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INSTRUÇÕES DE NAVEGAÇÃO

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Alimentação sustentável
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Extraído do guia prático: Uma horta à mão de semear


© 2017 DECO PROTESTE, Editores, Lda.
Revisão técnica: Nuno Mota
Projeto gráfico e paginação: Gonçalo Geirinhas
Redação e coordenação editorial: Mariana Sim-Sim David
Versão digital (2019): Alda Mota e Isabel Espírito Santo
Ilustrações: ThinkstockPhotos e Shutterstock

Coordenação editorial desta edição: Alda Mota


Formato digital: José Domingues
Capa: José Domingues e Nuno Semedo
Foto de capa: iStock

Diretora e editora de publicações: Cláudia Maia


Coordenador dos guias práticos: João Mendes

© 2020 DECO PROTESTE, Editores, Lda.


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Correio eletrónico: guias@deco.proteste.pt

1.ª edição: maio de 2020

Esta edição respeita as normas do novo Acordo Ortográfico.

Esta publicação, no seu todo ou em parte, não pode ser reproduzida nem
transmitida por qualquer forma ou processo, eletrónico, mecânico ou
fotográfico, incluindo fotocópia, xerocópia ou gravação, sem autorização
prévia e escrita da editora.

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Prefácio
É um privilégio ter como ingredientes os legumes que cultivamos
com as nossas próprias mãos, condimentar pratos com ervas aro-
máticas acabadas de colher ou trincar frutos frescos que plantámos
no nosso quintal. O sabor daquilo que cultivamos e colhemos é
incomparável, e este pequeno prazer está mesmo à mão de semear;
basta munirmo-nos de algum equipamento e informação.

Neste guia encontra conselhos, técnicas e fichas práticas indivi-


duais (repartidas entre hortaliças e pequenos frutos) dedicadas a
27 espécies. Destina-se tanto a pessoas que dispõem de uma gene-
rosa parcela de terra, como a quem possui um pequeno jardim, um
canteiro, um terraço ou apenas um espaço na varanda.

Mas seja ponderado antes de calçar as galochas, pois nem todo o


tipo de hortas encaixará no seu estilo de vida e na sua personali-
dade. Muitas pessoas não conseguem manter de boa saúde mais
do que uns vasos no parapeito da janela; outras farão sucesso ao
fim de pouco tempo com braçadas de nabiças trazidas do quintal
para o jantar. Assim, na primeira parte deste guia apresentamos
as questões que deve colocar a si próprio antes de decidir pôr as
mãos na terra.

Sabendo com o que poderá contar e satisfeitas as dúvidas, mos-


tramos as vantagens de abraçar as lides da horticultura e trazer
para a mesa os legumes, as leguminosas e a fruta que melhor se
dão na sua horta, consoante as condições (de exposição solar, por
exemplo) que tiver para lhes oferecer, na exata altura do ano em
que devem ser consumidos. Além do sabor inconfundível daquilo
que cultivar com carinho, sentirá ainda a satisfação de diminuir
a pegada de carbono ao consumir os produtos sazonais e locais
na altura do ano ideal. É sabido que a importação de produtos ali-
mentares, o consumo de frutos e hortícolas fora de época e o trans-
porte de alimentos têm um impacto negativo no ambiente que não
pode ser ignorado. Com a ajuda deste guia, também poderá assumir
uma atitude mais responsável e sustentável perante si próprio e a
sociedade. Mãos à obra?
Índice

4
Prefácio

6


CAPÍTULO 1 
Porquê cultivar uma horta?

8 razões para pensar e madurar 7


Ideias feitas 10
Regras de ouro 13

16


CAPÍTULO 2
As hortaliças

Tipos de hortaliças e principais


 características 17
Fichas das espécies 23

69


CAPÍTULO 3
Pequenos frutos

Regras de ouro para uma plantação


 bem-sucedida 70
Fichas das espécies 73

81
Índice por nome comum
Capítulo 1

Porquê cultivar
uma horta?
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

8 razões para
pensar e madurar
1
Qualidade e controlo
As vantagens de plantar hortaliças para consumo próprio em casa
são inúmeras e incluem a possibilidade de controlar a cadeia de
produção, servindo assim alimentos de qualidade a toda a família.
Tenha em conta que, para garantir esse nível de excelência, terá de
apostar em fertilizantes naturais e outros produtos inóquos para
a saúde e o ambiente.

2
Frescos mais frescos
Sabendo à partida que a riqueza nutricional das hortaliças (teor de
vitaminas, minerais, etc.) começa a diminuir assim que são arranca-
das da terra, o facto de poder colhê-las à medida das necessidades
permite preservar ao máximo os preciosos benefícios que trazem
para a saúde.

O cultivo de
hortaliças permite
enriquecer as suas
refeições com
produtos plenos de
cor, sabor e qualidade

7
Porquê cultivar uma horta?

3
Uma salada de sabores
Não há gosto como o das ervilhas, das alfaces ou do tomate que
planta com as suas mãos. Para além disso, numa pequena horta
poderá cultivar legumes das suas variedades preferidas, as quais são
por vezes difíceis de encontrar no comércio tradicional por serem
muito específicas ou pouco rentáveis. Há, por exemplo, mais de 500
variedades de tomate no mundo, um número que não tem compa-
ração possível com a reduzida seleção disponível no supermercado.

4
Mente sã em corpo são
Por si só, a jardinagem faz muito bem à saúde: trata-se de uma
atividade ao ar livre que permite ginasticar todos os músculos e
articulações (das mais volumosas, como as ancas ou os joelhos, às
mais pequenas, como os dedos). Apesar do exercício completo que
proporciona, é necessário poupar as costas, sobretudo em tarefas
como carregar pesos ou manusear utensílios de jardinagem.

Por outro lado, passar longas horas em harmonia com a natureza


traz também benefícios inegáveis no plano psicológico. É uma forma
de meditação muito saudável para a mente.

5
Folga para a carteira
Um quilo de tomate comprado no comércio de retalho pode custar
1 ou 2 euros. Um molho de plantas de tomateiro vende-se num mercado
ou feira pelo mesmo valor. Depois de crescerem, estes tomateiros
permitem colher muitos quilos do fruto, durante várias semanas.

É certo que ter uma horta representa um encargo considerável


logo à partida. Falamos, por exemplo, dos gastos com utensílios e

8
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

ferramentas necessários ao cultivo, ao tratamento e à rega, mas


também com tutores ou estacas, para sustentar as plantas que preci-
sam, e com algum vestuário. Sementes, plantas, bolbos e tubérculos
também custam dinheiro.

Não obstante essas despesas, manter uma horta acaba por influen-
ciar de forma muito positiva o orçamento familiar. E o investimento
inicial é rapidamente amortizado.

Para tirar o melhor proveito, dê prioridade aos legumes e frutos da


época e aos que mais gosto lhe dá ter na cozinha. Varie e guie-se
pelas variedades que têm mais "saída" na sua família e, se a horta for
generosa, combata o desperdício, mantendo espaço no congelador
para guardar os produtos que mais aprecia para desfrutar nas suas
refeições mesmo durante as estações mais frias.

A horticultura
beneficia a sua
carteira e o seu
bem-estar físico e
psíquico, entre outras
vantagens

6
Deleite e distração
Tratar de uma horta, ver os legumes plantados com as próprias
mãos a crescer dia após dia, colhê-los e apresentá-los à mesa depois
de confecionados são atividades que podem contribuir para uma
maior satisfação pessoal. Para além disso, os projetos de jardinagem
permitem envolver toda a família e cativam as crianças, que, de
uma forma geral, mostram entusiasmo quando neles são incluídas.

9
Porquê cultivar uma horta?

Pode ainda ser uma forma lúdica de as iniciar numa alimentação


saudável e variada, sobretudo se reservar um pequeno espaço ou
canteiro onde possam fazer as suas próprias experiências e plan-
tações. Um pequeno truque: forneça-lhes legumes que crescem
depressa, como rabanetes e alfaces.

7
Dar uma mãozinha ao ambiente
Consumir produtos colhidos na sua horta ajuda a proteger o ambiente.
Por um lado, contribui para economizar no transporte de frutos e
legumes de países distantes até aos vários pontos de comércio locais,
e por outro representa um esforço que faz para evitar ou até eliminar
totalmente o uso de produtos químicos nocivos no solo onde cultiva.

8
Poesia e nostalgia num canteiro
Um canteiro ou horta oferece um cenário ao mesmo tempo organizado
e bravio e aviva boas memórias de experiências de cultivo anteriores.

Ideias feitas
Rouba muito tempo
É verdade que criar uma horta com uma enorme variedade de
legumes e diversas épocas de plantação e colheita é um projeto
ambicioso, que pode exigir disponibilidade quase total.

Mas o caso muda de figura se optar por organizar a horta aos pou-
cos e lhe der uma dimensão em função do tempo que pode dedicar.

10
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Planeie a frequência que devota à jardinagem de acordo com a sua


disponibilidade real: muito tempo todos os dias, um bocadinho dia-
riamente ou, de forma mais moderada, um dia por fim de semana.

Ponha de lado a ambição de cultivar “tudo” para impressionar


amigos e familiares; essa não é a melhor abordagem. Numa fase
inicial, exclua os legumes que não aprecia particularmente ou que
a família só consome pontualmente. Esqueça também a ideia de
fazer produções de grande escala, típicas dos tempos de crise ou
pós-guerra. Nada leva a crer que o excedente de tomate demasiada-
mente maduro ou as ervilhas ressequidas por ficarem muito tempo
na terra agradarão aos que lhe são próximos. Comece por plantar
apenas legumes que farão as delícias de todos e, se verificar que
esta atividade continua a ser uma fonte de prazer, vá enriquecendo
progressivamente a horta.

Explore técnicas de jardinagem que permitam poupar tempo. O empa-


lhamento do solo, ou mulching, que consiste em aplicar palha ou
uma cobertura vegetal seca entre plantações, é um exemplo de
procedimento que contribui para travar o crescimento de ervas
daninhas e reduzir significativamente o tempo de rega necessário.

Numa fase
inicial, opte por
cultivar pequenas
quantidades das
espécies que mais
aprecia

11
Porquê cultivar uma horta?

Utilizar uma enxada para revolver a terra pode perturbar o desen-


volvimento de microrganismos no solo, para além de roubar mais
tempo e energia. É preferível usar um ancinho, menos invasivo e
trabalhoso, para essa tarefa.

É impossível ter férias


É verdade que uma horta pode ser uma prisão se planeia estar fora
durante uma temporada como, por exemplo, as férias do verão, estação
em que muitos dos vegetais plantados na primavera amadurecem. Mas,
mais uma vez, tudo se resolve com uma boa organização. Encontre,
nas linhas que se seguem, algumas soluções que pode adotar.

• Utilize hortaliças que maturem em diferentes estações. Opte


por variedades tardias e precoces (em função da altura do ano
em que deseja fazer a colheita) das espécies que quer cultivar.

• Interrompa as plantações e sementeiras um mês antes da partida.

• Evite criar uma horta demasiado grande.

• Recorra a técnicas que ajudam a preservar a humidade da terra,


como o empalhamento do solo.

• Regue abundantemente na véspera da partida ou instale um


sistema de rega gota a gota.

• Peça a um vizinho que assegure os cuidados mínimos de que


as culturas necessitam, eventualmente oferecendo em troca
um convite para servir-se de alguns legumes ou frutos.

A terra é de má qualidade
Este é um argumento frequente, para o qual os especialistas têm uma
resposta pronta e clara: nenhum solo está eternamente condenado
a ser de má qualidade. Para contornar o problema, pode enriquecer
a terra recorrendo a produtos de compostagem, estrume ou adubos
verdes, entre outros, ou adicionar areia, turfa ou matéria orgânica

12
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

para corrigir a textura do solo. São raros os terrenos impossíveis


de tratar e há inúmeras soluções para a correção do solo. Se tem
dúvidas sobre como agir, peça uma análise da terra num serviço
agronómico – regra geral, estes exames são devolvidos com infor-
mações sobre os parâmetros padrão a atingir.

Desde que possuam um mínimo de sol e humidade, é possível trans-


formar quase todos os solos em hortas simpáticas.

Mesmo nos casos que parecem perdidos, bastará delimitar a área para
um ou vários canteiros e simplesmente preenchê-la com terra de boa
qualidade. Esta solução é menos “ecológica” do que corrigir o solo,
já que “importar” solo de outras paragens significa retirar potencial
produtivo a essas terras. Esteja ciente de que o solo é um bem precioso.
Os cientistas indicam que a taxa de formação do solo (ou pedogénese)
é muito lenta, sendo frequentemente referidos valores médios de 0,1
a 1,0 mm de espessura de solo criado naturalmente por ano.

Regras de ouro
Sentir satisfação
A sua plantação de hortaliças não sobreviverá se constituir uma fonte
de constrangimento ao invés de prazer. Dê, por isso, prioridade aos
legumes e plantas com que gosta de cozinhar. Cultive com o coração.
Se for um grande apreciador de tomate, plante múltiplas variedades
do fruto, e, se fizer questão de o consumir também no inverno, planeie
por forma a ter quantidade suficiente para congelação. Se tem alma
de colecionador de ervas aromáticas, siga esse instinto. Se adora a
ideia de ter uma horta porque a considera sobretudo um elemento
decorativo, dedique mais tempo a coisas que poderão embelezar o
espaço. Se aprecia contemplar os alimentos que usa nas saladas a
crescer, tente plantar a sua produção num local bem visível (perto
da janela da cozinha, por exemplo). Se gosta de passear ou saltitar
pelo jardim entre canteiros e plantações, coloque lajes no meio dos
talhões ou semeie os legumes de forma dispersa; deixe um trilho
livre para a imaginação e a criatividade!

13
Porquê cultivar uma horta?

De pequenino se faz o caminho


Ao conceber grandes projetos arrisca perder o interesse ou sobre-
carregar a família. Uma horta demasiado grande e trabalhosa para a
sua disponibilidade poderá transformar-se num encargo extra, que
obriga a passar longas horas a cuidar dos trilhos, a encher cestas
de colheita e a cozinhar soluções para conservar os excedentes
no tempo livre que sobra. Resumindo: estreie-se com uma horta
modesta ou mesmo mínima; só tem a ganhar. Comece, por exemplo,
por cultivar algumas ervas aromáticas, um ou dois tomateiros e
algumas alfaces. Ponha mãos à obra numa pequena superfície de
poucos metros quadrados ou compre uma horta elevada de 1 m2 (à
venda nas lojas da especialidade) para aprender a jardinar, treinar
e, eventualmente, desenvolver um projeto maior no ano seguinte.

À medida da disponibilidade
Planeie a sua horta em função do tempo que está disposto a dedicar-
-lhe. Considere recorrer a técnicas que rentabilizam da melhor forma
as tarefas de jardinagem.

Prática e de fácil acesso


Para que a horta seja uma fonte de satisfação, deve ser prática e
acessível em todos os sentidos. Em termos de localização, é conve-
niente que se encontre perto da cozinha (sobretudo se abundar em
ervas aromáticas, que são necessárias com frequência). Ao nível
da organização, tente fazê-la de forma a que todos os legumes
sejam fáceis de colher – plantando as espécies mais pequenas à
frente, ou separando as culturas em canteiros miúdos, ou ainda
instalando tábuas entre cada variedade, para que não tenha de
sujar os sapatos de cada vez que precisar de um ramo de salsa,
por exemplo.

Assegure-se também que tem espaço de arrumação para guardar


por perto os utensílios que utiliza com maior frequência e, caso a
dimensão da horta ou dos legumes seja considerável, que o carrinho
de mão consegue circular e aceder a todos os cantos.

14
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Questões que se deve colocar

• Onde posso fazer uma horta? • Se o espaço estiver exposto ao


vento, poderei fazer algum tipo
• De quanto espaço disponho de abrigo (como uma pequena
para cultivo? sebe) para o proteger?

• Quanto tempo tenho • Se a água tende a estagnar no


disponível? local onde planeio fazer a horta,
ser-me-á possível elevar as
• A horta é facilmente acessível? plantações ou colocá-las numa
parte mais alta do terreno?
• A exposição solar é suficiente?
As hortaliças costumam • Há um ponto de água por perto
apreciar espaços luminosos ou possibilidade de instalar
mas frescos e devem estar algum?
expostas ao sol durante, pelo
menos, metade do dia (de • Qual é o meu objetivo:
preferência de manhã). quero treinar as técnicas
de horticultura com alguns
• A qualidade da terra é produtos simples de cultivar;
satisfatória? O que posso fazer alimentar toda a família e ter
para enriquecê-la? excedentes (nomeadamente
para fazer conservas e
• Disponho de um espaço “à mão congelados) ou dispor de uma
de semear” onde possa arrumar grande variedade de ervas
os utensílios? aromáticas e condimentos
clássicos?
• Tenho área para, no futuro,
fazer novas plantações?

15
Capítulo 2

As hortaliças
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Tipos de hortaliças
e principais
características
Hortaliças de raiz, cucurbitáceas, leguminosas, etc. É importante
conhecer os vários tipos de hortaliças, já que, geralmente, partilham
os mesmos modos de cultivo e necessidades, assim como épocas
de colheita e qualidades nutricionais semelhantes.

Nas páginas que se seguem encontrará fichas dedicadas a uma


panóplia de hortaliças relativamente fáceis de agricultar, mesmo
por principiantes, e que vale a pena ter no seu jardim. Muitas delas
podem ser cultivadas em terraços ou varandas, seja em vasos ou em
pequenas hortas urbanas. Acima de tudo, procure fazer escolhas em
função das suas preferências e do tempo disponível, e avance neste
empreendimento de forma progressiva, aumentando as variedades
de hortaliças à medida que for ganhando confiança.

Leguminosas,
cucurbitáceas,
liliáceas e crucíferas
são apenas alguns
exemplos de tipos de
hortaliças

17
As hortaliças

Frutos hortícolas
Tomate, pimento, beringela e malagueta, entre outros, são frutos
que consumimos como se fossem hortaliças. Desenvolvem-se no
mesmo tipo de planta e necessitam de ser podados para evitar que
cresçam de forma desordenada. Precisam de bastante sol e calor, de
um solo rico em potássio e, se possível, de proteção contra a chuva,
para evitar o desenvolvimento do míldio. Estes legumes são, por
norma, muito saborosos, ricos em vitaminas, fibras e pigmentos
anticancerígenos.

Leguminosas
Este tipo de hortaliça abarca espécies como a ervilha, o feijão, a
fava, o grão-de-bico e a lentilha. Por norma, desenvolvem flores
e vagens de forma contínua e necessitam de colheitas frequentes
para garantir uma produção abundante ao longo de todo o verão.
Estão disponíveis nas “versões” miniatura e trepadeira (neste último
caso é necessário providenciar suportes de apoio). As leguminosas
apreciam solos ricos em nutrientes e muito férteis, e as suas raízes
gostam de ambientes com alguma humidade e frescura. Possuem
reconhecidas qualidades nutricionais, sendo ricas em minerais,
fibras, proteínas, ferro e magnésio, entre outras.

Hortaliças de raiz
À exceção da batata, que pode ser plantada porque, na verdade, é um
caule subterrâneo e não uma raiz, as restantes hortaliças deste tipo
necessitam de ser semeadas. São produtos hortícolas básicos em
qualquer cozinha e compreendem, entre outras espécies, a cenoura,
a pastinaga, o nabo, o rabanete e a beterraba.

A maioria destas espécies desenvolve-se bastante depressa. Para


quase todas recomenda-se o cultivo em pequenas filas (de dois
metros cada), espaçando a sementeira por períodos de 15 dias, de
modo a escalonar as colheitas e a usufruir da produção de legumes
por mais tempo. Durante o período de crescimento, estas filas
devem ser desbastadas, ou arralentadas, um procedimento que

18
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

consiste em retirar o excesso de plantas germinadas, deixando


apenas as mais viçosas. Todas estas espécies temem as mesmas
pragas, tais como os pulgões e a mosca-da-cenoura, e entram em
conflito com as ervas daninhas, pelo que deve eliminá-las regular-
mente ou impedir o seu crescimento recorrendo ao empalhamento.
Quando colhidas e consumidas ainda novas, as hortaliças de raiz
oferecem um sabor e textura muito refinados. Uma vez atingida
a maturidade, quase todos os produtos desta família podem ser
conservados durante o inverno, dentro de caixas onde são mis-
turados com areia. Apreciam solos frescos, profundos e com boa
drenagem.

Hortaliças folhosas
Grupo composto por uma grande diversidade de plantas muito
apreciadas pelas suas folhas tenras, como a alface, os canónigos, os
espinafres, a acelga e a chicória. Se escalonar as sementeiras e variar
as espécies, poderá colher estes vegetais ao longo de quase todo o
ano. Estas hortaliças são vulneráveis às lesmas e aos caracóis, mas
pode protegê-las criando barreiras naturais (plantando alfazema
em redor, por exemplo). Com alguma tolerância à sombra, gostam
de solos normais que conservem bem a humidade, e necessitam
de regas frequentes nas estações quentes. São ricas, por exemplo,
em minerais e oligoelementos (micronutrientes essenciais), com
a vantagem adicional de conterem muita água e poucas calorias.

Liliáceas
As hortaliças desta família destacam-se por exalarem aromas intensos
e abrangem espécies como o alho, a cebola, a chalota e o alho-francês.
Geralmente, são plantadas (e não semeadas), sendo aconselhável
deixar algum espaço entre cada planta (cerca de um palmo).

À medida que for ganhando experiência, poderá lançar-se nas semen-


teiras, pois terá uma maior variedade de espécies à escolha. Pouco
exigentes no que toca ao tipo de solo, estas hortaliças dão-se bem
em terrenos “leves”, que não sejam demasiado arenosos e possuam
boa drenagem. O alho, a cebola e a chalota conservam-se em boas

19
As hortaliças

condições durante o inverno se forem suspensos em tranças. Ricas


em antioxidantes, vitaminas e minerais, as espécies desta família
são benéficas para a saúde, pois atuam na prevenção de cancros e
doenças cardiovasculares, entre outras.

Brassicáceas (ou crucíferas)


Com sabores inconfundíveis e facilmente identificáveis, as hortaliças
deste grupo incluem o repolho, a couve-roxa, a couve-lombarda, a
couve-de-bruxelas, a couve-flor e os brócolos. Têm uma certa prefe-
rência por solos frescos, profundos, húmidos e ricos em nutrientes.
Apreciam uma terra bem enriquecida com fertilizantes e devem ser
regadas com abundância quando o tempo está seco. A borboleta-
-branca-da-couve/lagarta-da-couve, assim como os pombos, são os
inimigos mais temidos. Por esse motivo, é aconselhável cobrir estas
culturas com uma rede mosquiteira. Ricas em vitaminas, antioxidantes,
serotonina, fibras e cálcio, as brassicáceas (em especial os brócolos)
são frequentemente citadas pelas suas virtudes anticancerígenas.

O repolho (na
imagem) pertence
à família das
brassicáceas

20
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Os cogumelos,
como as endívias,
são cultivados
em ambientes
escuros, e, por isso,
chamados hortaliças
subterrâneas

Cucurbitáceas
As abóboras (grandes ou pequenas), a curgete, o pepino e o pepino-
-miniatura são algumas das espécies que formam este grupo. As suas
plantas desenvolvem folhas e flores amarelas grandes, de aspeto
muito semelhante; são vigorosas e alastram depressa, ocupando
vários metros no solo. Garantem uma produção generosa durante
longo tempo. Para controlar o crescimento destes legumes, deve
podá-los, uma prática que serve também para os fortalecer. São
fáceis de cultivar, desde que o faça num solo muito fértil (ao qual
pode adicionar composto que ainda não esteja totalmente decom-
posto) e que colha os seus frutos com relativa regularidade. No
caso das espécies que tocam no solo (como as abóboras), coloque
uma ardósia, tábua ou qualquer outro tipo de suporte seco por
baixo, para evitar que apodreçam devido ao contacto com a terra.

21
As hortaliças

Legumes vivazes
De entre as muitas espécies que integram a vasta família das horta-
liças, algumas são vivazes ou perenes. Há também quem lhes chame
“legumes para preguiçosos”, porque, uma vez plantados, produzem
espontaneamente por vários anos. O espargo está entre os que gozam
de maior longevidade, sendo capaz de produzir deliciosos caules
ao longo de 15 ou 20 anos. Estas hortaliças, que incluem também a
alcachofra e o ruibarbo, por exemplo, são muito práticas e crescem
sem requerer grandes cuidados de manutenção.

Outras hortaliças subterrâneas


A endívia e o cogumelo são hortaliças que, habitualmente, não cul-
tivamos em casa. Porém, são muito fáceis de agricultar! O modo de
cultivo é atípico: faz-se em caixas de madeira ou sementeiras, num
espaço interior e escuro. Por essa razão, também merecem que lhes
reservemos um lugar neste livro.

Legenda dos pictogramas

Plantar Época

Semear Exposição solar

Empalhamento/mul- Plantar ou semear


ching (espalhar uma cober-
tura vegetal seca ou palha Colher
entre as plantações)
Boas associações
Regar
Más associações
Corrigir (melhorar a
qualidade do solo) Inimigos e pragas

22
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Agrião
Nasturtium officinale

Características
O agrião é uma planta muito fácil de cultivar em casa ou na sua horta,
desde que garanta que não lhe falta água. Trata-se de uma planta
aquática ou semi-aquática, que se desenvolve com frequência nas
margens dos cursos de água e terrenos encharcados. O agrião pode
crescer até um metro de altura e é muito apreciado pelo sabor picante
das suas folhas em sopas e saladas. As flores também são comestíveis.

Cultivo
Esta planta adapta-se bem a climas amenos, pois cresce mal e flo-
resce depressa com muito sol e calor. Contudo, se for cultivada
em climas mais frios, deve beneficiar de uma boa exposição solar.

Pode iniciar o cultivo destas plantas por sementeira ou plantação.


É muito fácil obter pés de agrião para plantar: muitos dos molhos
de agrião fresco à venda possuem alguns pés ainda com raízes.
Pode aproveitá-los para a sua cultura, visto que esta planta pega
facilmente.

A colheita ocorre cerca de dois meses após a sementeira, ou pouco


mais de um mês após a plantação. Por norma, são colhidas as folhas
maiores, mantendo-se a planta no solo para que continue a pro-
duzir folhas.

O empalhamento não se aplica a esta espécie.

O solo deve estar sempre húmido. Para o garantir, pode manter os


agriões “mergulhados” numa camada de água a um ou dois centíme-
tros acima do solo. Contudo, tenha especial cuidado com a água que

23
As hortaliças

utiliza nesta cultura: deve garantir que está sempre limpa e fresca
e evitar as águas paradas, visto que o agrião poderá facilmente
transformar-se num portador de patogenias que estejam na água.

O solo argiloso e fértil é o ideal; não deve estrumá-lo.

Pelas suas caracte-


rísticas de cultivo, o
agrião é uma planta
que se adapta bem à
hidroponia (tipo de
culturas feitas apenas
com água e nutrientes
essenciais – ou seja,
sem uso de terras e
substratos).

Sol ou meia-sombra

J F M A M J J A S O N D

24
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Aipo
Apium graveolens

Características
É, por excelência, um legume de fim de verão e de inverno. Para
além das vitaminas C e B6, é rico em fibras.

Divide-se em duas variedades: o aipo-de-folhas, ou apenas aipo, cujos


caule e folhas são ambos aproveitados, e o aipo-rábano, do qual só
se come a raiz. Apesar destas diferenças, o modo de cultivo é igual.

O sabor pronunciado do aipo é um dos seus principais atributos e


ajuda a realçar o gosto das sopas. O aipo-de-folhas pode, por exem-
plo, ser usado em gratinados e recheios, ao passo que o aipo-rábano
costuma ser cozido ou ralado. Este legume é fácil de congelar, pelo
que não há desculpa para não o consumir durante todo o ano!

Cultivo
Não é possível cultivar aipo em vasos, pois requer água em abun-
dância. Terminada a época das geadas, pode ser plantado num ter-
reno com uma textura leve e rico em nutrientes, mas sem tardar
muito, pois este legume demora a desenvolver-se. Antes de iniciar
as plantações, incorpore uma boa camada de estrume ou composto
na terra. Para garantir que o caule do aipo-de-folhas se mantém
branco, procure abrigá-lo da luz, seja fazendo plantações muito
próximas umas das outras, seja envolvendo a rama com cartão ou
plástico opaco antes da colheita.

Uma vez que o aipo precisa de solos muito húmidos, é boa ideia
aconchegar os caules com palha.

25
As hortaliças

O aipo aprecia o sol, mas também os terrenos húmidos. Deve ser


regado abundantemente nos dias mais quentes.

É um legume ávido de matérias orgânicas, pelo que deve consi-


derar adicionar-lhe adubo próprio para hortas durante a fase das
plantações.

Findo o outono, poderá


deixar o aipo na terra
e colher à medida
que for precisando
(recorrendo ao empa-
lhamento para o pro-
teger das geadas), ou
armazená-lo na cave
usando a mesma téc-
nica de conservação
aconselhada para as
cenouras (leia mais
sobre ela na página 39).

Sol

J F M A M J J A S O N D

Abóbora, acelga, alho-francês, couve, ervilha, feijão, funcho e tomate

Alface, milho e salsa

Pulgão

26
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Alface
Lactuca sativa

Características
As alfaces dividem-se em dois tipos: as repolhudas e com forma de
bola (de que é exemplo a alface-iceberg) e as de folhas soltas, cujas
folhas são mais fáceis de separar (como, por exemplo, as alfaces
das variedades vermelha, frisada e de folhas lisas).

O cultivo da alface é muito simples. Esta espécie também se adapta


perfeitamente aos vasos e sacos de cultivo. Escalonar a sementeira
ou plantações no tempo permite produzir alfaces ao longo de todo o
ano, desde que tenha o cuidado de protegê-las num túnel ou estufa
transparente durante a época das geadas.

Rica em minerais, oligoelementos e fibras, esta hortaliça é também


pouco calórica, já que 95% da sua composição é água. São-lhe ainda
atribuídas propriedades calmantes. Por norma, é consumida crua,
em saladas, mas em caso de produção excessiva pode perfeitamente
ser incorporada em sopas.

Cultivo
O leque de variedades sob a forma de sementes é mais vasto, motivo
pelo qual é preferível semear em vez de plantar. Para além disso, a
sementeira facilita o escalonamento do cultivo. As alfaces crescem
em solos normais, que conservem bem a humidade, e em locais a
meia-sombra, pois o excesso de luminosidade faz com que cres-
çam demasiado em altura. Semeie pequenas quantidades de cada
vez, mas faça-o de forma regular; dessa forma, obterá colheitas ao
longo de todo o ano. Inicie o cultivo por volta de março ou abril,
num espaço abrigado, e encerre a época de sementeira em outubro,
privilegiando nessa altura as variedades de inverno, como a batavia.

27
As hortaliças

Embora não seja indispensável, o empalhamento é muito útil para


impedir invasões de ervas daninhas e conservar a humidade do solo.

Regue regularmente as alfaces, sobretudo na época de tempo quente.

Não é necessário adubar o solo, a menos que o terreno seja muito


pobre em nutrientes. Neste caso, acrescente um fertilizante bas-
tante tempo antes de iniciar a sementeira; os estrumes frescos são
demasiado ácidos para as alfaces.

As lesmas e os cara-
cóis são os principais
inimigos das alfaces.
Crie barreiras, de
preferência usando
elementos natu-
rais, como gravilha
ou plantações de
alfazema.

Meia-sombra

J F M A M J J A S O N D

Quase tudo

Salsa

Caracol e lesma

28
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Alho
Allium sativum

Características
É fácil de cultivar, nomeadamente em vasos, e requer pouca manutenção.
É também simples de conservar para o inverno: depois de secar as
cabeças de alho ao sol, faça tranças com cinco a sete dessas cabeças,
sendo que pode usar as próprias folhas da planta para entrançar.
Ao guardar estas tranças, deve garantir que ficam abrigadas da
geada. Outra técnica de conservação que pode utilizar é guardar os
dentes de alho em azeite, aromatizado com um pouco de segurelha,
estragão e sementes de coentros.

Rico em antioxidantes, o alho traz vários benefícios para a saúde,


nomeadamente ao nível do sistema cardiovascular.

É ainda um excelente condimento para a maioria dos pratos sal-


gados, crus ou cozinhados, e realça o sabor da maioria das plantas
aromáticas. Pode também consumir-se a planta ainda jovem, altura
em que se assemelha a um pequeno alho-francês. É deliciosa, mesmo
fumada!

Cultivo
O alho adapta-se a qualquer tipo de solo, desde que tenha uma textura
leve mas não seja arenoso e possua boa drenagem. Se o terreno for
demasiado pesado, pode sempre preparar-lhe um canteiro sobrele-
vado. Plante apenas os bolbos maiores, com as pontas viradas para
cima, em covas com cerca de três centímetros de profundidade, e
mantendo uma distância de aproximadamente dez centímetros
entre eles. As variedades de outono (as mais comuns) devem ser
plantadas entre outubro e dezembro e as primaveris entre meados
de fevereiro e o fim de março.

29
As hortaliças

O empalhamento é útil para impedir as invasões de ervas daninhas.


Uma forma alternativa de as eliminar é esgravatar ocasionalmente
a terra com uma enxada.

O alho só necessita de rega em períodos de seca.

Não adicione estrume (nem outro tipo de fertilizante com matérias


orgânicas) à terra no ano anterior ao das plantações, sob pena de
os bolbos apodrecerem.

Não se deve plantar


alho dois anos con-
secutivos no mesmo
sítio, nem após plan-
tações de outras espé-
cies da mesma família
(como, por exemplo,
cebola, alho-francês
ou chalota), sob pena
de esgotar os nutrien-
tes do solo.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Batata, cenoura e morango

Cebola

Mosca-do-alho e podridão/bolores brancos

30
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Alho-francês
Allium ampeloprassum

Características
É uma hortaliça preciosa e pode ser colhida ao longo de todo o
inverno e à medida das necessidades.

Rico em vitaminas (A, B, C e E), potássio, fibras e antioxidantes e


pobre em sódio, o alho-francês é benéfico para o sistema digestivo
e o trânsito intestinal, para além de diurético.

O seu sabor, simultaneamente pronunciado e delicado, faz mara-


vilhas na cozinha. É um legume delicioso ao natural, em sopas,
gratinados e também alourado na frigideira, se for colhido ainda
jovem. Se deseja obter versões miniatura do alho-francês, plante-os
muito juntos uns dos outros.

Cultivo
Semeie no início da primavera ou no fim do inverno, se já não
houver geadas nem chover, pois nesse momento a terra será mais
maleável. Deposite as sementes a pouca profundidade, interva-
ladas por um centímetro. Tape-as com terra e calque. Quando
os alhos-franceses atingirem a dimensão de um lápis (em junho
ou julho), arranque-os delicadamente da terra e transplante-os
de forma a que fiquem intervalados por 15 centímetros entre si.

Atenção: antes de voltar a plantar, corte as extremidades das raí-


zes e mergulhe-as numa mistura de água e terra. Com a ajuda de
um pau ou plantador, faça buracos com dois a três centímetros
de diâmetro no solo, encha-os com água e deposite uma planta
em cada um. Utilize o plantador para empurrar a terra à volta
do alho-francês, de modo a que fique bem aconchegado, e regue.

31
As hortaliças

Forme um montículo à volta do pé do alho-francês. Mantenha uma


distância de cerca de 30 centímetros entre cada fila. Durante a
fase de crescimento, procure retocar os montículos regularmente,
para que o alho-francês mantenha a coloração branca na base.
Esta hortaliça aprecia solos maleáveis, frescos e humíferos.

Aplique empalhamento no fim da primavera para preservar a


humidade do solo.

Regue abundantemente no verão.

Não é necessário corrigir o solo, mas terá de esperar quatro anos


antes de voltar a plantar alho-francês no mesmo terreno. Aproveite
para fazer rotação de culturas, alternando, por exemplo, com legu-
minosas (reveja algumas delas na página 18).

Deixe alguns alhos-


-franceses florescer.
Formam bolas de flo-
res decorativas que
os insetos adoram.
Depois de secarem, no
outono, poderá apro-
veitar as sementes
para as sementeiras
seguintes.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Aipo, alface, canónigos, cebola, cenoura, funcho, morango e tomate

Acelga, beterraba, couve, ervilha e salsa

Míldio, oídio, pulgão, minhoca e mosca-do-alho-francês

32
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Beringela
Solanum melongena

Características
Muito fácil de cultivar, a beringela faz parte do leque de hortaliças
indispensáveis no verão. Pode plantá-la quer em hortas, quer em
terraços ou varandas. Para além de dar sabor, é um legume que
alegra os seus pratos.

Ostenta cores bonitas: lilás, roxo muito escuro (quase preto), branco,
bege com riscas roxas, etc. Também existe na versão miniatura. Rica
em antioxidantes, potássio e vitamina B, contém muitas fibras e
por isso estimula o trânsito intestinal.

A sua textura delicada é apreciada sob várias confeções: salteada,


recheada, frita e gratinada. É também um ingrediente protagonista
em pratos típicos apreciados por diversas culturas, como o ratatouille
(mistura de legumes refogados com molho de tomate) e a moussaka
(prato tradicional em países como a Grécia, que consiste numa espécie
de empadão muito condimentado, à base de beringela e carne picada).

Cultivo
Tal como o tomate, o pimento e a curgete, a beringela precisa de
ambientes soalheiros, luminosos e abrigados do vento. Dá-se bem
em terrenos ricos em húmus, com boa profundidade, frescos e bem
drenados. Procure fazer o transplante para o exterior quando a terra
estiver bastante quente. Não enterre a planta totalmente, nunca
abaixo do nível da base do caule (ou seja, do colo da planta). Antes
de o fazer, deve eliminar as pequenas folhas que se formam na base.

Para obter uma boa colheita, é necessário podar a planta. Corte


o caule cerca de dois centímetros acima da segunda flor. Quando

33
As hortaliças

se desenvolverem ramagens laterais, corte também os seus caules


acima da segunda flor.

O empalhamento é útil neste tipo de plantação, pois trava o cresci-


mento de ervas daninhas, cujas raízes poderiam entrar em conflito
com as raízes pouco profundas das beringelas.

O solo deve ter uma boa dose de humidade, pelo que se recomenda
regar, a cada três ou quatro dias, à volta do pé da planta, sem molhar
as folhas.

Fertilize a terra com um adubo rico em potássio a cada 15 dias.

A beringela atinge a
maturidade quando
deixa de crescer
e apresenta uma
casca ligeiramente
reluzente, mas tam-
bém pode ser colhida
jovem, quando a pele
é ainda muito fina.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Ervilha, estragão, feijão, pimento, salsa, tomate e tomilho

Batata e cebola

Doríforo, míldio e oídio

34
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Beterraba
Beta vulgaris

Características
A beterraba possui grande rendimento e dá-se bem em qualquer
lugar. Pode ser consumida ao longo de todo o ano e conserva-se em
boas condições numa cave durante o inverno.

É uma hortaliça bastante polivalente. Pode ser colhida ainda jovem


ou após atingir maior volume. Tanto as folhas como o tubérculo são
consumíveis em saladas e noutros pratos. Para além das variedades
em miniatura, existem beterrabas de várias cores: vermelho-escura,
escarlate, branca com estrias rosa...

Graças à sua riqueza em fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes,


este legume traz inúmeros benefícios para a saúde. As folhas são
igualmente ricas em vitamina A.

Quando colhidas ainda jovens e consumidas no próprio dia da colheita,


as beterrabas são deliciosas, mesmo cruas. Outros usos culinários
incluem assar, ralar ou incorporar em sopas e bolos.

Cultivo
A beterraba prefere solos profundos, soltos, leves e neutros (isto
é, nem demasiado calcários, nem excessivamente argilosos, nem
muito húmidos). Pode adquirir plântulas em pequenos vasos e
transplantá-las para a terra durante toda a primavera. Pode ainda
semeá-la entre abril e maio, em estufas ou sob um túnel de plástico.
Deixe um intervalo de 30 a 40 centímetros entre cada planta.

O empalhamento é facultativo.

35
As hortaliças

A beterraba resiste bem à seca, mas ficará mais tenra se tiver o


cuidado de manter o solo húmido.

Antes de cultivar, adicione composto ou estrume à terra.

Considere escalo-
nar as plantações
ou sementeiras, por
forma a ter beterrabas
também no inverno.
Conserve os exceden-
tes de produção em
paletes de madeira
forradas com folhas
de jornal e preencha
o espaço entre cada
camada de beterra-
bas com areia de rio.
Desenterre-as antes
das primeiras geadas.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Aipo, alface, cebola, coentros, couve e pastinaga

Alho-francês, espargo, feijão e tomate

Áltica, oídio e pulgão

36
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Cebola
Allium cepa

Características
As cebolas são extremamente fáceis de cultivar: simples de plantar,
requerem poucos ou nenhuns cuidados e não apresentam exigências
especiais em termos de solo, rega ou adubação. Uma vez colhidas e
bem secas, poderá conservá-las facilmente em paletes de madeira,
num local seco e ao abrigo das geadas, ou suspensas em tranças.

A cebola possui elevado teor de potássio, fósforo e cálcio. Reduz o


risco de doenças cardiovasculares e é eficaz como descongestionante
das vias respiratórias.

As variedades mais comuns incluem a cebola-branca e a cebola-roxa.

É um elemento indispensável nas preparações culinárias de todos


os dias, que pode ser usado como condimento ou legume tanto em
pratos de carne, como em sopas e refogados de legumes, ou ainda
servido em molhos, recheado ou confitado, entre outros.

Cultivo
É mais fácil plantar cebolas do que semeá-las. Este legume planta-se
cedo, pelo fim de fevereiro. Contenta-se com um solo comum, pouco
profundo, e não requer fertilizantes. Garanta uma boa repartição
das plantações (isto é, um espaçamento adequado entre os bolbos
e entre as linhas de plantação). Plante os bolbilhos com a raiz para
baixo e a ponta para cima, empurrando-os com os dedos para que
entrem na terra, de modo a que o topo da cebola fique enterrado um
centímetro abaixo do solo. Não faça covas para as plantações, pois
não devem ficar espaços vazios entre as cebolas e a terra. Quando
a ramagem ganhar um tom amarelado e murchar, pode colher as

37
As hortaliças

cebolas. Escolha um dia soalheiro para fazer a colheita, porque dessa


forma poderá deixar as cebolas secarem bem sobre o solo antes de
as levar para dentro de casa.

Não se deve aplicar empalhamento, sob pena de as cebolas apodrecerem.

Não é preciso regar.

Não é necessário corrigir o solo.

Reserve um espaço
para o cultivo de
cebolinhas brancas,
para consumir, de pre-
ferência, enquanto são
novas. Cultivam-se de
forma igual às cebolas
comuns, embora exi-
jam um pouco mais de
minúcia. Estas ceboli-
nhas podem ser colhi-
das oito a dez sema-
nas após a plantação
e são para consumo
imediato porque não
se conservam.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Alface, beterraba, cenoura, cucurbitáceas, morango, pastinaga e tomate

Batata, couve, ervilha e feijão

Mosca-da-cebola

38
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Cenoura
Daucus carota

Características
De textura crocante e sabor adocicado, a cenoura agrada a quase
todos. Dá-se bem tanto na terra como em vasos. É rica nas vitaminas
A, B, E e K, assim como em minerais. Além de benéfica para a vista,
é útil para a regularização do trânsito intestinal.

É possível ter cenouras à disposição durante quase todo o ano: desde


a cenoura-baby no início da primavera, até às variedades da época,
que se conservam durante parte do inverno.

As cenouras podem ser consumidas de muitas maneiras: cozidas


ou cruas, como aperitivo ou acompanhamento, ao natural ou em
molhos, sumos, purés, macedónias de legumes, sopas e até na con-
feção de sobremesas.

Cultivo
A cenoura é semeada e não plantada. Para o fazer, prepare sulcos
com um centímetro de profundidade num solo bem drenado, pre-
dominantemente arenoso, mas sem pedras, para que as cenouras
não cresçam com deformações. Para evitar que as plantas fiquem
muito próximas umas das outras, misture as sementes com areia.
Deverá desbastar as culturas em dois momentos: quando as plân-
tulas atingirem três centímetros, e mais tarde, aos dez centímetros.
Semeie, por mês, uma fila de cenouras com cerca de dois metros,
por forma a poder escalonar as colheitas.

O empalhamento é útil para travar o crescimento de ervas daninhas


e a evaporação de água do solo.

39
As hortaliças

Regue com regularidade em períodos de seca, mas sem exageros,


para que a ramagem não se desenvolva mais do que a própria raiz.

Antes de semear, enriqueça o solo com um adubo biológico especial


para hortas. Não utilize estrume fresco, pois é demasiado ácido
para este tipo de legume.

Para ter cenouras


durante o inverno,
arranque-as da terra
num dia seco, antes
do início da época
das geadas. Deixe-as
repousar durante
dois dias sobre o
solo até que percam
a humidade. Depois,
armazene-as numa
palete com areia, num
espaço abrigado dos
roedores e da geada.

Meia-sombra ou sol

J F M A M J J A S O N D

Alface, alho-francês, cebola, ervilha, pastinaga, rabanete, tomate e a maioria


das plantas aromáticas

Beterraba-roxa

Mosca-da-cenoura

40
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Curgete
Cucurbita pepo

Características
Muito simples de cultivar, este legume é ideal para jardineiros
principiantes. É também bastante rentável: bastam duas ou três
plantas para produzir o suficiente e alimentar toda a família. Pouco
calórica e rica em sais minerais, vitaminas e fibras, é uma hortaliça
muito fácil de digerir.

Cozida, salteada, recheada, ou até crua em finas tirinhas, desde que


cresça de forma saudável, quase todas as partes da curgete podem
ser aproveitadas – até a pele é comestível! As flores ficam deliciosas
tanto fritas, como delicadamente recheadas e passadas na frigideira.

Cultivo
Pode comprar pés de curgete em vasos para transplantação, mas
será mais simples se optar por semear (uma vantagem adicional é
o facto de, dessa forma, ter mais variedades à disposição). Deposite
duas ou três sementes numa cova diretamente na terra ou num
vaso. Depois de as plantas brotarem, selecione apenas a mais viçosa.
Reserve uma área com, pelo menos, 1 m2 para cada planta. Escolha
um dia soalheiro para fazer as plantações, por forma a garantir que
a terra estará bem quente.

O empalhamento é útil para preservar a humidade da terra, evitar o


apodrecimento dos frutos quando tocam no solo e proteger do oídio.

A curgete precisa de muita água e não aprecia a secura. Regue-a


com abundância, tendo o cuidado de não molhar as folhas.

É importante dispor de um solo rico em húmus, com bom escoamento

41
As hortaliças

da água e leve. A curgete adora composto, pelo que deve colocar


uma porção na cova da plantação ou ao redor do pé da planta. Em
alternativa, pode plantar diretamente numa pilha de composto.

Procure colher as
curgetes quando são
jovens e pequenas (15
a 20 centímetros).
Assim são mais sabo-
rosas e não produzem
desperdícios (se as
deixar crescer muito,
o núcleo ganhará
sementes grandes e
difíceis de digerir, e
um sabor e textura
menos agradáveis).
Esta planta produz
rapidamente novas
curgetes: quantas
mais colher, mais
produtiva será.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Aipo, alface, batata, couve, espargo, feijão e manjericão

Rabanete

Caracol e oídio

42
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Ervilha
Pisum sativum

Características
A cultura de ervilhas é fácil, mas tem de ser feita no solo – as versões
miniatura são exceções a esta regra, porque se adequam à cultura
em vaso. Nas ervilhas-tortas, tudo se aproveita (tanto as ervilhas,
como as vagens). Esta variedade da família das ervilhas partilha o
mesmo método de cultivo e é semeada entre abril e maio.

A planta cresce depressa e gera uma produção generosa. Colher as


vagens de forma contínua, assim que atingem a maturidade, estimula
a produção. Porém, a colheita não deve acontecer demasiado cedo,
para que as ervilhas não sejam muito pequenas, nem demasiado
tarde, sob pena de se tornarem farinhentas.

A colheita é, por si só, um momento divertido: as crianças adoram


abrir as vagens e provar as primeiras ervilhas com sabor adocicado.
Ricas em minerais, proteínas, fibras e nas vitaminas A, B, C e E, tanto
podem ser congeladas, como conservadas em frascos.

Cultivo
Existem duas variedades de ervilhas: as lisas e as enrugadas, que
são um pouco mais doces. Verifique as indicações no pacote de
sementes ou aconselhe-se com o seu fornecedor. As ervilhas lisas são
semeadas a partir de fevereiro e as enrugadas após o fim da época
das geadas (entre maio e julho). Prepare um solo rico em nutrientes,
fresco, com bom escoamento da água e abrigado do sol escaldante.
Deposite entre três e cinco sementes em pequenas covas com três a
cinco centímetros de profundidade, espaçadas por intervalos de 20
a 30 centímetros. Instale estacas junto das plantas. As estruturas
de suporte são úteis até para as versões miniatura – no caso destas,

43
As hortaliças

bastará espetar pequenos galhos ramificados junto de cada planta.


Nas variedades mais altas, disponha uma rede ou gradeamento ao
longo da plantação. Para dar um toque mais decorativo a este tipo
de instalação, e porque as folhas e as flores das ervilhas são muito
bonitas, pode optar por instalar três ou quatro estacas por planta,
unidas no topo como a estrutura de uma tenda de índio.

O empalhamento ajuda a manter o solo fresco e impede invasões


de ervas daninhas.

Não se deve regar demasiado no início, para estimular a floração.


Na fase seguinte, é aconselhável a rega abundante e frequente, para
assegurar o bom desenvolvimento das ervilhas.

Não é necessário adubar ou corrigir o solo.

No caso das varieda-


des mais altas, colo-
que estacas ou uma
rede para a planta
trepar e se agarrar.
As folhas, flores e
vagens da ervilheira
são muito decorativas.

Meia-sombra ou sol

J F M A M J J A S O N D

Aipo, batata, cenoura, couve-rábano, nabo e rabanete

Alho, alho-francês, cebola, chalota, salsa e tomate

Lagarta-da-ervilha, míldio e oídio

44
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Espargo
Asparagus officinalis

Características
Há vários tipos de espargo, cuja coloração é determinada pelo modo
de cultivo. Se for cobrindo a planta com terra à medida que esta
cresce, obterá espargos-brancos, como resultado de se terem desen-
volvido na escuridão. Já se os deixar crescer ao ar livre e à luz do
sol, ganharão tons verdes. Estes últimos são, por isso, mais fáceis
de cultivar e adaptam-se a praticamente qualquer tipo de solo.

Cultivo
A terra deve repousar durante, pelo menos, dez anos entre culturas
de espargos. Antes de se lançar no cultivo, certifique-se que o espaço
escolhido não teve nenhuma plantação de espargos recentemente.

Cultivar espargos não é complicado, mas requer paciência, visto


que, após a plantação, é necessário aguardar três anos para os poder
colher. Contudo, a espera compensa: concluída a fase de desen-
volvimento das plantas, estas garantem a produção de espargos
durante 15 a 20 anos.

Plante os rizomas na primavera, reservando uma distância de 20


centímetros entre cada um. A partir do terceiro ano, a época de
colheita acontece anualmente, ao longo de dez semanas, entre
meados de abril e o fim do mês de junho. A partir do quarto ano, a
colheita rende até 500 gramas de espargos por planta.

Nos primeiros dois anos de vida, é necessário revolver frequente-


mente a terra com uma enxada e também eliminar as ervas daninhas.

Regue abundantemente durante os dois primeiros anos.

45
As hortaliças

O primeiro biénio de vida dos espargos é fulcral para o sucesso da


plantação. Durante esse período de tempo, abasteça a plantação
de composto a cada outono.

Para obter espargos


brancos, basta proce-
der ao cultivo subter-
râneo de asparagus
officinalis.

Meia-sombra ou sol

J F M A M J J A S O N D

Alcachofra, alho-francês, ervilha, manjericão, salsa e tomate

Alho, beterraba e cebola

Alguns afídios, ferrugem do espargo, mosca-do-espargo e rosca

46
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Espinafre
Spinacia oleracea

Características
Esta hortaliça temporã deve ser semeada no início da temporada o
quanto antes e cresce depressa. Se tudo correr bem, poderá sabo-
rear o seu espinafre cerca de um mês e meio depois de o semear.
Esta espécie é resistente ao frio, suportando temperaturas muito
baixas (até -10°C). Pode ser cultivada na terra, bem como em vasos
dispostos num terraço ou numa varanda.

Colher regularmente as folhas favorece o crescimento de novos reben-


tos. Se for semeando pequenas filas com alguma regularidade, poderá
usufruir de espinafres frescos desde o início do verão até ao inverno.

O espinafre é um verdadeiro tesouro para a saúde, sendo particular-


mente rico em provitamina A, vitamina C e sais minerais.

Cozidas, as folhas constituem um excelente acompanhamento tanto


para pratos de carne como de peixe. Pode também incorporá-las em
folhados, tartes, pratos de massa, recheios e outras confeções. As folhas
mais jovens e tenras (muitas vezes comercializadas com a designação
baby) podem ser consumidas cruas e ficam deliciosas nas saladas.

Cultivo
Tenha em atenção que o espinafre não se dá bem com a secura e as
temperaturas muito elevadas. Se pretende cultivá-lo no verão, faça-
-o num espaço fresco e com sombra. Este legume folhoso aprecia
solos argilosos, ricos e húmidos. Semeie diretamente na terra, em
regos com dois centímetros de profundidade, que deve regar bem
antes de tapar. Depois, cubra-os com dois a três centímetros de
terra e termine o trabalho com um ancinho. Quando os espinafres

47
As hortaliças

começarem a despontar, desbaste a terra de modo a guardar apenas


uma planta a cada 15 centímetros.

O empalhamento é importante para preservar a humidade do solo.


Como o espinafre precisa de um solo rico, privilegie materiais como
as cascas de cacau ou de linhaça na confeção desta cobertura.

A terra nunca deve secar completamente entre as regas. Assegure


a irrigação regular do solo, sobretudo nos dias quentes.

O espinafre é um legume guloso, pelo que é recomendável enriquecer


a terra com uma boa dose de composto ou estrume antes do cultivo.

Se as folhas adqui-
rirem várias tonali-
dades, é sinal de que
foram atingidas pelo
“vírus do mosaico”.
Nesse caso, só há uma
resolução a tomar:
arrancar toda a planta
afetada e desfazer-se
dela.

Meia-sombra

J F M A M J J A S O N D

Aipo, alface, couve, fava, morango, nabo e rabanete

Acelga e beterraba

Calor e “vírus do mosaico”

48
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Fava
Vicia faba

Características
A fava é uma semente que se desenvolve nas vagens da faveira,
uma planta pertencente à família das leguminosas, como a ervilha
ou o feijão. É altamente nutritiva e possui um sabor único, muito
apreciado em estufados, sopas e petiscos.

Existem variedades de faveira que crescem até 30 centímetros, sendo


mais indicadas para culturas em vasos, e outras que atingem altu-
ras de mais de um metro. Existem ainda variedades forrageiras,
indicadas apenas para alimentação animal e para adubação do solo.

Cultivo
É uma planta de climas frios, embora suporte temperaturas mode-
radas. Prefere solos ligeiramente ácidos, bem drenados, férteis e
ricos em matéria orgânica. Apesar disso, aguenta também solos
com alta salinidade.

A sementeira faz-se no tempo frio, a uma profundidade de três a


cinco centímetros. O espaçamento recomendado depende da varie-
dade que cultivar. Porém, podem dar-se como valores de referência:
cerca de um palmo entre sementes de uma mesma linha e meio
metro a um metro de distância entre linhas.

A colheita é feita no início do verão. Findo esse período, mantenha


as plantas na terra para que prossigam o processo de adubação
natural. A faveira é ótima para fixar azoto atmosférico no solo,
sendo muito utilizada nas práticas culturais de rotação de culturas
e favorecendo as culturas subsequentes, que assim beneficiam com
terras azotadas). Quando as plantas secarem, incorpore-as no solo.

49
As hortaliças

Recorra ao empalhamento para limitar o crescimento de outras


plantas que competem pelos mesmos nutrientes.

Durante o período de desenvolvimento da planta, a rega deve ser


insistente, mas sem encharcar.

Corrija o solo com composto ou outras matérias orgânicas.

Depois de remover a
fava da vagem, pode
retirar a casca desta
semente, o que a torna
mais suave e cremosa.
Para ter favas ao longo
de todo o ano, opte
pelas técnicas de con-
servação por secagem
ou congelação. No caso
desta última, as favas
devem ser escaldadas,
rapidamente passadas
por água gelada e só
depois congeladas,
para a ficarem mais
tenras.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Alface, batata, beterraba, cenoura, couve, espinafre, morango, nabo, pepino,


rabanete e tomate

Batata, cebola, ervilha e feijão

Ferrugem, míldio e piolho-negro (Aphis fabae)

50
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Feijões
Phaseolus vulgaris

Características
“Feijão” é o nome vulgar para um conjunto de cultivares da espécie
Phaseolus vulgaris. Cultivado em quase todo o mundo, é apreciado
pelas qualidades nutritivas das suas sementes – os feijões, que,
por norma, são utilizados secos na nossa culinária. O feijão-verde,
também muito apreciado, mais não é do que as vagens que contêm
as sementes ainda verdes ou imaturas. Simples de cultivar, é ideal
para principiantes. Existe nas variedades trepadeira e miniatura
(a mais indicada para cultivo em vasos). De produção generosa,
pode ser consumido por longas temporadas num estado tenro e
crocante, já que a colheita regular das vagens estimula a formação
de novos rebentos. O ideal é ir colhendo a cada dois ou três dias. Se
escalonar a sementeira, poderá dispor de feijão-verde durante todo
o verão. Qualquer que seja a espécie que semeie, o feijão-verde que
daí resulta é todo mais ou menos igual.

Se preferir o feijão seco, só tem de deixar prosseguir o desenvolvimento


das vagens até engrossarem e secarem. Os resultados poderão ser
bem diferentes em tamanho e gosto, consoante a espécie semeada.
Há feijão-branco, feijoca, feijão-frade, etc. Para conservar feijão para
o inverno, tanto o pode esterilizar, como escaldar (e passar por água
fria) e congelar, no caso do feijão-verde, ou secar, no caso do feijão
seco. As plantações de feijão são um excelente adubo verde, pelo que
terá todo o interesse em deixar as raízes no solo após as colheitas.

Cultivo
O feijão precisa de sol e calor, mas aprecia fixar raízes num terreno
fresco, rico em nutrientes e fértil. Inicie a plantação após o fim das
geadas. Caso se trate de feijão da variedade trepadeira, prepare um

51
As hortaliças

suporte com estacas atadas no topo. A sementeira é feita em regos.


Quando as plantas despontarem, desbaste o solo de modo a espaçar
os feijoeiros e a eliminar as ervas daninhas. Alternativamente à
sementeira em regos, pode depositar três ou quatro sementes em
pequenas covas separadas por um palmo de distância.

O empalhamento é dispensável. Caso opte por não o fazer, lembre-


-se de arrancar regularmente as ervas daninhas.

Só é preciso regar no verão, na fase de florescimento do feijoeiro.

O feijão é naturalmente rico em azoto, pelo que se desaconselha


a mistura de estrume na terra. Caso pretenda enriquecer o solo,
adicione um composto friável e bem decomposto no outono.

Na Antiguidade, o fei-
jão de trepar, o milho
e a abóbora eram cha-
mados “os três irmãos”,
porque o milho faz de
suporte para o feijão,
a abóbora preserva a
humidade do solo e
o feijão fornece um
adubo natural à terra.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Abóbora, alface, beringela, cenoura, ervilha, espinafre e milho

Acelga, alho, beterraba, chalota, cebola, funcho e tomate

Antracnose

52
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Funcho
Foeniculum vulgare

Características
É um legume associado aos países quentes e muito fácil de cultivar
também nos nossos quintais. Depois de atingir a maturidade, pode
ser conservado numa cave, dentro de paletes de madeira com areia
(trata-se da mesma técnica usada para as cenouras, que pode rever
na página 39).

Rico em vitaminas (A, B9, C, etc.), ferro e sais minerais (como o mag-
nésio e o cálcio), o funcho é particularmente interessante do ponto
de vista nutricional. Por conter muitas fibras, é de fácil digestão,
mesmo para pessoas mais sensíveis.

É apreciado pelo sabor anisado e pela polpa, que, consoante o nível


de cozedura, pode ser mais crocante ou desfazer-se na boca. Trata-se
de um ótimo acompanhamento tanto para pratos de peixe, como
de marisco. Tudo se aproveita no funcho: o bolbo, mas também as
folhas, cujo sabor lembra o endro, e as sementes, que poderá usar
para realçar os seus cozinhados ou molhos para saladas.

Cultivo
Opte por um espaço soalheiro e um solo fértil e profundo, mas de
textura leve. A época da sementeira decorre entre maio e julho
(ou mais cedo, se fizer o cultivo num espaço abrigado), devendo
plantar algumas sementes intervaladas entre si por distâncias de
20 centímetros. Guarde apenas as plantas mais viçosas. Durante a
fase de crescimento, vá cobrindo o bolbo com terra, para que man-
tenha a característica cor branca. O funcho pode ser consumido
em praticamente qualquer fase de desenvolvimento: desde que tem

53
As hortaliças

apenas cinco centímetros até ao triplo do tamanho. As folhas tam-


bém podem ir sendo colhidas regularmente, para servir de tempero.

O empalhamento é útil, porque preserva a humidade do solo e dis-


pensa da necessidade de enxadar.

O funcho necessita de humidade durante todas as fases do cres-


cimento, sob pena de se tornar fibroso e desenvolver sementes.

O funcho aprecia solos férteis, enriquecidos com húmus ou estrume.

Aromatize a flor de
sal com sementes
colhidas das flores
do funcho; fica deli-
ciosa! Estas semen-
tes são comumente
conhecidas pelo
nome erva-doce, uma
especiaria muito utili-
zada para aromatizar
pães, doces, castanhas
cozidas e outros
alimentos.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Aipo, alface, alho-francês, nabo e pepino

Abóbora, chalota, coentros, couve, feijão e tomate

Pulgão

54
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Grão-de-bico
Cicer arietinum

Características
O grão-de-bico faz parte da grande família das leguminosas. É uma
semente que cresce em vagens (cada uma tem, em média, três a quatro
grãos), sendo normalmente consumida seca, como o feijão. O arbusto
que dá origem ao grão-de-bico pode atingir até um metro de altura.

Como alimento é extremamente nutritivo, rico em proteínas, sais


minerais, vitaminas, fibras e amido.

Cultivo
O cultivo desta espécie é relativamente simples. Poderá proceder
à sementeira num terreno exterior pelo fim do inverno. Também é
possível iniciá-la um pouco mais cedo num espaço interior. Tenha
em conta que as plantas são muito sensíveis ao transplante, pelo
que será sempre preferível semeá-las no local definitivo. Assim, se
a sua opção for iniciar o cultivo “dentro de casa”, faça-o em vasos
biodegradáveis, que possam ser enterrados no exterior juntamente
com as mudas (sem necessidade de transplante). O grão-de-bico
demora cerca de 100 dias a ficar pronto para a colheita.

O empalhamento não é fundamental. Caso não o faça, lembre-se


de arrancar regularmente as ervas daninhas.

Não regue demasiado, pois a água da chuva deverá ser suficiente.


Em caso de seca prolongada, regue duas vezes por semana. Quando
a planta começar a secar, pare de regar, por forma a favorecer a
secagem, a qual é necessária para a colheita do grão.

55
As hortaliças

O solo deve ser fofo, bem drenado e previamente tratado com


matéria orgânica (não use estrume mal curtido, porque reduzirá
o rendimento da planta). Evite semear em solos muito argilosos e
áreas sombrias.

A provável origem do
grão-de-bico estará no
Médio Oriente – há
registos do seu cultivo
pelo homem na bacia
do Mediterrâneo
desde há 5000 anos!

Sol

J F M A M J J A S O N D

Aipo, alface, alho, batata, cenoura, couve, nabo e pepino

Alho, alho-francês, batata, cebola, ervilhas, feijão e outras leguminosas

Ácaros, afídeos, cigarrinhas e fungos

56
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Milho-doce
Zea mays

Características
É fácil de cultivar, desde que beneficie de sol e humidade. Garante
uma produção muito generosa e adapta-se perfeitamente a hortas
pequenas.

Dá um toque original aos jardins. Pode atingir dois a três metros


de altura e, como tal, servir para criar alguma sombra, fazer de
barreira de separação entre duas zonas ou ainda de “estrutura” de
suporte para plantas trepadeiras.

O milho apresenta numerosas virtudes nutricionais: é antioxidante,


rico em fibras, magnésio, vitaminas B e C, etc. De textura estaladiça
e sabor adocicado, é delicioso tanto cozido no vapor e barrado com
manteiga derretida, como assado no churrasco. Procure consumi-lo
pouco tempo depois da colheita, pois o seu teor de açúcar diminui
rapidamente.

Cultivo
O milho exige solos profundos, frescos, ricos em húmus e de tex-
tura leve. Procure semeá-lo quando a terra estiver bem quente (no
mínimo 10 a 12°C), dispondo um par de sementes em covas com dois
centímetros de profundidade cada, intervaladas por 30 centímetros
de distância. Regue bem durante os períodos de floração e de forma-
ção das espigas. Colha as espigas assim que ficarem maduras – ou
seja, quando as barbas começarem a acastanhar e o milho estiver
bem amarelo, mas ainda tenro e leitoso. Caso pretenda cultivar
apenas algumas plantas de milho, opte por instalá-las num canteiro
quadrado e não em linha, para favorecer a polinização.

57
As hortaliças

O milho aprecia solos ricos em nutrientes, pelo que é aconselhável


espalhar uma fina camada de aparas de relva junto do pé e repetir
regularmente este procedimento.

Regue com frequência durante o tempo seco.

Considere enriquecer a terra com estrume, composto ou outro tipo


de fertilizante para hortas na fase da plantação.

Para evitar o des-


perdício de espaço,
plante, junto aos
pés de milho, uma
espécie trepadeira
de uma hortaliça com
exigências semelhan-
tes em termos de solo,
como por exemplo a
abóbora. Nesse caso,
redobre a quantidade
de água da rega.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Alho-francês, cucurbitáceas, ervilha e feijão

Caracol e lesma

58
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Nabo
Brassica rapa var. rapa

Características
Faz parte do leque de hortaliças mais antigas que têm ganho impor-
tância renovada na gastronomia moderna, nomeadamente pela mão
de grandes chefes de cozinha que vêm redescobrindo a sua textura
delicada e o sabor adocicado e ligeiramente picante. Se colhido ainda
jovem (cerca de seis semanas após a sementeira), o nabo revela-se
uma hortaliça extremamente refinada.

É possível colher nabos em qualquer estação do ano. Para o garantir,


deve escalonar a sementeira e recorrer a diferentes variedades –
algumas delas rústicas (isto é, resistentes o suficiente para sobre-
viver ao inverno).

O nabo é especialmente rico em ferro e cálcio. Pode ser consumido


em sopas, pratos de cuscuz, salteado, em puré ou até, no caso das
variedades mais tenras, cozido no vapor e mesmo cru, em farripas.

Cultivo
O período ideal para a sementeira é de abril a setembro (ou mais
cedo, se quiser iniciar o cultivo num espaço abrigado). O solo deve
ser fértil, profundo, fresco e bem adubado. Evite solos calcários e
secos, pois tornam as raízes muito fibrosas. Deposite as sementes
em regos com dois centímetros de profundidade, depois calque
ligeiramente a terra e regue. É boa ideia cobrir a plantação com
uma rede, para protegê-la da áltica (mosca-da-couve). Quando os
nabos começarem a brotar, arranque parte deles, de forma a garan-
tir uma distância de dez centímetros entre cada planta. Não deite
fora os rebentos, pois pode aproveitá-los para saladas, estufados
ou outros cozinhados.

59
As hortaliças

O nabo é extremamente guloso. Evite a concorrência das ervas


daninhas, arrancando-as delicadamente ou recorrendo ao empa-
lhamento para travar o seu crescimento.

O nabo não se dá nada bem com a seca e precisa de humidade, pelo


que deve ser regado regularmente, com cuidado para não molhar
as folhas (que designamos como “nabiças”).

Procure enriquecer o solo com adubo azotado em granulado mesmo


antes da sementeira. Não hesite em acrescentar fertilizantes durante
toda a fase de crescimento.

Os nabos estivais
desenvolvem-se
depressa e devem
ser consumidos
quando jovens e
pequenos, sob pena
de ficarem fibrosos.
Já as variedades de
outono podem ganhar
volume sem prejuízo
para o seu sabor e
características.

Meia-sombra ou sol

J F M A M J J A S O N D

Alface, ervilha, espinafre e feijão

Áltica-das-couves

60
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Pepino
Cucumis sativus

Características
Esta hortaliça crocante é um fruto e um elemento essencial nas
saladas estivais. Rico em água e pouco calórico, refrescante e hidra-
tante, o pepino contém muitas vitaminas A, C e sais minerais.

Embora seja diurético, pode revelar-se difícil de digerir. Quando


consumido com casca é uma boa fonte de antioxidantes. Se cultivar
variedades de pepinos em miniatura, poderá usá-los para preparar
pickles caseiros para o inverno, conservando-os em vinagre.

Cultivo
Embora estejam disponíveis jovens plantas de pepino em vasos
para transplantação, a sementeira constitui o modo mais simples de
cultivo deste legume. Deposite uma a três sementes numa cova na
terra ou num vaso. O pepino é friorento, pelo que deve transplantá-
-lo a partir de meados de maio, altura em que o termómetro não
desce abaixo de 10°C. Este legume dá-se bem em espaços quentes
e abrigados do vento; prefere solos soltos, profundos, humíferos e
dotados de boa drenagem. Colha os pepinos com alguma frequência,
pois a planta deixa de produzir se ficar sobrecarregada. Em caso
de ameaça ou invasão de gastrópodes (como lesmas e caracóis),
deposite cinzas ao redor da planta (tendo o cuidado de renovar a
dose depois de chover) ou Ferramol (um repelente biológico). Plante
capuchinhas (flores também conhecidas pelo nome “chagas”) perto
das culturas de pepino para afastar os pulgões.

Instale uma boa camada de ervas secas junto à base da planta para
preservar a humidade do solo e impedir que os legumes apodreçam
quando em contacto com a terra.

61
As hortaliças

O pepino consome muita água. Regue-o bem na fase da plantação


e depois com alguma regularidade, tendo o cuidado de não molhar
as folhas.

O pepino é um legume “guloso”, pelo que lhe deverá fornecer, fre-


quentemente, adubos especiais para tomate ou chorume de urtigas.

A planta do pepino
tende a espalhar-se no
solo, ocupando uma
grande superfície
(até quatro metros
quadrados). Se só
dispuser de uma área
restrita para planta-
ção, instale estacas, às
quais as gavinhas se
irão agarrar, levando
a planta a crescer na
vertical.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Aipo, alface, capuchinha, cebolinho, coentros, couve, ervilha, manjericão,


milho, orégãos e rabanete

Batata e tomate

Caracol, lesma, míldio, oídio e pulgão

62
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Pimento
Capsicum annuum

Características
Este delicioso legume de verão é fácil de cultivar tanto numa horta na
terra, como em vasos. Possui cores vivas que dão um efeito decorativo
ao jardim: começa por ser verde, mas, dependendo da variedade,
torna-se depois amarelo, laranja ou vermelho.

É muito rico em vitamina C, provitamina A e antioxidantes (sobretudo


o vermelho). Contém ainda vitaminas B e E, para além de sais minerais.

Seja misturado em saladas, grelhados, recheado ou combinado com


outros legumes, o pimento ajuda a realçar o sabor de inúmeros
pratos. Para torná-lo mais fácil de digerir, basta tirar-lhe a pele.
Passe-o no grelhador por breves instantes para facilitar a tarefa.

Cultivo
Prepare um espaço bem quente, com boa luminosidade e abrigado
do vento. O solo deve ser fértil e possuir boa drenagem. Quando
as temperaturas médias atingirem os 20°C, é tempo de passar as
plantações de pimento para o exterior. Prepare um suporte com
estacas para as apoiar e limite o seu crescimento: com a tesoura de
podar, corte o caule principal acima da primeira flor, assim como
as ramificações secundárias (acima da terceira flor, neste caso).
Procure não ultrapassar uma dúzia de pimentos por planta.

O empalhamento é útil para manter o solo fresco.

O pimento deve ser regado com regularidade durante toda a fase


de crescimento (sempre com cuidado, para não molhar as folhas).
Coloque junto de cada planta uma garrafa de plástico (sem fundo

63
As hortaliças

e com o bocal tapado, com um pequeno furo e virado para baixo)


e encha-a com água, por forma a proporcionar-lhe uma rega dimi-
nuta, mas contínua.

O pimento é guloso e necessita de uma camada generosa de composto


durante a plantação, assim como do enriquecimento do solo ao
longo de todo o crescimento, com chorume de urtigas, por exemplo,
ou adubo biológico especial para pimentos.

É possível produzir
pimento a partir das
sementes que encon-
tra no seu interior.
Neste caso, poderá
ter de esperar cerca
de dois meses até
que a planta comece
a desenvolver-se, mas
valerá a pena.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Alho, beringela, cebola, cenoura, couve, curgete, manjericão, tomate e tomilho

Batata

Míldio

64
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Rúcula vivaz
Diplotaxis tenuifolia

Características
Não confunda a rúcula vivaz selvagem (Diplotaxis tenuifolia), que
tem folhas mais estreitas e serrilhadas, com a rúcula anual (Eruca
sativa). Deve ser semeada entre abril e agosto, a meia-sombra ou ao
sol, e, depois de se desenvolver plenamente, ser-lhe-á “fiel”, voltando
a produzir folhas durante anos a fio. São muito tenras e brotam
de forma constante após cada corte, o que torna possível a sua
colheita continuada ao longo de quase todo o ano. O seu sabor é
mais estimulante e picante do que o da rúcula anual.

Cultivo
A rúcula aprecia solos frescos, humíferos, férteis e bem lavrados.
Para prevenir que se semeie de forma espontânea e invasora, corte
os caules nos quais vir flores brotar. Semeie a rúcula vivaz entre
abril e agosto e colha nos meses de verão e outono.

A aplicação de uma camada de empalhamento permite preservar


a humidade e afastar o inseto que representa a maior ameaça para
a espécie – a áltica.

É importante manter o solo húmido, para evitar o desenvolvimento


de sementes.

A correção do solo só é necessária se este não for suficientemente


rico e fresco.

65
As hortaliças

Para além de “apimen-


tar” os sabores das
saladas e equilibrar
o paladar dos enchi-
dos, a rúcula fresca
fica deliciosa sobre
uma pizza acabada
de sair do forno.

Meia-sombra ou sol

J F M A M J J A S O N D

Brócolos, couve, nabo e rabanete

Áltica

66
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Tomate
Solanum lycopersicum

Características
Existem numerosas variedades de tomate (pelo menos 500), com
cores, formas e sabores muito diversos. As versões miniatura ou
pendentes dão-se bem em vasos e em plantações suspensas. O tomate
é fácil de cultivar, desde que haja sol e esteja abrigado do vento, e
rico em minerais, provitamina A, vitamina C e B9. Estima-se ainda
que o licopeno (pigmento do tomate) contribui para uma boa visão
e pode reduzir o risco de cancro da próstata.

Cultivo
Enterre boa parte do caule a uma profundidade considerável, para
que as raízes tenham condições para se desenvolver. Aproveite tam-
bém o momento das plantações para instalar estacas. Ao invés de
plantar, pode optar por semear tomate. Nesse caso, terá à disposição
um leque mais vasto de espécies.

Considere abrigar os tomateiros da chuva, por forma a protegê-los


do míldio (uma simples cobertura de plástico transparente é sufi-
ciente). Controle o crescimento da planta para obter frutos mais
bonitos: colha os tomates que se desenvolvem nas dobras entre as
ramagens e o caule principal, e pode este caule por cima do quarto ou
quinto ramo de flores. Se se tratar de tomate-cereja, não deve podar.

O empalhamento é útil, porque mantém a terra fresca.

Regue junto ao pé da planta, porque as folhas são muito sensíveis à


humidade. Não regue em demasia, para evitar a formação de fungos.

67
As hortaliças

O tomate aprecia uma terra leve e rica em húmus. Alimente-o com um


adubo orgânico especial para tomate ou chorume caseiro. Também
é boa ideia espalhar urtigas trituradas no rego das plantações.

Se um tomate cair
quando ainda está
verde, deixe-o ama-
durecer em casa num
local quente. Para
acelerar o processo,
coloque uma maçã
ou banana na mesma
cesta ou contentor.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Algumas plantas aromáticas (manjericão, salsa, etc.), cenoura e tagete

Batata, couve, ervilha, feijão, funcho e girassol

Míldio

68
Capítulo 3

Pequenos
frutos
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Regras de
ouro para uma
plantação
bem-sucedida
Quando se toma o gosto pela horticultura, seja ela feita em grande
escala, num pequeno canteiro ou até numa varanda, é normal que
depressa se lhe junte também a vontade de plantar alguns moran-
gueiros. Porque não aproveitar o balanço e lançar-se também na
cultura de outros pequenos frutos, como framboesas, groselhas e
maracujás?

Para além de serem bastante menos volumosos do que espécies


como a maçã e a laranja, estes frutos são fáceis de cultivar em caixas
e floreiras, assim como diretamente na terra. A sua grande riqueza
em vitaminas e cores, aliada ao prazer que os seus sabores propor-
cionam, merecem que lhes dedique um pequeno espaço na horta.

Tal como acontece com a maioria das plantações, o outono é a melhor


época para iniciar o cultivo destes frutos, embora também os possa
plantar na primavera, contanto que tenha o cuidado de regá-los
abundantemente durante o período de enraizamento.

No caso dos frutos vermelhos, como as framboesas e as groselhas


(também frequentemente denominados “frutos silvestres”), quase
todos necessitam de ser podados anualmente, para eliminar os ramos
mais antigos, arejar os arbustos e, assim, favorecer a produção.

Caso opte pelo cultivo destas espécies diretamente na terra, tenha


em conta algumas regras que se podem revelar decisivas para o seu
bom desenvolvimento. Confira também, nas páginas 73-80, alguns
conselhos e instruções específicos para o cultivo de groselha, fram-
boesa, mirtilo e morango.

70
Pequenos frutos

• A maioria dos “frutos silvestres” aprecia locais com boa expo-


sição solar a meia-sombra, bem como uma terra fértil, fresca,
com boa drenagem e, tanto quanto possível, isenta de calcário.

• Para obter um solo nas condições ideais, misture terra, substrato


e areia, e adicione um pouco de composto ou adubo orgânico.

• O empalhamento durante a primavera permite preservar a


humidade do solo e travar a concorrência das ervas daninhas.

• No verão, a rega deve ocorrer se o tempo estiver quente e seco.

• No outono ou na primavera, adicione junto do pé de cada planta


uma boa camada de composto ou estrume bem decomposto. Os
adubos indicados para a cultura de tomate (reveja os conselhos
de cultivo desta espécie na página 67) também favorecem a
produção destes pequenos frutos (sobretudo da framboesa).

Já se fizer a cultura em vasos, há cuidados redobrados a ter para


garantir o sucesso.

• Evite colocar os vasos em locais excessivamente quentes, como


junto a paredes ou muros orientados a sul.

O bom
desenvolvimento
dos frutos
vermelhos costuma
estar associado a
práticas como o
empalhamento, a rega
generosa e a poda
anual

71
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

• Privilegie o uso de recipientes com uma dimensão generosa


(por exemplo, vasos com capacidade superior a 30 litros no
caso das framboesas e groselhas; no caso dos morangos, poderá
usar um vaso de cinco litros por cada pé), para que as plantas
se possam desenvolver sem constrangimentos, e instale uma
boa camada de drenagem no fundo, recorrendo a materiais
como gravilha não calcária ou leca.

• Nos primeiros anos, as plantas devem ser reenvasadas anual-


mente, durante a primavera, à medida que vão crescendo. Com
o tempo, a periodicidade desta prática muda, sendo necessária
a cada dois ou três anos apenas.

• Não descuide a rega, porque, nos vasos, o substrato seca rapi-


damente. No verão é preciso regar quase todos os dias.

• Fertilize o solo. Para além de uma camada de composto junto do


pé, aplique adubo próprio para frutos ou para tomate durante
a primavera.

Legenda dos pictogramas

Plantar Época

Semear Exposição solar

Empalhamento/mul- Plantar ou semear


ching (espalhar uma cober-
tura vegetal seca ou palha Colher
entre as plantações)
Boas associações
Regar
Más associações
Corrigir (melhorar a
qualidade do solo) Inimigos e pragas

72
Pequenos frutos

Groselha
Ribes rubrum

Características
Embora seja comumente conhecida como uma pequena baga de cor
vermelha, a groselha pode também possuir uma coloração branca
em algumas variedades. Deve, se possível, misturar várias espécies,
pois estimulará a produção. Considere, por exemplo, integrar uma
variedade branca, mais adocicada, e/ou groselhas espinhosas, de
maior dimensão, pelo deleite de multiplicar os sabores.

De gosto doce e forte, a groselha é frequentemente usada como base


para xaropes e refrescos muito adocicados. Este fruto é também
usado em compotas e sobremesas.

Cultivo
As groselheiras são bastante resistentes ao frio, mas desenvolvem-se
bem em locais soalheiros e sem geadas. O solo deve ser bem drenado
e de pH neutro ou ligeiramente ácido, visto que a groselha não é
uma espécie adequada para terrenos calcários fortemente alcalinos.
Durante os meses frios, as plantas perdem as folhas e entram em
dormência. Faça uma fertilização do solo rica em potássio, pois
esta favorece a produção.

Adquira as plântulas e passe-as para a terra no fim do outono/


inverno, quando a planta está em dormência. Na época estival, a
groselheira tende a dobrar-se por causa do peso dos cachos, pelo
que pode auxiliar o seu desenvolvimento colocando-a junto de uma
estrutura de suporte, como uma treliça ou um conjunto de estacas.

A produção de groselhas variará consoante o tamanho e a idade da


planta. Importa saber que só os ramos com um, dois ou três anos

73
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

produzem quantidades interessantes. Deve podar os ramos maiores


e em excesso para equilibrar a planta. A poda não só estimula a
produção, como elimina os ramos doentes ou infestados e ajuda a
prevenir doenças como o míldio. As groselhas devem ser colhidas
em cacho e não individualmente.

Proceda ao empalhamento na base da planta, para evitar o cresci-


mento de ervas daninhas.

Regue com moderação, nunca encharcando demasiado o solo.

Evite solos muito alcalinos. Poderá humificar bem o solo, por forma
a baixar o pH, ou usar um substrato ácido.

Este fruto não cresce


nos ramos mais
jovens, que brotaram
no ano em curso, e
desenvolve-se mal
nos mais antigos.

Meia-sombra ou sol

J F M A M J J A S O N D

Aranhiço-vermelho, lagarta, míldio, podridão ou mancha da folha e pulgão

74
Pequenos frutos

Framboesa
Rubus idaeus

Características
A framboeseira é um arbusto rústico, que produz deliciosos fru-
tos de cor vermelha ou amarela e desenvolve-se em praticamente
qualquer lugar. Tal como o morangueiro, divide-se em dois tipos de
variedades: as “não-trepadeiras”, que produzem frutos em grande
quantidade num curto período de tempo, e as trepadeiras, que pro-
duzem durante um longo período de tempo mas de forma mais
escassa. Estas últimas fornecem frutos até às primeiras geadas.

Delicada e dona de um sabor equilibrado em doçura e acidez, a fram-


boesa é saborosa ao natural, mas também integrada em iogurtes,
batidos, gelados, bolos e outras sobremesas.

Cultivo
A framboesa aprecia espaços soalheiros e dá-se em qualquer solo,
desde que não seja excessivamente calcário. Porém, necessita de frio
para produzir frutos, e é sensível ao vento. É uma planta relativamente
parecida com as silvas, algo que deverá ter em conta no momento
de escolher a localização da(s) sua(s) framboeseira(s) – deve evitar
situá-la(s) nas bordas dos caminhos, por exemplo. Um erro frequente
é exagerar na quantidade de plantas cultivadas, arriscando obter um
número excessivo de framboesas, impossível de consumir em tempo
útil. Bastará plantar dois ou três pés para obter uma quantidade
satisfatória. É ainda aconselhável misturar variedades trepadeiras
e não-trepadeiras, de modo a escalonar as colheitas. Para além dos
conselhos válidos para todos os pequenos frutos, deve podar o arbusto
no fim do verão, cortando os caules ressequidos que já deram frutos.
A poda permitirá controlar a forma e o desenvolvimento da planta e
favorecerá o aparecimento de frutos de tamanho maior.

75
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

O empalhamento é benéfico junto ao colo da planta, pois impede


o crescimento de ervas daninhas.

A rega deve ser frequente, em especial na época seca, mas nunca


em demasia, porque a framboesa não gosta de solos encharcados.

O solo deve ser ácido, pelo que se aconselha a correção do solo


com um substrato com pH entre 5,5 e 6,2. Caso o pH seja abaixo de
5, corrija adicionando calcário. O solo deve ser fértil, dispensando
assim grandes cuidados com a adubação.

Este fruto será tanto


mais doce, quanto
mais intensa for a sua
cor e maduro estiver.
A colheita é mais fácil
pela fresca da manhã.
Consuma as framboe-
sas logo depois de as
apanhar. Também
podem ser armaze-
nadas no frigorífico
por alguns dias, ou
congeladas.

Sol

J F M A M J J A S O N D

Batata, beringela, pimentão, tomate e rosa

Afídeos, cancro das raízes (Agrobacterium tumefaciens), larva, podridão dos frutos
(Botrytis cinérea) e pulgão

76
Pequenos frutos

Mirtilo
Vaccinium myrtillus

Características
O mirtilo é uma baga de sabor excecional, colhida na natureza pelo
homem há séculos. Para além de delicioso, é rico em substâncias
com um grande poder antioxidante, motivo pelo qual é chamado
“fruta da longevidade”. Existem dois tipos de mirtilo: o europeu
(Vaccinium myrtillus), que cresce em pequenos arbustos com 25 a
60 centímetros de altura e é composto por pequenas bagas azula-
das, e o americano (Vaccinium corymbosum), cujo arbusto chega a
atingir 1,5 a 2 metros de altura e produz bagas maiores. A primeira
variedade é mais comum, embora também seja possível encontrar
exemplares da segunda à venda.

Cultivo
O mirtilo está quase tão difundido quanto a framboesa nas grandes
superfícies comerciais, sendo até possível encontrar, ocasionalmente,
jovens mirtileiros à venda em supermercados. O mirtileiro europeu
dá-se bem em locais a meia-sombra, ao passo que o americano exige
sol. Ambos apreciam terras ácidas e frescas, de preferência arenosas.
Procure utilizar terra com um pH ácido, entre 4,5 e 5,5, como a que
se usa para os rododendros e azáleas. Escolha um local de plantação
abrigado dos ventos e das geadas fortes. Esta planta necessita de
frio no período de dormência, para depois produzir frutos, mas não
gosta de geadas. É sensível a temperaturas demasiado altas no verão.

A poda estimula a floração e aumenta a frutificação. Elimine os


ramos antigos e secos no fim do inverno. Mantenha as ramagens
recém-nascidas tal como se apresentam e encurte as restantes.
Cuidado com o abuso de fertilizantes e a presença de herbicidas
químicos por perto; o mirtilo não os suporta.

77
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Como é uma planta com raízes pouco profundas, há necessidade


de manter o terreno limpo de outras plantas infestantes, pois, para
além de competirem com os mirtilos pelo abastecimento de nutrien-
tes e água, podem alojar insetos e doenças. O empalhamento é um
método eficaz para garantir essa limpeza e conserva a humidade
superficial do solo. Crie a camada de empalhamento com palha,
caruma, lascas de madeira e/ou casca de pinheiro. Verifique se o
material que escolheu não contém sementes de ervas daninhas.

Na estação seca, a rega deve ser frequente e curta, para manter o


solo húmido à superfície sem o encharcar. Se quer cultivar algu-
mas filas de arbustos, pondere instalar um sistema de rega gota
a gota, que permitirá abastecer a quantidade necessária de água
sem preocupações.

Poderá usar folhas, turfa e outra matéria vegetal em decomposi-


ção para acidificar o solo. Se o solo for muito pesado ou argiloso,
misture areia não calcária.

Se tem vontade de
misturar variedades,
não pense duas vezes,
pois só tem ganhar
com essa diversidade,
que muito favorece a
produção.

Sol ou meia-sombra

J F M A M J J A S O N D

Botrytis, ferrugem, mosca-da-fruta, podridão agárica, podridão da raiz


e outras doenças causadas por fungos

78
Pequenos frutos

Morango
Fragaria vesca

Características
O morangueiro tem origem na espécie Fragaria vesca, que corres-
ponde ao morangueiro silvestre europeu, o qual produz um fruto
pequeno, mas muito apreciado pelo seu sabor intenso. As espécies
que se encontram no mercado foram desenvolvidas em função das
melhores características dos frutos, como o tamanho, a resistência
a doenças, ou a época de produção.

Ao contrário dos restantes pequenos frutos deste capítulo, o moran-


gueiro não é arbustivo. Trata-se de uma planta herbácea (isto é, de
caule mole, que não produz madeira) rasteira. Existem dois tipos
de variedades de morangueiro: as não-trepadeiras, que produzem
frutos em quantidade generosa, mas só durante algumas semanas
(entre fins de maio e início de julho), e as variedades trepadeiras, que
dão morangos de forma mais espaçada, entre meados de junho e
outubro, fazendo uma pausa durante o período de calor mais intenso.

Cultivo
Os morangueiros precisam de sol e de uma terra rica, arejada e
ligeiramente ácida. Deve estar limpa, livre da ameaça e “concorrên-
cia” das ervas daninhas. O fim do verão (entre meados de agosto
e setembro) é o momento ideal para a plantação, pois favorece o
bom desenvolvimento das raízes, permitindo que os morangueiros
sejam produtivos na primavera. Também é possível plantar durante
a primavera, mas os resultados serão menos impressionantes.

Para além dos conselhos válidos para todos os pequenos frutos em


aspetos como a rega, o empalhamento, e a correção do solo, deve
proceder-se ao corte regular de folhas murchas e frutos. Pelo fim

79
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

do inverno, impõe-se uma operação de limpeza: cortar as folhas e


os estolhos (morangueiros bebés que se desenvolvem à volta da
planta-mãe, à qual estão agarrados), deixando quase só as raízes.
Voltarão a desenvolver-se sem problema. Os morangueiros esgotam-
-se depressa. É necessário renovar as plantações a cada dois ou três
anos. Para o efeito, recupere os estolhos. Basta cortar a ligação com
uma enxada para obter novos morangueiros.

Proceda ao empalhamento com palha, caruma, lascas de madeira


e/ou casca de pinheiro, para proteger a planta das ervas daninhas.

Faça uma rega frequente, mas curta, para não alagar as raízes.

Enriqueça o solo com adubo especial para morangueiros.

As plantas velhas
e secas dos moran-
gueiros que sobe-
jarem após as ope-
rações de limpeza
(anual) e renovação
(trianual) podem ser
adicionadas à pilha
de composto.

Meia-sombra ou sol

J F M A M J J A S O N D

Alface, alho, alho-francês, beterraba, cebola, couve, espinafre, feijão, rabanete,


rábano e tomilho

Repolho

Afídeos, aranhiço-vermelho, caracol, lesma, mosca-da-fruta, oídio e traça

80
A SUA HORTA DE FRUTA E LEGUMES

Índice
por nome
comum
Agrião 23 Grão-de-bico 55

Aipo 25 Groselha 73

Alface 27 Milho-doce 57

Alho 29 Mirtilo 77

Alho-francês 31 Morango 79

Beringela 33 Nabo 59

Beterraba 35 Pepino 61

Cebola 37 Pimento 63

Cenoura 39 Rúcula vivaz 65

Curgete 41 Tomate 67

Ervilha 43

Espargo 45

Espinafre 47

Fava 49

Feijões 51

Framboesa 75

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