passo por definir primeiro a auditoria financeira e visando uma breve diferença entre ambas.
Segundo Costa (2010:49) citado por Isabel & Oliveira [CITATION Mar12 \p 27 \n \t \l 2070
] em sua tese Auditoria Financeira tem como objecto as asserções subjacentes às DF´s e como
objectivo a expressão de uma opinião sobre estas por parte de um profissional competente e
independente. O objectivo da auditoria financeira está directamente relacionado com as
asserções dos órgãos de gestão, as quais se presumem verdadeiras, e cujo papel do auditor é a
sua confirmação ou não.
E do outro lado de acordo com Lourenço (2000, p. 59) citado por Isabel & Oliveira
[CITATION Mar12 \p 27-28 \n \t \l 2070 ] o objectivo da Auditoria Fiscal consiste na
realização de um diagnóstico acerca da situação fiscal da entidade, por forma a avaliar a sua
estratégia fiscal, bem como a eficiência da gestão, numa única perspectiva, a diminuição
máxima da carga fiscal, tornando-se como tal, instrumento da máxima importância ao serviço
da gestão fiscal, na medida em que influencia significativamente as decisões de gestão.
18
Aspecto Comparativo Auditoria Financeira Auditoria fiscal
Observação das exigências fiscais em matéria
Imagem verdadeira e apropriada das
Objectivo Principal tributária como salvaguarda dos superiores
contas
interesses do Estado
De acordo com Canedo et al. (2009) citado por Isabel & Oliveira, [CITATION Mar12 \p
28 \n \t \l 2070 ]:
19
Fonte: Adaptado de Guimarães (1998) citado por Mai, et al., [CITATION Mai10 \p
“Tal como na auditoria financeira, a auditoria tributária procura reconstruir o caminho inverso
ao da obtenção das DF´s declaradas, com o objectivo de procurar evidências sobre a
veracidade das asserções constantes das DF´s.” [CITATION Mar12 \p 28 \t \l 2070 ]
Declaraçõ Informação
Classificaç
Factos es Auditada
ão e
Patrimoni DF´s de
Registo
ais Rendimen
contabilísti
tos
co
Auditoria Financeira
Auditoria Tributária
Fonte: Bastos [CITATION
Bas04 \p 5 \n \t \l 2070 ]
Segundo Bastos [CITATION Bas04 \p 5 \n \t \l 2070 ] mediante a análise da figura podemos
afirmar que os procedimentos da Auditoria Tributária não visam, em exclusivo, tal como
acontece na Auditoria Financeira, obter evidências sobre as asserções contidas nas DF´S, mas
sim, e em primeira instância, obter evidências sobre asserções contidas nas diversas
declarações de rendimentos, nas quais são apuradas as correspondentes bases tributáveis.
Para finalizar Isabel & Oliveira, [CITATION Mar12 \p 29 \n \t \l 2070 ] diz que no tocante
aos objectivos de ambas as auditorias, eles são diferentes apenas no que respeita às
consequências das mesmas, isto porque, enquanto que a auditoria financeira tem como
objectivo emitir uma opinião, podendo estar associada a um conjunto de recomendações, da
auditoria tributária podem resultar correcções aos resultados tributáveis declarados com
efeitos monetários efectivos, o que originar liquidações oficiosas de imposto, coimas e juros.
20
No quadro que se segue, vamos destacar as principais características da Auditoria Financeira,
da Auditoria Fiscal e da Auditoria Tributária.
Se o estudo fosse desenvolvido num contexto estadista, afirmaria assim como fez Santos C. D
[CITATION Cle \p 30 \n \t \l 2070 ] que “a principal finalidade da Auditoria Fiscal é o de
verificar o correcto cumprimento das obrigações fiscais por parte do auditado”. Mas como já
havia abordado antes que para este estudo iria fazer uma abordagem na vertente empresarial
(desencadeada pela empresa), logo a finalidade que se pretende apresentar neste estudo é
aquela apresentada por Recktenvald (2002, p. 26), citado pelos autores Oliveira, Paixão, Silva,
& Furtado [CITATION Ely17 \p 5 \n \t \l 2070 ] em seu artigo visando que:
E neste enfoque é que Crepaldi [CITATION Cre \p 23-27 \n \t \l 2070 ] enfatiza que a
Auditoria Fiscal possibilita ainda:
Quanto ao objectivo, os autores Oliveira, Paixão, Silva, & Furtado [CITATION Ely17 \p 5 \n
\t \l 2070 ] afirmam que a Auditoria Fiscal objectiva:
De modo a dar maior sustentabilidade ao objectivo anterior prescrito, Mai, et al., [CITATION
Mai10 \p 14-15 \n \t \l 2070 ] reparte em dois grupos os objectivos da Auditoria Fiscal:
22
A importância da Auditoria Fiscal é que ela permite ao contribuinte conhecer sua
real situação tributária, a razoabilidade do cumprimento das suas obrigações
tributárias, dependendo da linha de negócios e características específicas, nos
períodos em que o realiza a referida auditoria, avaliando a adequada contabilização
das operações por meio da revisão de seus livros, registos, documentos, operações e
demonstrações financeiras.
Ele afirma também que a mesma “proporciona ao cliente uma revisão crítica do passado,
apontando deficiências observadas e oferece conselhos úteis para o futuro por meio de
sugestões de carácter construtivo.”
Investir numa Auditoria Fiscal proporcionam vantagens que dão uma maior dinamização das
actividades da empresa face ao mercado, ao seu ambiente interno, a promoção da
transparência e confiabilidade na sua relação com o fisco, e nesta senda Monteiro
[CITATION Jos \n \t \l 2070 ] apresenta algumas vantagens de investir na Auditoria fiscal:
23
responsabilidade do gestor ter consciência e controle das obrigações da empresa,
e somente por meio da auditoria responsável ele será realmente capaz de
responder pelo sucesso ou fracasso do negócio.
“A Auditoria Fiscal possui diversos usuários que, em seus objectivos, procuram obter um
maior grau de segurança possível sobre as informações a eles prestadas para que tomem suas
decisões baseadas em dados que representem a realidade da organização
analisada.”[CITATION Cre \p 20 \t \l 2070 ]
De acordo com Guimarães (2001, p. 351) citado por Lajoso [CITATION Jos19 \p 37 \n \t \l
2070 ] em sua tese, a Auditoria Fiscal poderá ser desenvolvida numa tripla vertente:
24
Por auditores externos.
Esta forma de auditoria tem como objectivo a verificação da regularidade fiscal, tendo em
vista os interesses do Estado, assume mais o aspecto de inspecções ou fiscalizações, em áreas
específicas da fiscalidade, visando apenas a regularidade fiscal. A fiscalização tributária visa
essencialmente a análise das DF´s de uma empresa, por um técnico fiscal (perito de
fiscalização tributária/inspector tributário), com o objectivo de verificar se o contribuinte
cumpriu com as suas obrigações fiscais. [CITATION Mai10 \p 12 \t \l 2070 ]. Tem como
objectivos colaterais a detecção de erros nas declarações de rendimentos, de erros
contabilísticos e de operações marginais à contabilidade ou operações nela dolosamente
simuladas.”
“Se este tipo de auditoria for executado por um auditor interno ou por um auditor externo, a
auditoria fiscal é considerada uma parte restrita das auditorias desenvolvidas por aqueles
profissionais.” [CITATION Jos19 \p 37 \t \l 2070 ]
Balizado pelas mudanças na economia que tem se verificado nos últimos anos foi possível
analisar que com o passar do tempo o fisco angolano tem se tornando mais rigoroso no
controle da sonegação devido as reformas tributarias que tem sofrido, logo as empresas de
modos a mantiverem uma gestão eficiente se vêm obrigadas a se antecipar ao próprio
governo, evitando autuações e o pagamento de multas pesadas, através do uso da Auditoria
Fiscal.
Para dar consistência a minha afirmação cito o Portal Auditoria [CITATION Por20 \n \t \l
2070 ] que pontualiza que:
A competição entre os grupos empresariais, cada vez mais acirrada, desperta para
uma nova filosofia e gerenciamento operacional do fluxo de operações comerciais,
industriais e prestações de serviços, haja vista que com os mesmos instrumentos
financeiros que geram receitas e despesas. De forma preventiva, concentram-se os
trabalhos voltados à revisão fiscal com o fim de minimizar a pesada e complexa
carga tributária, ou a prevenção de eventuais passivos e contingências fiscais.
26
O autor ainda afirma[CITATION Cre \p 8 \n \t \l 2070 ] que o serviço de “Auditoria Fiscal
proporciona maior segurança e solidez ao planeamento societário-tributário e às decisões
empresariais do dia-a-dia, consistindo em ferramenta-chave para o delineamento de uma
gestão estratégica e objectiva, baseada em dados concretos.”
A empresa que faz auditoria fiscal periodicamente torna-se mais potencialmente competitiva,
pois se mantém em dia com a legislação, evitando autuações e multas, o que favorece o
desenvolvimento saudável do empreendimento, mesmo diante de ocasionais crises financeiras
e problemas políticos. [CITATION Via19 \p 39 \l 2070 ]
O autor Crepaldi [CITATION Cre \p 17-19 \n \t \l 2070 ] ainda afirma que Auditoria fiscal
está segregada em:
A área de tributos vem obtendo, actualmente, uma significativa relevância no mundo dos
negócios e exigindo da alta gerência das empresas uma eficaz gestão das obrigações
27
tributárias, visto que, esta, é considerada por muitos gestores, como um dos maiores, senão o
maior passivo dentro de uma organização. [CITATION Mol14 \p 39 \t \l 2070 ]
De acordo com Borges (2008, p. 1), citado por Molinari [CITATION Mol14 \p 39 \n \t \l
2070 ] a auditoria de tributos apresenta-se como uma permanente, útil e necessária actividade
empresarial que participa proactivamente do processo de obtenção de um elevado índice de
eficiência no adimplemento das obrigações principais e dos deveres instrumentais decorrentes
das relações tributárias resultantes dos negócios realizados.
“A Auditoria Fiscal possui um lado muito benéfico, para o qual muitos gestores acabam não
atentando. Isso porque, ao controlar o bom andamento dos procedimentos legais, ela também
cuida da recuperação de impostos pagos indevidamente ou a valor maior.”[CITATION
Via19 \p 37 \t \l 2070 ].
1.4.1. Tributação
São tributados pelo Regime geral os contribuintes cuja matéria colectável é determinada com
base na declaração fiscal e demonstrações financeiras, nos termos do CII, do Plano Geral de
Contabilidade, Planos de Contas das Instituições Financeiras e Seguradoras, do Plano de
Contas dos Organismos de Investimento Colectivo, das Sociedades Gestoras e outros
estabelecidos por legislação própria. [CITATION Clá20 \p 7 \t \l 1046 ]
29
De acordo com Bernardo, Carreira, & Melo, [CITATION Ber18 \p 18 \n \t \l 2070 ] na
determinação da matéria colectável o lucro tributável corresponde ao saldo revelado pela
conta de resultados do exercício, consistindo na diferença entre todos os proveitos ou ganhos
realizados e os custos ou gastos incorridos no exercício, uns e outros, eventualmente
corrigidos nos termos do Código do Imposto Industrial (tendo em atenção o artigo 12º).
O artigo 12º nº 5 do CII, dispõe que os contribuintes enquadrados no regime geral devem
possuir contabilidade organizada.
O presente regime aplica-se aos contribuintes sujeitos ao Imposto Industrial que estejam
abrangidos pelo regime de não sujeição do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).
[CITATION Clá20 \p 7 \t \l 1046 ]
Segundo a empresa Deloitte & Touche Auditores, Lda. [CITATION Del18 \p "20 &
21" \n \t \l 1046 ] a liquidação provisória sobre serviços a luz do artigo 67º do CII segue as
seguintes regras:
30
direito de regresso da entidade sujeita a retenção na fonte, mas apenas quanto à
dívida principal. A entrega do imposto retido deve ser efectuada até ao final do
mês seguinte.
Mecanismo de recuperação do imposto: caso o imposto retido pelos clientes
exceda a colecta do exercício, as retenções na fonte efectuadas em excesso
poderão ser recuperáveis mediante dedução à colecta do exercício seguinte e nos
exercícios que se seguem.
Obrigações acessórias: no acto de entrega do imposto retido, deve ser
apresentado em duplicado um mapa, que deve ser carimbado e assinado pela
repartição fiscal, contendo o seguinte:
Descrição do serviço;
Esta informação deve ser apresentada em formato informático, sempre que a AGT solicitar
esta informação.
31
CAPÍTULO II – ESTUDO APLICADO
2. Metodologia
Quanto aos objectivos da investigação: Descritiva. Pois um estudo Descritivo é aquele que
expõe as características de uma determinada população ou fenómeno, demandando técnicas
padronizadas de colecta de dados.[CITATION Cle13 \p 127 \l 2070 ].
32
Quanto à forma de abordagem classifica-se como quantitativa dado que visa a demonstrar como
a auditoria fiscal desempenha um papel importante como instrumento de gestão nas empresas
de prestação de serviços. Procura traduzir em números os conhecimentos gerados pelo
pesquisador [CITATION Cle13 \p 128 \l 2070 ].
Para a presente pesquisa a amostra será não probabilística por conveniência., que Segundo
Prodanov & Freitas [CITATION Cle13 \p 98 \n \t \l 2070 ] “Amostra não Probabilística por
Conveniência é aquela em que o pesquisador selecciona os elementos a que tem acesso,
admitindo que esses possam, de alguma forma, representar o universo.” Neste caso foram
seleccionado 44 empresas.
A recolha de dados foi feita por meio de questionários e análise documental baseado em
dossiês permanente, corrente, fiscal e os relatórios e contas.
Os dados recolhidos foram tabulados e inseridos no software Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) e no Microsoft Excel, no qual foram utilizadas técnicas de análise de dados
que serão descritas abaixo.
33
A primeira análise foi dispor as variáveis socioeconómicas e outras que fazem parte do
questionário. Nesta análise, foram elencados pontos como tipo de serviço prestado, tipo de
sociedade, grupo de tributação e dimensão.
Na interpretação dos dados empíricos produziu-se um resumo verbal, numérico e gráfico para
descrever os resultados obtidos das principais variáveis em estudo. O método de interpretação
dependeu da natureza dos dados que se distingue em dois tipos fundamentais: dados
qualitativos e dados quantitativos. Mantemos os dados na sua forma original e categorizamos
apenas para efeitos de apresentação.
Contactou-se que a maioria das empresas do Sector dos Serviços na Cidade do Lubango,
optam pelo Regime Geral do Imposto Industrial e do Imposto sobre o Valor Acrescentado e,
um grupo pequeno de empresas deste Sector não têm contabilista e consequentemente a sua
contabilidade organizada.
Quanto a preferência dos serviços de contabilidade prestados à empresas deste sector, existe
um equilíbrio entre as que preferem contabilista interno e externo, isto mostra que mais do
que ter um contabilista, as empresas procuram manter a regularidade da organização
contabilística e da prestação de contas. Neste contexto, apenas 20 empresas deste segmento,
isto é, 49% trabalha com o contabilista num intervalo de tempo entre 1 e 5 anos, 2 empresas
começaram a trabalhar com os contabilistas em menos de 1 ano.
34
Tabela 3 Tempo de actuação, Regime de Tributação, Trabalho com Contabilista
Tempo de Actuação no mercado Regime de Tributação A empresa tem contabilista Tempo de Trabalho com o Contabilista
Nº de Simplificado Simplificado
Tipo de Serviço
Empresas Menos de 1 ≤ 5 6 ≤ 10 11 ≤ 15 16 ≤ 20 Mais de Geral (que possui (que não possui Sim Não Interno Externo Menos de 1 ≤ 5 6 ≤ 10 11 ˂ 20 Mais de
1 Ano 20 Anos 1 Ano 20 Anos
contabilidade) contabilidade)
Saúde 4 50% 25% 25% 50% 50% 100% 50% 50% 50% 50%
Educação 6 33% 17% 17% 33% 50% 50% 100% 50% 50% 33.33% 33.33% 33.33%
Banca 1 100% 100% 100% 100% 100%
Seguro 1 100% 100% 100% 100% 100%
Segurança 2 100% 100% 100% 50% 50% 100%
Transporte 2 100% 100% 100% 100% 50% 50%
Consultorias e Acessórias 4 50% 25% 25% 50% 50% 100% 75% 25% 75% 25%
Telecomunicações 3 33.33% 33.33% 33.33% 67% 33% 100% 67% 33% 33% 67%
Hotelaria e Turismo 3 33,33% 33,33% 33,33% 100% 100% 100% 33% 67%
Manutenção e Construção 3 33.33% 67% 67% 33% 100% 67% 33% 33.33% 33.33% 33.33%
Jardinagem e Limpeza 2 50% 50% 100% 100% 50% 50% 50% 50%
Beleza e Estética 3 67% 33% 33,33% 33,33% 33,33% 67% 33% 100% 50% 50%
Personais e Coach 3 33,33% 33,33% 33,33% 67% 33% 67% 33% 100% 50% 50%
Estação de Serviços 3 33,33% 33,33% 100% 100% 100% 67% 33%
Outros Serviços 4 25% 75% 50% 50% 100% 50% 50% 25% 75%
Total 44 2 18 7 12 4 0 23 19 2 42 2 23 19 2 20 11 8 0
Total em % 100% 5% 42% 16% 28% 9% 0 52% 43% 5% 95% 5% 55% 45% 5% 49% 27% 19% 0
35
Tabela 4 Cumprimento do calendário fiscal, Notificação da AGT e Alteração da política de gestão
36
Cumprimento do
Notificação da AGT
Calendario Fiscal
Os resultados evidenciam que embora a maioria das empresas entrevistadas não fazem o uso
da auditoria fiscal, todas elas afirmaram que cumprem com suas obrigações de acordo com a
legislação angolana, visto que as mesmas possuem o conhecimento dos seus passivos
tributários, declaram e contribuem seguramente. Tal que 61% das empresas deste sector, já
recebeu notificação as suas contas pela AGT e o 39% nunca recebeu notificação desde o
início das suas actividades. Só 24 empresas das 27 que receberam notificação da AGT
pagaram os tributos constantes da notificação, 18 não pagaram porque nunca receberam
notificação.
37
O Contabilista/Gestor já ouviu falar da Auditoria Fiscal?
Sim 40%
Não
60%
23%
Sim
Não
77%
Mediante a análise dos gráficos acima, podemos afirmar que apesar da maioria dos
gestores/contabilista já ter ouvido falar da Auditoria Fiscal, os procedimentos da auditoria
fiscal não são utilizados pela maioria das empresas em estudo, já que a maioria relatou que
não fazem o uso da auditoria fiscal, apesar de ser uma ferramenta de suma importância para as
organizações e um instrumento gerencial de grande valor.
38
em último caso, talvez isso aconteça porque nunca foi experimentado de facto os seus
resultados dentro dessas organizações.
Essa prática da utilização da auditoria fiscal ainda não são utilizadas pela maioria das
empresas entrevistadas, mas alegam ser uma ferramenta muito importante para o crescimento
e desenvolvimento da empresa, 3 (três) alegam que fazem a auditoria mensalmente, 1 (Um)
Semestralmente e 5 (Cinco) Anualmente.
39
O uso da auditoria fiscal proporciona maior grau de segurança as informações prestadas
para a tomada de decisões?
Sim
Não 44%
56%
É notável a importância da auditoria fiscal para essas empresas, pois 56% dos entrevistados
alegaram que é extremamente importante a utilização da mesma. São inúmeras as vantagens
do uso dessa ferramenta, pois é utilizada como controle e assessoramento nas informações
para as tomadas de decisões e também contribui para a sociedade em geral, porém apesar de
conhecerem a sua importância não é notório o conhecimento real dos seus benefícios, visto
que grande parte nunca usou esta ferramenta.
É importante salientar que o uso da auditoria fiscal tem um efeito significativo, mas que é
possível cumprir as obrigações tributárias correctamente sem o uso desta ferramenta, embora
ponha em risco a confiabilidade das informações, fazendo com que as empresas fiquem
sujeitas a possíveis erros, fraudes e impostos mais elevados.
Sim
Não 40%
60%
40
O gráfico acima espelha que a maioria das empresas partilham da ideia que a auditoria fiscal
não contribui positivamente para o alcance dos objectivos, uma vez que a maioria das
empresas inqueridas não prática a auditoria fiscal.
Sim
Não
40%
60%
Como o gráfico acima afirma que a maior parte das empresas pesquisadas, não faz o uso da
auditoria fiscal, que é uma ferramenta que auxilia a administração da empresa, assegurando
que os controles fiscais sejam executados e que os dados contabilísticos funcionem de acordo
com as normas fiscais e os princípios fundamentais de contabilidade. Logo foi um factor
determinante para que a maioria das empresas afirmassem que a mesma não auxilia a
administração neste processo de verificação.
Sim
Não 37%
63%
41
A auditoria fiscal por ser uma ferramenta estratégica em tempos de crise, acarreta consigo
uma vantagem, que é de proporcionar mecanismo para que a empresa consiga manter sua
actividade estável no mercado, e só 37% das empresas inqueridas, concorda que a auditoria
fiscal pode proporcionar vantagem.
Alcamby Comercio & Serviços, Lda é uma empresa de direito angolano com NIF
5417664200 situado no bairro comercial, município do Lubango Província da Huila. De
acordo com analise do dossier permanente, corrente, fiscal e os relatórios e contas da empresa,
cuja análise teve como suporte metodológico o teste substantivo constatou-se as seguintes
situações:
- As Retenções na Fonte do Imposto Industrial que foram declaradas no valor de 851 822,00
não apresenta subavaliações e nem sobreavaliações.
- O CMV que foi declarada no valor de 99 448 260,32 vão de encontro ao constatado.
- O Custo com Pessoal está subavaliado em 127.080,00 Akz, porque não se efectuou o devido
processamento da Contribuição para segurança social por conta da Entidade Patronal.
- A Amortização do Exercício registado a debito da conta 73.1 e a Crédito da conta 18.1 fruto
da aplicação das taxas constantes da tabela de amortizações e reintegrações está subavaliado
em 169 874,20 porque a empresa Alcamby, Lda não teve em atenção as normas previstas na
legislação fiscal.
O imposto de selo pago no exercício 2019 está subavaliado porque a empresa teve Vendas na
ordem de 138 120 908,00 e pagou apenas 1 295 178 de imposto de selo.
- Os procedimentos para o cálculo do IRT por conta de outrem de órgão sociais não foram
adoptado de acordo as normas fiscais de vigência motivo pela o imposto está subavaliado em
3 492,00.
- O INSS por conta de outrem e da Entidade Patronal declarado e pago no valor 161 370,00
não foi de acordo ao que se constatou apresentando uma diferença no valor de 990,00
42
- As Rendas e Alugueres que foram declarados no valor de 1 020 000,00 vão de encontro ao
constatado. Porém, o Imposto predial não foi apurado e contabilizado pela empresa nem na
óptica patrimonial nem de renda, uma vez que a empresa contabilizou o pagamento de renda
no valor de 1 020 000,00, logo, de acordo com as normas fiscais vigente neste período a
mesma deveria apurar e contabilizar o Imposto predial em 153 000,00 resultante da aplicação
da taxa efectiva de 15% sobre o valor da renda. No entanto, a empresa não declarou e nem
pagou o imposto predial no exercício de 2019.
- As Vendas que foram declaradas no valor de 138 120 907,00 vão de encontro ao constatado.
43
Com base na tabela acima, nos erros identificados e nas correcções que deverão ser efectuadas
às contas da empresa Alcamby, Lda no exercício económico de 2019 e, em obediência as
normas do Plano Geral de Contabilidade Angolano sem descurar os princípios e regras
tributárias consagradas na Legislação Fiscal e outras normas relevantes, as correcções
sugeridas têm de forma particular os seguintes enquadramentos legais e normativos:
44
A legislação fiscal no que concerne a correcção proposta, oriundo de erros de
exercícios anteriores impede nos termos da alínea g), nº 1 do artigo 18º da Lei nº
19/14, de 22 de Outubro – Lei que aprova o Código do Imposto Industrial, que as
correcções relativas aos exercícios anteriores sejam dedutíveis à matéria colectável do
Imposto Industrial em que for feito o registo contabilístico. Neste Sentido a empresa
perde o benefício fiscal dos proveitos e custos não reconhecidos nos respectivos
exercícios em obediência ao princípio de especialização do exercício que sustenta a
posição do legislador.
Caso a empresa pretender recuperar o beneficio fiscal dos proveitos e custos e não
reconhecido no respectivo exercício deverá apresentar uma declaração de substituição
nos termos do artigo 122º da Lei nº 21/14 de 22 de Outubro – Lei que aprova o código
geral tributário, mais, para efeitos de planeamento fiscal deve-se sempre analisar as
implicações fiscais (multas) imputadas ao fenómeno substituição da declaração,
quando a multa por substituição da declaração for superior ao beneficio fiscal do custo
não reconhecido.
Quando o benefício fiscal dos proveitos e custos não reconhecidos em exercícios
anteriores for superior a multa por substituição da declaração, o resultado deste
fenómeno da origem a um crédito fiscal e, caso o contrário da origem a uma divida
tributária. O Conceito de crédito fiscal e divida tributária encontrar-se consagrado no
artigo 2º da lei que aprova o Código geral tributário.
Para efeitos de Gestão recomenda-se a correcção do erro, e para efeitos fiscais apesar
da correcção do erro ser recomendada terão um efeito positivo à matéria colectável do
exercício em que for registado o erro.
2. Relativamente aos pontos 3, 4, 5 e 6 pelos factos de estarem relacionados as
contas de impostos e de contribuições, e não foram apurados de forma correcta,
o que causou um apuramento de valores inferiores aos que deveriam ser
entregues aos cofres do Estado, logo o sucedido pode gerar multas e Juros.
45
Tabela 9 Mapa da importância do uso da Auditoria Fiscal
Os mapas acima evidenciam que o facto da empresa ter imposto sobre os lucros a recuperar,
não pode servir de garantia que a empresa vai recuperar na totalidade o valor calculado da
diferença do imposto pago e do imposto que deveria ser pago, uma vez que temos que ter em
atenção que o Imposto de selo, o Imposto Predial, os encargos sobre remunerações fruto da
segurança social por conta da entidade patronal e outros imposto dedutíveis a matéria
colectável concorrem para o apuramento do Lucro Tributável e verificar se estes mesmos
impostos foram apurados e pagos de acordo com os PGCA e a Legislação Vigente.
46
CONCLUSÃO
Tendo em conta a novidade deste tema no ceio empresarial e a escassa referência teórica e
prática, leva-me a concluir que, de acordo com o objectivo da auditoria fiscal de proporcionar
meios para atender às necessidades específicas das empresas, de tal modo a estabelecer
políticas fiscais e processos capazes de viabilizar o cumprimento de obrigações fiscais,
auxiliando-as a estruturar suas operações, sem perder de vista as oportunidades de redução
dos custos fiscais.
Em tempos que vivemos como este, de pandemia, o uso desta ferramenta torna-se cada vez
mais relevante, pode ser um mecanismo estratégico em tempos de crise. Logo os gestores
terão de servir em amplo modo dos serviços de auditorias, em caso específico ao nosso estudo
da auditoria fiscal para tomar decisões certas, gerir os recursos disponíveis, motivar os seus
colaboradores e atingir os objectivos preconizados. Sendo assim, buscou-se demonstrar na
presente pesquisa o quanto se faz importante a auditoria fiscal para as sociedades
empresariais.
Pode-se afirmar que esta pesquisa respondeu a todos os objectivos propostos, confirmando o
uso correcto das normas referidas por lei, e mostrou também o conhecimento da importância
desta auditoria e a necessidade de realizar a mesma de forma preventiva, para evitar passivos,
fraudes e possíveis irregularidades com o fisco. Na análise do questionário ficou evidente o
conhecimento que as empresas possuem sobre o tema abordado e a respeito das leis fiscais,
mas a maioria admite nunca ter feito o uso desta ferramenta, apesar de ter conhecimento da
sua importância. Logo ela é extremamente necessária em muitas empresas, principalmente
naquelas em que não possuam internamente um profissional capacitado na área tributária e
rotinas fiscais.
LIMITAÇÕES E SUGESTÕES
Limitações
Sugestões
48
REFERÊNCIAS
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Luanda, Angola.
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Códigos Tributários. Luanda, Angola.
49
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Larson, R., & Farber, B. (2010). Estatisca Aplicada (4ª ed.). São Paulo: Person.
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Auditoria Interna. Agenda 2010 CURSO LOCAL DATA FORMADOR Auditoria
Interna Baseada no Risco-Metodologia ERM Auto-avaliação do Risco e do Controlo-
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SNC-Reforma da Contabilidade Liderança e Comunicação em, 37.
50
Molinari, C. (2014). A Importância da Auditoria Tributária como Instrumento Estratégico e
Preventivo nas Empresas do Setor Privado. Rio do Sul.
Oliveira, E. T., Paixão, R. S., Silva, M. T., & Furtunato, R. M. (2017). A Importância da
Auditoria Tributária e Fiscal Frente aos Tributos Federais nas Empresas
Agropecuárias Optantes pelo Lucro Real. Faculdade São Francisco de Barreiras,
Barreiras-BA.
Santos, C. P., Barbosa, D., Simão, J., Cruz, L., Cardoso, N., Marques, P., & Donge, W.
(Outubro de 2020). Guia do Sistema Tributário Angolano 2021. Outubro de 2020 , 68.
Angola: AGT.
Santos, J. L., Schmidt, P., & Gomes, J. M. (2007). Fundamentos de Auditoria Fiscal. São
Paulo: Atlas.
Viana, Z. G., Fontes, G., Santos, D. A., & Zago, J. M. (Janeiro/Junho de 2019). Auditoria
Fiscal e seus Beneficios nas Organizações. Revista FAIPE, 9, 37-42.
52
53
ANEXOS
Inquérito
Portanto, ao responder as questões que se seguem esperemos que o (a) caríssimo(a) sr.
(a) seja o mais honesto possível, sabendo sempre que não existem respostas certas nem
erradas, somente a sua opinião é que nos interessa.
Instruções de Preenchimento
Preencha, para questões fechadas, com um X e siga devidamente com as instruções das
questões. O inquérito é composto por duas partes, sendo a primeira relativa à
caracterização do inquerido e a última relativa ao uso da Auditoria Fiscal como
Instrumento de Gestão.
Obs.: O Inquérito é anónimo, não deve colocar o nome do inquerido muito menos a sua
assinatura e os dados solicitados são de uso na presente investigação.
Lubango, 2021
Empresa: _________________________
54
Parte I – Caracterização da Inquerido
1.
Tipo de Serviço
2. Tempo de Actuação no Mercado 3. Regime de Tributação
Mais de 20 anos
55
Parte II – Uso da Auditoria Fiscal como Instrumento de Gestão
Sim Não
5. O contabilista é
Interno Externo
Menos de 1 ano
Entre 1 e 5 anos
Entre 6 e 10 anos
Entre 11 e 20 anos
Mais de 20 Anos
56
7. A empresa cumpre com calendário fiscal no cumprimento das obrigações declarativas?
Sim Não
Sim Não
9. A empresa já recebeu alguma vez uma notificação sobre as contas declaradas na AGT?
Sim Não
Menos de 1.000.000,00 kz
Sim Não
Sim Não
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
17. O uso da auditoria fiscal proporciona maior grau de segurança as informações prestadas
para a tomada de decisões?
de decisã?
? Sim Não
18. A Auditoria Fiscal como instrumento de gestão tem contribuído positivamente para o
alcance dos objectivos da empresa?
Sim Não
58
Sim Não
Sim Não
59
Anexo 2 – Balanço da Alcamby Comercio e Serviços
60
Anexo 3– Demonstração de Resultado da Alcamby Comercio e Serviços
61
Anexo 4 – Balancetes da Alcamby Comercio e Serviços
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71