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INFORMAÇÕES

AGRONÔMICAS
MISSÃO Promover o uso apropriado de P e K nos
sistemas de produção agrícola através da N0 108 DEZEMBRO/2004
geração e divulgação de informações científicas que sejam
agronomicamente corretas, economicamente lucrativas,
ecologicamente responsáveis e socialmente desejáveis.

RESISTÊNCIA DE PLANTAS ÀS PRAGAS E DOENÇAS:


pode ser afetada pelo manejo da cultura?
Tsuioshi Yamada1

1. INTRODUÇÃO
Veja também neste número:

A
pesar das plantas não possuírem sistema imunoló-
gico como os animais, elas apresentam uma série
de mecanismos que as fazem resistentes a doenças Como as plantas se protegem contra o ataque
e pragas. Estes mecanismos de proteção contra a herbivoria e os de organismos patogênicos ................................... 2
organismos patogênicos, resumidos de Taiz e Zeiger (2004), encon- A estatística é como o biquini ............................... 9
tram-se descritos no box anexo, mais à frente. Potássio e crescimento do eucalipto .................. 12
O presente artigo pretende discutir o papel da nutrição mi- Nova técnica de monitoramento nutricional
neral de plantas e do glifosato sobre estes mecanismos, principal- utiliza pecíolo de algodão ................................... 16
mente sobre a via do ácido chiquímico. Esta via é responsável pela Cultura da soja gera desenvolvimento ............... 20
síntese de lignina, fitoalexinas e taninos, de muita importância na
Simpósio vai discutir Relações entre Nutrição
defesa vegetal. Para o bom funcionamento da via do ácido chiquí-
Mineral e Doenças de Plantas ............................. 21
mico é vital o suprimento adequado de micronutrientes, que entram
como catalisadores de inúmeras reações bioquímicas. Como esta Uma luz para a agricultura do Hemisfério Sul .. 24
via pode ser bloqueada pelo glifosato, é discutido também o pos-
sível efeito deste herbicida nas doenças de plantas, como citros Encarte: Potássio – absorção, transporte e
e soja. redistribuição na planta

2. PRINCÍPIO DA RESISTÊNCIA ((MARSCHNER


MARSCHNER
MARSCHNER,, 19 95
95))
1995
Devido ao seu efeito no padrão de crescimento, na morfo- De acordo com Marschner (1995), há pouca informação so-
logia e na anatomia, e particularmente na composição química da bre o efeito do estado nutricional da planta nos mecanismos de
planta, os nutrientes minerais podem aumentar ou diminuir a resis- defesa contra bactérias e vírus. No entanto, há claras evidências da
tência das plantas às pragas e às doenças. A resistência pode ser ação contra doenças causadas por fungos e contra o ataque por
aumentada por mudanças na anatomia (por exemplo: células pragas.
epidérmicas mais espessas e maior grau de lignificação e/ou silici-
No caso das doenças fúngicas nas superfícies de raízes e
ficação) e mudanças nas propriedades fisiológicas e bioquímicas
folhas, a proteção através da nutrição mineral balanceada seria o
(por exemplo: maior produção de substâncias repelentes ou
resultado de:
inibidoras). A resistência pode ser particularmente aumentada pela
alteração nas respostas da planta aos ataques parasíticos através • eficiente barreira física, evitando a penetração das hifas,
do aumento da formação de barreiras mecânicas (lignificação) e da através de cutícula espessa, lignificação e/ou acumulação de silício
síntese de toxinas (fitoalexinas). na camada de células epidérmicas;

1
Engenheiro Agrônomo, M.S., Doutor, Diretor da POTAFOS. E-mail: yamada@potafos.com.br

POTAFOS - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PESQUISA DA POTASSA E DO FOSFATO


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• melhor controle da permeabilidade da membrana citoplas-
mática, evitando assim a saída de açúcares e aminoácidos (de que MECANISMOS DE PROTEÇÃO CONTRA A
se nutrem os patógenos) para o apoplasto, ou espaço intercelular, e HERBIVORIA E OS ORGANISMOS PATOGÊNICOS
• formação de compostos fenólicos, com distintas proprie- ( Taiz & Zeiger, 2004
2004))
dades fungistáticas (Figura 1).
O livro “Fisiologia Vegetal” de Taiz & Zeiger (2004) tem
um capítulo tratando destes mecanismos (p. 309-334), do qual
fiz este resumo para entender como as plantas se protegem
contra o ataque de organismos patogênicos.
Três classes de compostos conferem proteção à su-
perfície da planta: cutina, suberina e ceras. A cutina é encontra-
da na maioria das partes aéreas, a suberina está presente
nas partes subterrâneas, nos caules lenhosos e nos ferimentos
cicatrizados, enquanto as ceras estão associadas à cutina e à
suberina. A cutina, a suberina e as ceras associadas formam
barreiras entre as plantas e seus ambientes e agem evitando
a dessecação e a entrada de patógenos.
Outros compostos orgânicos denominados de meta-
Figura 1. Representação esquemática da penetração de uma hifa de fungo bólitos secundários defendem os vegetais contra herbívoros
na superfície da folha em direção à camada de células epidérmicas e patógenos. Estes compostos agem também como atrativos
(via apoplasto) e alguns fatores que afetam a penetração e a taxa para animais polinizadores de sementes, bem como agentes
de crescimento da hifa intimamente relacionados com a nutrição na competição planta-planta. O Quadro 1 mostra os principais
mineral. compostos orgânicos envolvidos na defesa vegetal.
Fonte: MARSCHNER (1995).

Quadro 1. Principais compostos orgânicos envolvidos na defesa vegetal.


3. O PAPEL DE ALGUNS NUTRIENTES NA Camadas de material lipídico
RESISTÊNCIA DAS PLANTAS AOS PATÓGENOS • Cutina
• Suberina
• Ceras
3.1. Nitrogênio, Fósforo e Potássio
Metabólitos secundários
O efeito do nitrogênio na resistência das plantas aos pató- • Terpenos: piretróides
genos é esquematizado na Figura 2. Quando o suprimento de N é óleos essenciais
cardenolídeos
alto, há então alta demanda de carbono da fotossíntese via ciclo de
saponinas
Krebs, ficando, assim, comprometida a síntese dos metabólitos se-
• Compostos fenólicos: lignina
cundários pela via do ácido chiquímico. Em condições limítrofes de fitoalexinas
nitrogênio ocorre o oposto, com a formação de amplo pool de fenó- taninos
licos e alcalóides. Assim, enquanto aplicações supra-ótimas de P e • Compostos nitrogenados: alcalóides
de K são comumente sem efeito nas doenças, já o excesso de nitro- glicosídeos cianogênicos
gênio pode favorecer doenças fúngicas, principalmente nos casos glucosinatos
aminoácidos não-protéicos
onde P e K estiverem em níveis baixos.
A alta concentração de nitrogênio reduz a produção de com-
postos fenólicos (fungistáticos) e de lignina das folhas, diminuin-
do a resistência aos patógenos obrigatórios mas não aos facultati- O conhecimento das principais rotas de biossíntese
dos metabólitos secundários é importante para que se possa
vos. Como regra, todos os fatores que favorecem as atividades
entender como as práticas agronômicas podem afetar o me-
metabólicas e de síntese das células hospedeiras (por exemplo: canismo natural de defesa das plantas contra pragas e doen-
adubação nitrogenada) também aumentam a resistência aos parasi- ças. A Figura 1 mostra, de maneira simplificada, as principais
tas facultativos, que preferem tecidos senescentes (Tabela 1). O N rotas de biossíntese dos metabólitos secundários: terpenos,
aumenta também a concentração de aminoácidos e de amidas no compostos fenólicos e compostos nitrogenados.
apoplasto e na superfície foliar, que aparentemente têm maior in-
fluência que os açúcares na germinação e no desenvolvimento dos TERPENOS ou terpenóides constituem o maior grupo
de produtos secundários. As diversas substâncias desta clas-
conídios, favorecendo, pois, o desenvolvimento das doenças fún-
se são, em geral, insolúveis em água e sintetizadas a partir de
gicas (MARSCHNER, 1995). acetil CoA ou de intermediários glicolíticos. Os terpenos são
Apesar do fósforo estar envolvido na formação de uma sé- tóxicos e deletérios para muitos insetos e mamíferos herbívo-
rie de compostos bio-orgânicos e em processos metabólicos de ros; assim, eles parecem exercer importantes funções de de-
vital importância para a planta, sua ação na resistência às doenças fesa no reino animal. Entre os terpenos tem-se os piretróides
e a azadiractina (extraída da planta conhecida como neem),
é variável e parece não ser muito evidente (KIRALY, 1976). No en-
com atividade inseticida; os óleos essenciais, com proprieda-
tanto, Graham (1983) menciona que o maior vigor das plantas com des repelentes de insetos; os cardenolídeos e as saponinas,
níveis adequados de P permite que elas superem as doenças. Men- de gosto amargo e extremamente tóxicos para os animais
ciona ainda que membranas celulares de plantas P-deficientes dei- superiores.
xam vazar metabólitos para os fungos invasores.

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Figura 1. Uma visão simplificada das principais rotas de biossíntese de


metabólitos secundários e sua inter-relações com o metabolis-
mo primário.

Figura 2. Economia de carboidrato e energia em condições de: (a) alto


suprimento de nitrogênio e (b) baixo suprimento de nitrogênio. COMPOSTOS FENÓLICOS são produtos secundários
Fonte: BORYS, 1968 citado por GRAHAM (1983). contendo um grupo fenol – um grupo hidroxila funcional em
um anel aromático. Os fenóis vegetais constituem um grupo
quimicamente heterogêneo, com aproximadamente 10.000 com-
Tabela 1. Sumário tentativo dos efeitos dos níveis de nitrogênio e de postos: alguns são solúveis apenas em solventes orgânicos,
potássio na severidade de doenças causadas por patógenos. outros são ácidos carboxílicos e glicosídeos solúveis em água
e há, ainda, aqueles que são grandes polímeros insolúveis.
Nível de N Nível de K Devido à sua diversidade química, os compostos fenólicos
Patógeno e doença
baixo alto baixo alto apresentam uma variedade de funções nos vegetais. Muitos
agem como compostos de defesa contra herbívoros e pató-
Patógenos obrigatórios
genos. Outros têm função no suporte mecânico, como atrativo
Puccinia spp. (ferrugens) + +++ ++++ + de polinizadores ou dispersores de frutos, na proteção contra
Erysiphe graminis (oídios) + +++ ++++ + radiação ultravioleta ou reduzindo o crescimento de plantas
competidoras adjacentes.
Patógenos facultativos Duas rotas metabólicas básicas estão envolvidas na
Alternaria spp. (manchas foliares) +++ + ++++ + síntese dos compostos fenólicos: a rota do ácido chiquímico e
Fusarium oxysporum +++ + ++++ + a rota do ácido malônico. A rota do ácido chiquímico participa
(murcha e podridão) da biossíntese da maioria dos fenóis vegetais. A rota do ácido
Xanthomonas spp. (manchas e +++ + ++++ + malônico, embora seja uma fonte importante de produtos se-
murcha bacteriana) cundários fenólicos em fungos e bactérias, é menos significa-
tiva nas plantas superiores.
Observação: ++++ = dano mais severo ou menor resistência às doenças.
Fonte: MARSCHNER (1995). A rota do ácido chiquímico converte precursores de car-
boidratos derivados da glicólise e da rota da pentose fosfato
em aminoácidos aromáticos. Um dos intermediários dessa
Dos macronutrientes citados na literatura científica, o po- rota é o ácido chiquímico, que dá o nome a essa seqüência de
tássio é o elemento que apresenta consistentes resultados positi- reações. O conhecido herbicida de amplo espectro, glifosato
vos na redução da incidência de pragas e doenças. A deficiência de (disponível comercialmente como Roundup), mata os vege-
potássio provoca acúmulo de aminoácidos solúveis, que são nu- tais por bloquear uma etapa desta rota metabólica. A rota do
trientes de patógenos. O teor de glutamina, por exemplo, é particu- ácido chiquímico está presente em plantas, fungos e bacté-
rias, mas não é encontrada em animais, os quais não podem
larmente alto nas plantas deficientes em potássio e favorece a germi-
sintetizar três aminoácidos aromáticos – fenilalanina, tirosina
nação de esporos, como os de bruzone do arroz (GRAHAM, 1983). e triptofano – que são, portanto, nutrientes essenciais na sua
Ela também retarda a cicatrização das feridas, favorecendo a pene- dieta. A formação de muitos compostos fenólicos vegetais,
tração dos patógenos. A perda do turgor celular pode ser um fator incluindo fenilpropanóides simples, cumarinas, derivados do
físico que facilita a penetração tanto de fungos como de insetos. O ácido benzóico, lignina, antocianinas, isoflavonas, taninos
potássio tem ação clara, bem definida, na resistência às doenças condensados e outros flavonóides, inicia com a fenilalanina.
causadas tanto pelos patógenos obrigatórios como pelos facultati- Entre os compostos fenólicos, a lignina, as fitoalexinas e
vos (Tabela 1). os taninos têm papéis importantes na defesa vegetal.
• A lignina é, depois da celulose, a substância orgânica
Observa-se na Tabela 2 que mesmo nas doses de K onde a
mais abundante nas plantas. É, em geral, formada por
resposta à produção é marginal (por exemplo, 80 kg ha-1 de K2O
três diferentes álcoois de fenilpropanóides: coniferil,
contra 40 kg ha-1 de K2O) há melhoria na qualidade da semente com cumaril e sinapil, álcoois sintetizados a partir de fenila-
redução da infecção por Phomopsis sp. e no dano por percevejo lanina através de vários derivados do ácido cinâmico.
(BORKERT et al., 1985; FRANÇA NETO et al., 1985).

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Tabela 2. Efeito de doses de fertilizantes potássicos na produção de
A lignina é encontrada nas paredes celulares de vários
grãos, peso seco de 100 sementes e na infecção de sementes de
tipos de tecidos de sustentação e vascular, especial-
soja por Phomopsis sp. e no dano por percevejo.
mente em traqueídes e elementos de vaso. Ela é de-
K2O Produção Peso Infecção por Dano por positada sobretudo no espessamento da parede se-
aplicado de grãos seco Phomopsis sp. percevejo cundária, mas também pode ocorrer na parede primá-
(kg ha-1 ano-1) (kg ha-1) (g 100 sementes-1) (%) (%) ria e na lamela média, em íntimo contato com a celulo-
se e hemicelulose presentes. A rigidez mecânica da
0 692 c 10,2 d 19,4 c 11,4 b
lignina fortalece os caules e o tecido vascular, permi-
40 2.765 b 13,0 c 13,3 b 8,8 ab
tindo o crescimento ascendente e possibilitando que
80 2.950 ab 14,8 b 1,3 a 5,1 a a água e os sais minerais sejam conduzidos através
120 3.100 a 15,3 ab 3,6 a 5,0 a do xilema sob pressão negativa, sem haver o colapso
160 3.103 a 15,5 ab 2,5 a 5,5 a do tecido.
200 2.939 a 15,8 a 3,5 a 4,9 a
Além de proporcionar suporte mecânico, a lignina de-
Fonte: BORKERT et al. (1985); FRANÇA NETO et al. (1985). sempenha funções protetoras importantes nos vege-
tais. Sua resistência física coíbe seu consumo pelos
3.2. Cálcio e Silício herbívoros e sua estabilidade química torna-a relativa-
mente indigerível por esses animais. Por sua capaci-
O conteúdo de cálcio no tecido das plantas afeta a incidên- dade de ligação à celulose e às proteínas, a lignina
cia das doenças parasíticas de duas maneiras. Primeira: o cálcio é também reduz a digestibilidade dessas substâncias. A
essencial para a estabilidade das biomembranas – quando seu nível lignificação bloqueia o crescimento de patógenos e é
é baixo, há aumento do efluxo de compostos de baixo peso molecular uma resposta freqüente à infeção ou à lesão.
do citoplasma para o apoplasto. Segunda: os poligalacturonatos de • Fitoalexinas – constituem um grupo de metabólitos
cálcio são requeridos na lamela média para a estabilidade da parede secundários quimicamente diverso, que se acumulam
celular. Muitos fungos parasíticos e bactérias invadem o tecido em torno do local de infecção e apresentam atividade
vegetal através da produção extracelular de enzimas pectolíticas antimicrobiana. A produção de fitoalexinas parece ser
como a poligalacturonase, que dissolve a lamela média. A atividade um mecanismo comum de resistência a microrganis-
desta enzima é inibida pelo cálcio. O cálcio está implicado na resis- mos patogênicos em uma grande variedade de plantas.
tência a várias doenças, conforme mostra a Tabela 3. Entretanto, diferentes famílias botânicas usam distintos
produtos secundários como fitoalexinas. Por exemplo,
Tabela 3. Efeito do cálcio em algumas doenças. os isoflavonóides são fitoalexinas comuns em legumi-
nosas, enquanto em plantas da família Solanaceae,
Patógeno Baixo Ca Alto Ca como batata, tabaco e tomate, vários sesquiterpenos
são produzidos como fitoalexinas. Em geral, as fitoale-
Erwinia phytophthora ++++ +
xinas não estão presentes nas plantas antes da infec-
Rhizoctonia solani ++++ +
ção, mas são sintetizadas muito rapidamente após o
Sclerotium rolfsii ++++ ++
ataque de microrganismos.
Fusarium oxysporum ++++ +
• Taninos – são toxinas que reduzem significativamente
Observação: ++++ = dano mais severo ou menor resistência às doenças. o crescimento e a sobrevivência de muitos herbívoros,
Fonte: KIRALY (1976). quando adicionados às suas dietas. Da mesma forma,
os taninos agem como repelentes alimentares a grande
Apesar de não ser um nutriente reconhecido como essen- variedade de animiais que evitam plantas, ou parte
cial, o silício é um elemento presente em grande quantidade nas delas, que apresentam altos níveis de taninos, como
gramíneas. Basta dizer que o nível considerado crítico na folha do os frutos imaturos. Os taninos vegetais também servem
arroz é de 5%. É conhecido na literatura o papel que o silício tem na como defesa ao ataque de microrganismos. Por exem-
resistência do arroz à brusone. plo, o cerne de muitas árvores contém altas concen-
trações de taninos, que auxiliam na prevenção da de-
3.3. Micronutrientes composição por fungos e bactérias.

De acordo com Marschner (1995), os mesmos princípios go-


COMPOSTOS NITROGENADOS são metabólitos secun-
vernam o efeito tanto de macro como de micronutrientes na resis- dários vegetais que posssuem nitrogênio na sua estrutura.
tência das plantas às doenças: a deficiência nutricional leva ao Os principais compostos nitrogenados atuando na defesa
acúmulo de substâncias orgânicas de baixo peso molecular que vegetal são: os alcalóides, os glicosídeos cianogênicos, os
reduzem sua resistência. Atuam também na lignificação e na síntese glucosinatos, os aminoácidos não-protéicos e as proteínas
de fitoalexinas. Estes compostos são sintetizados na rota do ácido anti-digestivas.
chiquímico em reações bioquímicas catalisadas pelos micronu- • Alcalóides – são compostos bem conhecidos pelos
trientes, mostrados na Figura 3. importantes efeitos farmacológicos em animais verte-
Fazendo um resumo dos papéis dos micronutrientes na defe- brados, via de regra, sintetizados a partir de um ou pou-
sa das plantas, Graham (1983) menciona que cobre, boro e manganês cos aminoácidos comuns – sobretudo lisina, tirosina e
influenciam na síntese de lignina e fenóis simples; zinco, ferro e triptofano. Acredita-se que a maior parte dos alcalóides
níquel têm efeitos possivelmente relacionados à síntese de fito- funcione como defesa contra predadores, em especial
alexinas; silício e lítio com a barreira física à invasão de patógenos. mamíferos, devido à sua toxicidade geral e à capacida-
de de deterrência. Entre os alcalóides mais conheci-
Mudanças na permeabilidade da membrana parecem ser ca- dos tem-se: nicotina, atropina, cocaína, codeína, morfi-
racterísticas universais de tecidos de plantas doentes, indepen- na e estricnina.
dentemente do tipo de doença ou da natureza do agente patogênico

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NUTRIÇÃO X DOENÇAS
• Glicosídeos cianogênicos – não são tóxicos como tal,
mas decompõem-se rapidamente quando a planta é le-
sada, liberando o ácido cianídrico (HCN). A presença dos
glicosídeos cianogênicos inibe a alimentação de inse-
tos e de outros herbívoros, tais como lesmas e caracóis.
• Glucosinatos – são compostos que liberam, na sua
decomposição, substâncias voláteis de defesa. Encon-
trados principalmente em Brassicaceae e famílias re-
lacionadas, os glucosinatos liberam os compostos res-
ponsáveis pelo odor e pelo paladar característico de
vegetais como repolho, brócolis e rabanete.
• Os aminoácidos não-protéicos são aminoácidos que
não são incorporados em proteínas, estão presentes
na forma livre e atuam como substâncias protetoras.
Os aminoácidos não-protéicos exercem sua toxicidade
de várias maneiras. Alguns bloqueiam a síntese ou a
absorção de aminoácidos protéicos; outros podem ser
erroneamente incorporados às proteínas levando à pro-
dução de enzima não-funcional.
• As proteínas anti-digestivas interferem no processo
digestivo dos herbívoros. Por exemplo, algumas legumi-
nosas sintetizam inibidores de α-amilase, que inibem
a ação dessa enzima e, por conseqüência, a digestão
do amido. Outras espécies produzem lectinas, proteí-
nas de defesa que se ligam a carboidratos ou a glico-
proteínas. Após ser ingerida por um herbívoro, a lectina
liga-se às células epiteliais que revestem o trato intes-
tinal e interfere na absorção de nutrientes. As proteínas
anti-digestivas mais conhecidas nos vegetais são os
Figura 3. Rota do ácido chiquímico na síntese de compostos orgânicos inibidores de proteases. Encontradas nos legumes, no
relacionados com a defesa vegetal. tomate e em outros vegetais, tais substâncias bloqueiam
Fonte: modificada de GRAHAM e WEBER (1991). a ação das enzimas proteolíticas dos herbívoros. Es-
tando no trato digestivo desses animais, elas se ligam
especificamente ao sítio ativo de enzimas proteolíticas,
(WHEELER, 1978). Dois micronutrientes, o boro e o zinco, têm pa-
como tripsina e quimotripsina, impedindo a digestão das
pel importante na integridade das membranas celulares, evitando o proteínas. Os insetos que se alimentam de plantas que
vazamento de solutos orgânicos. contêm inibidores de proteases apresentam taxas re-
Trabalho feito por Cakmak et al. (1995) mostra o dramático duzidas de crescimento e desenvolvimento. A função
efeito da deficiência de boro no vazamento de K+ e de solutos orgâ- dos inibidores de protease na defesa vegetal tem sido
nicos das células. Comparado às folhas com teores suficientes de confirmada por experimentos com tabaco transgênico.
As plantas geneticamente transformadas para acumu-
boro, o tratamento com menor teor de boro deixou vazar 35 vezes
lar níveis elevados de inibidores de proteases sofrem
mais K+, 45 vezes mais sacarose e sete vezes mais fenólicos e ami- menos danos como o ataque de insetos herbívoros do
noácidos (Tabela 4). Citam ainda os autores que o tratamento com que as plantas-controle, não transformadas.
boro por 20 minutos foi suficiente para restabelecer a permeabili-
O estudo dos metabólitos secundários vegetais apresenta
dade das membranas das folhas B-deficientes para o nível do das muitas aplicações práticas. Pelo valor de suas atividades bioló-
folhas com suficiência em boro, indicando o particular papel deste gicas contra herbívoros e microrganismos, muitas dessas subs-
elemento na manutenção da integridade das membranas plasmá- tâncias são utilizadas comercialmente como inseticidas, fun-
ticas. Cakmak e Römheld (1997) citam que, apesar dos rápidos e gicidas e medicamentos, enquanto outras são usadas como
claros efeitos do boro no vazamento de K+, os mecanismos pelos fragrâncias, aromatizantes, drogas de uso medicinal e materiais
quais o boro afetaria a integridade estrutural e/ou funcional das industriais. O melhoramento de plantas cultivadas, quanto à pro-
membranas plasmáticas são pouco conhecidos. O boro parece ter dução de maiores níveis de produtos secundários, tem possibi-
papel estrutural crítico nas membranas plasmáticas pela sua habili- litado a redução da necessidade de alguns pesticidas de altos
custos e riscos. Entretanto, em alguns casos tem sido necessá-
dade em se ligar com compostos da membrana contendo grupos
rio reduzir os níveis de metabólitos secundários para minimizar
cis-diol, tais como glicoproteínas e glicolipídeos. a sua toxicidade a humanos e a animais domésticos.
O zinco é outro importante nutriente necessário na manu- Como já mencionado, este resumo sobre os mecanis-
tenção da integridade das biomembranas. Ele pode ligar-se aos gru- mos de proteção vegetal contra herbivoria e organismos pato-
pos fosfolipídicos e sulfidril dos constituintes da membrana ou gênicos foi tirado do livro “Fisiologia Vegetal”, de autoria de
formar complexos tetraedais com resíduos de cisteína das cadeias Lincoln Tays & Eduardo Zeiger, 3ª edição (2004), Artmed Edito-
polipeptídicas e assim proteger os lipídeos e as proteínas das mem- ra, obrigatório na biblioteca de todo agrônomo. Pode ser obti-
do, entre outros locais, na livraria PLD, fone/fax: (19) 3421-7436,
branas contra danos oxidativos. Em condições de deficiência de
e-mail: pldlivros@uol.com.br
zinco ocorre o aumento típico da permeabilidade da membrana plas-
Sugiro a leitura do livro, que apresenta muitos detalhes
mática indicado pelo maior vazamento de solutos de baixo peso
específicos sobre os mecanismos de defesa das plantas e
molecular (Tabela 5), redução no conteúdo de fosfolipídeos, con- sobre fisiologia vegetal, em geral.
forme observado por Cakmak e Marschner (1988).

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NUTRIÇÃO X DOENÇAS
4. FITOALEXINAS E Tabela 4. Efeito do suprimento de B na concentração foliar de B e no vazamento de K+, sacarose, fenólicos e
RESISTÊNCIA ÀS aminoácidos de folhas de girassol (Helianthus annuus) com 10 dias de idade.

DOENÇAS Suprimento de B [B] µg g-1 PF 2 h-1)


Vazamento1 (µ
µ M)
(µ µg g-1 PS)1
(µ K+ Sacarose Fenólicos Aminoácidos
Como a via do ácido chi-
químico é bloqueada pela ação do 0,01 4,7 630 900 79 163
glifosato, é discutida a seguir a 0,20 11,8 390 440 72 122
possibilidade de contaminações 1,00 16,7 52 70 17 33
acidentais deste herbicida estarem 20,00 37,7 18 20 13 23
associadas às doenças de citros e 1
PS = peso seco; PF = peso fresco.
da soja. Fonte: CAKMAK et al. (1995).

4.1. O papel do scopa- Tabela 5. Efeito do Zn na exsudação de compostos de baixo peso molecular pelas raízes.
rone, fitoalexina de citros, na Exsudatos de raiz1 (g 6 h-1 PS)
resistência às doenças Tratamentos Fosfolipídeos
Zn na raiz Aminoácidos Açúcares Fenólicos Potássio
O importante papel do sco- (µg g-1 PS) (µg) (µg) (µg) (mg) (µg g-1 PF)
parone (6,7-dimetoxicumarina) na
resistência às doenças de citros é + Zn 258 48 375 117 1,68 2.230
bem explicado por Afek e Sztejn- - Zn 16 165 751 161 3,66 1.530
berg (1995). A atividade inibitória 1 PS = peso seco; PF = peso fresco.
do scoparone sobre vários fungos Fonte: CAKMAK e MARSCHNER (1988).
fitopatogênicos in vitro é mostra-
da na Tabela 6. Os autores observaram que a produção de sco-
Tabela 6. Dose efetiva de scoparone para inibição de 50% (DE50) do
parone era maior nas plantas resistentes a Phytophthora citrophthora crescimento micelial de Phytophthora citrophthora compara-
que nas suscetíveis. O comprimento da lesão nos ramos era inver- da com a inibição da germinação conidial de seis outros fun-
samente proporcional ao aumento na concentração de fitoalexina. gos patogênicos in vitro.
À medida que a lesão aumentava, a concentração de scoparone
Espécies de fungos DE50 de scoparone
reduzia (Figura 5). Em outro trabalho, estes autores observaram que
o ácido aminooxiacético (AOA), inibidor competitivo da PAL, su- (µg mL-1)
primia a produção de scoparone em citros e isto era seguido pela Phythophthora citrophthora 97
diminuição da resistência. Como o glifosato, do mesmo modo que o Verticillium dahliae 61
AOA, também inibe a síntese de scoparone, fica a dúvida se ele não Penicillium digitatum 64
estaria envolvido na perda de resistência dos citros às doenças,
Penicillium italicum 60
como P. citrophthora e outros patógenos, em pomares contamina-
Colletotrichum gloeosporioides 54
dos acidentalmente com este herbicida.
Hendersonula toruloidea 90
Botryiodiplodia (Diplodia) natalensis 85

Fonte: AFEK e SZTEJNBERG (1995).

fúngico em hipocótilos de soja resistentes à Phytophthora


megasperma var. sojae. Efeito este que era inibido até mesmo por
concentrações extremamente baixas e não tóxicas de glifosato, co-
mo 10 µg mL-1 (KEEN et al., 1982; HOLLIDAY e KEEN, 1982).
Keen et al. (1982), trabalhando com plântulas decepadas de
soja, observaram que concentrações de glifosato > 4 µg mL-1 blo-
queavam completamente a expressão de resistência para a raça 1
do fungo após 48 horas, e que estas plantas apresentavam sinto-
mas de doenças e níveis de gliceolina similares às das plantas ino-
culadas com a raça 7 compatível. Contudo, o fornecimento de fenila-
lanina e tirosina 48 horas antes da inoculação causou reação incom-
patível e alta produção de gliceolina (Tabela 7).
O mesmo fenômeno foi observado por Holliday e Keen (1982)
quanto à resistência da soja à bactéria. Que comentam: o fato da
acumulação de fitoalexinas ser inibida nas folhas de soja por con-
centrações subletais de glifosato levanta a possibilidade de que o
aumento na severidade de muitas doenças poderia ocorrer devido
4.2. Fitoalexinas e resistência às doenças da soja
a presença de resíduos no solo, mesmo que em baixos níveis. Para
Yoshikawa et al. (1978) observaram que a gliceolina, uma dar idéia mais concreta das concentrações que inibem a síntese de
fitoalexina da soja, era responsável pela cessação do crescimento fitoalexinas, a dose de 10 µg mL-1 equivale a 1 g de glifosato i.a. em

6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004


NUTRIÇÃO X DOENÇAS
Tabela 7. Efeitos do glifosato na produção de gliceolina em hipocótilos 6. REFERÊNCIAS
decepados de soja inoculadas com a raça 1 de Phytophthora
megaspora f.sp. glycinea. AFEK, U.; SZTEJNBERG, A. Scoparone (6,7-dimethoxycoumarin),
a citrus phytoalexin involved in resistance to pathogens. In: DA-
Tratamentos Reação Gliceolina
NIEL, M.L.; PURKAYASTHA, R.P. (Ed.). Handbook of phytoale-
Inóculo Glifosato da planta Experimento 1 Experimento 2 xin metabolism and action. New York: Marcel Dekker, Inc., 1995.
(µg mL-1) - - - - - - - (µg g-1 PF) - - - - - - - - - p. 263-286.
- - Nenhuma 10 25 BORKERT, C.M.; SFREDO, G.S.; LANTMANN, A.F.; CAMPO, R.J.
- 10 Nenhuma 20 10 Efeito de doses e de modos de aplicação de cloreto de potássio
sobre o rendimento da soja. In: Resultados de Pesquisa de Soja
Raça 7 - Compatível 220 - 1984/85. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1985. p. 292-294.
Raça 1 - Incompatível 1.240 1.300
CAKMAK, I.; MARSCHNER, M. Increase in membrane permeability
Raça 1 4 Compatível 440 420 and exsudation of roots of zinc deficient plants. Journal of Plant
Raça 1 10 Compatível 220 130 Physiology, v. 132, p. 356-361, 1988.
b
Raça 1 10+Phe+Tyr Incompatível 1.370 1.150 CAKMAK, I.; RÖMHELD, V. Boron deficiency-induced impair-
a
Reação da planta avaliada 48 horas após a inoculação.
ments of cellular functions in plants. Plant and Soil, v. 193, p. 71-
b
Phe = fenilalanina, Tyr = tirosina, 400 µg mL-1 de cada foram fornecidos 83, 1997.
por 48 horas na câmara de crescimento antes da inoculação.
Fonte: KEEN et al. (1982). CAKMAK, I., KURZ, H.; MARSCHNER, H. Short-term effects of
boron, germanium and high light intensity on membrane permeabi-
lity in boron deficient leaves of sunflower. Physiology Plantarum,
100 litros de água ou 2,8 g do produto comercial (com 360 g do v. 95, p. 11-18, 1995.
equivalente ácido do glifosato por litro) em 100 litros de água. É,
pois, uma contaminação que pode ocorrer rotineiramente no caso FRANÇA NETO, J. de B.; COSTA, N.P. da; HENNING, A.A.; PA-
de pulverizadores lavados sem muita cautela. LHANO, J.B.; SFREDO, G.J.; BORKERT, C.M. Efeito de doses e
métodos de aplicação de cloreto de potássio sobre a qualidade da
Do mesmo modo que no caso de citros, há evidências sobre semente da soja. In: Resultados de Pesquisa de Soja 1984/85. Lon-
o efeito negativo do glifosato na menor resistência das plantas às drina: EMBRAPA-SNPSo, 1985. p. 294-295.
doenças da soja que merecem ser mais bem estudadas.
GRAHAM, R.D. Effects of nutrient stress on susceptibility of plants
to disease with particular reference to the trace elements. Advances
5. CONCLUSÕES in Botanical Research, v. 10, p. 221-276, 1983.
5.1. Apesar das plantas não possuírem sistema imunológico HOLLIDAY, M.J.; KEEN, N.T. The role of phytoalexins in the
como os animais, elas apresentam uma série de mecanismos que as resistance of soybean leaves to bacteria: effect of glyphosate on
fazem resistentes a doenças e pragas. glyceollin accumulation. Phytopathology, v. 72, n. 11, p. 1470-1474,
1982.
5.2. Muitos produtos envolvidos na defesa da planta, tais
como lignina, tanino e fitoalexinas têm origem bioquímica na rota do KEEN, N.T.; HOLLIDAY, M.J.; YOSHIKAWA, M. Effects of
ácido chiquímico, que é bloqueada pelo glifosato. glyphosate on glyceollin production and the expression of resistance
to Phytophthora megasperma f. sp. glycinea in soybean. Phyto-
5.3. As fitoalexinas são componente importante no arsenal
pathology, v. 72, n. 11, p. 1467-1470, 1982.
de defesa vegetal e o comprometimento da sua síntese pode favo-
recer a incidência de doenças. KIRALY, Z. Plant disease resistance as influenced by biochemical
effects of nutrients in fertilizers. In: Fertilizer use and plant
5.4. Os micronutrientes, principalmente Mn, Cu, Zn e B, são
health. Colloquium of the International Potash Institute, 12., 1976.
imprescindíveis para o bom funcionamento da rota do ácido
p. 33-46.
chiquímico.
MARSCHNER, H. Mineral Nutrition of Higher Plants. 2ed. San
5.5. Concentrações extremamente pequenas de glifosato
Diego: Academic Press, 1995. 889 p.
podem comprometer a síntese de fitoalexinas, um alerta para que se
faça boa lavagem dos pulverizadores após a aplicação deste pro- TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2004.
duto. 719 p.
5.6. A integridade das membranas celulares é determinante WHEELER, H. Disease alterations in permeability and membranes.
na sanidade da planta por evitar o vazamento de solutos orgâni- In: HORSFALL, J.G.; COWLING, E.B. (Ed.). Plant disease – an advan-
cos, que são nutrientes para pragas e patógenos. O boro e o zinco ced treatise. v. 2. How plants suffer from disease. London: Acade-
têm papéis importantes no controle da permeabilidade das mem- mic Press, Inc., 1978. p. 327-347.
branas.
YOSHIKAWA, M.; YAMAUCHI, K.; MASAGO, H. Glyceollin: its
5.7. Respondendo à pergunta do título deste artigo: sim, a role in restricting fungal growth in resistant soybean hypocotyls
resistência de plantas às pragas e doenças pode ser afetada pelo infected with Phytophthora megasperma var. sojae. Physiological
manejo da cultura, tanto para mais como para menos. Plant Pathology, v. 12, n. 1, p. 73-82, 1978.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004 7


HOMENAGEM

FREDERICO PIMENTEL GOMES – UM MESTRE


Eurípedes Malavolta1

F
aleceu Frederico Pimentel Gomes. E morreu antes que que minha participação foi tão pequena quanto se queira, para usar
sua Luiz de Queiroz (ele não usava aspas para o a linguagem antiga do Cálculo Diferencial e Integral.
nome do patrono) lhe fizesse justiça. Depois da Livre Docência, Pimentel dedicou boa parte do
Conheci Pimentel – assim o chamava – em 1945 quando seu tempo ao ensino e à pesquisa da Estatística Aplicada à Experi-
cursava o primeiro ano da Escola. Ele dava aula prática de Matemá- mentação Agrícola: suas publicações e livros (pelo menos um tra-
tica, Geometria Descritiva, sob o olhar atento do Catedrático, o duzido para o espanhol), os cursos dados no país e no exterior, sua
Prof. Dr. Orlando Carneiro. Magrinho, de gravata e paletó – no que participação em reuniões científicas, seus cargos em sociedades
era acompanhado por todos os alunos, exigência dos professores diversas, fizeram dele o Pai da Estatística Agrícola no Brasil. Não foi
de Física (Breno Arruda) e de Química (Luiz Silveira Pedreira), além por favor que a Fundação Rockefeller lhe deu uma bolsa de estudos
do mencionado. As aulas eram no pavilhão de Chimica – cópia do e a Universidade da Carolina do Norte, meca da Estatística, rece-
prédio de Química da Universidade de Leipzig, Alemanha, onde beu-o na categoria de Visiting Scholar. Convém lembrar que naque-
José de Mello Moraes, Melinho, estudara com Ostwald que viria la época – anos 50 e 60 – a Fundação somente concedia bolsa
ganhar o Nobel. quando o candidato era aceito na universidade estrangeiro, não
Fui, portanto, aluno de Pimentel Gomes. Depois colega e su- como aluno, mas como “faculty member”.
perior burocrático, quando ocupei a Diretoria da Escola. Colega du- O citado Cecílio Elias Neto, no seu brilhante artigo sobre
rante alguns meses, mas de outra forma: estávamos nos preparando Pimentel (é pleonasmo chamar de brilhante um artigo do Cecílio)
para a Livre Docência e, juntos, tínhamos aulas particulares de ale- lembrou duas qualidades do Mestre: o homem de visão e o defen-
mão, visto que necessitávamos desse idioma para acompanhar a lite- sor intransigente do Português. Como exigente membro do comitê
ratura de Matemática e de Química Agrícola, respectivamente. editorial da tradicional Revista da Agricultura, não publicava arti-
Fizemos a Livre Docência. Pimentel, como lembrou Fausto gos incorretos científica ou vernacularmente. No culto da última
Arruda Ribeiro e divulgou Cecílio Elias Neto, formou-se com a maior flor de Lacio, não aderiu à deplorável novelle cuisine, digo, nouvelle
média da graduação até agora de todos os alunos da Escola. Em vague de publicar somente em inglês.
“compensação”, a minha média nas provas de Livre Docência foi Nos anos 60 havia apenas dois computadores na USP – um na
maior que a dele... O que, brincando, às vezes lhe lembrava. Sua Politécnica e outro na Faculdade de Economia e Administração, o últi-
tese de Livre Docência, “Estudos sobre Derigrais”, sem medo do mo com Antônio Delfim Neto. Pimentel viu a importância da computa-
lugar comum, marcou época por sua originalidade, o que não é fácil ção para o ensino e para a pesquisa. Convenceu-me, eu como Diretor
em Matemática. Foi uma contribuição ainda mais notável quando da Escola, a conseguir um computador para a Luiz de Queiroz. Ele e eu
se tem presente que Pimentel foi praticamente um auto-didata, con- saímos à cata de recursos, corremos o pires e foi comprado o IBM 1130,
tando às vezes com a ajuda de outro Mestre – Hélio Penteado de que na época era o melhor computador do mercado. Entretanto, como
Castro, que fôra professor de Escola Normal. José Mindlin, eu continuo um troglodita: não escrevo no computador.
Contratado como Assistente do grande José de Mello Faço os meus hieróglifos a lápis usando uma Pentel de 0,5 mm.
Moraes, que tinha por Pimentel admiração e afeto, estava eu ten- Ele deveria fazer a saudação quando fui homenageado com
tando aplicar a Lei de Mitscherlich aos dados de um ensaio de o título de Cidadão Piracicabano. A doença o impediu de fazê-lo. O
adubação. Não dava certo. Procurei Mestre Pimentel, que eu ainda amigo, Cecílio, o substituiu. Pimentel, porém, me comoveu com seu
chamava de senhor, e pedi ajuda. O problema como eu o equacionara, depoimento gravado em vídeo. Pouco depois ele se foi, certamente
não tinha solução. Tornava-se fácil de resolver, entretanto, quando para o céu dos justos. Como grande Mestre, ele deve estar lá ensi-
as doses do adubo eram equidistantes. Ele matou a charada. Como nando taboada e o be-a-bá para os anjinhos sob o olhar da Virgem
“corolário” publicamos dois trabalhos juntos sobre aspectos mate- que está tricotando um suéter azul e branco para ele usar no próxi-
máticos e estatísticos da Lei de Mitscherlich no ano de 1949, em mo inverno celeste.

1
Professor Catedrático (aposentado) da ESALQ-USP, Pesquisador permissionário do CENA-USP, Piracicaba-SP. E-mail: mala@cena.usp.br

NOTA DO EDITOR:
Em 1984, a POTAFOS solicitou ao Prof. Pimentel Gomes um livro sobre Estatística que fosse acessível aos profissio-
nais não especializados nesta ciência. Nasceu, então, “A Estatística Moderna na Pesquisa Agropecuária”, publicado
pela POTAFOS, que muito contribuiu e continua a contribuir na tarefa de analisar dados e tirar conclusões de suas
pesquisas. Surgiu, também, uma amizade de mais de duas décadas com o experiente mestre, muito crítico mas
sempre pronto a ajudar e a orientar, que muito me enriqueceu.
Pergunta comum ao se fazer a análise estatística é: que valores de níveis de significância empregar? Que foi bem
respondida pelo Prof. Pimentel Gomes no artigo publicado no “Informações Agronômicas” no 40, de Dezembro de 1987.
Pela atualidade do tema, e em homenagem ao amigo que partiu, publico novamente.

8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004


HOMENAGEM

A ESTATÍSTICA É COMO O BIQUINI


Frederico Pimentel Gomes1

UM PROBLEMA DE ARITMÉTICA vez que o novo valor de F da tabela, ao nível de 5% e probabilidade, é F0 =


3,49. A nova diferença mínima significativa, pela prova de Tukey, será

D
izem os entendidos que a Estatística é como o biquini,
menor: ∆ = 526 kg ha-1. E a média m^ = 2.300 kg ha-1 passará a ser signifi-
1
mostra muito, mas oculta o esssencial. Na verdade, ^ = 1.700 kg ha-1.
cativamente superior à média m 4
esse pensamento, aparentemente paradoxal, é correto não
só em relação à Estatística (mal empregada) como relativamente a qual- Tabela 2. Análise da variância do experimento, com as mesmas médias de
quer conhecimento usado inadequadamente. Não esqueçamos que, exage- tratamentos, mas com cinco blocos casualizados, em vez de três.
rando um pouco um problema bastante comum de Aritmética, podemos
afirmar, com base na infalível Matemática, que, se dois homens fazem um Causa da variação G.L. S.Q. Q.M. F
muro em cinco dias de trabalho, a população masculina de Piracicaba Blocos 4 376.320 94.080 1,20
(100.000 marmanjos, digamos) poderá construí-lo, folgadamente, em três Tratamentos 3 1.300.000 433.333 5,53*
segundos apenas... Mas ninguém estranhará que depois de três horas de Resíduos 12 940.800 78.400
atividade nem sequer tenham conseguido começar a construção...
Veremos neste artigo alguns problemas práticos importantes que o CONCLUSÕES A TIRAR
biquini oculta àqueles que não sabem aprofundar-se suficientemente na
Esse ensaio fictício nos demonstra claramente o seguinte:
solução dos problemas.
• Em igualdade de outras condições, o aumento do número de repe-
UM RESULTADO INFELIZ tições traz maior precisão aos experimentos, e pode tornar significativas
diferenças entre médias de tratamentos, por pequenas que sejam.
Consideremos um experimento com quatro cultivares de milho,
em três blocos casualizados, e admitamos que, para uma média geral de • Em ensaios com poucas repetições e pequeno número de graus de
2.000 kg ha-1, o desvio padrão tenha sido s = 280 kg ha-1 e, portanto, com liberdade para o Resíduo, podem não ser comprovadas estatisticamente
coeficiente de variação médio de 14%. Suponhamos, ainda, que o valor de diferenças ponderáveis entre médias de tratamentos. Na verdade, em expe-
F, como se vê na análise da variância (Tabela 1), seja F = 3,32. Como o rimentos de escassa precisão, como o que discutimos de início, com coefi-
limite da tabela estatística correspondente, ao nível de 5% de probabilida- ciente de variação de 14% e apenas três blocos casualizados, o nível de
de, é F = 4,76, concluem alguns colegas que, quanto à produtividade, “os significância de 10% seria preferível. E a este nível o efeito de tratamento
cultivares são estatisticamente iguais”. Mas esta conclusão é errônea, por seria significativo, pois temos F = 3,32, em comparação com o valor F0 =
vários motivos. Em primeiro lugar, não existem testes estatísticos capazes 3,29 da tabela apropriada.
de demonstrar que duas médias de tratamentos são iguais. O que demons- • Por outro lado, num experimento com 100 cultivares, em dois
trou o teste F, aplicado à análise da variância do experimento, foi apenas blocos ao acaso e coeficiente de variação de 15%, uma diferença máxima de
que não há diferença estatisticamente significativa, ao nível de 5% de pro- produtividade de 60% não é significativa pelo teste de Tukey. E é quase
babilidade, entre as médias dos cultivares, ou, em outras palavras, que não certo que o teste F, aplicado à análise da variância, chegará à conclusão
se comprovaram estatisticamente, a esse nível de probabilidade, diferenças análoga. Ao contrário, uma diferença máxima de 10%, num ensaio com
entre as médias de tratamentos, cujas estimativas são as seguintes: m ^ = coeficiente de variação de 15%, dez cultivares de 45 blocos casualizados,
1
-1 ^ -1 ^ -1 ^
2.300 kg ha ; m2 = 2.200 kg ha ; m3 = 1.800 kg ha ; m4 = 1.700 kg ha-1. será significativa.
• Tendo em vista as considerações feitas, se a conclusão de igualda-
Tabela 1. Análise de variância do experimento, com três blocos casualizados. de de tratamento fosse válida, seria fácil demonstrá-la sempre, em qualquer
Causa da variação G.L. S.Q. Q.M. F caso. Bastaria, para isso, fazer um experimento com muito poucas repeti-
Blocos 2 188.160 94.080 1,20 ções e mal conduzido, para ter elevado coeficiente de variação.
Tratamentos 3 780.000 260.000 3,32
Resíduos 6 470.400 78.400 COMENTÁRIO FINAL
Como já afirmei noutros artigos, os níveis de significância são um
Poderíamos, a seguir, comparar essas médias duas a duas, pela ponto delicado e discutível da análise estatística. É fácil compreender que o
prova de Tukey, que nos daria, nesse caso, a diferença mínima significa- uso de experimentos de precisão baixa ou média, combinado à interpreta-
tiva, ao nível de 5% de probabilidade, ∆ = 792 kg ha-1. Verifica-se, pois, ção inadequada dos níveis de significância, tem afastado cientistas menos
que nem sequer a diferença entre a maior média (2.300 kg ha-1) e a menor experientes de linhas promissoras de pesquisa. Tratamentos distintos só
(1.700 kg ha-1) é significativa, o que se indica pela colocação de uma muito raramente dão resultados equivalentes. Diferenças que não atingem o
mesma letra (a, por exemplo) ao lado de todas as médias, assim: m ^ =
1 nível estatístico de significância são, não raro, importantes e facilmente
2.300 a; m^ = 2.200 a; m ^ = 1.800 a; m^ = 1.700 a.
2 3 4 comprováveis por métodos mais eficientes ou por experimentos de maior
Esse resultado seria de esperar, aliás, pois só muito raramente o precisão. E, em muitos casos, são recomendáveis níveis de significância
teste de Tukey aplicado à comparação de médias leva a resultado significa- menos exigentes, de 10% e até de 25% de probabilidade, em ensaios
tivo quando não atingiu a significância o teste F aplicado à análise da de pequena precisão (poucas repetições, coeficiente de variação ele-
variância (PIMENTEL GOMES, 1987). vado e escassos graus de liberdade para o Resíduo), e, mais ainda,
No entanto, com as mesmas médias estimadas para os tratamentos quando o uso de novas técnicas não implica em aumento de despesa,
e o mesmo desvio padrão (s = 280 kg ha-1), se tiverem sido usados cinco como é o caso, em geral, da utilização de material genético mais
blocos casualizados, a análise da variância mudará e nos dará um valor de F produtivo. (negrito do redator)
maior (5,55, em lugar de 3,32, como se vê na Tabela 2) significativo, uma
LITERATURA CITADA
1
Professor Catedrático (aposentado) da ESALQ-USP, Consultor Científico de PIMENTEL GOMES, F. Curso de Estatística Experimental. 12a. edi-
várias entidades. In memoriam. ção. Piracicaba: ESALQ, 1987.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004 9


DIVULGANDO A PESQUISA

Notas do editor: Os trabalhos que possuem endereço eletrônico em azul podem ser consultados na íntegra
Grifos nos textos, para facilitar a leitura dinâmica, não existem na versão original

1. LIXIVIAÇÃO E IMOBILIZAÇÃO DE NITROGÊNIO NUM 2. CONTROLE DE BRUSONE E MANEJO DE NITROGÊNIO


NITOSSOLO COMO VARIÁVEIS DA FORMA DE APLICA- EM CULTIVO DE ARROZ IRRIGADO
ÇÃO DAURÉIA E DAPALHADEAVEIA
FAGERIA, N.K.; PRABHU, A. S. Pesquisa Agropecuária Bra-
ERNANI, P.R.; SANGOI, L.; RAMPAZZO, C. Revista Brasileira sileira, v. 39, n. 2, p. 123-129, 2004. (www.scielo.br/scielo.php?
de Ciência do Solo, v. 26, p. 993-1000, 2002. script=sci_arttext&pid=S0100-204X2004000200004&lng=
pt&nrm=iso&tlng=pt)
A magnitude das reações do N no solo varia com as condi-
ções climáticas, características do solo, tipo de preparo, forma de Informações sobre práticas culturais, tais como a aplicação
aplicação dos fertilizantes nitrogenados e manejo da cobertura ve- de N e o controle de doenças causadas por fungos, em solo de
getal morta. O presente trabalho objetivou avaliar o efeito da forma várzea do Brasil são insuficientes. O objetivo deste trabalho foi
de aplicação de nitrogênio e de resíduos de aveia preta na lixiviação avaliar a resposta do arroz irrigado a épocas de aplicação de N e ao
e imobilização do N num Nitossolo Vermelho. Foram realizados dois tratamento das sementes com fungicida no controle de brusone.
experimentos, em casa de vegetação, nos quais se combinaram for- Aplicaram-se 90 kg ha-1 de N da seguinte forma: todo no plantio
mas de aplicação de N (sem uréia, uréia incorporada ou aplicada na (T1); 1/3 no plantio, 1/3 45 dias após o plantio e 1/3 na iniciação do
superfície do solo) e de palha de aveia (sem palha, palha de aveia primórdio floral (T2); 1/2 no plantio e 1/2 45 dias após o plantio (T3);
incorporada ou aplicada na superfície do solo). No experimento de 1/2 no plantio e 1/2 na iniciação do primórdio floral (T4); 2/3 no
lixiviação, testou-se também o efeito do pH do solo (5,5 e 7,0) e, no de plantio e 1/3 45 dias após o plantio (T5); 2/3 no plantio e 1/3 aplicado
imobilização, o efeito da época de semeadura (0, 30 ou 60 dias após na iniciação do primórdio floral (T6) e 1/3 no plantio e 2/3 20 dias
adição da palha e do N). Aplicaram-se o equivalente a 4,0 Mg ha-1 de após o plantio (T7). O fungicida pyroquilon foi aplicado nas doses
matéria seca de palha, nos dois experimentos, e 200 ou 100 kg ha-1 de 0, 200 e 400 g de ingrediente ativo por 100 kg de sementes.
de N, respectivamente, no experimento de lixiviação ou imobiliza- A produção de grãos foi influenciada significativamente pela
ção, cujas quantidades foram calculadas com base na área da su- época de aplicação de N e pelo tratamento de fungicida. A aplicação
perfície do solo das unidades experimentais. A lixiviação foi quan- de N influenciou significativamente a matéria seca da parte aérea e
tificada por meio da percolação de água destilada, semanalmente, a acumulação de N nos grãos. A produção máxima de grãos foi
durante dez semanas, em colunas de PVC. A imobilização foi avalia- obtida pelos tratamentos T2 e T3. O tratamento com 200 g de fungicida
da indiretamente, por meio do rendimento de massa seca e do acú- por 100 kg de sementes aumentou significativamente a produção
mulo de N na parte aérea de plantas de milho, semeadas nas três de grãos, em relação à testemunha.
épocas, em diferentes unidades experimentais.
A lixiviação do N aplicado variou de 25% a 70%, foi maior
3. EFEITOS DA FERTILIZAÇÃO MINERAL E DA COBERTURA
nos tratamentos com pH 5,5 do que com pH 7,0, e naqueles com
DO SOLO SOBRE A DINÂMICA DO NITROGÊNIO E NA
uréia incorporada do que nos com uréia sobre a superfície do solo,
NUTRIÇÃO DE PLANTAS JOVENS DE GUARANÁ
mas não foi influenciada pelo método de aplicação da palha de
aveia. O milho semeado no dia da aplicação dos tratamentos apre- TRUJILLO, L.; LEHMANN, J.; CRAVO, M. da S.; ATROCH,
sentou os menores valores de matéria seca de parte aérea (MSPA) e A.L.; NASCIMENTO FILHO, F.J. do. Acta Amazonica, v. 33,
do N acumulado, provavelmente em virtude da maior imobilização n. 4, p. 535-548, 2003.
de N nesse período inicial. A adição de N aumentou esses dois
atributos, mas o método de aplicação da uréia não teve influência A produção de fruteiras está ganhando importância na Ama-
sobre nenhum deles. A adição de palha sobre a superfície do solo zônia Central e em outras partes dos trópicos úmidos mas muito
aumentou a MSPA e o acúmulo de N, em relação à incorporação, pouco ainda é conhecido sobre a dinâmica de nutrientes no sistema
graças, provavelmente, à manutenção de mais umidade no solo e à solo-planta. O presente estudo quantificou os efeitos da fertiliza-
menor imobilização de N (Tabela 1). ção mineral e da cobertura do solo em uma leguminosa [Pueraria
phaseoloides (Roxb) Benth.] sobre a dinâmica do N no solo e sobre
Tabela 1. Porcentagem de decomposição da palha de aveia em diferentes
a nutrição de plantas jovens de guaraná [Paullinia cupana Kunth.
épocas após a aplicação na superfície de um Nitossolo Verme- (H.B. and K.) var. sorbilis (Mart.) Ducke], em um Latossolo Amarelo
lho, considerando a aplicação de uréia*. muito argiloso.
Dias após adição Sem N N incorporado N na superfície Grande acúmulo de nitrato (NO3-) encontrado na profundi-
dade de 0,3-3,0 m abaixo do plantio de guaraná é um indicativo da
- - - - - - - - - - - - - - - - (%) - - - - - - - - - - - - - - - - - lixiviação de N da camada superficial. Os teores de NO 3- na pro-
30 16,5 Bb 47,0 Ab 48,4 Aa fundidade de 2 m eram 2,4 vezes maiores entre as plantas do que
60 21,6 Bb 47,9 Ab 52,6 Aa na entrelinha que não recebeu fertilização (P < 0,05) (Tabela 2).
90 37,8 Ca 68,7 Aa 51,8 Ba A leguminosa de cobertura, entre as plantas de guaraná,
* Médias sucedidas pela mesma letra, maiúsculas na linha e minúsculas na aumentou a disponibilidade de N, conforme é indicado pela ele-
coluna, não diferem significativamente pelo teste de Duncan a 5%. vada mineralização aeróbica e baixa imobilização de N na massa

10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004


Tabela 2. Crescimento, produção de sementes frescas e concentração foliar de nutrientes em guaraná [Paullinia cupana Kunth. (H.B. and K.) var.
sorbilis (Mart.) Ducke] afetados pela adubação e associação com leguminosa de cobertura [Pueraria phaseoloides (Roxb.) Benth.] na
Amazônia Central, no fim da estação seca.
Comprimento Produção de
Tratamento máximo sementes N P K Ca Mg δ15N1
(m) (kg arvore-1) - - - - - - - - - - - - (mg g-1 de matéria seca) - - - - - - - - - - - - - (‰)

Com adubação, com Pueraria 5,3 a 4,5 a 33,8 a 3,74 ab 10,2 a 3,99 b 1,37 a 4,82 a
Com adubação, sem Pueraria 5,6 a 3,2 ab 31,0 b 4,11 a 9,5 a 5,35 ab 1,29 ab 5,00 a
Sem adubação, com Puraria 2,7 b 1,4 ab 30,6 b 3,25 b 9,5 a 5,38 a 1,14 ab 5,64 a
Sem adubação, sem Pueraria 4,2 ab 0,7 b 33,9 a 4,16 a 7,3 b 5,60 a 1,03 b 5,77 a
1
A Uréia tem valor δ15N de -0,7‰; Pueraria, em um local próximo, apresentou valores de δ15N de 1,0-2,8‰ (Lehmann et al., 2001).
2
Valores na coluna seguidos de mesma letra não diferem significativamente a P < 0,05; n = 4.

microbiana. A nutrição nitrogenada e a produção do guaraná root exudates on soil nitrification was more stable and effective
não foram beneficiadas pela adição de N, via fixação biológica than the most commonly used synthetic nitrification inhibitor,
©
do N2 da atmosfera pela leguminosa de cobertura (P < 0,05). Nitrapyrin. Root exudates of this tropical grass specifically blo-
Mesmo sem leguminosa nas entrelinhas de plantio, grandes cked the AMO (aminomonooxygenase) enzymatic pathway in
quantidades de NO3- foram encontradas no subsolo, entre plan- Nitrosomonas bacteria, thus making the nitrifier dysfunctional. The
tas não adubadas. O NO 3- do subsolo entre as plantas pode, bioassay that is developed to quantify the NI activity from roots
entretanto, ter sido utilizado pelo guaraná fertilizado. Isso pode can serve as a powerful tool in evaluating field crops and pastures
ser explicado pelo crescimento mais vigoroso das plantas fertili- for their ability to inhibit nitrification in soil.
zadas, as quais têm uma grande demanda por nutrientes e explo- From a genetic improvement perspective, this powerful
raram maior volume de solo. Com uma leguminosa de cobertura, bioassay can open the way for evaluation of germplasm for selecting
contudo, mais N mineral foi disponibilizado na camada superfi- high NI activity genetic stocks initially for B. humidicola, other
cial, o qual foi lixiviado para o subsolo e, conseqüentemente, tropical pastures, and subsequently in field crops. A research
acumulado na camada de 0,3 a 3,0 m de profundidade. Adições strategy is presented to exploit this biological trait/attribute
suplementares de P e K foram necessárias para aumentar a utiliza- genetically for the development of crops/pastures that can self-
ção do NO3- entre as plantas. regulate nitrification processs in soils, thus minimizing nitrification
associated N losses from crop-livestock systems.

4. CAN NITRIFICATION BE INHIBITED/REGULATED


BIOLOGICALLY? NEW APPROACHES TO DEVELOP 5. ESTOQUE DE CARBONO E NITROGÊNIO E FORMAS DE
GERMPLASM TO MINIMIZE NITROGEN LOSSES IN NITROGÊNIO MINERAL EM UM SOLO SUBMETIDO A
CROP-LIVESTOCK SYSTEMS DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO

SUBBARAO, G.V.; ITO, O.; WANG, H.; NAKAHARA, K.; D’ANDRÉA, A.F.; SILVA, M.L.N.; CURI, N.; GUILHERME, L.R.G.
ISHIKAWA, T.; SUENAGA, K.; SAMEJIMA, H.; RONDON, Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 2, p. 179-186, 2004.
M.; RAO, I.M.; ISHITAN, M. In: International Nitrogen (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
Conference, 3., 2004, Nanjing. Abstracts... 204X2004000200012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt)
Nitrification by soil nitrifiers is a widespread phenomenon, O objetivo deste trabalho foi verificar alterações nos teores
where NH4-H is converted into NO3-N, results in substantial losses e no estoque de C orgânico e N total do solo, e nas suas formas
of applied N through NO3- leaching, and gaseous emissions (N2O, nítrica e amoniacal, em sistemas de manejo implementados em área
NO and N2). A major portion of the fertilizer-N (which is usually in de cerrado nativo. Foram coletadas amostras no Município de
NH4+ form) is rapidly converted into NO3- by two groups of soil Morrinhos, GO, num Latossolo Vermelho distrófico típico, textura
bacteria, Nitrosomonas and Nitrobacter. Nitrification thus is the argilosa, em cinco profundidades, nos sistemas: cerrado nativo,
main cause of poor N recovery in most agricultural systems where pastagem de Brachiaria sp., plantio direto irrigado com rotação
70% of the fertilizer-N is not utilized by the crops. The economic milho-feijão, plantio direto irrigado com rotação milho-feijão e
value of this wasted N fertilizer worldwide is estimated as US$ 16.4 arroz-tomate, plantio convencional de longa duração e plantio con-
billion annually from cereal production systems alone. Our research vencional recente após pastagem.
addresses nitrification inhibition (NI) in soil as an important Não houve diferença significativa nos teores e no estoque
biological mechanism/attribute to keep soil-N in NH4+ form. This de C e N totais do solo, embora o plantio convencional de longa
unique phenomenon was discovered in a tropical pasture grass, duração tenha apresentado variações negativas no estoque de C
Brachiaria humidicola. Inhibitory compound/s released from roots em relação ao cerrado nativo até 20 cm de profundidade, ao contrá-
of B. humidicola suppressed the functioning of Nitrosomonas, rio dos sistemas com menor revolvimento. O amônio predominou
thus inibiting nitrification. A bioassay that uses a recombinant no cerrado nativo e na pastagem ao longo de praticamente todo o
construct of Nitrosomonas to detect and quantify this inhibitory perfil, enquanto os teores de nitrato foram maiores na camada su-
effect from root exudates (NI activity) is developed and calibrated. perficial dos sistemas com culturas anuais. A pastagem e o plantio
Substantial NI activity was detected in the root exudates of direto, desde que com esquema diversificado de rotação de cultu-
B. humidicola, but not with soybean where root exudates have ras, são promissores para aumentar os estoques de C orgânico do
stimulated nitrification. The inhibitory effect from B. humidicola solo.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004 11


de água do solo sobre os mecanismos de transporte de K foi maior
6. EFICIÊNCIA NUTRICIONAL DE POTÁSSIO E CRES-
em solos com maior concentração deste nutriente, razão por que o
CIMENTO DE EUCALIPTO INFLUENCIADOS PELA
fluxo de massa cresce em importância em solos mais secos.
COMPACTAÇÃO DO SOLO

SILVA, S.R.; BARROS, N.F.; NOVAIS, R.F.; PEREIRA, P.R.G. Re- 8. CALAGEM E AS PROPRIEDADES ELETROQUÍMICAS E
vista Brasileira de Ciência do Solo, v. 26, n. 4, p. 1001-1010, FÍSICAS DE UM LATOSSOLO EM PLANTIO DIRETO
2002.
COSTA, F. de S.; BAYER, C.; ALBUQUERQUE, J.A.; FON-
A compactação do solo por tráfico de veículos pesados al- TOURA, S.M.V. Ciência Rural, v. 34, n. 1, p. 281-284, 2004.
tera a disponibilidade de nutrientes para as plantas, interfere no (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
crescimento radicular e nos processos de fluxo de massa e de difu- 84782004000100045&lng=en&nrm=iso&tlng=pt)
são, constituindo um problema no manejo florestal, no qual têm
sido utilizadas máquinas de maior capacidade de carga. O objetivo Neste estudo, avaliou-se (i) o efeito da calagem nas proprie-
deste trabalho foi avaliar a influência da compactação de solos e dades eletroquímicas e físicas de um Latossolo Bruno há 21 anos em
doses de K no crescimento e nutrição potássica de mudas de plantio direto (PD), bem como (ii) o efeito do revolvimento do solo
Eucalyptus camaldulensis. Utilizaram-se amostras de dois solos para a incorporação de calcário sobre as suas propriedades físicas.
com texturas diferentes, em vasos sob condição de casa de vegeta- A calagem aumentou o potencial elétrico superficial do solo,
ção, sendo os tratamentos dispostos num esquema fatorial 3 x 4 independente do modo de aplicação de calcário, cujos valores esti-
(densidades de solo e doses de K) para cada solo, em delineamento mados variaram de (–) 90 mV a (–) 118 mV. Entretanto, a argila disper-
inteiramente casualizado, com três repetições. Amostras de dois sa em água não aumentou, o que pode ter sido devido à sua relação
solos, um Latossolo Vermelho argiloso (LVarg) e um Latossolo Ver- inversa com o carbono orgânico total (COT) (r2 = 0,80) e Ca+Mg
melho-Amarelo franco-arenoso (LVAfar), foram acondicionadas em (r2 = 0,56), cujos maiores teores foram verificados na camada su-
vasos de PVC com 2 dm3 de solo e compactadas com o auxílio de uma perficial do solo. O diâmetro médio geométrico (DMG) dos agregados
prensa hidráulica. Para o solo argiloso, foram testadas as densida- não foi afetado pela calagem, e teve uma relação positiva com os teores
des de 0,9; 1,1 e 1,3 g cm-3 e, para o solo franco-arenoso, de 1,3; 1,5 de COT (r2 = 0,89) das diferentes camadas de solo. Após 5 anos, não se
e 1,7 g cm-3. As doses de potássio foram 0, 50, 100 e 150 mg kg-1 para verificou efeito negativo do revolvimento do solo para a incorporação
os dois solos. O experimento foi colhido 100 dias após a emergên- de calcário sobre o DMG dos agregados e na porosidade deste solo
cia, tendo sido realizadas a quantificação da matéria seca, a men- argiloso (690 g kg-1 argila) e de mineralogia predominantemente gib-
suração de raízes (comprimento, diâmetro médio e superfície radi- sítica. Além das condições favoráveis à atividade microbiana, maio-
cular) e as análises químicas, com vistas em determinar os teores de res teores de COT e de Ca e Mg na camada superficial de solos em
K no tecido vegetal e no solo. PD contribuem para a mitigação do efeito dispersivo da calagem.
Constatou-se que, com a compactação do solo, de modo ge-
ral, o crescimento de raízes e a eficiência de utilização de K diminuí-
9. PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE BIOMASSA EM
ram e aumentou o diâmetro médio radicular. As doses de K elevaram
Eucalyptus camaldulensis Dehn. EM RESPOSTA À
o teor de K no tecido vegetal e proporcionaram aumento da matéria
ADUBAÇÃO E AO ESPAÇAMENTO
seca apenas nos tratamentos em que o solo foi mais compactado.
Conclui-se que a aplicação de K em solos compactados é fundamen- OLIVEIRA NETO, S.N. de; REIS, G.G. dos; REIS, M. das G.F.;
tal para o crescimento de plantas de eucalipto e que a compactação NEVES, J.C.L. Revista Árvore, v. 27, n. 1, p. 15-23, 2003.
reduz o crescimento radicular e a eficiência da adubação potássica.
Plantas de Eucalyptus camaldulensis sob quatro níveis de
adubação foram estabelecidas em quatro espaçamentos, na região
7. IMPORTÂNCIA DO FLUXO DE MASSA E DIFUSÃO NO dos cerrados, em Minas Gerais, com o objetivo de avaliar a influên-
SUPRIMENTO DE POTÁSSIO AO ALGODOEIRO COMO cia destas variáveis na produção e no acúmulo de biomassa nas
VARIÁVEL DE ÁGUA E POTÁSSIO NO SOLO plantas. Os espaçamentos foram constituídos por uma distância
fixa entre as linhas de 3 m e distância entre as plantas na linha de 2 m,
OLIVEIRA, R.H.; ROSOLEM, C.A.; TRIGUEIRO, R.M. Revista 3 m, 4 m e 5 m. A adubação consistiu de níveis proporcionais cres-
Brasileira de Ciência do Solo, v. 28, p. 439-445, 2004. centes de uma combinação de fertilizantes denominados 0, 1, 2 e 4.
(www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- A produção e a alocação de biomassa foram avaliadas aos 20 e
06832004000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) 32 meses de idade. Equações de regressão foram ajustadas, utili-
A deficiência tardia de potássio na cultura do algodoeiro zando-se dados obtidos aos 32 meses de idade, para estimativa da
tem ocorrido com freqüência nas regiões do cerrado brasileiro. Um produção de biomassa da parte aérea e da madeira.
dos motivos poderia ser atribuído à baixa disponibilidade de água A produção média de biomassa da madeira, aos 32 meses,
nessa época. Assim, procurou-se quantificar a contribuição da di- foi 71%, 120% e 98% superior nos níveis de adubação 1, 2 e 4,
fusão e do fluxo de massa no suprimento de K às raízes do algo- respectivamente, quando comparadas com plantas no nível 0. A
doeiro de acordo com a disponibilidade do nutriente e de água. adubação promoveu redução na relação raiz/parte aérea, tendo sido
Para tanto, realizou-se um experimento em vasos em casa de 0,87, 0,70, 0,67 e 0,59, para níveis crescentes de adubação. A produ-
vegetação, utilizando amostras da camada arável (0-20 cm) de um ção de biomassa da parte aérea e da madeira, por planta, aumentou
Latossolo Vermelho típico, com 330 mg kg-1 de argila. O experimento com o espaçamento entre as plantas, ou seja, maior produção foi
constou de duas doses de potássio (15 e 121 mg dm-3), na forma de obtida no espaçamento mais amplo (3 x 5 m), sendo a produção por
KCl, e quatro conteúdos de água (-0,03; -0,1; -0,5 e -1,0 MPa). As unidade de área maior nos menores espaçamentos. A produção de
plantas foram colhidas aos 53 dias da emergência. A difusão foi o biomassa apresentou comportamento quadrático, tendo as maiores
principal mecanismo de transporte de K no solo, variando de 72% a produções, por unidade de área e por planta, sido obtidas entre os
96% do total absorvido pelo algodoeiro. A influência do conteúdo níveis de adubação 2,7 e 2,8.

12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004


10. EFFECTS OF INCORPORATED CORN RESIDUES ON 12. CONTEÚDO DE NUTRIENTES EM COMPONENTES DA
GLYPHOSATE SORPTION AND MINERALIZATION IN BIOMASSA DE LARANJEIRA HAMLIN
SOIL
MATTOS JR., D.; QUAGGIO, J.A.; CANTARELLA, H.; ALVA,
ACCINELLI, C.; SEEBINGER, J.D.; KOSKINEN, W.C.; VICARI, A.K. Scientia Agricola, v. 60, n. 1, p. 155-160, 2003.
A.; SADOWSKY, M.J. In: Soil Science Society of America
Annual Meeting, 68., 2004, Seattle. Abstracts... Madison: ASA- A compreensão da distribuição de nutrientes na árvore é
CSSA-SSSA, 2004. 1 CD-ROM. importante para o estabelecimento de programas de manejo nutri-
cional eficientes para a produção de citros. Árvores de laranjeira
In the present study, the influence of incorporation of Hamlin [Citrus sinensis (L.) Osb.] em citrumelo Swingle [Poncirus
different ratios of corn residues on mineralization and sorption of trifoliata (L.) Raf. x Citrus paradisi Macfad.], com seis anos de
glyphosate was determined. Investigations were conducted under idade, cultivadas num Entisol da Flórida foram colhidas para inves-
laboratory conditions using sandy loam and sandy soil samples tigar a distribuição e o conteúdo de macro e micronutrientes em
and powdered corn residues obtained from two corn hybrids: a componentes da biomassa.
stacked trait hybrid (Bt-protected and glufosinate-tolerant), and
A distribuição de nutrientes, em peso seco, da biomassa
the corresponding non-transgenic isoline.
total da árvore foi: frutos = 30,3%, folhas = 9,7%, ramos = 26,1%,
Incorporation of corn residue in the range from 0.5% to 4% tronco = 6,3% e raízes = 27,8%. A concentração de nutrientes em
caused different effects on mineralization and sorption of glyphosate folhas recém maduras ficou entre os níveis adequado e ótimo pela
in the two soils. More specifically, low levels of incorporated corn interpretação da análise foliar da Flórida. Maiores concentrações
residue did not affect or slightly stimulated herbicide mineralization de Ca foram observadas nas folhas mais velhas e nos tecidos
in the sandy and sandy loam soils, respectively. In the latter soil, lenhosos. Concentrações de micronutrientes foram significativa-
incorporation of the highest level of corn residues (4%) caused a mente maiores nas radicelas em comparação àquelas lenhosas. O
significant decrease in glyphosate mineralization. Glyphosate maior conteúdo de nutriente na árvore foi de Ca (273,8 g árvore-1),
sorption on both soil types was significantly reduced in samples seguido de N e de K (243,7 e 181,5 g árvore-1, respectivamente). Ou-
receiving high amounts of incorporated corn residues. Regardless tros macronutrientes somaram cerca de 11% do conteúdo total de
of the added level, corn residues from the two isolines showed nutrientes. O conteúdo de vários nutrientes na fruta fresca, em kg t-1,
similar behavior in their effects on both mineralization and sorption foi: N = 1,20; K = 1,54; P = 0,18; Ca = 0,57; Mg = 0,12; S = 0,09;
of glyphosate in the sandy loam and in sandy soils. B = 1,63 x 10-3; Cu = 0,39 x 10-3; Fe = 2,1 x 10-3; Mn = 0,38 x 10-3 e
Zn = 0,40 x 10-3. O conteúdo total de N, K e P no pomar correspondeu
a 66,5 kg ha-1, 52,0 kg ha-1 e 8,3 kg ha-1, respectivamente, os quais
11. ARMAZENAMENTO DE CARBONO EM FRAÇÕES foram equivalentes às quantidades de nutriente aplicadas anual-
LÁBEIS DA MATÉRIA ORGÂNICA DE UM LATOSSOLO mente pela adubação.
VERMELHO SOB PLANTIO DIRETO
13. DISTRIBUIÇÃO DO SISTEMA RADICULAR DE PORTA-
BAYER, C.; MARTIN-NETO, L.; MIELNICZUK, J.; PAVI-
ENXERTOS PARALIMAÁCIDA‘TAHITI’
NATO, A. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 7,
p. 677-683, 2004. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext NEVES, C.S.V.J.; MURATA, I.M.; STENZEL, N.M.C.; MEDINA,
&pid=S0100-204X2004000700009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) C. de C.; BORGES, A.V.; OKUMOTO, S.H.; LEE, R.H.C.; KANAI,
A reserva de carbono na matéria orgânica (MO) do solo é H.T. Scientia Agricola, v. 61, n. 1, p. 94-99, 2004.
uma importante estratégia para atenuar a concentração de dióxido Estudos sobre o sistema radicular são importantes para se-
de carbono na atmosfera. O objetivo deste trabalho foi avaliar o leção de material genético e orientação de tratos culturais, como
efeito do plantio direto (PD), durante seis anos, sob quatro siste- irrigação localizada, adubação e manejo de solo. O objetivo deste
mas de cultura de outono na sucessão comercial soja-milho (guandu- trabalho foi avaliar a distribuição do sistema radicular de seis porta-
anão-milheto, crotalária-sorgo, girassol-aveia-preta e nabo forra- enxertos cítricos em um Latossolo Vermelho distroférrico no Norte
geiro-milho), no armazenamento de carbono nas frações particulada do Paraná, levando em conta os atributos químicos e físicos do
(> 53 µm) e associada aos minerais (< 53 µm) da MO de um Latossolo solo. Foram avaliadas plantas com 11 anos de idade de lima ácida
Vermelho argiloso da Região do Cerrado. ‘Tahiti’, clone IAC-5 [Citrus latifolia (Yu. Tanaka)] enxertadas nos
Em comparação ao preparo convencional (PC) com cultivo seguintes porta-enxertos: limão ‘Cravo’ (C. limonia Osbeck), limão
de culturas estivais, o PD aumentou os estoques de carbono orgâ- ‘Rugoso da África’ (C. jambhiri Lush.), tangerina ‘Sunki’ [C. sunki
nico total (COT) na camada superficial do solo (0-5 cm). Na camada (Hayata) hort. ex Tan.], Poncirus trifoliata (L.) Raf., citrange ‘C13’
de 0-20 cm, o solo sob nabo forrageiro-milho manteve um estoque de [C. sinensis (L.) Osb. x P. trifoliata (L.) Raf] e limão ‘Volcameriano’
COT superior em 9% (4,66 Mg ha-1) ao do solo em PC (54,30 Mg ha-1). (C. volkameriana Ten. & Pasq.), clone Catânia 2. Utilizou-se o mé-
Nos demais sistemas de culturas, o estoque de COT nessa camada todo da trincheira e a quantificação das raízes foi feita em imagens
não diferiu do solo em PC. O estoque de C na MO particulada foi mais digitais com o programa SIARCS®.
sensível ao manejo do solo do que o COT, com um incremento entre O citrange ‘C13’ apresentou a maior quantidade de raízes e
37% e 52% sob PD, em comparação ao PC (0-20 cm). O estoque de C os limões ‘Volcameriano’ e ‘Rugoso da África’ tiveram as menores
na MO associada aos minerais não foi afetado pelos sistemas de quantidades. A profundidade efetiva, até onde se encontram 80%
manejo, o que pode estar relacionado ao curto período sob PD e à das raízes, foi de 31 a 53 cm na linha de plantio e de 67 a 68 cm na
microagregação altamente estável. O armazenamento de C preferen- entrelinha. A distância efetiva, até onde se encontram 80% das raízes
cialmente na fração lábil da MO do solo representa um benefício a partir do tronco, na entrelinha ultrapassou o raio da copa das
ambiental cuja manutenção depende fundamentalmente da continui- árvores para P. trifoliata, tangerina ‘Sunki’ e limões ‘Volcameriano’
dade do plantio direto e do contínuo aporte de resíduos vegetais. e ‘Rugoso da África’.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004 13


ção dos experimentos, os tratamentos resultaram de um fatorial,
14. POTENCIAL DA UTILIZAÇÃO DE COBERTURAS VEGE-
em que o fator A foi constituído pelos genótipos de sorgo RS 11,
TAIS DE SORGO E MILHETO NA SUPRESSÃO DE PLAN-
BR 601 e BR 304, representantes de três classes de produção de
TAS DANINHAS EM CONDIÇÃO DE CAMPO:
extratos radiculares hidrofóbicos em laboratório, pelo genótipo de
I – PLANTAS EM DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO
milheto Comum RS e por uma testemunha sem culturas; e o fator B,
constituído por níveis de palha de cada genótipo sobre o solo.
VIDAL, R.A.; TREZZI, M.M. Planta daninha, v. 22, n. 2, p. 217-
223, 2004. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= Em 1999/2000, níveis de palha de sorgo de 1,3 t ha-1 foram
S0100-83582004000200007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) suficientes para reduzir 50% das infestações de Brachiaria
plantaginea (BRAPL) e Sida rhombifolia (SIDRH). Em 2000/2001,
A supressão da infestação de plantas daninhas por espécies 4 t ha-1 de palha de sorgo ou milheto foram suficientes para redu-
cultivadas como culturas de cobertura pode ocorrer durante o de- zir 91%, 96% e 59% da população total de SIDRH, BRAPL e
senvolvimento vegetativo das espécies cultivadas como cultura de Bidens pilosa, respectivamente. A presença de resíduos da parte
cobertura, nos estádios precoces de desenvolvimento, ou após a aérea de sorgo é mais importante na supressão de plantas dani-
sua dessecação. Efeitos de competição e alelopáticos exercidos nhas do que a presença de resíduos das raízes dessa cultura.
durante a coexistência das plantas de cobertura com as espécies
daninhas podem ser responsáveis pelo efeito supressivo. Dois ex-
perimentos foram realizados a campo, em 1999/2000 e 2000/2001, na 16. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA E A EMERGÊNCIA DE
área experimental da Faculdade de Agronomia da UFRGS, em deli- PLÂNTULAS DE SOJA
neamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições,
objetivando determinar os efeitos de plantas vegetando de genó- COLETE, J.C.F.; VIEIRA, R.D.; DUTRA, A.S. Scientia Agricola,
tipos de sorgo, com capacidade distinta de produção de extratos v. 61, n. 4, p. 439-445, 2004. (http://www.scielo.br/scielo.php?
radiculares hidrofóbicos, sobre a supressão de plantas daninhas. script=sci_arttext&pid=S0103-90162004000400006&lng=
Em 1999/2000, os tratamentos foram constituídos pelos genótipos pt&nrm=iso\\\\\\\%22\\\\\\\%22&tlng=en)
de sorgo RS 11, BR 601 e BR 304, representantes de três classes de
A avaliação do vigor e sua relação com a emergência de
produção de extratos radiculares hidrofóbicos em laboratório, pelo
plântulas em campo é fundamental para a estimativa correta do
genótipo de milheto Comum RS e por uma testemunha sem cultu-
potencial fisiológico de sementes de soja [Glycine max (L.) Merrill].
ras. Em 2000/2001, os tratamentos foram resultantes da combinação
O presente trabalho objetivou verificar a relação entre os resulta-
do fator genótipo e do fator posição das plantas daninhas (linha ou
dos do teste de condutividade elétrica (CE) e os da emergência de
entrelinha das culturas).
plântulas de soja em campo e em laboratório. Foram estudados
Nos dois anos experimentais, a densidade e o crescimento níveis de disponibilidade de água no substrato -0,03; -0,2; -0,4; e
de plantas daninhas (SIDRH, BIDSS e BRAPL) foram semelhantes -0,6 MPa. Foram avaliados 14 lotes de sementes das cultivares
entre os genótipos de sorgo e entre estes e o do milheto. Isso Embrapa 48 e BRS 133. O experimento em campo foi conduzido em
ocorreu independentemente do local avaliado, na área total ou indi- três épocas de semeadura (26/11 e 3 e 10/12/2000); em laboratório,
vidualmente nas linhas e entrelinhas das culturas, indicando au- foram determinados o teor de água, antes e após o envelhecimento
sência de efeito supressor de exsudatos hidrofóbicos a campo. No acelerado (EA) das sementes, a germinação e o vigor (testes de EA
primeiro ano, aos 30 dias após a semeadura, reduções de 41% de e de CE).
infestação e de 74% de massa seca total de plantas daninhas foram
A redução progressiva da quantidade de água no substrato
observadas, comparando-se os tratamentos cobertos com culturas
provocou diminuição das porcentagens de germinação e de emer-
à testemunha sem culturas, enquanto no segundo ano, aos 14 dias
gência de plântulas em laboratório, de modo que o desempenho
após a semeadura, não foram observadas diferenças entre a área
germinativo das sementes dependeu dos níveis de estresse hídrico
onde havia plantas de sorgo ou milheto e a testemunha descoberta.
e do vigor da semente. Para lotes de maior vigor da cultivar Embra-
A densidade de plantas daninhas nas linhas foi inversamente pro-
pa 48, o melhor desempenho ocorreu sob o potencial hídrico de
porcional à população de plantas vivas de sorgo nesse local.
-0,6 MPa. CE pode ser um eficiente procedimento para a avaliação
do potencial fisiológico e desempenho de lotes de sementes de
15. POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE COBERTURA VEGE- soja, necessitando, porém, que estudos adicionais sejam conduzi-
TAL DE SORGO E MILHETO NA SUPRESSÃO DE PLAN- dos para o estabelecimento de valores ou limites de valores para
TAS DANINHAS EM CONDIÇÃO DE CAMPO: caracterizar o nível de vigor das sementes (alto, médio ou baixo)
II – EFEITOS DA COBERTURA MORTA permitindo direcionar de maneira consistente o uso dos lotes de
sementes.
TREZZI, M.M.I; VIDAL, R.A. Planta Daninha, v. 22, n. 1, p. 1-10,
2004. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0100- 17. IDENTIFICAÇÃO DE SEMENTES DE SOJA GENETICA-
83582004000100001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) MENTE MODIFICADARESISTENTEAO GLIFOSATO
A capacidade de supressão de plantas daninhas por cultu-
TILLMANN, M.Â.A. e WEST, S. Scientia Agricola, v. 61, n. 3,
ras de cobertura é bastante conhecida e explorada, embora seja
p. 336-341, 2004.
pouco pesquisada a importância relativa dos efeitos físicos e
alelopáticos sobre esse fenômeno. Dois experimentos foram reali- Avanços na engenharia genética têm resultado na obtenção
zados a campo, em 1999/2000 e 2000/2001, na área experimental da de plantas tolerantes a certos herbicidas que usualmente não são
Faculdade de Agronomia da UFRGS, no delineamento experimental seletivos. Para fins práticos e comerciais é importante ser capaz de
em blocos ao acaso, com quatro repetições, objetivando determinar detectar a presença ou ausência dessas características nos
os efeitos da cobertura morta de plantas de sorgo e de milheto genótipos. O objetivo desta pesquisa foi desenvolver um procedi-
sobre a supressão de plantas daninhas. Nos dois anos de condu- mento para identificação de soja (Glycine max L. Merr.) genetica-

14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004


mente modificada com resistência ao herbicida glifosato. Dois estu-
19. COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA E CONCENTRAÇÃO DE
dos foram conduzidos baseados no teste de germinação. No pri-
NUTRIENTES EM TRÊS CULTIVARES DE BANANEIRAS EM
meiro estudo, sementes de soja foram pré-embebidas em papel toa-
UM LATOSSOLO AMARELO DAAMAZÔNIA CENTRAL
lha com solução do herbicida e após transferidas para papel toalha
umedecido para o teste de germinação. No segundo estudo, as OLIVEIRA, A.N. de; OLIVEIRA, L.A. DE; FIGUEIREDO, A.F.
sementes foram colocadas diretamente nas soluções do herbicida de. Acta Amazonica, v. 33, n. 3, p. 345-352, 2003.
em copos plásticos e avaliada a germinação pelo método do papel A adaptação das plantas à baixa fertilidade dos solos ama-
toalha. Oito genótipos de soja foram comparados: quatro Roundup zônicos é uma alternativa de baixo insumo que satisfaz à maioria
Ready, que contém o gen de resistência ao herbicida (G99-G725, dos produtores regionais. Essa adaptação pode estar relacionada
Prichard RR, G99-G6682 e H7242 RR) e quatro cultivares parentais às micorrizas arbusculares, que podem aumentar a capacidade das
não transgênicas (Boggs, Haskell, Benning e Prichard). No primeiro plantas em absorver os nutrientes do solo. O estudo foi conduzido
estudo, as sementes foram embebidas por 16 horas a 25°C nas con- num plantio de bananeiras sobre um Latossolo Amarelo na Facul-
centrações do herbicida entre 0,0 e 1,5% do ingrediente ativo glifo- dade de Ciências Agrárias (Fundação Universidade do Amazonas),
sato. No segundo, sementes foram submetidas a concentrações objetivando verificar a colonização de fungos micorrízicos e teores
entre 0,0 e 0,48%, por uma hora, a 30°C. Os parâmetros de avaliação de nutrientes foliares das cultivares de bananeira Maçã, Pacovan e
foram: germinação, comprimento do hipocótilo, comprimento da raiz Prata, durante três meses de avaliações (Dezembro/98, Janeiro e
e comprimento total das plântulas. Fevereiro/99). Coletou-se amostras de raízes para avaliar as taxas
Ambos os métodos são eficientes na identificação de genó- de colonização micorrízica e amostras foliares para verificar os teo-
tipos de soja que são resistentes ao glifosato. É possível identificar res de macro e micronutrientes. As médias da colonização radicular
genótipos de soja geneticamente modificada após três dias, pela por fungos micorrízicos foram de 60,7% na cultivar Maçã, 55,2% na
embebição das sementes em 0,12% da solução do herbicida e após Pacovan e 53,6% na Prata. Na amostragem feita em Dezembro de
6 dias se o substrato for pré-embebido em 0,6% da solução do 1998, a cultivar Maçã apresentou menor colonização micorrízica
herbicida. As características de resistência foram identificadas em (48,3% das raízes) do que a Pacovan (73,6%) e a Prata (67,8%). No
todas as cultivares, independente da qualidade fisiológica inicial mês de Janeiro de 1999 essa situação se inverteu: a Maçã apresen-
das sementes. tou a maior colonização micorrízica (75,3%) quando comparada com
a da Pacovan (47,8%) e da Prata (40,3%). As cultivares não apresen-
taram diferenças entre si quanto às concentrações de P e Fe, mas
18. QUALIDADE DAMATÉRIAORGÂNICADE UM SOLO CUL- houve uma variação significativa entre elas quanto aos teores de
TIVADO COM LEGUMINOSAS HERBÁCEAS PERENES Ca, Mg, K, Zn, Cu e Mn. A colonização radicular por fungos
CANELLAS, L.P.; ESPINDOLA, J.A.A.E.; REZENDE, C.E.; micorrízicos correlacionou-se positivamente com os teores de Ca,
CAMARGO, P.B. DE C.; ZANDONADI, D.B.; RUMJANEK, K e Zn na cultivar Maçã, e Cu na cultivar Prata. Estas correlações
V.M.; GUERRA, J.G.M.; TEIXEIRA, M.G.; BRAZ-FILHO, R. positivas permitem inferir que a associação micorrízica foi impor-
Scientia Agricola, v. 61, n. 1, p. 53-61, 2004. tante no estímulo às absorções de Ca, K e Zn pela cultivar Maçã e
Cu pela Prata nas bananeiras de cinco anos na fase de produção
O uso de leguminosas herbáceas em sistemas agrícolas per- comercial.
mite o aporte de quantidades expressivas de fitomassa, possibili-
tando alterações no teor e na qualidade da matéria orgânica do solo
ao longo dos anos. Este trabalho avalia a qualidade da matéria 20. RESISTÊNCIA INDUZIDA EM SORGO POR SILICATO DE
orgânica de um Argissolo Vermelho Amarelo localizado em Seropé- SÓDIO E INFESTAÇÃO INICIAL PELO PULGÃO-VERDE
dica, RJ, e cultivado com diferentes espécies de leguminosas her- Schizaphis graminum
báceas perenes: amendoim forrageiro cv. BR-14951 (Arachis pintoi),
MORAES, J.C.; COSTA, R.R. Revista Ecossitema, v. 27, n. 1, 2,
cudzu tropical (Pueraria phaseoloides) e siratro (Macroptilium
p. 37-39, 2002.
atropurpureum),num delineamento fatorial com três repetições,
considerando a manutenção da parte aérea depois do corte na par- O pulgão verde Schizaphis graminum (Rond., 1852) (Hemip-
cela ou a retirada da parte aérea da área experimental. Foram também tera: Aphididae) é considerado praga-chave do sorgo, e como plan-
analisadas amostras de uma área adjacente com vegetação espon- tas tratadas com silício têm apresentado resistência a pulgões, este
tânea (mata de capoeira) e capim colonião (Panicum maximum). As trabalho teve como objetivo avaliar a indução de resistência a este
amostras de solo foram coletadas em duas profundidades (0-5 e inseto-praga pela aplicação de silicato de sódio e infestação inicial
5-10 cm), realizando-se o fracionamento da matéria orgânica e a ava- com pulgões em baixa densidade populacional. Aos 13 dias após a
liação das características estruturais dos ácidos húmicos. semeadura, aplicou-se no solo, ao redor da planta, 50 mL de solu-
As leguminosas avaliadas não alteraram o conteúdo de car- ção de silicato de sódio a 4%, e aos 23 dias infestou-se as plantas
bono orgânico total, mas promoveram acúmulo de ácidos húmicos com cinco pulgões. O teste de livre escolha foi montado aos 43 dias,
(AH) na camada superficial. Os AH podem ser utilizados como com- em placas de Petri, com quatro seções foliares de cada tratamento e
postos indicadores dos efeitos do manejo sobre a fração orgânica 20 pulgões, sendo a avaliação realizada às 72 horas, pela contagem
do solo, pois apesar do pouco tempo de implementação do experi- de pulgões adultos. No teste de confinamento, realizado com copos
mento (28 meses) foi verificada incorporação significativa de car- plásticos, foram avaliados 10 pulgões por seção.
bono e nitrogênio provenientes dos resíduos orgânicos das legu- Os resultados demonstraram que a aplicação de silicato de
minosas. O manejo dos resíduos vegetais não alterou aspectos sódio e a infestação inicial das plantas não influenciaram na morta-
quantitativos da distribuição de matéria orgânica humificada, mas lidade e duração do período pré-reprodutivo e reprodutivo do pul-
conferiu maior grau de condensação aos ácidos húmicos avaliados gão-verde, porém seções foliares de plantas submetidas à infestação
pela análise da composição elementar, espectroscopia de IV e de inicial ou aplicação de silício apresentaram menor número de pul-
fluorescência. gões no teste de livre escolha.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004 15


21. FIELD TEST OF A NEW COTTON PETIOLE MONITORING TECHNIQUE
OOSTERHUIS, D.M.; COKER, D.L.; PLUNKETT, D.E. In: Summaries of Arkansas Cotton Research 2002.
Fayetteville: Arkansas Agricultural Experiment Station, 2003. p. 121-128. (AAES Research Series 507)
(http://www.uark.edu/depts/agripub/Publications/researchseries/507.pages111-225.pdf)

2RESEARCH PROBLEM high-soil K plots at recommended rates (i.e., 50 to 96 lb K2O/acre)


Potassium (K) deficiencies in cotton (Gossypium hirsutum L.) based on University of Arkansas fertilizer recommendations (Sabbe,
are frequently observed in fields during the mid- to later-parts of 1998). Other fertility inputs, and insect and weed control were
the growing season. Previous research has shown that the boll managed according to Extension recommendations for cotton grown
load was a major driving force influencing petiole nutrient levels in Arkansas. Beginning two weeks after pinhead square, 10 to 15
(Oosterhuis and Bondada, 2001) and that petioles lower in the petioles from main-stem nodes 4 and 8 were sampled weekly from
canopy, closer to the developing boll load, may be more sensitive the plots without foliar-applied K. Upon collection, the petioles
to plant nutrient levels (Bednarz and Oosterhuis, 1996). Hence, were promptly dried at 60°C, ground to pass a 2 mm screen, and
analysis of the lower-position petioles should more clearly show submitted to the Arkansas Soil Test Research Laboratory at
the development of a pending K deficiency such that timely remedial Marianna, AR, for nutrient analysis. Final lint yield and components
action can be taken. of yield were determined by hand harvesting a 1-m length from each
of the two center yield rows and counting the number of bolls. Gin
BACKGROUND INFORMATION turnout was calculated for each plot by ginning a 120 g subsample
of seedcotton.
Symptoms of K deficiency frequently occur in cotton fields
when root growth is reduced after flowering and the rapidly
RESULTS AND DISCUSSION
developing boll load serves as the dominant sink for available K
(Oosterhuis, 1995). Previous research evaluated the petiole sampling Rainfall amounts were below the long-term average in July
program with particular respect to physiological factors influencing but near average and unevenly dispersed during August, 2002.
plant response to deficiencies (Bednarz and Oosterhuis, 1996; Zhao Day/night maximum temperatures were moderate throughout the
and Oosterhuis, 1998). In the previous two years, conventional and boll development stage compared to previous growing seasons at
modified petiole sampling procedures were compared in field tests Fayetteville.
at ten Cotton Research Verification Program (CRVP) sites on farms
Petiole K
in Arkansas (Oosterhuis and Coker, 2001). The results showed that
the lower petiole (i.e. eighth main-stem node) did indeed show a Potassium deficiency symptoms were apparent in mid- to
drop in K status before the conventionally sampled fourth node upper-canopy leaves beginning at first flower under the high soil-K
from the terminal. However, it was still not possible to show that and more consistently under the low soil-K levels. The concentration
this was actually indicating a K deficiency or just a large drain on of K was significantly greater (pd0.05) in node 4 compared to node
plant-K supply due to the developing boll load. Furthermore, be- 8 petioles under the well-watered, high or low soil-K treatments
cause almost half the cotton in the mid-South is dryland, it was from three weeks after pinhead square until three weeks after first
important to determine how water stress might affect K concentra- flower (Figure 1).
tion in petioles. The objective of this
study was to observe the effect of
soil K level/fertilizer regime, plant wa-
ter status, and developing boll-load
size (reflected in lint yield) on petiole
N and K status from two positions
in the canopy (fourth and eighth
main-stem node from the terminal).

RESEARCH DESCRIPTION
Cotton was grown in field
plots at the Arkansas Agricultural
Research Center in Fayetteville, AR,
during summer 2002. Eight treatment
combinations of well-watered or
dryland conditions, high-soil K or
low-soil K, and with foliar-applied K
or without foliar-K were arranged in
a split-split plot design with five
replications. Each plot consisted of
four 30-ft long rows, spaced 39 in.
apart. The cotton cultivar Suregrow
215 BR was planted into a modera-
tely well-drained Captina silt loam
on 23 May 2002. Preplant granular Figure 1. Petiole KNO3-N status at main-stem nodes 4 and 8 in cotton grown under well-watered or dryland
KCl fertilizer was hand broadcast to conditions and high or low soil-K levels. Fayetteville, AR, 2002.

16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004


These observations were very similar to our earlier obser- flower at either level of soil K under well-watered conditions. Under
vations at Clarkedale in 2001 and Rohwer, AR, in 1999 (data not water-stressed conditions and both levels of soil K, node 4 petiole
shown). NO3-N concentration was lower (pd0.05) compared to node 8 at
Petiole-K concentration in node 4 and 8 petioles differed three weeks after pinhead square and first flower. At these early
considerably less under dryland as compared to well-watered con- stages, the NO3-N concentrations shown in fourth-node petioles
ditions throughout the sampling period. However, we did observe rather than eighth-node petioles would have been considered near
a lower K concentration in node 8 as
compared to node 4 petioles at one
(pd0.1) and four weeks (pd0.05) after Table 1. Effects of water stress (wat), soil K level (sK), and main-stem node position (MSN) on petiole
first flower under either level of soil K. nutrient concentrations in field-grown cotton, Fayetteville, AR, 2002.
Again, these observations were Sampling stage Treatment/interaction NO 3-N P K S
similar to what we saw previously at - - - - - - - - - - - - Statistical difference - - - - - - - - - - - - -
Clarkedale and Rohwer, AR. According z
PS + 2 weeks MSN NSy P=0.05 P=0.05 P=0.05
to existing Cooperative Extension re-
wat × MSN NS NS NS NS
commendations for Arkansas, petiole
sK × MSN NS NS P=0.05 P=0.05
K concentrations were inadequate for
wat NS NS NS NS
optimal production in all of our primary
sK NS NS P=0.05 P=0.05
treatments beginning at first flower.
wat × sK NS NS NS NS
A significant (pd0.05) water x
main-stem node interaction for petio- PS + 3 weeks MSN NS P=0.05 P=0.05 P=0.05
le-K concentration was observed be- wat × MSN P=0.05 p=0.1 P=0.05 p=0.1
ginning three weeks after pinhead sK × MSN NS NS NS NS
square through each sampling date wat P=0.05 NS p=0.1 P=0.05
until four weeks after first flower (Ta- sK NS NS P=0.05 NS
ble 1). Water deficit appeared to mini- wat × sK NS p=0.1 p=0.1 NS
mize the difference in petiole-K con- x
centration between nodes 4 and 8 FF MSN NS P=0.05 P=0.05 P=0.05
beginning at three weeks past the pi- wat × MSN P=0.05 P=0.05 P=0.05 P=0.05
nhead square stage of growth. Again, sK × MSN NS NS NS NS
these results appeared to be consis- wat P=0.05 P=0.05 P=0.05 P=0.05
tent with those from our previous stu- sK NS NS NS NS
dies on double-petiole sampling. Under wat × sK NS p=0.1 NS NS
water-stressed conditions four weeks FF + 1 week MSN p=0.1 P=0.05 P=0.05 P=0.05
after first flower, petiole K concentra- wat × MSN P=0.05 P=0.05 P=0.05 P=0.05
tions in node 8 petioles were rapidly sK × MSN NS NS NS NS
declining and lower (pd0.05) than in wat P=0.05 P=0.05 p=0.1 P=0.05
node 4 petioles.
sK NS NS NS P=0.05
Overall, the earliest and most wat × sK NS p=0.1 NS p=0.1
clear signal of a pending K deficiency
was shown by sampling node 8 (from FF + 2 weeks MSN NS P=0.05 P=0.05 P=0.05
the terminal) rather than node 4 petio- wat × MSN P=0.05 P=0.05 P=0.05 NS
les, particularly under wellwatered sK × MSN NS NS NS NS
conditions. wat p=0.1 P=0.05 P=0.05 NS
Petiole NO3-N sK NS NS NS NS
wat × sK NS NS NS NS
Overall, petiole NO3-N measu-
red in nodes 4 and 8 decreased rapidly FF + 3 weeks MSN P=0.05 P=0.05 P=0.05 P=0.05
between two weeks after pinhead wat × MSN NS P=0.05 P=0.05 NS
square and first flower and thereafter sK × MSN NS NS NS NS
decreased more gradually or leveled wat NS P=0.05 P=0.05 p=0.1
off with the progression of boll deve- sK NS NS NS NS
lopment under well-watered or wa- wat × sK NS NS NS NS
terstressed conditions (data not
shown). Beginning at three weeks after FF + 4 weeks MSN P=0.05 P=0.05 P=0.05 P=0.05
pinhead square, petiole NO3-N was wat × MSN P=0.05 NS P=0.05 NS
generally lower (pd0.05) in node 8 sK × MSN NS NS NS NS
versus node 4 petioles under either wat p=0.1 NS NS NS
level of soil K, in well-watered con- sK NS NS P=0.05 NS
ditions. According to Extension re- wat × sK NS NS P=0.05 NS
commendations (Snyder et al., 1995), z PS = pinhead square stage.
node 8 petiole NO3-N concentrations y NS = not statistically significant.
were in the deficient range by first x FF = first flower.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004 17


deficient by Extension recommendations. At three and four weeks stressed conditions, collection of node 8 petioles for monitoring
after first flower, NO3-N concentration in the node-8 petiole was plant K status appears equally sufficient to collecting node 4 petioles
lower (pd0.05) compared to node 4 petiole NO3-N under dryland for detection of a pending deficiency. However, node 4 petioles
conditions and either level of soil K. We observed a water level x may be better than node 8 for detection of N deficiencies at early
mainstem node interaction (pd0.05) for petiole NO3-N at three weeks flowering but not necessarily throughout the peak boll development
after pinhead square through four weeks after first flower, except stage under water-stressed conditions. Therefore, cotton producers
no interaction was observed at three weeks after first flower (Ta- should strongly consider the plant moisture status and apparent
ble 1). We observed the same pattern of interactions with the boll loads when monitoring nutrient levels in petioles during the
same study the previous season. The repeated observation of flowering and boll development stages. Our studies have shown
this interaction seemed to confirm that a water deficit can magnify that sampling node 8 as opposed to node 4 petioles may be the
the difference between node 4 and 8 petiole NO3-N concentration most effective way to monitor and ameliorate yield-limiting K and N
prior to first flower and the effect may last into the early boll deficiencies in the cotton plant.
development stage.
ACKNOWLEDGMENTS
The authors thank Vaughn Skinner and support
staff at the Arkansas Research and Extension Center at
Fayetteville, AR for their help with field preparation. We
also thank Chris Grimes, Mississippi County; Shawn
Payne, Phillips County; and Sunny Wilkerson, Lincoln
County, with the University of Arkansas Cooperative
Extension Service for on-farm petiole sampling, and Cotton
Incorporated for financial assistance.

LITERATURE CITED
BEDNARZ, C.W.; OOSTERHUIS, D.M. Partitioning of
potassium in the cotton plant during the development of
a potassium deficiency. Journal of Plant Nutrition, v. 19,
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in the cotton plant as influenced by soil and foliar potas-
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CSIRO, Brisbane, Australia, 1995. p. 133-146.
at Clarkedale in 2001 and Rohwer in 2000 (data not shown), node
4 versus node 8 petiole P and S concentrations were different in OOSTERHUIS, D.M.; BONDADA, B.R. Yield response of cotton to
much the same way as petiole K regarding seasonal plant water foliar nitrogen as influenced by sink strength, petiole and soil
status and main-stem node position for petiole sampling. nitrogen. Journal of Plant Nutrition, v. 24, p. 413-422, 2001.

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Extension Service, 1995.
Our results have shown that soil and plant water status can
interact with the availability of petiole NO3-N and K at different ZHAO, D.; OOSTERHUIS, D.M. Cotton petiole and leaf nutrient
main-stem nodal positions (for petiole sampling). Under well-watered responses to decreased light intensity and sampling time. In:
conditions, collection of node 8 instead of node 4 petioles will likely SABBE, W.E. (Ed.). Arkansas Soil Fertility Studies 1997.
result in a more accurate assessment of pending K deficiencies Fayetteville: University of Arkansas, Agricultural Experiment Sta-
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18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004


PAINEL AGRONÔMICO

tem toda a tecnologia para a produção no cerrado. É uma cultura


MOSAIC COMPANY INICIA OPERAÇÕES
viável”, afirmou Amabile. O custo de produção é de cerca de R$ 1,1
NA BOLSA DE NOVA YORK mil por hectare.
A Malteria do Vale confirma que investir na cevada do Cen-
Começaram a ser negociadas na Bolsa de Valores de Nova
tro-Oeste é um bom negócio. A empresa mantém um convênio com
York as ações ordinárias da The Mosaic Company. A nova empresa
a Embrapa e aplica R$ 150 mil por ano no desenvolvimento das
une os negócios e os ativos das unidades pertencentes a Cargill
pesquisas, assistência técnica e fomento da produção. Além de
Crop Nutrition, controlada pela Cargill Incorporated (Cargill), com
garantir a compra da produção, a empresa fornece as sementes a
os da IMC Global Inc. A Mosaic nasce com a expectativa de obter
preço de custo, que são pagas depois da colheita, em produto. “O
receita consolidada de mais de US$ 4,5 bilhões em seu primeiro ano
que a gente quer é que o pessoal plante”, disse o gerente-geral da
fiscal. Contando com cerca de 8 mil funcionários, a empresa mantém
Malteria do Vale, Cássio Ciulla. “A cevada do cerrado tem qualida-
atividades em 15 países e atende clientes em outros 50.
de semelhante à do Sul, mas a sanidade é melhor porque os danos
A Mosaic possui quatro unidades de produção nos Estados causados pela chuva não ocorrem no cerrado. É técnica e economi-
Unidos (Flórida, Michigan, Louisiana e Novo México) e na provín- camente viável, as lavouras são estáveis e a rentabilidade é ótima”,
cia de Saskatchewan, no Canadá. A multinacional também possui disse Ciulla. A empresa produz 70 mil toneladas de malte por ano e
participações acionárias em importantes empresas produtoras de fornece para todas as cervejarias do país. (Valor on line, 22/07/2004)
fosfatados, em mercados de grande crescimento, como a China e
Brasil. No Brasil, a Mosaic vai manter os mesmos produtos e servi-
ços prestados pela Cargill, com o emprego de 1.350 funcionários. PAÍS PESQUISA GRÃOS PARA MEDICAMENTOS
(Agrinova, n. 41, novembro de 2004)
A produção brasileira de organismos geneticamente modifi-
cados com propriedades medicinais, a chamada terceira geração
CEVADA RENASCE NO CERRADO GOIANO dos transgênicos, está mais perto do que parece de chegar ao mer-
cado. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem pron-
Com pesquisa e tecnologia, o cerrado brasileiro segue con- tas variedades de milho enriquecidas com insulina e com o hormônio
firmando a máxima de que em se plantando (quase) tudo dá. Em de crescimento humano HGH, enquanto a Embrapa desenvolve três
agosto, produtores da região leste de Goiás colheram mais uma variedades de soja para a indústria farmacêutica.
safra de cevada, lavoura típica de inverno que até alguns anos atrás Elibio Rech, pesquisador da Embrapa, diz que a produção de
só era plantada no Sul do país. A cevada, principal matéria-prima da componentes medicinais em grãos pode custar até 50 vezes menos
cerveja, sempre foi considerada a “prima pobre” do trigo. Mas os que a produção convencional, feita em laboratório. E pode se tornar
resultados conseguidos em Goiás pelos técnicos da Empresa Brasi- um importante destino para os grãos produzidos no país. Ele diz
leira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão mudando o conceito. que o Brasil produz três componentes medicinais em laboratório e
A rentabilidade do produtor vem sendo garantida por uma importa o resto. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, até
indústria de malte de Taubaté (SP), a Malteria do Vale, que além de setembro o país importou US$ 1,2 bilhão em medicamentos, 15%
comprar toda a produção, também investe na pesquisa. E grandes mais que em igual período de 2003.
cervejarias já começam a se interessar pela produção do cerrado, Há três anos, a Embrapa desenvolve variedades de soja
que, apesar de pequena, apresenta vantagens sobre a cevada que é voltadas à indústria farmacêutica, e a expectativa é que elas che-
plantado no Sul. Goiás deve colher este ano 6,3 mil toneladas, pou- guem ao mercado em até oito anos. Uma das pesquisas, em parceria
co se comparado as 334,8 mil toneladas da safra do Rio Grande do com a Unicamp, inseriu no DNA da soja o gene humano que induz
Sul e do Paraná, responsáveis por mais de 90% da produção brasi- a produção do HGH. Outro trabalho, realizado com a Universidade
leira. Mas o potencial do cerrado é grande. de Brasília (UNB), incluiu o Fator 9 (que permite a coagulação
Enquanto a produtividade média das lavouras do Sul na sangüínea e que é usado como medicamento para hemofílicos) no
safra passada ficou em 2,7 t ha-1, em Goiás o produtor vai colher gene da soja. Em outra pesquisa, também em parceria com a UNB,
este ano quase o dobro: 5 t ha-1. O pesquisador da Embrapa Cerra- foi inserido no DNA da soja o anticorpo humano CD18, capaz de
dos, Renato Amabile, afirma que essa produtividade pode ser ain- detectar pequena quantidade de células cancerígenas no organis-
da maior, acima de 7 t ha-1. O segredo, segundo ele, está na irriga- mo. “Em geral, o componente é usado em exames de detecção do
ção. Como o ciclo de chuvas do Centro-Oeste quase não apresen- câncer de mama e, em alguns casos, no tratamento”, disse Rech.
ta variações, a irrigação garante a quantidade de água necessária Nos três casos, a Embrapa produziu sementes em estufas e
para o desenvolvimento ideal do cereal na época da seca. No Sul, avalia se as quantidades produzidas nas sementes são suficientes
as chuvas de inverno e as geadas quase sempre prejudicam a para garantir a produção dos componentes em escala industrial. A
qualidade da cevada. idéia é que a produção dessas variedades seja em parceria com
Difícil é convencer o produtor a trocar outras lavouras indústrias farmacêuticas.
irrigadas, como tomate ou milho doce, pela cevada. Em Goiás, ape- A Unicamp concluiu em 2002 a criação de uma variedade de
nas 14 produtores estão apostando na cevada. Mesmo assim, o milho que produz insulina. O produto também está em fase de
mercado é promissor. Por ano, o Brasil consome cerca de 1 milhão patenteamento, mas já tem uma empresa interessada, cujo nome é
de toneladas de malte, que é a semente tratada e torrada, mas só mantido em sigilo. No Brasil, as pesquisas de transgênicos de ter-
produz 30% do que precisa. O resto precisa ser importado. “A ceva- ceira geração estão restritas a entidades e universidades públicas.
da é uma commodity, a indústria [cervejeira] acredita e a Embrapa (Valor on line, 09/11/2004)

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004 19


asiática, provocada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, trouxe te-
CENSO DO IBGE RELACIONA mor às lavouras. Muitas vezes detectada tardiamente pelos agricul-
SOJA E DESENVOLVIMENTO tores, ela é capaz de reduzir em até 80% o rendimento da lavoura.
“Tínhamos que ter um monitoramento das nossas plantações”, diz
As estatísticas consolidadas da produção agropecuária bra- o engenheiro agrônomo Gelson Melo de Lima, gerente da unidade
sileira de 2003 por municípios, divulgadas pelo IBGE, mostram que de grãos da Cotrijal. A preocupação faz sentido. Afinal, o sucesso
dos 20 municípios que mais produziram soja no país no ano, 19 no combate a essa doença começa justamente pela sua identifica-
tinham em 2000 (ano do último Censo populacional) Índice de De- ção precoce, além da escolha do fungicida certo e a qualidade na
senvolvimento Humano (IDH) maior que a média nacional, apesar aplicação.
de a maioria deles apresentar taxas de crescimento populacional “Fomos em busca de uma ação preventiva”, informa Nei
bem maiores que a brasileira. Para os analistas do IBGE, esses nú- César Mânica, presidente da Cotrijal. Para que essa precaução fos-
meros indicam que a cultura da soja gera desenvolvimento. A safra se de fato eficiente, a cooperativa apostou na tecnologia. Começou
de grãos de 2003 foi a maior da história do Brasil (123,6 milhões de com a aquisição de uma
toneladas) e a soja respondeu por 42% do total. estação meteorológica
O IDH é um indicador criado pelas Nações Unidas para me- para não só medir a tem-
dir o grau de bem-estar das populações, baseado nos níveis de peratura, mas também
renda, educação e expectativa de vida. A escala vai de zero a um, em conhecer as condições
ordem crescente. Em 1991 (ano do Censo anterior), três dos mes- de umidade e velocidade
mos 20 municípios produtores de soja tinham IDH menor que o do do vento. Os dados ge-
país. Desses municípios, 11 tiveram aumento do índice de bem- rados pelo equipamento
estar de 1991 para 2000 maior que a média nacional e os demais são enviados para um
aumentaram em nível próximo à média. O município de Sorriso, no computador instalado a
Mato Grosso, maior produtor de soja do país, com 1,6 milhão de 1,5 quilômetro de distân-
toneladas no ano passado, tinha também o melhor IDH entre os cia onde um software cruza todas as informações que chegam aos
grandes produtores, 0,824. produtores e agrônomos por e-mail ou por meio de torpedos no
O IBGE mostra que das 51,9 milhões de toneladas produzidas celular. Dessa forma, fica fácil saber se a região tem ou não condi-
pelo Brasil em 2003, o Estado do Mato Grosso respondeu por pratica- ções de ser atingida pela ferrugem e qual o melhor momento para
mente um quarto do total, com 12,97 milhões de toneladas. A região combatê-la.
Centro-Oeste respondeu por 45,3% da produção total (23,5 milhões)
Segundo Fernando Martins, coordenador técnico do Deagro
e a região Sul produziu 41% de toda a soja colhida no país naquele
– Departamento Agronômico da Cotrijal, as informações são trans-
ano (21,3 milhões de toneladas). Fora do Sul e Centro-Oeste, os maio-
mitidas duas vezes ao dia para os cadastrados no sistema. Até
res produtores são Minas Gerais, São Paulo e Bahia, nesta ordem.
agora, 30 agrônomos e 50 produtores recebem os relatórios diários.
O milho, que ocupa o segundo lugar na produção de grãos No entanto, como algumas propriedades são próximas umas das
brasileira – 39% do total no ano passado –, tem maior concentração outras, Martins acredita que mais de três mil cooperados são bene-
na região Sul, que respondeu por metade da produção no ano pas- ficiados com a tecnologia. “Os agricultores avisam uns aos outros
sado (24,1 milhões de 48,3 milhões de toneladas). O Estado do Paraná sobre os perigos”, diz.
produziu sozinho 14,4 milhões de toneladas, seguido pelo Rio Gran-
O Sistema de Alerta e Monitoramento de Doenças da Cotrijal
de do Sul, com 5,4 milhões. Minas Gerais, na região Sudeste, é o
fez bem ao bolso do produtor. De posse das informações sobre as
terceiro maior produtor do país, com 5,3 milhões de toneladas.
possibilidades de infecção da lavoura, ao invés de ter que fazer de
Além de milho, o Paraná foi o maior produtor brasileiro de duas a três aplicações de defensivos previstos na safra, o agricul-
feijão, trigo, aveia, cevada, entre os grãos, e de rami, entre as cultu- tor realiza apenas 1,2 aplicação por propriedade. Uma economia
ras em geral. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de 14 lavouras, de seis milhões de reais em fungicidas. (http://revistagloborural.
incluindo arroz, fumo e erva-mate. Já a Bahia detém a liderança em globo.com)
oito lavouras, com uma curiosidade: é a maior produtora de guaraná,
produto geralmente associado à região Norte do país. Em compen-
sação, o dendê, normalmente associado à cultura baiana, tem no USOS ESPECIAIS DA SOJA
Pará o seu maior produtor. (Valor on line, 26/11/2004)
A utilização industrial da soja sob novas formas está sendo
incentivada pela pesquisadora Mercedes Carrão-Panizzi, da Embrapa
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Soja.
FAZ BEM AO BOLSO DO PRODUTOR Segundo ela, um dos produtos que vêm sendo elaborados
com intensidade nos Estados Unidos é a tinta para jornal e gráfica à
O velho ditado de que a prevenção é o melhor de todos os base de óleo de soja, já usada por quase 10% dos jornais americanos.
remédios norteou a Cotrijal – Cooperativa Tritícola Mista Alto Jacuí É uma tinta mais clara (não tinge as mãos), biodegradável (impor-
Ltda. Em 1996, com o surgimento do oídio, uma doença provocada tante para a reciclagem do papel), que requer menos pigmentação
por um fungo que causa a queda das folhas e a seca das vagens nas (podendo, portanto, reduzir o custo), usando 100% do óleo de soja.
plantações de soja, os cooperados colheram prejuízos: houve per- Também cita outros produtos à base de óleo de soja desen-
das de 25% na produção de algumas variedades. Além disso, a volvidos nos Estados Unidos, como protetor solar, resina de cola
praga surgiu no início do cultivo, deixando a porta aberta para ou- de compensados, plásticos de proteção de carros e lubrificantes.
tros males conhecidos por dfc’s – doenças de final de ciclo. Destaca ainda que a soja é matéria-prima renovável, biodegradável
Na safra 2001/02 a cooperativa se deparou com um outro mal e saudável, de grande importância para o futuro do planeta. (Anuá-
ainda maior e mais preocupante. Uma doença chamada ferrugem rio Brasileiro da Soja 2004)

20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004


CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
EVEN TOS DA POTAFOS EM 2005
VENTOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

1. SIMPÓSIO SOBRE RELAÇÕES ENTRE NUTRIÇÃO MINERAL E


INCIDÊNCIA DE DOENÇAS DE PLANTAS
Local: Hotel Antonio’s Palace, Piracicaba-SP Objetivos:
Data: 27/FEVEREIRO a 01/MARÇO/2005 1. Entender:
Taxa de inscrição: • Os mecanismos naturais de resistência das plantas contra doenças assim
R$ 150,00 Profissionais em geral como os mecanismos de proteção das plantas através dos fungicidas.
R$ 100,00 Docentes e pesquisadores • Os efeitos dos nutrientes essenciais (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cl, Cu, Fe,
R$ 50,00 Estudantes (30 vagas) Mn, Mo, Ni, Zn) e do Si na defesa da planta contra doenças.
Inscrição: POTAFOS • Os efeitos dos herbicidas e dos reguladores de crescimento na patolo-
Telefone: (19) 3433-3254, ou gia vegetal.
E-mail: potafos@potafos.com.br ou Website: www.potafos.org 2. Mesa redonda para discutir a ferrugem da soja.

PROGRAMA
27/02/05 (Domingo) 10:00-10:30 Coffee break
14:00-18:00 Inscrição e entrega de materiais PAINEL 3: OUTROS FATORES ABIÓTICOS E AS DOENÇAS
28/02/05 (Segunda-feira) 10:30-11:15 Papéis do silício na incidência e na resistência às doenças
08:00-08:15 Cerimônia de abertura de plantas – Gaspar Korndörfer, UFU, fone: (34) 3218-
PAINEL 1: A DEFESA VEGETAL 2225 ramal 215/216, e-mail: ghk@triang.com.br (http://genos.
cnpq.br:12010/dwlattes/owa/prc_imp_cv_int?f_cod=
08:15-09:00 Membranas plasmáticas e papéis na resistência contra K4721188P3) e Fabricio de Ávila, UFV, fone: (31) 3899-
doenças de plantas – Ricardo Ferraz de Oliveira, 2620, e-mail: fabricioarodrigues@hotmail.com (http://genos.
ESALQ-USP, fone: (19) 3429-4136, e-mail: rfolivei@ cnpq.br:12010/dwlattes/owa/prc_imp_cv_int?f_cod=K47
esalq.usp.br (http://genos.cnpq.br:12010/dwlattes/owa/ 09080E6)
prc_imp_cv_int?f_cod=K4781205Y2) 11:15- 12:00 Implicações hormonais na incidência de doenças de plan-
09:00-09:45 Mecanismos bioquímicos na resistência de plantas às doen- tas – Paulo Roberto de Camargo e Castro, ESALQ-
ças – Sérgio Florentino Pascholati, ESALQ-USP, fone: USP, fone: (19) 3429-4268 ramal 214, e-mail: prcastro@
(19) 3429-4124, e-mail: sfpascho@carpa.ciagri.usp.br esalq.usp.br (http://genos.cnpq.br:12010/dwlattes/owa/
(http://genos.cnpq.br:12010/dwlattes/owa/prc_imp_cv_ prc_imp_cv_ext?f_cod=E829522)
int?f_cod=E06847) 12:00-12:30 Discussão
09:45-10:30 Modo de ação dos fungicidas contra as doenças de plantas 12:30-14:00 Almoço
– Fernando C. Juliatti, UFU, fone: (34) 3218-2225, ra- 14:00-15:30 Implicações dos herbicidas nas interações microbianas
mal 202, e-mail: juliatti@ufu.br (http://genos.cnpq.br:12010/ solo-cultura e o potencial de doenças de plantas – Robert
dwlattes/owa/prc_imp_cv_ext?f_cod=K4787141T6) Kremer, University of Missouri, fone: 00xx 1-573-882-
10:30-11:00 Coffee break 6408, e-mail: KremerR@missouri.edu (http://www.snr.
11:00-12:00 Discussão missouri.edu/seas/kremer.html)
12:00-14:00 Almoço 15:30-16:00 Discussão
16:00-16:30 Coffee break
PAINEL 2: NUTRIÇÃO MINERAL E DOENÇAS DE PLANTAS
PAINEL 4: MESA REDONDA: FERRUGEM DA SOJA – outros
14:00-15:30 Papéis do nitrogênio e do enxofre na incidência e na resis- fatores abióticos, além de solo e clima, envolvidos
tência às doenças de plantas – Don Huber, Purdue Uni- com a doença?
versity, fone: 001-765-494-4652, e-mail: huberd@purdue.edu
16:30-18:00 Moderador: T. Yamada, POTAFOS, fone: (19) 3433-
(http://www.btny.purdue.edu/Faculty/Huber/)
3254, e-mail: yamada@potafos.com.br
15:30-16:00 Discussão Debatedores: Todos os palestrantes do programa, mais
16:00-16:30 Coffee break os convidados:
16:30-18:00 Papéis do fósforo, potássio, cálcio e magnésio na inci- José Tadashi Yorinori, Embrapa Soja, fone: (43) 3371-6251,
dência e na resistência às doenças de plantas – Volker e-mail: tadashi@cnpso.embrapa.br (http://genos.cnpq.br:
Römheld, Hohenheim University, fone: 49-711-459-2344, 12010/dwlattes/owa/prc_imp_cv_ext?f_cod=P9144)
e-mail: roemheld@uni-hohenheim.de (http://www.uni- Carlos Arrabal Arias, Embrapa Soja, fone: (43) 3371-6271,
hohenheim.de/i3ve/00032900/02836041.htm) e-mail: arias@cnpso.embrapa.br (http://genos.cnpq.br:
18:00 18:30 Discussão 12010/dwlattes/owa/prc_imp_cv_ext?f_cod=K478266 9U2)
Romeu Kiihl, TMS, (43) 223-1553, e-mail: romeuk@
01/03/05 (Terça-feira) fundacaomt.com.br (http://genos.cnpq.br:12010/dwlattes/
08:00-09:30 Papéis dos micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn) owa/prc_imp_cv_int?f_cod=K4794562T6)
na incidência e na resistência às doenças de plantas – Pedro Henrique Aragão, FUEL, fone: (43) 3371-4611/
Ismail Cakmak, Sabanci University, fone: +90 (0216) 4266, e-mail: phtd@ranpac.net; phtd@uel.br (http://genos.
483-9524, e-mail: cakmak@sabanciuniv.edu (http://people. cnpq.br:12010/dwlattes/owa/prc_imp_cv_int?f_cod=K47
sabanciuniv.edu/~cakmak/CV-CAKMAK.doc) 87165Z6)
09:30-10:00 Discussão 18:00-18:10 Encerramento

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004 21


2. WORKSHOP SIMPAS
Sistema Integrado de Manejo da Produção Agropecuária Sustentável
(POTAFOS junto com ANDA, ANDEF, ABAG e outras associações do agronegócio)

Local: Chapadão do Sul-MS Informações:


Data: 04-06/ABRIL/2005 POTAFOS
Local: Primavera do Leste-MT Telefone: (19) 3433-3254
Data: 02-04/MAIO/2005 ANDEF: Marçal Zuppi
Local: Sete Lagoas-MG Telefone: (11) 3081-5033
Data: 19-21/SETEMBRO/2005 Celular: (11) 9992-0823

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
OUTROS EVENTOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

1. 13o ENCONTRO TÉCNICO DE MILHO E SOJA 6. AGRISHOW RIBEIRÃO PRETO 2005


6a EXPOSIÇÃO DE TECNOLOGIAAGRÍCOLA –
Local: Ribeirão Preto-SP
MA SHOU TAO
Data: 16 a 21/MAIO/2005
Local: Fazenda Boa Fé, Conquista-MG Informações: Telefone: (11) 5582-6421
Data: 16 a 18/FEVEREIRO/2005 E-mail: agrishow@agrishow.com.br
Informações: Telefax: (34) 3336-4544 Website: www.agrishow.com.br
E-mail: boafe@sementesboafe.com.br
Website: www.sementesboafe.com.br 7. 27ª SEMANA DA CITRICULTURA - 31ª EXPOCITROS
36º DIA DO CITRICULTOR

2. FEICANA2005 - FEIRADE NEGÓCIOS DAAGROINDÚSTRIA Local: Cordeirópolis-SP


SUCROALCOOLEIRA Data: 06 a 10/JUNHO/2005
Informações: Telefone: (19) 3546-1399
Local: Araçatuba-SP E-mail: elizete@centrodecitricultura.br
Data: 08 a 10/MARÇO/2005 Website: www.centrodecitricultura.br
Informações: Telefone: (18) 3624-9655
Website: www.feicana.com.br 8. IFA-IFDC NITROGEN FERTILIZER PRODUCTION
TECHNOLOGY WORKSHOP
3. AGRISHOW CERRADO 2005 Local: Maastricht, Holanda
Local: Rondonópolis-MT Data: 13 a 17/JUNHO/2005
Data: 19 a 23/ABRIL/2005 Informações: International Fertilizer Industry Association (IFA)
Informações: Telefone: (66) 423-2041 Telefone: +33 1 5393-0500
Telefax: (11) 5591-6306 Telefax: + 33 1 5393-0545
E-mail: fundacaomt@fundacaomt.com.br E-mail: ifa@fertilizer.org
Website: www.agrishow.com.br Website: www.fertilizer.org

9. IFA INTERNATIONAL WORKSHOP ON ENHANCED


EFFICIENCY FERTILIZERS
4. 3º CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE
PLANTAS Local: Frankfurt, Alemanha
Data: 28 a 30/JUNHO/2005
Local: Hotel Serrano, Gramado-RS Informações: Idem item 8
Data: 09 a 12/MAIO/2005
Informações: Telefone: (54) 311-3444
10. IFA-IFDC PHOSPHATE FERTILIZER PRODUCTION
E-mail: cbmp2005@cnpt.embrapa.br
TECHNOLOGY WORKSHOP
Website: www.cnpt.embrapa.br/eventos/cbmp2005
Local: Brussels, Bélgica
Data: 26 a 30/SETEMBRO/2005
5. 9º SICONBIOL - Simpósio sobre Controle Biológico Informações: Idem item 8
Local: Recife-PE
11. IFAREGIONALCONFERENCE FORASIAANDTHE PACIFIC
Data: 15 a 10/MAIO/2005
Informações: Telefone: (81) 3465-8594 Local: Bali, Indonésia
E-mail: cejem@elogica.com.br Data: 06 a 08/DEZEMBRO/2005
Website: nicc.cpqam.fiocruz.br/siconbiol2005 Informações: Idem item 8

22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004


PUBLICAÇÕES DA POTAFOS

R$/exemplar BOLETINS TÉCNICOS


10,00 "Nutrição e adubação do feijoeiro"; C.A. Rosolem (91 páginas)
10,00 "Nutrição e adubação do arroz"; M.P. Barbosa Filho (120 páginas, 14 fotos)
10,00 "Potássio: necessidade e uso na agricultura moderna" (45 páginas, 34 fotos)
LIVROS
20,00 "A estatística moderna na pesquisa agropecuária"; F. Pimentel Gomes (162 páginas)
20,00 “Desordens nutricionais no cerrado”; E. Malavolta; H.J. Kliemann (136 páginas)
20,00 "Ecofisiologia na produção agrícola"; P.R.C. Castro e outros (ed.) (249 páginas)
20,00 "Nutrição mineral, calagem, gessagem e adubação dos citros"; E. Malavolta (153 páginas, 16 fotos)
20,00 "Nutrição e adubação da cana-de-açúcar"; D.L. Anderson & J.E. Bowen (40 páginas, 43 fotos)
20,00 "Fertilizantes fluidos"; G.C. Vitti & A.E. Boaretto (ed.) (343 páginas, 12 fotos)
30,00 "Cultura do cafeeiro"; A.B. Rena e outros (ed.) (447 páginas, 49 fotos) (LIQUIDAÇÃO DE ESTOQUE)
40,00 "Avaliação do estado nutricional das plantas - 2ª edição"; Malavolta e outros (319 páginas)
40,00 "Manual internacional de fertilidade do solo - 2ª edição, revisada e ampliada" (177 páginas)
40,00 “Cultura do algodoeiro”; E. Cia; E.C. Freire; W.J. dos Santos (ed.) (286 páginas, 44 fotos)
40,00 "A cultura da soja nos cerrados"; Neylson Arantes & Plínio Souza (eds.) (535 páginas, 35 fotos)
40,00 "Nutrição e adubação de hortaliças"; Manoel E. Ferreira e outros (ed.) (487 páginas)
40,00 "Micronutrientes na agricultura"; M.E. Ferreira & M.C.P Cruz (ed.) (734 páginas, 21 fotos)
40,00 "Cultura do feijoeiro comum no Brasil"; R.S. Araujo e outros (coord.) (786 páginas, 52 fotos)
120,00 “Fósforo na agricultura brasileira”; Yamada, T. & Abdalla, S.R.S. e (ed.) (726 p.)
CD-ROM
30,00 “Monitoramento Nutricional para a Recomendação da Adubação de Culturas” (Anais/DRIS e Pass)
30,00 Anais do Simpósio sobre Fisiologia, Nutrição, Adubação e Manejo para Produção Sustentável de Citros (Anais/
DRIS para citros)
50,00 Anais do I Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (4 CD’s: vídeos, palestras e slides)
50,00 Anais do II Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (4 CD’s: vídeos, palestras e slides)
50,00 Anais do III Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (4 CD’s: vídeos, palestras e slides)
50,00 Anais do IV Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (3 CD’s: vídeos, palestras e slides)
50,00 Anais do Workshop “Relação entre Nutrição de Plantas e Incidência de Doenças” (4 CD’s: vídeos, palestras e
slides)
JORNAL INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS (edição trimestral: Março, Junho, Setembro e Dezembro)
40,00 Assinatura anual (ou quatro números)
ARQUIVOS DO AGRÔNOMO
Nº 1 - A pedologia simplificada (2ª edição - revisada e modificada) (16 páginas e 27 fotos)
Nº 2 - Seja o doutor do seu milho - 2a edição, revisada e modificada (16 páginas e 27 fotos)
Nº 3 - Seja o doutor do seu cafezal (12 páginas, 48 fotos)
10,00 Nº 4 - Seja o doutor de seus citros (16 páginas, 48 fotos) DESCONTOS
cada
Nº 6 - Seja o doutor da sua cana-de-açúcar (16 páginas, 48 fotos) Para compras no valor de:
número
Nº 8 - Seja o doutor do seu algodoeiro (24 páginas, 77 fotos)
Nº 9 - Seja o doutor do seu arroz (20 páginas, 41 fotos) R$ 100,00 a R$ 200,00 = 10%
Nº 11 - Como a planta de soja se desenvolve (21 páginas, 38 fotos) R$ 200,00 a R$ 300,00 = 15%
Nº 12 - Seja o doutor do seu eucalipto (32 páginas, 71 fotos) R$ 300,00 a R$ 400,00 = 20%
No 15 - Como a planta de milho se desenvolve (20 páginas, 52 fotos) mais que R$ 400,00 = 25%

POSTAGEM:
ATENDEMOS SOMENTE VIA SEDEX A COBRAR
Pedidos: POTAFOS - Caixa Postal 400 - CEP 13400-970 - Piracicaba-SP ou via internet: www.potafos.org
Formas de pagamento:
• cheque nominal à POTAFOS anexado à sua carta com a relação das publicações desejadas.
• depósito bancário: Bradesco S.A. - Agência 2209-8 - Conta 022442-1. Favor enviar comprovante via fax: (19) 3433-3254
Dados necessários para a emissão da nota fiscal: nome, CPF (ou razão social, com CGC e Inscrição Estadual), instituição,
endereço, bairro/distrito, CEP, município, UF, fone/fax, e-mail.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004 23


Ponto de Vista

UMA LUZ PARA A AGRICULTURA DO HEMISFÉRIO SUL


Tsuioshi Yamada

A
“Gazeta Mercantil” de 03.02.05 traz um artigo muito Mesmo cético, é preciso torcer a favor do sucesso da iniciati-
oportuno intitulado “Uma nova visão da agricul- va, que sem o glamour de Davos ou o apelo populista de Porto
tura”, de autoria de Abdoulaye Wade, presidente Alegre, pode tornar-se um importante fórum para a discussão dos
do Senegal. Nele, o autor faz uma análise dos principais desafios a problemas agrícolas do Hemisfério Sul, principalmente a questão de
serem enfrentados pela agricultura do Hemisfério Sul: aumento da acesso ao mercado, que depende de decisões intergovernamentais.
(baixa) produtividade, acelerada perda de participação de seus mer- Em recente visita ao Japão, entendi na prática o que signi-
cados e o declínio contínuo no preço de suas mercadorias básicas. fica acesso ao mercado. Meia dúzia de tangerinas vendidas por
Para debatê-los, convida chefes de Estado, políticos, cientistas, US$ 5,00! Que poderiam ser mais baratas com a abertura do merca-
representantes da sociedade civil e setor privado para discutir as do. Mas então os produtores locais iriam à falência...
saídas a estes desafios no Fórum Agrícola Internacional, dias 4 e 5 Sabendo que nossos citricultores recebem ao redor de
de Fevereiro, em Dakar. Menciona ainda no seu artigo que “a mis- US$ 3,00 por caixa (40,8 kg) de laranja, fiquei a pensar se não
são dos agricultores do Sul é complexa em face dos constrangimen- haveria um meio termo adequado entre estes dois extremos, de
tos impostos pelo acesso ao mercado, aos subsídios obtidos pelos proteção total ao abandono total do produtor rural. No primeiro
países do Norte, à assimetria do mercado, à distribuição desigual de caso, é penalizado o consumidor, que deixa de ter acesso a uma
conhecimento e tecnologias e exigências de uma demanda domés- cesta de alimentos mais barata. No outro extremo, é o produtor
tica de crescimento exponencial, fatores que devem ser considera- rural, que fica, então, à mercê da força bruta do mercado.
dos pelos países do Norte, num cenário de parceria para que a É na busca deste compromisso de equilíbrio que fóruns
produção do Sul compita nos mercados globais, numa atmosfera como este de Dakar podem dar a esperança para a sustentabilidade
mais serena e equânime”. econômica da agricultura dos países do Hemisfério Sul.

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24 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 108 – DEZEMBRO/2004

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