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Geodiversidade em 2021
Veja e reveja no Canal da
FEBRAGEO no YouTube!
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EDITORIAL

NOVOS RUMOS PARA CONSTRUIR 2022


EOLOGIA TODO DIA nasceu em setembro de 2021, por iniciativa

G da AGERN, alinhada às ações da FEBRAGEO e com patrocínio iné-


dito do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia– CONFEA,
buscando apresentar a importância e as perspectivas da Geologia como
serviço à sociedade.
Nesta segunda edição, inovamos, buscando novos patrocínios, inclusive
junto à iniciativa privada. O resultado veio pelo apoio das organizações coletivas
e mutualistas, que continuam trabalhando pela construção de um Brasil
Soberano, com respeito à sociedade. Essa edição existe pela força de nossos
patrocinadores: MÚTUA-RN, AEPET-RJ, AEPET-NS, CREA-RN, Federação
Orildo Lima e Silva Única dos Petroleiros – FUP, REDEPETRO-RN, SICOOB-RN, HIDROSOL e
Presidente da AGERN UNIGRÁFICA, que garantem nossa continuidade e excelência editorial.
Nossa matéria de capa traz o Geoparque Aspirante Seridó, cada vez mais
perto de marcar sua presença na Rede Global de Geoparques (Global Geoparks
Network) da UNESCO, mediante obtenção de reconhecimento oficial. Esta
odisseia é descrita numa entrevista exclusiva com o coordenador científico
do Geoparque Potiguar. Uma segunda vitória do Comitê Científico do Geo-
parque foi alcançada pelo estudante de geologia Silas Costa, que obteve o
primeiro lugar no concurso que selecionou a identidade visual do “Dia In-
ternacional da Geodiversidade”, promovido pela Universidade de Oxford.
Em continuidade à nossa defesa incondicional da Soberania Nacional, tra-
zemos a segunda parte do artigo da geóloga Ana Patrícia Laier, registrando
a pujança das áreas de Atapu e Sépia, dois campos gigantes do Pré-Sal. São
descritos os números e volumes envolvidos. Uma riqueza descoberta por geo-
físicos, geólogos, engenheiros e técnicos brasileiros, demandando o direito
constitucional de permanecer sob a operação de uma empresa brasileira, em
regime de partilha, garantindo participações governamentais e a formação
do fundo soberano que irá assegurar educação e saúde decentes para os filhos
e netos do povo brasileiro.
Procedemos a uma ampla cobertura jornalística do I GEOPOTIGUAR,
ao mesmo tempo em que registramos dois outros eventos de alta relevância
para o RN: o II Fórum Estadual Mineral e o VI Fórum Onshore Potiguar.
O primeiro foi promovido pela Secretaria de Desenvolvimento
Econômico/SEDEC-RN e pelo IFRN, com apoio do CREA-RN/CREAJr,
do SGB/CPRM, do SEBRAE e da FIERN; e o segundo, pela REDEPETRO
e SEBRAE-RN.
GEOLOGIA TODO DIA dá seus primeiros passos com apoio da FEBRA-
GEO e da Sociedade Brasileira de Geologia a cujas diretorias dedicamos
especial agradecimento. Já alcançamos ampla simpatia, mas se faz necessário
que todas as entidades regionais de geologia venham colaborar para a ma-
nutenção da qualidade e da viabilidade financeira da revista, garantindo sua
circulação nacional, abordando cada vez mais assuntos de todas as regiões
do país. O desafio é de todos nós e a contribuição coletiva será fundamental.
Avançaremos construindo parcerias frutíferas, fomentando nossa capa-
cidade de revigorar esperanças para a retomada do crescimento regional,
na busca pelo pleno emprego, pelo desenvolvimento econômico e sustentável
de um Brasil Soberano com a Engenharia, a Agronomia e as Geociências a
serviço da sociedade brasileira.
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Espaço do Leitor
"Parabéns a todos vocês que fizeram a revista Geologia Todo Dia e
às direções da AGERN e FEBRAGEO! A mim como geóloga dá
imensa alegria ver a difusão da nossa ciência. Muito feliz em estar
junto com vocês."
Patrícia Laier, AEPET/RJ

"Parabéns, AGERN! A revista ficou linda e informativa!"


Suzi Huff, Conselheira da FEBRAGEO

"Parabéns Companheiros da AGERN. Ficou ótima! Divulgando por


aqui. Estaremos juntos mais tarde no lançamento. Forte abraço!"
Renato Ramos, presidente da APG-RJ

"Parabéns aos que fazem a AGERN pelo excelente trabalho na


Revista “Geologia todo dia”, um grande marco de comunicação
para nossas entidades, a Geologia e as atividades profissionais,
técnicas e científicas. Precisávamos de uma revista direcionada a
esse tipo de conteúdo e nível de editoração (...). Parabéns à
AGERN, deixando mais um marco da nova fase de nossas enti-
dades de geologia no país."
Fábio Reis, presidente da FEBRAGEO

Errata:
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Na edição anterior, cometemos um


lapso.As fotografias aéreas utilizadas na
capa e na matéria sobre o Plano Diretor
de Natal são de autoria do talentoso
fotógrafo potiguar Canindé Soares, a
quem renovamos nosso agradecimento.
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Pesquisa e o Desenvolvimento

A Tecnológico e Sustentável da
indústria brasileira são
resultantes do trabalho diário de
profissionais da geologia, da engenharia
e da agronomia.
As parcerias da AGERN e da
FEBRAGEO com o Sistema
CONFEA/CREA/MÚTUA têm
produzido publicações de alta
relevância para as comunidades
científicas e tecnológicas brasileiras.
Com muita alegria, a MÚTUA-RN
apoia GEOLOGIA Todo Dia - segunda
edição, a AGERN e a FEBRAGEO, na
busca pela integração dos profissionais
da ENGENHARIA, da AGRONOMIA
e das GEOCIÊNCIAS.
Parabenizamos o Conselho Editorial Engenheiro de Produção Márcio Sá
da Revista, os leitores e leitoras. Diretor Geral da MÚTUA-RN
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ENTREVISTA

Geoparque Seridó
mais próximo de
se tornar patrimônio
mundial da UNESCO
reconhecimento de parte do território geomorfológico, considerados de importância

O do Seridó norte-rio-grandense como


patrimônio geológico de relevância in-
ternacional poderá acontecer já no primeiro se-
internacional, nacional e regional, com elevado
valor científico, educativo e turístico. As paisa-
gens são formadas por serras, picos, cânions e
mestre de 2022. Isto, porque, na sexta reunião platôs, que se somam a elementos da arqueo-
estatutária do Conselho Mundial de Geoparques logia (pinturas rupestres), da paleontologia (fós-
da UNESCO, os participantes decidiram propor seis da megafauna) e da mineração (mina de
ao Conselho Executivo, que se reúne em abril, a scheelita), constituindo um território com grande
criação de oito novos geoparques mundiais, potencial geoturístico.
dentre os quais, dois representantes do Brasil. Batalhador incansável em defesa da criação
Assim, caso a decisão seja favorável, o território do Geoparque Seridó, o geólogo e professor da
hoje denominado Geoparque Aspirante Seridó UFRN, Marcos Nascimento, trabalha com esta
passará oficialmente à condição de Geoparque perspectiva desde 2010. Na entrevista a seguir,
Mundial da UNESCO, tornando-se o segundo ele, que é o atual coordenador científico do Con-
do gênero no País. O outro candidato brasileiro sórcio Público Intermunicipal “Geoparque Seri-
é o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul dó”, fala sobre quando e como surgiu a ideia; re-
(RS/SC). Atualmente, existem 169 Geoparques laciona as instituições pioneiras que respaldaram
Mundiais, distribuídos em 44 países, e o único a realização dos primeiros trabalhos; destaca as
em território nacional é o Geoparque Araripe, parcerias construídas com a sociedade civil, go-
localizado no sul do vizinho Estado do Ceará. vernos e órgãos públicos; e descreve a estruturação
O Geoparque Aspirante Seridó situa-se na da organização que dá suporte ao movimento.
região centro-sul do Estado do Rio Grande do Mirando o futuro, Marcos Nascimento re-
Norte, abrangendo os municípios de Cerro Corá, lata, ainda, a recente visita à área dos técnicos
Lagoa Nova, Currais Novos, Acari, Carnaúba da UNESCO; enumera critérios que deverão
dos Dantas e Parelhas, com uma área total de ser levados em conta para a aprovação da can-
2.802 Km2. Segundo estimativas do IBGE, a po- didatura; e especula sobre como o reconheci-
pulação residente nessa área, em julho de 2021, mento do Geoparque poderá contribuir com
era de 113.098 habitantes. a economia do Estado e com a melhoria das
A unidade possui 21 geossítios inventariados, condições de vida das populações locais. Con-
que são locais de grande interesse geológico e fira a seguir.
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GEOLOGIA TODO DIA: de Promoção Turística do RN-
Foto: Silas Costa

O que é um Geoparque? EMPROTUR; a Universidade


Marcos Nascimento: São Estadual do Rio Grande do
áreas geográficas únicas e uni- Norte-UERN; o Instituto de
ficadas, onde os locais e pai- Desenvolvimento Sustentável
sagens de importância geoló- e Meio Ambiente-IDEMA; a
gica internacional são geren- Procuradoria Geral do Estado-
ciados com um conceito holís- PGE; e a Ordem dos Advoga-
tico de proteção, educação e dos do Rio Grande do Norte-
desenvolvimento sustentável. OAB/RN. Em âmbito federal,
Trata-se de uma nova forma além da UFRN e do SGB-
de gestão territorial. CPRM, temos o Instituto Fe-
deral do Rio Grande do Norte-
GTD: Quando e como sur- IFRN e o Instituto do Patrimô-
Marcos Nascimento
giu a ideia de criação do Geo- nio Histórico e Artístico Na-
parque? tores municipais e estaduais, cional-IPHAN. Na esfera em-
Marcos Nascimento: No Se- com destaque para as seis pre- presarial, além da iniciativa
ridó, os trabalhos começaram feituras envolvidas com o ter- local, estão presentes o Serviço
em 19 de abril de 2010, inicial- ritório: Acari, Carnaúba dos Brasileiro de Apoio às Micro e
mente, com o inventário do pa- Dantas, Cerro Corá, Currais Pequenas Empresas-SEBRAE
trimônio geológico, identifican- Novos, Lagoa Nova e Parelhas. e o Serviço Nacional de Apren-
do os geossítios dentro do ter- Juntas, elas criaram o Consór- dizagem Comercial-SENAC.
ritório. Esses esforços resulta- cio Público Intermunicipal
ram de uma parceria entre a Geoparque Seridó para gerir a GTD: Como se estrutura a
UFRN e o Serviço Geológico do região. Ainda em nível muni- organização que dá suporte
Brasil, onde este último tinha cipal, temos as Câmaras Mu- ao movimento?
o interesse de identificar no Bra- nicipais; a Associação dos Mu- Marcos Nascimento: Hoje,
sil áreas potenciais para criação nicípios da Microrregião do Se- o território é gerido pelo Con-
futura de Geoparques Mun- ridó Leste-AMSO; e entidades sórcio Público Intermunicipal
diais da UNESCO. Após a rea- do terceiro setor, como as as- “Geoparque Seridó”, formado
lização desse inventário, ficou sociações de guias e de arte- pelos prefeitos dos seis muni-
a cargo da UFRN desenvolver sãos. Em nível estadual, con- cípios, contando com uma
outras ações que iriam favore- tamos com o Governo do Es- equipe técnica formada por
cer a candidatura ao Programa tado, por intermédio da Secre- uma diretoria executiva, um
Internacional de Geociências e taria Estadual de Turismo- coordenador científico, um
Geoparques da UNESCO, con- SETUR e da Empresa Potiguar coordenador de marketing e
tudo sempre trabalhando em
rede junto a diferentes atores
Foto: Marcos Nascimento

do território, bem como no Es-


tado e no Brasil.

GTD: Quais instituições es-


tiveram ou estão envolvidas
com o projeto?
Marcos Nascimento: No
início, a Universidade Federal
do Rio Grande do Norte-
UFRN e o Serviço Geológico
do Brasil-CPRM. Hoje, porém,
temos inúmeros parceiros, con- Apresentação do Geossítio “Cânions dos Apertados”, em Currais
Novos, aos avaliadores da UNESCO: Artur Sá e Helga Chulepin
tando com forte apoio de ges-
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divulgação, um assessor jurí-
Foto: Getson Luis

Geossítio
dico, um assessor contábil e "Pico do Totoró",
seis representantes, sendo um com a Pedra do Caju
de cada município, para pro-
moção de ações ligadas à con-
servação, educação e turismo.

GTD: Há envolvimento da
sociedade local com a candi-
datura? Qual o nível de enga-
jamento?
Marcos Nascimento: Sim,
com certeza. Um Geoparque
Mundial da UNESCO é feito
de pessoas para pessoas e, se- cional de Geociências e Geo- exemplo de interiorização e de
guindo essa premissa básica, parques da UNESCO, no final promoção do turismo. Em nível
a sociedade local contempla os de 2019. O engajamento é total, municipal, a união dos seis mu-
principais atores do território. onde cada uma faz sua parte nicípios em um Consórcio Pú-
O envolvimento dela existe e dá sua contribuição com um blico mostra bem essa parceria
desde o início dos trabalhos e perfeito trabalho em rede. e agora serve como exemplo
se intensificou mais ainda para a constituição de outros
desde 2015 quando nós da ges- GTD: E os governos e ór- consórcios, ligados ao desen-
tão passamos a dialogar mais gãos públicos? volvimento aqui no Estado.
e mostrar a todos a importân- Marcos Nascimento: Nas Quanto aos órgãos públicos,
cia de trabalhar junto às pers- três esferas é notório o engaja- esses seguem o fluxo e têm no
pectivas de desenvolvimento mento e a participação. Em Geoparque Aspirante Seridó
territorial sustentável, seguin- nível federal, hoje, contamos um real exemplo de sucesso na
do o modelo dos Geoparques com suporte do Ministério do promoção do desenvolvimento
Mundiais da UNESCO. Com Turismo, por exemplo, que tem territorial sustentável.
isso, fica claro ver hoje o sen- no Geoparque Aspirante Seridó
timento de pertencimento que um modelo de desenvolvimen- GTD: Quais são os princi-
a sociedade local passou a ter to de projeto de geoparque pais critérios para admissão e
e isso favoreceu muito e nos para o Brasil. Em nível esta- reconhecimento de uma can-
ajudou enquanto equipe téc- dual, o Governo do Estado didatura?
nica a realizar diferentes ações abraçou a causa e hoje SETUR Marcos Nascimento: Para
que culminaram com a candi- e EMPROTUR tem no Geopar- se tornar um Geoparque Mun-
datura ao Programa Interna- que Aspirante Seridó o melhor dial da UNESCO um território
tem que ter quatro caracterís-
ticas fundamentais: (i) possuir
Foto: Silas Costa

um patrimônio geológico de
valor internacional que, no Se-
ridó, se dá destacadamente
pela presença de mineraliza-
ções de scheelita, com exem-
plos únicos no Brasil e América
do Sul; (ii) ter uma gestão de-
finida com base em legislação
nacional que, no nosso caso, se
dá por meio do Consórcio Pú-
Representantes de entidades municipais, estaduais e federais, acompanhados blico Intermunicipal Geopar-
dos avaliadores da UNESCO, na sede do Geoparque Seridó, em Currais Novos que Seridó; (iii) ter visibilidade
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em mídias e redes sociais, mos- lização de atividades que se- irão embasar a decisão da
trando tudo o que o território guem as legislações nacionais, UNESCO. É importante frisar
possui, em escalas local, regio- nesse caso, incluindo os traba- que a missão de avaliação pas-
nal, nacional e internacional; e, lhos realizados pela atividade sou por geossítios, conheceu a
por fim (iv) trabalhar em rede extrativista mineral. Assim, di- caatinga com sua fauna e flora
(networking) útil para ampliar ferentemente dos Parques, tais únicas, e o nosso patrimônio
as ações, promover discussões trabalhos podem e devem cultural característico. Além
e favorecer a todos, nessa nova prosseguir de maneira normal. disso, visitamos parceiros da
forma de ferramenta de desen- Contudo, as parcerias entre o iniciativa privada, como pou-
volvimento. Caso um projeto Consórcio Público Intermuni- sadas, hotéis e restaurantes,
a geoparque não contemple um cipal e as diferentes minerado- bem como artesãos, sempre am-
desses critérios, dificilmente se ras atuantes no território vêm parados por conhecimentos re-
tornará um Geoparque Mun- favorecendo ações de sensibi- passados por guias de turismo
dial da UNESCO. lização quanto ao uso susten- e condutores, todos residentes
tável e atividades de educação no território. Por fim, tivemos
GTD: Como o reconheci- ambiental, dentre outras. duas reuniões técnicas que con-
mento do Geoparque poderá taram com prefeitos, secretários
contribuir com a economia do GTD: E como foi a visita e o comitê técnico do Consórcio
Estado e com a melhoria das dos técnicos da UNESCO? Público Intermunicipal Geopar-
condições de vida das popu- Marcos Nascimento: Ao que Seridó, e uma visita à go-
lações locais? longo dos quatro dias de visita vernadora Fátima Bezerra,
Marcos Nascimento: A partir técnica, pudemos mostrar aos acompanhada do vice-gover-
da chancela da UNESCO o ter- dois avaliadores o que de me- nador, Antenor Roberto, entu-
ritório passa a entrar num rol lhor o Seridó tem, em termos siastas da candidatura.
especial de território: uma rede de geodiversidade, mas tam-
formada por 169 Geoparques bém de patrimônio geológico GTD: Há previsão de di-
Mundiais distribuídos em 44 e biológico, além, claro, do pa- vulgação da decisão? Quando?
países. Esta condição permitirá trimônio cultural e, sobretudo, Marcos Nascimento: O re-
uma grande visibilidade ao das pessoas. O que torna essa sultado oficial deverá sair até
local, aos seus moradores e aos região muito especial é, princi- abril de 2022, quando ocorre a
diferentes tipos de patrimônio palmente, o calor humano, a re- reunião do Comitê Executivo
existentes no território. Assim, ceptividade do seridoense, e da UNESCO, responsável por
pode-se estabelecer um novo isso foi muito perceptível du- homologar as novas adesões
destino internacional no Rio rante a visita. Acredito que os de territórios ao Programa In-
Grande do Norte, ampliando- avaliadores saíram daqui com ternacional de Geociências e
se o volume e a circulação de conhecimento suficiente para a Geoparques e à Rede de Geo-
recursos em nossa economia, elaboração dos relatórios que parques Mundiais.
por meio de atividades relacio-
nadas ao Turismo, por exemplo.
Foto: Silas Costa

GTD: Como conciliar a ten-


dência de retomada / expan-
são da atividade extrativista
mineral na região com a exis-
tência de um Geoparque?
Marcos Nascimento: Os
Geoparques Mundiais da
UNESCO são uma nova forma
de gestão territorial que bene-
ficia a população local, e não Encerramento da Missão da UNESCO em audiência com a governadora
traz impedimentos para a rea- Fátima Bezerra e o vice-governador Antenor Roberto
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6 DE OUTUBRO
Dia Internacional da Geodiversidade
terá marca criada por estudante potiguar
romovido pela propôs definir um dia

P universidade
britânica de Ox-
ford, com o respaldo
para a conscientização
das populações, em todo
o mundo, sobre a impor-
da UNESCO, o con- tância dos elementos
curso destinado à es- não-vivos da natureza.
colha da melhor No documento poste-
identidade visual para riormente encaminhado
o recém-criado Dia In- à UNESCO, a geodiver-
ternacional da Geodi- sidade é definida como
versidade teve como “a variedade dos elemen-
vencedor o estudante tos não-vivos da natureza
potiguar do curso de que toda a geodiversidade é – os minerais, as rochas,
Geologia da UFRN, Silas Sa- como se fosse o apoio pra vida. os fósseis, os solos, os sedimen-
muel dos Santos Costa. Coorde- Tem uma plantinha surgindo, tos, o relevo, a topografia, os pro-
nador de Marketing e em meio à geodiversidade. cessos geológicos e morfogêni-
Divulgação do Consórcio Pú- Então, sem geodiversidade não cos, e aspectos hidrológicos,
blico Intermunicipal “Geopar- existe a vida”, resume o autor. como os rios e os lagos”. O texto
que Seridó”, Silas concorreu afirma, ainda, que “a geodiver-
com trabalhos encaminhados Foto: Mateus Ribeiro sidade sustenta a biodiversidade
por pessoas de diversos países. e é a base de qualquer ecossis-
Para chegar às propostas de tema, mas possui os seus pró-
logotipo e de lema, Silas Costa prios valores, independentes da
diz que “por ser a primeira edi- biodiversidade.”
ção do Dia Internacional da Geo- Durante a 41ª sessão da Con-
diversidade” e pelo fato de as ferência Geral da UNESCO, rea-
pessoas “geralmente não enten- lizada na segunda quinzena de
derem o quão importante é a di- novembro último, a proposta foi
versidade abiótica”, pensou em aprovada, e a partir de 6 de ou-
“trazer diversos elementos da tubro de 2022, a geodiversidade
geodiversidade, sejam fósseis, será celebrada anualmente,
minerais, rochas, rios, serras... de neste dia, em todo o mundo.
uma forma que isso esteja repre- Para Silas Costa, a criação do
sentado pela Terra”. “Coloquei Silas Costa - Estudante de Geologia da UFRN Dia Internacional da Geodiver-
dentro de um círculo, numa dis- sidade tem importância funda-
posição simétrica, meio que sus- Data para pensar mental. “Significa ter um dia para
tentando a vida”, explica Silas. A proposta de criação do Dia parar pra pensar o quão impor-
Com o lema “The diversity Internacional da Geodiversidade tante é essa diversidade abiótica
sustains the life” ou “A diversi- surgiu em maio de 2020, durante no conjunto da natureza total.
dade sustenta a vida”, a peça um encontro de especialistas em Um dia pra parar pra pensar que
criada por Silas Costa mostra que geodiversidade e patrimônio existe um lado da natureza, que
a diversidade dos elementos não- geológico promovido pelo a gente não dá muita atenção,
vivos que compõem a natureza Museu de História Natural da mas que precisamos valorizar,
é essencial para garantir a sobre- Universidade de Oxford. Na porque, sem ela, a gente não vai
vivência dos seres vivos. “Quem ocasião, um grupo liderado pelo alcançar uma sustentabilidade
olha pra logo, acho que percebe geólogo português, José Brilha, para as gerações futuras”.
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Saiba mais: aepet.org.br


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ARTIGO

O Contrato da Cessão Onerosa


e o Excedente da Cessão Onerosa
Parte II* (De Castelo Branco até a atualidade) Foto: Agência Brasil - EBC

Patrícia Laier onerosa com a justificativa de boe, a ANP apontava de 25 a


Geóloga e vice-diretora de
se buscar aumentar as reser- 40 bilhões de barris de volume
Comunicação da Associação dos vas nacionais e dinamizar o de petróleo in place, o que não
Engenheiros da Petrobrás (AEPET) setor de petróleo e gás. Nas se confirmou. E isso apesar da
rodadas da partilha foram lei- área, quando foi leiloada em
o governo Temer, loadas 15 áreas no polígono 2013, já contar com um poço

“N foram retomados
os leilões de pe-
tróleo no Pré-sal sob o regime
do Pré-sal com volume de
óleo in place (i.e., in situ) não
riscado estimado pela ANP,
perfurado em 2010, o desco-
bridor 2-ANP-2A-RJS, infor-
malmente denominado Libra,
de partilha (Tabela 1), já sem a variando entre 0,2 (Sul de que deu nome à área da acu-
exclusividade da Petrobrás Gato do Mato) e 29 (Aram) bi- mulação.
como operadora, mas ainda lhões de barris de petróleo. Apesar da Petrobrás, usando
com o direito de preferência Lembrando que são apenas seu direito de preferência criado
da estatal em ser operadora estimativas da ANP anteriores na “Partilha quebrada por
com pelo menos 30%. Ao todo à perfuração de poço explora- Serra”, adquirir como operado-
foram realizadas pela ANP tório. Em Libra, que deu ori- ra nove (9) áreas estratégicas
seis rodadas de leilões da par- gem ao gigante de Mero, com no Pré-sal, as operadoras es-
tilha de produção e uma ro- volume recuperável de petró- trangeiras fincaram suas ban-
dada do excedente da cessão leo equivalente de 3,3 bilhões deiras nas outras seis (6) áreas
13
em busca dos campos supergi- dos EUA (https://edx.netl.doe. nº 02/2019, a qual “Estabelece
gantes e gigantes, semelhantes gov/dataset/aapg-datapages- diretrizes para a realização da
aos já descobertos pela estatal giant-oil-and-gas-fields-of-the- Rodada de Licitações sob o re-
nas áreas sob concessão e cessão world), Búzios certamente está gime de Partilha de Produção
onerosa. Além do risco, pois entre eles. Mas quantos cida- para os volumes excedentes
essas áreas ainda não haviam dãos brasileiros sabiam disto aos contratados no regime de
sido perfuradas, os volumes de antes de ler aqui? Cessão Onerosa”. Foram esta-
petróleo in place estimados pela Tentaram autorizar a venda belecidas na resolução as áreas
ANP para a maioria dessas seis de até 70% dos campos da Ces- que iriam à leilão e os volumes
áreas foram muito menores do são Onerosa pelo próprio Con- excedentes (Figura 3), e tam-
que os volumes confirmados gresso Nacional, por intermé- bém que a Petrobrás seria com-
pela exploração e avaliação rea- dio do Projeto de Lei do ex-de- pensada pelos investimentos
lizados pela Petrobrás como putado federal José Carlos Ale- realizados nas áreas pelas em-
operadora nas áreas sob con- luia (DEM-BA), o qual passou presas que adquirissem parti-
cessão e cessão onerosa. na Câmara (PLC nº 78/2018) e cipação nas mesmas durante
Para as companhias multi- teve sua urgência para votação o leilão. Estas empresas, em
nacionais e seus países não bas- aprovada no Senado em no- contrapartida, tornar-se-iam
tou quebrar a operação exclu- vembro de 2018. Isso aconteceu proprietárias na mesma medi-
siva da Petrobrás, conforme apesar da consulta popular da de suas participações nos
tramaram em 2009, dentro do aberta no site do e-cidadania, ativos existentes nas áreas:
Consulado dos EUA, situado quando o projeto de lei ainda poços perfurados, equipamen-
no Centro do Rio de Janeiro, a estava na Câmara, ter resultado tos submarinos e plataformas
uma pequena distância da sede na vitória maciça do “não” à de produção.
da Petrobrás. Elas querem autorização desta venda lesa- Na área de Búzios, já esta-
mais. Sabem que não se des- pátria. Ressalte-se que o povo vam instaladas e produzindo
cobre fácil um
campo de petróleo
como Búzios, que
possui um volume
de óleo in place es-
timado em 2016,
pela ANP, em 29,9
bilhões de barris,
sem somar o gás
natural in place, ou
seja, contabilizando
apenas a fração
mais valiosa do pe-
tróleo, a parte líqui-
da. Estes supergi-
gantes são desco-
bertos com interva-
Figura 1 — Reprodução parcial de slide da reunião extraordinária do CNPE, em 28 de fevereiro de 2019.
los de décadas. As
multinacionais também sabem baiano não reelegeu Aleluia. os FPSOs P-74, P-75, P-76 e P-
que, considerando-se os 25 Após a eleição do presidente 77, os quais deixariam de ser
maiores campos mundiais de Bolsonaro, em reunião extraor- propriedade exclusiva da Pe-
petróleo da base de dados de dinária do CNPE, realizada em trobrás para serem proprieda-
campos gigantes de petróleo e 28 de fevereiro de 2019, o mi- de do consórcio. As multina-
de gás do mundo, relacionados nistro das Minas e Energia, cionais teriam ainda o direito
pela American Association of Bento Albuquerque, aprovou de abater em custo em óleo, o
Petroleum Geologists (AAPG), a realização do leilão do exce- que gastassem para indenizar
disponível no site do governo dente por meio da Resolução a Petrobrás.
14
Ao concordar com a redução lesa-pátria da entrega do exce- rídica demonstrada pela luta dos
dos percentuais do óleo lucro dente da Cessão Onerosa não trabalhadores.
para a União, o governo federal acontecesse, mas infelizmente o Outro fator importante, este
abre mão de receitas de longo leilão ocorreu em 6 de novembro na geopolítica mundial do pe-
prazo, maiores e tão necessárias de 2019. A Associação dos En- tróleo, que passou despercebi-
ao nosso país, em prol da trans- genheiros da Petrobrás (AEPET), do pelos grandes veículos de
ferência dessas receitas para as Federações de Sindicatos de comunicação, foi a proximida-
empresas de países desenvol- Petroleiros e outras entidades de com o lançamento das ações
vidos e ricos. Mas será que ingressaram com ações denun- da Saudi Aramco na bolsa de
todos os que zelam pelo patri- ciando o leilão. No dia marcado, valores de Nova Iorque. Pouco
mônio da União estão cientes? a Petrobrás arrematou 90% do tempo antes, os mesmos audi-
Ressaltando a magnitude da excedente de Búzios em parceria tores internacionais que ava-
produtividade dos poços de com as estatais chinesas liaram a Cessão Onerosa para

Fonte: PPSA Gex Sépia e Atapu

Figura 2 – Mapa de Estrutural da acumulação compartilhada pelos campos de Atapu e Oeste de Atapu e pela área não contratada de propriedade da União.

Búzios, tivemos a publicação, CNOOC (5%) e CNODC (5%) a Petrobrás, haviam auditado
em 2 de agosto de 2019, de uma e 100% do excedente de Itapu. as reservas sauditas em 262 bi-
notícia no site estrangeiro de Estranhamente, a gestão de Cas- lhões de barris. A esperança
notícias de petróleo e gás tello Branco não exerceu o di- das multinacionais era aboca-
www.upstreamonline.com, in- reito de preferência para os ex- nhar um pedaço dessas gigan-
formando que a unidade de cedentes dos gigantes de Sépia tescas reservas de petróleo con-
produção definitiva P-75 teria e de Atapu. Outras multinacio- vencional de boa qualidade.
topado a capacidade máxima nais não se apresentaram. A Mas eis que próximo da reali-
de produção de 150 mil barris grande mídia, a mesma que du- zação do leilão, os sauditas de-
diários com apenas 3 poços, vidava da existência e magnitu- cidem colocar à venda apenas
um dos quais produzindo cerca de do Pré-sal, atribuiu a baixa uma pequena parte e ainda
de 60 mil b/d, constituindo, participação das demais multi- “sugerem firmemente” aos bi-
portanto, um novo recorde de nacionais aos valores elevados lionários daquele país que
produção no Pré-sal. envolvidos. Difícil admitir que comprassem ações da compa-
Lutamos para que este crime tivesse sido pela insegurança ju- nhia. Ao mesmo tempo no Bra-
15
sil, inconformados com a in- Em Atapu, após a revisão do milhões m3 de gás natural.
completude da entrega dos te- contrato da Cessão Onerosa em O volume contratado na Ces-
souros brasileiros às multina- 2019, o volume a ser produzido são Onerosa para ser produzido
cionais de petróleo e gás, os re- naquele contrato ficou sendo de em Sépia ficou sendo de 500 mi-
presentantes do atual governo 550 milhões de barris em equi- lhões de barris em equivalente
decidiram realizar um novo valente em petróleo. O volume em petróleo. O volume exce-
leilão do excedente das áreas excedente calculado para Atapu dente calculado para Sépia e
de Sépia e Atapu, agendado e que foi a leilão em 17 de de- que foi a leilão em 17 de dezem-
para 17 de dezembro de 2021, zembro de 2021 (a data talvez bro, foi calculado em 2019 como
talvez para ser um presente de seja uma reafirmação que a en- algo entre 1,340 bilhões a 2,371
Natal para seus suseranos. trega é obra do presidente-17) bilhões de barris em petróleo
O que está em jogo no leilão foi calculado em 2019 como va- equivalente. A produção defi-
de 17 de dezembro riando entre 561 milhões (P90) nitiva no campo de Sépia teve
Em função dos diferentes e 1,690 (P10) bilhões de barris início em 23 de agosto de 2021,
regimes legais, a jazida da qual em petróleo equivalente. A pro- com a entrada em produção do
Foto: Agência Brasil - EBC

faz parte o campo de Atapu é dução definitiva foi iniciada em FPSO Carioca, que se tornou a
compartilhada com o campo 25 de junho de 2020 com a en- 22ª plataforma a entrar em pro-
de Oeste de Atapu e com uma trada em produção do FPSO P- dução na província do pré-sal.
área não contratada que per- 70 com capacidade de produção O FPSO possui uma capacidade
tence à União. A acumulação de 150 mil b/d de petróleo e ca- de produção de 180 mil b/d de
ocupa uma área de 260,5 km2 pacidade de tratamento de 6 mi- petróleo e uma capacidade de
dos quais 82,018% são repre- lhões m3/d de gás natural. compressão de 6.000 milhões de
sentados por Atapu; 17,032% A jazida compartilhada pelos m3/d de gás natural.
são representados por Oeste campos de Sépia e Sépia Leste O que mudou desde a ten-
de Atapu e 0,95 % representado ocupa uma área de 79,8 km2, tativa fracassada de leilão do
pela área não contratada. Em dos quais Sépia representa excedente de Atapu e Sépia em
31 de dezembro de 2018 (Fonte: 87,93% e Sépia Leste representa novembro de 2019 até dezem-
AIP/2019) o volume de petró- os 12,07% restantes. Os volumes bro de 2021? Os percentuais
leo in place era de 8,587 bilhões de petróleo e gás natural in mínimos do excedente em óleo
de barris de petróleo de 27° a place contabilizados em 31 de para a União que eram em
28° API e 203.440 milhões de dezembro de 2018 (Fonte 2019: de 26,23% em Atapu e
m3 de gás natural com alto teor AIP/2019) eram de 5,530 bilhões 27,88% em Sépia passaram a
de CO2 e baixo teor de H2S. de barris de petróleo e 127.960 ser em 2021 de apenas 5,89%
16
(-78%) e 15,02% (-46%), respec- mos percentuais de Búzios, ainda como acionista contro-
tivamente. Os valores dos Itapu e Sépia. Quais as impli- ladora, receber também os di-
bônus de assinaturas também cações dessas mudanças para videndos de um Sistema Pe-
foram reduzidos. No caso de a indústria nacional? trobrás ainda mais fortalecido
Atapu, o bônus era de R$ Assim como no primeiro por ter ativos de produção,
13,742 bilhões em 2019 e pas- leilão, os valores pagos a título tais quais Atapu e Sépia? A se-
sou a ser de R$ 4,002 bilhões de compensação à Petrobrás gunda pergunta que fica na
(-71%) em 2021; enquanto em pela infraestrutura já realizada mente daqueles que amam a
Sépia, o bônus era de R$ 22,859 nessas áreas serão devolvidos empresa na qual trabalham e
bilhões e passou a ser de R$ pelos compradores na forma que ajudam a construir dia-
7,138 bilhões (-69%). de custo em óleo, o qual é riamente, é: como pode ser
O conteúdo local que é ainda passível de atualização melhor para a Petrobrás ser
outra forma de se apropriar monetária. O valor da compen- detentora apenas de 30% do
parte da renda petroleira para sação no campo de Atapu foi excedente da Cessão Onerosa
a população brasileira perma- calculado em cerca de US$ em Atapu e Sépia quando
neceu igual ao previsto em 3,253 bilhões, enquanto no antes teria quase 50% do ex-
2019 (para Búzios, Itapu e campo de Sépia foi estimado cedente? Pelo menos dessa vez
Sépia): 25% na construção dos em aproximadamente US$ a atual gestão da Petrobrás
poços, 40% na implantação do 3,200 bilhões. exerceu o direito de preferên-
sistema de coleta e escoamento A primeira pergunta que cia dos 30% nesses campos.
dos campos, e 25% na constru- não quer calar é: como pode Campos gigantes de petróleo
ção das unidades de produção ser melhor economicamente são ativos estratégicos para
definitivas. Mas para Atapu, para a União deixar de receber quaisquer países, mas campos
em 2019 haviam sido previstos por décadas pouco mais de gigantes de grande porte
percentuais de conteúdo local 50% do óleo lucro, caso o con- (Nehring, 1978) são quase su-
de 35% na etapa de exploração trato de partilha fosse mantido pergigantes e representam ati-
e 30% na etapa de desenvolvi- exclusivamente com a Petro- vos ainda mais estratégicos
mento da produção, e agora brás (como previsto na reso- para os países e as empresas
foram determinados os mes- lução do CNPE em 2014) e que os possuem.

Fonte: PPSA Gex Sépia e Atapu

Figura 3 – Mapa de Estrutural da acumulação compartilhada pelos campos de Sépia e Sépia Leste (Bispo, 2021).
17
Rodadas da Partilha de Produção e do Excedente da
Cessão Onerosa realizadas entre 2013 e 2021
18
OPORTUNIDADES
SGB/CPRM apresenta novos mapas
de geologia e de recursos minerais Foto: Orildo Lima

nsiosamente aguarda- Iniciativa do Governo do Es- tratigráficos) e foram gerados a

A dos por técnicos, pes-


quisadores, empresários
e investidores, os novos Mapas
tado, viabilizada por intermédio
de parceria firmada entre a Se-
cretaria de Desenvolvimento
partir de produtos desenvolvi-
dos nos últimos anos pelo
SGB/CPRM, isoladamente, ou
de Geologia e de Recursos Mi- Econômico (Sedec) e o Serviço em convênio com universidades
nerais do RN já estão disponí- Geológico do Brasil federais, nas escalas 1:100.000,
veis a todos os interessados. As (SGB/CPRM), os novos mapas 1:250.000 e 1:500.000.
últimas publicações dessas car- encontram-se disponíveis na es-
tas haviam sido realizadas há cala de 1:500.000 e podem ser Investimentos
15 anos, em 2006. Considerado acessados gratuitamente nos sí- Além do lançamento dos
um grande avanço no esforço tios eletrônicos do SGB/CPRM, Mapas de Geologia e de Re-
para o reaquecimento do setor, ou da Sedec. cursos Minerais do RN, a pro-
o lançamento desses produtos Segundo o Diretor de Geo- gramação do II Fórum Esta-
ocorreu durante a segunda edi- logia e Recursos Minerais do dual Mineral, cujo tema foi
ção do Fórum Estadual Mineral SGB/CPRM, geólogo Marcio Re- “Rio Grande do Norte de
(FEM), promovido nos dias 18 médio, os trabalhos integram Oportunidades para Investi-
e 19 de novembro, no auditório diversos tipos de dados (geoló- mentos em Recursos Natu-
da Escola de Governo (Centro gicos, geoquímicos, geofísicos, rais”, contou com 18 palestran-
Administrativo), em Natal. geocronológicos e de furos es- tes, entre técnicos, pesquisa-
19
Foto: Orildo Lima
dores e dirigentes nacionais do
segmento. Os temas abordados
enfocaram aspectos relaciona-
dos a Rochas Ornamentais;
Mercado Mineral; Iniciativas
para o Fortalecimento do Setor;
e Potencial Mineral do RN.
Considerado um Estado pri-
vilegiado por apresentar grande
diversidade de rochas que
podem ser usadas para orna-
mentação e revestimento, o Rio
Grande do Norte também pas-
sou a contar, recentemente, com
um Mapa de Potencialidade
para Rochas Ornamentais. O
trabalho foi igualmente realiza- te, o RN ocupa o quinto lugar acontecendo hoje possa se re-
do pelo SGB/CPRM, e permite em exploração e exportação de petir Brasil afora; que outros es-
a investidores e empreendedo- rochas ornamentais no país, mas tados brasileiros adotem a ini-
res avaliar áreas de exploração, esta atividade ainda tem grande ciativa que o RN está adotando
a partir de fatores de atrativi- potencial para desenvolvimento. para que possamos discutir po-
dade econômico-geológica.”. líticas estratégicas de desenvol-
De acordo com o palestrante Elogios vimento do setor mineral".
Eugênio Pacelli Dantas, geólogo Com participação expressiva A segunda edição do Fórum
do SGB/CPRM, o conceito mo- de diferentes segmentos do Estadual Mineral foi promovida
derno de “rocha ornamental” setor, o Fórum Estadual Mineral pelo Governo do Estado do RN,
compreende “espécies” que (FEM) foi elogiado pelo dire- em parceria com o Instituto Fe-
podem ser utilizadas em reves- tor-presidente do Serviço Geo- deral de Educação, Ciência e Tec-
timento para colunas, paredes, lógico do Brasil (CPRM), Este- nologia – IFRN, sob a coorde-
pilares, pisos, soleiras, arte fu- ves Colnago, ao afirmar que o nação da Secretaria do Desen-
nerária, arte escultural, utensílios evento é um exemplo a ser se- volvimento Econômico (Sedec),
de adorno ou em decorações de guido pelos demais estados. "Eu com o apoio do CREA-RN,
fachadas de prédios. Atualmen- tenho o desejo de que o que está SGB/CPRM, SEBRAE e FIERN.
20
PETRÓLEO E GÁS
Encontro reafirma otimismo
com retomada da produção
ealizada em Mossoró, milhões até setembro deste Capital do Onshore

R no dia 25 de novembro, ano. Além disso, ainda segun-


a sexta edição do do Anabal Santos, foi pago o
Fórum Onshore Potiguar acon- montante de R$ 17,5 milhões
Maior produtor de petróleo
em terra no Brasil, o município
de Mossoró foi oficializado
teceu em clima de otimismo. em participação pela produção como Capital do Onshore Po-
Organizado pela Redepetro e aos proprietários de terras pro- tiguar. De autoria da deputada
pelo SEBRAE-RN, com o apoio dutoras, no mesmo período. estadual Isolda Dantas (PT), a
da Associação Brasileira dos Também com relação ao gás Lei Estadual nº. 1.123/21, que
Produtores Independentes de natural, as expectativas da ca- concede o título, foi sanciona-
Petróleo (ABPIP), o evento deia produtiva são positivas. da pela governadora Fátima
buscou debater a situação da Com a liberação do acesso das Bezerra durante a abertura do
produção de petróleo em terra empresas privadas à Unidade VI Fórum Onshore Potiguar.
e as novas condições do mer- de Processamento de Gás Na- Segundo o presidente da
cado de gás natural no RN. tural (UPGN) de Guamaré, a Redepetro RN, Gutemberg
De acordo com o balanço partir de 1º de janeiro de 2022 Dias, “mesmo com os desin-
apresentado no even- Foto: Divulgação vestimentos realiza-
to pelo secretário de dos pela Petrobrás,
Petróleo e Gás do Mi- parte da produção
nistério de Minas e que tinha ficado es-
Energia (MME), Ra- tagnada começou a
fael Bastos, o RN pro- retomar”. Gutemberg
duz hoje 37 mil boe/d, avalia que “Mossoró
em 70 campos produ- tem um potencial
tores. Com os desin- muito grande”, e que,
vestimentos realiza- “como a indústria
dos pela Petrobrás está estruturada, se
nos últimos anos, Fátima sanciona lei que torna Mossoró capital do Onshore você fizer um inves-
43% do volume extraído, ou o Estado terá suprimento de timento, rapidamente vai gerar
15,7 mil boe/d, estão sendo pro- gás fornecido diretamente pelas emprego e renda”.
duzidos por concessões opera- empresas que recentemente ad- Durante a programação do
das por empresas privadas. quiriram campos da Petrobras. Fórum, o público presente as-
Em consequência desse ce- Para a Potigás, empresa con- sistiu ao lançamento da 3ª
nário, o secretário executivo da trolada pelo Governo do Esta- edição do Mossoró Oil & Gas
ABPIP, Anabal Santos Júnior, do que tem hoje mais de 28 mil Expo. Com foco no setor de
que também participou do clientes nos segmentos indus- produção e exportação de pe-
Fórum, apresentou números trial, comercial, residencial e tróleo extraído em terra e
que confirmam o otimismo. Se- veicular, a mudança deverá águas rasas, o evento será rea-
gundo o executivo, levando-se permitir comprar gás a preços lizado de 24 a 26 de maio de
em conta apenas os associados mais competitivos, direto dos 2022, e de acordo com Gu-
da ABPIP, houve uma receita novos produtores que já atuam temberg Dias “a expectativa
proveniente do recolhimento no RN, repassando essa redu- é de que esta seja a maior edi-
de royalties de cerca de R$ 181 ção para o consumidor. ção de todas”.
21
22

Geologia a serviço da sociedade


ornar o conhecimento Ao final dos trabalhos, o I Para que pudesse ser con-

T geológico mais acessível


à sociedade norte-rio-
grandense. Este, segundo o
GEOPOTIGUAR contabilizou
um total de 146 profissionais e
53 estudantes inscritos, que
cretizado, o I GEOPOTIGUAR
contou com os patrocínios do
Conselho Federal de Engenha-
presidente da Associação dos participaram das atividades de ria e Agronomia (CONFEA),
Geólogos do Rio Grande do forma presencial, no auditório do Conselho Regional (CREA-
Norte (AGERN), Orildo de do CREA-RN, em Natal, ou em RN) e da MÚTUA, que é a
Lima e Silva, foi o maior saldo modo virtual, por intermédio Caixa de Assistência dos Pro-
obtido pelo I GEOPOTIGUAR. das redes sociais da AGERN e fissionais do CREA. Já, CON-
Realizado no período de 18 a da FEBRAGEO. Demonstran- FEA e CREAs são autarquias
22 de outubro, em formato do a impor- responsáveis pela verificação,
híbrido, o evento promo- fiscalização e aperfeiçoa-
vido pela AGERN, em par- mento do exercício
ceria com a Federação e das atividades
Brasileira de Geólogos das áreas profissio-
(FEBRAGEO), reuniu a nais da engenharia,
comunidade norte-rio- agronomia e geo-
grandense de geocientis- ciências, formando
tas, promovendo debate um sistema que atua
técnico qualificado em de forma associada e
torno de questões de in- coesa na defesa de
teresse local, regional e princípios éticos pro-
nacional. fissionais e do desen-
Para congregar di- volvimento sustentável
ferentes áreas de atua- do país.
ção, o I GEOPOTI- Nesta segunda edi-
GUAR foi estrutura- ção da revista GEOLO-
do em quatro sessões GIA Todo Dia, que tam-
temáticas: “Geofísica bém conta com o patro-
e Meio Ambiente”; cínio do Sistema CON-
“Pesquisa e Explo- FEA/CREA e da MÚTUA,
ração Mineral”; além de outros parceiros,
“Desenvolvimento você encontrará a cobertura
Tecnológico, Petró- completa do I GEOPOTI-
leo e Gás”; e “Gestão de Re- GUAR. Já, no Canal GEO-
cursos Hídricos”. Em torno tância da utili- LOGIA Todo Dia, no You-
desses eixos, foram promovi- zação das novas tecnologias de Tube, encontram-se disponí-
dos dois minicursos, 14 pales- comunicação como instrumen- veis, na íntegra, os vídeos com
tras e duas mesas-redondas, tos de difusão de informação a solenidade de abertura; a pa-
intercaladas com a exibição de e conhecimento, os vídeos com lestra magna; as 14 palestras
vídeos. Na abertura, a palestra os conteúdos do I GEOPOTI- técnicas; além das duas mesas-
magna sobre “O Papel da Geo- GUAR postados no canal GEO- redondas que trataram do pro-
logia para o Desenvolvimento LOGIA Todo Dia (YouTube), cesso de revisão do Plano Di-
Sustentável do Brasil”, foi pro- já haviam registrado, até a data retor de Natal e do papel da
ferida pelo presidente da FE- de fechamento desta edição, Petrobrás para o desenvolvi-
BRAGEO, Fábio Reis. mais de 1.200 visualizações. mento do RN. 8
23
ABERTURA
Patrocínios contribuem para
capacitação profissional
primeira edição do o evento como um “primeiro aplicados pela AGERN”. Par-

A GEOPOTIGUAR foi
aberta na noite da se-
gunda-feira, 18/10, no Auditó-
e importante fruto do lança-
mento do Edital do CREA-RN
de apoio às entidades”, o tra-
ticipante da programação, onde
proferiu palestra sobre benefí-
cios, serviços e produtos ofer-
rio do Plenário do CREA-RN. balho realizado pela AGERN tados pela MÚTUA, o diretor
O evento contou com trans- “faz com que o Conselho esteja Alessandro Câmara reafirmou,
missão simultânea pelas redes mais presente e fortalecido já no ato de abertura do evento,
sociais da AGERN e da FE- entre os profissionais”. a disposição de continuar tra-
BRAGEO, no YouTube e no Decisiva para a viabilização balhando para solidificar a par-
Facebook. A solenidade de ins- do I GEOPOTIGUAR, a ceria com a AGERN.
talação teve a participação de MÚTUA também se fez repre- Na mesma direção, destacan-
representantes do Conselho sentar, presencialmente, na so- do a qualidade editorial e grá-
Federal de Engenharia e Agro- lenidade de abertura do evento, fica da revista GEOLOGIA
nomia (CONFEA), do Conse-
lho Regional (CREA-RN) e de
Foto: Arthur Varela

dirigentes nacionais e esta-


duais da MÚTUA (Caixa de
Assistência dos Profissionais
do CREA).
Para a conselheira do CON-
FEA, geóloga Marjorie Nolasco,
que representou o presidente
da entidade, Joel Kruger, na so-
lenidade de abertura, o I GEO-
POTIGUAR veio em boa hora.
“No momento em que a pan-
demia vai sendo superada, e em
que nos aproximamos de um Mesa de abertura
ano eleitoral, nada mais impor- do I GEOPOTIGUAR
tante do que abrirmos a discus-
são em torno de questões rele- participando da mesa com o di- Todo Dia e a organização do I
vantes para o País, oferecendo retor financeiro estadual, Ales- GEOPOTIGUAR, o ex-Conse-
sugestões e propostas para que sandro Câmara, e com o diretor lheiro do CONFEA e atual di-
retomemos o caminho da nor- nacional de Tecnologia, o geó- retor nacional de Tecnologia da
malidade”, ressaltou Marjorie. logo Walter Duarte Costa Filho, MÚTUA, geólogo Waldir Costa,
Anfitriã do evento, a presi- que representou o diretor-pre- mostrou-se satisfeito com os re-
dente do CREA-RN, engenhei- sidente da entidade, engenheiro sultados gerados pela AGERN
ra Ana Adalgisa, também sau- agrônomo Francisco Almeida. a partir dos recursos do patro-
dou o I GEOPOTIGUAR, pa- Em sua saudação, Alessan- cínio. Segundo o diretor, “a
rabenizando a AGERN e a FE- dro Câmara afirmou que “é um MÚTUA está firmemente aliada
BRAGEO pela organização da prazer verificar que os recursos ao CONFEA nesse propósito de
iniciativa. No entendimento de disponibilizados pela MÚTUA valorizar cada dia mais os pro-
Ana Adalgisa, que considerou estão sendo adequadamente fissionais e as entidades”. 8
24
PALESTRA MAGNA

“Desenvolvimento exige investimento


em pessoas e em conhecimento”
Papel da Geolo- moção da sustentabilidade, monstra que “a mentalidade

“O gia para o De- capaz de fortalecer diversas empresarial brasileira ainda é


senvolvimento áreas de atuação”. Entre estas, a de um país-colônia”.
Sustentável do Brasil”. Este foi em que, segundo ele, os geólo-
o tema da palestra magna pro- gos têm tido participação cres- Alternativas
ferida logo após a solenidade cente, encontram-se a geologia Descontente com o panora-
de abertura do I GEOPOTI- de engenharia e a geotecnia; o ma atual, Fábio Reis defende
GUAR. A responsabilidade planejamento territorial; a ava- que é necessário buscarmos al-
pela abordagem coube ao geó- liação de áreas de risco; o geo- ternativas para o enfrentamen-
logo Fábio Reis, presidente da processamento em estudos am- to e superação dessa situação
Federação Brasileira de Geólo- bientais; a geoconservação e caracterizada pelos baixíssimos
gos (FEBRAGEO), entidade educação ambiental; a poluição volumes de investimentos em
parceira da AGERN na pro- da água e do subsolo; e a gestão PD&I. Nesse sentido, ele infor-
moção do evento. ambiental; entre outras. ma que a FEBRAGEO chegou
Segundo Foto: Arthur Varela a elaborar uma pro-
Fábio Reis, que posta de projeto de
também é profes- lei para que as em-
sor da UNESP- presas do setor mi-
Rio Claro, a Geo- neral, tal como as
logia tem um im- de óleo e gás, sejam
portante papel obrigadas a investir
na promoção do uma parte de seus
desenvolvimento lucros nessas ativi-
sustentável no dades.
Brasil e no Para Fábio Reis,
mundo. Entre as Marjorie Nolasco. Ambos participaram da abertura em modo virtual se quisermos “um
Geólogo Fábio Reis, presidente da FEBRAGEO. No detalhe, a conselheira do CONFEA

diversas áreas de novo setor mine-


atuação potencialmente impul- Há, no entanto, na opinião ral”, ou mesmo “um novo
sionadoras de novas práticas, do professor e presidente da setor geológico”, precisaremos
ele destaca a pesquisa e explo- FEBRAGEO, uma dificuldade mudar o paradigma existente.
ração de recursos minerais, in- estratégica para que a Geologia “Enquanto existir no país a fa-
cluindo petróleo e gás, mas e outros ramos da ciência, no lácia de que o nosso problema
pondera que desenvolvimento Brasil, possam desempenhar é a burocracia ou o imposto, a
sustentável não se trata, ape- papel relevante na promoção gente vai continuar assistindo
nas, de fazer a extração desses do desenvolvimento sustentá- crianças pedindo dinheiro em
bens sem provocar maiores im- vel: o baixo investimento em sinais de trânsito, pelo simples
pactos ambientais. pesquisa, desenvolvimento e fato de não terem o que comer.
Para Fábio Reis, o importante inovação (PD&I). E isto, tanto Desenvolvimento sustentável
é “saber utilizar a Geologia no setor público quanto, prin- exige investimento em pessoas
como ferramenta abrangente; cipalmente, no privado. Tal e em conhecimento”, resume
como um instrumento de pro- fato, segundo Fábio Reis, de- Fábio Reis. 8
25
SESSÃO TEMÁTICA
Divulgação CONFEA

“GEOFÍSICA E MEIO AMBIENTE”


ob a coordenação da geóloga e diretora da AGERN, Li-

S dyane Araújo, a Sessão Temática “Geofísica e Meio Am-


biente”, realizada em 19/10, disponibilizou um minicurso,
três palestras e uma mesa-redonda, além de diversos vídeos in-
formativos produzidos por instituições e entidades patrocinado-
ras e apoiadoras do I GEOPOTIGUAR. Lidyane Araújo

Minicurso
“O Licenciamento Ambiental no Município de Natal”
Realizado na manhã de 19/10, abrindo a programação do se-
gundo dia do I GEOPOTIGUAR, o minicurso “O Licenciamento
Ambiental no Município de Natal” foi ministrado pela geógrafa
Kelly Lima Cunha (IDEMA-RN). Licenciada em Geografia pela
UFRN e Técnica em Geologia e Mineração pelo IFRN, Kelly
possui experiência profissional em gestão e licenciamento am-
biental, com ênfase na área de exploração e produção de petróleo
e gás natural, bem como na assessoria a municípios do RN para
implantação do Sistema Municipal de Meio Ambiente. Os prin-
cipais tópicos abordados por Kelly Lima foram: Políticas de
Meio Ambiente e o Sistema Nacional de Meio Ambiente; Com-
petências Legais e Impacto Local; Fases do Licenciamento e
Procedimentos; e, Emissão da Licença, Fiscalização e Consórcio.
O minicurso teve 27 pessoas inscritas. Kelly Cunha

Palestra I
Tremores de Terra em Território Potiguar: Riscos e Perigos
A palestra de abertura da Sessão Temática “Geofísica e Meio Ambiente”
Foto: Arthur Varela

foi realizada em modo híbrido, com sede no auditório do CREA-RN e


transmissão online pelos canais da AGERN e da FEBRAGEO. Abor-
dando o tema “Tremores de Terra em Território Potiguar: Riscos
e Perigos”, a geofísica Victoria Cedraz, que é doutoranda
na UFRN, partiu de uma conceituação sobre o que são
terremotos, suas causas mais prováveis e a localização
das principais ocorrências no mundo e no Brasil.
Destacando o RN como território em que ocor-
rem 15% da quantidade de terremotos registrada
no país, Victoria Cedraz enfocou riscos e perigos
decorrentes de um sismo, indicando procedimentos
Victoria Cedraz e medidas para mitigação de seus efeitos. 8
26
Palestra II Palestra III
MÚTUA-RN: Benefícios, O Papel do Geólogo no Licenciamento
Serviços e Produtos Ambiental
Além das palestras técnicas, a pro- Com o tema “O Papel do Licenciamento Am-
gramação de 19/10, do I GEOPOTI- biental e a Participação do Profissional Geólogo”,
GUAR, contou com a participação do o diretor técnico do Instituto de Desenvolvimento
diretor financeiro da MÚTUA-RN, en- Sustentável e Meio Ambiente do RN – Idema, Wer-
genheiro civil Alessandro Câmara, que ner Farkatt, fechou o ciclo de palestras da Sessão
abordou o tema “MÚTUA-RN: Bene- Temática “Geofísica e Meio Ambiente”. Na ocasião,
fícios, Serviços e Produtos”. A MÚTUA Werner defendeu que os geólogos procurem com-
é uma sociedade civil sem fins lucra- preender as diferentes variáveis e tipos de licen-
tivos com atuação no segmento assis- ciamento que envolvem os meios físico e biótico, e
tencial, ligada ao Sistema Confea/Crea. que possam aplicar os conceitos teóricos, adquiridos
Tem atuação em todos os Estados do na academia, de forma a considerar eventuais im-
Brasil e é baseada no mutualismo, pro- pactos econômicos, sociais, culturais e ambientais
porcionando benefícios reembolsáveis, produzidos pelos empreendimentos para o quais
sociais, planos de saúde, previdência se busca licenciamento, a fim de que se encontrem
complementar e convênios. alternativas sustentáveis de implantação.
Foto: Arthur Varela

Mesa-redonda
Revisão do Plano Diretor de Natal
É preciso ampliar e aprofun- noite de 19/10, nas dependên- outras entidades e profissionais
dar o debate da proposta que cias do CREA-RN, em Natal, vinculados ao CREA-RN e,
se encontra tramitando na Câ- e contou com a presença da principalmente, os vereadores
mara Municipal de Natal. Esta presidente da Casa, engenheira natalenses, responsáveis pela
foi a principal conclusão da Ana Adalgisa; do geólogo João deliberação da matéria, estabe-
mesa-redonda “A Revisão do de Deus (AGERN); do verea- leceu-se ao final dos trabalhos,
Plano Diretor de Natal e a Ci- dor Robério Paulino (PSOL- após mais de duas horas de de-
dadania”, integrante da Sessão Natal); e da geógrafa Iracema bates, onde diversas opiniões
Temática “Geofísica e Meio Am- Miranda (UFRN). foram compartilhadas de forma
biente” do I GEOPOTIGUAR. O entendimento de que se democrática e respeitosa pelos
Mediado pela jornalista Jana deve dar continuidade à dis- palestrantes, e também pela as-
Sá, o evento foi realizado na cussão do tema, convidando sistência, presencial e virtual.
27
Foto: Arthur Varela

Premissas para o Plano ta a presidente do CREA-RN.


Para o geólogo João de Com relação às ZPAs, Ana
Deus, que abriu as interven- Adalgisa defende a necessida-
ções enfatizando a necessidade de de estabelecimento de pra-
de que a sociedade esteja aten- zos para que sejam regulamen-
ta nesta reta final do processo tadas. Segundo ela, existem
de revisão, é preciso que o áreas, como a da ZPA 9, com
texto-final do Plano Diretor potencial para a agricultura fa-
contemple, ao menos, três pre- miliar e/ou para o turismo de
missas: a preservação de todas aventura com preservação,
as áreas destinadas à recarga mas que não se pode fazer
do Aquífero “Dunas / Barrei- Ana Adalgisa nada. “Temos que pensar em
ras”; a manutenção do gabarito como usar essas áreas, sem
“uma grande oportunidade
atual para edificações na faixa prejudicar o meio-ambiente,
para discutirmos a cidade que
costeira; e a integridade terri- favorecendo o desenvolvimen-
queremos para nós e para nos-
torial das atuais Zonas de Pro- to econômico e social. Então,
sos filhos”. No entendimento
teção Ambiental (ZPAs). a gente tem que cobrar um
da engenheira, muitas questões
prazo para regulamentação
pontuais têm sido debatidas
das ZPAs porque estamos fa-
Foto: Arthur Varela

durante a revisão do Plano,


vorecendo invasões, e desfa-
mas “é necessário termos uma
vorecendo o que mais a gente
visão mais ampla, juntando o
quer, que é preservar”.
social, o ambiental e o econô-
mico”. Com esse entendimen-
to, a presidente do CREA-RN Revisar em que direção?
relata que sonha com “uma ci- Na opinião do vereador Ro-
dade compacta”, em que as bério Paulino (PSOL-Natal), a
pessoas “tenham que se des- necessidade de revisar o Plano
locar o menos possível”. Diretor de Natal é clara: “O
João de Deus Para isso, Ana Adalgisa de- Plano é de 2007 e está defasa-
fende a inclusão no debate do do”, afirma ele. No entanto,
Segundo João de Deus, esses Plano Diretor de questões rela- ainda segundo o vereador, a
três aspectos devem ser conside- cionadas à mobilidade; à requa- questão não deve se resumir a
rados balizadores no processo lificação de áreas; e mesmo à essa constatação. E indaga:
de revisão do Plano Diretor por- regulamentação de algumas
Foto: Arthur Varela

que a cidade do Natal está edi- Zonas de Proteção Ambiental


ficada sobre o seu principal re- (ZPAs). No caso da requalifica-
servatório de água; porque a al- ção, citando como exemplos a
teração do perfil arquitetônico Cidade Alta e a Ribeira, a en-
da orla, com a elevação da altura genheira lembra que são dois
dos prédios, criará barreiras tér- bairros sem vida permanente
micas, aumentando a tempera- que poderiam ser beneficiados
tura ambiente; e, finalmente, por- por “operações consorciadas,
que as Zonas de Proteção Am- incentivos fiscais, ou pelo au-
biental desempenham importan- mento do índice de construção”.
te papel de preservação de ecos- “Quem vai à Cidade Alta ou Robério Paulino
sistemas com alta relevância para à Ribeira no sábado, no fim da
a sustentabilidade da cidade. tarde, vê bairros fantasmas. E “Revisar em que direção?
não adianta fechar uma rua e Avançando ou retrocedendo?”.
Pensar o futuro colocar bares, feira de artesa- Para Robério Paulino, a mi-
Para a presidente do CREA- nato, porque se não tiver gente nuta de revisão do Plano Di-
RN, Ana Adalgisa, a revisão morando lá não vai adiantar retor de Natal tem “uma in-
do Plano Diretor de Natal é absolutamente nada”, acrescen- fluência muito grande do ca-
28
Foto: Arthur Varela

pital imobiliário”, que estaria lações ali residentes, melho-


“conduzindo a marca da mo- rando a qualidade de vida da-
dernização sem levar em conta quelas comunidades. Várias ci-
as necessidades ambientais e dades brasileiras trabalham o
as necessidades das pessoas”. Turismo, atribuindo responsa-
E, para Paulino, “é necessário bilidades às pessoas pela sus-
que a sociedade debata o sen- tentabilidade das áreas em que
tido dessa modernização”. residem, e o nosso Plano Dire-
Crítico da proposta encami- tor poderia fazer essa previ-
nhada pelo Executivo à Câmara são”, defende Iracema.
Municipal, Robério Paulino ava-
lia ainda que, a revisão do Plano Iracema Outras preocupações
Diretor “pretende, em essência, Miranda
Durante a mesa-redonda,
aumentar a altura dos prédios meio ambiente e do clima; e para além dos temas levantados nas
e flexibilizar as ZPAs”. Afirman- que as pessoas, em todos os lu- intervenções iniciais, surgiram
do que “desenvolvimento não gares, possam desfrutar de paz questões apresentadas pelos
é um espigão”, o vereador re- e de prosperidade. participantes e, também pela
vela que a proposta “não fala Coerente com esta opinião, assistência, presencial e virtual,
em aumentar as áreas permeá- Iracema revela preocupação que influenciaram no anda-
veis nem as arborizadas”. com as ameaças à qualidade da mento das discussões, contri-
Conclamando as entidades água, à ventilação da cidade, à buindo para a formação do en-
representativas dos diversos manutenção dos ecossistemas tendimento da necessidade de
segmentos sociais para que favorecidos pelas ZPAs, mas ampliação e aprofundamento
compareçam às Audiências Pú- também aponta para a neces- dos debates da proposta de re-
blicas e para que convoquem sidade de que o Plano Diretor visão do Plano Diretor.
reuniões com os parlamentares, crie condições para proporcio- Essas manifestações aborda-
a fim de “equilibrar esse Plano”, nar inclusão social e melhoria ram tópicos relacionados às di-
Robério avalia que “dois meses da qualidade de vida, dialo- versas consequências do aden-
é muito pouco para a Câmara gando com temas relacionados samento demográfico; à imper-
Municipal discutir uma propos- a emprego e renda, saneamen- meabilização do solo e à capa-
ta que foi debatida no meio de to, moradia e transporte. cidade de tratamento de esgoto;
uma pandemia”. Exemplificando sua visão, à inexistência de clareza quanto
a geógrafa cita a situação das aos marcos para a fixação dos
Inclusão social com margens do Potengi, onde con- coeficientes de aproveitamento
sustentabilidade sidera haver uma situação crí- do solo; à evolução e acompa-
Com larga experiência pro- tica. “Poderíamos trabalhar a nhamento da dinâmica costeira;
fissional em questões relaciona- questão econômica do Turismo à insegurança jurídica, decor-
das a urbanismo e meio-ambien- Sustentável para desenvolver- rente do conflito entre disposi-
te, a geógrafa Iracema Miranda mos aquela área, fazendo a in- tivos legais de diferentes esfe-
defende que o Plano Diretor de serção e a inclusão das popu- ras; entre outras matérias.
Natal leve em consideração a Foto: Arthur Varela

Agenda dos Objetivos de De- Participação da geóloga


senvolvimento Sustentável Isalúcia Cavalcanti
(ODS), fixada pela Organização
das Nações Unidas – ONU, pro-
movendo inclusão social com
qualidade de vida. Integrada
por 17 objetivos, com horizonte
estratégico programado para o
ano 2030, a Agenda ODS é um
apelo global para o enfrenta-
mento à pobreza; à proteção do
29
SESSÃO TEMÁTICA
“PESQUISA E
EXPLORAÇÃO MINERAL”
ealizada na quarta-feira, 20/10, a sessão temática “Pesquisa

R e Exploração Mineral” teve a mediação do geólogo Carlos


Augusto Medeiros (Cacá Medeiros), que coordenou a ati-
vidade juntamente com o geólogo Eugênio Pacelli Dantas. Du-
rante a programação, além da veiculação de vídeos institucionais,
foram promovidas cinco palestras, abordando assuntos relacio-
Cacá Medeiros
nados ao trabalho de órgãos públicos, empresas e instituições
atuantes no Rio Grande do Norte.

Palestra I
Contribuições do SGB/CPRM para o Desenvolvimento do Setor Mineral no RN
Ministrada pelo geólogo do SGB/CPRM/NANA, Alan Pereira da Costa, a palestra de abertura
da sessão temática “Pesquisa e Exploração Mineral”, intitulada “Contribuições do SGB/CPRM
para o Desenvolvimento do Setor Mineral no Estado RN”, apresentou um histórico dos
principais trabalhos realizados pela empresa no Estado, citando, ainda, aqueles que estão em
andamento. Entre as produções mais recentes, o geólogo destacou o Informe de Produtos Mi-
nerais do Seridó-Leste e o Mapa de Potencialidades de Rochas Ornamentais. Já, entre os
trabalhos em andamento, com produtos em vias de publicação, o geólogo destacou a atualização
do Mapa Geológico do RN, realizado em parceria com o Governo do Estado; a cartografia dos
recursos minerais das folhas João Câmara e São José do Campestre; e, ainda, a avaliação do
potencial metalogenético de granitos da província mineral do Seridó (PMS).

Palestra II
Materiais Geológicos e Sociedade
Com a preocupação de realçar a presença dos materiais geológicos
no dia-a-dia da atividade humana, favorecendo a compreensão da
importância da Geologia para a sociedade, o geólogo Valdir Silveira,
integrante dos quadros do SGB/CPRM/NANA, proferiu a segunda
palestra da Sessão Temática “Pesquisa e Exploração Mineral”, abor-
dando o tema “Materiais Geológicos e Sociedade: os Recursos Minerais
do RN”. Dividindo o mapa geológico do Estado em duas grandes
porções: uma área de rochas sedimentares, envolvendo a Bacia Po-
tiguar e as coberturas do litoral; e, outra, com rochas cristalinas, des-
tacando-se granitoides, xistos e pegmatitos, Valdir Silveira enumerou,
de forma didática, os principais materiais geológicos provenientes
de cada uma dessas regiões, revelando suas aplicações mais comuns,
desde as mais simples às mais complexas, na indústria, na agricultura,
Valdir Silveira na construção civil e nas comunicações, entre outras áreas.
30
Palestra III
Fiscalização do Exercício Profissional na área de GEOMINAS
Gerente de fiscalização do CREA-RN, o engenheiro Heulisson Arruda
foi o responsável pela terceira palestra da Sessão Temática “Pesquisa e
Exploração Mineral”, realizada em 20/10, com o tema “Fiscalização do
Exercício Profissional na Área de GEOMINAS”. Durante a explanação,
Heulisson esclareceu a missão do CREA enquanto órgão fiscalizador da
atividade profissional; revelou a estrutura existente na Gerência, em
termos de recursos humanos e materiais; apresentou os principais tipos
de ações realizadas, envolvendo fiscalizações e diligências; discorreu
sobre o processo de planejamento, com destaque para o papel de-
sempenhado pelas câmaras especializadas; relacionou os principais
desafios da fiscalização na área de GEOMINAS; apresentou as es-
tratégias adotadas em busca de maior eficiência, eficácia e efetivi-
dade; e, finalmente, concluiu com a apresentação de indicadores
de resultados do trabalho realizado nos três últimos anos.

Palestra IV
O Papel do Centro de Tecnologia Mineral para a Mineração do RN e do Brasil
O Centro de Referência em Tecnologia Mineral José Ivam Pereira Leite, localizado em
Currais Novos, na região do Seridó Potiguar, foi o tema da quarta palestra da Sessão Temática
“Pesquisa e Exploração Mineral”, proferida pelo geólogo Alexandre Rocha (IFRN). A instituição,
segundo Alexandre Rocha, surgiu como resultado de uma parceria que envolveu o Governo
do Estado, a UFRN, a UFERSA e o IFRN, cabendo a este último montar a estrutura do em-
preendimento. O nome do Centro é uma homenagem ao professor José Ivam Pereira Leite,
uma das maiores referências em processamento mineral no Brasil, já falecido. De acordo com
Alexandre Rocha, o CT é uma alternativa que tem em vista atender demandas do setor mineral
da região, oferecendo apoio à pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação; capacitação
de mão de obra e prestação de serviços; além de apoiar pequenos empreendedores, por meio
de uma incubadora tecnológica.

Palestra V
A Nova Mina de Ouro em Currais Novos/RN
Foto: Cedida

Integrante do Grupo “Cascar Brasil Mineração”, a geóloga Jucieny


Barros foi a responsável pela quinta e última palestra da Sessão Temática
“Pesquisa e Exploração Mineral”, abordando o tema “A Nova Mina de
Ouro em Currais Novos/RN”. Atuando na área desde 2010, os primeiros
trabalhos executados pela empresa tiveram por objetivo atender às exi-
gências dos órgãos ambientais, além de elevar a compreensão sobre as
potencialidades da área. Durante a apresentação, Jucieny Barros falou
sobre a complexidade da geologia do sítio, descreveu as características
do depósito e demonstrou otimismo com os resultados dos levantamentos
e análises realizadas. Ocupando uma área de 490 hectares, o Projeto
Borborema, empreendido pela Cascar Brasil, possui licença para explo-
Jucieny Barros
ração de dois milhões de toneladas por ano e uma estimativa preliminar
de reservas cubadas de 2,43 milhões de onças de ouro, em um total de
68,6 milhões de toneladas, com teor médio de 1,1 grama/tonelada.
31
SESSÃO TEMÁTICA
Divulgação CONFEA

“DESENVOLVIMENTO
TECNOLÓGICO, PETRÓLEO
E GÁS”
Orildo Lima e Silva

oordenada pelo geólogo Orildo Lima e Silva, presidente da AGERN, a Sessão Temática “De-

C senvolvimento Tecnológico, Petróleo e Gás” foi realizada em 21/10. No decorrer da progra-


mação, além da veiculação de vídeos institucionais, foram realizadas três palestras e uma
mesa-redonda com o tema: “O Papel da Petrobrás Operadora para o Desenvolvimento do RN”.

Palestra I
Foto: Cicero Oliveira

Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo


“O papel do Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo (PAX)
para o futuro do desenvolvimento do RN” foi o tema da palestra de
abertura da Sessão Temática “Desenvolvimento Tecnológico, Petróleo
e Gás”, proferida pela professora Ângela Paiva, ex-reitora da UFRN e
atual coordenadora da implantação do PAX. Situado no município de
Macaíba, numa área de 50 ha, distando 26 km de Natal, o Parque dis-
ponibiliza infraestrutura para o desenvolvimento de negócios em vários
setores da economia, estimulando a articulação e a colaboração entre
indústria e mercado; instituições de ensino e fomento à pesquisa cien-
tífica; empresas e governos. Ao todo são 15 mil m2 de área construída
(com 26 ha de área preservada), contendo 76 lotes disponíveis para
Ângela Paiva instalação de empresas, laboratórios, auditórios, refeitórios, salas de
reunião e coworking. Segundo Ângela Paiva, desenvolvimento tecno-
lógico para fontes renováveis e não renováveis de energia, prevenção e reabilitação em saúde, e
Indústria 4.0 são as principais áreas de interesse do PAX.

Palestra II
Uma Empresa de Geologia Genuinamente Potiguar
Membro da JG Petróleo, o geólogo João Augusto de Oliveira Cunha foi o responsável pela
segunda palestra da Sessão Temática “Desenvolvimento Tecnológico, Petróleo e Gás”, realizada
em 21/10. Ao geólogo, coube a apresentação da JG Petróleo – uma empresa genuinamente po-
tiguar, enfocando as experiências e as novidades tecnológicas por ela introduzidas no trabalho
de acompanhamento geológico de poços de petróleo, água e gás. Segundo João Augusto, o
acompanhamento é uma atividade essencial que tem por objetivo realizar um registro detalhado
do poço, por meio da análise dos fragmentos de rocha que são trazidos à superfície. Após
descrever os procedimentos adotados pela empresa nas fases de perfuração, coleta, identificação
de evidências de hidrocarbonetos, acondicionamento e armazenamento de amostras, o geólogo
apresentou as inovações introduzidas pela JG Petróleo: o Painel Litológico, que permite
consultar amostras em qualquer hora e lugar; e o Carangolight, uma nova forma de identificar
evidências de óleo nas amostras.
32
Palestra III
O Futuro da Exploração e Produção de Petróleo na Bacia Potiguar
A terceira e última palestra da Sessão Temática “Desenvolvimento
Foto: Cedida

Tecnológico, Petróleo e Gás” foi ministrada pelo engenheiro mecânico,


com especialização em Engenharia de Petróleo, Ricardo Pinheiro, en-
focando o tema “O Futuro da Exploração e Produção de Petróleo na
Bacia Potiguar”. Ricardo Pinheiro, que é diretor de Comunicações da
AEPET – Nordeste Setentrional, trabalhou por 30 anos na Petrobrás
e atualmente atua na iniciativa privada. O tema tem especial relevância
por ocorrer numa conjuntura marcada pelos sucessivos desinvesti-
mentos promovidos no Estado pela Petrobrás, e pela entrada de novos
operadores nas atividades de produção na Bacia da Potiguar. Apoiado
em dados referentes aos últimos quatro anos, Ricardo Pinheiro afirma
que “a produção encontra-se estacionada”, e que, nos próximos cinco
anos, “ainda haverá um esforço muito grande dessas empresas, que
estão substituindo a Petrobrás, na otimização daquilo que elas estão
recebendo de áreas já desenvolvidas e já em produção”. Ricardo Pinheiro

Mesa-redonda
O Papel da Petrobrás para o Desenvolvimento do RN
Para falar sobre “O Papel da Petrobrás Operadora para o Desenvolvimento do RN” a orga-
nização do I GEOPOTIGUAR convidou o senador Jean Paul Prates (PT-RN), coordenador da
Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobrás; o geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor
de Exploração & Produção da Petrobrás (2003-2012); e o geólogo Ricardo Latge, diretor Insti-
tucional do Clube de Engenharia do RJ, para atuar como mediador, ao lado do presidente da
AGERN, geólogo Orildo Lima. O evento foi realizado na noite de 21/10, e encerrou a Sessão
Temática “Desenvolvimento Tecnológico, Petróleo e Gás”.

Durante várias fraestrutura, tais


décadas, a Petro- como estradas e
brás teve papel telecomunica-
protagonista no ções, e apoiou
desenvolvimento atividades edu-
do Rio Grande cacionais, cientí-
do Norte. Res- ficas, culturais,
ponsável pela sociais, de quali-
descoberta de mi- ficação profissio-
lhares de poços nal, ambientais e
de petróleo e gás, esportivas, entre
em terra e mar, a outras. No pe-
da energia eólica. Os recursos
Companhia expandiu-se e es- ríodo mais recente, no entan-
aplicados anualmente, soma-
truturou-se, de forma a atuar
dos ao pagamento de royalties to, a Companhia se desfez de
em diversas atividades inte-
e impostos, contribuíram com vários ativos, no RN e em ou-
grantes da cadeia produtiva:
a industrialização e o cresci- tros estados da Região Nor-
da exploração e produção, ao
mento do Estado. deste, a fim de concentrar
transporte, refino, distribuição
Na condição de empresa operações na camada Pré-sal,
e comercialização. Além disso,
pública, a Petrobrás também tornando-se, essencialmente,
avançou em áreas alternati-
vas, como as do biodiesel e investiu em segmentos de in- uma empresa de extração e
33
comercialização de óleo cru e porque considera que, no RN, Petrobrás já fazia. Ou seja:
de importação de derivados. a Companhia havia conquis- religar o que estava sendo
Tal orientação, imposta tado uma estrutura ideal. desligado pela Petrobrás”.
pelo Conselho de Administra- “Uma operação de tamanho
ção da Petrobrás, busca ma- médio, mas toda fechadinha, Possibilidade inexistente
ximizar o lucro, proporcio- integrada, com milhares de “Quando a gente fala na Pe-
nando maiores rendimentos poços; base de combustíveis; trobrás como operadora para
aos grandes acionistas priva- refinaria com possibilidade de o desenvolvimento do RN,
dos, principalmente estran- expansão; operações de ener- nós estamos tratando de uma
geiros, em detrimento dos in- gia renovável envolvendo um
teresses dos cidadãos e con- complexo de transição ener-
Foto: Christian Vasconcelos

sumidores norte-rio-granden- gética com usina solar, planta


ses e brasileiros. Assim, de- de biodiesel, refinaria e par-
pois de todos os desinvesti- ques eólicos: quatro fontes
mentos já realizados pela Pe- numa foto só”. Então, resume
trobrás, nos últimos anos, na o senador: “dá muita pena!”.
Bacia Potiguar, a organização Convencido de que “no
do I GEOPOTIGUAR ousou próximo governo teremos
perguntar: a Companhia que reaver esses ativos”, o
ainda desempenha papel re- senador Jean Paul Prates de-
levante para o desenvolvi- fende que “não dá para fi-
mento do RN? carmos assistindo a Petro-
brás sair com as mãos aba-
Saída trágica nando, dizendo tchau e bên- Guilherme Estrella

Para o senador Jean Paul ção”. Para Jean Paul é neces-


Prates, “a saída total e abso- sário resistir de todas as for- possibilidade que, no momen-
luta da Petrobrás de uma das mas. Na justiça, por exem- to, já não existe mais”. Esta foi
principais bacias com ainda plo, o senador fala em “co- a opinião com a qual o geólo-
brar os benefícios tributários go Guilherme Estrella iniciou
Foto: Cedida
que o Estado deu até hoje”, sua intervenção na mesa-re-
e, também, “o donda que de-
passivo am- bateu o papel da
biental que A essência de uma Companhia
será deixa- empresa estatal (...) está para o desen-
do”. Anteven- justamente no seu volvimento do
do muita luta, compromisso com o Estado. Afir-
o senador país como um todo. mando que “a
também con- Petrobrás não é
sidera impor- mais uma em-
Guilherme Estrella

tante esclare- presa estatal”, Estrella explica


cer a opinião pública, que es- que não é necessário uma em-
taria aturdida: “Muita gente presa ser privatizada para
pensa: ah… vai entrar em- atuar como empresa privada:
Jean Ppaul Prates
presas que vão investir um “Basta o acionista controlador
potencial de produção, prin- monte de dinheiro. Mas isso ser privatista”, resume.
cipalmente através da revita- é mentira, não vai aconte- Para Guilherme Estrella,
lização de campos, mas tam- cer”, diz ele, esclarecendo que já foi diretor de Explo-
bém da exploração do seu ho- ainda: “vai entrar o comple- ração e Produção da Petro-
rizonte marítimo, é trágica!”. mento básico e mínimo para brás, sendo considerado um
O senador lamenta, sobretudo, recuperar a produção que a dos principais responsáveis
34
pela descoberta do Pré-sal, a Perspectivas Na opinião de Guilherme
“essência de uma empresa Estrella, essa recuperação da
Solicitado pelos mediado-
estatal”, que teria sido “per- gestão da empresa em favor do
res, Ricardo Latge e Orildo
dida pela Petrobrás”, está povo brasileiro, com a retoma-
Lima, a falar sobre como o
justamente “no seu compro- da de ativos, implica muita
povo brasileiro pode interrom-
misso com o país como um luta, mas não significa rompi-
per o processo em curso de
todo”. E, este comprometi- mento. Isto, porque, segundo
destruição da Petrobrás, Gui-
mento, segundo Estrella, era Estrella, “a ruptura já foi feita”.
lherme Estrella retoma a inter-
traduzido pela presença da E justifica: “Isso é um direito
venção inicial de Jean Paul Pra-
Companhia em diversos dos Estados Nacionais. Pelo Di-
tes para afirmar que “o sena-
campos de atividade, “desde reito e pela Constituição brasi-
dor tem razão: é preciso que

exploração, produção e refi- se lute; que se prolongue a con- leira, a gestão dos setores es-
no, passando por transporte, secução desses objetivos”. E tratégicos da nossa economia
distribuição, comercializa- acrescenta: “Temos que pensar é questão de soberania. Temos
ção, tanto de combustíveis lí- em como vamos retomar esses que buscar uma gestão nacio-
quidos como de combustí- ativos, recompor o sistema Pe- nalista, voltada para os interes-
veis gasosos, nos gasodutos, trobrás, integrado, para, aí sim, ses do povo, com liberdade de
unidades petroquímicas, de o título dessa mesa-redonda ação na nossa empresa. Ou nós
geração térmica, nos biocom- “O papel da Petrobrás Opera- partimos para a recuperação
bustíveis, enfim: em todo um dora para o desenvolvimento da soberania nacional ou sere-
sistema que havia sido cons- do RN” – e não só do RN, mos uma colônia nas próximas
truído”. poder ser trabalhado”. décadas desse século”.
35
SESSÃO TEMÁTICA
“GESTÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS”
ob a coordenação da geóloga e conselheira da AGERN, Isa-

S lúcia Cavalcanti, a Sessão Temática “Gestão de Recursos


Hídricos” foi realizada em 22/10, quarto e último dia do I
GEOPOTIGUAR. No decorrer da programação, além da veicula-
ção de vídeos produzidos por entidades e instituições parceiras,
foram realizados um minicurso e três palestras. À noite, após as
atividades técnicas, houve o ato de encerramento do evento. Isalúcia Cavalcanti

Minicurso
Processos de Outorga de Poços de Águas Subterrâneas no RN
Ministrado pelo coordenador de Gestão Operacional do
Instituto de Gestão de Águas do RN – IGARN, engenheiro
civil Antônio Righetto, pelo hidrogeólogo André Viana e
pela gestora ambiental Radimilla Avelino, ambos bolsistas
de pesquisa do Instituto, o minicurso “Processos de Outorga
de Poços de Águas Subter-
rânea no RN” foi realizado
na manhã de 22/10, contan-
do com a participação de 25
inscritos.
O conteúdo abordou a
gestão dos recursos hídricos
André Viana subterrâneos no RN, desde
a base legal, passando pelos
requisitos exigidos nos requerimentos, correlacionados à
demanda dos usuários, disponibilidade hídrica e caracte-
rísticas geológicas das diferentes regiões do Estado, a fim
de se demonstrar suas diferenças e aplicações, que implicam
no tipo de outorga de uso dos recursos e de licenciamento
de obra hidráulica emitidos pelo IGARN. Radimilla Avelino
36
Palestra I
O IGARN e a Gestão das Águas no RN
Diretor-presidente do Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande
do Norte - IGARN, o engenheiro agrônomo Auricélio Costa proferiu a
primeira palestra da Sessão Temática “Gestão de Recursos Hídricos”,
intitulada “O IGARN e a Gestão das Águas no RN”. Alertando
para a vigência de uma crise hídrica no Brasil e no mundo, Auricélio
Costa apresentou um panorama de atividades, ressaltando o
papel dos órgãos gestores, dos conselhos de recursos hídricos e,
principalmente, dos comitês de bacia hidrográfica, onde, se-
gundo ele, a gestão do uso da água se dá, na prática. Especi-
ficamente com relação ao IGARN, o diretor-presidente apre-
sentou a missão e a estrutura da instituição, e descreveu
suas principais ações, destacando a fiscalização de barra-
gens e de reservatórios, com monitoramento de volumes
e da qualidade da água; a concessão de licenças e outorgas;
e o apoio aos Comitês de Bacias Hidrográficas.

Palestra II
Recursos Hídricos no RN: desafios e oportunidades
Geólogo lotado na Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do RN -
SEMARH, Paulo Varella foi o responsável pela segunda palestra da Sessão Temática sobre “Gestão
de Recursos Hídricos”, com o tema “Recursos Hídricos no RN, Desafios e Oportunidades”. Abor-
dando o papel da água como recurso indispensável ao desenvolvimento social, econômico e am-
biental, Paulo Varella, que também é presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Piancó-Pira-
nhas-Açu, ressaltou a necessidade de gestão integrada envolvendo oferta e demanda de água na
cidade no campo, além de investimentos em infraestrutura e fortalecimento da institucionalidade.
Para Paulo Varella, essa agenda é requisito, principalmente no semiárido, para que se possa
superar a etapa de gestão de crises, avançando para a gestão de riscos, proporcionando segurança
hídrica para o bem-estar social e o desenvolvimento econômico.

Palestra III
O Novo Marco Legal do Saneamento e as Unidades
Microrregionais de Saneamento Básico
A última palestra da Sessão Temática sobre “Gestão de Recursos Hídricos”,
encerrando a programação técnica do I GEOPOTIGUAR, ficou a cargo do en-
genheiro sanitarista Sérgio Pinheiro, pertencente aos quadros da Secretaria de
Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH. Com o tema
“O Novo Marco Legal do Saneamento Básico e as Unidades Microrregionais
de Saneamento Básico do RN”, Sérgio Pinheiro destacou aspectos da Lei
14.026/2020, que atualiza o marco legal do saneamento básico no Brasil, e a Lei
Complementar Estadual 682/2021, que define a regionalização da prestação
de serviços de abastecimento d’água e esgotamento sanitário, desenhando
o sistema de governança com a instituição de colegiados microrregionais,
comitês técnicos e conselhos participativos, além de prever a criação
de autarquias com a função de secretarias executivas responsáveis
pelo provimento do suporte administrativo à gestão.
37
ENCERRAMENTO
Congratulações, agradecimentos
e homenagens marcam a
conclusão dos trabalhos
Marcada por vibrantes saudações,
homenagens e agradecimentos, a sole-
nidade de encerramento do I GEOPO-
TIGUAR, transcorrida na noite de 22/10,
atestou a organização de um evento
plenamente exitoso, que já aponta para
a necessidade de continuidade, com a
promoção de novas edições. A mesa
virtual que comandou o ato foi com-
posta pela geóloga Marjorie Nolasco
(CONFEA-CREA); pelo geólogo Ricardo
Latge (FEBRAGEO); pelo engenheiro
agrônomo Auricélio Costa (IGARN);
pelo engenheiro de petróleo William
Maribondo (AEPET-NS); e pelos geó-
logos Isalúcia Cavalcanti, Eugênio Pa-
celli e Orildo Lima (AGERN).
Enaltecendo a iniciativa, os representantes de entidades e instituições parceiras saudaram
a Diretoria da AGERN, destacando a qualidade e a diversidade temática da programação, que
contou com conteúdos relacionados à geofísica e meio ambiente; pesquisa e exploração mineral;
desenvolvimento tecnológico, petróleo e gás; e gestão de recursos hídricos. Como reflexo, o I
GEOPOTIGUAR recebeu inscrições de profissionais atuantes em diversas áreas, lotados em
dezenas de empresas (estatais, públicas e privadas), além de estudantes de cursos técnicos e
de graduação de instituições do RN e de estados vizinhos.

Homenagem
Ao final dos trabalhos,
ratificando a disposição
da AGERN em contribuir
para tornar o
conhecimento geológico
mais acessível à
sociedade, o presidente da
entidade, Orildo Lima,
reverenciou a memória do
geólogo Lúcio José
Cavalcanti, fundador e
ex-presidente da AGERN,
representado no evento
pela conselheira da
AGERN e filha de Lúcio
Cavalcanti, a geóloga
Isalúcia Cavalcanti.
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