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Em qualquer debate entre um socialista e

um capitalista pró-livre mercado, quase sempre o


socialista rapidamente coloca o defensor do livre-
mercado na defensiva e todo o tempo é
consumido pelo livre-mercadista desviando dos
ataques à habilidade do mercado em prevenir
desigualdade, ciclos econômicos ou mesmo os
efeitos destrutivos da riqueza e do
“materialismo”. Estando na ofensiva, o socialismo
surge imaculado e intocável e está implícito em
todos os lados que a economia de mercado deve
provar seu valor para estar no mesmo patamar
moral e ideológico do socialismo. De fato, a
moralidade do socialismo é raramente
questionada nessas discussões, com o crítico
limitando-se a dúvidas sobre a praticabilidade ou
a viabilidade do socialismo.
Entretanto, a verdade é que o socialismo
não é viável nem moral; tanto na teoria quanto na
prática, é um sistema inigualável em brutalidade,
despotismo, genocídio e exploração. Ele não
merece nenhum respeito solene ou saudação
moral.
Antes de nos voltarmos para o socialismo, a
moralidade, bem como a eficácia do contrastante
sistema de livre mercado pode ser estabelecida
bem rapidamente. O livre mercado é uma vasta
rede de trocas entre duas pessoas, conduzidas
voluntariamente a cada etapa do processo por
cada participante porque cada um acredita que
irá se beneficiar com a troca. Uma vez que as
trocas e escolhas são livres e voluntárias, a
economia de livre mercado é harmoniosa e
cooperativa, ao mesmo tempo que permite todo o
espaço para a livre ação da escolha individual. E a
economia funciona de forma esplêndida, porque
o livre sistema de preços e dos incentivos de
lucros e perdas que surgem desse mercado
trazem eficiência e ordem da aparentemente
“anarquística” e caótica interação entre escolhas
livres e voluntárias. No entanto, essa é uma
ordem que surge espontaneamente de escolhas
livremente adotadas, ao contrário daquela
imposta por violência e coerção. Tal livre
mercado, em sua forma pura, não existe em lugar
nenhum do mundo atualmente.
Contrastemos o sistema do socialismo. O
que é socialismo? É a posse ou controle pelo
estado dos meios de produção na sociedade. Em
resumo, é o controle total pelo aparato estatal
sobre os meios de atingir virtualmente quaisquer
objetivos que os indivíduos possam almejar na
sociedade. Uma vez que o estado tem um
monopólio sobre os instrumentos de violência e
se distingue de todas as outras organizações ou
instituições sociais pelo uso contínuo da violência
para atingir seus objetivos, isso significa que o
socialismo é um sistema de total violência
coerciva sobre todos os cidadãos, a ser exercida
pelos líderes e gestores do aparato estatal. Se nós
rapidamente contrastarmos o socialismo com o
livre mercado, nós podemos ver imediatamente
que o socialismo implica na ilegalidade coerciva
pelo estado de uma miríade de trocas voluntárias
e mutuamente benéficas que constituem a
sociedade livre. Pela troca voluntária e benefício
mútuo, o socialismo substitui a regra de máxima
coerção, violência e comando compulsório. O
socialismo tem sido adequadamente rotulado de
“economia de comando”.
O socialismo, em resumo, coloca as vidas, as
fortunas e a honra sagrada de cada cidadão sob o
total comando do estado e sua elite dominante.
Em nome de maximizar a liberdade humana, em
nome de eliminar o domínio de uma classe e a
exploração do homem pelo homem, em nome
mesmo da “extinção do estado”, o socialismo dá
todo poder ao estado e, portanto, à sua classe
dominante. Dessa forma, o socialismo cria um
domínio de classe e um sistema de despotismo e
exploração do homem pelo homem, a fim de
colocar todos os outros sistemas nas sombras.
Mas o que mais poderíamos esperar de um
sistema que coloca todo o poder nas mãos do
estado – o estado, o maior genocida, explorador,
parasita, ladrão e escravizador em toda a história
humana?
Na virada do século XX, tais consequências
do aparentemente empolgante novo sistema de
socialismo poderiam ter sido previstas. Mas
agora, com quase um século de retrospectiva, está
muito claro que a prática socialista confirmou
nossas análises. Pois esse século tem visto um
grande número de regimes socialistas tomando
conta de grande parte do globo: Stalin, Hitler,
Mao, Castro, e por aí vai. E o que o socialismo fez
nesse século exceto genocídio, desespero, campos
de concentração, escravidão em massa,
racionamentos e fome?
Infelizmente, em discussões sobre o
socialismo nos Estados Unidos, os socialistas têm
se livrado ao se isentar da responsabilidade de
forma geral: que é terrível pintá-los com o pincel
de Hitler, Stalin e Mao. Pois não é esse tipo de
“socialismo” que eles querem e advogam; de fato,
eles não consideram que esses regimes sejam
“socialistas” de forma alguma – apesar do fato de
que esses regimes se encaixam exatamente na
definição linguística geral de socialismo que
mencionamos acima. Pois o seu socialismo seria
constituído por “caras legais”, não por essas
pessoas terríveis que têm feito parte dos regimes
socialistas reais desse século.
Mas se isentar da responsabilidade não é o
suficiente. A essência do socialismo não é as
pessoas específicas que o indivíduo socialista
gostaria de ver no poder. A essência é o próprio
sistema: o poder total do estado sobre os meios
de produção. E se o resultado de todos os
socialismos até então tem sido terrível e
monstruoso, e se nenhum cara legal “humanista”
tem aparecido, então talvez, como os marxistas
diriam, “isso não é acidente”, mas um resultado
incluso no próprio sistema. E eis aqui a nossa
alegação: que Hitler, Stalin, Mao, et al são
tendências inerentemente sistemáticas dentro do
próprio socialismo.
Examinemos brevemente as razões para a
nossa alegação que aquele que diz “Socialismo”
deve inevitavelmente dizer também “Auschwitz”
e “Gulag”.
Primeiro, há a “Lei de Rothbard”, a saber,
que aquele que recebe poder, irá usá-lo. Se ao
estado é dado poder total sobre todos na
sociedade, ele, sem dúvida, irá usá-lo, tanto para
atingir um aumento em riqueza quanto para
exercer poder e controle para outros fins, indo do
poder por si mesmo a pomposos esquemas de
reconstrução social. Logo, Auschwitz, Gulag, etc.
Em segundo lugar, há o grande insight de
Hayek no famoso capítulo do seu O Caminho da
Servidão, “Por que os piores chegam ao topo”.
Resumidamente, a ideia é que para qualquer
atividade na sociedade, as pessoas que tenderão a
subir ao topo dessa atividade serão aqueles mais
adequadas a ela, tanto em habilidade,
temperamento ou entusiasmo. O livre mercado
seleciona para as suas posições de liderança
aquelas pessoas mais capazes de inovar, de
satisfazer os desejos da massa de consumidores
de forma melhor e mais eficiente do que qualquer
outro. O socialismo, pelo contrário, seleciona
para as suas posições de liderança aquelas
pessoas mais adeptas às funções que elas
cumprem, a saber: burocratas ensinados em
elaborar intrigas bizantinas e burocráticas, em
lamber as botas dos superiores e em menosprezar
os inferiores; e déspotas e brutamontes adeptos
do exercício de força e violência. O mercado, em
resumo, seleciona os Thomas Edisons, enquanto
o socialismo seleciona os comandantes de
campos de concentração e torturadores de
polícias secretas.
Em terceiro lugar, uma vez que o socialismo
significa planejamento central, qualquer escopo
possível para reformas ou limitações
“democráticas” serão virtualmente inexistentes.
Pois, se o plano é central, isso significa que a
ninguém será permitido interferir com o plano
uma vez que o estado e os seus “experts”
tecnocratas tenham tomado suas decisões. Pois
quem são o público ou mesmo a legislatura para
ousar frustrar os planos estatais cuidadosamente
escolhidos? O papel dos eleitores, quer seja direto
ou num parlamento, será estritamente
plebiscitário: eles apenas serão capazes de votar a
favor, para ratificar o plano escolhido pelos
planejadores centrais.
Em quarto lugar, outra quimera dos social-
democratas é que o socialismo será capaz de
permitir liberdades civis, liberdade de expressão,
imprensa e assembléia, enquanto mantém um
sistema de comando e obediência na esfera
puramente econômica. Stalin assassinou milhões
de camponeses soviéticos, não por que eles eram
dissidentes políticos, mas por que eles resistiram
serem expropriados e nacionalizados pelos
planejadores centrais soviéticos.
Em quinto lugar, como corolário, liberdades
civis não podem ser mantidas sob o socialismo
pela simples razão que o governo, como o dono e
gerente de todos os meios de produção, de todos
os recursos, tem o poder de alocar esses recursos
àquelas pessoas e usos a seu favor. Não pode
haver genuína liberdade de expressão, imprensa
ou assembléia se uma única agência coerciva, o
governo, tem o poder de alocar sozinho todo o
papel, salões de assembléia, etc. para os usos que
ele prefere.
Considere, por exemplo, um Conselho de
Planejamento Socialista, que, com toda a boa
vontade do mundo, tem a tarefa de alocar os
preciosos e escassos papéis, salões de
assembléias, impressoras, e assim por diante.
Poderia alguém imaginar tal Conselho
transferindo algum desses recursos para um
periódico anti-socialista? De fato, do ponto de
vista deles, por que eles deveriam? Como
resultado, recursos tenderão a ser alocados para
aqueles indivíduos ou grupos que se posicionam
publicamente a favor do regime. Assim, os vícios
usuais da burocracia: favoritismo, nepotismo e
troca de favores de políticos irão se profelirar sob
o socialismo sem o impedimento das imposições
do sistema de lucros e perdas aos quais eles estão
sujeitos no livre mercado.
Assim, a única liberdade de crítica sob um
regime socialista será, como na Rússia e na China,
a liberdade para criticar burocratas
insignificantes nos níveis mais baixos –
especialmente aqueles que são desaprovados pela
classe dominante. Mas nenhuma crítica será
permitida aos fundamentos do sistema: da classe
dominante ou do sistema socialista em si.
Nossa discussão a respeito de um grupo
anti-socialista tentando obter uma alocação de
papel e impressoras do Conselho de
Planejamento deve iluminar o verdadeito
significado do famoso caso do Conselho de
Planejamento Soviético recusando alocar
recursos para a produção de matzohs. O ponto
importante aqui não é que a União Soviética era
anti-judeu, o que era a atitude da imprensa
ocidental. O ponto importante é que é absurdo
sequer esperar que um governo socialista
comprometido com o ateísmo alocaria muito dos
seus recursos escassos a um grupo religioso
minoritário. Esse problema é inerente do próprio
sistema socialista.
Em sexto lugar, nós temos enfatizado que o
governo socialista seria o único alocador de
recursos e o único produtor de bens. Assim, seria
o único empregador, a única fonte de empregos
na economia. Isso significaria que todos na
sociedade seriam totalmente dependentes de
uma fonte de emprego e renda para a sua
subsistência: a classe dominante do aparato
estatal. Ainda que qualquer governo socialista
possa graciosamente permitir que empregados
mudem ocupações, empregos ou locais de
trabalho, isso pode ser apenas a concessão de
uma permissão pelo governo, ao invés de um
direito básico de cada empregado: pois o governo
sempre será o único empregador. Essa terrível
dependência de um único empregador é uma
parte essencial do sistema socialista. É
particularmente irônico que os socialistas que
amargamente reclamam da necessidade dos
americanos em escolher entre centenas de
milhares de empregadores pensem que essa
suposta condição de dependência pode ser
remediada ao confinar todas as pessoas na
sociedade às sensíveis misericórdias de um único
e compulsório empregador! Esse é o remédio para
a “alienação”?!
Novamente, liberdades civis não podem ser
asseguradas em tal sociedade. Pois os críticos e
dissedentes podem ser “enviados para a Sibéria”
no sentido mais literal possível, bem como no
sentido figurado. Afinal, alguém tem que ser
alocado na Sibéria, certo? Então quem será na
prática: pessoas favorecidas ou aqueles
considerados problemáticos pelo regime?
E assim a essência do socialismo é o
trabalho forçado. Onde, exceto sob um regime
socialista, poderia um Mao decidir “acabar com a
contradição entre trabalho físico e mental” ao
enviar centenas de milhares de alunos das áreas
urbanas para viver permanentemente na fronteira
da província de Sinkiang – e forçá-los a cultivar
arroz em um clima seco para o bem de suas almas
– ou, para usar um termo mais marxista, para o
benefício de sua “reeducação”?
Em sétimo lugar, o socialismo com
democracia ou liberdades civis é uma quimera
porque o governo socialista teria necessariamente
poder total sobre os processos de educação: sobre
escolas e a mídia. Possuíndo esse poder, os
pequenos grupos dominantes irão usá-lo para
moldar uma população subordinada que será
enchida de amor pelos seus líderes e ávida
disposição a obedecer todos os seus comandos.
Chame isso do que você quiser: “lavagem
cerebral”, “centros de reabilitação cultural” ou
qualquer outra coisa, é inevitável que a uma elite
dominante que é dada todo o poder sobre
educação irá usá-lo para tais fins “sociais”, para
criar um avidamente desejado Novo Homem
Socialista: um Homem que irá amar e obedecer
seus líderes e que irá colocar os comandos de
seus líderes acima de quaisquer escrúpulos ou
considerações pessoais. Esperançosamente, a
natureza humana é tal que o governo não pode
ser bem sucedido; mas a sociedade é um inferno
enquanto os líderes se esforçam.
Em oitavo lugar, assim como o trabalhador
é tratado como lixo sob o sistema socialista,
também é o consumidor. Em uma economia de
livre mercado, os consumidores são atraídos e
agradados pelas empresas, já que são a única
fonte de receita. Todos os termos da troca, da
qualidade do produto ao preço, são feitos para
agradar os consumidores e torná-los clientes. Mas
sob o socialismo, a renda do estado e seus
burocratas é decidida por eles mesmos, ao invés
de pelo consumidor. Ao invés de o consumidor
ser cortejado e paparicado, ele é tratado como
uma fonte irritante de esgotamento dos preciosos
recursos escassos do estado. Sob o socialismo, ao
consumidor é permitido, relutantemente, apenas
suas míseras quantidades racionadas de recursos.
O resultado de tudo isso é um marcante
contraste na qualidade de vida bem como no
padrão de vida entre as nações socialistas e não-
socialistas. Países socialistas são invariavelmente
repletos de pessoas cinzentas, pálidas e sem
espíritos se arrastando para as filas de seus
suprimentos racionados; países ocidentais não-
socialistas são repletos de pessoas vivas e lojas,
com uma grande variedade de bens de consumo.
Por exemplo, o contraste entre Alemanha
Oriental e Ocidental, ou mesmo entre a
Iugoslávia voltada para o mercado e o resto do
bloco socialista na Europa Oriental.
Em nono lugar, além de todo esse horror
moral e social, o socialismo não pode funcionar,
ou seja, na falta de um livre sistema de preços, o
socialismo não pode operar uma economia
industrial avançada que seja adequada até mesmo
aos objetivos dos líderes do estado. Uma
economia industrial socialista sofreria graves
racionamentos, pobreza, fome e colapso e, em
último caso, a morte de uma grande porção de
sua população.
Concluímos que Hitler, Stalin, Mao, et al,
não foram em nenhum sentido traidores do
socialismo; pelo contrário, seus regimes foram a
realização do socialismo. Voltemos, por exemplo,
àquele que é com certeza um dos mais
monstruosos regimes hoje – obviamente,
socialista: o governo do Camboja. Quando o
regime socialista tomou o Camboja, ele se viu
com uma população urbana inchada na capital,
Phnom Penh, uma população que se tornou
maior pelos refugiados de guerras, devastação e
os EUA bombardeando as fronteiras. Mas, sendo
socialista, o novo regime decidiu diminuir a
população de Phnom Penh pela coerção: e as
massas foram enviadas às áreas rurais em uma
verdadeira marcha da morte, uma vez que
pessoas foram arrancadas de hospitais, até
mesmo durante cirurgias, e forçados a marchar
para fora da cidade. Que a lógica do socialismo é
brutalidade e morte nunca foi antes mais
claramente demonstrada.
Eu gostaria de concluir comparando e
contrastando as respostas de dois “socialistas
democráticos”, ambos oponentes fervorosos da
guerra do Vietnã, das grotescas violações aos
direitos humanos acontecendo agora de várias
formas nos países socialistas da Indochina. Um é
o distinto jornalista francês Jean Lacouture, que
se referiu furiosamente ao novo paìs socialista
Camboja como “o país mais rigorosamente
fechado do mundo, onde a revolução mais
sangrenta da história está acontecendo agora”.
Lacouture continua:
“Genocídio ordinário… normalmente tem
sido executado contra uma população estrangeira
ou uma minoria interna. Os novos mestres de
Phnom Penh inventaram algo original, o auto-
genocídio. Após Auschwitz e o Gulag, podíamos
ter pensado que esse século havia produzido o
máximo em horror, mas agora estamos vendo o
suicídio (lê-se: assassinato) de um povo em nome
da revolução; ainda pior: em nome do socialismo.”
Lacouture continua a descrever a situação
em Camboja como onde
“um grupo de intelectuais modernos,
formados pelo pensamento ocidental,
primariamente pensamento marxista (com
pesadas misturas de Rousseau), alegam buscar o
retorno à rústica Era de Ouro, à uma civilização
rural e nacional ideal. E proclamando esses ideais,
eles estão sistematicamente massacrando,
isolando e deixando passar fome as populações da
cidade e das vilas cujos crimes são ter nascido
onde nasceram…”
Lacouture acrescenta que os subordinados
do líder do Camboja, Khieu Samphan,
“são mantidos em um confinamento
induzido pelo terror, uma das decisões mais
racionais do regime: pois como ele poderia deixar o
mundo lá fora vê-lo enterrar uma civilização na
pré-história e seu massacre? Quando homens que
falam sobre o marxismo são capazes de falar… que
apenas 1.5 a 2 milhões de jovens cambojanos, de 6
milhões, seriam necessários para construir uma
sociedade pura, não se pode simplesmente falar de
barbarismo; quais bárbaros já agiram dessa
forma? Isso é apenas loucura.” [1]
Mas os nobres instintos de Lacouture têm
ultrapassado sua inteligência nessa questão. Pois,
que me permita Thomas Szasz, os novos líderes
de Camboja não estão “loucos”. Eles são,
simplesmente, socialistas, tentando fazer surgir o
Novo Homem Socialista de suas aspirações
marxistas-rousseaunianas. Seu sistema social,
obviamente, não é menos horrendo por causa
disso; muito pelo contrário.
Contraste essa nobre reação de Lacouture,
para não dizer sem sentido, com a reação do
distinto professor de direito internacional de
Princeton Richard A. Falk à recente divulgação
dos menos horrendos, mas ainda abomináveis,
campos de concentração de “reeducação cultural”
sendo conduzidos pelo novo governo socialista
do Vietnã. Quando tais líderes civis libertários e
anti-guerra como James Forest e Nat Hentoff
exigiram que a esquerda denunciasse esses
campos de concentração vietnamitas, estudemos
a vergonhosa medida resposta do professor Falk,
pretensamente inocente:
“Eu me referi aos problemas especiais
enfrentados pelos líderes vietnamitas
comprometidos em construir o socialismo e
enfrentando resistência e oposição. Hentoff afirma
que eu acredito que tudo vale se feito para
construir uma sociedade socialista, um ponto de
vista grotesco que eu oponho ardentemente. Meu
real ponto de vista é que, na situação vietnamita, o
que tem sido feito até agora não envolveu
sistemático ou severo abuso de direitos humanos.
O que tem sido feito foi remover temporariamente
da ordem política alguns daqueles que
aparentavam ser obstrutivos em um período de
emergência econômica nacional. Tal remoção
pode ser a única alternativa à renúncia de um
programa de desenvolvimento socialista, uma
renúncia que violaria a dinâmica de auto-
determinação incorporada no resultado da
guerra.” [2]
Nós concluímos aqui nosso argumento; pois
a obscenidade moral do professor Falk não deve
ser permitida obscurecer a consistência
pragmática de suas visões socialistas. Se “remover
temporariamente da ordem política” é uma frase
pretensamente inocente com a qual o professor
Falk escolhe encobrir opressão sangrenta, ele está
absolutamente correto quando aponta que “tal
remoção pode ser a única alternativa a renúncia
de um programa de desenvolvimento
socialista…”.
Em resumo, o Professor Falk declarou
corretamente a escolha perante à humanidade:
socialismo ou liberdade humana. É um ou o
outro. Socialismo humanístico ou democrático é
uma quimera, um paradoxo.
Notas:
[1] Jean Lacouture, “The Bloodiest
Revolution”, New York Review of Books (31 de
março de 1977), pp. 9-10. As subsequentes
“correções” de Lacouture, muito ovacionadas pela
esquerda americana, não afetam a substância do
seu argumento. Veja Lacouture “Cambodia:
Corrections”, New York Review of Books (26 de
maio de 1977), p. 46. Chomsky e Herman
rispidamente rejeitam tais declarações de oficiais
cambojanos simplesmente por que elas
apareceram na imprensa tailandesa. Para rejeitar
quaisquer declarações reportadas pelos próprios
oficiais do governo meramente por que elas não
foram autorizadas e publicadas pelos oficiais é
uma posição estranha para autores que se
presume aplaudiram a exposição dos horrores de
Watergate. Noam Chomsky e Edward S. Herman,
“Distortions at Fourth Hand”, The Nation, 25 de
junho de 1977, pp. 789-794.
[2] The Village Voice, 21 de março de 1977, p.
4.

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