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INFORMAÇÕES

AGRONÔMICAS
MISSÃO Promover o uso apropriado de P e K nos
sistemas de produção agrícola através da
geração e divulgação de informações científicas que sejam N0 106 JUNHO/2004
agronomicamente corretas, economicamente lucrativas,
ecologicamente responsáveis e socialmente desejáveis.

SIMPÓSIO DISCUTE
SISTEMA AGRÍCOLA SUSTENTÁVEL
COM COLHEITA ECONÔMICA MÁXIMA (SASCEM)
Tsuioshi Yamada1
Silvia Regina Stipp e Abdalla2

O
1o Simpósio SASCEM – Sistema Agrícola Sustentá-
vel com Colheita Econômica Máxima, promovido Veja também neste número:
pela POTAFOS, em São Pedro-SP, no período de
30 de Junho a 02 de Julho último, reuniu pesquisadores nacionais e Potássio e sanidade da soja ..................................... 2
estrangeiros para um fórum de discussão de resultados de pesqui- Inoculante na semente com ou sem fungicida? .... 3
sas obtidos pelas Fundações, Grupos de Desenvolvimento de Tec- Botinha que estronda mas não embucha ............... 4
nologia (GDT’s), EMBRAPA e outros, visando buscar sistemas de
Plantio direto sem herbicidas .................................. 7
manejo eficientes, econômicos e sustentáveis.
Adubação nitrogenada e ciclagem de nutrientes ... 9
O que faz com que altas produtividades de culturas sejam
tão difíceis de serem atingidas? Será que estamos manejando corre- Calagem x potássio em cana-de-açúcar ............... 10
tamente o mato no plantio direto? Será que algumas doenças que Doenças na lavoura reduzem receita agrícola .... 11
estão ocorrendo nas culturas anuais e perenes na última década China é modelo de educação e valores ............... 12
não estariam relacionadas com o “manejo tecnológico” emprega-
Simpósio vai discutir Potássio na Agricultura
do? O sistema está bem gerenciado? Estas foram algumas das im-
Brasileira .................................................................. 13
portantes questões levantadas no evento, que discutiu:
Que nos querem dizer os sinais da natureza? ..... 16
• Agricultura de Precisão na promoção do SASCEM
• Produtividade agrícola do Brasil comparada à dos Estados Encarte: Integração lavoura-pecuária e o manejo
Unidos de plantas daninhas
• Resultados de campo para alta produtividade de culturas
• Integração agricultura-pecuária A seguir, são apresentadas as principais mensagens deixa-
• Efeitos primários e secundários do glifosato na agricul- das pelos participantes.
tura e
• Manejo das plantas invasivas. Palestra: AGRICULTURA DE PRECISÃO NA PROMO-
ÇÃO DO SASCEM
O Simpósio procurou mostrar que o sucesso de um sistema
agrícola sustentável, tão necessário e buscado no mundo, depende JOSÉ PAULO MOLIN [ESALQ/USP, Piracicaba-SP, fone
de motivação, determinação e parcerias. Que é importante o traba- (19) 3429-4164, e-mail: jpmolin@esalq.usp.br]; LEONARDO A.
lho conjunto, a articulação de toda a cadeia produtiva (inoculante, ANGELI MENEGATTI e SÉRGIO GÓES [Apagri, Piracicaba-SP,
semente, fertilizante, inseticida, fungicida, herbicida, semeadeira, fone (19) 3433-9720, e-mail: leonardo@apagri.com.br, sergiogoes@
tratores e implementos agrícolas, colheitadeira, Ag Precisão, etc.). E apagri.com.br]
que a produtividade máxima econômica com sustentabilidade é o Segundo Molin, a importância da agricultura de precisão
resultado final do compartilhamento dos conhecimentos desenvol- (AP) como mais uma ferramenta na promoção do aumento de pro-
vidos por todos os segmentos da cadeia produtiva. dutividade agrícola é incontestável, principalmente no geren-

1
Engenheiro Agrônomo, M.S., Doutor, Diretor da POTAFOS. E-mail: yamada@potafos.com.br
2
Engenheira Agrônoma, M.S., POTAFOS. E-mail: silvia@potafos.com.br

POTAFOS - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PESQUISA DA POTASSA E DO FOSFATO


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ciamento da adubação. “À medida que gerencia-se a adubação de Enfatiza que é muito importante que se faça a rotação soja/
forma localizada, além de se promover um ajuste fino que levará à milho no plantio direto contínuo. Enquanto houver milho seguindo
maior produtividade, ou a um sistema mais equilibrado, vai-se pro- soja não há outro sistema mais lucrativo do que o plantio direto
mover economia de escala no sistema”, diz ele. A agricultura de porque o custo deste é menor e permite que os produtores conti-
precisão será naturalmente incorporada ao sistema de produção, nuem trabalhando em sistema conservacionista. Praticamente todo
tornando-se uma atividade de rotina no campo, sendo necessária, o milho e soja no Corn Belt está sob rotação. Resultados de 29 anos
porém, a atuação de um novo tipo de profissional junto ao agricul- de pesquisa mostram que, independentemente do sistema de mane-
tor – o consultor, justifica ele. jo empregado (arado, camalhão, faca), o plantio direto contínuo tem
Leonardo mostrou as vantagens econômicas do uso da AP vantagens nas rotações intensivas, tanto para soja quanto para
através de enfoques práticos. Segundo ele, há redução significati- milho plantado após soja.
va no consumo de calcário aplicando-o em taxa variada, comparada
à aplicação convencional. No primeiro ano de adoção da tecnologia LEANDRO ZANCANARO [Fundação MT, Rondonópolis-
já se obtém um grande saldo econômico positivo. A economia é MT, fone (66) 423-2041, e-mail: leandro.pma@fundacaomt.com.br]
obtida pelo reconhecimento de áreas que não necessitam ser calca-
Segundo Leandro, não há uma receita específica para ob-
riadas ou que necessitam de calcário mas em dosagens corretas.
tenção de altas produtividades, mas existem informações da pes-
Segundo ele, pelo método convencional, além do desperdício de
quisa que, quando bem utilizadas, permitem obter alto potencial
insumo há um desequilíbrio na fertilidade do solo.
produtivo com viabilidade econômica.
Para Sérgio, os mapas de produtividade que alguns produ-
tores já estão utilizando são interessantes porque permitem con- Afirma Leandro que a análise de solo é uma ferramenta fan-
centrar os esforços nas áreas mais necessitadas e investigar quais tástica mas representa a média da fertilidade do talhão. Assim, no
os fatores do talhão que estão gerando menor produtividade. Mato Grosso, mesmo em áreas com fertilidade corrigida, observa-
se ainda acentuada desuniformidade dos resultados das análises
de solo a curtas distâncias (3 m, por exemplo). Em muitas áreas, é
PRIMEIRO PAINEL – RESULTADOS DE CAMPO
mais comum haver excesso do que deficiência de alguns nutrientes
PARA ALTA PRODUTIVIDADE DE CULTURAS (Zn, por exemplo). Nota-se nestas áreas alta correlação da produti-
vidade com o crescimento radicular, que está associado com a esta-
TONY VYN [Purdue University, West Lafayette, IN 47907-
bilidade da produção (correção do perfil do solo e descompactação).
1150, EUA, fone (765) 496-3757, e-mail: tvyn@purdue.edu]
Para ele, obtém sucesso na agricultura o produtor que acre-
Segundo Tony, é preciso distinguir entre o aumento da pro- dita na pesquisa, monitora e maneja adequadamente a lavoura, com
dutividade média das culturas de milho e soja nos Estados Unidos uniformidade na execução de todas as práticas culturais. Considera
e o aumento da produtividade destas culturas para quem já está na ele que talvez seja esta a razão porque as maiores produtividades
faixa alta de produtividade. Enquanto o primeiro tem crescido cons- médias ocorram com mais freqüência nas propriedades médias e
tantemente, o segundo está estagnado há 30 anos. Ou seja, o plateau, pequenas, com bom gerenciamento do processo, sob o controle do
ao redor de 4-5 t ha-1 de soja e 12-14 t ha-1 de milho não se alterou produtor. Já, muitos grandes produtores que podem utilizar mais
nestas últimas décadas. insumos e máquinas, muitas vezes perdem em gerenciamento. Assim, a
A curto prazo, não há garantia de que os produtores de soja responsabilidade na obtenção de alta produtividade, com colheita
e milho que já são bom gerentes, ou aqueles que já estão perto do econômica máxima e sustentável, é da equipe que gerencia a atividade.
nível do seu Estado ou município, possam atingir produtividades
Nas áreas novas, observa Leandro que existe elevada corre-
maiores do que as que estão sendo obtidas hoje, afirma Tony.
lação da produtividade com a adubação (principalmente com cala-
Segundo Tony, a adoção da soja RR nos Estados Unidos foi
gem, fósforo, potássio e enxofre) sendo que em área de 1o ano tem-
muito rápida, correspondendo atualmente a 87% da área plantada.
se condições de saltar de 600 kg ha-1 para até 4,2 t ha-1 de soja.
Comenta que um ponto crítico no manejo da erva daninha no siste-
Mostrou a importância da adubação potássica na sanidade das
ma de soja resistente ao glifosato é o momento da aplicação do
culturas, principalmente na maior resistência da soja à ferrugem.
herbicida e sugere que, quando da adoção da soja RR, se faça o
manejo cauteloso do herbicida, ou seja, não protelar sua aplicação
e trabalhar com a dose certa, de modo a evitar o aparecimento de
plantas daninhas resistentes, como as de folhas largas que atual-
mente têm surgido na agricultura americana.
Acrescentou ainda que a produtividade da soja americana
em 2003 foi intensamente afetada por chuvas excessivas, com com-
prometimento do sistema radicular, ataque intenso de pulgões e por
período de seca durante o enchimento de vagens, incentivada pela
falta de raiz. Falta de raiz, segundo Tony, causada pelo excesso de
umidade [N.R.: Existe trabalho mostrando que o glifosato pode re-
duzir a densidade radicular mesmo na soja RR. Trabalho feito na
UNESP-Botucatu com Pinus constatou o aparecimento de pulgões
nas parcelas onde o mato foi controlado com glifosato].
Comenta ele que para altas produtividades de milho, da or-
dem de 15-16 t ha-1, é preciso alta população (100.000 plantas ha-1), Concluiu Leandro que, de maneira geral, tanto em solo are-
com híbridos produzindo consistentemente espigas mais pesadas, noso quanto em argiloso, as áreas de alta produtividade têm em
ou seja, plantas com homogeneidade no potencial de peso de espi- comum o manejo que prioriza a produção de matéria orgânica e a
ga, obtidas com altos níveis de fertilidade e amplo sistema radicular. boa qualidade operacional de todas as etapas.

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DIRCEU LUIZ BROCH [Fundação MS, Maracaju-MS, fone TOSHIO SÉRGIO WATANABE [GDT Mauá da Serra, Mauá
(67) 454-2631, e-mail: fundacao@sidronet.com.br] da Serra-PR, fone (43) 464-1291, e-mail: watanabe@dwweb.com.br]
Para Dirceu, um sistema agrícola sustentável com colheita Segundo Toshio, devido às boas condições de clima e solo
econômica máxima é obtido se forem adotados os seguintes crité- na região de Mauá da Serra-PR, com potencial elevado de produti-
rios: plantio direto na palha, rotação de culturas, nutrição equilibra- vidade, construído com plantio direto e correção, não é difícil en-
da da planta e em níveis adequados, cultivar adequada para cada contrar produtores colhendo 3,6-4,8 t ha-1 de soja. Mas, em anos
região (genética x época de plantio x densidade), bom controle fitos- com muita chuva, lavouras bem desenvolvidas, já no estádio de
sanitário, operações agrícolas bem executadas e uma boa adminis- florescimento, podem acamar, resultando em grandes prejuízos na
tração (compra x venda). produção. E que uma das maneiras de se obter plantas com sistema
Segundo ele, é um desafio muito grande obter sucesso em radicular profundo é plantar com sulcador (“botinha”) na semeadu-
áreas de abertura, áreas marginais, muitas com solos arenosos, com ra ao invés de disco duplo (vide fotos abaixo).
declividade acentuada, consideradas impróprias para a produção Dados de três anos de experimento com soja conduzidos
de grãos. Para viabilizar estas áreas, tem-se que adotar um conjunto por Toshio comprovaram que:
de tecnologias que inclui desde a correta correção do solo, forma- • Dentre os fatores capazes de controlar o acamamento de
ção de palhada para o plantio direto (principalmente para proteger o plantas estão a cultivar e a densidade de plantio.
solo da erosão, das altas temperaturas e obter maior armazenamento • Há mudança na plasticidade das plantas de acordo com a
de água), até uma correta introdução de bactérias Bradyrhizobium, densidade de plantio: quanto maior a densidade, maior a altura de
que irão fixar o nitrogênio atmosférico indispensável para uma boa plantas e menor o número de ramificações.
produção de soja. • Quanto maior a população de plantas e menor o espaça-
Experimento com inoculantes na soja cultivada em área de mento entre linhas, maior o controle de plantas daninhas devido ao
renovação de pastagem apresentou maiores produtividades nos fechamento mais rápido das linhas (dossel).
tratamentos sem fungicida junto à semente (Tabela 1). • A produtividade da soja praticamente não foi afetada
pelas diferentes populações de plantas tes-
Tabela 1. Produtividade da soja, peso de 1.000 sementes (PMS) e estande de plantas cv. BRS 133,
tadas (150.000 a 300.000 plantas ha-1);
em resposta à inoculação de sementes no plantio após mais de 22 anos de pastagem
Toshio concluiu que o principal fator
degradada. FUNDAÇÃO MS (2003).
no controle do acamamento é a escolha da
Fungicida Micronut. Produtividade PMS Estande cultivar. Na cultivar suscetível, o controle da
T C. + Thir Inoculante Mo e Co sc ha-1 g plantas/m população é o fator mais importante: quanto
5 - Turfoso 2 doses Foliar 74,3 a1 132,0 a1 16,6 a maior a população de plantas, maior o acama-
3 - Turfoso 1 dose Foliar 67,1 b 131,5 a 13,3 b mento.
10 - 600 ml ha-1 sulco Foliar 58,9 c 119,2 b 17,4 a
125 ml 300 ml ha-1 sulco 90 ml 58,2 c 117,2 bc 16,4 a BALTAZAR REIS FIOMARI [GDT
9 125 ml 1.200 ml ha-1 sulco 90 ml 56,0 c 117,7 bc 16,4 a Uberlândia, Uberlândia-MG, fone (34) 3257-
2 125 ml Turfoso 1 dose 90 ml 55,5 c 115,0 cd 14,2 b 3837, e-mail: bfiomari@bol.com.br]
4 125 ml Turfoso 2 doses 90 ml 54,5 c 112,5 de 14,2 b
7 - 300 ml ha-1 sulco Foliar 53,6 c 115,0 cd 16,6 a Visando elucidar o porquê do apare-
8 125 ml 600 ml ha-1 sulco 90 ml 53,3 c 115,2 cd 17,4 a cimento de plantas dominadas ou anormais
1 125 ml - 90 ml 52,2 c 111,0 e 16,8 a na cultura de milho, ou seja, plantas que apa-
C.V. (%) 9,4 2,56 7,2 recem esporadicamente na cultura e que pro-
Média 58,35 118,3 15,9 duzem espigas de tamanho menor, com pou-
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. cos grãos, ou nem produzem espigas, Balta-
CV = 7,2%. zar conduziu pesquisa em diferentes popu-
Notas: 1) Fungicida: Carboxin + Thiram (250 ml/100 kg de sementes) em todos os tratamentos. lações de híbridos de milho regionais, tes-
2) Micronutrientes: 90 ml de Mo e Co via semente e 130 ml via foliar. tando três espaçamentos.

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Os resultados obtidos por ele permitiram concluir que: Roberto e Jeferson apresentaram resultados obtidos nas
• plantas com menor diâmetro no caule apresentam espigas pesquisas com:
menores e de menor peso; • aplicação de Co e Mo foliar e na semente, com e sem ino-
• na média dos híbridos, aproximadamente 15% de plantas culante na cultura da soja.
eram dominadas, o que representa um prejuízo enorme em sementes • calagem superficial em sistema de plantio direto.
considerando que estas tiveram custo e não estão gerando espigas;
• utilização de gesso agrícola no sistema de plantio direto.
• independente do híbrido, quanto maior a população de
plantas, maior a porcentagem de plantas dominadas; • épocas, fontes e formas de aplicação de nitrogênio na cul-
• houve menor porcentagem de plantas dominadas nos hí- tura de milho após soja, em sistema de plantio direto com rotação de
bridos de maior produtividade. culturas.
Concluiu que para se obter altas produtividades de milho é Entre as principais conclusões obtidas, citaram:
necessário, além da adubação e do plantio direto bem feitos, me- • a aplicação de Co e Mo, via foliar, com a semente inoculada
lhorar e investir nos híbridos de maior potencial genético. com rizóbio foi o tratamento com maior produtividade;
Baltazar apresentou também as adaptações desenvolvidas por • nas condições do experimento não houve resposta signifi-
agricultores em máquinas agrícolas, como a rosca de tecnil em semea- cativa para a calagem;
dora de grãos, proporcionando uniformização da distribuição de grãos • houve resposta à aplicação de gesso tanto na cultura da
pequenos; o sistema anti-desgaste de pneu para plataforma de co- soja como na de milho; e
lhedeira e o sistema de botinha que não embucha para plantadeira em
• não houve resposta para épocas, fontes e formas de apli-
sistema de plantio direto, com controle da profundidade do adubo.
cação de nitrogênio em cobertura.

JONADAN HSUAN MIN MA e ENOS TOLEDO MA [Gru-


po Ma Shou Tao, Uberaba-MG, fone (34) 3336-4544, e-mail:
jonadan@sementesboafe.com.br]
Jonadan mostrou a importância da integração de seu grupo
Ma Shou Tao e de seus parceiros – Epamig e CAT (Clube de Ami-
gos da Terra) – na demanda por informações agronômicas práticas
e aplicáveis no dia a dia do campo.
As principais tecnologias adotadas em sua propriedade são:
Para a soja:
• Inoculação no sulco de plantio (1,8 milhão células/semente);
Rolo compactador • Inseticida no sulco de adubação (combate de percevejo
Detalhe do sistema anti-desgaste de pneu: rolo compactador castanho, elasmo, etc.);
quebra e/ou acama os talos secos da soja. • Pré-tratamento de sementes de soja com fungicida;
• Herbicida pré-emergen-
te e de dessecação;
• Espaçamento em linhas
duplas (25/50 cm) e convencio-
nal (45 cm);
• Primeira aplicação de
fungicida para controle de ferru-
gem via terrestre e as demais via
Foto 1 Foto 2 aérea.
Para o milho:
• Adubação de cobertura
Detalhe da botinha que estronda e não embucha, para plantadeira em sistema de plantio direto. de milho em duas parcelas (in-
Pode-se observar que o sulcador foi posicionado próximo ao disco de corte, o que impede o tervalo de 7 a 10 dias) até o está-
embuchamento com a palha (Foto 1). Ao se observar o sentido das setas na Foto 2 (seta
amarela: sulcador descendo; seta verde: disco de corte subindo), nota-se que o sulcador
dio de 6 folhas (aproximadamente
trabalha no solo abaixo do nível do disco de corte, proporcionando excelente descompactação. 20 dias após o plantio): 1a cober-
Quando a plantadeira está erguida (Foto 1), ocorre o contrário: sulcador acima do nível do disco tura 20-00-32 (250 kg ha-1) e 2a co-
de corte. A regulagem da profundidade do adubo é feita de forma independente da profundida- bertura com nitrato de amônio
de de atuação do sulcador (Foto 2).
(200 kg ha-1);
• Espaçamento em linhas
Baltazar finalizou comentando sobre eficiente nodulação
duplas (25/50 cm) e convencional (75 cm).
obtida com a injeção de solução com água, micronutrientes, inseti-
cida e inoculante no sulco de plantio. Resultados de produtividade:
De acordo com Jonadan, os principais problemas enfrenta-
ROBERTO KAZUHIKO ZITO e JEFERSONANTÔNIO DE dos na última safra estiveram relacionados principalmente a doen-
SOUZA [EPAMIG/Fundação Triângulo, fone (34) 3321-6699, e-mail: ças provocadas pela má distribuição de chuvas. As produtividades
zito@epamiguberaba.com.br; jeferson@epamiguberaba.com.br] de soja em 2002/2003 e 2003/2004 foram de 3,6 t ha-1 e 3,2 t ha-1, res-

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pectivamente, e as de milho, 7,8 t ha-1 e 8,9 t ha-1, respectivamente. • Sistema e profundidade da adubação de base: a adubação
Para a construção da produtividade trabalha-se seus fatores: me- com botinha a 12 cm mostrou-se mais eficiente para o aumento da
lhoramento genético, fertilidade do solo (nutrição e adubação), ma- profundidade do sistema radicular e produtividade da soja e do
nejo cultural e clima. milho (vide tabela abaixo). Segundo Jonadan, “construir produtivi-
Jonadan apresentou as tecnologias empregadas e compro- dade é construir sistema radicular”, pois as plantas suportam mais
vadas e as suas vantagens: a seca e o veranico.
• Uso de sementes certificadas e fiscalizadas de origem: Efeito da profundidade de adubação de plantio na produtividade do
maiores produtividades estão diretamente correlacionadas com o milho e da soja.
maior uso de sementes de origem.
Tratamento Soja Milho
• Inoculação de sementes no sulco de plantio e Co + Mo
-1
via foliar: proporciona economia de tempo na época de plantio, - - - - - - - - - kg ha - - - - - - - -
eliminação do desperdício de produtos e sementes e redução signi- Botinha a 12 cm 3.192 8.292
ficativa dos efeitos negativos dos fungicidas sobre as bactérias Botinha a 8 cm 3.156 8.028
Bradyrhizobium, portanto, maior nodulação, maior eficiência da Disco a 12 cm 3.096 7.740
fixação biológica de nitrogênio e maior produtividade, como mos- Disco a 8 cm 3.048 7.452
tram a figura e a foto que seguem abaixo. Adubação a lanço 2.940 7.272

Efeitos da inoculação no sulco e na semente em relação à • Espaçamento entre plantas: a redução de espaçamento em
aplicação de Co e Mo foliar e na semente
(Projeto Ma Shou Tao/CAT Uberaba/EPAMIG - safra 2003/2004)
milho gerou maior produtividade (de 75 cm em plantadeira conven-
cional para 37,5 cm em linha dupla).
• Velocidade de plantio para milho e soja: a plantadeira pneu-
mática a 4-6 km/h e a plantadeira convencional a 4-8 km/h proporcio-
naram ganhos de aproximadamente 20% em relação à velocidade de
10 km/h utilizada na região.
Finalizou, citando que 74,5% dos custos de uma lavoura
correspondem aos fatores de proteção da produtividade (defensi-
vos agrícolas) e 25,5% aos fatores de construção da produtividade
(sementes e adubação) e que providências são necessárias para
melhorar a produção máxima econômica através da diminuição dos
custos. Assim, sugere:
• criar MIP para as culturas em sistema de cobertura, quer
seja de pousio quer seja de cobertura efetiva (milheto, nabo, etc.)
T1 = Semente Branca para diminuir a população de pragas;
T2 = Semente + Co Mo Foliar
T3 = Inoculante no Sulco • fazer roguing, devido à enorme quantidade de impurezas e
T4 = Inoculante no Sulco + Co Mo Foliar de sementes dominadas, segregantes e atípicas.
T5 = Sem Inoculante + Co Mo Semente • melhorar a pureza física e a sanidade das sementes.
T6 = Inoculante no Sulco + Co Mo Semente
T7 = Inoculante na Semente Enos mostrou os resultados iniciais da implantação do sis-
T8 = Inoculante na Semente + Co Mo Foliar tema plantio direto de milho (após soja) consorciado com forrageiras
T9 = Inoculante na Semente + Co Mo Semente Panicum maximum cv. tanzânia, Brachiaria decumbens, Brachiaria
ruziziensis e Brachiaria brizantha, visando utilizá-las como supres-
sora de plantas daninhas na cultura seguinte.
Observou que todas as forrageiras dominaram muito bem o
mato e não afetaram a colheita operacional do milho, que obteve
produtividade média acima de 9,6 t ha-1.
De acordo com Enos, as principais vantagens do sistema são:
• alto potencial inibitório para as plantas daninhas;
• aumento do nível de matéria orgânica;
• desenvolvimento de uma grande atividade biológica no
solo;
• redução da amplitude térmica do solo;
• reciclagem de nutrientes (raízes com mais de 1,5 m de pro-
fundidade);
• evita o período de pousio na entressafra (no sistema con-
vencional o solo fica improdutivo 6 a 7 meses);
Plantadeira de soja com detalhe da bomba que aplica inoculante • utilização da água profunda do solo.
líquido no sulco de plantio: permite redução significativa dos
efeitos negativos dos fungicidas sobre as bactérias nodula- Na próxima safra, Enos irá estudar o efeito destas plantas de
doras.
cobertura na produtividade da soja.

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SEGUNDO PAINEL – MANEJO EFICIENTE DAS retém a umidade do solo e aumenta o teor de matéria orgânica;
PLANTAS DANINHAS E DE COBERTURA NO melhora a atividade microbiana; estimula a predação de algumas
sementes; tem efeito de quebra de dormência para algumas espécies.
SISTEMA DE PLANTIO DIRETO Certas plantas daninhas (picão preto, tiririca, poaia) possuem siste-
Palestra: MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS ma de reconhecimento da qualidade da luz: podem germinar no
EDIVALDO DOMINGUES VELINI [UNESP, Botucatu-SP, escuro, no claro, mas se estiverem sombreadas por outra planta
fone (14) 3811-7671, e-mail: velini@fca.unesp.br] com clorofila não germinam. Isso porque quem induz a dormência
não é a cobertura da folha mas sim a clorofila. Deste modo, as
Segundo Edivaldo, o manejo integrado de plantas daninhas coberturas vivas (milheto, aveia, por exemplo) suprimem a germina-
visa: combinar diferentes práticas agronômicas reduzindo a depen- ção do mato induzindo sua dormência através da clorofila (que
dência e aumentando o período de utilização de cada uma delas; retém certos comprimentos de onda e deixa passar outros, e as
manter as densidades populacionais de plantas daninhas em níveis plantas respondem a isso germinando ou não). A palha, depois de
manejáveis; evitar a seleção e introdução de espécies ou genótipos seca, e em quantidade uniforme, sem descobrir o solo, preserva a
de difícil controle; a médio e longo prazos, preservar e recuperar o condição de dormência das sementes, limitando a quantidade de
ambiente e maximizar a produtividade e a lucratividade. plantas no ambiente. Porém, a palha deve ser espessa e uniforme-
As decisões devem ser fundamentadas em dados (informa- mente distribuída – 6 a 10 t ha-1 de palha proporcionam 50% a 80%
ções sobre os métodos e as dinâmicas populacionais), com planeja- de controle para as espécies mais sensíveis. Suspeita-se que a pa-
mento das ações e avaliação dos resultados. Lembra que quem lha em grande quantidade também pode servir como desinfestante
define o sucesso no controle de plantas daninhas é a cultura. Se do solo para algumas espécies, por suprimir o crescimento e induzir
houver maximização da capacidade de crescimento da cultura (cul- à dormência. Devido ao tempo necessário para a degradação da
tura vigorosa, em espaçamento adequado) haverá maximização da biomassa (50% a cada 30 dias), o ideal é sua integração com a
capacidade de controle do mato (vide figura abaixo). cultura (bem adubada, no espaçamento correto, com a variedade
correta e plantada na época corre-
ta), fazendo com que o controle
proporcionado pela palha continue
até que se encontre com o contro-
le feito pela cultura. Observa-se
que as melhores produtividades
estão relacionadas com o manejo
do mato 20 a 30 dias antes da
semeadura, pela melhor disponi-
bilização de nutrientes. Deve-se
estar atento para a dinâmica dos
nutrientes no solo.
• herbicidas: o principal
controle das plantas daninhas é fei-
to prioritariamente pela cultura prin-
cipal e pela cultura morta; os herbi-
Os prejuízos das plantas daninhas aos sistemas de produ- cidas apenas complementam a capacidade de controle delas. Qual-
ção se traduzem por: competição por luz, água, nutrientes, espaço; quer herbicida aplicado em doses muito baixas tem potencial para ser
alelopatia; hospedagem de pragas e doenças; dificuldade nos tra- modulador fisiológico (hormônio) e alterar o crescimento da planta.
tos culturais (colheitas, operações de controle); aumento dos custos
de produção (queda de produção e custos de controle). Além des- Palestra: MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CUL-
ses, há um fator fundamental que deve ser considerado no manejo TURA DA SOJA CONVENCIONAL E TRANSGÊNICA
integrado: os efeitos prejudiciais dos próprios métodos de controle
DIONÍSIO LUIZ PISA GAZZIERO [Embrapa Soja, Londri-
sobre a cultura, pois os mecanismos nos quais os herbicidas atuam
na-PR, fone (43) 3371-6091, e-mail: gazziero@cnpso.embrapa.br]
são os mesmos nas plantas daninhas e nas plantas cultivadas.
Enfatizou que todo método de controle de plantas daninhas é po- Segundo Dionísio, para se obter resultados em sistemas que
tencialmente prejudicial à cultura, seja mecânico, físico ou químico. envolvem soja tem-se que pensar no controle de plantas daninhas
As práticas preventivas são importantes no manejo integra- não só no período de cultivo, mas no ano ou em vários anos. Geral-
do em culturas anuais pois evitam a entrada e propagação de se- mente o agricultor deixa para fazer o controle de plantas daninhas
mentes de plantas resistentes a herbicidas através de implementos na hora da semeadura, dentro da cultura. O milho, ou outra cultura
contaminados provindos de outras propriedades. de safrinha não tratada, ou mal tratada, é um gerador de banco de
sementes de plantas daninhas. Assim, o manejo na entressafra re-
Segundo o pesquisador, dentre as práticas de controle de
duz a pressão de infestação e o banco de sementes.
plantas daninhas disponíveis, as mais importantes, na ordem, são:
Outro problema grave, resultado do manejo inadequado, é o
• cultura: rotações e ocupação contínua do solo. caso de resistência das plantas daninhas. Há herbicidas que não
• cobertura morta (culturas anuais, cana e floresta): esta- mais surtem efeito para certas plantas daninhas. Um dos fatores
biliza o regime térmico (várias plantas germinam se há variação da que contribuíram para a rápida disseminação de plantas daninhas
temperatura do ambiente); afeta a quantidade e a qualidade da luz; resistentes é a prática de aluguel e trânsito de máquinas agrícolas
é barreira física à emergência de plantas; têm efeito alelopático; pelas pequenas propriedades.

6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004


SASCEM
O controle cultural (cobertura morta, rotação de culturas perda do controle da permeabilidade das membranas, aumento do
com rotação de herbicida) é o grande aliado do agricultor, pois desverdecimento, inibição da divisão e expansão celular, redução
aumenta a capacidade da soja em competir com as plantas dani- da síntese de DNA e aumento da atividade da celulase.
nhas. Yamada discorreu sobre as implicações agronômicas do uso
Hoje, para a soja tradicional, tem-se 40 alternativas de con- de glifosato. Segundo ele, além da deriva e do glifosato residual do
trole para 46 espécies de plantas daninhas consideradas as mais solo, existe ainda a possibilidade da passagem do glifosato da plan-
importantes. Já para a soja transgênica, temos somente um herbicida, ta-alvo (invasora) para a planta-não alvo (cultura) através do con-
que é o glifosato, que tem registro para 154 espécies. No Brasil, os tato entre as raízes. Falou ainda da importância do intervalo de
poucos trabalhos de pesquisa mostram que há uma eficiência acei- tempo entre a aplicação do glifosato e o plantio, mostrando melho-
tável deste herbicida mesmo para as plantas tolerantes, como a res resultados com o espaço de três semanas ou mais. Esta informa-
trapoeraba, e que é importante o manejo da dose, da época de apli- ção é muito importante para os produtores que estão abrindo no-
cação e da combinação com outros produtos. vas áreas de plantio em Areias Quartzosas do Brasil Central, com
A resistência ao herbicida vai depender muito do seu mane- baixa capacidade de adsorção de glifosato, onde este herbicida
jo (época e modo de aplicação). Tem-se visto resistência ao Roundup poderia causar toxicidade no sistema “aplique e plante”.
em espécies como trapoeraba, corda de viola, losna branca, capim Mostrou, ainda, dados sobre o efeito negativo do glifosato
branco, erva de Santa Luzia e erva de touro. na fixação biológica de nitrogênio (FBN) e na menor resistência das
Finalizou ponderando que a principal razão do uso de glifo- plantas às doenças.
sato é a facilidade no seu manejo, e que a aplicação seqüencial da Os autores levantam a hipótese de que o glifosato poderia
dose, além da associação com outros produtos, pode diminuir a estar relacionado com a clorose variegada de citros (CVC) e até
seleção e a resistência das plantas daninhas. Mesmo na soja trans- mesmo com a morte súbita dos citros (MSC) devido à correlação
gênica, as práticas de manejo integrado são fundamentais. entre os sintomas observados nas plantas e os efeitos secundários
deste herbicida. Assim, o sistema radicular pobre, pouco ramifica-
Palestra: GLIFOSATO – UM HERBICIDA COM SINGU- do, poderia ser explicado pela diminuição do nível de IAA; a abscisão
LAR MODO DE AÇÃO: EFEITOS SECUNDÁRIOS E SUAS IM- de flores, frutos e folhas, além da cor amarelada dos frutos imatu-
PLICAÇÕES FISIOLÓGICAS E AGRONÔMICAS ros, poderia ser explicada pelo aumento de etileno; e o aumento da
incidência de doenças poderia ser explicada pela redução na sínte-
TSUIOSHI YAMADA [POTAFOS, Piracicaba, fone (19) 3433-
se de fitoalexinas, aumento de aminoácidos livres e perda de con-
3254, e-mail: yamada@potafos.com.br] e PAULO ROBERTO DE
trole da permeabilidade das membranas.
CAMARGO E CASTRO [ESALQ-USP, Piracicaba-SP, fone (19) 3429-
4268, e-mail: prcastro@esalq.usp.br] Esta hipótese está sendo testada em dezenas de pomares
supervisionados pelos GDT’s (Grupos de Desenvolvimento de
Segundo Yamada, graças aos herbicidas, principalmente Tecnologia) da POTAFOS, formados com estudantes da ESALQ e
ao glifosato, foi possível viabilizar o plantio direto no cerrado, citricultores, nas regiões de Frutal, Barretos, Bebedouro, Pirassunun-
hoje responsável por 50% da área agrícola plantada com culturas ga, Conchal e Araras, onde se faz: adubação em área total mais
anuais no Brasil. Porém, apesar dos benefícios, os herbicidas tam- gesso e boro no solo e micronutrientes via foliar (Mo, Mn, Zn, Fe e
bém causam efeitos colaterais indesejáveis às culturas, sendo ne- Cu). A exuberante cobertura vegetal que se forma é manejada com
cessário estudar quais os mecanismos envolvidos e o que fazer roçadeira lateral, sem uso de herbicida. A recuperação dos pomares
para desativá-los. é espantosa.
No caso do glifosato, ele é adsorvido às argilas do solo
numa reação em que compete com fosfatos inorgânicos pelos sí- Palestra: INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA E O MA-
tios de adsorção. Assim, problemas podem aparecer primeiro nos NEJO DE PLANTAS DANINHAS
solos com menor capacidade de adsorção. Isto porque quanto
JOÃO KLUTHCOUSKI [Embrapa Arroz e Feijão, Santo An-
menor a adsorção, maior sua concentração na solução do solo,
tônio de Goiás-GO, fone (62) 533-2183, e-mail: joaok@cnpaf.
que pode ocorrer em solos com pH alto, alto teor de P e baixos
embrapa.br
teores de argila e de M.O.
Na planta, a rápida translocação do glifosato para as raízes, Vide o encarte deste jornal, que contém a palestra na íntegra.
rizomas e meristemas apicais é uma de suas mais importantes carac-
terísticas. Segundo Paulo, condições de estresses ambientais (tem- Palestra: ALTERNATIVAS DE CONTROLE DE PLAN-
peratura, déficits hídricos, etc.) podem determinar uma série de pro- TAS DANINHAS EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO SEM
blemas nas plantas. O glifosato, herbicida muito utilizado na agri- HERBICIDAS
cultura, representa um fator a mais de estresse para culturas, pois
INGO KLIEWER [PAREX, Foz do Iguaçu-PR, fone (595)
inibe a produção de metabólitos secundários devido ao bloqueio
7642-0097, e-mail: ingo_kliewer@hotmail.com]
da rota do ácido chiquímico. Entre seus efeitos, pode afetar: síntese
de ácido indolilacético (IAA) e de outros hormônios vegetais, sín- Segundo Ingo, fazer plantio direto sem o uso de herbicidas
tese de clorofila, síntese de fitoalexinas (propriedades antimicro- é um dos grandes desafios da atualidade.
bianas) e de lignina (manutenção da estrutura da planta), síntese de O controle de plantas daninhas sem herbicidas não funcio-
proteínas, fotossíntese, respiração, transpiração, permeabilidade de na em terra degradada. Algumas plantas invasoras aparecem como
membranas, fixação biológica do N e outros. sinalizadoras de solos compactados, desequilibrados e ácidos, e
Com a falta do IAA, pode haver redução no volume do siste- estão presentes porque existe alguma condição favorável a elas.
ma radicular. Outro hormônio que pode ser afetado pelo glifosato é Assim um controle generalizado de invasoras sem herbicidas só se
o etileno, cujo acúmulo na planta pode causar, entre outros fatores, consegue com um conjunto de práticas que vão desde a recupera-

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004 7


SASCEM
ção da fertilidade destes solos, com a diminuição da população das Outras formas que podem auxiliar no controle de invasoras
ervas daninhas e melhora na competitividade da cultura até um são: mudança da época de plantio, semeando a cultura mais cedo,
controle manual localizado. É necessário introduzir um equilíbrio para germinar e se desenvolver antes que as invasoras nasçam;
total no solo. Deste modo, a combinação das práticas como plantio uso de espaçamento e densidade adequados de plantas e consor-
direto, rotação de culturas, adubos verdes, eliminação dos pousios ciação de culturas.
entre culturas, adubação adequada, manejo de forma correta e no Ingo cita as vantagens deste sistema: diminuição de custos
momento certo, capinas, roçadas, controle da frutificação das infes- no controle de invasoras e aumento na rentabilidade, menor dano
tantes, escolha de espécies e variedades agressivas e competitivas ao meio ambiente, controle de invasoras sem aparecimento de re-
às infestantes com efeito alelopático e supresor, etc., devem ser sistência a herbicidas, colheita de produto mais saudável ao con-
aplicadas. sumidor, eliminação de riscos de acidentes na aplicação de herbi-
Segundo Ingo, o uso de adubos verdes e de rotação de cidas, etc.
culturas estão entre as ferramentas mais poderosas no sucesso do Outros benefícios proporcionados por esta técnica são: pro-
controle de invasoras pois contribuem com vários efeitos no seu dução de cobertura morta necessária para o plantio direto, com o
controle e supressão. Assim, os adubos verdes controlam as plan- aumento conseqüente da matéria orgânica; reciclagem de nutrien-
tas daninhas de três formas principais: através da competição por tes, evitando a lixiviação dos mesmos para camadas profundas do
água, nutrientes, luz e espaço durante seu crescimento; por alelopatia solo; conservação do solo e da umidade; controle de pragas e doen-
e por efeito físico de sombreamento. A forma de manejar os adubos ças (inclusive nematóides); evita o aparecimento da resistência de
verdes também é importante pois quanto melhor o acamamento da plantas daninhas.
palhada, maior o impedimento à penetração de luz. A população de
Ingo finaliza ponderando que não existem receitas ou paco-
invasoras, por exemplo, é menor onde a aveia-preta é acamada com
tes prontos para o controle das infestantes sem herbicidas e a cada
o rolo-faca do que aveia-preta maturada em pé.
safra a estratégia pode ser alterada em função de variáveis como
Para substitução dos herbicidas dessecantes são utiliza- clima, nível de infestação, quantidade de cobertura, variedade utili-
das plantas de grande capacidade de abafamento para formação zada, mercado etc.
da cobertura morta e que são roladas na fase de formação de
grãos ou são deixadas completar o ciclo (girassol, crotalária, aveia CONCLUSÕES FINAIS
preta, etc.).
1. Houve muita consistência nos resultados experimentais,
consagrando algumas práticas, como:
• inoculação da semente e o não tratamento da semente com
com fungicida, nas áreas de abertura ou de renovação de
pastagens;
• inoculação no sulco de semeadura e o tratamento da se-
mente com fungicida nas áreas velhas, com vários anos
de plantio;
• plantio com sulcador (botinha), melhor que com disco
duplo;
• Co e Mo via foliar, ao invés de via semente; e
• a importância da planta de cobertura (milheto, brachiária e
outras) como recicladora de nutrientes, produtora de ma-
téria orgânica e supressora de plantas daninhas.
2. Deixou muitas perguntas para a pesquisa, principalmente
A aveia preta produz grande quantidade de biomassa com as relacionadas com o uso de glifosato, tais como:
grande durabilidade e efeito alelopático contra infestantes.
• qual o intervalo de tempo a esperar entre a dessecação e o
plantio das culturas?
• o glifosato aplicado na soja transgênica pode afetar a no-
dulação e a micorrização?
• a cultura econômica pode absorver o glifosato adsorvido
no solo?
• que porcentagem do glifosato aplicado na planta-alvo
(mato) passa para a planta-não alvo (cultura econômica)?
• a contaminação acidental da cultura com glifosato (bas-
tante comum em culturas perenes) pode aumentar a inci-
dência de doenças e pragas?
3. Mostrou que a busca do SASCEM – Sistema Agrícola
Infestação de plantas daninhas na cultura da soja semeada Sustentável com Colheita Econômica Máxima – necessita do
depois de algumas espécies de adubos verdes de inverno, gerenciamento cuidadoso de todos os segmentos da cadeia produ-
trigo e um período sem cultura (pousio), aos 96 dias depois da tiva, desde o preparo do solo até a colheita, o armazenamento e a
semeadura (DDS).
comercialização da safra.

8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004


DIVULGANDO A PESQUISA

Notas do editor: Os trabalhos que possuem endereço eletrônico em azul podem ser consultados na íntegra
Grifos nos textos, para facilitar a leitura dinâmica, não existem na versão original

A adubação nitrogenada ocasionou resposta quadrática na


1. ADUBAÇÃO NITROGENADA NAAVEIA PRETA.
produção de matéria seca e na quantidade de nutrientes estocados na
I - INFLUÊNCIA NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E
parte aérea da aveia, exceção ao N cuja resposta foi linear (Figura 1).
CICLAGEM DE NUTRIENTES SOB SISTEMA PLANTIO
A recuperação de N desta gramínea foi baixa, alcançando 33%, na
DIRETO
média dos três anos. Na maior dose de N aplicada, a ciclagem de P e
SANTI, A.; AMADO, T.J.C.; ACOSTA, J.A.A. Revista Brasileira K foi aumentada em, respectivamente, 70 e 88% em relação ao
de Ciência do Solo, v. 27, n. 6, p.1075-1083, 2003. (www.scielo.br/ tratamento sem adubação. Para o Ca, a dose estimada de 120 kg ha-1
scielo.php?script= sci_arttext&pid=S0100-06832003000 600012& de N promoveu incremento de 95% no acúmulo deste nutriente, en-
lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) quanto para o Mg levou a um aumento de 90%, quando comparada
ao tratamento sem adubação nitrogenada. A relação C/N dos resíduos
O desempenho do sistema plantio direto está associado, produzidos diminuiu, aproximadamente, em uma unidade a cada
dentre outros fatores, à quantidade e à qualidade dos resíduos 10 kg ha-1 de N aplicados na aveia. Portanto, a adubação nitrogena-
aportados ao solo. A aveia preta é a principal cultura de cobertura da, além de proporcionar maior ciclagem de nutrientes, foi uma
utilizada na entressafra das culturas comerciais de verão. Em muitas eficiente estratégia para melhorar a quantidade e a qualidade dos
situações, o desenvolvimento desta gramínea é limitado pela baixa resíduos de aveia preta aportados ao solo no sistema plantio direto.
disponibilidade de N do solo. Neste contexto,
a adubação nitrogenada pode ser uma alterna-
tiva para aumentar a eficiência da aveia preta
como cultura de cobertura no sistema plantio
direto. O objetivo principal do presente estu-
do foi verificar a influência de doses de aduba-
ção nitrogenada sobre a produção de fito-
massa, quantidade de nutrientes acumulados
(N, P, K, Ca e Mg) e relação C/N dos resíduos
produzidos pela cultura da aveia. O trabalho
foi realizado durante os anos de 1998, 1999 e
2000, na área experimental do Departamento
de Solos da UFSM, Santa Maria (RS), em um
Argissolo Vermelho distrófico arênico com
19 g kg-1 de M.O. O delineamento experimental
foi de blocos ao acaso, com quatro repetições
e sete tratamentos com aveia preta. Nestes,
foram aplicadas as seguintes doses de N: 0,
40, 80, 120, 160, 200 e 240 kg ha-1. A fonte de N
foi a uréia, aplicada parceladamente e a lanço
na cultura da aveia. A adubação com P e K e a
correção da acidez foram iguais em todos os Figura 1. Fósforo (a), potássio (b), cálcio (c) e magnésio (d) acumulados na parte aérea de
tratamentos. acordo com as doses de N aplicadas na aveia, na média dos anos 1998 e 1999.

2. ADUBAÇÃO NITROGENADA NAAVEIA PRETA. nitrogenada na cultura de cobertura, visando minimizar este efeito,
II - INFLUÊNCIA NA DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS, ainda é uma prática pouco investigada.
LIBERAÇÃO DE NITROGÊNIO E RENDIMENTO DE MI- Este trabalho objetivou avaliar a influência de doses de N
LHO SOB SISTEMA PLANTIO DIRETO aplicadas na cultura da aveia sobre a decomposição e liberação de
N dos resíduos e sobre o rendimento de milho cultivado em suces-
AMADO, T.J.C.; SANTI, A.; ACOSTA, J.A.A. Revista Brasileira são. O experimento foi realizado em 1998 e 1999, na área experimen-
de Ciência do Solo, v. 27, n. 6, p. 1085-1096, 2003. (www.scielo.br/ tal do Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-06832003000600013 Maria (RS), em um Argissolo Vermelho distrófico arênico (Hapludalf).
&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro
repetições e 10 tratamentos, sendo sete com aveia preta (doses de
Na região Sul do Brasil, é comum, no sistema plantio direto, N: 0, 40, 80, 120, 160, 200 e 240 kg ha-1), um com ervilhaca e dois com
o cultivo da aveia preta como cultura de cobertura antecedendo ao pousio. Em todos eles, foi cultivado o milho em sucessão, sem
milho. No entanto, em situações de ausência ou de limitada aduba- adubação nitrogenada, exceto em um dos pousios, no qual o milho
ção nitrogenada, esta sucessão pode restringir o rendimento de recebeu, parceladamente, 160 kg ha-1 de N. A adubação com P e K e
milho, decorrente do processo de imobilização do N. A adubação a correção da acidez foram as mesmas para todos os tratamentos. A

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004 9


avaliação da decomposição dos resíduos de aveia e de ervilhaca e significativa em sete das dez avaliações, tanto na cana-planta como
da liberação de N para o milho foi realizada com o uso de sacos de em soqueiras. A interação calcário-potássio não foi significativa
decomposição em todos os tratamentos, à exceção dos pousios. As em nenhuma avaliação, mostrando a pouca interdependência entre
amostragens foram realizadas aos 0, 10, 20, 30, 50, 70, 90 e 110 dias, essas práticas no manejo da fertilidade do solo para a cana-de-
em 1998, e aos 0, 15, 30, 45, 65, 85, 105 e 125 dias, em 1999. açúcar.
Não houve diferença estatística na velocidade de decom-
posição dos resíduos de aveia adubada com doses de N, mesmo 4. THE ENVIRONMENTAL CONSEQUENCES OFADOPTING
quando a relação C/N da fitomassa foi reduzida de 50 para 26. O N CONSERVATION TILLAGE IN EUROPE: REVIEWING THE
liberado pelos resíduos de aveia foi diretamente proporcional à EVIDENCE
dose de N utilizada. Embora tenha sido verificado efeito positivo
da adubação nitrogenada aplicada na aveia sobre a nutrição e HOLLAND, J.M. Agriculture, Ecosystems and Environment,
sobre o rendimento do milho cultivado em sucessão, nenhuma v. 103, p. 1-25, 2004.
das doses avaliadas foi suficiente para alcançar o rendimento O cultivo conservacionista (CC) consiste em práticas de ma-
obtido no tratamento com pousio e N aplicado em cobertura no nejo do solo que minimizam a alteração da estrutura do solo, sua
milho. Assim, mesmo que a adubação nitrogenada na aveia tenha composição e biodiversidade natural e conseqüentemente reduz a
contribuído para o incremento da disponibilidade de N à cultura erosão e a degradação, como também a contaminação da água. O
em sucessão, o deslocamento total dessa adubação para a aveia CC engloba qualquer técnica de cultivo que ajuda a atingir esse
não foi uma estratégia eficiente para atender plenamente à de- objetivo, inclusive o plantio direto e o cultivo mínimo. O CC é prati-
manda do milho. cado em 45 milhões de hectares no mundo todo, predominantemen-
Conclusões: te na América do Norte, na América do Sul, mas vem aumentando na
África do Sul, Austrália e em outras áreas semiáridas. [N.T.: É pos-
1. A adubação nitrogenada aplicada na aveia permitiu que sível que 45 milhões de hectares seja uma estimativa, visto que
maior quantidade de resíduos permanecesse protegendo a superfí- apenas no Brasil a área sob plantio direto é da ordem de 20 milhões
cie do solo na cultura subseqüente de milho. de hectares].
2. As doses de N aplicadas na aveia, embora tenham redu- É usado principalmente como um meio de proteger o solo da
zido a relação C/N dos resíduos, não influenciaram as velocidades erosão e da compactação, de conservar a umidade e de diminuir o
de decomposição e de liberação de N sob sistema plantio direto. custo de produção. Na Europa, a área sob cultivo mínimo está au-
3. O total de N liberado pela aveia, durante o ciclo do milho, mentando primariamente num esforço para reduzir custos de pro-
foi positivamente influenciado pela adubação nitrogenada, sendo dução, mas também como um meio de evitar erosão e reter umidade.
inversamente proporcional à relação C/N dos resíduos produzi- Uma alta proporção (16%) da terra cultivada na Europa é sujeita à
dos. degradação do solo mas tanto produtores como governos são len-
4. A redução da relação C/N da aveia, induzida pela aduba- tos em reconhecer e enfrentar a situação, a despeito dos problemas
ção nitrogenada, promoveu incremento linear no rendimento de ambientais largamente distribuídos que podem ocorrer quando os
grãos de milho cultivado em sucessão. Todavia, o N liberado da solos se degradam. O CC pode melhorar a estrutura do solo e sua
aveia não foi suficiente para atender plenamente à demanda do estabilidade, conseqüentemente facilitando a drenagem e a capaci-
miho, restringindo o seu rendimento. dade de retenção da água, o que reduz os extremos do encharca-
mento e da seca.
O melhoramento da estrutura do solo diminui também o ris-
3. CALAGEM PARA A CANA-DE-AÇÚCAR E SUA INTERA- co de enxurrada e de poluição das águas superficiais com sedimen-
ÇÃO COM A ADUBAÇÃO POTÁSSICA tos, pesticidas e nutrientes. [N.T.: Nutrientes, N e P principalmente,
ao chegar a lagos e lagoas podem provocar eutroficação, o cresci-
ROSSETTO, R.; SPIRONELLO, A.; CANTARELLA, H.; QUAG- mento exagerado de algas, além do risco de methemoglobinemia
GIO, J.A. Bragantia, v. 63, n. 1, p. 105-119, 2004. (www.scielo.br/ devido ao nitrato].
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-87052004000100011
A redução na intensidade do cultivo do solo diminui o con-
&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt)
sumo de energia e a emissão de gás carbônico, enquanto o seqües-
Com o objetivo de estudar os efeitos da calagem e da aduba- tro de carbono aumenta através da elevação no teor de matéria
ção potássica na produtividade da cana-de-açúcar foram instala- orgânica do solo. Sob CC uma biota mais rica se desenvolve, a qual
dos seis experimentos em diversas regiões, em unidades produto- pode melhorar a ciclagem de nutrientes o que, por sua vez, pode
ras do Estado de São Paulo. Os experimentos foram arranjados em ajudar no controle de pragas e moléstias das plantas. A maior dis-
esquema fatorial com quatro doses de calcário e três de potássio, ponibilidade de restos de cultura e de sementes do mato melhora a
em blocos ao acaso com quatro repetições. Foi avaliada a produti- disponibilidade de alimento para insetos, pássaros e pequenos ma-
vidade da cana-planta e, em dois experimentos, a das soqueiras. Em míferos. [N.T.: No caso do plantio direto, diminui o mato e portanto
quatro locais, foi plantada a cultivar SP70-1143 e nos demais, as a disponibilidade de sementes do mesmo].
cultivares SP 71-6163 e SP71-1406. Todos esses aspectos são revistos, mas informação deta-
As análises iniciais dos solos, de todos os locais, revelaram lhada sobre os benefícios ambientais do CC é dispersa e separada
excesso de acidez e a calagem seria uma prática de manejo recomen- de estudos europeus. Não foram conduzidos estudos detalhados e
dada. Foram observadas respostas significativas à calagem em ape- abrangentes na Europa e por isso algumas conclusões devem ser
nas dois experimentos, com acréscimos de produtividade de cana tratadas com cuidado até que possam ser verificadas numa escala
de 8 e 13 t ha-1 respectivamente, o que confirma a adaptação das maior e numa faixa também maior de condições de clima, solo e
cultivares plantadas em solos ácidos e de baixa fertilidade. Por culturas.
outro lado, a resposta da cana ao potássio foi de natureza linear e (Tradutor: Dr. Eurípedes Malavolta, CENA-USP, Piracicaba-SP).

10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004


PAINEL AGRONÔMICO

CONCENTRAÇÃO AGRÍCOLA NOS nesta safra, as perdas podem atingir US$ 320 milhões (ou quase
100 mil toneladas). A procura por novas variedades é a principal
ESTADOS UNIDOS arma dos arrozeiros. No Rio Grande do Sul, a praga mais devastado-
Apenas 3% das propriedades rurais dos Estados Unidos – ra é o arroz vermelho. Pery Sperotto, presidente do Instituto Riogran-
com vendas superiores a US$ 500 mil por ano – produzem mais de dense do Arroz (Irga), diz que o Estado deixou de colher 1 milhão
60% dos produtos agrícolas, segundo o Senso Agrícola, divulgado de toneladas por conta da praga, ou US$ 200 milhões.
pelo Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Um fungo é a principal preocupação dos produtores de ca-
Embora a agricultura continue sendo ocupação dominada por cau que, neste ano, estimam uma perda de 20% na produção da
homens de meia idade e mais velhos, as mulheres começam a ganhar safra temporã com a vassoura-de-bruxa.
espaço, segundo o censo, realizado a cada cinco anos, com números Ao contrário dos grãos, os cálculos das perdas de culturas
relativos a 2002. As 70,6 mil fazendas e propriedades menores, com perenes, como laranja e cana-de-açúcar, são difíceis de mensurar
vendas anuais superiores a US$ 500 mil, produziram cerca de 62% porque os efeitos podem ser sentidos anos depois. No caso do “ama-
dos produtos agrícolas do país. Em 1997, esta parcela era de 56,6%. relinho” da laranja, provocada pela bactéria Xylella fastidiosa, o país
As fazendas americanas produziram US$ 200,6 bilhões em 2002, já tem controle, explica Ademerval Garcia, presidente da Associação
uma média de US$ 94,2 mil por propriedade, o que representou ganho Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus). “As árvores no-
de US$ 2,4 mil desde 1997 (Gazeta Mercantil on line, 07/06/2004). vas estão protegidas contra a doença, mas parte dos pomares anti-
gos tem problema. Em cinco ou seis anos, perderemos até 20 mi-
lhões de árvores (de um total de 200 milhões atuais).” Não há con-
TECNOLOGIA AGRÍCOLA FAVORECE AGRICULTOR trole ainda sobre o cancro cítrico e a morte súbita dos citros. A
Que a tecnologia é essencial para que o produtor consiga estimativa é de que 2,6 milhões de árvores estejam com cancro. No
competir no mercado é fato inegável. A incorporação de tecnologia caso da morte súbita, o controle está em estudo. Na cana, boa parte
na atividade agropecuária (adubos, calcário, defensivos, sementes das doenças fúngicas já está controlada. Esses fungos incidem
melhoradas, tratores e equipamentos adequados à lavoura) traz re- quando um canavial não é renovado e há um só tipo de variedade
sultados não só no aumento físico da produção, via ganhos de de cana cultivada (Valor Econômico, n. 1029, 11/06/2004).
produtividade, mas também em alterações no custo do produto.
Embora a incorporação tecnológica na produção agrope- ARMAZENAGEM É O GARGALO DO AGRONEGÓCIO
cuária eleve seus custos, esse aumento deve ser compensado pelo
aumento dos níveis de produtividade. O pesquisador da Embrapa O descompasso entre a baixa capacidade estática de arma-
Amélio Dall’Agnol, especialista em soja, cita um exemplo dessa zéns existente no Brasil e o volume de grãos disponível gera um
“compensação”. Na década de 60, a produtividade da soja não pas- gargalo para o setor agropecuário. A previsão é de a safra 2003/04
sava de 1.200 kg ha-1 com o uso de pouca tecnologia. “Digamos que registrar uma sobra de 36 milhões de toneladas de produtos e, ain-
esse pacote tecnológico custasse R$ 400,00 por hectare para pro- da, saltar para 63 milhões de toneladas em 2012, de acordo com
duzir 30 sacos de soja por hectare. Hoje, o produtor gasta em torno Duílio de la Corte, diretor comercial do grupo Kepler Weber. “A
de R$ 700,00 por hectare, mas colhe mais de 3.000 kg por essa área”, capacidade de armazenagem não cresce na mesma velocidade da
compara. As inovações tecnológicas dependem da realidade de cada produção”, comenta de la Corte.
produtor. Por isso, na hora de investir é preciso considerar o custo/ Estatísticas revelam que o Brasil possui entre 5% e 6% de
benefício de cada uma (Jornal Coopavel, n. 277, p. 2, março/2004). armazéns em propriedades rurais. Nos Estados Unidos, 65% estão
nas fazendas e na União Européia, 40%. Na vizinha Argentina, as
PERDAS COM DOENÇAS NAS LAVOURAS unidades de estocagem nas fazendas correspondem a 25%. “O ar-
mazém é um regulador do deslocamento da safra”, diz Duílio de la
REDUZEM A RECEITA AGRÍCOLA
Corte, diretor comercial do grupo Kepler Weber. Dos R$ 500 mi-
Da porteira para dentro, os agricultores registram aumento de lhões disponíveis no Moderinfra, foram usados apenas R$ 194 mi-
produção, reflexo da elevada produtividade com insumos de alta lhões. O programa destinado a projetos de armazenagem e de irriga-
tecnologia. Também é dentro do campo que esses produtores travam ção, a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
uma batalha para reduzir as doenças e as pragas que, apesar de boa Social (BNDES), termina em junho, conta o secretário de programas
parte já controlada, ainda são incidentes. Levantamento feito pelo Va- empresariais e do agronegócio da Conab, Pedro Sérgio Beskow.
lor mostra que em 2004 os agricultores poderiam ter um faturamento de A logística tem sido fonte de preocupação para os agentes do
US$ 1,77 bilhão maior, se não fossem as doenças no algodão, arroz, setor. Rodovias precárias, armazéns insuficientes e hidrovias e
soja e cacau. Isso significa que a receita bruta agrícola calculada em ferrovias sem investimento formam o chamado “Custo Brasil”, o qual
US$ 41,7 bilhões, pela MSConsult, poderia ser de US$ 43,5 bilhões. inflaciona os preços do frete no escoamento da safra nacional e
Neste ano, as lavouras de soja do país receberam a visita reduz a competitividade brasileira no mundo. Além disso, caminhões
indesejada da ferrugem asiática, fungo que ataca os grãos, comprome- defasados não conseguem acompanhar o ritmo acelerado da lavoura.
tendo a produtividade e reduzindo os ganhos do agricultor. Os gas- A mecanização no campo reduziu, de alguns anos para cá, de 90 dias
tos com combate a doenças da soja giraram em torno de US$ 1 bilhão, para 40 dias o período de colheita. Com a origem cada vez mais distante
de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. dos centros de consumo e dos portos marítimos, os produtos
Com a retomada da produção de algodão no país, os cuida- agropecuários enfrentam obstáculos na comercialização pelo uso
dos também redobraram. Doenças como a ramulose, e pragas como concentrado em rodovias. Cerca de 60% da soja colhida no País
o bicudo, atingem de 7% a 10% do total da produção a cada ano. Só passam pelas rodovias (Gazeta Mercantil, 24/3/2004).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004 11


Visitem nosso website: www.potafos.org
Temos informações sobre o consumo de fertilizantes no Brasil, pesquisas e
publicações recentes, DRIS para várias culturas, links importantes, e muito mais...

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EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO1
Dario M. Hiromoto2

Quando analisamos a
vontade brasileira em
A
recente visita à China de uma ser sobre o Japão, creio que podemos tomar em-
comitiva brasileira composta tornar-se um modelo prestado o exemplo), em que o conceito e o va-
por mais de 500 empresários de lor da honra são contrastados dentro das cultu-
semelhante ao chinês,
diversos setores da economia, governadores de ras oriental e ocidental.
Estado e Presidente de República deixou claras vislumbramos a
Não é possível haver desenvolvimento
algumas diferenças entre o Brasil e aquele país. distância entre os
sem educação. Não somente a educação adqui-
A China possui uma cultura milenar, com valores e a cultura dos rida nos bancos das escolas, mas aquela que é
uma culinária riquíssima e exótica aos nossos dois países parte da cultura de um povo. No caso da China,
olhos. Possui costumes e valores demasiadamen- pudemos ver que, mesmo sob um modelo políti-
te diferentes dos nossos. Este gigantesco asiáti- co considerado ultrapassado, se há vontade e
co, com 9,6 milhões de quilômetros quadrados, possui crescimento ideais políticos de se fazer a coisa certa, então há caminho para o
econômico de 9% ao ano e reservas estimadas em 450 bilhões de crescimento e o desenvolvimento. O “jeitinho” brasileiro trouxe-
dólares, das quais 30% são investidas anualmente em infra-estrutu- nos à atual situação, e creio que não nos levará a nenhum lugar
ra. Isso faz com que aproximadamente 70% dos guindastes de cons- melhor do que essa realidade. É preciso uma grande revolução na
trução civil do mundo estejam operando na China, juntamente com cabeça de cada brasileiro para começarmos uma grande mudança
mais de 30% do cimento e 21% do aço consumidos em todo o nacional que não é responsabilidade só dos nossos governantes,
planeta. mas de cada um de nós. Também não é um projeto de curto prazo,
Apesar de possuir um regime comunista, extremamente fe- restrito aos mandatos políticos, mas consiste em uma mudança nos
chado e ditatorial, em que ao Estado cabe apenas a manutenção da conceitos e nos valores de nossa nação que irão determinar o que
disciplina, as demais obrigações ficam a cargo da população, onde seremos daqui a 20 anos.
o ensino e todos os direitos são pagos, apresenta mesmo assim um Em 2004, estaremos novamente diante das urnas. Nunca é
baixo índice de analfabetismo, considerando que sua população é demais enfatizar nossa responsabilidade diante desse fato. Não
de 1,3 bilhão de pessoas, com 70% delas vivendo no campo. permitamos que os interesses de poucos sobrepujem os interesses
A comparação com o Brasil é inevitável. Quando analisamos da nação. Isso também é parte do processo de mudança.
a vontade brasileira em tornar-se um modelo semelhante ao chinês, O Brasil é um grande país, com riquezas naturais e potencial
vislumbramos a distância enorme entre os valores e a cultura dos para tornar-se uma das maiores nações do mundo. Se seremos ou
dois países. Essa diferença foi magistralmente ilustrada no filme não, dependerá de nossa capacidade em concentrar esforços na
dirigido por Edward Zwick, “O último samurai” (apesar de o filme educação formal de nosso povo e na incorporação de valores éti-
cos e morais. Se hoje nos faltam grandes líderes nacionais que
1
Fonte: Agrinova, n. 37, julho de 2004. p. 50. sejam exemplos para que possamos seguir, então sejamos nós mes-
2
Diretor Técnico da Fundação Mato Grosso, Rondonópolis-MT. mos “pequenos” exemplos em nossa comunidade local.

12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004


CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS

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EVEN TOS DA POTAFOS EM 2004
VENTOS
SIMPÓSIO SOBRE
POTÁSSIO NA AGRICULTURA BRASILEIRA
DATA: 22 a 24 de SETEMBRO/2004 Hotel Fazenda Fonte Colina Verde, São Pedro-SP
LOCAL DO EVENTO: Hotel Fazenda Fonte Colina Verde, São Fone/Fax: (19) 3481-9999 e (0800) 13-1009
Pedro-SP E-mail: eventos@hotelcolinaverde.com.br
Website: www.hotelcolinaverde.com.br
TAXA DE INSCRIÇÃO: Apartamento Luxo Country (diária para apartamento, com café
Hóspedes do hotel: R$ 300,00 da manhã, almoço e jantar)
Não hóspedes: R$ 400,00 (inclui jantar de 22/09 e almoços e • Single: R$ 145,00
coffee breaks de 23 e 24/09) • Duplo: R$ 220,00 (R$ 110,00/pessoa)
• Triplo: R$ 315,00 (R$ 105,00/pessoa)
HOSPEDAGEM: RESERVA DIRETA COM O HOTEL
+ 10% de taxa de serviço

PROGRAMA
22/SETEMBRO/2004 (4ª feira) 15:30-16:15 Funções do K na formação da colheita
Ismail Cakmak, Universidade Sabanci, Turquia, fone:
14:00-18:00 Inscrição e entrega de materiais
19:00-21:30 Coquetel e jantar 90-216-483-9524, e-mail: cakmak@sabanciuniv.edu
16:15-16:45 Intervalo para café
23/SETEMBRO/2004 (5ª feira) 16:45-17:30 Funções do K na qualidade da colheita
08:00-10:00 Painel 1: RESERVAS DE MINERAIS E Adolf Krauss, IPI, Suíça, fone: 41-61-261-2922, e-mail:
FERTILIZANTES POTÁSSICOS ipi@ipipotash.org
08:00-08:45 Reservas de minerais potássicos e a produção de 17:30-18:15 Efeitos do K nos processos da rizosfera e na resis-
fertilizantes potássicos no Brasil tência das plantas às doenças
Alfredo Scheid Lopes, UFLA/ANDA, Lavras-MG, Volker Römheld, Hohenheim University, Alemanha,
fone: (35) 3829-1122/1251, e-mail: ascheidl@ufla.br fone: 49-711-459-2344, e-mail: roemheld@uni-
08:45-09:30 Reservas de minerais potássicos e a produção de hohenheim.de
fertilizantes potássicos no mundo
18:15-19:00 Métodos diagnósticos da nutrição potássica, com
Terry Roberts, PPI/PPIC, EUA, fone: 001-770-448-0439,
ênfase no DRIS
e-mail: ppi@ppi-far.com
Ondino Cleante Bataglia, IAC, Campinas-SP, fone:
09:30-10:00 Coffee break
(019) 3236-9119 ramal 22, e-mail: ondino@iac.sp.gov.br
10:00-12:15 Painel 2: POTÁSSIO NO SOLO 20:00-21:30 Jantar
10:00-10:45 Mineralogia e formas de K no solo
Nilton Curi, UFLA, Lavras-MG, fone: (035) 3829-1267, 24/SETEMBRO/2004 (6ª feira)
e-mail: niltcuri@ufla.br
08:00-16:00 Painel 4: RESPOSTAS DAS CULTURAS À
10:45-11:30 Análise do K no solo e interpretação
ADUBAÇÃO POTÁSSICA
Gilmar Ribeiro Nachtigall, Embrapa Uva e Vinho,
fone (54) 232-1715, e-mail: gilmar@cnpuv.embrapa.br 08:00-08:30 Manejo conservacionista da adubação potássica
11:30-12:15 Balanço do K nas diferentes regiões do país João Mielniczuk, UFRGS-FA - Depto. Solos, Porto
Ronaldo Pereira de Oliveira, Embrapa Solos, Alegre-RS, fone: (51) 3316-6017, e-mail: mieln@vortex.
fone: (21) 2274-4999, e-mail: ronaldo@cnps.embrapa.br ufrgs.br
e Alexey Naumov, Universidade de Moscou, Rússia, 08:30-09:00 Cultura do algodão
fone: 7-095-939-1552, e-mail: alnaumov@geogr.msu.ru Alberto C. de Campos Bernardi, Embrapa Pecuária
12:15-14:00 Almoço Sudeste, São Carlos-SP, fone: (16) 3361-5611, e-mail:
14:00-19:00 Painel 3: POTÁSSIO NA PLANTA alberto@cnps.embrapa.br & Maria da Conceição
14:00-14:45 Absorção e transporte de K na planta Santana Carvalho, EMBRAPA-SNT, Goiânia, fone:
Eurípedes Malavolta, CENA/USP, Piracicaba-SP, (62) 202-6000, e-mail: maria.santana@embrapa.br
fone: (19)3429-4695, e-mail: mala@cena.usp.br 09:00-09:30 Cultura do arroz irrigado
14:45-15:30 Interação do K com outros íons Ibanor Anghinoni, UFRGS-FA-Depto. Solos, Porto
Andreas Gransee, K+S, Alemanha, Fone: 49-561-9301- Alegre-RS, fone: (51) 3316-6043, e-mail: ibanghi@
2422, e-mail: andreas.gransee@kali-gmbh.com vortex.ufrgs.br

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004 13


09:30-10:00 Cultura do feijão 14:00-14:30 Cultura de citros
Clibas Vieira, UFV-Depto. Fitotecnia, Viçosa-MG, José Eduardo Creste, UNOESTE, Presidente Pruden-
fone: (31) 3899-2613, e-mail: cbvieira@mail.ufv.br te-SP, fone: (18) 229-2000 ramal 2109, e-mail: jcreste@
10:00-10:30 Intervalo para café agro.unoeste.br
10:30-11:00 Cultura do milho 14:30-15:00 Cultura da cana
Antonio Marcos Coelho, EMBRAPA-CNPMS, Sete Fábio César da Silva, EMBRAPA-CNPTIA, Cam-
Lagoas-MG, fone: (31) 3779-1164, e-mail: amcoelho@ pinas-SP, fone: (19) 3789-5785, e-mail: fcesar@cnptia.
cnpms.embrapa.br embrapa.br
11:00-11:30 Cultura da soja 15:00-15:30 Culturas frutíferas tropicais
Clóvis M. Borkert & Adilson de Oliveira Jr., Embra- Lindbergue Crisostomo, EMBRAPA-CNPAT, Forta-
pa Soja, Londrina-PR, fone: (043) 3371-6226/6200, leza-CE, fone: (085) 227-7911, e-mail: lindberg@ cnpat.
e-mail: borkert@cnpso.embrapa.br embrapa.br
11:30-12:00 Cultura do trigo 15:30-16:00 Silvicultura
Aureo Francisco Lantmann, Merege & Lantmann, Ronaldo Luiz Vaz de Arruda Silveira, RR Agroflorestal
Londrina-PR, fone: (43) 3347-0894, e-mail: aureofl@ S/C Ltda., Piracicaba-SP, fone: (19) 3422-1913, e-mail:
sercomtel.com.br ronaldo@rragroflorestal.com.br
12:00-13:30 Almoço 16:00-16:10 Encerramento
13:30-14:00 Culturas da banana e do dendê
16:10-16:40 Café de encerramento
José Espinosa, INPOFOS, Equador, fone: 593-2-463175,
e-mail: jespinosa@ppi-ppic.org

WORKSHOP SIMPAS
Sistema Integrado de Manejo da Produção Agropecuária Sustentável
(POTAFOS, ANDA, ANDEF, ABAG e outras)

Informações: POTAFOS
Local: Campo Mourão-PR Telefones: (19) 3433-3254/3422-9812 ou
Data: 16 a 18/AGOSTO/2004 Website: www.potafos.org
E-mail: potafos@potafos.com.br

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OUTROS EVENTOS

1. III SIMPÓSIO SOBRE SILÍCIO NAAGRICULTURA 3. XVI CONGRESO LATINOAMERICANO Y XII CONGRESO
COLOMBIANO DE LA CIENCIA DEL SUELO
Local: Uberlândia, MG
Data: 13 e 14/SETEMBRO/2004 Local: Cartagena de Indias, Colombia
Informações: E-mail: ghk@triang.com.br Data: 27/SETEMBRO a 01/OUTUBRO/2004
Website: www2.centershop.com.br/fernandes/ Informações: E-mail: sccsueloagarcia@uniweb.net.co
simposio/index.htm Website: http://scsuelo.tripod.com/

2. 4th INTERNATIONAL CROP SCIENCE CONGRESS


(4ICSC)
– New directions for a diverse planet 4. XIV CONGRESSO NACIONAL DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM
I ENCONTRO INTERAMERICANO DE IRRIGAÇÃO, DRE-
Local: Brisbane Convention & Exhibition Centre, Queensland,
NAGEM E CONTROLE DE ENCHENTES
Austrália
Data: 26/SETEMBRO a 01/OUTUBRO/2004 Local: Porto Alegre, RS
Informações: Telefone: +61-7-3858-5554 Data: 24 a 29/OUTUBRO/2004
Fax: +61-7-3858-5510 Informações: Telefone: (31) 3891-3204 - ramal 606 ou 143
E-mail: 4icsc04@im.com.au E-mail: abid@funarbe.org.br
Website: www.cropscience2004.com Website: www.funarbe.org.br/abid.conird

14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004


PUBLICAÇÕES RECENTES

1. FUNDAMENTOS DE QUÍMICA DO SOLO – 2a edição 4. INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA


Editor: Egon José Meurer; 2004. Autores: Kluthcouski, J.; Stone, L.F.; Aidar, H.; 2003.
Conteúdo: Este livro cobre todos os assuntos e tópicos que o Conteúdo: A integração lavoura-pecuária na sustentabilidade do
estudante de agronomia deve saber, desde mineralo- agronegócio; sistema barreirão; sistema Santa Fé;
gia, matéria orgânica, solução do solo, reações de palhada de brachiária nos sistema plantio direto; fa-
sorção, reações redox em solos, acidez, solos sali- zendas de referência; pesquisa científica e produção
nos até poluentes e contaminantes do ambiente. Os agropecuária no Brasil.
oito capítulos foram escritos por professores das Uni- Número de páginas: 570
versidades do Rio Grande do Sul – UFRGS, UFSM e Preço: R$ 35,00
UFPEL. Editor: Embrapa
Número de páginas: 290 Website: www.sct.embrapa.br/Liv/
Preço: R$ 15,00 E-mail: vendas@sct.embrapa.br
Pedidos: E-mail: egon.meurer@terra.com.br
5. DOENÇAS EM FRUTEIRAS TROPICAIS
Autores: Matos, A.P de et al.; 2003.
2. FERTIRRIGAÇÃO EM HORTALIÇAS
Conteúdo: O livro contém informações atualizadas sobre identifi-
(IAC. Boletim Técnico, 196)
cação e controle das principais doenças das fruteiras
Autores: Trani, P.E. e Carrijo, O.A.; 2004. tropicais. Além de uma abordagem sobre as doenças
Conteúdo: A água e a fertirrigação; qualidade da água para irriga- mais prejudiciais, trata de temas de interesse das po-
ção; salinidade e salinização do solo e dos substratos; pulações envolvidas na produção de frutas, incluindo
características dos fertilizantes para fertirrigação; re- a tecnologia da aplicação de agrotóxicos, sua dinâmi-
comendações de fertirrigação para hortaliças; reco- ca e efeitos no meio ambiente. Ilustrado com fotogra-
mendações para fertirrigação de hortaliças em outros fias, o que permite conhecer melhor os sintomas das
países; cálculo de fertirrigação com a mistura de ferti- doenças, a obra é importante fonte de consulta para
lizantes simples. estudantes, professores, pesquisadores, produtores
Número de páginas: 53 (ilustrado) rurais, empresários da agroindústria e exportadores.
Preço: R$ 15,00 Número de páginas: 687
Editor: IAC Preço: R$ 90,00
Website: www.iac.sp.gov.br Editor: Embrapa
Website: www.sct.embrapa.br/Liv/
E-mail: vendas@sct.embrapa.br
3. INCREASING PRODUCTIVITY OF INTENSIVE RICE
SYSTEMS THROUGH SITE-SPECIFIC NUTRIENT MANA- 6. NOVAS VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA O CEN-
GEMENT TRO-SUL DO BRASIL: 14a Liberação do Programa Cana IAC
(1959-2004)
Editores: Dobermann, A.; Witt, C.; Dave, D.; 2004.
(Série Tecnologia APTA. Boletim Técnico IAC, 295)
Conteúdo: Este livro resume a pesquisa conduzida de 1994 a
2001 para desenvolver um novo conceito de manejo Autores: Landell, M.G. de et al.; 2004.
nutricional específico em sistemas irrigados de arroz Conteúdo: Qualificação ambiental para o melhoramento genéti-
e as ferramentas necessárias para aplicá-lo nos cam- co da cana-de-açúcar; novas variedades de cana-
pos agrícolas. de-açúcar.
Número de páginas: 410 Número de páginas: 32
Preço: US$ 59.50 Preço: R$ 7,00
Pedidos: International Rice Research Institute (IRRI) Editor: Instituto Agronômico de Campinas
E-mail: irri@cgiar.org Website: www.iac.sp.gov.br
Website: www.irri.org E-mail: vendas@iac.sp.gov.br

PUBLICAÇÕES DA POTAFOS

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004 15


Ponto de Vista

QUE NOS QUEREM DIZER OS SINAIS DA NATUREZA?


T. Yamada, diretor

M
uito elucidativa para mim foi a informação que gasto na construção da produtividade são gastos R$ 3,00 na prote-
recebi do apicultor Wilson Castilho [Rua Siqueira ção da lavoura. E nos Estados Unidos, como nos informou recente-
Campos, 392, Bairro Uvarana, CEP 84031-030, Pon- mente Tony Vyn, da Universidade de Purdue, há incidência genera-
ta Grossa-PR, fones: (42) 226-0541 e (41) 9902-9428] a respeito da lizada de pulgões na cultura da soja, praga inexistente até então.
constante queda na produção de mel de suas colméias nas últimas A ciência dá alguma luz para decifrar estes sinais da natureza.
duas décadas. Segundo ele, a constatação mais impressionante Afek & Sztejnberg (1995) apresentam dados concretos do
que fez foi com as colméias colocadas nas áreas de trigo mourisco. papel do scoparone – fitoalexina relacionada com a resistência a
Enquanto no sistema de cultivo convencional as colméias chega- uma série de patógenos de citros. Que tem a síntese afetada por um
vam a produzir ao redor de 100 kg de mel por hectare, hoje, no dos herbicidas mais utilizados na citricultura. O qual pode, ainda,
sistema de plantio direto, a produção é praticamente nula. Já nas causar a perda no controle da permeabilidade das membranas, “a
colméias que instala em pomares cítricos na região de Itápolis-SP, característica universal dos tecidos de plantas doentes, indepen-
onde até a década de 90 colhia 50 kg de mel por colméia, diz ele que dentemente do tipo de doença ou da natureza do agente patogê-
fica contente quando consegue coletar 25 kg de mel por colméia. nico”, conforme Wheeler (1978). O mesmo herbicida pode também
Segundo ele, a única mudança que ocorreu nestas áreas foi a ado- reduzir a síntese de antocianinas, flavonas e flavonóis. Taiz & Zeiger
ção do uso de herbicidas. (2004) mencionam que as antocianinas são responsáveis pela maio-
Assim como o apicultor Wilson Castilho, também observo ria das cores observadas nos vegetais (vermelha, rosa, roxa e azul),
algo estranho ocorrendo na natureza. Noto, há tempo, a seca anormal sendo, pois, de importância vital como atrativo para polinizadores e
das árvores. Tanto em área urbana como na rural. Nas cidades, é dispersores das sementes. Já as flavonas e os flavonóis absorvem
comum ver árvores secando ou já secas ao longo das avenidas, nas luz em comprimentos de onda mais curtos do que as antocianinas,
praças e nos parques. Viajando de carro, é fácil observar das rodo- não sendo visíveis ao olho humano, mas sim a insetos, como as
vias o secamento das árvores que crescem ao longo das cercas de abelhas, que respondem a estes compostos como sinais atrativos,
arame ou margeando áreas com lavouras em plantio direto ou com chamados de guias de nectário. Que, acredita-se, auxiliam na loca-
canaviais. Nas árvores, não importa a espécie, os típicos sintomas lização do pólen e do néctar.
que tenho observado são: seca de ponteiros (dieback), morte dos Será que a natureza não estaria nos alertando para os efeitos
galhos inferiores, pouco enfolhamento, com folhas pequenas, lan- colaterais do herbicida mais utilizado no plantio direto?
ceoladas e sem brilho. Com o passar do tempo, muitas plantas se- AFEK, U.; SZTEJNBERG, A. Scoparone (6,7-dimethoxycoumarin), a citrus
cam e morrem. Do mesmo modo, é de constatação geral o aumento phytoalexin involved in resistance to pathogens. In: DANIEL, M.L. &
da incidência de novas doenças e pragas na agricultura. Que dre- PURKAYASTHA, R.P. (Ed.). Handbook of phytoalexin metabolism and
nam a renda do produtor. Basta dizer que o controle da ferrugem da action. New York: Marcel Dekker, Inc., 1995. p. 263-286.
soja chega a custar o equivalente a 6-8 sacas de soja por hectare. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719 p.
WHEELER, H. Disease alterations in permeability and membranes. In:
De acordo com Jonadan Hsuan Min Ma, Grupo Ma Shou Tao, HORSFALL, J.G. & COWLING, E.B. (Ed.). Plant disease – an advanced
Uberaba-MG, dos custos da lavoura, 75% correspondem aos defen- treatise. v. 2. How plants suffer from disease. London: Academic Press, Inc.,
sivos e 25% às sementes e à adubação. Ou seja, para cada R$ 1,00 1978. p. 327-347.

Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato


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• Cargill Crop Nutrition • Simplot • Belaruskali • Tessenderlo Chemie
• IMC Global Inc. • Yara International • Dead Sea Works NV/SA
• Intrepid Mining, • ICL Group • Silvinit
LLC/Moab Potash • International Potash Company • Uralkali

16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 106 – JUNHO/2004

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