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USUCAPIÃO
E ATA NOTARIAL:
TEORIA E PRÁTICA
Luiz Dias Martins Filho
Theobaldo Spengler Neto
USUCAPIÃO
E ATA NOTARIAL:
TEORIA E PRÁTICA
2019
CONSELHO EDITORIAL
COMITÊ EDITORIAL
Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida
por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e
expresso consentimento da Editora. A utilização de citações do texto deverá obedecer
às regras editadas pela ABNT.
Texto eletrônico.
Modo de acesso: World Wide Web.
CDD-Dir.: 342.12324
APRESENTAÇÃO...................................................................... 6
1. INTRODUÇÃO..................................................................... 7
2. USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL E NORMATIZAÇÃO...........10
3. ATA NOTARIAL ................................................................. 19
3.1 NATUREZA JURÍDICA DA ATA NOTARIAL ................................... 20
3.2 PROCEDIMENTO DE CONSTITUIÇÃO DA ATA
NOTARIAL................................................................................................23
4. USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL E SUA TRAMITAÇÃO
NO OFÍCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS................................27
CONCLUSÃO......................................................................... 36
REFERÊNCIAS........................................................................ 38
REFERÊNCIAS RECOMENDADAS......................................... 40
ANEXO I................................................................................. 42
ANEXO II................................................................................ 55
ANEXO III............................................................................... 68
APRESENTAÇÃO
Esta obra nasceu de uma parceria entre um tabelião de notas e um
professor universitário. Uma aula-palestra foi desenvolvida a partir da ideia
de brindar os alunos da disciplina de Direito Processual Civil IV da Universi-
dade de Santa Cruz do Sul (UNISC) com o conhecimento, a experiência e as
expectativas do tabelião de notas quanto ao dia a dia de sua atividade. O
tema foi variado e fascinou os discentes, que têm pouco contato com o coti-
diano dos tabelionatos. Há necessidade de compreensão da importância da
atuação colaborativa do advogado, assim como do cidadão que busca atendi-
mento em Tabelionato de Notas, para que os serviços sejam prestados com
celeridade e assertividade.
Entre as abordagens discutidas, a usucapião extraordinária foi objeto
de atenção especial. Sua recente existência e regulamentação gerou a ideia,
agora levada a efeito, de desenvolver estudos no sentido de compreender a
relevância da desjudicialização de matérias de cunho administrativas, man-
tendo ao Poder Judiciário apenas aquelas que efetivamente devem depender
da sua tutela. Afinal, é reduzindo a atividade judicial que haverá uma presta-
ção jurisdicional mais célere. E celeridade é eficiência.
Com fundamento nessa premissa, analisam-se o Provimento nº 65, de
dezembro de 2017, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), suas previsões e
exigências. Procede-se com o estudo pontual do procedimento administra-
tivo a ser seguido no âmbito do Ofício de Imóveis e a importância da ata
notarial, de competência do tabelião de notas. Ao final, apresentam-se o Pro-
vimento CNJ nº 65/2017 (Anexo I), uma minuta de ata notarial (Anexo II), com
vistas a oportunizar o conhecimento dos assuntos discutidos, e uma ativida-
de para sistematização do conteúdo abordado (Anexo III).
Boa leitura!
Santa Cruz do Sul, junho de 2019.
6
1. INTRODUÇÃO
O Poder Judiciário brasileiro, de muito, vem se debatendo com a crise:
crise de gestão, crise de números, crise de litigiosidade. As causas são polí-
ticas, administrativas e humanas, e cada uma suscita repercussões. Todas
juntas provocam implosão da credibilidade de um Poder Constitucional cuja
função é garantir a prestação de uma Justiça democrática1.
A partir da Constituição Cidadã de 1988 (Constituição da República Fe-
derativa do Brasil [CRFB]), os ares democráticos promoveram uma ampliação
de direitos. Trata-se de direitos já existentes, como a gratuidade judiciária2,
mas amplamente levados ao conhecimento de uma população até então de-
sinformada. Na ânsia de garantir o cumprimento do princípio constitucional
da dignidade da pessoa humana, a Lei nº 8.078, de setembro de 1990, criou
o Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC) e estabeleceu direitos
processuais facilitadores à defesa do consumidor em juízo, como a inversão
do ônus da prova (quando hipossuficiente processualmente)3 e o privilégio
de foro4 (BRASIL, 1990). Somando-se a potencialidade do aumento de de-
mandas com o crescimento populacional e a generalização da informação
derivada do mundo digital, elementos que não foram acompanhados, tem-
-se uma explosão de litigiosidade.
Em contrapartida, o Estado não se muniu de condições humanas e
materiais para atender a esse aumento de demandas. Seja por motivos eco-
nômicos, seja por falta de vontade política, o Poder Judiciário manteve-se, em
regra, com a mesma estrutura anterior à Carta Magna vigente. Ora, se con-
siderada a estrutura reduzida em relação à demanda, a consequência lógica
pôde ser verificada: retardamento na tramitação das ações judiciais, demora
na prestação jurisdicional.
1
Este tema pode ser ampliado com a leitura de Spengler (2017).
2
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
...
L
XXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
3
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
...
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
4
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça
local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
7
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto
5
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
...
L
XXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
6
A Lei 11.441/2007 dá nova redação ao art. 982 do então vigente CPC para definir que:
“Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se
todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura
pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. Parágrafo único. O tabelião
somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas
por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura
constarão do ato notarial.” O Código vigente, porém, complementa a norma para expressar:
Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial.
§ 1o Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por
escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem
como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras.
§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem
assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão
do ato notarial.
7
A Lei nº 11.411/2007 cria o art. 1.124-A, no CPC, para estabelecer que “A separação consensual
e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados
os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual
constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão
alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou
à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 1o A escritura não depende
de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis.
§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por
advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão
do ato notarial. § 3o A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se
declararem pobres sob as penas da lei.” Já o Código vigente Art. 733. O divórcio consensual,
a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro
ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura
pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731.
§ 1o A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para qualquer
ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições
financeiras.
§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por
advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
8
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
8
A proteção dos incapazes, no trato do divórcio extrajudicial, deve ser compreendida de
modo prático e objetivo. Após os interesses dos incapazes estarem definidos em ação
judicial própria – alimentos, guarda e regulamentação de visitas –, nenhum óbice se tem
para que o divórcio do casal e respectiva partilha de bens sejam realizados por meio de
escritura pública, se forem direitos disponíveis. A mesma compreensão deve ser atribuída
aos casos de dissolução de união estável.
9
Este novo artigo (216-A) da Lei dos Registros Públicos sofreu alteração quando da sanção
da Lei 13.465/2017, a qual dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana, além de
outras matérias.
10
Conforme este princípio, tanto o tabelião como o registrador não atuam de ofício, e a
prestação do serviço notarial ou registral depende sempre de um pedido do usuário do
respectivo serviço.
9
2. USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL
E NORMATIZAÇÃO
O procedimento extrajudicial de usucapião vem regrado pelo art. 216-
A da Lei dos Registros Públicos e pelo Provimento CNJ nº 65/2017, e retrata a
busca administrativa de aquisição originária de propriedade, iniciando com
a ata notarial no Tabelionato de Notas, um dos principais documentos que
embasa o pleito, seguindo para o procedimento extrajudicial no Ofício de
Registro de Imóveis.
O CPC de 2015 regula, em seu art. 1.07111, o procedimento administra-
11
O art. 1.071 do CPC/2015 dispõe que: “A Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa a
vigorar acrescida do seguinte art. 216-A:
Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento
extrajudicial da usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do
registro de imóveis da comarca em que situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do
interessado, representado por advogado, instruído com:
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus
antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias;
II – planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com
prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização
profissional, pelos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados
na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes;
III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio
do requerente;
IV – justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem da posse,
continuidade, natureza e tempo, tais como o pagamento dos impostos e taxas que incidirem
sobre o imóvel.
§ 1º O pedido será autuado pelo registrador; prorroga-se o prazo da prenotação até o
acolhimento ou rejeição do pedido.
§ 2º Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares de direito reais
e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na
matrícula dos imóveis confinantes, este será notificado pelo registrador competente, para
manifestar seu consentimento expresso em quinze dias, interpretado o seu silêncio como
discordância; a notificação pode ser feita pelo registrador pessoalmente ou pelo correio,
com aviso de recebimento.
§ 3º O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e
ao Município, para que se manifestem, em quinze dias, sobre o pedido. A comunicação
será feita pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou,
ainda, pelo correio, com aviso de recebimento.
§ 4º O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande
circulação, onde houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que
podem manifestar-se em quinze dias.
§ 5º Para a elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas
diligências pelo oficial de registro de imóveis.
§ 6º Transcorrido o prazo de que trata o § 4º deste artigo, sem pendência de diligências
na forma do § 5º deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da
concordância expressa dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou
averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes,
o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as descrições
apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso.
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Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
11
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto
e art. 1.23916 do CC; a usucapião especial urbana, 5 anos, art. 18317 da CRFB e
art. 1.24018 do CC e Lei nº 10.257, de junho de 200119, arts.. 9º e 1020; a usucapião
ordinária/comum, 10 anos, art. 1.24221 do CC; a usucapião ordinária pró-la-
bore, 5 anos, art. 1.242, parágrafo único22, do CC; a usucapião de servidões,
16
Art. 1.239 do CC: aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
17
CF/1988 - Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural. (Regulamento – Lei 10.257 de 2001)
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou
a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
18
Código Civil - Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos
e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou
a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor
mais de uma vez.
19
Lei nº 10.257/2001 – Art. 9º Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. - § 1o O título de domínio será
conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. - § 2o O
direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez. - § 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse
de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.
20
Lei nº 10.257/2001 – Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há
mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a
duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos
coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano
ou rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)
§ 1º O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua
posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 2º A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante
sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.
§ 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor,
independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo
escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
§ 4º O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo
deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de
execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.
§ 5º As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por
maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes
ou ausentes.
21
CC – Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
22
CC – Art. 1.242. ( ... ) - Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo
se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do
12
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
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Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto
27
De acordo com o princípio da rogação ou instância, a regra é que o ato registral é de
iniciativa exclusiva do interessado, vedado o ato ex officio. Entretanto, há exceções, como
previsto no art. 167, II, item 13, e art. 110, caput, da Lei dos Registros Públicos (Lei nº
6.015/1973).
28
Outras informações sobre o assunto podem ser visualizadas em Carvalho (1998).
29
Está-se diante da fixação da competência para realização dos atos, prevista pelo art. 5º,
caput¸ do Provimento CNJ nº 67/2017.
14
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
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Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto
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Incumbe ao oficial do Registro de Imóveis notificar as Fazendas Públicas para manifestação
de interesse: § 3o O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito
Federal e ao Município, pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e
documentos, ou pelo correio com aviso de recebimento, para que se manifestem, em 15
(quinze) dias, sobre o pedido.
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Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
31
O interesse da Fazenda a ser demonstrado na usucapião (judicial ou extrajudicial) objetiva
atender aos interesses garantidos pelo Decreto-lei nº 3.365/1941, o qual regulamenta o
procedimento da desapropriação. Em caso de interesse público sobre a área usucapienda,
deverá o Poder Público interessado manifestar-se ao oficial de Registro de Imóveis, o que
impedirá o prosseguimento do procedimento extrajudicial. Sobre o assunto, sugere-se
consultar Miranda (1977).
32
O CNJ aplicou a lógica processual natural à usucapião extrajudicial. A ausência de
manifestação do réu (aqui assemelhado aos confinantes) conduz à decretação da revelia
e confissão quanto à matéria de fato alegada pelo autor. A omissão dos lindeiros, após
notificados administrativamente, e aos interessados incertos e não sabidos, por edital, leva
à presunção de desinteresse na área usucapienda.
17
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto
18
3. ATA NOTARIAL
Destaca-se que, entre as funções das serventias extrajudiciais, o Tabe-
lionato de Notas, sobretudo, exerce função que, cada vez mais, vem ganhan-
do espaço e importância em auxílio ao Poder Judiciário, realizado por meio
de prevenção e assistência na solução de litígios. Foi nesse contexto que a Lei
nº 8.935/1994 previu a ata notarial.
Conforme Ferreira e Rodrigues (2010, p. 112), ata notarial é “instru-
mento público pelo qual o tabelião, ou preposto autorizado, a pedido de pes-
soa interessada, constata fielmente os fatos, as coisas, pessoas ou situações
para comprovar a sua existência, ou o seu estado” ou, ainda, “instrumento
destinado ao registro de fatos jurídicos – sejam eles naturais ou voluntários –
com consequências ou possíveis consequências jurídicas”.
Dessa forma, a ata notarial é realizada pelo tabelião de notas, de forma
que ele “(...) capta, por seus sentidos, uma determinada situação, um deter-
minado fato, e o traslada para seus livros de notas ou para outro documento”
(PEREIRA, 1996, p. 167). Por conseguinte, a ata notarial é um instrumento pú-
blico, por meio do qual o tabelião atesta, de forma imparcial, um fato jurídico
por ele presenciado ou percebido33. É utilizada para narrar e comprovar, com
fé pública, a ocorrência de fatos, perpetuando-os no tempo.
A importância desse instrumento, que nasce sob o manto da fé pú-
blica atribuído pelo ato público firmado pelo tabelião de notas, foi reconhe-
cida pelas comissões que debateram o CPC de 2015 e, posteriormente, pelo
legislador que o aprovou. A ata notarial foi inserida como meio de prova em
espécie, no capítulo XII, seção III, do Codex:
33
Por exemplo: “[...] Ata notarial que informa que tabelião esteve no local e constatou a
oscilação da tensão elétrica, objeto da obrigação de fazer [...]” - (TJRS, 1ª T. Recursal Cível
dos Juizados Especiais Cíveis, Recurso Cível nº 71004057345, Rel. Lucas Maltez Kachny, j. em
6/8/2013, DJe de 8/8/2013).
19
Luiz Dias Martins Filho • Theobaldo Spengler Neto
Esse instrumento tem sido muito utilizado, por exemplo, para compro-
var a existência e o conteúdo de sites – em forma de mensagens, conversas ou
áudios em aplicativos como WhatsApp – e especialmente como importante
elemento probatório para instrução de procedimento extrajudicial de usucapião.
Ainda, em tempos de fake news, com a proliferação de notícias falsas
que circulam na internet e nas redes sociais de modo irresponsável, a utiliza-
ção da ata notarial é providencial. Entretanto, destaca-se aqui a utilização de
atas notariais para instruir pedidos de usucapião extrajudicial, entre outras
hipóteses em que é de grande valia para pré-constituição de prova.
Além das hipóteses de utilização em usucapião extrajudicial, a ata no-
tarial pode ainda ser lavrada fora do cartório/tabelionato de notas. A com-
provação do estado de imóveis no ato da entrega de chaves ou quando do
encerramento de um contrato de locação; a comprovação da realização de
assembleias de associações, condomínios e sindicatos; a comprovação da
presença de uma pessoa em determinado lugar ou a declaração de fatos
ocorridos durante período eleitoral são exemplos da sua utilidade, bem como
o registro de qualquer fato considerado relevante.
A ata notarial tem eficácia probatória, presumindo-se autênticos34, ver-
dadeiros, os fatos nela contidos; por isso, é muito utilizada como meio de
prova, sobretudo quando se deseja fazer e guardar uma prova pré-constituí-
da ou mesmo para eventual e futura utilização em processo judicial35.
Então, dirigindo-se a um tabelionato de notas, o usuário, interessa-
do nos serviços notariais, solicita ao tabelião a elaboração de ata notarial,
quando se verificam os fatos. O documento público servirá como prova pré-
-constituída e será possível incluir imagens e adicionar relatórios, pareceres
técnicos ou mensagens ao referido instrumento. Tudo ali certificado goza de
fé pública.
34
O instrumento público, no caso a ata notarial, em decorrência da fé pública, inverte ônus
da prova (juris tantum).
35
Vale referir sólido trabalho realizado pelo Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio
de Janeiro (TJRJ) e professor Luiz Roberto Ayoub et al (2009), sob o título A ata notarial e seu
valor como prova.
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Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
IV - reconhecer firmas;
V - autenticar cópias.
21
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Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
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Fundamentado em Rodrigues (200-?).
37
Trata-se do respeito ao princípio da rogação ou da instância, que orienta os atos notariais
e registrais. Cabe ao tabelião de notas e/ou ao registrador a prática dos atos administrativos
somente mediante a postulação do interessado.
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Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
Elemento Descrição
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Fé pública é atributo da atividade notarial que gera presunção de veracidade e
autenticidade aos atos praticados pelo tabelião de notas.
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Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
39
Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
27
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APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO. BENS IMÓVEIS. DESISTÊNCIA DA AÇÃO APÓS A
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Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
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Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
III – pré-contrato;
IV – proposta de compra;
31
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Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
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Muito embora o art. 15 do Provimento CNJ nº 65/2017 aponte prazo para manifestação,
logo a seguir (§ 2º) informa que o Poder Público poderá manifestar-se a qualquer tempo.
Isso ocorre em razão da supremacia do interesse público em detrimento do privado.
Havendo oposição, o procedimento administrativo é encerrado, e os autos são remetidos
ao Poder Judiciário (§ 3º).
33
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34
Usucapião e Ata Notarial: Teoria e Prática
Assim, muito embora ainda tenha sido não firmada em texto de Lei, a
norma se aplica aos procedimentos administrativo e judicial. Qualquer exi-
gência contrária passa a atacar direito líquido e certo, por isso deve ser corri-
gida pelo remédio constitucional do mandado de segurança.
Realizado o registro da usucapião, finda o procedimento. Tudo em
ritmo mais célere àquele judicialmente previsto.
35
CONCLUSÃO
É necessário que o homem aprenda com o próprio homem; deve com-
preender que o certo e o errado são fontes de conhecimento e, por isso,
merecem atenção. O desprezo ao que o tempo revela conduz à repetição de
falhas e ao insucesso.
O Legislador de 1973 desenvolveu um CPC para o seu tempo, sem olhar
para o futuro. Um futuro escuro à época, mas que já permitia antever o cres-
cimento, ao menos populacional. Os Legisladores das décadas de 1980, 1990,
2000 olharam para um passado de direitos estabelecidos e se depararam com
uma avalanche de direitos e de litígios que resultaram em demandas cada vez
mais numerosas e mais complexas. Buscaram, então, ajustes processuais.
Entretanto, resultados de fato puderam começar a ser notados, embo-
ra timidamente, com o início da desjudicialização de diretos – não de litígios,
porque ainda continuaram entregues à tutela jurisdicional, mas direitos, em
que a participação do Poder Judiciário era desnecessária para a solução, fo-
ram desviados para a solução extrajudicial.
Iniciada a alteração, primeiro houve mudanças de conduta – conscien-
tização de que um Estado-Juiz sobrecarregado não produz justiça em tempo
adequado – para, depois, implantar-se a possibilidade de realizar o divórcio
extrajudicialmente. Ao mesmo tempo, a partilha de bens em caso de faleci-
mento também foi conduzida ao Tabelionato de Notas.
Os erros de outrora passaram a ser acertos, porque o homem, com
base em suas vivências, foi capaz de compreender que outras medidas tam-
bém poderiam ser excluídas das mãos dos juízes. A principal mudança do
antigo paradigma ocorreu em 2015, a partir do advento da Lei de Mediação.
Com ela, foi possível vislumbrar que os conflitos podem e devem ser dissolvi-
dos fora do Poder Judiciário, desde que haja vontade – boa vontade.
O CPC previu a possibilidade de realização da usucapião de modo ex-
trajudicial e alterou a Lei dos Registros Públicos. Este foi o marco inicial. A
ideia, a norma, deveria, então, ser regulamentada. Coube ao CNJ a tarefa. O
Provimento CNJ nº 65/2017 revelou os elementos esperados para que mais
uma tarefa, de cunho eminentemente administrativo, definitivamente dei-
xasse de pertencer às mesas judiciais. Trata-se, na realidade, de uma norma
de cunho processual-administrativo que consolida todos os elementos ne-
cessários para a construção de um novo caminho.
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REFERÊNCIAS
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BRASIL. Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha
Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos loca-
lizados em áreas urbanas; altera o Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de
1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de 1964, 6.015, de 31 de dezembro
de 1973, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 10.257, de 10 de julho de 2001, e a
Medida Provisória no 2.197-43, de 24 de agosto de 2001; e dá outras provi-
dências. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11977.htm>. Acesso em jul. 2018.
BRASIL. Lei nº 13.464, de 10 de julho de 2017. Altera a remuneração de servi-
dores de ex-Territórios e de servidores públicos federais; reorganiza cargos
e carreiras; estabelece regras de incorporação de gratificação de desem-
penho a aposentadorias e pensões; [...]. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13464.htm>. Acesso em
jul. 2018.
CARVALHO, Afrânio de. Registro de Imóveis. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense,
1998.
CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos Comentada. 19 ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
FERREIRA, Paulo Roberto Gaiger; RODRIGUES, Felipe Leonardo. Tabelionato
de Notas I. Teoria geral do direito notarial e minutas. 2. ed. São Paulo: Sarai-
va Educação, 2018.
FERREIRA, Paulo Roberto Gaiger; RODRIGUES, Felipe Leonardo. Tabelionato
de Notas II. Atos em espécie. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Comentários ao Código de Proces-
so Civil. Rio de Janeiro: Forense, tomo XIII, 1977.
RODRIGUES, Felipe Leonardo. Ata notarial. Os procedimentos básicos da
sua lavratura. Técnica de redação - o coração deste precioso instrumento
notarial. Atanotarial. [200-?] Disponível em: <http://www.atanotarial.org.br/
artigos_detalhes.asp?Id=6>. Acesso em jul. 2018.
SPENGLER, Fabiana Marion. (Des)caminhos do Estado e da jurisdição. Santa
Cruz do Sul: Essere nel Mondo, 2017.
VERONESE, Yasmim Leandro; SILVA, Caique Leite Thomas da. Os notários e
registradores e sua atuação na desjudicialização das relações sociais. Revista
dos Tribunais. São Paulo, vol. 4, 2014, p. 65.
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REFERÊNCIAS RECOMENDADAS
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ANEXO I
PROVIMENTO CNJ nº 65, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2017.
Estabelece diretrizes para o proce-
dimento da usucapião extrajudicial nos
serviços notariais e de registro de imóveis.
O CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA, usando de suas atri-
buições legais e regimentais e
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f) o valor do imóvel;
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III – pré-contrato;
IV – proposta de compra;
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ANEXO II
1. MINUTA DE ATA NOTARIAL EM CASO DE USUCAPIÃO
EXTRAJUDICIAL
SAIBAM quantos virem esta pública ATA NOTARIAL que, neste X Tabe-
lionato de Notas de Santa Cruz do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, no ano
de dois mil e dezoito (2018), aos quinze (15) dias do mês de junho, lavrou-se
a seguinte ata notarial a pedido dos solicitantes: /////////////////////////////////////////
////////////////////////////////////
01 – MARIAZINHA DE TAL, do lar, filha de João Silva e de Márcia Silva,
inscrita no CPF nº 000.000.000-00, portadora da cédula de identidade RG nº
0000000000, expedida pela SJS/RS em 13/08/1998, e seu marido JOÃO DE
TAL, metalúrgico, filho de Antônio de Tal e de Herculana de Tal, inscrito no
CPF nº 000.000.000-00, portador da cédula de identidade RG nº 0000000000,
expedida pela SSP/RS em 29/11/1985, casados pelo regime da comunhão uni-
versal de bens, na vigência da Lei 6.515/77, brasileiros, residentes e domicilia-
dos na Rua João de Barros nº 000, nesta cidade; //////////////////////////////////////////
///////////////////////////////////
02 – MARIO ANTUNES, vendedor, filho de Lauro Antunes e de Maria
Antunes, inscrito no CPF nº 000.000.000-00, portador da cédula de identida-
de RG nº 0000000000, expedida pela SSP/RS em 29/07/1996, e sua mulher
JOANA ANTUNES, monitora, filha de Pedro Cabral e de Verônica Cabral, ins-
crita no CPF nº 000.000.000-00, portadora da cédula de identidade RG nº
0000000000, expedida pela SSP/RS, casados pelo regime da comunhão par-
cial de bens, na vigência da Lei 6.515/77, brasileiros, residentes e domiciliados
na Rua João de Barros nº 000, nesta cidade; ////////////////////////////////////////////////
/////////////////////////////
03 – PEDRO DA SILVA, industriário, filho de Vilmar da Silva e de Zama-
ra da Silva, inscrito no CPF nº 000.000.000-00, portador da cédula de identi-
dade RG nº 0 000 000 000, expedida pela SJS/RS em 18/07/2001 e sua mulher
JOANA DA SILVA, doméstica, filha de Mario Azevedo e de Laonda Azevedo,
inscrita no CPF nº 000.000.000-00, portadora da cédula de identidade RG nº
0000000000, expedida pela SSP/RS em 27/10/1992, casados pelo regime da
comunhão universal de bens, na vigência da Lei 6.515/77, brasileiros, residen-
tes e domiciliados em Lomba do Pinheiro, neste município; e, como advoga-
do assistente: /////////////////////////////////////////////////////////
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350.000,00; Imposto: isento, conforme artigo 39, inciso XII, da Lei Comple-
mentar nº 04/1997. ////////
E assim me pediram que lhes fizesse esta pública ata notarial que lhes
li, acharam conforme, aceitaram, ratificam e assinam comigo, Escrivão, que a
digitei e conferi. /////////
Emolumentos:
___________________________________
Mariazinha de Tal
___________________________________
João de Tal
___________________________________
Mario Antunes
___________________________________
Joana Antunes
____________________________________
Pedro da Silva
___________________________________
Joana da Silva
___________________________________
Tício Gonçalves
___________________________________
Caio Filho
Tabelião
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do caput do art. 4º deste provimento não estiver assinada pelos titulares dos di-
reitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrí-
cula dos imóveis confinantes ou ocupantes a qualquer título e não for apresenta-
do documento autônomo de anuência expressa, eles serão notificados pelo oficial
de registro de imóveis ou por intermédio do oficial de registro de títulos e docu-
mentos para que manifestem consentimento no prazo de quinze dias, consideran-
do-se sua inércia como concordância.; § 1º A notificação poderá ser feita pessoal-
mente pelo oficial de registro de imóveis ou por escrevente habilitado se a parte
notificanda comparecer em cartório; § 2º Se o notificando residir em outra comar-
ca ou circunscrição, a notificação deverá ser realizada pelo oficial de registro de
títulos e documentos da outra comarca ou circunscrição, adiantando o requeren-
te as despesas; § 3º A notificação poderá ser realizada por carta com aviso de re-
cebimento, devendo vir acompanhada de cópia do requerimento inicial e da ata
notarial, bem como de cópia da planta e do memorial descritivo e dos demais
documentos que a instruíram; § 4º Se os notificandos forem casados ou convive-
rem em união estável, também serão notificados, em ato separado, os respectivos
cônjuges ou companheiros; § 5º Deverá constar expressamente na notificação a
informação de que o transcurso do prazo previsto no caput sem manifestação do
titular do direito sobre o imóvel consistirá em anuência ao pedido de reconheci-
mento extrajudicial da usucapião do bem imóvel; § 6º Se a planta não estiver as-
sinada por algum confrontante, este será notificado pelo oficial de registro de
imóveis mediante carta com aviso de recebimento, para manifestar-se no prazo
de quinze dias, aplicando-se ao que couber o disposto nos §§ 2º e seguintes do art.
213 e seguintes da LRP; § 7º O consentimento expresso poderá ser manifestado
pelos confrontantes e titulares de direitos reais a qualquer momento, por docu-
mento particular com firma reconhecida ou por instrumento público, sendo pres-
cindível a assistência de advogado ou defensor público; § 8º A concordância pode-
rá ser manifestada ao escrevente encarregado da intimação mediante assinatura
de certidão específica de concordância lavrada no ato pelo preposto; § 9º Tratan-
do-se de pessoa jurídica, a notificação deverá ser entregue a pessoa com poderes
de representação legal; § 10. Se o imóvel usucapiendo for matriculado com descri-
ção precisa e houver perfeita identidade entre a descrição tabular e a área objeto
do requerimento da usucapião extrajudicial, fica dispensada a intimação dos
confrontantes do imóvel, devendo o registro da aquisição originária ser realizado
na matrícula existente; Art. 11. Infrutíferas as notificações mencionadas neste
provimento, estando o notificando em lugar incerto, não sabido ou inacessível, o
oficial de registro de imóveis certificará o ocorrido e promoverá a notificação por
edital publicado, por duas vezes, em jornal local de grande circulação, pelo prazo
de quinze dias cada um, interpretando o silêncio do notificando como concordân-
cia; Parágrafo único. A notificação por edital poderá ser publicada em meio ele-
trônico, desde que o procedimento esteja regulamentado pelo tribunal; Art. 12. Na
hipótese de algum titular de direitos reais e de outros direitos registrados na ma-
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usucapião; 6) que aceitam esta ATA NOTARIAL em todos os seus termos e
conteúdo. CONSULTAR CNIB? (Conforme determina o art. 14, do Provimento nº
39/2014, do Conselho Nacional de Justiça – Corregedoria Nacional de Justiça, da-
tado de 25 de julho de 2014, assinado pelo Exmº. Sr. Dr. Conselheiro Guilherme
Calmon, Corregedor Nacional de Justiça em exercício, foram realizadas buscas, na
presente data, junto à Central Nacional de Indisponibilidade de Bens – CNIB, não
sendo encontrado qualquer anotação de Indisponibilidade de Bens em nome
do SOLICITANTE que impeçam a lavratura deste ato, de acordo com Relatório de
Consulta de Indisponibilidade emitido às ______, do dia ________ – Códigos
HASH: ___). Certidão negativa dos feitos ajuizados perante a Justiça Federal con-
forme certidão emitida pelos sites www.jfes.jus.br e www.trf4.jus.br em nome de
XXX, CPF XXX, que certifica não constar qualquer ação em nome das partes aci-
ma. As exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato foram cum-
pridas. Sendo tão somente o que tinha a certificar, encerro a lavratura da
presente ATA NOTARIAL, nos termos dos artigos 6º e 7º, inciso III, da Lei Fede-
ral nº 8.935/94 e dos artigos 364 e 365, inciso II, do Código de Processo Civil
Brasileiro, que estabelecem: “Art. 364. O documento público faz prova não só da
sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário
declarar que ocorreram em sua presença. Art. 365. Fazem a mesma prova que os
originais: (…) II – os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de ins-
trumentos ou documentos lançados em suas notas”. Lavrada a presente ATA
NOTARIAL e lida em voz alta à parte, achou em tudo conforme, aceitou e as-
sina, comigo Tabelião, dispensada a presença de testemunhas, consoante o
Artigo 215, parágrafo 5º, do Código Civil. Eu, _________________________ Tabe-
lião, que fiz digitar, subscrevo e assino em público e raso. DOU FÉ. Selo
Digital do Ato nº _________, Emolumentos: Tab. 0y, Item xx (R$____), Fun-
dos (R$____), Total (R$____).
Em Testº _________ da verdade.
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________________________________________
FULANO DE TAL – Tabelião
______________________________________
FULANO DE TAL
SOLICITANTE
______________________________________
FULANO DE TAL
ADVOGADO – OAB/RS Nº______
______________________________________
FULANO DE TAL
CONFRONTANTE 1
______________________________________
FULANO DE TAL
CONFRONTANTE 2
______________________________________
FULANO DE TAL
CONFRONTANTE 3
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ANEXO III
Usucapião extrajudicial
Atividade de pesquisa sobre o procedimento da usucapião extrajudicial e a
participação dos tabelionatos de notas neste respectivo procedimento.
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SOBRE OS AUTORES
Luiz Dias Martins Filho – vem aprofundando seus estudos de Direito Nota-
rial e Registral há cerca de oito anos, apesar de nos últimos 30 anos ter atua-
do intensamente no âmbito do Direito Financeiro e Tributário, tanto no con-
tencioso, administrativo e judicial como na consultoria. Justamente em razão
da atuação no âmbito tributário, percebeu a importância e a necessidade do
estudo do Direito Notarial e seus instrumentos, o que normalmente não é
ensinado nos cursos de graduação em Direito no Brasil. Após a aprovação
em diversos concursos públicos de provas e títulos para cartórios, apenas
recentemente decidiu receber a outorga de serventia extrajudicial, na qual
diuturnamente vem lidando com a prática do Direito Notarial, como tabelião
de notas. Dedicando-se ao magistério superior há mais de 20 anos, sua for-
mação acadêmica é diversificada e ampla, com especialização em Direito da
Integração Econômica e Direito Internacional Fiscal pela ESAF/FGV, Mestrado
em Direito, com concentração na Ordem Jurídica Constitucional, pela Facul-
dade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), universidade em
que também se graduou em Direito. Ainda tem o grau de mestre em Direito
do Comércio Internacional e Política Tributária, pela Faculdade de Direito da
Universidade de Cambridge – Reino Unido e doutorado em Direito Tributário
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).