A frase: “Escolha um trabalho que você ame e não terás que
trabalhar um único dia em sua vida” é uma frase controversa porque pode ter significados diferentes para pessoas com origens diferentes, culturas diferentes e classes sociais diferentes.
O trabalho, na sociedade capitalista, tem o objetivo de produzir o
lucro. O trabalho, para o proprietário dos meios de produção, se baseia em explorar aqueles que não os possuem e, para os que não possuem, é vender seu tempo de vida para conseguir uma recompensa digna. Essa relação cria, segundo Marx, diversas alienações no proletariado que não tem alternativa de sobrevivência em uma sociedade com tais características.
Assim como existem diferentes tipos de trabalhadores, existem
diferentes relações com o trabalho. Existem trabalhadores que tem a alternativa de escolher o trabalho que vão exercer e para esses a relação com o trabalho não é tão opressiva. Profissões como médicos, advogados e políticos geram prestigio e são bem vistas pela sociedade, apesar de ainda serem, em essência, uma relação de venda de seu tempo de vida para conseguir um salário.
Alternativamente a isso, existem aqueles que não tem condições
sociais, econômicas ou culturais de escolher o que querem fazer. A essas pessoas a sociedade capitalista apresenta poucas ou então nenhuma oportunidade de emprego que gere àquela pessoa condições de sobrevivência. Para essa parte da população essa frase não faz o menor sentido, para elas todo e qualquer trabalho é uma exploração de muitos por parte de poucos.
“A crítica feita pelo marxismo à propriedade privada dos meios de
produção da vida humana dirige-se, antes de tudo, às suas consequências: a exploração da classe de produtores não- possuidores por parte de uma classe de proprietários” (pg. 40). As consequências da exploração da classe de trabalhadores são mais intensas para aqueles que tem poucas ou nenhuma oportunidade de emprego justo porque são os mais alienados pelo capitalismo não se associando ao que produzem e trabalhando apenas como uma forma de sobreviver em uma sociedade tão opressiva.