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2. O BAÇO
ANATOMIA
ESTRUTURA
O baço é um órgão linfo-reticular, dividido em pequenos compartimentos por trabéculas de
tecido conjuntivo que partem de sua cápsula.
A região medular do parênquima apresenta três áreas: polpa vermelha, polpa branca e zona
marginal. A polpa vermelha é formada pelos sinusóides ou seios esplênicos, entre os quais se situam
os cordões de Billroth, formando os plexos sanguíneos; as células predominantes são macrófagos,
hemácias e plaquetas. A polpa branca é formada por nódulos linfáticos e a bainha em torno das
arteríolas, apresentando-se como zonas branco-acinzentadas difusas na polpa vermelha;
encontram-se principalmente linfócitos. A zona marginal situa-se na periferia da zona branca e
contém as artérias marginais.
FISIOLOGIA
No período embrionário, o baço tem funções eritro e leucopoiética, que são perdidas na vida
adulta, passando a produzir linfócitos e monócitos.
As hemácias são remodeladas no baço, passando de redondas a discos bicôncavos, além de
haver remoção de substâncias depositadas em sua superfície, como proteínas, corpúsculos de
Howell-Jolly (restos nucleares), corpúsculos de Heinz (hemoglobina desnaturada) e corpúsculos de
Pappenheimer (grânulos sideróticos). Ocorre ainda destruição das hemácias envelhecidas, mal
formadas ou recobertas por anticorpos. Tais funções são atribuídas à polpa vermelha. O número de
plaquetas circulantes também é controlado pelo baço.
O baço exerce importante papel na resposta imunológica, tanto específica quanto
inespecífica. As funções são variadas, tais como: transformação dos linfócitos em plasmócitos
passando a produzir anticorpos; os parasitas intracelulares das hemácias podem ser retidos; síntese
de IgM e opsoninas, como a properdina e a tuftissina; fagocitose de bactérias encapsuladas, como
meningococos e pneumococos.
3. INDICAÇÕES
Cistos e tumores primários: são raros. Os cistos podem ser parasitários, normalmente causados
por Taenia echinococcus, ou não-parasitários. Os tumores podem ser angiossarcomas,
linfangiomas, hemangiomas e lipomas.
4. CONTRA-INDICAÇÕES
Devido à importância funcional do órgão, a esplenectomia total quando possível deve ser
evitada, principalmente em crianças. As principais contra-indicações são:
Hiperesplenismo leve;
Anemia falciforme congênita;
Leucemia aguda;
Síndrome de Wiskott-Aldrich: doença ligada ao sexo, caracterizada por trombocitopenia,
eczema e suscetibilidade a infecções.
Agranulocitose.
5. TÉCNICA CIRÚRGICA
CIRURGIA ABERTA
Após anestesia geral, que pode ser complementada com relaxantes musculares, o paciente é
colocado em decúbito dorsal semilateral direito, com a mesa em Trendelemburg reverso.
Pode-se usar sonda nasogástrica para esvaziamento do estômago, o que proporciona melhor
exposição e visualização do baço, devendo-se analisar os riscos de sangramentos em pacientes com
púrpura trombocitopênica imunológica.
As incisões mais utilizadas são laparotomia mediana ou para-mediana supra umbilical e
subcostal esquerda.
Após acesso à cavidade abdominal, faz-se inspeção à procura de baços acessórios e palpação
para detectar aderências do baço que poderiam causar lacerações e sangramentos. Precede-se então
com a dissecção do ligamento gastroesplênico e ligadura dos vasos gástricos curtos. Localiza-se a
artéria esplênica, com posterior reparo e ligadura, fazendo-se compressão do baço, manobra
denominada autotransfusão, que possibilita o retorno de grande parte do sangue à circulação
sistêmica, diminuindo a necessidade de transfusão.
O baço é mobilizado medialmente, fazendo-se secção dos ligamentos, normalmente
avasculares, não necessitando de ligadura. Parte-se para a dissecção da veia esplênica, seguida de
reparo e ligadura. Finaliza-se a cirurgia com a dissecção do pedículo vascular, cuidadosamente para
evitar lesões no pâncreas, e exérese do órgão, seguida de nova inspeção da cavidade e síntese da
parede abdominal.
LAPAROSCOPIA
A técnica laparoscópica vem evoluindo e substitui com sucesso a cirurgia aberta,
apresentando as vantagens comuns à videolaparoscopia, tais como menores índices de infecção,
mortalidade e morbidade; menor dor pós-operatória e restabelecimento das funções gastrintestinais
mais rapidamente. Porém sua aplicação é limitada, sendo as principais indicações púrpura
trombocitopênica imunológica e estadiamento da doença de Hodgkin. Não é aplicada em grandes
esplenomegalias, sendo necessária a conversão para cirurgia aberta na maioria das cirurgias,
segundo estudo de Targarona e cols., devido a sangramentos ou impossibilidade da retirada do
órgão através dos trocartes. Em casos de ruptura e pacientes com distúrbios da coagulação, prefere-
se a cirurgia aberta devido a possível necessidade de hemostasia rápida.
Os tempos cirúrgicos são semelhantes aos da cirurgia convencional, diferindo nos
equipamentos cirúrgicos.
ESPLENECTOMIA SUBTOTAL
Devido a importância das funções do baço, especialmente imunológicas, deve-se lançar mão
da esplenectomia parcial, quando possível. A preservação de 20 a 25% do tecido esplênico é
suficiente para manter seu papel de filtração de defesa imunológica.
A técnica consiste na ligadura e secção dos vasos que suprem o segmento a ser retirado. O
segmento desvascularizado define a linha de transsecção. Para hemostasioa, pode-se utilizar retalho
do omento, fibrina ou cianoacrilato.
6. COMPLICAÇÕES
7. MODELO EXPERIMENTAL
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Raina Neto JH, Gonçalves JE, Goffi, FS. Cirurgia do Baço. In: Goffi, FS. Técnica Cirúrgica – Bases
Anatômicas, Fisiopatológicas e Técnicas da Cirurgia, 4a ed., Atheneu, São Paulo, p. 740-750, 1996.
Sheldon GF, Croom RD, Meyer AA. O Baço. In: Sabiston DC, Lyerly HK. Tratado de Cirurgia – As
Bases Biológicas da Prática Cirúrgica Moderna. Vol. 2, 15a ed., Guanabara Koogan, Rio de Janeiro,
p. 1104-1129, 1999.
Schwartz SI. Baço. In: Schwartz SI, Shires GT, Spencer FC. Princípios de Cirurgia. Volume 2, 6a ed.,
McGraw-Hill, Cidade do México, p. 1301-1315, 1996.
Targarona, E M e cols. Effect of Spleen Size on Splenectomy Outcome. A Comparison of Open and
Laparoscopic Surgery. Surg. Endosc; 1999; 13(6): 559-62.