Você está na página 1de 70

Luiz Dias Martins Filho

Theobaldo Spengler Neto

USUCAPIÃO
E ATA NOTARIAL:
TEORIA E PRÁTICA
Luiz Dias Martins Filho
Theobaldo Spengler Neto

USUCAPIÃO
E ATA NOTARIAL:
TEORIA E PRÁTICA

2019
CONSELHO EDITORIAL

Prof. Dr. Alexandre Morais da Rosa – Direito – UFSC e UNIVALI/Brasil


Prof. Dr. Alvaro Sanchez Bravo – Direito – Universidad de Sevilla/Espanha
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum –Economia – UNIJUÍ/Brasil
Prof. Dr. Carlos M. Carcova – Direito – UBA/Argentina
Profª. Drª. Caroline Müller Bitencourt – Direito – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Demétrio de Azeredo Soster – Ciências da Comunicação – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Eduardo Devés – Direito e Filosofia – USACH/Chile
Prof. Dr. Eligio Resta – Direito – Roma Tre/Itália
Profª. Drª. Gabriela Maia Rebouças – Direito – UNIT/SE/Brasil
Prof. Dr. Gilmar Antonio Bedin – Direito – UNIJUÍ/Brasil
Prof. Dr. Giuseppe Ricotta – Sociologia – SAPIENZA Università di Roma/Itália
Prof. Dr. Humberto Dalla Bernardina de Pinho – Direito – UERJ/UNESA/Brasil
Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – Direito – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Ismael Francisco de Souza - Direito - UNESC/Brasil
Prof. Dr. Janriê Rodrigues Reck – Direito – UNISC/Brasil
Prof. Dr. João Pedro Schmidt – Ciência Política – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Jose Luis Bolzan de Morais – Direito – FDV/Brasil
Profª. Drª. Kathrin Lerrer Rosenfield – Filosofia, Literatura e Artes – UFRGS/Brasil
Profª. Drª. Katia Ballacchino – Antropologia Cultural – Università del Molise/Itália
Profª. Drª. Lilia Maia de Morais Sales – Direito – UNIFOR/Brasil
Prof. Dr. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão – Direito – Universidade de Lisboa/Portugal
Prof. Dr. Luiz Rodrigues Wambier – Direito – UNIPAR/Brasil
Profª. Drª. Nuria Belloso Martín – Direito – Universidade de Burgos/Espanha
Prof. Dr. Sidney César Silva Guerra – Direito – UFRJ/Brasil
Profª. Drª. Silvia Virginia Coutinho Areosa – Psicologia Social – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Ulises Cano-Castillo – Energia e Materiais Avançados – IIE/México
Profª. Drª Verônica Teixeira Marques de Souza – Ciências Sociais – UNIT/Brasil
Profª. Drª. Virgínia Appleyard – Biomedicina – University of Dundee/ Escócia

COMITÊ EDITORIAL

Profª. Drª. Fabiana Marion Spengler – Direito – UNISC/Brasil


Prof. Me. Theobaldo Spengler Neto – Direito – UNISC/Brasil
Essere nel Mondo
Rua Borges de Medeiros, 76
Cep: 96810-034 - Santa Cruz do Sul
Fones: (51) 3711.3958 e 9994. 7269
www.esserenelmondo.com.br
www.facebook.com/esserenelmondo

Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida
por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e
expresso consentimento da Editora. A utilização de citações do texto deverá obedecer
às regras editadas pela ABNT.

As ideias, conceitos e/ou comentários expressos na presente obra são criação e


elaboração exclusiva do(s) autor(es), não cabendo nenhuma responsabilidade à Editora.

M385u Martins Filho, Luiz Dias


Usucapião extrajudicial e ata notarial – teoria e prática [recurso eletrônico]
/ Luiz Dias Martins Filho, Theobaldo Spengler Neto. – Santa Cruz do Sul:
Essere nel Mondo, 2019.
70 p.

Texto eletrônico.
Modo de acesso: World Wide Web.

1. Usucapião. 2. Processo civil. 3. Registro de imóveis. 4. Direito notarial e


registral. I. Spengler Neto, Theobaldo. II. Título.

CDD-Dir.: 342.12324

Prefixo Editorial: 5479


Número ISBN: 978-85-5479-052-3

Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406


Catalogação: Fabiana Lorenzon Prates
Revisão gramatical: Aila Corrent
Diagramação: Aila Corrent e Marco Aurélio de Souza Carneiro
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO...................................................................... 6
1. INTRODUÇÃO..................................................................... 7
2. USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL E NORMATIZAÇÃO...........10
3. ATA NOTARIAL ................................................................. 19
3.1 NATUREZA JURÍDICA DA ATA NOTARIAL ................................... 20
3.2 PROCEDIMENTO DE CONSTITUIÇÃO DA ATA
NOTARIAL................................................................................................23
4. USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL E SUA TRAMITAÇÃO
NO OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS................................27
CONCLUSÃO......................................................................... 36
REFERÊNCIAS........................................................................ 38
REFERÊNCIAS RECOMENDADAS......................................... 40
ANEXO I................................................................................. 42
ANEXO II................................................................................ 55
ANEXO III............................................................................... 68
APRESENTAÇÃO
Esta obra nasceu de uma parceria entre um tabelião de notas e um
professor universitário. Uma aula-palestra foi desenvolvida a partir da ideia
de brindar os alunos da disciplina de Direito Processual Civil IV da Universi-
dade de Santa Cruz do Sul (UNISC) com o conhecimento, a experiência e as
expectativas do tabelião de notas quanto ao dia a dia de sua atividade. O
tema foi variado e fascinou os discentes, que têm pouco contato com o coti-
diano dos tabelionatos. Há necessidade de compreensão da importância da
atuação colaborativa do advogado, assim como do cidadão que busca atendi-
mento em Tabelionato de Notas, para que os serviços sejam prestados com
celeridade e assertividade.
Entre as abordagens discutidas, a usucapião extraordinária foi objeto
de atenção especial. Sua recente existência e regulamentação gerou a ideia,
agora levada a efeito, de desenvolver estudos no sentido de compreender a
relevância da desjudicialização de matérias de cunho administrativas, man-
tendo ao Poder Judiciário apenas aquelas que efetivamente devem depender
da sua tutela. Afinal, é reduzindo a atividade judicial que haverá uma presta-
ção jurisdicional mais célere. E celeridade é eficiência.
Com fundamento nessa premissa, analisam-se o Provimento nº 65, de
dezembro de 2017, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), suas previsões e
exigências. Procede-se com o estudo pontual do procedimento administra-
tivo a ser seguido no âmbito do Ofício de Imóveis e a importância da ata
notarial, de competência do tabelião de notas. Ao final, apresentam-se o Pro-
vimento CNJ nº 65/2017 (Anexo I), uma minuta de ata notarial (Anexo II), com
vistas a oportunizar o conhecimento dos assuntos discutidos, e uma ativida-
de para sistematização do conteúdo abordado (Anexo III).
Boa leitura!
Santa Cruz do Sul, junho de 2019.

LUIZ DIAS MARTINS FILHO


THEOBALDO SPENGLER NETO

6
1. INTRODUÇÃO
O Poder Judiciário brasileiro, de muito, vem se debatendo com a crise:
crise de gestão, crise de números, crise de litigiosidade. As causas são polí-
ticas, administrativas e humanas, e cada uma suscita repercussões. Todas
juntas provocam implosão da credibilidade de um Poder Constitucional cuja
função é garantir a prestação de uma Justiça democrática1.
A partir da Constituição Cidadã de 1988 (Constituição da República Fe-
derativa do Brasil [CRFB]), os ares democráticos promoveram uma ampliação
de direitos. Trata-se de direitos já existentes, como a gratuidade judiciária2,
mas amplamente levados ao conhecimento de uma população até então de-
sinformada. Na ânsia de garantir o cumprimento do princípio constitucional
da dignidade da pessoa humana, a Lei nº 8.078, de setembro de 1990, criou
o Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC) e estabeleceu direitos
processuais facilitadores à defesa do consumidor em juízo, como a inversão
do ônus da prova (quando hipossuficiente processualmente)3 e o privilégio
de foro4 (BRASIL, 1990). Somando-se a potencialidade do aumento de de-
mandas com o crescimento populacional e a generalização da informação
derivada do mundo digital, elementos que não foram acompanhados, tem-
-se uma explosão de litigiosidade.
Em contrapartida, o Estado não se muniu de condições humanas e
materiais para atender a esse aumento de demandas. Seja por motivos eco-
nômicos, seja por falta de vontade política, o Poder Judiciário manteve-se, em
regra, com a mesma estrutura anterior à Carta Magna vigente. Ora, se con-
siderada a estrutura reduzida em relação à demanda, a consequência lógica
pôde ser verificada: retardamento na tramitação das ações judiciais, demora
na prestação jurisdicional.

1
Este tema pode ser ampliado com a leitura de Spengler (2017).
2
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
...
L
XXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
3
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
...
 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
4
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça
local:
 
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;

7
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

Inevitavelmente, o crescimento de “direitos” exigiu medidas enérgi-


cas. Várias alterações processuais foram implantadas a partir da metade dos
anos 1990. Já em dezembro de 2004, por meio da Emenda Constitucional (EC)
nº 45, foi inserido novo Princípio Constitucional, no art. 5º, desta feita para
“garantir” ao jurisdicionado a prestação rápida5. Entretanto, a inércia na im-
plantação de projetos efetivos e de efeito prático esvaziou a norma constitu-
cional. Inúmeras foram as microalterações processuais, sempre na busca de
tornar a tutela jurisdicional mais célere. O caminho encontrado, então, foi ex-
cluir a necessidade de prestação jurisdicional para as matérias a elas não afetas.
Medidas efetivas passaram a ser adotadas após o advento da Lei nº
11.441, de janeiro de 2007, que instituiu a possibilidade de proceder em in-
ventário e partilha de bens6, assim como de separações judiciais e divórcios7,

5
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
...
L
XXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
6
A Lei 11.441/2007 dá nova redação ao art. 982 do então vigente CPC para definir que:
“Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se
todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura
pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. Parágrafo único. O tabelião
somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas
por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura
constarão do ato notarial.” O Código vigente, porém, complementa a norma para expressar:
Art. 610.  Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial.
§ 1o  Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por
escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem
como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras.
§ 2o  O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem
assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão
do ato notarial.
7
A Lei nº 11.411/2007 cria o art. 1.124-A, no CPC, para estabelecer que “A separação consensual
e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados
os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual
constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão
alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou
à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 1o  A escritura não depende
de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis.
§ 2o  O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por
advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão
do ato notarial. § 3o  A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se
declararem pobres sob as penas da lei.” Já o Código vigente Art. 733.  O divórcio consensual,
a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro
ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura
pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731.
§ 1o A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para qualquer
ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições
financeiras.
§ 2o  O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por
advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

8
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

por meio de escrituras públicas lavradas em Tabelionato de Notas. Retira-se


do Poder Judiciário atividade de cunho administrativo e que não exige a parti-
cipação jurisdicional, mantendo-a somente quando da existência de interesse
de incapazes8 ou em caso da partilha decorrer de testamento (BRASIL, 2007).
Passo à frente foi dado com a previsão da possibilidade de realização
de usucapião por meio de procedimento extrajudicial, na forma do art. 1.071
do Código de Processo Civil (CPC) de 2015 (Lei nº 13.105, de março de 2015).
A Lei Processual acrescentou o art. 216-A à Lei dos Registros Públicos (Lei nº
6.015, de dezembro de 1973)9. A norma, entretanto, precisou ser regulamen-
tada pelo Provimento nº 65, de dezembro de 2017, do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ).
Esta é a pretensão desta obra: conhecer, compreender e interpretar os
caminhos previstos para que um importante procedimento extrajudicial seja
efetivamente aplicado.
A análise criteriosa do Provimento CNJ nº 65/2017, com fundamento
nas atribuições individualmente levadas aos serviços notariais e aos Regis-
tros de Imóveis, passa pela verificação do ponto em que se inicia e de que
forma ocorre o procedimento de usucapião extrajudicial, assim como se ana-
lisam os limites de atuação de cada ofício e sua responsabilidade, bem como
trâmite e eventuais incidentes do procedimento.
Além disso, verificam-se as relações entre o procedimento judicial e
o extrajudicial de usucapião, passando pelas espécies passíveis de extraju-
dicialização, para concluir pela atualidade da norma posta e seu resultado
positivo tanto para a diminuição do tempo necessário para a satisfação do
cidadão quanto pelo custo reduzido necessário. Isso tudo sem omitir que a
atuação do advogado permanece imprescindível no procedimento extraju-
dicial, na medida em que o princípio da rogação10 se faz presente em todo o
momento administrativo e em todas as fases.

8
A proteção dos incapazes, no trato do divórcio extrajudicial, deve ser compreendida de
modo prático e objetivo. Após os interesses dos incapazes estarem definidos em ação
judicial própria – alimentos, guarda e regulamentação de visitas –, nenhum óbice se tem
para que o divórcio do casal e respectiva partilha de bens sejam realizados por meio de
escritura pública, se forem direitos disponíveis. A mesma compreensão deve ser atribuída
aos casos de dissolução de união estável.
9
Este novo artigo (216-A) da Lei dos Registros Públicos sofreu alteração quando da sanção
da Lei 13.465/2017, a qual dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana, além de
outras matérias.
10
Conforme este princípio, tanto o tabelião como o registrador não atuam de ofício, e a
prestação do serviço notarial ou registral depende sempre de um pedido do usuário do
respectivo serviço.

9
2. USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL
E NORMATIZAÇÃO
O procedimento extrajudicial de usucapião vem regrado pelo art. 216-
A da Lei dos Registros Públicos e pelo Provimento CNJ nº 65/2017, e retrata a
busca administrativa de aquisição originária de propriedade, iniciando com
a ata notarial no Tabelionato de Notas, um dos principais documentos que
embasa o pleito, seguindo para o procedimento extrajudicial no Ofício de
Registro de Imóveis.
O CPC de 2015 regula, em seu art. 1.07111, o procedimento administra-

11
O art. 1.071 do CPC/2015 dispõe que: “A Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa a
vigorar acrescida do seguinte art. 216-A:
Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento
extrajudicial da usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do
registro de imóveis da comarca em que situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do
interessado, representado por advogado, instruído com:
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus
antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias;
II – planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com
prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização
profissional, pelos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados
na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes;
III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio
do requerente;
IV – justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem da posse,
continuidade, natureza e tempo, tais como o pagamento dos impostos e taxas que incidirem
sobre o imóvel.
§ 1º  O pedido será autuado pelo registrador; prorroga-se o prazo da prenotação até o
acolhimento ou rejeição do pedido.
§ 2º  Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares de direito reais
e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na
matrícula dos imóveis confinantes, este será notificado pelo registrador competente, para
manifestar seu consentimento expresso em quinze dias, interpretado o seu silêncio como
discordância; a notificação pode ser feita pelo registrador pessoalmente ou pelo correio,
com aviso de recebimento.
 
§ 3º O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e
ao Município, para que se manifestem, em quinze dias, sobre o pedido. A comunicação
será feita pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou,
ainda, pelo correio, com aviso de recebimento.
§ 4º O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande
circulação, onde houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que
podem manifestar-se em quinze dias.
§ 5º Para a elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas
diligências pelo oficial de registro de imóveis.
§ 6º Transcorrido o prazo de que trata o § 4º deste artigo, sem pendência de diligências
na forma do § 5º deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da
concordância expressa dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou
averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes,
o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as descrições
apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso.

10
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

tivo extrajudicial para a usucapião de bens imóveis. O dispositivo não cria a


usucapião administrativa, pois o art. 60 da Lei nº 11.977, de julho de 2009 (que
institui o Programa Minha Casa Minha Vida)12, já previa uma figura similar
para detentores de título de legitimação de posse. O que há de novo, contu-
do, é a busca pela generalização de procedimento a qualquer suporte fático
de usucapião em que haja consenso, ampliando sensivelmente o âmbito de
aplicação do instituto.
Nem todas as espécies de usucapião, entretanto, permitem a aplica-
ção do procedimento do art. 216-A da Lei Registros Públicos. É admitido o ca-
minho administrativo para a usucapião extraordinária, 15 anos, art. 1.23813
do Código Civil (CC); a usucapião extraordinária, 10 anos, art. 1.238, pará-
grafo único14, do CC; a usucapião especial rural, 5 anos, art. 19115 da CRFB

§ 7º  Em qualquer caso, é lícito ao interessado suscitar o procedimento de dúvida, nos


termos desta lei.
§ 8º Ao final das diligências, se a documentação não estiver em ordem, o oficial de registro
de imóveis rejeitará o pedido.
§ 9º A rejeição do pedido extrajudicial não impede o ajuizamento de ação de usucapião.
§ 10. Em caso de impugnação ao pedido de reconhecimento extrajudicial da usucapião,
apresentada por qualquer um dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados
ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes,
por algum dos entes públicos ou por algum terceiro interessado, o oficial de registro de
imóveis remeterá os autos ao juízo competente da comarca da situação do imóvel, cabendo
ao requerente emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento comum.´”
12
O Programa Minha Casa Minha Vida dispõe: Art. 60.  Sem prejuízo dos direitos decorrentes
da posse exercida anteriormente, o detentor do título de legitimação de posse, após 5
(cinco) anos de seu registro, poderá requerer ao oficial de registro de imóveis a conversão
desse título em registro de propriedade, tendo em vista sua aquisição por usucapião, nos
termos do art. 183 da Constituição Federal.
§ 1º Para requerer a conversão prevista no caput, o adquirente deverá apresentar:
I - certidões do cartório distribuidor demonstrando a inexistência de ações em andamento
que caracterizem oposição à posse do imóvel objeto de legitimação de posse;
II – declaração de que não possui outro imóvel urbano ou rural;
III – declaração de que o imóvel é utilizado para sua moradia ou de sua família; e
IV – declaração de que não teve reconhecido anteriormente o direito à usucapião de imóveis
em áreas urbanas.
§ 2º As certidões previstas no inciso I do § 1o serão relativas ao imóvel objeto de legitimação
de posse e serão fornecidas pelo poder público.
§ 3º No caso de área urbana de mais de 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados),
o prazo para requerimento da conversão do título de legitimação de posse em propriedade
será o estabelecido na legislação pertinente sobre usucapião.
13
Art. 1.238 do CC: aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir
como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé;
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
14
Art. 1.238 do CC: (...) Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a
dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele
realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
15
CRFB - Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-
lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

11
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

e art. 1.23916 do CC; a usucapião especial urbana, 5 anos, art. 18317 da CRFB e
art. 1.24018 do CC e Lei nº 10.257, de junho de 200119, arts.. 9º e 1020; a usucapião
ordinária/comum, 10 anos, art. 1.24221 do CC; a usucapião ordinária pró-la-
bore, 5 anos, art. 1.242, parágrafo único22, do CC; a usucapião de servidões,
16
Art. 1.239 do CC: aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
17
CF/1988 - Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural. (Regulamento – Lei 10.257 de 2001)
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou
a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
18
Código Civil - Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos
e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou
a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor
mais de uma vez.
19
Lei nº 10.257/2001 – Art. 9º Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. - § 1o O título de domínio será
conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. - § 2o O
direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez. - § 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse
de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.
20
Lei nº 10.257/2001 – Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há
mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a
duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos
coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano
ou rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)
§ 1º O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua
posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 2º A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante
sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.
§ 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor,
independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo
escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
§ 4º O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo
deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de
execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.
§ 5º As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por
maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes
ou ausentes.
21
CC – Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
22
CC – Art. 1.242. ( ... ) - Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo
se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do

12
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

10 anos, art. 1.37923, do CC e a usucapião familiar, 2 anos, art. 1.240-A24 do CC.


Constituem exceções a esse procedimento a usucapião pela regula-
rização fundiária de interesse social (Lei nº 11.977/2009) e a regularização
fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas. Nesse caso,
há procedimento específico, atualmente previsto na Lei nº 13.464/2017.
Com base no art. 1.071, do CPC/2015, portanto, a Lei de Registros Pú-
blicos passou a ser acrescida do art.  216-A, que regula o procedimento de
usucapião a ser requerido e a ter tramitação perante o oficial de registro de
imóveis. O instituto se insere no fenômeno da desjudicialização ou extrajudi-
cialização do Direito, caracterizado pelo deslocamento de competências do
Poder Judiciário para órgãos extrajudiciais, notadamente as serventias nota-
riais e registrais25.
O movimento legislativo em questão atribui a notários e a registrado-
res a solução de questões em que há consenso e disponibilidade de direitos
envolvidos, colaborando com o objetivo de agilizar a atividade jurisdicional.
Sabe-se que notários, ou tabeliães, assim como oficiais de registros públicos,
ou registradores, são profissionais do Direito admitidos por concurso públi-
co, para exercer atividade notarial e registral mediante delegação e fiscaliza-
ção do Poder Público, em caráter privado26. Dotados de fé pública, prestam
serviços públicos voltados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança
e eficácia de atos jurídicos (CRFB, art. 236; Lei 8.935, de novembro de 1994,
arts. 1º a 3º).
Há importantes antecedentes legislativos de extrajudicialização, como a
retificação extrajudicial de registro imobiliário (Lei nº 10.931, de agosto de 2004),
o divórcio e o inventário extrajudiciais (Lei nº 11.441/2007). Também, agora,

respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem


estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
23
CC - Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por
dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no
Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos.
24
CC - Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição,
posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta
metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio
integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei
nº 12.424, de 2011)
§ 1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
25
Confira-se Veronese e Silva (2014).
26
Notários e registradores não exercem cargo ou emprego público (sobre o assunto, STF,
ADIN 4.641-SC, rel. Min Teori Zavascki, julg. 11.03.2015). O regime de delegação a eles aplicado
é semelhante ao da concessão de serviços públicos; entretanto há pontos peculiares (entre
outros, é precedido de concurso público de provas e títulos, não de licitação; é exercido
pela pessoa física, mediante responsabilidade pessoal, não por pessoa jurídica).

13
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

há previsão da possibilidade de conciliação e mediação em serventias extra-


judiciais (Provimento nº 67, de março de 2018, do CNJ). Ou seja, extrair das ta-
refas do Poder Judiciário aquelas que não necessitam de decisão, julgamen-
to, é um dos caminhos para reduzir o tempo de andamento dos processos.
Afinal, quanto menor o número de demandas, maior é o tempo de dedicação
àquelas que realmente exigem a tutela jurisdicional.
A usucapião extrajudicial será requerida pelo interessado ao regis-
trador de imóveis da situação do bem ou quando em duas circunscrições a
maior parte dele estiver. A ele compete conduzir o procedimento administra-
tivo que levará ao registro da usucapião, se forem provados os seus requisi-
tos legais e se não houver litígio. Entretanto, a opção pela via judicial não está
excluída. Cabe à parte a decisão da opção extrajudicial. Poderá, porém, optar
por deduzir o seu pedido em juízo se assim preferir, ainda que não haja litígio.
O procedimento se inicia a requerimento do usucapiente, respeitando
o princípio da instância27 que rege o direito registral28. A parte deverá estar
assistida por advogado, exigência legal decorrente da complexidade do ato
postulatório. À petição serão acostadas a prova documental pré-constituída,
para comprovar a posse prolongada pelo tempo exigido no suporte fático da
usucapião invocada, bem como as certidões negativas de distribuição, que
comprovam a natureza mansa e pacífica da posse.
Sobre os documentos a serem apresentados, conforme o art. 4º, III,
do Provimento CNJ nº 65/2017, incluem-se o justo título, se houver, prova da
quitação de impostos e taxas e quaisquer outros que evidenciem a posse,
como contratos de prestação de serviço no imóvel, correspondências, etc. A
norma faz referência à apresentação de ata notarial lavrada pelo tabelião de
notas do município da localização do imóvel como meio de prova.
A ata notarial, regulada no art. 384 do CPC/2015, é o instrumento pú-
blico por meio do qual o tabelião atesta fato com o qual travou contato por
meio de seus sentidos (BRANDELLI, 2011), decorrendo da função tipicamente
notarial de autenticar fatos (BRASIL, 1994). O documento é lavrado por ta-
belião de notas de livre escolha da parte (e não pelo registrador de imóveis
perante o qual corre o procedimento de usucapião), lembrando, entretanto,
que a lavratura de ata – que acompanhará o requerimento – deve ser reali-
zada pelo tabelião de notas do município em que estiver localizado o imóvel
usucapiendo (ou a maior parte dele)29.

27
De acordo com o princípio da rogação ou instância, a regra é que o ato registral é de
iniciativa exclusiva do interessado, vedado o ato ex officio. Entretanto, há exceções, como
previsto no art. 167, II, item 13, e art. 110, caput, da Lei dos Registros Públicos (Lei nº
6.015/1973).
28
Outras informações sobre o assunto podem ser visualizadas em Carvalho (1998).
29
Está-se diante da fixação da competência para realização dos atos, prevista pelo art. 5º,
caput¸ do Provimento CNJ nº 67/2017.

14
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

Paulo Roberto Gaiger Ferreira e Felipe Leonardo Rodrigues (2018, p.


102), para fins de instrução de procedimento de usucapião extrajudicial, clas-
sificam as atas notariais basicamente em três tipos: “(i) ata simples; (ii) ata de
verificação em cartório e (iii) ata de verificação em diligência”.
Conforme os mencionados autores, sempre que possível, o tabelião de
notas deverá iniciar a ata notarial com a apresentação da matrícula ou trans-
crição, se houver, do memorial descritivo e a planta do imóvel usucapiendo,
uma vez que assim se atende ao princípio da especialidade objetiva, ou seja,
há a descrição do imóvel, dos limites da posse e se conhecem os confrontan-
tes que concordam com a planta apresentada (caso assinem, o notário pode
colher suas declarações e anuências na ata) (FERREIRA; RODRIGUES, 2018).
A ata notarial simples, segundo Ferreira e Rodrigues (2018), é aquela
na qual o tabelião constata – em diligência ou não – a existência e característi-
cas do bem usucapiendo, a presença do possuidor e eventuais confrontantes
e testemunhas que conheçam o possuidor e reconheçam o tempo da posse.
Os autores acrescentam que, nessa ata, é indispensável a apresentação da
planta e do memorial descritivo assinado pelo profissional responsável. Aler-
ta-se que esse tipo de ata não é indicado para usucapião especial urbana,
5 anos, art. 183, da CRFB (FERREIRA; RODRIGUES, 2018).
Ferreira e Rodrigues (2018) descrevem que a ata notarial de verifi-
cação em cartório é aquela na qual o tabelião constata – em cartório –,
com fulcro na base geodésica certa, decorrente do memorial descritivo e da
planta assinada pelos confrontantes, a presença do possuidor e de eventuais
confrontantes e testemunhas que o conheçam e tenham ciência do tempo
da posse. Para Ferreira e Rodrigues (2018), esse tipo de ata notarial pode
conter ainda, se houver, a apresentação de documentos que fazem prova da
situação jurídica possessória que comprove o justo título, quando for o caso,
sendo indispensável a apresentação da planta e do memorial descritivo assi-
nados pelo profissional responsável.
Ferreira e Rodrigues (2018) explicam também que a ata notarial de
verificação em diligência é aquela na qual o tabelião constata – em dili-
gência – a existência e características do bem usucapiendo, a presença do
possuidor e eventuais confrontantes e testemunhas que conheçam o possui-
dor e o tempo da posse. Os autores esclarecem que essa ata notarial pode
conter ainda, se houver, a apresentação de documentos que fazem prova
da situação jurídica possessória que comprovem o justo título. No caso da
ata notarial de verificação em diligência, é indispensável a apresentação
da planta e do memorial descritivo assinados pelo profissional responsável.
Segundo os autores, esse tipo de ata é recomendado como padrão.

15
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

A ata notarial difere da escritura declaratória porque, nesta, um ter-


ceiro atesta o fato perante o tabelião, que colhe a manifestação de vontade
e a formaliza. Assim, para lavrar a ata notarial, o notário ou seu preposto
devidamente autorizado deverá se deslocar até o imóvel e lá poderá verificar
a exteriorização da posse, considerando as circunstâncias do caso. Nada obs-
ta a que a testemunha da posse do requerente compareça ao tabelionato e
declare sob as penas da lei os fatos que presenciou, sendo a escritura decla-
ratória lavrada e apresentada ao oficial de registro de imóveis.
Observa-se que a qualificação legal da ata notarial é bem distinta da
qualificação legal da escritura pública. Esta não pode ser lavrada se, a cri-
tério do tabelião, há um ilícito ou, até mesmo, alguma irregularidade admi-
nistrativa. Por seu turno, a ata notarial, ao contrário, deve ser lavrada, até
mesmo para se constituir prova de ilícito.
O requerimento do procedimento de usucapião também deverá ser
acompanhado da planta do imóvel, com memorial descritivo e anotação de
responsabilidade técnica (ART). A ART é a prova de que a planta e o memorial
foram elaborados por profissional habilitado perante o conselho da catego-
ria competente. A planta ainda desempenha outra importante função, pois é
nela que os confinantes e os titulares de direitos sobre o imóvel usucapiendo
inserem sua assinatura, manifestando sua anuência ao pedido e caracteri-
zando o consenso na usucapião, de acordo com o art. 4º, inciso II, do Pro-
vimento CNJ nº 65/2017. Entretanto, a apresentação de planta e memorial
descritivo será dispensada se o imóvel usucapiendo for unidade autônoma
de condomínio edilício ou loteamento regularmente instituído. Nesse caso,
é suficiente a menção, no requerimento, da descrição constante na referida
matrícula imobiliária.
Recebida a petição, devidamente instruída, o oficial de Registro de
Imóveis procederá à prenotação no livro de protocolo e a autuará. Se faltar
algum documento, formulará nota devolutiva entregue ao requerente, para
que supra tal ausência. Se não constar a assinatura de algum interessado
na planta, procederá à sua notificação, para que se manifeste em 15 dias.
Deverá, ainda, notificar as Fazendas Públicas, municipal, estadual e federal,
no intuito de deduzir eventuais impugnações em igual prazo de 15 dias30. Em
seguida, publicará edital em jornal de grande circulação, às expensas do re-
querente, para dar ciência a terceiros de que, em prazo de 15 dias, poderão
impugnar o pedido (art. 216, § 4º, da Lei de Registros Públicos).

30
Incumbe ao oficial do Registro de Imóveis notificar as Fazendas Públicas para manifestação
de interesse: § 3o O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito
Federal e ao Município, pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e
documentos, ou pelo correio com aviso de recebimento, para que se manifestem, em 15
(quinze) dias, sobre o pedido.

16
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

A impugnação da Fazenda Pública consiste em alegação de que, sobre


o imóvel, existe interesse público, se for o caso, e, portanto, inusucapível31.
Os terceiros poderão apresentar quaisquer impugnações contrárias à consu-
mação da usucapião, enquanto os confinantes ou titulares de direitos reais
sobre o imóvel notificados podem impugná-lo ou prestar a anuência que não
foi outorgada mediante assinatura na planta. As manifestações deverão ser
deduzidas por escrito e protocolizadas perante a serventia extrajudicial (res-
pectivo Registro de Imóveis).
Vale ressaltar um ponto importante da regulamentação normativa: se
o confinante ou titular de direitos reais não se manifestar, conforme o art. 10
do Provimento CNJ nº 65/2017, presume-se sua anuência. A solução adotada
segue à vigente na retificação extrajudicial, em que o silêncio do confinante
notificado implica concordância presumida (BRASIL, 1973). Dessa forma, bus-
cou-se conciliar a segurança jurídica à efetividade32. Um estudo estatístico
que analise o número de retificações administrativas em comparação com
o de contestações judiciais posteriores pode servir para confirmar a solução
do novo art. 216-A da Lei nº 6.015/1973 ou para indicar a necessidade de pos-
terior reforma.
Prevê o legislador ainda que o registrador de imóveis poderá realizar
diligências in loco, para elucidar dúvidas que tenham restado da análise da
documentação. Essa faculdade do delegatário deve ser exercida com a cau-
tela necessária, pois ordinariamente o oficial não tem formação técnica em
engenharia, e a inspeção deve ocorrer dentro do que é possível verificar sem
essa habilitação específica (CENEVIVA, 2009).
Se qualquer das partes interessadas apresentar impugnação, o regis-
trador remeterá os autos ao juízo competente, para apreciação. Nesse caso,
cabe a emenda da inicial, para ajustá-la às exigências do processo no âmbito
judicial. Se a documentação estiver insuficiente e o requerente não se confor-
mar com as exigências formuladas, poderá suscitar dúvida na forma do art.
198, da Lei de Registros Públicos. A decisão caberá ao juiz diretor do Foro com
competência jurisdicional, ainda que seja proferida no âmbito administrativo.

31
O interesse da Fazenda a ser demonstrado na usucapião (judicial ou extrajudicial) objetiva
atender aos interesses garantidos pelo Decreto-lei nº 3.365/1941, o qual regulamenta o
procedimento da desapropriação. Em caso de interesse público sobre a área usucapienda,
deverá o Poder Público interessado manifestar-se ao oficial de Registro de Imóveis, o que
impedirá o prosseguimento do procedimento extrajudicial. Sobre o assunto, sugere-se
consultar Miranda (1977).
32
O CNJ aplicou a lógica processual natural à usucapião extrajudicial. A ausência de
manifestação do réu (aqui assemelhado aos confinantes) conduz à decretação da revelia
e confissão quanto à matéria de fato alegada pelo autor. A omissão dos lindeiros, após
notificados administrativamente, e aos interessados incertos e não sabidos, por edital, leva
à presunção de desinteresse na área usucapienda.

17
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

Se não houver impugnação ou se a nota devolutiva for desatendida,


caberá ao registrador de imóveis apreciar o pedido. A decisão do registrador
pressupõe a qualificação, atividade administrativa vinculada privativamente
ao profissional do Direito, em que são examinados os títulos apresentados
a registro e momento em que é verificado o preenchimento dos requisitos
legais do ato registral.
No procedimento de usucapião extrajudicial, se a qualificação docu-
mental for positiva, o oficial procederá ao registro da aquisição do direito real
na matrícula. Em caso de imóvel ainda não matriculado, efetuará a abertura
da matrícula e o registro, seu primeiro ato; em caso de usucapião de imóvel
já matriculado, registrará a nova propriedade.
Em situação de a qualificação documental ser negativa – ou seja, ne-
gada a possibilidade de usucapir –, o oficial do Registro de Imóveis deverá
fundamentar a decisão, indicando qual (ou quais) dos requisitos legais não
foi atendido. Essa decisão – de cunho administrativo – não é impeditivo de
ingresso de ação judicial de usucapião que objetive obter o título de domínio
sobre a mesma área.
Sem prejuízo de possíveis e legítimas críticas a algumas opções do
legislador, vislumbra-se que o procedimento extrajudicial está apto a atribuir
solução mais ágil e eficiente à opção judicial. Nessa linha, uma vez conhecida
como instrumento de acesso amplo à cidadã ou ao cidadão maior e capaz,
pode se tornar um instrumento tão útil quanto o inventário, o divórcio e a
retificação desjudicializados, contribuindo para legalizar situações consolida-
das e promover regularização fundiária.

18
3. ATA NOTARIAL
Destaca-se que, entre as funções das serventias extrajudiciais, o Tabe-
lionato de Notas, sobretudo, exerce função que, cada vez mais, vem ganhan-
do espaço e importância em auxílio ao Poder Judiciário, realizado por meio
de prevenção e assistência na solução de litígios. Foi nesse contexto que a Lei
nº 8.935/1994 previu a ata notarial.
Conforme Ferreira e Rodrigues (2010, p. 112), ata notarial é “instru-
mento público pelo qual o tabelião, ou preposto autorizado, a pedido de pes-
soa interessada, constata fielmente os fatos, as coisas, pessoas ou situações
para comprovar a sua existência, ou o seu estado” ou, ainda, “instrumento
destinado ao registro de fatos jurídicos – sejam eles naturais ou voluntários –
com consequências ou possíveis consequências jurídicas”.
Dessa forma, a ata notarial é realizada pelo tabelião de notas, de forma
que ele “(...) capta, por seus sentidos, uma determinada situação, um deter-
minado fato, e o traslada para seus livros de notas ou para outro documento”
(PEREIRA, 1996, p. 167). Por conseguinte, a ata notarial é um instrumento pú-
blico, por meio do qual o tabelião atesta, de forma imparcial, um fato jurídico
por ele presenciado ou percebido33. É utilizada para narrar e comprovar, com
fé pública, a ocorrência de fatos, perpetuando-os no tempo.
A importância desse instrumento, que nasce sob o manto da fé pú-
blica atribuído pelo ato público firmado pelo tabelião de notas, foi reconhe-
cida pelas comissões que debateram o CPC de 2015 e, posteriormente, pelo
legislador que o aprovou. A ata notarial foi inserida como meio de prova em
espécie, no capítulo XII, seção III, do Codex:

Art. 384.   A existência e o modo de existir de algum fato podem


ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado,
mediante ata lavrada por tabelião.

Parágrafo único.  Dados representados por imagem ou som grava-


dos em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial (BRA-
SIL, 2015).

Instrumento já antes amplamente admitido como meio de prova nos


tribunais brasileiros, a ata notarial passou a merecer atenção especial não
somente do legislador, mas também dos operadores do Direito, que dedica-
ram credibilidade ao instrumento.

33
Por exemplo: “[...] Ata notarial que informa que tabelião esteve no local e constatou a
oscilação da tensão elétrica, objeto da obrigação de fazer [...]” - (TJRS, 1ª T. Recursal Cível
dos Juizados Especiais Cíveis, Recurso Cível nº 71004057345, Rel. Lucas Maltez Kachny, j. em
6/8/2013, DJe de 8/8/2013).

19
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

Esse instrumento tem sido muito utilizado, por exemplo, para compro-
var a existência e o conteúdo de sites – em forma de mensagens, conversas ou
áudios em aplicativos como WhatsApp – e especialmente como importante
elemento probatório para instrução de procedimento extrajudicial de usucapião.
Ainda, em tempos de fake news, com a proliferação de notícias falsas
que circulam na internet e nas redes sociais de modo irresponsável, a utiliza-
ção da ata notarial é providencial. Entretanto, destaca-se aqui a utilização de
atas notariais para instruir pedidos de usucapião extrajudicial, entre outras
hipóteses em que é de grande valia para pré-constituição de prova.
Além das hipóteses de utilização em usucapião extrajudicial, a ata no-
tarial pode ainda ser lavrada fora do cartório/tabelionato de notas. A com-
provação do estado de imóveis no ato da entrega de chaves ou quando do
encerramento de um contrato de locação; a comprovação da realização de
assembleias de associações, condomínios e sindicatos; a comprovação da
presença de uma pessoa em determinado lugar ou a declaração de fatos
ocorridos durante período eleitoral são exemplos da sua utilidade, bem como
o registro de qualquer fato considerado relevante.
A ata notarial tem eficácia probatória, presumindo-se autênticos34, ver-
dadeiros, os fatos nela contidos; por isso, é muito utilizada como meio de
prova, sobretudo quando se deseja fazer e guardar uma prova pré-constituí-
da ou mesmo para eventual e futura utilização em processo judicial35.
Então, dirigindo-se a um tabelionato de notas, o usuário, interessa-
do nos serviços notariais, solicita ao tabelião a elaboração de ata notarial,
quando se verificam os fatos. O documento público servirá como prova pré-
-constituída e será possível incluir imagens e adicionar relatórios, pareceres
técnicos ou mensagens ao referido instrumento. Tudo ali certificado goza de
fé pública.

3.1 NATUREZA JURÍDICA DA ATA NOTARIAL

A ata notarial é um meio de prova com fundamento constitucional de


validade no art. 5º, LV, da CRFB. Trata-se do princípio da ampla defesa, em
que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes”.

34
O instrumento público, no caso a ata notarial, em decorrência da fé pública, inverte ônus
da prova (juris tantum).
35
Vale referir sólido trabalho realizado pelo Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio
de Janeiro (TJRJ) e professor Luiz Roberto Ayoub et al (2009), sob o título A ata notarial e seu
valor como prova.

20
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

Retrata o agir de um ser humano tutelado pelo ordenamento jurídico.


O ato jurídico de lavratura da ata notarial tem previsão no art. 7º, III, da Lei
nº 8.935/1994, que regulamentou o art. 236 da CRFB, atribuindo ao notário a
necessária fé pública aos seus atos. Objetiva tripla-função, ou seja, autenti-
cadora (atribui autenticidade notarial), probatória (pré-constitui prova) e con-
servadora (perpetua-se num documento notarial).
Diz o art. 7º da Lei nº 8.935/1994:

Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:

I - lavrar escrituras e procurações, públicas;

II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;

III - lavrar atas notariais;

IV - reconhecer firmas;

V - autenticar cópias.

Parágrafo único. É facultado aos tabeliães de notas realizar todas


as gestões e diligências necessárias ou convenientes ao preparo
dos atos notariais, requerendo o que couber, sem ônus maiores
que os emolumentos devidos pelo ato (BRASIL, 1994).

Importante relembrar que a ata notarial tem função e conceito dis-


tinto da escritura pública. O tabelião não lavrará a escritura pública se, sob
sua criteriosa análise técnica, houver indícios de irregularidade ou ilicitude.
Trata-se de, na lição de Brandelli (2011, p. 373),

ato notarial pelo qual o notário recebe a vontade manifestada pe-


las partes e endereçadas a ele, tabelião, para que instrumentalize
o ato jurídico adequado; é o ato por meio do qual o tabelião recebe
a vontade das partes, qualifica esta vontade e cria o instrumento
adequado a dar vazão jurídica a esta vontade.

Brandelli (2011) afirma que a escritura pública é apenas o instrumento,


o suporte do ato jurídico celebrado pelas partes. Ela não é o ato em si, mas
a forma que o registra. O seu autor é o tabelião de notas, mas o responsável
pela declaração são as partes – outorgantes e outorgadas – que declaram.
Apesar disso, a formação jurídica exigida do tabelião lhe empresta compe-
tência não somente para transcrever a livre vontade externada pelas partes,
mas também para fiscalizar a juridicidade do pretendido por elas. Esse pro-
fissional exerce poder de “polícia jurídica notarial”, impedindo que se prati-
quem atos contrários ao Direito (BRANDELLI, 2011, p. 178).

21
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

A ata notarial, ao contrário da escritura pública, deve ser lavrada, até


mesmo para se configurar uma prova de ilícito. Também ato praticado pelo
tabelião de notas, na ata notarial, há apenas a narrativa de um fato presen-
ciado, compreendido pelo tabelião sem que qualquer juízo de valor seja emi-
tido. Nesse caso, não cabe a análise quanto ao conteúdo constatado, e sim
apenas o seu registro fidedigno.
O Quadro 1, a seguir, apresenta um comparativo entre escritura pública
e ata notarial.
Quadro 1. Diferenças entre escritura pública e ata notarial.

Escritura pública Ata notarial

Art. 7º – Aos tabeliães de notas Art. 7º – Aos tabeliães de notas


compete com exclusividade: compete com exclusividade:
Lei 8.935/1994
I – lavrar escrituras e (...)
procurações, públicas (...) III – lavrar atas notariais (...)

Expressar a vontade das partes Narrar o fato (jurídico)


Objeto no tocante a atos e negócios presenciado pelo notário a pedido
jurídicos. da pessoa.

Pode conter descrever fatos


Ilicitude Não pode conter fatos ilícitos.
ilícitos.

Natureza jurídica Constitutiva obrigacional. Autenticatória.

Infere-se, por conseguinte, que a ata notarial é um instrumento pú-


blico que goza de fé pública, lavrado pelo tabelião de notas, mas que não se
confunde com a escritura pública. Tem, cada um desses instrumentos, um
objetivo específico.
Para fins de encaminhamento da usucapião extrajudicial, a Lei e o
Provimento CNJ tiveram por bem fazer uso da ata notarial como meio de
comprovação dos elementos iniciais de posse.

22
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

3.2 PROCEDIMENTO DE CONSTITUIÇÃO DA ATA NOTARIAL 36

Segundo Felipe Leonardo Rodrigues, em artigo Os procedimentos bási-


cos da sua lavratura. Técnica de redação – o coração deste precioso instrumento
notarial, na lavratura de qualquer das espécies de ata notarial, o tabelião ou
preposto autorizado poderá seguir cinco procedimentos básicos para escre-
ver o documento: solicitante, data, local, objeto e finalidade. Esses procedi-
mentos dão forma e levam a atender aos objetivos da ata como meio de prova.
Solicitante é a denominação da pessoa que requer a lavratura da ata
notarial37. Podem solicitar pessoas capazes, relativamente incapazes (com
idade superior a 16 anos), procuradores e pessoas jurídicas. Se a solicitação
for de relativamente incapaz, deve-se fazer menção expressa à idade e por
quem assistido; se a solicitação for de procurador, deve-se constar a procura-
ção e, ainda, menção à data, ao livro e à folha do cartório em que foi lavrada
a procuração, e data da expedição da certidão, quando exibida por esta for-
ma; se a solicitação for de pessoa jurídica, os documentos comprobatórios
da representação (assim se entende toda a cadeia de atos que conduzam à
demonstração da efetiva capacidade de representação).
Além disso, devem constar na ata a data e a hora precisas da verifi-
cação dos fatos. Ainda, também se mencionarão a data da lavratura para a
devida leitura e assinatura, e as eventuais datas efetivas das verificações dos
fatos, quando forem sucessivos.
O local onde os fatos foram verificados também é requisito para cer-
tificar na ata. Eles podem ser verificados no Tabelionato de Notas; por exem-
plo, na internet, em que o tabelião ou preposto autorizado acessará e verifica-
rá seu conteúdo em computador próprio. Ressalta-se, porém, que, nos fatos
verificados em diligência do tabelião ou preposto autorizado, é indispensável
a observância de sua competência territorial, conforme determina o art. 9º
da Lei nº 8.935/1994.
O objeto da ata corresponde ao fato a ser descrito ou presenciado
pelo escrivão de notas. Geralmente, as atas notariais, quanto ao objeto, clas-
sificam-se em lícitas e ilícitas, físicas, eletrônicas e sensoriais.

36
Fundamentado em Rodrigues (200-?).
37
Trata-se do respeito ao princípio da rogação ou da instância, que orienta os atos notariais
e registrais. Cabe ao tabelião de notas e/ou ao registrador a prática dos atos administrativos
somente mediante a postulação do interessado.

23
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

Os fatos lícitos são aqueles que não contrariam as leis e os contratos;


são simplesmente fatos cotidianos, como a materialização de um evento, a
publicação de um livro ou o lançamento de um site. Os fatos ilícitos podem
ser verificados e descritos no instrumento em tela. O papel primordial da
ata notarial é materializar o fato e, se o fato é ilícito, será transcrito como foi
presenciado pelo tabelião e, a toda evidência, não poderá contribuir para
propagar o fato ilícito. Entretanto, excluem-se os crimes penais, já que são de
competência exclusiva da Polícia Judiciária.
Fatos em meio físico, por sua vez, são aqueles que podem ser tocados,
que não mudam constantemente, como a verificação do estado de um imó-
vel. Por sua vez, os fatos em meio eletrônico são aqueles, ao contrário dos
físicos, que não podem ser tocados, a exemplo da verificação de uma notícia
em determinado site.
Os fatos em meio sensorial compreendem aqueles que, por meio da
visão, audição e olfato, são verificados pelo tabelião ou preposto autorizado,
ou seja, é verificado com seus próprios sentidos, como a situação de um
diálogo telefônico em sistema viva-voz. A ata notarial contém uma narração
circunstanciada dos fatos, portanto poderá conter a narrativa de qualquer
fato que for percebido, verificado ou constatado pelo tabelião, por meio de
seus sentidos. Assim, as constatações do tabelião deverão ser consignadas
de forma detalhada, precisa, objetiva e clara.
A advogada do Colégio Notarial do Brasil (CNB) – Seção do Rio Grande
do Sul – Professora Ms. Karin Regina Rick Rosa, em treinamento regional do
CNB/RS, realizado em Restinga Seca/RS, em 22 de junho de 2018, explicou
com precisão os elementos formadores da estrutura narrativa da ata nota-
rial (Quadro 2).

24
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

Quadro 2. Estrutura narrativa da ata notarial.

Elemento Descrição

É o intervalo temporal em que o(s) fato(s) ocorre(m). Na ata,


usa-se o tempo cronológico, ou seja, um tempo especificado
Tempo
durante o texto. O tempo verbal na ata será o passado,
pois é lavrada após e a partir de uma constatação feita.

É imprescindível e deve ser informado desde o início da narrativa,


onde ocorreram as constatações para que o leitor possa localizar
Espaço
a ação e imaginá-la com maior facilidade. Na ata notarial,
o ambiente será sempre realista.

É sempre linear. A ata conterá uma sequência de fatos que foram


Cronologia
presenciados.

É o fato em si. Tudo o que ocorreu na presença do Tabelião e que


Enredo
está sendo narrado. Deve ter um começo, um meio e um fim.

São os indivíduos que participam do fato e que são citados


Personagens
pelo narrador.

Na ata, o narrador não participa dos fatos, por isso é chamado


Narrador de narrador-observador. O tabelião de notas é o narrador
da ata notarial.

Requisito importante da ata notarial é a declaração de haver sido lida


ao solicitante e, se for o caso, às testemunhas, uma vez que, depois de lavrada,
o tabelião deverá proceder a leitura da ata ao solicitante e às testemunhas,
quando houver. Se o fato a ser constatado ocorre fora da serventia extraju-
dicial, a ata notarial será lavrada a posteriori, e o solicitante e as testemunhas
deverão comparecer ao tabelionato para que seja procedida a leitura.
Deve-se lembrar da assinatura do solicitante da ata notarial ou de al-
guém a seu rogo e, se for o caso, das testemunhas: depois de lida ao solici-
tante e às testemunhas. No caso de recusa de assinatura da ata notarial pelo
solicitante, o tabelião de notas certificará o fato no instrumento e arquivará
a ata em livro próprio. A falta de assinatura do solicitante não afeta a ata,
pois não se trata de fato jurídico cujo cerne é a manifestação de vontade que
necessite ser confirmada pela assinatura. A ata notarial é finalizada com a
assinatura do tabelião titular, de seu substituto ou do escrevente autorizado.

25
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

Karin Regina Rick Rosa, na mesma oportunidade, em junho de 2018,


em Restinga Seca/RS, apontou ainda requisitos para o redator de atas nota-
riais: (i) ser imparcial em relação aos fatos e situações presenciados, ou seja,
deve ser mantida a neutralidade; (ii) ser detalhista; (iii) ser bom observador;
(iv) estar atento aos acontecimentos ao seu redor; (v) ter boa capacidade de
expressão para fazer uma narrativa isenta, porém fidedigna, mantendo vin-
culação à verdade e (vi) ter bom domínio da língua portuguesa.
Por conseguinte, o tabelião, seu substituto ou escrevente autorizado redi-
girá a ata notarial de forma imparcial, clara, concisa, coerente e, concomitante-
mente, orientará o interessado sobre seus aspectos, de modo a ensejar eficácia
aos efeitos almejados pelo solicitante usuário dos serviços notariais, pois nada
logrará se a eficácia da ata for usurpada com vícios de redação. A conduta do
tabelião deve ser pautada por imparcialidade, clareza, concisão e coerência.
A ata notarial surgiu com a Lei nº 8.935/1994 como instrumento de
prova, contudo não era reconhecida pelo CPC de 1973. Com o advento da
sanção presidencial ao CPC de 2015, ora vigente, está expressamente previs-
ta no seu art. 384. Dessa forma, passa a ser reconhecida na seara processual
como meio de prova e tem a área de atuação ampliada, o que também é
fruto do CPC, como no caso de usucapião extrajudicial, consoante dispositivo
desse Código, que introduziu o art. 216-A na Lei nº 6.015/1973:

Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido


de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será pro-
cessado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da
comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requeri-
mento do interessado, representado por advogado, instruído com:

I – ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de pos-


se do requerente e seus antecessores, conforme o caso e suas cir-
cunstâncias; ( ... ) (BRASIL, 1973).

Atualmente, além de ser instrumento público para fundamentar pro-


cedimento de extrajudicial de usucapião, sua área de utilização ocorre fre-
quentemente nos casos cibernéticos, para comprovar e-mails enviados, men-
sagens ofensivas e inúmeras outras situações. A partir do CPC de 2015, a ata
notarial passou a gozar de segurança jurídica e fé pública38, configurando-se
numa prova pré-constituída.

38
Fé pública é atributo da atividade notarial que gera presunção de veracidade e
autenticidade aos atos praticados pelo tabelião de notas.

26
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

4. USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL E SUA TRAMITAÇÃO


NO OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS
Uma vez concluída a ata notarial, a parte interessada, munida dos de-
mais documentos necessários para a comprovação da legitimidade e posse
do imóvel, protocolizará seu pedido de reconhecimento da propriedade no
Ofício de Registro de Imóveis competente. Apesar de ser um procedimento
administrativo, as exigências encontradas no art. 216-A da Lei dos Registros
Públicos, somadas àquelas listadas pelo Provimento nº 65/2017 do CNJ, asse-
melham-se ao processo judicial.
A competência vem estabelecida no caput do art. 216-A da Lei dos Re-
gistros Públicos. Tem-se como tal o cartório do Registro de Imóveis da co-
marca em que estiver situado o imóvel usucapiendo. Repete-se a regra da
competência jurisdicional para as ações fundadas em direito real sobre bens
imóveis (art. 47 do CPC). A mesma regra vem insculpida na parte final do art.
2º, do Provimento CNJ nº 65/2017, respeitada a já referida regra de tratamen-
to a imóveis limítrofes.
O requerimento a ser apresentado ao Ofício de Registro de Imóveis
deve levar os moldes de uma petição inicial judicial39, quando aplicável ao
caso concreto, e deve ser firmado por advogado ou defensor público (art. 4º
do Provimento nº 65/2017). O meio de comunicação dos atos administrativos
ocorrerá por forma de notificação, que terá por instrumento o e-mail do ad-
vogado ou do defensor público (art. 9º, § 1º, do Provimento CNJ).

39
Art. 319.  A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

27
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

Devem, ainda, nominalmente (art. 3º, caput do Provimento


CNJ nº 65/2017) constar:

I – a modalidade de usucapião requerida e sua base legal ou cons-


titucional;

II – a origem e as características da posse, a existência de edifica-


ção, de benfeitoria ou de qualquer acessão no imóvel usucapien-
do, com a referência às respectivas datas de ocorrência;

III – o nome e estado civil de todos os possuidores anteriores cujo


tempo de posse foi somado ao do requerente para completar o
período aquisitivo;

IV – o número da matrícula ou transcrição da área onde se encon-


tra inserido o imóvel usucapiendo ou a informação de que não se
encontra matriculado ou transcrito;

V – o valor atribuído ao imóvel usucapiendo (BRASIL, 2017).

A indicação da modalidade de usucapião retrata o fundamento jurídico


do pedido formulado (inciso I). A modalidade deverá estar adequada ao tempo
de posse, bem como à origem e à sua utilização. Impõe-se que os elementos
constitutivos do direito do requerente sejam demonstrados – e comprovados
– por meio da ata notarial, a qual deverá estar acosta (inciso II) (BRASIL, 2017).
A perfeita identificação de todos os possuidores anteriores do imó-
vel (inciso III), cuja soma da posse seja necessária ao atingimento do tempo
de prescrição aquisitiva, também deverá ser apresentada. Essa identifica-
ção deverá estar comprovada por meio de documentos comprobatórios da
transferência dos direitos possessórios. Importa ressaltar que, em situação
de tempo de posse somado, o requerente será o último possuidor, apenas
(BRASIL, 2017).
A identificação do imóvel (inciso IV) junto ao registro imobiliário, se
matriculado já estiver, legitima a sua existência prévia e, desde logo, identi-
fica algumas pessoas que deverão ser objeto de notificação. Se a existência
do imóvel, na descrição objeto da usucapião, não estiver registrada, tal fato
deverá ser comprovado por meio de certidão específica.
A quinta e última exigência trazida pelo Provimento CNJ nº 65/2017 é
o valor atribuído ao imóvel, que diz respeito ao valor de lançamento para fins
de imposto ou, se não houver, aproximado ao de comercialização (art. 4º, §
8º). Trata-se de valor que, em âmbito de tutela jurisdicional, não seria apon-
tado como o da causa40 (BRASIL, 2017).

40
APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO. BENS IMÓVEIS. DESISTÊNCIA DA AÇÃO APÓS A

28
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

Ao requerimento, devem ser acostados documentos também expres-


samente indicados no art. 4º do Provimento CNJ nº 65/2017, a iniciar pela ata
notarial, que deverá conter:

a) a descrição do imóvel conforme consta na matrícula do registro


em caso de bem individualizado ou a descrição da área em caso de
não individualização, devendo ainda constar as características do
imóvel, tais como a existência de edificação, de benfeitoria ou de
qualquer acessão no imóvel usucapiendo;

b) o tempo e as características da posse do requerente e de seus


antecessores;

c) a forma de aquisição da posse do imóvel usucapiendo pela parte


requerente;

d) a modalidade de usucapião pretendida e sua base legal ou cons-


titucional;

e) o número de imóveis atingidos pela pretensão aquisitiva e a lo-


calização: se estão situados em uma ou em mais circunscrições;

f) o valor do imóvel;

g) outras informações que o tabelião de notas considere necessá-


rias à instrução do procedimento, tais como depoimentos de teste-
munhas ou partes confrontantes (...); (BRASIL, 2017).

É nítida a repetição de informações já constantes no requerimento.


Este artigo do Provimento CNJ nº 65/2017 tem a função de regulamentar os
incisos I, II, III e IV do art. 216-A da Lei dos Registros Públicos, para fins de
explicitar o conteúdo de cada documento a ser acostado ao requerimento
apresentado ao oficial do Registro de Imóveis.

ANGULARIZAÇÃO DO FEITO. ART. 90 DO CPC/15. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. EXTINÇÃO


DO PROCESSO. NÃO FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. ALTERAÇÃO DA DECISÃO
NESTE TÓPICO. AÇÃO DE USUCAPIÃO. VALOR DA CAUSA CORRESPONDENTE A 1/5 DO VALOR
DO IMÓVEL. JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. DECISÃO MODIFICADA. ... Valor atribuído à
causa. Em regra, o valor da causa deve corresponder ao proveito econômico perseguido
pelo demandante. Entretanto, nas ações de usucapião, a questão é sui generis. Não tendo
tais demandas por objetivo constituir domínio, mas tão somente declará-lo, a jurisprudência
desta Corte tem se orientado no sentido de que o valor da causa na ação de usucapião deve
corresponder a 1/5 (um quinto) do valor do imóvel usucapiendo, visto que este é o ganho
econômico que se obtém com a declaração de domínio e o consectário efeito mandamental
perante o Ofício do Registro de Imóveis. Apelação Cível nº 70078550456, Décima Sétima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Giovanni Conti, Julgado em 29/11/2018.

29
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

Além da ata notarial, caberá ao requerente apresentar (art. 4º, II, do


Provimento CNJ nº 65/2017):

planta e memorial descritivo assinados por profissional legalmen-


te habilitado e com prova da Anotação da Responsabilidade Téc-
nica – ART ou do Registro de Responsabilidade Técnica –  RTT no
respectivo conselho de fiscalização profissional e pelos titulares
dos direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usu-
capiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes ou pelos ocu-
pantes a qualquer título (BRASIL, 2017).

Trata-se de exigência técnica. Os profissionais responsáveis pela ela-


boração da planta e do memorial descritivo deverão comprovar sua forma-
ção com vinculação aos órgãos de autorização e fiscalização.
A planta deverá conter as assinaturas com firma reconhecida daque-
les a quem ela confinar (§ 6º, art. 4º, Provimento CNJ nº 65/2017). Será dispen-
sada, porém, sua apresentação (planta e memorial descritivo) se o imóvel
usucapiendo for unidade autônoma de condomínio edilício ou loteamento
regularmente instituído, como referido. Sua comprovação passará pela men-
ção à descrição constante da respectiva matrícula (§ 5º, art. 4º, Provimento
CNJ nº 65/2017). Nesse caso, inclusive, a notificação e a anuência não neces-
sitarão ser declinadas a todos os condôminos, mas somente pelo síndico (art. 6º,
Provimento CNJ nº 65/2017) (BRASIL, 2017).
Caberá ao oficial do Registro de Imóveis ou de Títulos e Documentos
proceder à notificação de ausência de anuência de algum dos confinantes ou
proprietários matriculados, o que ocorre por meio da assinatura na planta
da área. Minuciosa orientação a respeito das formas de notificação é encon-
trada no art. 10 do Provimento CNJ nº 65/2017, como a necessidade de apon-
tamento do prazo de 15 dias para manifestação junto ao Ofício, sob pena de
presunção de concordância com o pedido lançado no requerimento inicial (§
5º). A concordância expressa poderá ocorrer por escrito particular, mediante
assinatura com firma reconhecida, ou pessoalmente junto ao Ofício (§§ 7º e
8º). Por fim, se algum notificando estiver em local incerto e não sabido, as-
sim certificado pelo Oficial, a notificação ocorrerá por meio de edital (art. 11)
(BRASIL, 2017).

O Provimento CNJ nº 65/2017 ainda define, de modo exaustivo, o que


considera justo título (aquele tratado no inciso II do art. 4º). É especificado no
art. 13 que:

30
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

§ 1º São exemplos de títulos ou instrumentos a que se refere


o caput:

I – compromisso ou recibo de compra e venda;

II – cessão de direitos e promessa de cessão;

III – pré-contrato;

IV – proposta de compra;

V – reserva de lote ou outro instrumento no qual conste a manifes-


tação de vontade das partes, contendo a indicação da fração ideal,
do lote ou unidade, o preço, o modo de pagamento e a promessa
de contratar;

VI – procuração pública com poderes de alienação para si ou para


outrem, especificando o imóvel;

VII – escritura de cessão de direitos hereditários, especificando o


imóvel;

VIII – documentos judiciais de partilha, arrematação ou adjudicação


(BRASIL, 2017).

Importa verificar que a característica apresentada por todos os docu-


mentos indicados no rol é a de documentar um negócio jurídico realizado, mas
não perfeccionalizado. Em outros termos, todos representam a aquisição do
imóvel, porém nenhum tem a força necessária para a transmissão da proprie-
dade junto ao órgão competente. Deverá o requerente, ainda, comprovar a
quitação do preço, mais uma vez confirmando a concretização do negócio. Isso
denota o objetivo do instrumento usucapião: regularização da propriedade.
A exigência de apresentação de justo título (art. 4º, III, Provimento CNJ
nº 65/2017), por evidente, é aplicável somente quando a espécie de usuca-
pião assim exigir. Nos demais casos, o ônus imposto ao requerente é a com-
provação da efetiva posse pelo tempo informado.

31
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

As certidões negativas exigidas são listadas no inciso IV do mesmo ar-


tigo e Provimento CNJ nº 65/2017:

IV – certidões negativas dos distribuidores da Justiça Estadual e


da Justiça Federal do local da situação do imóvel usucapiendo ex-
pedidas nos últimos trinta dias, demonstrando a inexistência de
ações que caracterizem oposição à posse do imóvel, em nome das
seguintes pessoas:

a) do requerente e respectivo cônjuge ou companheiro, se houver;

b) do proprietário do imóvel usucapiendo e respectivo cônjuge ou


companheiro, se houver;

c) de todos os demais possuidores e respectivos cônjuges ou com-


panheiros, se houver, em caso de sucessão de posse, que é soma-
da à do requerente para completar o período aquisitivo da usuca-
pião (...) (BRASIL, 2017).

Tem-se exigência que ultrapassa aquelas encontradas na busca jurisdi-


cional. A comprovação de inexistência de débitos para com o fisco – por parte
de todos aqueles que, em determinado momento e tempo, fizeram-se pos-
suidores da área – tende a conduzir à inviabilização da pretensão. Em caso de
sucessão de várias posses, por largo tempo, são previsíveis a impossibilidade
de localização e a hipótese de óbito.
A apresentação de descrição da área pelo método do georreferencia-
mento (art. 4º, V, Provimento CNJ nº 65/2017) decorre de inovação inserida na
Lei de Registros Públicos pela Lei nº 10.267/2001 e, então, é ratificada pelo
Provimento. Na mesma linha, há também a exigência de certidão pública que
informe da localização – urbana ou rural – do imóvel (inciso VIII).
Os incisos VI e VII do art. 4º, Provimento CNJ nº 65/2017, tratam da re-
presentação do requerente, por advogado, ou seja, exige a apresentação de
instrumento de mandato com poderes especiais e firma reconhecida (quan-
do particular). Quando a representação ocorrer pelo defensor público, exige
autorização especial para fins da usucapião (neste caso, não refere necessi-
dade de reconhecimento de firma).
Conforme o parágrafo 1º, art. 4º, do Provimento nº 65/2017, todos os
documentos acostados ao requerimento inicial deverão ser originais. De
acordo com o parágrafo 3º do mesmo art., em caso de cópia, a autenticida-
de dos documentos deve ser certificada por advogado ou defensor público
(BRASIL, 2017).

32
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

O Provimento CNJ nº 65/2017 prevê também a hipótese do que, em


âmbito judicial, denomina-se litispendência. Se, anteriormente, a área usu-
capienda já for objeto de procedimento extrajudicial no mesmo sentido, o
segundo deverá ser sobrestado (§ 9º, art. 4º, do Provimento CNJ nº 65/2017).
Caso a coincidência física seja parcial, o sobrestamento deverá ocorrer so-
mente nessa parcela, prosseguindo a usucapião sobre aquela diversa (§10º,
art. 4º, do Provimento CNJ nº 65/2017).
O procedimento administrativo segue, depois de verificadas a com-
pletude e legalidade dos documentos apresentados pelo requerente, com a
ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal ou ao Município. Isso ocorrerá
de modo direto, pelo próprio oficial do Registro de Imóveis, pelo Ofício de Re-
gistro de Títulos e Documentos ou por carta, com aviso de recebimento (art.
15, Provimento CNJ nº 65/2017). O prazo para manifestação é de 15 dias; após
esse período sem resposta41, passará à publicação de edital de notificação de
terceiros eventualmente interessados (art. 16, do Provimento CNJ nº 65/2017).
O edital, que também terá prazo de 15 dias, deverá apresentar condi-
ções de identificação, pelos terceiros, da área usucapienda:

§ 1º O edital de que trata o caput conterá:

I – o nome e a qualificação completa do requerente;

II – a identificação do imóvel usucapiendo com o número da matrí-


cula, quando houver, sua área superficial e eventuais acessões ou
benfeitorias nele existentes;

III – os nomes dos titulares de direitos reais e de outros direitos


registrados e averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na
matrícula dos imóveis confinantes ou confrontantes de fato com
expectativa de domínio;

IV – a modalidade de usucapião e o tempo de posse alegado pelo


requerente;

V – a advertência de que a não apresentação de impugnação no


prazo previsto neste artigo implicará anuência ao pedido de reco-
nhecimento extrajudicial da usucapião (BRASIL, 2017).

41
Muito embora o art. 15 do Provimento CNJ nº 65/2017 aponte prazo para manifestação,
logo a seguir (§ 2º) informa que o Poder Público poderá manifestar-se a qualquer tempo.
Isso ocorre em razão da supremacia do interesse público em detrimento do privado.
Havendo oposição, o procedimento administrativo é encerrado, e os autos são remetidos
ao Poder Judiciário (§ 3º).

33
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

A ausência dos elementos formais conduzirá à nulidade da notificação,


a qual deverá ser reproduzida. Trata-se de garantia de respeito ao devido pro-
cesso administrativo legal.
Havendo impugnação por parte de qualquer dos interessados (titu-
lares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na ma-
trícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes, por
ente público ou por terceiro interessado), o oficial do Registro de Imóveis
promoverá sessão de conciliação ou de mediação (art. 18, do Provimento CNJ
nº 65/2017). O objetivo é proporcionar a autocomposição dos interesses do
requerente, contraposto ao do(s) impugnante(s).
Infrutífera a tentativa, os autos administrativos serão devolvidos ao
requerente, após lavrado relatório circunstanciado dos procedimentos até
então ocorridos. O requerimento e os documentos acostados, bem como
todos os atos administrativos, poderão ser transformados em petição inicial
para ajuizamento do pedido judicialmente. Os atos praticados serão válidos
em âmbito judicial, a critério do juiz.
Uma vez reconhecido o direito à usucapião, documentos complemen-
tares devem ser exigidos pelo oficial do Registro. Em caso de imóvel rural, ve-
rificam-se aqueles que demonstram a regularidade do imóvel junto ao Certi-
ficado do Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), emitido pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), a comprovação de inscrição do imóvel
rural no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a certificação do Incra que ateste
que o poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhum
outro constante do seu cadastro georreferenciado (art. 19, do Provimento
CNJ nº 65/2017).
O reconhecimento do pedido acarretará a abertura de nova matrícu-
la, visto que não diz respeito à usucapião de imóvel já registrado e em sua
totalidade. Entretanto, a nova matrícula ou o registro da nova propriedade
na anteriormente existente não extingue eventuais gravames presentes. Seu
cancelamento deverá ser buscado pelo requerente, judicialmente, nos autos
que lhe deram origem (art. 21, Provimento CNJ nº 65/2017).
Importante registro é observado no art. 24 do Provimento CNJ nº
65/2017, em que é expressamente determinado que o oficial não poderá
exigir a comprovação do pagamento do Imposto de Transmissão de Bens
Imóveis (ITBI). Esse já vem sendo posicionamento solidificado nos tribunais
brasileiros. Agora, de modo claro, lê-se:

34
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

Art. 24. O oficial do registro de imóveis não exigirá, para o ato de


registro da usucapião, o pagamento do Imposto de Transmissão de
Bens Imóveis – ITBI, pois trata-se de aquisição originária de domí-
nio (BRASIL, 2017).

Assim, muito embora ainda tenha sido não firmada em texto de Lei, a
norma se aplica aos procedimentos administrativo e judicial. Qualquer exi-
gência contrária passa a atacar direito líquido e certo, por isso deve ser corri-
gida pelo remédio constitucional do mandado de segurança.
Realizado o registro da usucapião, finda o procedimento. Tudo em
ritmo mais célere àquele judicialmente previsto.

35
CONCLUSÃO
É necessário que o homem aprenda com o próprio homem; deve com-
preender que o certo e o errado são fontes de conhecimento e, por isso,
merecem atenção. O desprezo ao que o tempo revela conduz à repetição de
falhas e ao insucesso.
O Legislador de 1973 desenvolveu um CPC para o seu tempo, sem olhar
para o futuro. Um futuro escuro à época, mas que já permitia antever o cres-
cimento, ao menos populacional. Os Legisladores das décadas de 1980, 1990,
2000 olharam para um passado de direitos estabelecidos e se depararam com
uma avalanche de direitos e de litígios que resultaram em demandas cada vez
mais numerosas e mais complexas. Buscaram, então, ajustes processuais.
Entretanto, resultados de fato puderam começar a ser notados, embo-
ra timidamente, com o início da desjudicialização de diretos – não de litígios,
porque ainda continuaram entregues à tutela jurisdicional, mas direitos, em
que a participação do Poder Judiciário era desnecessária para a solução, fo-
ram desviados para a solução extrajudicial.
Iniciada a alteração, primeiro houve mudanças de conduta – conscien-
tização de que um Estado-Juiz sobrecarregado não produz justiça em tempo
adequado – para, depois, implantar-se a possibilidade de realizar o divórcio
extrajudicialmente. Ao mesmo tempo, a partilha de bens em caso de faleci-
mento também foi conduzida ao Tabelionato de Notas.
Os erros de outrora passaram a ser acertos, porque o homem, com
base em suas vivências, foi capaz de compreender que outras medidas tam-
bém poderiam ser excluídas das mãos dos juízes. A principal mudança do
antigo paradigma ocorreu em 2015, a partir do advento da Lei de Mediação.
Com ela, foi possível vislumbrar que os conflitos podem e devem ser dissolvi-
dos fora do Poder Judiciário, desde que haja vontade – boa vontade.
O CPC previu a possibilidade de realização da usucapião de modo ex-
trajudicial e alterou a Lei dos Registros Públicos. Este foi o marco inicial. A
ideia, a norma, deveria, então, ser regulamentada. Coube ao CNJ a tarefa. O
Provimento CNJ nº 65/2017 revelou os elementos esperados para que mais
uma tarefa, de cunho eminentemente administrativo, definitivamente dei-
xasse de pertencer às mesas judiciais. Trata-se, na realidade, de uma norma
de cunho processual-administrativo que consolida todos os elementos ne-
cessários para a construção de um novo caminho.

36
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

Em razão de todos os aspectos abordados, esta publicação pretende,


com fundamento em noções aprofundadas da ata notarial, elemento inicial
da busca extrajudicial pela usucapião, servir de auxílio para que os profissio-
nais da área assumam condutas acertadas. Na análise do Provimento CNJ nº
65/2017, foi possível esclarecer e pontuar a atuação do oficial de Registro de
Imóveis. Ainda, este estudo permitiu identificar que o tabelião de notas e o
oficial do Registro de Imóveis são fundamentais para o êxito dessa nova for-
ma de obter o título de domínio decorrente da prescrição aquisitiva da posse.
Esses profissionais são responsáveis por solidificar esta conduta e garantir
um atendimento mais célere, com vistas a dirimir a angustiante espera de
quem busca a propriedade.

37
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES DO BRASIL (ANOREG-BR).


Bases ou princípios do sistema de notariado latino. Brasília [200-?]. Disponível
em: <http://anoreg.org.br/index.php?option=com_content&view=article&i-
d=5434:imported_5404&catid=54&Itemid=184>. Acesso em jul. 2018.
AYOUB, Luiz Roberto et al. A ata notarial e seu valor como prova. Revista da
EMERJ, 2009, v.12, n. 46, p. 59-68. Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/dspa-
ce/handle/2011/5450>. Acesso em jul. 2018.
BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A Constituição e o Supremo. Art. 236.
Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público. Brasília [200-?]. Disponível em: <http://www.stf.
jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?item=2079>. Acesso em jul. 2018.
BRASIL. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros
públicos, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L6015compilada.htm>. Acesso em jul. 2018.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do con-


sumidor e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8078.htm>. Acesso em jul. 2018.

BRASIL. Lei nº 8.935 de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da


Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos
cartórios). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/LEIS/L8935.htm>.
Acesso em jul. 2018.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Provimento nº 64, de dezembro
de 2017. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=3388>.
Acesso em jul. 2018.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Provimento nº 67, de 26  de março
de 2018. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documen-
to=3415>. Acesso em jul. 2018.
BRASIL. Lei nº 11.441, de 4 de janeiro de 2007. Altera dispositivos da Lei
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, possibilitando a
realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual
por via administrativa. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2007-2010/2007/Lei/L11441.htm>. Acesso em jul. 2018.

38
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

BRASIL. Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha
Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos loca-
lizados em áreas urbanas; altera o Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de
1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de 1964, 6.015, de 31 de dezembro
de 1973, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 10.257, de 10 de julho de 2001, e a
Medida Provisória no 2.197-43, de 24 de agosto de 2001; e dá outras provi-
dências. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11977.htm>. Acesso em jul. 2018.
BRASIL. Lei nº 13.464, de 10 de julho de 2017. Altera a remuneração de servi-
dores de ex-Territórios e de servidores públicos federais; reorganiza cargos
e carreiras; estabelece regras de incorporação de gratificação de desem-
penho a aposentadorias e pensões; [...]. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13464.htm>. Acesso em
jul. 2018.
CARVALHO, Afrânio de. Registro de Imóveis. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense,
1998.
CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos Comentada. 19 ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
FERREIRA, Paulo Roberto Gaiger; RODRIGUES, Felipe Leonardo. Tabelionato
de Notas I. Teoria geral do direito notarial e minutas. 2. ed. São Paulo: Sarai-
va Educação, 2018.
FERREIRA, Paulo Roberto Gaiger; RODRIGUES, Felipe Leonardo. Tabelionato
de Notas II. Atos em espécie. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Comentários ao Código de Proces-
so Civil. Rio de Janeiro: Forense, tomo XIII, 1977.
RODRIGUES, Felipe Leonardo. Ata notarial. Os procedimentos básicos da
sua lavratura. Técnica de redação - o coração deste precioso instrumento
notarial. Atanotarial. [200-?] Disponível em: <http://www.atanotarial.org.br/
artigos_detalhes.asp?Id=6>. Acesso em jul. 2018.
SPENGLER, Fabiana Marion. (Des)caminhos do Estado e da jurisdição. Santa
Cruz do Sul: Essere nel Mondo, 2017.
VERONESE, Yasmim Leandro; SILVA, Caique Leite Thomas da. Os notários e
registradores e sua atuação na desjudicialização das relações sociais. Revista
dos Tribunais. São Paulo, vol. 4, 2014, p. 65.

39
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

REFERÊNCIAS RECOMENDADAS

DALCIN, Tatiani Calderaro. Princípios Norteadores do Direito Notarial. Bre-


ves Considerações sobre a Importância dos Princípios para o Direito. Web
Artigos, 2009. Disponível em <http://www.webartigos.com/artigos/princi-
pios-norteadores-do-direito-notarial/30309/>. Acesso em jul. 2018.
DIP, Ricardo Henry Marques. (Org.) Registros Públicos e Segurança Jurídica.
Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, 1998.
DIP, Ricardo Henry Marques (Coord.) Introdução ao Direito Notarial e Registral.
Porto Alegre: IRIB - Sérgio Antônio Fabris Editor, 2004.
DIP, Ricardo Henry Marques. A Natureza e os Limites das Normas Judiciárias
do Serviço Extrajudicial. São Paulo: Quartier Latin, 2013.
ERPEN, Décio Antônio; PAIVA, João Pedro Lamana. Princípios do Registro
Imobiliário Formal. In DIP, Ricardo Henry Marques (Coord.) Introdução ao Di-
reito Notarial e Registral. Porto Alegre: IRIB - Sérgio Antônio Fabris Editor, 2004.
FRANCIULLI NETTO, Domingos. Protesto cambiário: conceito, histórico e na-
tureza jurídica. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 495, p. 16-19, 1977.
KUMPEL, Vitor Frederico et. al. Tratado Notarial e Registral. Vol. III – Tabeliona-
to de Notas. São Paulo: YK Editora, 2017.
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros Públicos: teoria e prática. 3. ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012.
PAIVA, João Pedro Lamana; ALVARES, Pércio Brasil. Registro Civil das Pessoas
Jurídicas. São Paulo: Saraiva, 2013.
PAIVA, João Pedro Lamana. O procedimento da usucapião extrajudicial. Porto
Alegre, 2016. Disponível em: <http://registrodeimoveis1zona.com.br/wp-con-
tent/uploads/2016/07/O-PROCEDIMENTO-DA-USUCAPI%C3%83O-EXT.pdf>.
Acesso em jul. 2018.
PEDROSO, Regina; LAMANAUSKAS, Milton Fernando. Direito Notarial e Regis-
tral Atual. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015.
PELUSO, Cesar. (Coord.) Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência.
10. ed. Barueri-SP: Manole, 2016.
PINTO, Cristiano Vieira Sobral. Direito Civil Sistematizado. 5. ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2014.
RIBEIRO, Luís Paulo Aliende. Regulação da Função Pública Notarial e de Registro.
São Paulo: Saraiva, 2009.

40
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

TORRES, Lorena Lucena. Passo a Passo da Usucapião Extrajudicial. Jusbrasil.


Disponível em <https://lucenatorres.jusbrasil.com.br/artigos/535292088/
passo-a-passo-da-usucapiao-extrajudicial>. Acesso em jul. 2018.
ZONTA, Fábio. Dos Princípios de Regência dos Serviços Notariais e de Registro.
Novo Hamburgo, 2014. Disponível em: <http://www.tabelionatofischer.not.
br/noticias/area-notarial/dos-principios-de-regencia-dos-servicos-notariais-
-e-de-registro-fabio-zonta-2>. Acesso em jul. 2018.
YOSHIDA, Consuelo Yatsuda Moromizato; FIGUEIREDO, Marcelo; AMADEI,
Vicente de Abreu. (Coords.) Direito Notarial e Registral Avançado. São Paulo:
RT, 2014.

41
ANEXO I
PROVIMENTO CNJ nº  65, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2017.
 
Estabelece diretrizes para o proce-
dimento da usucapião extrajudicial nos
serviços notariais e de registro de imóveis.
 
O CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA, usando de suas atri-
buições legais e regimentais e

CONSIDERANDO o poder de fiscalização e de normatização do


Poder Judiciário dos atos praticados por seus órgãos (art. 103-B, § 4º, I, II e III,
da Constituição Federal);

CONSIDERANDO a competência do Poder Judiciário de fiscalizar


os serviços notariais e de registro (arts. 103-B, § 4º, I e III, e 236, § 1º, da Cons-
tituição Federal);

CONSIDERANDO a obrigação de os notários e registradores


cumprirem as normas técnicas estabelecidas pelo Poder Judiciário (arts. 30,
XIV, e 38 da Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994);

CONSIDERANDO a competência da Corregedoria Nacional de


Justiça de expedir provimentos e outros atos normativos destinados ao aper-
feiçoamento das atividades dos serviços notariais e de registro (art. 8º, X, do
Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça);

CONSIDERANDO a previsão de que, sem prejuízo da via jurisdi-


cional, o pedido de reconhecimento extrajudicial da usucapião será proces-
sado diretamente no ofício de registro de imóveis (art. 216-A da Lei n. 6.015,
de 31 de dezembro de 1973, Lei de Registros Públicos – LRP);

CONSIDERANDO a necessidade de regulamentação e padroni-


zação do procedimento para a admissão da usucapião extrajudicial até que
as unidades da Federação adotem norma própria acerca dos emolumentos
(Lei nº 10.169, de 29 de dezembro de 2000);

CONSIDERANDO a maior celeridade, redução de custos e de de-


mandas no Poder Judiciário mediante a desjudicialização de procedimentos;

CONSIDERANDO a necessidade de uniformização, em todo o


território nacional, dos procedimentos relativos à usucapião extrajudicial;

42
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

CONSIDERANDO as sugestões colhidas no âmbito da consulta


pública realizada pela Corregedoria Nacional de Justiça e nos autos do Pe-
dido de Providência n. 0007015-88.2016.2.00.0000, em trâmite no Conselho
Nacional de Justiça,
 
RESOLVE:
 
Art. 1º Estabelecer diretrizes para o procedimento da usucapião
extrajudicial no âmbito dos serviços notariais e de registro de imóveis, nos
termos do art. 216-A da LRP.

Art. 2º Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de


reconhecimento extrajudicial da usucapião formulado pelo requerente – re-
presentado por advogado ou por defensor público, nos termos do disposto
no art. 216-A da LRP –, que será processado diretamente no ofício de registro
de imóveis da circunscrição em que estiver localizado o imóvel usucapiendo
ou a maior parte dele.

§ 1º O procedimento de que trata o  caput  poderá abranger a


propriedade e demais direitos reais passíveis da usucapião.

§ 2º Será facultada aos interessados a opção pela via judicial ou


pela extrajudicial; podendo ser solicitada, a qualquer momento, a suspensão
do procedimento pelo prazo de trinta dias ou a desistência da via judicial
para promoção da via extrajudicial.

§ 3º Homologada a desistência ou deferida a suspensão, pode-


rão ser utilizadas as provas produzidas na via judicial.

§ 4º Não se admitirá o reconhecimento extrajudicial da usuca-


pião de bens públicos, nos termos da lei.

Art. 3º O requerimento de reconhecimento extrajudicial da usu-


capião atenderá, no que couber, aos requisitos da petição inicial, estabeleci-
dos pelo art. 319 do Código de Processo Civil – CPC, bem como indicará:

I – a modalidade de usucapião requerida e sua base legal ou


constitucional;’

II – a origem e as características da posse, a existência de edifi-


cação, de benfeitoria ou de qualquer acessão no imóvel usucapiendo, com a
referência às respectivas datas de ocorrência;

III – o nome e estado civil de todos os possuidores anteriores cujo


tempo de posse foi somado ao do requerente para completar o período aquisitivo;

43
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

IV – o número da matrícula ou transcrição da área onde se en-


contra inserido o imóvel usucapiendo ou a informação de que não se encon-
tra matriculado ou transcrito;

V – o valor atribuído ao imóvel usucapiendo.

Art. 4º O requerimento será assinado por advogado ou por de-


fensor público constituído pelo requerente e instruído com os seguintes do-
cumentos:

I – ata notarial com a qualificação, endereço eletrônico, domicílio


e residência do requerente e respectivo cônjuge ou companheiro, se houver,
e do titular do imóvel lançado na matrícula objeto da usucapião que ateste:

a) a descrição do imóvel conforme consta na matrícula do re-


gistro em caso de bem individualizado ou a descrição da área em caso de
não individualização, devendo ainda constar as características do imóvel, tais
como a existência de edificação, de benfeitoria ou de qualquer acessão no
imóvel usucapiendo;

b) o tempo e as características da posse do requerente e de seus


antecessores;

c) a forma de aquisição da posse do imóvel usucapiendo pela


parte requerente;

d) a modalidade de usucapião pretendida e sua base legal ou


constitucional;

e) o número de imóveis atingidos pela pretensão aquisitiva e a


localização: se estão situados em uma ou em mais circunscrições;

f) o valor do imóvel;

g) outras informações que o tabelião de notas considere neces-


sárias à instrução do procedimento, tais como depoimentos de testemunhas
ou partes confrontantes;

II – planta e memorial descritivo assinados por profissional le-


galmente habilitado e com prova da Anotação da Responsabilidade Técnica
– ART ou do Registro de Responsabilidade Técnica –  RTT no respectivo con-
selho de fiscalização profissional e pelos titulares dos direitos registrados ou
averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis
confinantes ou pelos ocupantes a qualquer título;

III – justo título ou quaisquer outros documentos que demons-


trem a origem, a continuidade, a cadeia possessória e o tempo de posse;

44
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

IV – certidões negativas dos distribuidores da Justiça Estadual e


da Justiça Federal do local da situação do imóvel usucapiendo expedidas nos
últimos trinta dias, demonstrando a inexistência de ações que caracterizem
oposição à posse do imóvel, em nome das seguintes pessoas:

a) do requerente e respectivo cônjuge ou companheiro, se hou-


ver;

b) do proprietário do imóvel usucapiendo e respectivo cônjuge


ou companheiro, se houver;

c) de todos os demais possuidores e respectivos cônjuges ou


companheiros, se houver, em caso de sucessão de posse, que é somada à do
requerente para completar o período aquisitivo da usucapião;

V – descrição georreferenciada nas hipóteses previstas na Lei n.


10.267, de 28 de agosto de 2001, e nos decretos regulamentadores;

VI – instrumento de mandato, público ou particular, com pode-


res especiais e com firma reconhecida, por semelhança ou autenticidade, ou-
torgado ao advogado pelo requerente e por seu cônjuge ou companheiro;

VII – declaração do requerente, do seu cônjuge ou companheiro


que outorgue ao defensor público a capacidade postulatória da usucapião;

VIII – certidão dos órgãos municipais e/ou federais que demons-


tre a natureza urbana ou rural do imóvel usucapiendo, nos termos da Instrução
Normativa Incra n. 82/2015 e da Nota Técnica Incra/DF/DFC n. 2/2016, expe-
dida até trinta dias antes do requerimento.

§ 1º Os documentos a que se refere o caput deste artigo serão


apresentados no original.

§ 2º O requerimento será instruído com tantas cópias quantas


forem os titulares de direitos reais ou de outros direitos registrados sobre o
imóvel usucapiendo e os proprietários confinantes ou ocupantes cujas as-
sinaturas não constem da planta nem do memorial descritivo referidos no
inciso II deste artigo.

§ 3º O documento oferecido em cópia poderá, no requerimento,


ser declarado autêntico pelo advogado ou pelo defensor público, sob sua
responsabilidade pessoal, sendo dispensada a apresentação de cópias au-
tenticadas.

§ 4º Será dispensado o consentimento do cônjuge do requeren-


te se estiverem casados sob o regime de separação absoluta de bens.

45
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

§ 5º Será dispensada a apresentação de planta e memorial des-


critivo se o imóvel usucapiendo for unidade autônoma de condomínio edi-
lício ou loteamento regularmente instituído, bastando que o requerimento
faça menção à descrição constante da respectiva matrícula.

§ 6º Será exigido o reconhecimento de firma, por semelhança ou


autenticidade, das assinaturas lançadas na planta e no memorial menciona-
dos no inciso II do caput deste artigo.

§ 7º O requerimento poderá ser instruído com mais de uma ata


notarial, por ata notarial complementar ou por escrituras declaratórias lavra-
das pelo mesmo ou por diversos notários, ainda que de diferentes municí-
pios, as quais descreverão os fatos conforme sucederem no tempo.

§ 8º O valor do imóvel declarado pelo requerente será seu valor


venal relativo ao último lançamento do imposto predial e territorial urbano
ou do imposto territorial rural incidente ou, quando não estipulado, o valor
de mercado aproximado.

§ 9º Na hipótese de já existir procedimento de reconhecimento


extrajudicial da usucapião acerca do mesmo imóvel, a prenotação do proce-
dimento permanecerá sobrestada até o acolhimento ou rejeição do procedi-
mento anterior.

§ 10. Existindo procedimento de reconhecimento extrajudicial


da usucapião referente a parcela do imóvel usucapiendo, o procedimento
prosseguirá em relação à parte incontroversa do imóvel, permanecendo so-
brestada a prenotação quanto à parcela controversa.

§ 11. Se o pedido da usucapião extrajudicial abranger mais de


um imóvel, ainda que de titularidade diversa, o procedimento poderá ser re-
alizado por meio de único requerimento e ata notarial, se contíguas as áreas.

Art. 5º A ata notarial mencionada no art. 4º deste provimento


será lavrada pelo tabelião de notas do município em que estiver localizado
o imóvel usucapiendo ou a maior parte dele, a quem caberá alertar o reque-
rente e as testemunhas de que a prestação de declaração falsa no referido
instrumento configurará crime de falsidade, sujeito às penas da lei.

§ 1º O tabelião de notas poderá comparecer ao imóvel usuca-


piendo para realizar diligências necessárias à lavratura da ata notarial.

§ 2º Podem constar da ata notarial imagens, documentos, sons


gravados em arquivos eletrônicos, além do depoimento de testemunhas, não
podendo basear-se apenas em declarações do requerente.

46
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

§ 3º Finalizada a lavratura da ata notarial, o tabelião deve cienti-


ficar o requerente e consignar no ato que a ata notarial não tem valor como
confirmação ou estabelecimento de propriedade, servindo apenas para a
instrução de requerimento extrajudicial de usucapião para processamento
perante o registrador de imóveis.

Art. 6º Para o reconhecimento extrajudicial da usucapião de uni-


dade autônoma integrante de condomínio edilício regularmente constituído
e com construção averbada, bastará a anuência do síndico do condomínio.

Art. 7º Na hipótese de a unidade usucapienda localizar-se em


condomínio edilício constituído de fato, ou seja, sem o respectivo registro do
ato de incorporação ou sem a devida averbação de construção, será exigida
a anuência de todos os titulares de direito constantes da matrícula.

Art. 8º O reconhecimento extrajudicial da usucapião pleiteado por


mais de um requerente será admitido nos casos de exercício comum da posse.

Art. 9º O requerimento, juntamente com todos os documentos


que o instruírem, será autuado pelo oficial do registro de imóveis competente,
prorrogando-se os efeitos da prenotação até o acolhimento ou rejeição do
pedido.

§ 1º Todas as notificações destinadas ao requerente serão efeti-


vadas na pessoa do seu advogado ou do defensor público, por e-mail.

§ 2º A desídia do requerente poderá acarretar o arquivamento do


pedido com base no art. 205 da LRP, bem como o cancelamento da prenotação.

Art. 10. Se a planta mencionada no inciso II do caput do art. 4º


deste provimento não estiver assinada pelos titulares dos direitos registra-
dos ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos
imóveis confinantes ou ocupantes a qualquer título e não for apresentado
documento autônomo de anuência expressa, eles serão notificados pelo ofi-
cial de registro de imóveis ou por intermédio do oficial de registro de títulos
e documentos para que manifestem consentimento no prazo de quinze dias,
considerando-se sua inércia como concordância.

§ 1º A notificação poderá ser feita pessoalmente pelo oficial de


registro de imóveis ou por escrevente habilitado se a parte notificanda com-
parecer em cartório.

§ 2º Se o notificando residir em outra comarca ou circunscrição, a


notificação deverá ser realizada pelo oficial de registro de títulos e documen-
tos da outra comarca ou circunscrição, adiantando o requerente as despesas.

47
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

§ 3º A notificação poderá ser realizada por carta com aviso de


recebimento, devendo vir acompanhada de cópia do requerimento inicial e
da ata notarial, bem como de cópia da planta e do memorial descritivo e dos
demais documentos que a instruíram.

§ 4º Se os notificandos forem casados ou conviverem em união


estável, também serão notificados, em ato separado, os respectivos cônju-
ges ou companheiros.

§ 5º Deverá constar expressamente na notificação a informação


de que o transcurso do prazo previsto no caput sem manifestação do titular
do direito sobre o imóvel consistirá em anuência ao pedido de reconheci-
mento extrajudicial da usucapião do bem imóvel.

§ 6º Se a planta não estiver assinada por algum confrontante,


este será notificado pelo oficial de registro de imóveis mediante carta com
aviso de recebimento, para manifestar-se no prazo de quinze dias, aplican-
do-se ao que couber o disposto nos §§ 2º e seguintes do art. 213 e seguintes
da LRP.

§ 7º O consentimento expresso poderá ser manifestado pelos


confrontantes e titulares de direitos reais a qualquer momento, por docu-
mento particular com firma reconhecida ou por instrumento público, sendo
prescindível a assistência de advogado ou defensor público.

§ 8º A concordância poderá ser manifestada ao escrevente en-


carregado da intimação mediante assinatura de certidão específica de con-
cordância lavrada no ato pelo preposto.

§ 9º Tratando-se de pessoa jurídica, a notificação deverá ser en-


tregue a pessoa com poderes de representação legal.

§ 10. Se o imóvel usucapiendo for matriculado com descrição


precisa e houver perfeita identidade entre a descrição tabular e a área obje-
to do requerimento da usucapião extrajudicial, fica dispensada a intimação
dos confrontantes do imóvel, devendo o registro da aquisição originária ser
realizado na matrícula existente.

Art. 11. Infrutíferas as notificações mencionadas neste provi-


mento, estando o notificando em lugar incerto, não sabido ou inacessível, o
oficial de registro de imóveis certificará o ocorrido e promoverá a notificação
por edital publicado, por duas vezes, em jornal local de grande circulação,
pelo prazo de quinze dias cada um, interpretando o silêncio do notificando
como concordância.

48
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

Parágrafo único. A notificação por edital poderá ser publicada em


meio eletrônico, desde que o procedimento esteja regulamentado pelo tribunal.

Art. 12. Na hipótese de algum titular de direitos reais e de outros


direitos registrados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula do
imóvel confinante ter falecido, poderão assinar a planta e memorial descriti-
vo os herdeiros legais, desde que apresentem escritura pública declaratória
de únicos herdeiros com nomeação do inventariante.

Art. 13. Considera-se outorgado o consentimento mencionado


no caput do art. 10 deste provimento, dispensada a notificação, quando for apre-
sentado pelo requerente justo título ou instrumento que demonstre a existência
de relação jurídica com o titular registral, acompanhado de prova da quitação
das obrigações e de certidão do distribuidor cível expedida até trinta dias antes
do requerimento que demonstre a inexistência de ação judicial contra o reque-
rente ou contra seus cessionários envolvendo o imóvel usucapiendo.

§ 1º São exemplos de títulos ou instrumentos a que se refere


o caput:

I – compromisso ou recibo de compra e venda;

II – cessão de direitos e promessa de cessão;

III – pré-contrato;

IV – proposta de compra;

V – reserva de lote ou outro instrumento no qual conste a ma-


nifestação de vontade das partes, contendo a indicação da fração ideal, do
lote ou unidade, o preço, o modo de pagamento e a promessa de contratar;

VI – procuração pública com poderes de alienação para si ou


para outrem, especificando o imóvel;

VII – escritura de cessão de direitos hereditários, especifi-


cando o imóvel;

VIII – documentos judiciais de partilha, arrematação ou


adjudicação.

§ 2º Em qualquer dos casos, deverá ser justificado o óbice à cor-


reta escrituração das transações para evitar o uso da usucapião como meio
de burla dos requisitos legais do sistema notarial e registral e da tributação
dos impostos de transmissão incidentes sobre os negócios imobiliários, de-
vendo registrador alertar o requerente e as testemunhas de que a prestação
de declaração falsa na referida justificação configurará crime de falsidade,
sujeito às penas da lei.

49
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

§ 3º A prova de quitação será feita por meio de declaração escri-


ta ou da apresentação da quitação da última parcela do preço avençado ou
de recibo assinado pelo proprietário com firma reconhecida.

§ 4º A análise dos documentos citados neste artigo e em seus


parágrafos será realizada pelo oficial de registro de imóveis, que proferirá
nota fundamentada, conforme seu livre convencimento, acerca da veracida-
de e idoneidade do conteúdo e da inexistência de lide relativa ao negócio
objeto de regularização pela usucapião.

Art. 14. A existência de ônus real ou de gravame na matrícula do


imóvel usucapiendo não impedirá o reconhecimento extrajudicial da usucapião.

Parágrafo único. A impugnação do titular do direito previsto


no caput poderá ser objeto de conciliação ou mediação pelo registrador. Não
sendo frutífera, a impugnação impedirá o reconhecimento da usucapião pela
via extrajudicial.

Art. 15. Estando o requerimento regularmente instruído com to-


dos os documentos exigidos, o oficial de registro de imóveis dará ciência à
União, ao Estado, ao Distrito Federal ou ao Município pessoalmente, por inter-
médio do oficial de registro de títulos e documentos ou pelo correio com aviso
de recebimento, para manifestação sobre o pedido no prazo de quinze dias.

§ 1º A inércia dos órgãos públicos diante da notificação de que


trata este artigo não impedirá o regular andamento do procedimento nem o
eventual reconhecimento extrajudicial da usucapião.

§ 2º Será admitida a manifestação do Poder Público em qual-


quer fase do procedimento.

§ 3º Apresentada qualquer ressalva, óbice ou oposição dos en-


tes públicos mencionados, o procedimento extrajudicial deverá ser encerra-
do e enviado ao juízo competente para o rito judicial da usucapião.

Art. 16. Após a notificação prevista no caput do art. 15 deste pro-


vimento, o oficial de registro de imóveis expedirá edital, que será publicado
pelo requerente e às expensas dele, na forma do art. 257, III, do CPC, para
ciência de terceiros eventualmente interessados, que poderão manifestar-se
nos quinze dias subsequentes ao da publicação.

§ 1º O edital de que trata o caput conterá:

I – o nome e a qualificação completa do requerente;

II – a identificação do imóvel usucapiendo com o número da ma-


trícula, quando houver, sua área superficial e eventuais acessões ou benfei-
torias nele existentes;

50
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

III – os nomes dos titulares de direitos reais e de outros direitos


registrados e averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula
dos imóveis confinantes ou confrontantes de fato com expectativa de domínio;

IV – a modalidade de usucapião e o tempo de posse alegado


pelo requerente;

V –  a advertência de que a não apresentação de impugnação no


prazo previsto neste artigo implicará anuência ao pedido de reconhecimento
extrajudicial da usucapião.

§ 2º Os terceiros eventualmente interessados poderão manifes-


tar-se no prazo de quinze dias após o decurso do prazo do edital publicado.

§ 3º Estando o imóvel usucapiendo localizado em duas ou mais


circunscrições ou em circunscrição que abranja mais de um município, o edi-
tal de que trata o caput deste artigo deverá ser publicado em jornal de todas
as localidades.

§ 4º O edital poderá ser publicado em meio eletrônico, desde


que o procedimento esteja regulamentado pelo órgão jurisdicional local, dis-
pensada a publicação em jornais de grande circulação.

Art. 17. Para a elucidação de quaisquer dúvidas, imprecisões ou


incertezas, poderão ser solicitadas ou realizadas diligências pelo oficial de
registro de imóveis ou por escrevente habilitado.

§ 1º No caso de ausência ou insuficiência dos documentos de


que trata o inciso IV do caput do art. 216-A da LRP, a posse e os demais da-
dos necessários poderão ser comprovados em procedimento de justificação
administrativa perante o oficial de registro do imóvel, que obedecerá, no que
couber, ao disposto no § 5º do art. 381 e ao rito previsto nos arts. 382 e 383,
todos do CPC.

§ 2º Se, ao final das diligências, ainda persistirem dúvidas, im-


precisões ou incertezas, bem como a ausência ou insuficiência de documen-
tos, o oficial de registro de imóveis rejeitará o pedido mediante nota de de-
volução fundamentada.

§ 3º A rejeição do pedido extrajudicial não impedirá o ajuiza-


mento de ação de usucapião no foro competente.

§ 4º Com a rejeição do pedido extrajudicial e a devolução de


nota fundamentada, cessarão os efeitos da prenotação e da preferência dos
direitos reais determinada pela prioridade, salvo suscitação de dúvida.

51
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

§ 5º A rejeição do requerimento poderá ser impugnada pelo re-


querente no prazo de quinze dias, perante o oficial de registro de imóveis, que
poderá reanalisar o pedido e reconsiderar a nota de rejeição no mesmo prazo
ou suscitará dúvida registral nos moldes dos art. 198 e seguintes da LRP.

Art. 18. Em caso de impugnação do pedido de reconhecimento


extrajudicial da usucapião apresentada por qualquer dos titulares de direitos
reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel
usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes, por ente público ou
por terceiro interessado, o oficial de registro de imóveis tentará promover a
conciliação ou a mediação entre as partes interessadas.

§ 1º Sendo infrutífera a conciliação ou a mediação mencionada


no caput deste artigo, persistindo a impugnação, o oficial de registro de imó-
veis lavrará relatório circunstanciado de todo o processamento da usucapião.

§ 2º O oficial de registro de imóveis entregará os autos do pedi-


do da usucapião ao requerente, acompanhados do relatório circunstanciado,
mediante recibo.

§ 3º A parte requerente poderá emendar a petição inicial, ade-


quando-a ao procedimento judicial e apresentá-la ao juízo competente da
comarca de localização do imóvel usucapiendo.

Art. 19. O registro do reconhecimento extrajudicial da usucapião


de imóvel rural somente será realizado após a apresentação:

I – do recibo de inscrição do imóvel rural no Cadastro Ambiental


Rural – CAR, de que trata o art. 29 da Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012,
emitido por órgão ambiental competente, esteja ou não a reserva legal aver-
bada na matrícula imobiliária, fazendo-se expressa referência, na matrícula,
ao número de registro e à data de cadastro constantes daquele documento;

II – do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR mais re-


cente, emitido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – In-
cra, devidamente quitado;

III – de certificação do Incra que ateste que o poligonal objeto


do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhum outro constante do seu
cadastro georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas,
conforme as áreas e os prazos previstos na Lei n. 10.267/2001 e nos decretos
regulamentadores.

Art. 20. O registro do reconhecimento extrajudicial da usucapião


de imóvel implica abertura de nova matrícula.

52
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

§ 1º Na hipótese de o imóvel usucapiendo encontrar-se matricu-


lado e o pedido referir-se à totalidade do bem, o registro do reconhecimento
extrajudicial de usucapião será averbado na própria matrícula existente.

§ 2º Caso o reconhecimento extrajudicial da usucapião atinja


fração de imóvel matriculado ou imóveis referentes, total ou parcialmente,
a duas ou mais matrículas, será aberta nova matrícula para o imóvel usuca-
piendo, devendo as matrículas atingidas, conforme o caso, ser encerradas ou
receber as averbações dos respectivos desfalques ou destaques, dispensa-
da, para esse fim, a apuração da área remanescente.

§ 3º A abertura de matrícula de imóvel edificado independerá da


apresentação de habite-se.

§ 4º Tratando-se de usucapião de unidade autônoma localizada


em condomínio edilício objeto de incorporação, mas ainda não instituído ou
sem a devida averbação de construção, a matrícula será aberta para a res-
pectiva fração ideal, mencionando-se a unidade a que se refere.

§ 5º O ato de abertura de matrícula decorrente de usucapião


conterá, sempre que possível, para fins de coordenação e histórico, a indica-
ção do registro anterior desfalcado e, no campo destinado à indicação dos
proprietários, a expressão “adquirido por usucapião”.

Art. 21. O reconhecimento extrajudicial da usucapião de imóvel


matriculado não extinguirá eventuais restrições administrativas nem grava-
mes judiciais regularmente inscritos.

§ 1º A parte requerente deverá formular pedido de cancelamen-


to dos gravames e restrições diretamente à autoridade que emitiu a ordem.

§ 2º Os entes públicos ou credores podem anuir expressamente


à extinção dos gravames no procedimento da usucapião.

Art. 22. Estando em ordem a documentação e não havendo im-


pugnação, o oficial de registro de imóveis emitirá nota fundamentada de de-
ferimento e efetuará o registro da usucapião.

Art. 23. Em qualquer caso, o legítimo interessado poderá susci-


tar o procedimento de dúvida, observado o disposto nos art. 198 e seguintes
da LRP.

Art. 24. O oficial do registro de imóveis não exigirá, para o ato


de registro da usucapião, o pagamento do Imposto de Transmissão de Bens
Imóveis – ITBI, pois trata-se de aquisição originária de domínio.

53
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

Art. 25. Em virtude da consolidação temporal da posse e do ca-


ráter originário da aquisição da propriedade, o registro declaratório da usu-
capião não se confunde com as condutas previstas no Capítulo IX da Lei n.
6.766, de 19 de dezembro de 1979, nem delas deriva.

Art. 26. Enquanto não for editada, no âmbito dos Estados e do


Distrito Federal, legislação específica acerca da fixação de emolumentos para
o procedimento da usucapião extrajudicial, serão adotadas as seguintes re-
gras:

I – no tabelionato de notas, a ata notarial será considerada ato


de conteúdo econômico, devendo-se tomar por base para a cobrança de
emolumentos o valor venal do imóvel relativo ao último lançamento do im-
posto predial e territorial urbano ou ao imposto territorial rural ou, quando
não estipulado, o valor de mercado aproximado;

II – no registro de imóveis, pelo processamento da usucapião,


serão devidos emolumentos equivalentes a 50% do valor previsto na tabela
de emolumentos para o registro e, caso o pedido seja deferido, também se-
rão devidos emolumentos pela aquisição da propriedade equivalentes a 50%
do valor previsto na tabela de emolumentos para o registro, tomando-se por
base o valor venal do imóvel relativo ao último lançamento do imposto pre-
dial e territorial urbano ou ao imposto territorial rural ou, quando não estipu-
lado, o valor de mercado aproximado.

Parágrafo único. Diligências, reconhecimento de firmas, escritu-


ras declaratórias, notificações e atos preparatórios e instrutórios para a la-
vratura da ata notarial, certidões, buscas, averbações, notificações e editais
relacionados ao processamento do pedido da usucapião serão considerados
atos autônomos para efeito de cobrança de emolumentos nos termos da le-
gislação local, devendo as despesas ser adiantadas pelo requerente.

Art. 27. Este provimento entra em vigor na data da sua publicação.

Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

54
ANEXO II
1. MINUTA DE ATA NOTARIAL EM CASO DE USUCAPIÃO
EXTRAJUDICIAL

ATA NOTARIAL que solicitou MARIAZINHA DE TAL e seu marido, MA-


RIO ANTUNES e sua mulher e PEDRO DA SILVA e sua mulher, como segue:

SAIBAM quantos virem esta pública ATA NOTARIAL que, neste X Tabe-
lionato de Notas de Santa Cruz do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, no ano
de dois mil e dezoito (2018), aos quinze (15) dias do mês de junho, lavrou-se
a seguinte ata notarial a pedido dos solicitantes: /////////////////////////////////////////
////////////////////////////////////
01 – MARIAZINHA DE TAL, do lar, filha de João Silva e de Márcia Silva,
inscrita no CPF nº 000.000.000-00, portadora da cédula de identidade RG nº
0000000000, expedida pela SJS/RS em 13/08/1998, e seu marido JOÃO DE
TAL, metalúrgico, filho de Antônio de Tal e de Herculana de Tal, inscrito no
CPF nº 000.000.000-00, portador da cédula de identidade RG nº 0000000000,
expedida pela SSP/RS em 29/11/1985, casados pelo regime da comunhão uni-
versal de bens, na vigência da Lei 6.515/77, brasileiros, residentes e domicilia-
dos na Rua João de Barros nº 000, nesta cidade; //////////////////////////////////////////
///////////////////////////////////
02 – MARIO ANTUNES, vendedor, filho de Lauro Antunes e de Maria
Antunes, inscrito no CPF nº 000.000.000-00, portador da cédula de identida-
de RG nº 0000000000, expedida pela SSP/RS em 29/07/1996, e sua mulher
JOANA ANTUNES, monitora, filha de Pedro Cabral e de Verônica Cabral, ins-
crita no CPF nº 000.000.000-00, portadora da cédula de identidade RG nº
0000000000, expedida pela SSP/RS, casados pelo regime da comunhão par-
cial de bens, na vigência da Lei 6.515/77, brasileiros, residentes e domiciliados
na Rua João de Barros nº 000, nesta cidade; ////////////////////////////////////////////////
/////////////////////////////
03 – PEDRO DA SILVA, industriário, filho de Vilmar da Silva e de Zama-
ra da Silva, inscrito no CPF nº 000.000.000-00, portador da cédula de identi-
dade RG nº 0 000 000 000, expedida pela SJS/RS em 18/07/2001 e sua mulher
JOANA DA SILVA, doméstica, filha de Mario Azevedo e de Laonda Azevedo,
inscrita no CPF nº 000.000.000-00, portadora da cédula de identidade RG nº
0000000000, expedida pela SSP/RS em 27/10/1992, casados pelo regime da
comunhão universal de bens, na vigência da Lei 6.515/77, brasileiros, residen-
tes e domiciliados em Lomba do Pinheiro, neste município; e, como advoga-
do assistente: /////////////////////////////////////////////////////////

55
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

Dr. TÍCIO GONÇALVES, brasileiro, solteiro, que declara não conviver


em união estável, maior, filho de Tibúrcio Gonçalves e de Normélia Gonçal-
ves, advogado, residente e domiciliado na Rua Duque de Caxias nº 000, nesta
cidade, inscrito no CPF nº 000.000.000-00, inscrito na OAB/RS sob nº 00.000;
devidamente identificados e reconhecidos pelos próprios de mim, Dr. Luiz
Dias Martins Filho, Tabelião, de cuja capacidade para este ato dou fé, lavrei
a seguinte ata notarial: /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
DA SOLICITAÇÃO: - os solicitantes compareceram em 15/05/2018, nes-
te Ofício Notarial, e requereram a lavratura de uma Ata Notarial para fins
de instrução em procedimento extrajudicial, cujo objetivo é a obtenção da
declaração da propriedade pela Usucapião Extrajudicial, tudo nos termos do
artigo 1.071, inciso I do Código de Processo Civil e ainda, artigo 4º, inciso I do
provimento nº 65/2017 do CNJ. //////////////////////////////////////////////////////////////////
///////////
DO IMÓVEL OBJETO: - tendo em vista a necessária composição de
documentos previstos nos dispositivos acima para a referida demanda, pelos
solicitantes me foi requerida a constatação da declaração da posse e ou-
tras informações que visam demonstrar o exercício da posse sobre o imóvel
constituído de: /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
UMA FRAÇÃO DE TERRAS, sem denominação especial, sem benfeito-
rias, com a área superficial de 60.967,52m2 (sessenta mil, novecentos e ses-
senta e sete metros e cinquenta e dois decímetros quadrados), situada na
área rural de Cerro Alegre Baixo, e, localizada no lado esquerdo da Avenida
Willy Moraes, de quem nela entra pela Estrada Entrada Arroio do Couto, don-
de dista 535,10m (quinhentos e trinta e cinco metros e dez centímetros), me-
dindo, no sentido anti-horário, 180,54m (cento e oitenta metros e cinquenta
e quatro centímetros), em dois segmentos, o primeiro com 19,69m (dezenove
metros e sessenta e nove centímetros) de extensão até o ponto com coorde-
nadas X: 368408,0308 e Y: 6703551,8727, fazendo um ângulo de 182º44’38”
na direção oeste e o segundo segmento com 160,85m (cento e sessenta me-
tros e oitenta e cinco centímetros) de extensão até o ponto de coordenadas
X: 368246,1594 e Y: 6703575,6432, fazendo um ângulo de 70º22’10”, seguin-
do 428,71m (quatrocentos e vinte e oito metros e setenta e um centímetros)
de extensão até o ponto de coordenadas X: 368333,3228 e Y: 6703154,4669,
fazendo um ângulo de 93º38’10”, seguindo 150,31m (cento e cinquenta me-
tros e trinta e um centímetros) de extensão até o ponto com coordenadas X:
368482,3882 e Y: 6703175,4189, fazendo um ângulo de 103º45’40”, seguindo
106,48m (cento e seis metros e quarenta e oito centímetros) de extensão até
o ponto de coordenadas X: 368493,8180 e Y: 6703281,2470, fazendo um ân-
gulo de 75º34’20” na direção oeste, seguindo 66,57m (sessenta e seis metros
e cinquenta e sete centímetros) de extensão até o ponto de coordenadas X:

56
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

368427,9216 e Y: 6703271,7747, fazendo um ângulo de 277º39’17” na dire-


ção norte, seguindo 278,67m (duzentos e setenta e oito metros e sessenta
e sete centímetros) de extensão até encontrar o ponto de coordenadas X:
368425,3630 e Y: 6703550,4299, junto a Avenida Willy Moraes, onde faz um
ângulo de 95º43’16”. Possui as seguintes confrontações: Frente Norte, com
a Avenida Willy Moraes; Lado Oeste, com terras de Adão do Prado e Avenida
Willy Moraes; Fundos Sul, com terras de Benedito Furtado e Mévio Azambuja
da Avenida Willy Moraes; Lado Leste, com terras de José Furtado da Aveni-
da Willy Moraes, e com terras de Mariazinha da Silva, João de Tal, Pedro da
Silva, Joana da Silva, Mario Antunes e Joana Antunes da Avenida Willy Mora-
es./////////////////////////////////////////////////////////
Cada casal é possuidor da seguinte área ideal:
MARIAZINHA DE TAL e seu marido: 322,50m2
MARIO ANTUNES e sua mulher: 20.322,51m2
PEDRO DA SILVA e sua mulher: 40.322,51m2
DA AVALIAÇÃO: Os solicitantes atribuem ao imóvel usucapiendo o va-
lor de R$ 304.837,70 (trezentos e quatro mil, oitocentos e trinta e sete reais e
setenta centavos).
/////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
DA POSSE: - Os solicitantes declararam que: a) são detentores da pos-
se do imóvel acima descrito, conforme escritura pública de cessão e transfe-
rência de direitos possessórios lavrada neste ofício notarial em 30.09.2004,
no livro de contratos nº 00, fl. 115 e sob nº de ordem 00.000/000, José Moraes
e sua mulher Helena Moraes cederam os direitos possessórios sobre a área
de 58.697,11m2, e, conforme escritura pública de transmissão de direitos pos-
sessórios lavrada neste ofício notarial em 29.09.2017, no livro de contratos nº
000, fl. 000 e sob nº de ordem 00.000/000, Mariazinha de Tal e seu marido
João de Tal cederam em favor de Pedro da Silva e sua mulher Joana da Silva,
os direitos sobre a área de 20.000,00m2. /////////////////////////////
A diferença da área total constante no imóvel objeto das cessões ocor-
reu em razão d0 aumento de área verificada no levantamento planimétrico
do mês de fevereiro de 2017.
b) detém dita posse há mais de 60 (sessenta) anos, em continuação ao
possuidor anterior, de modo manso e pacífico, sem contestação de qualquer
espécie; /////////
c) a todo o tempo, agiram como possuidores, desde que entraram para
o imóvel e agiram como se fossem os próprios donos, por tempo suficiente
para ensejar a prescrição aquisitiva, se inserindo na hipótese de usucapião
prevista na seguinte modalidade: Extraordinário Comum, conforme artigo
1.238 do Código Civil Brasileiro;

57
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

d) nunca tiveram qualquer tipo de contestação ou impugnação por


parte de quem quer que seja e desconhecem a existência de ação posses-
sória, reivindicatória ou quaisquer outras em trâmite envolvendo o imóvel
usucapiendo; /////////////////////////////////////////////
DA DECLARAÇÃO DOS CONFRONTANTES: os confrontantes José Fur-
tado, brasileiro, casado, filho de José de Tal e Maria de Tal, agricultor, residen-
te e domiciliado em Cerro Alegre Baixo, neste município, inscrito no CPF nº
000.000.000-00, portador da cédula de identidade RG nº 0000000000, ex-
pedida pela SSP/RS em 07/04/1983; e, Mévio Azambuja, brasileiro, casado,
filho de Siclano de Tal e Maria de Tal, agricultor, residente e domiciliado em
Cerro Alegre Baixo, neste município, inscrito no CPF nº 000.000.000-00, por-
tador da cédula de identidade RG nº 0000000000, expedida pela SSP/RS em
07/06/1982, compareceram pessoalmente neste Ofício Notarial e declararam
que concordam com a descrição do imóvel usucapiendo na planta e no me-
morial descritivo, bem como que conhecem os possuidores. Declaram ainda
que eles detêm a posse do imóvel antes descrito há mais de 60 (sessenta)
anos, em continuação ao possuidor anterior José Moraes, sem interrupção
ou oposição de terceiros e que não têm qualquer óbice ao reconhecimento
desse direito. Ambos os confrontantes ainda declararam que, no imóvel aci-
ma descrito, havia um moinho e descascador de arroz. ////////////////////////////////
/////////////////////////////////////////////
DO ADVOGADO ASSISTENTE: pelo interveniente assistente, me foi
dito que assessorou e aconselhou seus constituintes, orientou a lavratura
deste ato e conferiu os seus termos, declarando estar de acordo com a Lei. //
////////////////////////////////////////////////
DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS: foram apresentados para este
ato os seguintes documentos: ////////////////////////////////////////////////////////////////
a) planta, memorial descritivo e ART devidamente quitada; ////////////////
////////////////////////////
b) declaração do Imposto Territorial Rural do ano de 2003, recebida
pelo agente receptor em 19/09/2003 às 10:12:29. /////////////////////////////////////////
//////////////////////////////
DA CIÊNCIA E CONSENTIMENTO DOS SOLICITANTES: os solicitantes
foram devidamente alertados de que a prestação de declaração falsa no re-
ferido instrumento configurará crime de falsidade, sujeito às penas da lei.
Ainda, foram orientados de que a ata notarial não tem valor como confirma-
ção ou estabelecimento de propriedade, servindo apenas para a instrução
de requerimento extrajudicial de usucapião para processamento perante o
registrador de imóveis. //////////////////////////////////////////////////
DA GUIA DE I.T.B.I.: - Guia nº 00000 - Contribuinte: Mariazinha de Tal
e outros. Avaliação do Contribuinte: R$ 304.837,70; Avaliação da Fazenda: R$

58
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

350.000,00; Imposto: isento, conforme artigo 39, inciso XII, da Lei Comple-
mentar nº 04/1997. ////////
E assim me pediram que lhes fizesse esta pública ata notarial que lhes
li, acharam conforme, aceitaram, ratificam e assinam comigo, Escrivão, que a
digitei e conferi. /////////
Emolumentos:

XXXXXXXXXXXX, 15 DE JUNHO DE 2018

___________________________________
Mariazinha de Tal
___________________________________
João de Tal
___________________________________
Mario Antunes
___________________________________
Joana Antunes
____________________________________
Pedro da Silva
___________________________________
Joana da Silva
___________________________________
Tício Gonçalves
___________________________________
Caio Filho
Tabelião

59
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

2. MODELO DE ATA NOTARIAL DE USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

ATA NOTARIAL DE USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL, QUE SOLICITA FU-


LANO DE TAL, NA FORMA ABAIXO:
SAIBAM quantos este público instrumento de ATA NOTARIAL DE USU-
CAPIÃO EXTRAJUDICIAL virem, que aos vinte e três dias do mês de maio do
ano de dois mil e dezoito (23/05/2018), em diligência ao endereço residencial
do SOLICITANTE FULANO DE TAL (qualificação completa), foi requerida a la-
vratura da presente ATA NOTARIAL, nos termos do artigo 1.071, inciso I, do
novo Código de Processo Civil. Compareceu ainda neste ato na qualidade de
ADVOGADO do SOLICITANTE, DR. FULANO DE TAL, brasileiro, casado, advo-
gado inscrito na OAB/RS sob o nº ________, inscrito no CPF/MF sob nº
___________, com escritório profissional situado na Avenida ___________, que
possui o seguinte endereço eletrônico (e-mail): XXXX. Pelos solicitantes, me
foi dito, sob pena de responsabilidade civil e criminal, que todos os documen-
tos foram apresentados nos originais para a lavratura deste ato, e que são
autênticos e verdadeiros. Os presentes identificados e reconhecidos por
mim, pela documentação pessoal que me foi apresentada, de cujas identida-
des e capacidades jurídicas dou fé. E perante o mesmo Tabelião, pela pre-
sente ATA NOTARIAL DE USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL (INDICAR A MODA-
LIDADE), a fim de constituir prova material com presunção de verdade,
nos termos dos artigos 215 e 217, do Código Civil, que estabelecem: “Art.
215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado
de fé pública, fazendo prova plena e Art. 217. Terão a mesma força probante
os traslados e as certidões, extraídos por tabelião ou oficial de registro, de
instrumentos ou documentos lançados em suas notas”;  foi solicitado o
comparecimento deste Tabelião de Notas ao endereço residencial do
SOLICITANTE, sendo ali constatado os seguintes fatos: 1) desde a data de
_________, o SOLICITANTE possui o imóvel urbano, (se houver eventual con-
trato, recibo de compra e venda ou outro tipo de documento particular que
tenha procedido à transmissão dessa posse ao solicitante dessa ata notarial,
é interessante citar: “conforme contrato particular de compra e venda, firma-
do entre FULANO DE TAL em data de”);  constituído por um Lote nº ____, da
quadra nº _______, situado no LOTEAMENTO BAIRRO _______, nesta Cida-
de de __________, medindo a área de 360,00m2 (trezentos e sessenta me-
tros quadrados), com as seguintes confrontações e dimensões: frente,
Avenida ________, numa linha de 12,00m; fundos, lote nº _______, numa
linha de 12,00m; lado direito, Lote nº ______, numa linha de 30,00m; e
lado esquerdo, lote nº ______, numa linha de 30,00m; com inscrição imo-
biliária municipal sob o nº ______, conforme fotos do local inseridas abaixo:
(LANÇAR FOTOS); 2) que segundo informações prestadas pelos confrontantes

60
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

do imóvel descrito acima, identificados e reconhecidos por mim, pela docu-


mentação pessoal que me foi apresentada, de cujas identidades e capacida-
des jurídicas dou fé: a) dos fundos, Sr. FULANO DE TAL, (qualificação com-
pleta); b) do lado direito, Sr. FULANO DE TAL, (qualificação completa); c)
do lado esquerdo, Sr. FULANO DE TAL, (qualificação completa), respecti-
vamente proprietários do imóveis objetos das matrículas nº ____, do Car-
tório de Registro Geral de Imóveis desta Comarca de ____; os mesmos co-
nhecem a pessoa do SOLICITANTE e informam que têm conhecimento de
que ele tem a posse do imóvel acima descrito há mais de _________ anos,
sem qualquer interrupção ou oposição de terceiros e que desconhecem a
existência de quaisquer ações cíveis reais, pessoais ou reipersecutórias ajui-
zadas em face do SOLICITANTE ou de qualquer membro de sua família;
3)  que o imóvel acima está localizado em área urbana na Avenida _________,
com área total de 360,00m2 (trezentos e sessenta metros quadrados), medin-
do 12,00m de frente com a dita Avenida ________; ao lado direito medindo
30,00; ao lado esquerdo medindo 30,00m; onde se divide com a propriedade
de FULANO DE TAL, medindo 12,00m nos fundos; ao lado direito, divide-se
com a propriedade de FULANO DE TAL; e pelo lado esquerdo divide-se com
a propriedade de FULANO DE TAL, tudo em conformidade com a planta, me-
morial descritivo e anotação de responsabilidade técnica – ART, apresentada
nestas Notas; 4) que o referido imóvel é de propriedade desconhecida ou
pertence a FULANO DE TAL, conforme certidão expedida pelo Cartório
de Registro de Imóveis da cidade de _______/RS; 5) o SOLICITANTE declarou
que nunca teve qualquer tipo de contestação ou impugnação por parte de
quem quer que seja, sendo a sua posse mansa, pacífica e contínua e, portan-
to, sem oposição e ininterrupta durante todo esse tempo de ____ anos, se
inserindo na hipótese de usucapião ordinário comum, nos termos do artigo
1.242, do Código Civil Brasileiro; 6) que o SOLICITANTE declara que, a todo
momento, agiu como possuidor; desde que entrou para o imóvel, agiu como
se fosse o próprio dono, tendo nele estabelecido moradia sua e de sua famí-
lia; 7) que o SOLICITANTE não é proprietário de nenhum outro imóvel (em
alguns casos de usucapião, a pessoa pode ter outros imóveis – ver o caso
concreto), seja ele rural ou urbano e que possuindo o referido imóvel por
tempo suficiente para ensejar a prescrição aquisitiva através do usucapião
extrajudicial, informou que o valor venal do imóvel junto à Prefeitura Munici-
pal de ____ (ou o declarado pelo SOLICITANTE) é de R$ 200.000,00 (duzentos
mil reais). Pelo SOLICITANTE, foram apresentados ainda, para comprovação
do seu lapso temporal de posse, os seguintes documentos:  1- CARNÊS E
COMPROVANTES DE PAGAMENTO DO IPTU DO IMÓVEL OU CERTIDÃO DO
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DO IPTU (ou FORO ANUAL quando se tratar
de domínio útil ou imóvel aforado ou enfitêutico): Prefeitura Municipal de
____ – Estado do ___ – Secretaria Municipal de Finanças – Documento de Ar-

61
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

recadação Municipal – Exercícios de 2008 a 2018 – Parcela Única – em nome


de FULANO DE TAL, com o valor venal de R$ _____, com valor total recolhido
de R$ _________.   2- DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA: Declarações
anuais de imposto de renda apresentadas à Receita Federal do Brasil, dos
exercícios de 2008 a 2018, em que o SOLICITANTE declarou ter a posse do
referido imóvel há mais  10 (dez) anos; 3- COMPROVANTES DE ENDEREÇO
DOS ÚLTIMOS 10 ANOS: Comprovantes de endereço em nome do SOLICI-
TANTE, relativos ao pagamento de água, energia e telefone, comprovando a
posse no imóvel por mais de ___ anos; 4- PLANTA ATUALIZADA DO IMÓVEL
COM ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA: foi apresentada ainda
a planta atualizada do imóvel, com memorial descritivo e anotação de res-
ponsabilidade técnica – ART – CREA/RS nº _____, assinada pelo engenheiro
responsável FULANO DE TAL, em data de ___________(SE QUISER, PODE
LANÇAR A IMAGEM DA PLANTA AQUI); 5- CERTIDÃO NEGATIVA DE FEITOS
AJUIZADOS RELATIVAS A AÇÕES CÍVEIS REAIS, PESSOAIS E REIPERSECU-
TÓRIAS DA JUSTIÇA ESTADUAL E FEDERAL EM NOME DO SOLICITANTE,
PROPRIETÁRIO E CONFRONTANTES: expedida por meio eletrônico – Poder
Judiciário do Estado do Rio Grande do Sul – Certidão nº ______, em data de
_________. Certifica que, consultando a base de dados do Sistema de Geren-
ciamento de Processos do Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Sul
(E-Jud, SIEP, PROJUDI e PJe) até a presente data e hora, nada consta contra as
partes acima, conforme itens “e”, “f” e “g”: “e. A presente certidão abrange pro-
cessos dos juizados especiais cíveis, exceto os processos eletrônicos registrados no
E-Processo, em funcionamento nas comarcas de XXX e YYY; f. Em relação às co-
marcas da entrância especial (WWW / KKKK /&&&& ), as ações de execução fiscal
estadual, falência e recuperação judicial, e auditoria militar tramitam, apenas, no
juízo de WWWW; g. As ações de natureza cível abrangem inclusive aquelas que
tramitam nas varas de Órfãos e Sucessões (Tutela, Curatela, Interdição,…), Execu-
ção Fiscal e Execução Patrimonial (observado o item f)”;  6- CERTIDÃO NEGATI-
VA MUNICIPAL expedida por meio eletrônico: Prefeitura  Municipal de ______
– Secretaria Municipal de Finanças – Certidão sob nº _____, referente ao imó-
vel devidamente inscrito nesta municipalidade sob nº _______, datada de 21
de maio de 2018; 7- CERTIDÕES DE CITAÇÃO DE AÇÕES REAIS, PESSOAIS E
REIPERSECUTÓRIAS E DE ÔNUS REAIS EM NOME DOS CONFRONTAN-
TES: expedida pelo Cartório de Registro Geral de Imóveis do 1º Ofício da Co-
marca de _____/RS, em data de _____; 8) CERTIDÕES NEGATIVAS DE INCA-
PACIDADE CIVIL  em nome do proprietário anterior e dos confrontantes
_____, expedidas pelo Cartório de Registro Civil da Comarca de _____/RS, da-
tadas de _____, não havendo qualquer óbice ou interrupção ao cômputo do
prazo prescricional do usucapião extrajudicial nos termos do artigo 198, inci-
so I, do Código Civil. Pelo ADVOGADO do SOLICITANTE me foi dito, e declara
por este ato notarial, que prestou assistência jurídica a ele e que acompa-

62
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

nhou integralmente a lavratura da presente ATA NOTARIAL. Finalmente, o


SOLICITANTE e seu ADVOGADO neste ato declaram,  sob as  penas  da  lei,
que  1) foram cientificados por estas notas que o procedimento do usuca-
pião extrajudicial deverá preencher outros requisitos para a concretização do
registro imobiliário, tais como a realização de planta e memorial descritivo
assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de
responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional,
e pelos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averba-
dos na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confi-
nantes, além de outros requisitos e procedimentos do registro imobiliário,
sem os quais não se efetivará  o registro imobiliário, caso em que deverão
ingressar com a competente ação judicial de usucapião, podendo utilizar o
presente ato notarial como meio de prova junto ao Poder Judiciário de acor-
do com a competência, sendo cientificadas que a presente ata notarial não
tem valor como confirmação ou estabelecimento de propriedade, servindo
apenas para a instrução de requerimento extrajudicial de usucapião para
processamento perante o registrador de imóveis; 2) que  todas  as  declara-
ções  prestadas  nesta ATA NOTARIAL são verdadeiras, sendo informado so-
bre as sanções cíveis e criminais em caso de falsa declaração;  3) que requer
e autoriza o Senhor Oficial do Cartório de Registro Geral de Imóveis compe-
tente à prática de todos os atos registrais em sentido amplo, nos termos do
artigo 1.071, do Código de Processo Civil; 4) que o SOLICITANTE foi instruído
por seu advogado de todos os termos do artigo 1.071, do Código de Processo
Civil, que prevê este procedimento nos seguintes termos: “Art. 1.071.  O Capí-
tulo III do Título V da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros
Públicos), passa a vigorar acrescida do seguinte art. 216-A:  (Vigência) – “Art. 216-
A.  Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento ex-
trajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do
registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a
requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com: I – ata
notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus
antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias; II – planta e memorial des-
critivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação
de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e
pelos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na
matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes; III – cer-
tidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domi-
cílio do requerente; IV – justo título ou quaisquer outros documentos que demons-
trem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o
pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel.”; e 5) que se
declaram cientes do artigos 10 a 15 e seus parágrafos, do Provimento nº
65/2017, do CNJ que estabelecem: “Art. 10. Se a planta mencionada no inciso II

63
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

do caput do art. 4º deste provimento não estiver assinada pelos titulares dos di-
reitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrí-
cula dos imóveis confinantes ou ocupantes a qualquer título e não for apresenta-
do documento autônomo de anuência expressa, eles serão notificados pelo oficial
de registro de imóveis ou por intermédio do oficial de registro de títulos e docu-
mentos para que manifestem consentimento no prazo de quinze dias, consideran-
do-se sua inércia como concordância.; § 1º A notificação poderá ser feita pessoal-
mente pelo oficial de registro de imóveis ou por escrevente habilitado se a parte
notificanda comparecer em cartório; § 2º Se o notificando residir em outra comar-
ca ou circunscrição, a notificação deverá ser realizada pelo oficial de registro de
títulos e documentos da outra comarca ou circunscrição, adiantando o requeren-
te as despesas; § 3º A notificação poderá ser realizada por carta com aviso de re-
cebimento, devendo vir acompanhada de cópia do requerimento inicial e da ata
notarial, bem como de cópia da planta e do memorial descritivo e dos demais
documentos que a instruíram; § 4º Se os notificandos forem casados ou convive-
rem em união estável, também serão notificados, em ato separado, os respectivos
cônjuges ou companheiros; § 5º Deverá constar expressamente na notificação a
informação de que o transcurso do prazo previsto no caput sem manifestação do
titular do direito sobre o imóvel consistirá em anuência ao pedido de reconheci-
mento extrajudicial da usucapião do bem imóvel; § 6º Se a planta não estiver as-
sinada por algum confrontante, este será notificado pelo oficial de registro de
imóveis mediante carta com aviso de recebimento, para manifestar-se no prazo
de quinze dias, aplicando-se ao que couber o disposto nos §§ 2º e seguintes do art.
213 e seguintes da LRP; § 7º O consentimento expresso poderá ser manifestado
pelos confrontantes e titulares de direitos reais a qualquer momento, por docu-
mento particular com firma reconhecida ou por instrumento público, sendo pres-
cindível a assistência de advogado ou defensor público; § 8º A concordância pode-
rá ser manifestada ao escrevente encarregado da intimação mediante assinatura
de certidão específica de concordância lavrada no ato pelo preposto; § 9º Tratan-
do-se de pessoa jurídica, a notificação deverá ser entregue a pessoa com poderes
de representação legal; § 10. Se o imóvel usucapiendo for matriculado com descri-
ção precisa e houver perfeita identidade entre a descrição tabular e a área objeto
do requerimento da usucapião extrajudicial, fica dispensada a intimação dos
confrontantes do imóvel, devendo o registro da aquisição originária ser realizado
na matrícula existente; Art. 11. Infrutíferas as notificações mencionadas neste
provimento, estando o notificando em lugar incerto, não sabido ou inacessível, o
oficial de registro de imóveis certificará o ocorrido e promoverá a notificação por
edital publicado, por duas vezes, em jornal local de grande circulação, pelo prazo
de quinze dias cada um, interpretando o silêncio do notificando como concordân-
cia; Parágrafo único. A notificação por edital poderá ser publicada em meio ele-
trônico, desde que o procedimento esteja regulamentado pelo tribunal; Art. 12. Na
hipótese de algum titular de direitos reais e de outros direitos registrados na ma-

64
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

trícula do imóvel usucapiendo e na matrícula do imóvel confinante ter falecido,


poderão assinar a planta e memorial descritivo os herdeiros legais, desde que
apresentem escritura pública declaratória de únicos herdeiros com nomeação do
inventariante.”; Art. 13. Considera-se outorgado o consentimento mencionado
no caput do art. 10 deste provimento, dispensada a notificação, quando for apre-
sentado pelo requerente justo título ou instrumento que demonstre a existência
de relação jurídica com o titular registral, acompanhado de prova da quitação
das obrigações e de certidão do distribuidor cível expedida até trinta dias antes
do requerimento que demonstre a inexistência de ação judicial contra o requeren-
te ou contra seus cessionários envolvendo o imóvel usucapiendo; § 1º São exem-
plos de títulos ou instrumentos a que se refere o caput :I – compromisso ou recibo
de compra e venda; II – cessão de direitos e promessa de cessão; III – pré-contrato;
IV – proposta de compra; V – reserva de lote ou outro instrumento no qual conste
a manifestação de vontade das partes, contendo a indicação da fração ideal, do
lote ou unidade, o preço, o modo de pagamento e a promessa de contratar; VI –
procuração pública com poderes de alienação para si ou para outrem, especifi-
cando o imóvel; VII – escritura de cessão de direitos hereditários, especificando o
imóvel; VIII – documentos judiciais de partilha, arrematação ou adjudicação; § 2º
Em qualquer dos casos, deverá ser justificado o óbice à correta escrituração das
transações para evitar o uso da usucapião como meio de burla dos requisitos le-
gais do sistema notarial e registral e da tributação dos impostos de transmissão
incidentes sobre os negócios imobiliários, devendo registrador alertar o requeren-
te e as testemunhas de que a prestação de declaração falsa na referida justifica-
ção configurará crime de falsidade, sujeito às penas da lei; § 3º A prova dequita-
ção será feita por meio de declaração escrita ou da apresentação da quitação da
última parcela do preço avençado ou de recibo assinado pelo proprietário com
firma reconhecida; § 4º A análise dos documentos citados neste artigo e em seus
parágrafos será realizada pelo oficial de registro de imóveis, que proferirá nota
fundamentada, conforme seu livre convencimento, acerca da veracidade e idonei-
dade do conteúdo e da inexistência de lide relativa ao negócio objeto de regulari-
zação pela usucapião; Art. 14. A existência de ônus real ou de gravame na matrí-
cula do imóvel usucapiendo não impedirá o reconhecimento extrajudicial da
usucapião; Parágrafo único. A impugnação do titular do direito previsto
no caput poderá ser objeto de conciliação ou mediação pelo registrador. Não sen-
do frutífera, a impugnação impedirá o reconhecimento da usucapião pela via
extrajudicial; Art. 15. Estando o requerimento regularmente instruído com todos
os documentos exigidos, o oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao
Estado, ao Distrito Federal ou ao Município pessoalmente, por intermédio do ofi-
cial de registro de títulos e documentos ou pelo correio com aviso de recebimento,
para manifestação sobre o pedido no prazo de quinze dias; § 1º A inércia dos ór-
gãos públicos diante da notificação de que trata este artigo não impedirá o regu-
lar andamento do procedimento nem o eventual reconhecimento extrajudicial da

65
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto

usucapião;  6)  que aceitam esta ATA NOTARIAL em todos os seus termos e
conteúdo. CONSULTAR CNIB? (Conforme determina o art. 14, do Provimento nº
39/2014, do Conselho Nacional de Justiça – Corregedoria Nacional de Justiça, da-
tado de 25 de julho de 2014, assinado pelo Exmº. Sr. Dr. Conselheiro Guilherme
Calmon, Corregedor Nacional de Justiça em exercício, foram realizadas buscas, na
presente data, junto à Central Nacional de Indisponibilidade de Bens – CNIB, não
sendo encontrado qualquer anotação de Indisponibilidade de Bens em nome
do SOLICITANTE que impeçam a lavratura deste ato, de acordo com Relatório de
Consulta de Indisponibilidade emitido às  ______, do dia  ________  – Códigos
HASH: ___). Certidão negativa dos feitos ajuizados perante a Justiça Federal con-
forme certidão emitida pelos sites www.jfes.jus.br e www.trf4.jus.br em nome de
XXX, CPF XXX, que certifica não constar qualquer ação em nome das partes aci-
ma.  As exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato foram cum-
pridas. Sendo tão somente o que tinha a certificar, encerro a lavratura da
presente ATA NOTARIAL, nos termos dos artigos 6º e 7º, inciso III, da Lei Fede-
ral nº 8.935/94 e dos artigos 364 e 365, inciso II, do Código de Processo Civil
Brasileiro, que estabelecem: “Art. 364. O documento público faz prova não só da
sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário
declarar que ocorreram em sua presença. Art. 365. Fazem a mesma prova que os
originais: (…) II – os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de ins-
trumentos ou documentos lançados em suas notas”.  Lavrada a presente ATA
NOTARIAL e lida em voz alta à parte, achou em tudo conforme, aceitou e as-
sina, comigo Tabelião, dispensada a presença de testemunhas, consoante o
Artigo 215, parágrafo 5º, do Código Civil. Eu, _________________________ Tabe-
lião, que fiz digitar, subscrevo e assino em público e raso. DOU FÉ. Selo
Digital do Ato nº _________, Emolumentos: Tab. 0y, Item xx  (R$____), Fun-
dos (R$____), Total  (R$____). 
Em Testº _________ da verdade.

66
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática

________________________________________
FULANO DE TAL – Tabelião
______________________________________
FULANO DE TAL
SOLICITANTE
______________________________________
FULANO DE TAL
ADVOGADO – OAB/RS Nº______
______________________________________
FULANO DE TAL
CONFRONTANTE 1
______________________________________
FULANO DE TAL
CONFRONTANTE 2
______________________________________
FULANO DE TAL
CONFRONTANTE 3 

67
ANEXO III
Usucapião extrajudicial
Atividade de pesquisa sobre o procedimento da usucapião extrajudicial e a
participação dos tabelionatos de notas neste respectivo procedimento.

Há um imóvel objeto de procedimento extrajudicial de usucapião com


área total de seis hectares, localizado no município de Serra Dourada do Sul.
Observa-se, contudo, que o referido imóvel está, na sua maior parte, quatro
hectares, localizado do Distrito de Gramado Dourado, do município de Serra
Dourada do Sul. Sabe-se que, conforme o art. 8º da Lei nº 8.935/1994, “é livre
a escolha do tabelião de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou
o lugar de situação dos bens objeto do ato ou negócio”, bem como se sabe
que, de acordo com o art. 9º da mesma lei, o “tabelião de notas não poderá
praticar atos de seu ofício fora do Município para o qual recebeu delegação”.
Pergunta-se:
1. Onde deverá ser lavrada a ata notarial para instruir o procedimento
extrajudicial de usucapião, no tabelionato da sede do município de
Serra Dourada do Sul ou no Registro Civil de Pessoas Naturais e Tabe-
lionato de Notas e Protestos localizado no Distrito de Gramado Doura-
do ou ainda no 1º Tabelionato da Capital do Estado?
2. Estado, por meio de seu procurador, e o Município de Serra Dourada
do Sul, também por meio de procurador, foram devidamente notifica-
dos pelo oficial do Registro de Títulos e Documentos, tendo apenas o
Estado manifestado discordância e oposição ao referido procedimen-
to extrajudicial de usucapião. Em face de tal manifestação, como deve-
rá proceder o titular do respectivo Ofício de Registro de Imóveis?

68
SOBRE OS AUTORES
Luiz Dias Martins Filho – vem aprofundando seus estudos de Direito Nota-
rial e Registral há cerca de oito anos, apesar de nos últimos 30 anos ter atua-
do intensamente no âmbito do Direito Financeiro e Tributário, tanto no con-
tencioso, administrativo e judicial como na consultoria. Justamente em razão
da atuação no âmbito tributário, percebeu a importância e a necessidade do
estudo do Direito Notarial e seus instrumentos, o que normalmente não é
ensinado nos cursos de graduação em Direito no Brasil. Após a aprovação
em diversos concursos públicos de provas e títulos para cartórios, apenas
recentemente decidiu receber a outorga de serventia extrajudicial, na qual
diuturnamente vem lidando com a prática do Direito Notarial, como tabelião
de notas. Dedicando-se ao magistério superior há mais de 20 anos, sua for-
mação acadêmica é diversificada e ampla, com especialização em Direito da
Integração Econômica e Direito Internacional Fiscal pela ESAF/FGV, Mestrado
em Direito, com concentração na Ordem Jurídica Constitucional, pela Facul-
dade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), universidade em
que também se graduou em Direito. Ainda tem o grau de mestre em Direito
do Comércio Internacional e Política Tributária, pela Faculdade de Direito da
Universidade de Cambridge – Reino Unido e doutorado em Direito Tributário
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Theobaldo Spengler Neto – formou-se em Direito em 1984 pelas Faculda-


des Integradas de Santa Cruz do Sul, então FISC, hoje Universidade de San-
ta Cruz do Sul (UNISC), onde obteve pós-graduação em Direito Processual e
concluiu Curso de Mestrado. Professor universitário desde 1985, ministra as
disciplinas de Direito Processual Civil I, II, III e IV, além de Mediação e arbitra-
gem. Leciona em curso de Pós-graduação nas áreas do Direito Civil e Proces-
sual Civil. Foi Coordenador e Chefe de Departamento do Curso de Direito da
UNISC, onde também coordenou o Núcleo de Prática Jurídica e o Centro de
Pesquisas Jurídicas (CEPEJUR). Além de professor universitário, é advogado, e
assessor jurídico empresarial, com ênfase na advocacia preventiva.
Esta obra nasceu de uma parceria entre um tabelião de notas e um professor
universitário. Uma aula-palestra foi desenvolvida a partir da ideia de brindar
os alunos da disciplina de Direito Processual Civil IV da Universidade de Santa
Cruz do Sul (UNISC) com o conhecimento, a experiência e as expectativas do
tabelião de notas quanto ao dia a dia de sua atividade. O tema foi variado e
fascinou os discentes, que têm pouco contato com o cotidiano dos tabelio-
natos. Há necessidade de compreensão da importância da atuação colabo-
rativa do advogado, assim como do cidadão que busca atendimento em Ta-
belionato de Notas, para que os serviços sejam prestados com celeridade e
assertividade. Entre as abordagens discutidas, a usucapião extraordinária foi
objeto de atenção especial. Sua recente existência e regulamentação gerou a
ideia, agora levada a efeito, de desenvolver estudos no sentido de compreen-
der a relevância da desjudicialização de matérias de cunho administrativas,
mantendo ao Poder Judiciário apenas aquelas que efetivamente devem de-
pender da sua tutela. Afinal, é reduzindo a atividade judicial que haverá uma
prestação jurisdicional mais célere. E celeridade é eficiência.

Você também pode gostar