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Trabalho de Casa 2 – Módulo II – Psicologia do Desenvolvimento

Testemunha-se, hoje, uma variedade de formas e contextos através dos quais os adolescentes
se podem envolver e participar, online e offline, inspirados pela sua ideologia política, crença
religiosa, estilo de vida, etc., pode-se mesmo se estar a enfrentar uma "revolução participativa"
(Kaase, 1984). Mas, será que todas essas experiências de participação são igualmente
benéficas? A participação é "sempre boa"?

“(…) a participação não leva necessariamente ao desenvolvimento e seus benefícios.” Esta é a


conclusão de dois estudos realizados, expressos no artigo “The developmental quality of
participation experiences: Beyond the rhetoric that "participation is always good!"”.

Após uma leitura atenta deste artigo, com tal conclusão, fico com uma ideia algo paradoxal no
que diz respeito à minha opinião à cerca de se a participação é “sempre boa” ou não.
De facto, tal como no modelo de Phil Treseder (1997) estou de acordo em que não precisa
(nem deve) haver limite para a participação das crianças e jovens.

É certo que as experiências de participação cívica e política de qualidade devem ser favorecidas
de forma a valorizamos cidadãos mais complexos, autónomos, críticos e reflexivos, porém as
experiências de participação mais pobre, por serem mais pobres, na minha opinião, não são
propriamente más, o erro é o melhor ponto de partida. Olhando para trás, vemos pessoas que
hoje são consideradas génios que se depararam múltiplas vezes com o erro. Desta forma, o
erro deveria ser considerado como algo de bom. Errar significa que o aluno ou a aluna pensou,
tentou ou foi criativo.

Desta forma, a Pirâmide TYPE constitui um bom modelo de participação, um modelo em que o
poder e o controlo da participação, quando acontece de forma equilibrada e partilhada,
promovem o empoderamento da própria criança/jovens e do adulto, mais do que quando a
criança/jovem dirige a ação por si só.

Uma vez que “voz” os alunos têm, não temos que lhes “Dar voz”, mas sim tal como sugere
Shier (2001) numa das etapas dos seus “caminhos para a participação”, criar oportunidades e
permitir que os alunos sejam ouvidos, integrando-os na organização escolar. Isto vai permitir
aos
mesmos que desenvolvam competências ligadas à cidadania ativa, comunicação interpessoal,
participação e corresponsabilização, tal como sugere o Perfil dos Alunos à Saída da
Escolaridade Obrigatória.

A título exemplificativo, gostaria de referir um exemplo, que foi algo de estudo numa outra
unidade curricular, Organização Escolar, que creio ser um ótimo exemplo de como a
participação dos estudantes é imperiosa até mesmo em questões mais administrativas e de
gestão, no âmbito escolar.
Num agrupamento de escolas na zona do grande Porto, foi dada a oportunidade, com a criação
de espaços e tempos, para que a iteração e troca de ideias entre os alunos e a direção para a
tomada de decisões importantes pudesse acontecer.
A finalidade deste trabalho foi então possibilitar que o próprio discurso dos estudantes
funcionasse como uma ferramenta para se entender a escola, visto que escutando os jovens,
são encontrados novos sentidos para a mesma. Possibilitar a integração dos estudantes nestas
atividades é assim importante para se perceber a escola, as aulas, os métodos e os exercícios
que se melhor adequam a cada aluno, turma e ano de escolaridade.

Desta forma, uma proposta implementada nesta escola, foi a estruturação de sessões com
temas como a sensibilização da participação e cidadania criativa. Essas sessões poderiam ser
organizadas com debates ou palestras, com a presença de investigadores da área e professores
que se preocupassem com o tema, mas sendo sessões sempre construídas com os alunos,
consoante os seus interesses, no caso desta escola. O esperado seria que resultasse daqui que
os alunos fossem depois capazes de sensibilizar os restantes colegas.

Aliás, quando numa escola se observa que nem metade dos alunos votou para a
eleição da Associação de Estudantes, demonstrando desinteresse ou desconhecimento, ou
muitas vezes não votando por não saber qual o papel da associação de estudantes, as suas
propostas, e até mesmo pensar que o seu voto será inútil, ect, tornou- se crucial a exploração
destes assuntos, através dos debates, palestras de sensibilização, …, junto dos estudantes para
que todos estejam inteirados sobre os seus direitos e deveres como alunos.

No fim das contas, a comunidade escolar tem como maioria dos alunos, por isso, não faz
sentido, sendo a escola um espaço criado para estes, não ter em conta as suas opiniões, ideias
e descartá-los das tomadas de decisão.

Em suma, considero de extrema relevância que os alunos se envolvam ativamente no dia-a-dia


escolar e nas dinâmicas organizadas pela escola, tendo como perspetiva, presente e
futura, a concretização de cultura cívica.

Trabalho realizado por: Pedro Costa


(up201805045)

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