PROF. MARCO ANTONIO MENDONÇA atestam os poemas “Sobre o túmulo de um menino” e “O que mais dói
na vida”.
01. (UFRS) Assinale a afirmativa correta em relação à obra O Uraguai, de b) O eu-lírico do poema “Leito de folhas verdes”, uma índia, canta as suas
Basílio da Gama. núpcias com Jatir, guerreiro timbira, simbolizando a origem do povo
a) O poema narra a expedição de Gomes Freire de Andrada, Governador brasileiro.
do Rio de Janeiro, às missões jesuíticas espanholas da banda oriental do c) O poema “Canção de Bug-Jargal” pode ser considerado um modelo da
rio Uruguai. poesia indianista, pois o autor, como era uso na época, aproveitou-se
b) O Uraguai segue os padrões estéticos dos poemas épicos da tradição muito de termos e expressões das línguas indígenas.
ocidental, como a Odisseia, a Eneida e Os Lusíadas. d) A musicalidade do poema “I-Juca-Pirama” está fortemente relacionada
c) Basílio da Gama expressa uma visão europeia em relação aos à construção dos eventos narrados pelo eu-lírico, que, na última parte,
indígenas, acentuando seu caráter bárbaro, incapaz de sentimentos afirma ter tido conhecimento da história por meio de um velho índio.
nobres e humanitários. e) O poeta romântico rompe com a tradição clássica para fundar uma
d) Nas figuras de Cacambo e Sepé Tiaraju está representado o povo nova linguagem poética a partir da língua tupi.
autóctone que defende o solo natal.
e) Lindoia, única figura feminina do poema, morre de amor após o 06. (UEL) A questão refere-se ao poema a seguir.
desaparecimento de seu amado Cacambo. Leito de folhas verdes
“Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
02. (UFSM-RS) O poema épico O Uraguai, de Basílio da Gama, é: À voz do meu amor moves teus passos?
a) composição que narra as lutas dos índios de Sete Povos das Missões, Da noite a viração, movendo as folhas
no Uruguai, contra o exército espanhol, sediado lá para pôr em prática o Já nos cimos do bosque rumoreja.
Tratado de Madri (1750). Eu sob a copa da mangueira altiva
b) das obras mais importantes do Arcadismo no Brasil, pois foi a Nosso leito gentil cobri zelosa
precursora das Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Com mimoso Tapiz de folhas brandas,
c) exaltação à terra brasileira, que o poeta compara ao paraíso, o que Onde o frouxo luar brinca entre flores.
pode ser comprovado nas descrições, principalmente do Ceará e da Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Bahia. Já solta o bogari mais doce aroma!
d) crítica a Diogo Álvares Correia, misto de missionário e colono Como prece de amor, como estas preces,
português, que comanda um dos maiores extermínios de índios da No silêncio da noite o bosque exala.
história. Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
e) exaltação à índia Lindoia, que morre após Diogo Álvares decidir-se por Correm perfumes no correr da brisa,
Moema, que ajudava os espanhóis na luta contra os índios. A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
03. (Vunesp) Nestes versos de Silva Alvarenga, poeta árcade e ilustrado, A flor que desabrocha ao romper d’alva
faz-se alusão ao episódio de uma obra em que a heroína morre. Assinale Um só giro do sol, não mais, vegeta:
a alternativa correta em que se mencionam o nome da heroína Eu sou aquela flor que espera ainda
“Quem vê girar a serpe da irmã no casto seio, Doce raio do sol que me dê vida.
Pasma, e de ira e temor ao mesmo tempo cheio Sejam vales ou montes, lagos ou terra,
Resolve, espera, teme, vacila, gela e cora, Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
Consulta o seu amor e o seu dever ignora. Vai seguindo após ti meu pensamento;
Voa a farpada seta da mão, que não se engana; Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!
Mas aí, que já não vives, ó mísera indiana!” Meus olhos outros olhos nunca viram,
(1), o título da obra (2) e o nome do autor (3): Não sentiram meus lábios outros lábios,
a)Moema; (2) Caramuru; (3) Santa Rita Durão; Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
b)Marabá; (2) Marabá; (3) Gonçalves Dias; A Arazóia na cinta me apertaram.
c)Lindoia; (2) O Uraguai; (3) Basílio da Gama; Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
d)Iracema; (2) Iracema; (3) José de Alencar; Já solta o bogari mais doce aroma;
e)Marília; (2) Marília de Dirceu; (3) Tomás A. Gonzaga. Também meu coração, como estas flores,
Melhor perfume ao pé da noite exala!
04. (UFAM 2009) Assinale a alternativa CORRETA a respeito do poema Não me escutas, Jatir! Nem tardo acodes
épico O Uraguai, de Basílio da Gama: À voz do meu amor, que em vão te chama!
a) O herói do poema, Diogo Álvares, é visto como um herói cultural, em Tupã! Lá rompe o sol! Do leito inútil
virtude de ter ensinado aos índios tupinambás as virtudes e as leis da A brisa da manhã sacuda as folhas!” (DIAS, Antônio G.)
civilização.
b) A estrutura do livro é camoniana, no sentido de que as estrofes se Sobre o poema anterior, considere as afirmativas a seguir.
apresentam com oito versos decassílabos, no seguinte esquema de I. As marcas românticas do poema ficam evidentes na exaltação da
rimas: abababcc. atitude heróica do índio, sempre disposto a partir para as batalhas
c) De acordo com o estilo arcádico, período em que o poema foi escrito, grandiosas, ainda que tenha que ficar longe da amada.
a natureza é artificial e genérica, sendo colhida através de imagens II. Apresenta traços em comum com as cantigas de amigo trovadorescas,
bucólicas e sensoriais. a saber: o sujeito lírico é feminino e canta a ausência do amado, que está
d) A motivação para a escrita desse poema veio do desejo do autor de distante.
agradar o Marquês de Pombal, louvando, em conseqüência, a sua política III. Em todo o poema a transformação da natureza revela a passagem das
em favor dos jesuítas. horas, marcando com isso a angústia do sujeito lírico pela espera de seu
e) Um episódio do poema mostra como a feiticeira Tanajura, para tirar de amado, a exemplo do que ocorre com os versos “Do tamarindo a flor
Lindóia o desejo de morrer, lhe proporciona a visão do terremoto de abriu-se, há pouco” e “Do tamarindo a flor jaz entreaberta”.
Lisboa e a posterior reconstrução da cidade. IV. É possível observar, no poema, a ocorrência de momentos marcados
pela ilusão da chegada do amado, como em “Eu sob a copa da mangueira
05. (UP - 2018) Sobre o livro Últimos Cantos (1851), de Gonçalves Dias, é altiva/Nosso leito gentil cobri zelosa”; e, por fim, um momento de clara
correto afirmar: desilusão: “Tupã! Lá rompe o sol! Do leito inútil/A brisa da manhã sacuda
a) Trata-se de uma obra póstuma em que o autor antecipa as tendências as folhas!”
V) Principalmente pela manifestação de elementos simbólicos, tais como a) As personagens expressam a dependência do homem às leis naturais.
“luar”, “vales”, “bosque” e “perfumes”, pode-se dizer que o poema b) estilo caracteriza-se por um descritivismo intenso, capaz de refletir a
muito se aproxima da estética simbolista. visualização pictórica dos ambientes.
Estão corretas apenas as afirmativas: c) Os tipos são muito bem delimitados, física e moralmente, compondo
a) I, II e III. b) I, III e V. c) II, III, IV e V. verdadeiras representações caricaturais.
d) I, III, IV. e) II, III e IV. d) Tem como objetivo maior aprofundar a dimensão psicológica das
personagens.
07. (UEPG) Com relação à obra indianista de Gonçalves Dias, e sobre este e) comportamento das personagens e sua movimentação no espaço
poema em particular, assinale o que for correto. determinam-lhe a condição narrativa.
Canto IX - I Juca Pirama
“O guerreiro parou, caiu nos braços 11. (UEG 2003) O romance Casa de pensão, de Aluísio Azevedo, é
Do velho pai, que o cinge contra o peito, tradicionalmente considerado como pertencente à estética naturalista. A
Com lágrimas de júbilo bradando: esse respeito, é CORRETO afirmar:
"Este, sim, que é meu filho muito amado! a) As personagens são sempre remanescentes do meio rural e
E pois que o acho enfim, qual sempre o tive, encontram-se desajustadas pelos vícios herdados da vida no campo.
Corram livres as lágrimas que choro, b) A heroína do romance é concebida como um ser angelical e ao mesmo
Estas lágrimas, sim, que não desonram". (Gonçalves Dias. "Poesias tempo demoníaco, resgatando, no final do século XIX, as convenções do
Americanas") amor cortês.
01) O herói do poema não é apenas um índio tupi: representa todos os c) O narrador apresenta-se claramente na primeira pessoa do singular,
índios brasileiros ou ainda todos os brasileiros, uma vez que o índio foi justificando, assim, o privilégio que o Naturalismo atribui ao
durante o Romantismo o representante de nossa nacionalidade. individualismo.
02) O poeta, ao pôr em discussão profundos valores e sentimentos d) O meio social é preponderante, visto que sua influência é decisiva na
humanos, como a bondade filial e a honra, supera os limites da conduta e na formação do caráter das personagens, haja vista a lascívia
abordagem puramente indianista e ganha universalidade. que domina o protagonista da obra.
04) O índio de Gonçalves Dias diferencia-se do de Joaquim Norberto e e) A família é apresentada como uma entidade sagrada, protegida dos
Gonçalves Magalhães, não pela questão de autenticidade do índio, mas riscos iminentes que determinados comportamentos desviantes podem
por ser mais poético, como vemos em "I-Juca-Pirama". O provocar.
deslumbramento sem vulgaridade do herói indígena traduz a poesia do
poeta, malabarista de ritmos nos sentimentos de heroísmo, dignidade, 12. (FADEP – 2018) O trecho abaixo, extraído do romance Clara dos
generosidade, bravura, maldição e tradição. Anjos, de Lima Barreto, descreve o caráter da personagem central,
08) Quanto aos aspectos formais, em "I-Juca-Pirama" Gonçalves Dias apresentando traços que permitem prever sua trajetória.
variou a métrica de trecho em trecho. Teoricamente, o poeta teria “Não havia, em Clara, a representação, já não exata, mas aproximada,
desprezado a metrificação. No entanto, do ponto de vista expressivo, a de sua individualidade social; e, concomitantemente, nenhum desejo de
va-riação métrica utilizada produz a iconicidade sonora do texto, elevar-se, de reagir contra essa representação. A filha do carteiro, sem
construindo plasticamente o poema como um significante rítmico do ser leviana, era, entretanto, de um poder reduzido de pensar, que não lhe
ritual narrado. permitia meditar um instante sobre o destino, observar os fatos e tirar
16) I Juca Pirama significa "aquele que é digno de ser morto"; o poema ilações e conclusões. A idade, o sexo e a falsa educação que recebera
conta a história de um guerreiro tupi, aprisionado pelos Timbiras, que vai tinham muita culpa nisso tudo; mas a sua falta de individualidade não
morrer em um festim canibal. corrigia a sua obliquada visão da vida. Para ela, a oposição que, em casa,
se fazia a Cassi, era sem base. Ele tinha feito isto e aquilo; mas –
08. (FEI-SP) Leia atentamente: interrogava ela – quem diria que ele fizesse o mesmo em casa de seu
I. "Segunda Revolução Industrial, o cientificismo, o progresso pai?” (Clara dos Anjos, p. 50)
tecnológico, o socialismo utópico, a filosofia positivista de Auguste Considerando a leitura integral do romance e esse trecho específico,
Comte, o evolucionismo formam o contexto sociopolítico-econômico- assinale a alternativa correta.
filosófico-científico em que se desenvolveu a estética realista." a) Depois do diálogo de Clara com Dona Salustiana Jones é que ela
II. "O escritor realista acerca-se dos objetos e das pessoas de um modo reconhece seu lugar social e o papel reservado à sua família.
pessoal, apoiando-se na intuição e nos sentimentos." b) Dona Engrácia se equivocou em relação ao caráter de Cassi Jones, que
III. "Os maiores representantes da estética realista/naturalista no Brasil provou ser bem diferente do que ela imaginava.
foram: Machado de Assis, Aluísio Azevedo e Raul Pompéia." c) Clara estava certa ao acreditar em Cassi, pois o comportamento dele
IV. "Poderíamos citar como característica da estética realista: o em relação a ela foi diferente do histórico anterior do rapaz.
individualismo, a linguagem erudita e a visão fantasiosa da sociedade." d) Cassi, ao se aproveitar das aulas de violão com seu Joaquim para se
Verificamos que em relação ao Realismo/naturalismo está (estão) correta aproximar de Clara, demonstrou seu caráter duvidoso.
(corretas): e) O casamento de Cassi com Clara é a primeira representação literária
a) apenas I e II. b) apenas I e III. c) apenas II e IV. da teoria da harmonia racial brasileira.
d) apenas II e III. e) apenas III e IV.
13. (UP - 2018) Sobre Clara dos Anjos (1948), de Lima Barreto, é
09. (USF-SP) Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização INCORRETO afirmar:
do Realismo que: a) Cassi Jones é rapaz de família pertencente à elite carioca urbana, não
a) se volta para a Natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos de possui uma profissão definida, gasta grande parte de seu tempo em uma
renovação. vida boêmia, e tem por hábito seduzir moças inocentes e pobres para
b) pretende expressar com naturalidade a vida simples dos homens depois abandoná-las à sorte, como acontece com Clara.
rústicos nas comunidades primitivas. b) A obra de Lima Barreto demonstra uma preocupação forte em refletir
c) defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com a sobre o processo de urbanização implementado no início do século XX no
realidade social. Rio de Janeiro; e o romance Clara dos Anjos pode ser tomado como um
d) analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral bom exemplo dessa preocupação, já que a narrativa se concentra nos
religiosa. subúrbios cariocas e nos dilemas de seus habitantes, em especial na
e) estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos integração do pobre e/ou negro à sociedade brasileira.
e biológicos e a conduta das personagens. c) No desenvolvimento da trama, é possível perceber uma atenção
especial, ainda que não exclusiva, sobre os hábitos musicais das
10. (MACK-SP) Assinale a alternativa incorreta sobre a prosa naturalista: personagens (modinhas, polcas etc.) e a relação do homem pobre com a
cultura letrada. b) Éuma arte marcada pelo grotesco, pela deformação, que coloca em
d) Clara dos Anjos, romance publicado postumamente, pode ser cena tipos humanos refinadamente exóticos.
compreendido como a narrativa do destino quase que coletivo das c) O autor recolheu lendas de interesse folclórico e as reconta de modo
moças negras na sociedade brasileira, como sugere, aliás, a epígrafe documental, isento e objetivo.
escolhida pelo autor a partir de um texto do historiador João Ribeiro. d) Um universo rude e um plano místico se cruzam com frequência em
e) O narrador do romance é onisciente intruso, isto é, não só tem um sua obra, fundindo-se um no outro.
conhecimento amplo sobre as personagens e os eventos, como e) A miséria arrasta as personagens para a desesperança, revelando-se
apresenta o sentimento dessas mesmas personagens e tece comentários, ainda na pobreza de sua expressão verbal.
por vezes avaliativos, sobre costumes e atitudes dos envolvidos na trama.
17. (PUCCamp-SP) Sobre “A hora e vez de Augusto Matraga”,
14. Considere o trecho abaixo, retirado de Clara dos Anjos e analise as é incorreto afirmar:
proposições na sequência: a) Depois de apanhar até quase morrer, Nhô Augusto passa a viver uma
“Chegou à repartição, assinou o ponto, cumprimentou os colegas e vida de penitências e duros trabalhos, na tentativa de, pelo esforço do
chefes; e, à hora certa, tomou a correspondência a distribuir e lá correu corpo, purificar a alma, comportamento típico de mártires e santos.
para escritórios, casas de comércio, entregando cartas e pacotes. Vinha b) Nhô Augusto volta a sentir a sedução da violência quando se depara
tudo isto com nomes arrevesados: franceses, ingleses, alemães, italianos, com o bando de Seu Joãozinho Bem-Bem, mas resiste, ainda que a duras
etc.; mas, como eram sempre os mesmos, acabara decorando-os e penas, para não comprometer seu plano de salvação.
pronunciando-os mais ou menos corretamente. Gostava de lidar com c) No duelo final com Seu Joãozinho Bem-Bem, percebe-se como, em
aqueles homens louros, rubicundos, robustos, de olhos cor do mar, entre determinados momentos, as intenções e desejos mais egoístas podem se
os quais ele não distinguia os chefes e os subalternos. Quando havia transformar em instrumentos de redenção do egoísmo e doação de si
brasileiros, no meio deles, logo adivinhava que não eram chefes. mesmo: Nhô Augusto faz o bem (ao salvar a família do velho da vingança
Almoçava frugalmente e até às cinco executava o serviço, isto é, as várias de Seu Joãozinho Bem-Bem) – o que garantiria a salvação de sua alma –
distribuições de correspondência.” por meio da violência destruidora que sempre o fascinou.
I. O trecho apresenta a relação entre desigualdade social e etnia, no d) Os jagunços no conto de Guimarães Rosa são irracionais, arbitrários e
Brasil, quando contrapõe a diferença entre chefes estrangeiros e praticam a violência única e exclusivamente para satisfazer seus impulsos
subalternos brasileiros. sanguinários.
II. A descrição da exploração de que Joaquim é vítima em seu trabalho é e) A transformação de Nhô Augusto depois da surra pode ser
um dos aspectos da exploração racial abordada no romance. interpretada como uma morte para a vida de maldades e um
III. Em outros momentos do romance, podemos propor uma renascimento para a vida devota e contrita. Neste sentido, pode ser
contraposição entre D. Margarida, que se adaptara ao Brasil “sem perder compreendida simbolicamente como parte de um rito de passagem,
nada da tenacidade, do esprito de suíte 1 , da decidida coragem da sua como o batismo cristão.
origem”, e a passividade de Joaquim e sua família: nessa comparação,
entreveem-se influências das teorias deterministas na formação do 18. (UEL-PR) Assinale a alternativa correta sobre o conto “O burrinho
caráter de uma pessoa, que se molda pelo ambiente em que viveu. pedrês”:
Agora, assinale a opção que contém apenas afirmações corretas: a) O burrinho era corajoso e ousado.
a) I,II e III b) I e III c) II e III d) III e) I e II b) O burrinho era esperto e prudente.
c) O burrinho era teimoso e valente.
As questões 15 e 16 referem-se ao seguinte trecho de Guimarães Rosa: d) O burrinho era decidido e ousado.
“E desse modo ele se doeu no enxergão, muitos meses, porque os ossos e) O burrinho era experiente e tranquilo.
tomavam tempo para se ajuntar, e a fratura exposta criara bicheira. Mas
os pretos cuidavam muito dele, não arrefecendo na dedicação. 19. (UEL-PR) Assinale a alternativa correta. “A hora e vez de Augusto
– Se eu pudesse ao menos ter absolvição dos meus pecados!… Matraga” é:
Então eles trouxeram, uma noite, muito à escondida, o padre que o a) um romance de José Lins do Rego, de fundo autobiográfico, no qual é
confessou e conversou com ele, muito tempo, dando-lhe conselhos que o narrada a decadência de um engenho de açúcar no século XIX.
faziam chorar. b) um conto de Graciliano Ramos em que se narram as aventuras de um
– Mas, será que Deus vai ter pena de mim, com tanta ruindade que fiz, burocrata em busca de afirmação social.
e tendo nas costas tanto pecado mortal? c) um romance de Guimarães Rosa, narrado em primeira pessoa, no qual
– Tem, meu filho. Deus mede a espora pela rédea, e não tira o estribo o narrador-personagem relata a sua vida aventurosa de cangaceiro.
do pé de arrependimento nenhum… d) um conto de Guimarães Rosa, narrado em terceira pessoa, que relata
E por aí afora foi, com um sermão comprido, que acabou depondo o a queda e a redenção de um fazendeiro. As componentes básicas do
doente num desvencido torpor. mundo sertanejo são a violência e o misticismo. É a união desses dois
elementos que permite a redenção de Matraga.
15. (PUCCamp-SP) O trecho mostrado representa a seguinte
possibilidade entre os caminhos da literatura contemporânea: 20. (UEL-PR) Assinale a alternativa correta:
a) ficção regionalista, em que se reelabora o gênero e se revaloriza um a) A obra de João Guimarães Rosa Sagarana é uma forma interiorizada
universo cultural localizado. de representação ficcional, privilegiada pela vivência psicológica e, pelo
b) narrativa de cunho jornalístico, em que a linguagem comunicativa fluxo de consciência desencadeado por um acontecimento fictício.
retoma e reinterpreta fatos da história recente. b) É uma obra modernista, que critica e denuncia o preconceito racial e a
c) ficção de natureza politizante, em que se dramatizam as condições de minoria excluída.
classes entre os protagonistas. c) A obra não apresenta situações de conflito entre seus personagens.
d) prosa intimista, psicologizante, em que o narrador expõe e analisa os d) A obra Sagarana é do gênero “conto”. Guimarães Rosa, com esta obra,
movimentos da consciência reflexiva. abriu uma nova perspectiva para o regionalismo, revalorizando a
e) prosa de experimentação formal, em que a pesquisa linguística torna linguagem e a universalização do regional.
secundária a trama narrativa. e) A obra retrata fielmente o ciclo da cana-de-açúcar.
16. (PUCCamp-SP) Liga-se a esse trecho de Guimarães Rosa a seguinte 21. (UEL-PR) Assinale a alternativa correta:
afirmação: a) Augusto Matraga é um fazendeiro valentão, extremamente
a) É um exemplo de crise da fala narrativa, dissolvendo-se a história num prepotente, que nunca trabalhou e é decadente nas finanças e na
estilo indagador e metafísico. política, desrespeitando a todos, inclusive esposa e filhos.
b) A trajetória de Augusto Matraga é marcada pela bondade, pelo amor nem sabe da morte em vida,
ao próximo e pela solidariedade que o acompanha até o fim da vida. vida em morte, severina;”
c) A hora e a vez de Augusto Matraga foram consagradas quando ele a) “morre gente que nem vivia”.
escapou com vida das mãos do major Consilva. b) “meu próprio enterro eu seguia”.
d) João Guimarães Rosa, em Sagarana, não registra detalhes do sertão c) “o enterro espera na porta:
nem focaliza o homem com seus fragmentos e valores, deixando o morto ainda está com vida”.
transparecer somente a crítica social e de costumes. d) “vêm é seguindo seu próprio enterro”.
e) Dionóra, esposa de Augusto Matraga, suporta sua opressão, e) “essa foi morte morrida
submetendo-se a ele como esposa fiel até o fim de sua vida. ou foi matada?”.
22. (UEL-PR) Assinale a alternativa correta: 27. (FEI-SP) Leia o texto com atenção e responda à questão.
a) Em “O burrinho pedrês”, a temática contempla o fanatismo e a — O meu nome é Severino
violência numa luta ideológica. não tenho outro de pia.
b) Em “Sarapalha”, fala-se do confronto entre jagunços no sertão Como há muitos Severinos,
nordestino. que é santo de romaria,
c) “A hora e vez de Augusto Matraga” tematiza o amor romântico, deram então de me chamar
poético e telúrico. Severino de Maria;
d) O lema de vida de Augusto Matraga era a frase dita pelo padre: cada como há muitos Severinos
um tem a sua hora e a sua vez, você há de ter a sua. com mães chamadas Maria,
e) Em “Sarapalha”, o humor e a ironia se fazem presentes com muita fiquei sendo o da Maria
frequência. do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
23. (UEL-PR) Assinale a alternativa incorreta: há muito na freguesia,
a) Em “Sarapalha”, a epidemia de malária faz o povo tremer e delirar por causa de um coronel
numa fragilidade dolorosa. que se chamou Zacarias
b) Os delírios da febre em suas alucinações não afetam primo Ribeiro, e que foi o mais antigo
que tem o corpo fechado pela negra Ceição. senhor desta sesmaria.
c) Argemiro, em sua pureza, depois de muito se punir, resolve confessar Como então dizer quem fala
que também sentira-se atraído por Luísa, mas era um amor platônico, ora a Vossas Senhorias?
sem um mínimo de manifestação. Vejamos: é o Severino
d) Primo Ribeiro está derrotado pela doença física e morre de forma da Maria do Zacarias,
lenta, psicologicamente abalado com a partida da esposa, que preferiu lá da Serra da Costela,
um boiadeiro a ele. limites da Paraíba.
e) Argemiro é expulso pelo primo Ribeiro e parte com extremo pesar, Mas isso ainda diz pouco:
pagando caro por sua honestidade e sinceridade. se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
24. (UPF) Nos contos de Sagarana, Guimarães Rosa resgata, filhos de tantas Marias
principalmente, o imaginário e a cultura: mulheres de outros tantos,
a) da elite nacional b) dos proletários urbanos c) dos povos indígenas já finados, Zacarias,
d) dos malandros de subúrbio vivendo na mesma serra
e) da gente rústica do interior magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
25. (FUVEST) Nos versos abaixo, a personagem da “rezadora” fala das iguais em tudo na vida:
vantagens de sua profissão e de outras semelhantes. A seqüência de na mesma cabeça grande
imagens neles presente tem como pressuposto imediato a idéia de: que a custo é que se equilibra,
“Só os roçados da morte no mesmo ventre crescido
compensam aqui cultivar, sobre as mesmas pernas finas,
e cultivá-los é fácil: e iguais também porque o sangue
simples questão de plantar; que usamos tem pouca tinta.
não se precisa de limpa, E se somos Severinos
de adubar nem de regar; iguais em tudo na vida,
as estiagens e as pragas morremos de morte igual,
fazem-nos mais prosperar; mesma morte severina:
e dão lucro imediato; que é a morte de que se morre
nem é preciso esperar de velhice antes dos trinta,
pela colheita: recebe-se de emboscada antes dos vinte,
na hora mesma de semear.” (João Cabral de Melo Neto, Morte e vida de fome um pouco por dia
severina) (de fraqueza e de doença
a) sepultamento dos mortos. é que a morte severina
b) dificuldade de plantio na seca. ataca em qualquer idade,
c) escassez de mão-de-obra no sertão. e até gente não nascida). (João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida
d) necessidade de melhores contratos de trabalho. Severina)
e) técnicas agrícolas adequadas ao sertão. É possível identificar nesse excerto características:
a) regionalistas, uma vez que há elementos do sertão brasileiro.
26. (FUVEST-SP) Neste excerto, a personagem do “retirante” exprime b) vanguardistas, pois o tratamento dispensado à linguagem é
uma concepção da “morte e vida severina”, idéia central da obra, que absolutamente original.
aparece em seu próprio título. Tal como foi expressa no excerto, essa c) existencialistas, pois há a preocupação em revelar a sensação de vazio
concepção só NÃO encontra correspondência em: do homem do sertão.
“Decerto a gente daqui d) naturalistas, porque identifica-se em Severino as características típicas
jamais envelhece aos trinta
do herói do século XIX.
e) surrealistas, já que existe uma apelação ao onírico e ao fantástico. 31. (IBMEC) Utilize o texto abaixo, fragmento de Morte e vida Severina,
de João Cabral de Melo Neto, para responder o teste.
28. (CEFET) Assinale a alternativa INCORRETA sobre “Morte e Vida O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI
Severina”: — O meu nome é Severino,
a) Apesar das dificuldades que se anunciam para o filho do Seu José, a não tenho outro de pia.
perspectiva do final do poema é positiva em relação à vida. Como há muitos Severinos,
b) Existe no poema um grande contraste causado pelo nascimento do que é santo de romaria.
filho do Seu José em relação à figura da morte, presente em toda a obra. Deram então de me chamar
c) O adjetivo Severina, do título, tanto se refere ao nome do personagem Severino de Maria;
central como às condições severas em que ele, como tantos outros, vive. como há muitos Severinos
d) A indicação auto de natal não se refere somente ao sentido de com mães chamadas Maria,
religiosidade, mas também à aceitação do poder de renovação que existe fiquei sendo o da Maria
na própria natureza. do finado Zacarias. 10
e) Como em muitas outras obras de tendência regionalista, o tema Mas isso ainda diz pouco:
central do poema é a seca nordestina e a miséria por ela criada. há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
29. (CEFET) Leia as seguintes afirmações sobre Morte e Vida Severina: que se chamou Zacarias
I) O nascimento do filho do compadre José é antagônico em relação aos e que foi o mais antigo
outros fatos apresentados na obra, já que esses são marcados pela senhor desta sesmaria.
morte. Como então dizer quem fala
II) Podemos dizer que o conteúdo é completamente pessimista, Ora a Vossas Senhorias?
considerando-se que a jornada é marcada pela tragédia da seca, o que Vejamos: é o Severino
leva Severino à tentativa de suicídio. da Maria do Zacarias,
III) Mais do que a seca, as desigualdades sociais do Nordeste são o tema lá da serra da Costela,
da obra. limites da Paraíba. (CAMPESTRINI, Hildebrando. Literatura Brasileira. São
Assinale a alternativa correta sobre as afirmações: Paulo: FTD, 1989, p. 197-8)
a) Somente I e II estão corretas. b) Somente I e III estão corretas. Assinale a alternativa INCORRETA com relação ao texto de João Cabral de
c) Somente II e III estão corretas. d) As três estão corretas. Melo Neto:
e) As três estão incorretas. a) A expressão “pia”(segundo verso) refere-se à pia batismal e traz o
sentido de que o personagem não tem outro nome de batismo.
30. (POLI) O trecho abaixo é um fragmento de Morte e vida severina, b) A filiação paterna, a partir do nome Zacarias, não constitui ponto de
poema escrito por João Cabral de Melo Neto. O poema conta a história referência para o personagem.
de Severino, um retirante que foge da seca, saindo dos confins da c) O personagem não foi batizado por ser santo de romaria e ter a
Paraíba para chegar ao litoral de Pernambuco (Recife). Lá, o retirante paternidade desconhecida.
acredita que irá encontrar melhores condições de vida. Este excerto d) A expressão “senhor desta sesmaria” refere-se a posse de terras.
(trecho) conta o momento em que, no final de sua caminhada, Severino e) Fazendo uso do pronome de tratamento “Vossas Senhorias”, o
chega ao litoral. Mas, mesmo ali, encontra apenas sinais de morte, como personagem coloca o interlocutor numa posição hierarquicamente
quando estava no sertão. Completamente desacreditado, sugere a um superior.
morador da região que pretende o suicídio. Então, inicia com ele uma
discussão. Acompanhe: 32. (FUVEST) É correto afirmar que, em Morte e Vida Severina:
"- Seu José, mestre Carpina a) A alternância das falas de ricos e de pobres, em contraste, imprime à
Para cobrir corpo de homem dinâmica geral do poema o ritmoda luta de classes.
Não é preciso muita água. b) A visão do mar aberto, quando Severino finalmente chega ao Recife,
Basta que chegue ao abdômen representa para o retirante a primeira afirmação da vida contra a morte.
Basta que tenha fundura igual a de sua fome. c) O caráter de afirmação da vida, apesar de toda a miséria, comprova-se
- Severino retirante, pela ausência da idéia de suicídio.
O mar de nossa conversa d) As falas finais do retirante, após o nascimento de seu filho, configuram
Precisa ser combatido o “momento afirmativo”, por excelência, do poema.
Sempre, de qualquer maneira. e) A viagem do retirante, que atravessa ambientes menos e mais hostis,
Porque senão ele alaga e destrói a terra inteira. mostra-lhe que a miséria é a mesma, apesar dessas variações do meio
- Seu José, mestre Carpina, físico.
Em que nos faz diferença
Que como frieira se alastre, 33. (FUVEST) É correto afirmar que no poema dramático Morte e Vida
Ou como rio na cheia Severina, de João Cabral de Melo Neto:
Se acabamos naufragados a) A sucessão de frustrações vividas por Severino faz dele um exemplo
num braço do mar da miséria?" típico de herói moderno, cuja tragicidade se expressa na rejeição à
(trecho tirado de teatro representado no Tuca) cultura a que pertence.
O argumento central de Severino para defender sua intenção de suicidar- b) A cena inicial e a final dialogam de modo a indicar que, no retorno à
se é: terra de origem, o retirante estarámunido das convicções religiosas que
a) o de que o rio, tendo fundura suficiente, será o melhor meio, naquela adquiriu com o mestre carpina.
situação, para conseguir seu intento. c) O destino que as ciganas prevêem para o recém-nascido é o mesmo
b) o de que não é possível lutar com as mãos, já que as mãos não podem que Severino já cumprira ao longode sua vida, marcada pela seca, pela
conter a água que se alastra. falta de trabalho e pela retirada.
c) o de que não é possível conter o mar daquela conversa, dada sua d) O poeta buscou exprimir um aspecto da vida nordestina no estilo dos
extensão e volume. autos medievais, valendo-se daretórica e da moralidade religiosa que os
d) o de que a miséria, entendida como mar, irá naufragar mesmo a todos, caracterizam.
independentemente do que se faça. e) O “auto de natal” acaba por definir-se não exatamente num sentido
e) o de que abandonando as mãos para trás será mais fácil afogar-se, já religioso, mas enquanto reconhecimento da força afirmativa e
que não poderá nadar. renovadora que está na própria natureza.
trata-se de um território do indiferenciado, em que falso e verdadeiro
34. (PUCCamp) A leitura integral de Morte e Vida Severina, de João combinam.
Cabral de Melo Neto, permite a correta compreensão do título desse c) O narrador-repórter, em busca de respostas sobre a morte de Quain,
“auto de natal pernambucano”: entrevistou parentes e antropólogo, pesquisou documentos e concluiu
a) Tal como nos Evangelhos, o nascimento do filho de Seu José anuncia que imigrar do jornalismo para a ficção era uma saída honrosa.
um novo tempo, no qual aexperiência do sacrifício representa a graça da d) Ao procurar traços da identidade de Quain, o narrador-jornalista
vida eterna para tantos “severinos”. expõe a própria intimidade e os mecanismos da criação literária.
b) Invertendo a ordem dos dois fatos capitais da vida humana, mostra-
nos o poeta que, na condição “severina”, a morte é a única e verdadeira 40. Todas as alternativas apresentam uma relação corretamente
libertação. estabelecida entre as personagens de Nove noites e suas características
c) O poeta dramatiza a trajetória de Severino, usando o seu nome como principais, EXCETO:
adjetivo para qualificar asublimação religiosa que consola os migrantes a) Manoel Perna – o silêncio do sertanejo era a prova de sua amizade que
nordestinos. ia conquistando Quain.
d) Severino, em sua migração, penitencia-se de suas faltas, e encontra o b) Ruth Landes – jovem geógrafa que estava no Brasil com o objetivo de
sentido da vida na confissão finalque faz a Seu José, mestre capina. estudar os rios e florestas da região norte.
e) O poema narra as muitas experiências da morte, testemunhadas pelo c) Professor Pessoa – traduziu uma das cartas, em inglês, deixada por
migrantes, mas culmina com a cena de um nascimento, signo resistente Buel e acalmou os índios, garantindo que eles não tinham nenhuma
da vida nas mais ingratas condições. responsabilidade na tragédia.
d) Buell Quain – achava que estava sendo perseguido ou vigiado onde
35. A partir da leitura da obra Nove noites, é INCORRETO afirmar que: quer que estivesse e era marcado por uma inquietação existencial.
a) O relato do narrador-jornalista desdobra-se em três tempos diferentes
articulados pelo enigma da morte de Buell Quain. 41. Sobre o enredo de Nove noites, todas as alternativas estão corretas,
b) O narrador-epistolar apresenta uma escrita fidedigna com relação aos EXCETO:
depoimentos do antropólogo americano. a) O antropólogo se cortou e se enforcou, sem explicações aparentes.
c) O engenheiro sertanejo escreve em meados dos anos 40, quando Diante do horror e do sangue, os dois índios que o acompanhavam na
pressente a iminência da própria morte e relembra as “nove noites” em sua última jornada de volta da aldeia para Carolina fugiram apavorados.
que estivera com o etnólogo. b) Na bagagem pessoal de Quain, o narrador encontrou roupas, sapatos,
d) O jornalista que escreve em 2002 não é o único a ocupar a posição de livros de música e uma Bíblia. Havia, também, um envelope com
narrador. fotografias, com retratos dos negros do Pacífico Sul e dos Trumais do alto
Xingu.
36. Todas as alternativas apresentam características de Nove noites, de c) Quain, antes do suicídio, alegou ter recebido más notícias de casa e
Bernardo Carvalho, EXCETO: comunicou aos índios a sua decisão de não mais ficar na aldeia.
a) Virtualmente, o “você” a quem a carta se dirige inclui não apenas o d) Quain, em momentos de maior distração e melancolia, falava muito
esperado amante de Quain, como também qualquer um que esteja em sobre a sua mulher e seus filhos.
posição de lê-la.
b) Nessa narrativa tudo é ou se torna suspeito; todas as personagens 42. Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre a história de
aparentam saber mais do que dizem e toda a investigação parece estar Buell Quain, EXCETO:
fadada a não descobrir e sim e encobrir. a) O antropólogo se matou na noite de 2 de agosto de 1939, no ano de
c) O narrador-jornalista é o único personagem que apresenta um abertura da Segunda Guerra.
discurso verossímil, isento de suspeitas e de motivos secretos. b) Quain, nas últimas horas que precederam o seu suicídio, escreveu aos
d) Esse romance retrata a morte violenta e inexplicável que se impôs o prantos pelo menos sete cartas.
jovem antropólogo Buell Quain. c) Buell Quain chegou ao Brasil em fevereiro de 1938 e cinco meses
depois estava morto.
37. Com base na leitura de Nove noites, de Bernardo Carvalho, é d) Buell chegou ao Brasil às vésperas do Carnaval, no Rio de Janeiro, e foi
INCORRETO afirmar que, nessa obra, a linguagem: morar numa pensão da Lapa, reduto de vícios, malandragem e
a) Reflete uma alternância de fragmentos jornalísticos e tons prostituição.
memorialísticos.
b) Manifesta-se através de tempos que coexistem, num ritmo quebrado 43. Todas as passagens, do romance Nove noites, evidenciam uma
e não linear. combinação entre memória e imaginação, EXCETO:
c) Apresenta-se em diversas passagens como descritiva e objetiva. a) “O que agora lhe conto é a combinação do que ele me contou e da
d) Afirma-se na teatralidade que veicula o comportamento das minha imaginação ao longo de nove noites.”
personagens. b) “Mas a idéia de uma relação ambígua com a irmã, embora imaginária,
nunca mais me saiu da cabeça, como uma assombração cuja verdade
38. A partir da leitura da obra Nove noites, de Bernardo Carvalho, é nunca poderei saber.”
INCORRETO afirmar que: c) “Assim como o que tento lhe reproduzir agora, e você terá que
a) O suicídio de Buell Quain trata-se do ponto de partida dessa narrativa: perdoar a precariedade das imagens de um humilde sertanejo que não
um caso trágico, perdido nos anos e na memória. conhece o mundo e nunca viu a neve e já não pode dissociar a sua
b) O autor insere fotos e personagens da década de 30 na história, como própria imaginação do eu ouviu.”
pessoas reais e de um fato real e registrado. d) “Meu pai morreu há mais de onze anos, às vésperas da guerra que
c) Buell Quain é personagem do mundo real, etnólogo reconhecido que antecedeu a atual e que de certa forma a anunciou. Hoje, as guerras são
deixou estudos antropológicos e documentação importante sobre a permanentes.”
língua Krahô, falada por indígenas brasileiros.
d) Buell Quain conviveu com os mais ilustres antropólogos que lhe foram 44. Assinale a opção INCORRETA sobre Nove noites:
contemporâneos, como o Professor Castro Faria e Lévi-Strauss.. a) Ao procurar traços da identidade de Buell Quain, o Autor embarca
numa expedição paranóica, expondo a própria intimidade e os
39. Sobre a narrativa Nove noites, é INCORRETO afirmar que: mecanismos da criação do próprio romance.
a) Os três tempos do relato do narrador-jornalista não absorvem b) Em busca de respostas, o Autor entrevistou antropólogos e a própria
aspectos que marcam a vida do antropólogo americano. família do suicida, pesquisou documentos e arquivos, participando,
b) Em seu primeiro parágrafo uma advertência ao leitor ou ao inclusive, de uma expedição à aldeia dos índios Krahô.
pesquisador que decidiu investigar as razões do suicídio do antropólogo:
c) Paralelamente ao relato do narrador, o romance apresenta uma c) No decorrer da narrativa, feita a partir de dois pontos de vista, os
espécie de carta deixada por um engenheiro, Manoel Perna, cujo fragmentos de um e de outro relato vão se configurando e se ajustando
destinatário, supostamente, estaria a par dos motivos do suicídio de até que, ao final, uma espécie de quebra-cabeça é completado pelo
Quain. leitor.
d) As personagens, na maioria das vezes, aparentam saber mais do que d) A narrativa, sinuosa e repleta de ambigüidades, propõe múltiplos
dizem; toda a investigação parece estar fadada a não descobrir, mas graus de compreensão, oferecendo ao leitor várias camadas de leitura,
determinada a deliberadamente encobrir. convidando-o a completar o texto com o seu próprio repertório.
45. Há momentos, em Nove noites, em que o narrador (Autor) tece 50. Assinale a alternativa que apresenta um comentário inadequado
comentários sobre o tipo ou o gênero de sua própria narrativa, como sobre Nove noites:
exemplificam todas as passagens abaixo, EXCETO: a) A narrativa apresenta-se como um misto de romance-reportagem e de
a) “Tentei lhe explicar que pretendia escrever um livro e mais uma vez o romance policial, selada pela obsessão investigativa e pelo suspense do
que era um romance, o que era um livro de ficção (e mostrava o que andamento das descobertas, que é, em parte, sustentado pelo minucioso
tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma conseqüência balizamento das datas e das circunstâncias da investigação.
na realidade.” b) O romance é muitas vezes marcado pela ótica introspectiva: o
b) “As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava narrador revela o protagonista em meio às suas fragilidades, aos seus
dizer que, para os brancos que não acreditavam em deuses, a ficção dramas interiores, vivenciando situações limite, de abandono, de
servia de mitologia, era o equivalente aos mitos dos índios, e antes profunda angústia e depressão, com intensa carga sentimentalista.
mesmo de terminar a frase, já não sabia se o idiota era ele ou eu.” c) O relato do jornalista, embora caracterizado pela circunspeccão,
c) “Duas vezes entrevistei Lévi-Strauss em Paris, muito antes de me apresenta momentos marcados pelo humor e pela ironia,
passar pela cabeça que um dia viria a me interessar pela vida e pela particularmente nos episódios em que rememora a sua infância com o
morte de um antropólogo americano que ele conhecera em sua breve pai aventureiro e naqueles passados junto ao Krahô.
passagem por Cuiabá, em 1938.” d) A narrativa estrutura-se, basicamente, em torno de frases simples e
d) “Tomei o avião para Nova York com pelo menos uma certeza: a de objetivas, sem artificialismos: à linguagem é dado um tratamento
que, não encontrando mais nada, poderia por fim começar a escrever o informal, ausente, portanto, de experimentações e preciosismos.
romance. No estado de curiosidade mórbida em que eu tinha me
enfiado, acreditava que a figura do filho do fotógrafo podia por fim me 51. (UFPR) Escritores de uma nova geração, Milton Hatoum (nascido em
desencantar.” 1952) e Bernardo Carvalho (nascido em 1960) já garantiram seu lugar no
panorama multifacetado da literatura brasileira contemporânea. Relato
46. Em todas as alternativas, o medo e o clima de terror referidos de um certo oriente, publicado em 1989, marcou a estreia de Milton
ajuntam-se a uma mesma época histórica, EXCETO: Hatoum na literatura. Nove noites, publicado em 2002, é o sétimo livro
a) “Numa carta de março de 1939 a Ruth Benedict, Landes diz que vive lançado por Bernardo Carvalho, que estreou na literatura em 1993 com o
num estado de absoluta solidão emocional de duas semanas de horror. livro de contos Aberração.
Menciona uma carta anterior em que teria relatado à orientadora a A respeito das comparações entre Relato de um certo oriente e Nove
história de espionagem na Bahia. Se você não as recebeu, ela deve ter se noites, considere as seguintes afirmativas:
extraviado, mais ou menos deliberadamente.” 1. Milton Hatoum consegue trazer para a sua ficção o espaço
b) “E por uma infeliz coincidência, toda essa correspondência chegou aos amazonense sem cair no exagero do exotismo; Bernardo Carvalho, por
destinatários justamente no momento em que os Estados Unidos sua vez, tensiona o realismo pela inclusão, na ficção, de fatos e
entraram em pânico por causa das remessas de antraz em cartas personagens históricos, autobiografia e experiências pessoais.
anônimas enviadas pelo correio a personalidades da mídia e da política 2. Através de estratégias diferentes, os dois romances buscam
americana até mesmo a pacatos cidadãos. compreender o passado, conscientes da obrigação histórica de recuperá-
c) “A vésperas da guerra, havia também um forte sentimento lo tal como aconteceu: Relato de um certo oriente resgata a memória
antiamericanista no ar, e os jovens antropólogos de Columbia, já muito trágica de uma família que viveu em Manaus; Nove noites investiga a
mais acuados, desamparados e solitários”. morte de um antropólogo no sul do Maranhão, para entregar ao leitor a
d) “A situação dos estrangeiros no Brasil do Estado Novo era delicada. A solução de um mistério até então não resolvido.
impressão era que estavam vigilância permanente.” 3. A epígrafe de W.H. Auden – “Que a memória refaça/A praia e os
passos/O rosto e o ponto do encontro” (em tradução de Sandra Stroparo
47. No decorrer da narrativa de Nove noites, são aventadas várias e Caetano Galindo) – anuncia o elemento central da narrativa de Milton
hipóteses sobre a(s) causa(s) do suicídio de Buell Quain, EXCETO: Hatoum. O título do romance de Bernardo Carvalho se refere às nove
a) A suposta desilusão sofrida por uma traição amorosa. noites que o antropólogo Buell Quain passou na companhia de Manoel
b) A suspeita de ter contraído uma doença contagiosa e incurável. Perna, durante a sua estada entre os índios Krahô.
c) O estado de desespero e de terror que dele parece ter tomado conta. 4. O tratamento dado aos nativos em Relato de um certo oriente pode
d) A possível decepção com os resultados de suas pesquisas. ser verificado na humilhação e nos abusos sofridos pelas caboclas e
índias que trabalhavam na casa de Emilie, principalmente por parte dos
48. A leitura de Nove noites, só NÃO permite depreender que Buell dois “inomináveis”. Em Nove noites, a narração do jornalista volta a
Quain era um sujeito momentos centrais da história do Brasil no século XX – Estado Novo,
a) Arredio. Ditadura Militar e Período Democrático –, marcando a situação de
b) Desprendido. vulnerabilidade permanente dos índios num mundo de brancos.
c) Introspectivo. 5. Na Manaus multicultural da primeira metade do século XX, Emilie e
d) Ganancioso. seus filhos, com a curiosidade natural do imigrante, atravessam
constantemente o rio que separa a cidade da floresta. Da mesma forma,
49. Assinale a alternativa que apresenta um comentário INCORRETO o narrador-jornalista de Nove noites visita inúmeras vezes os índios
sobre a narrativa de Bernardo Carvalho: Krahô, em busca de informações sobre o suicídio de Buell Quain.
a) Em Nove noites, as ameaças de uma guerra prestes a acontecer, o Assinale a alternativa correta.
arbítrio do governo de Vargas e, finalmente, a intranqüilidade dos a) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras
tempos em que a narrativa é construída dão um tom de medo e opressão b) Somente as afirmativas 2 e 5 são verdadeiras
a circular o relato. c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras
b) Na construção desse relato ficcional de histórias reais, aparece toda d) Somente as afirmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras
uma série de reflexões sobre temores e culpas, sobre os mistérios da vida e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
e da morte, sobre as razões que tornam o viver muito perigoso.
52. (UDESC) 53. (UFSC 2015) “[...] Outras vezes, como naquela manhã, ela brincava
“O nome de Emir quase nunca era mencionado nas horas das refeições com a boneca de pano confeccionada por Emilie. Lembro-me
ou nas conversas animadas por baforadas de narguilé, goles de áraque e perfeitamente do rosto da boneca; tinha os olhos negros e salientes,
lances de gamão. Os filhos de Emilie éramos proibidos de participar umas bochechas de anjo, e se prestasses atenção aos detalhes, verias que
dessas reuniões que varavam a noite e terminavam no pátio da fonte, apenas as orelhas e a boca estavam sem relevo, pespontadas por uma
aclarado por uma luz azulada. Era um momento em que os assuntos, já linha vermelha: artimanha das mãos de Emilie. Soraya nunca largava a
peneirados, esgotados e fartos de serem repetidos, davam lugar a boneca; enfeitava-lhe a cabeça com as papoulas que colhia, oferecia-lhe
confidências e lamúrias, abafadas às vezes pela linguagem dos pássaros, pedaços de frutas, dirigia-lhe os mesmos gestos com a mão, com o rosto,
e entremeadas por exclamações e vozes que pronunciavam o nome de passava-lhe água-de-colônia no corpo, acariciava-lhe os cabelos de palha
Deus. Era como se a manhã – como uma intrusa que silencia as vozes ou arrancava-os num momento de fúria, montava com ela no dorso das
calorosas da noite – dispersasse o ambiente festivo, arrefecendo os ovelhas e deitavam juntas, abraçadas. Foram dias de exaltação, de
gestos dos mais exaltados, chamando-os ao ofício que se inicia com a descobertas. Soraya, que parecia uma sonâmbula assustada, começou a
aurora. Mas, em algumas reuniões de sextas-feiras, o prenúncio da abstrair; desenhava formas estranhas, geralmente sinuosas, na superfície
manhã não os dispersava. Eu acordava com berros dilacerantes, gemidos de pano que cobria a mesa da sala; reproduzia formas idênticas nas
terríveis, ruídos de trote e uma algazarra de alimárias que assistiam à paredes, nos mosaicos rugosos que circundavam a fonte, e na carapaça
agonia dos carneiros que possuíam nomes e eram alimentados pelas de Sálua onde o nome de Emilie ainda não se apagara.” HATOUM,
mãos de Emilie.” (HATOUM, Milton. Relato de um certo Oriente. São Milton. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Companhia das Letras,
Paulo: Companhia das Letras, 2008, pp. 50 e 51.) 2008. p. 13.
Assinale a alternativa incorreta em relação à obra Relato de um certo Com base no romance Relato de um certo Oriente, lançado em 1989, e
Oriente, Milton Hatoum. no contexto de publicação desta obra, é CORRETO afirmar que:
a) Em relação ao tempo, tem-se a predominância do tempo psicológico, 01) o excerto evidencia a relação íntima e afetuosa estabelecida entre
pois a obra é narrada por meio das lembranças de uma narradora que Soraya e sua boneca: renegada pela família materna desde a gestação, a
busca se encontrar. menina só verbaliza seus segredos diante do brinquedo.
b) Na narrativa, um dos momentos de tensão e uma das lembranças mais 02) o texto diz respeito a fatos que aconteceram repetidamente na vida
dolorosas é o relato da morte prematura de Soraya Ângela, filha de da menina, o que pode ser observado pelo uso de formas verbais como
Samara Délia. “brincava”, “largava”, “enfeitava”, “dirigia”, “desenhava”, “cobria” e
c) Em “dispersasse o ambiente festivo, arrefecendo os gestos dos mais “reproduzia”, entre outras.
exaltados, chamando-os ao ofício que se inicia com a aurora” os 04) Relato de um certo Oriente é um texto híbrido, soma de vozes
vocábulos destacados são, na morfologia, sequencialmente: artigo dispersas reproduzidas com rigor, como afirma a narradora, a filha
definido, artigo definido, pronome oblíquo e artigo definido. adotiva de Emilie, responsável pela metódica transcrição de depoimentos
d) O romance é uma narrativa que traz à tona as lembranças familiares e relatos coletados em entrevistas com parentes e amigos da família.
da época em que Emilie e seus filhos viveram em Trípoli, no Oriente. 08) a obra evoca a problemática da imigração no processo de formação
e) Em “como uma intrusa que silencia as vozes calorosas da noite” as cultural brasileiro, destacando a presença de árabes no Norte do Brasil. A
palavras destacadas podem ser substituídas por assim como e a qual, Parisiense, loja do marido de Emilie, evidencia a maneira como se
respectivamente, sem alteração de sentido do texto. fixaram, prosperaram, enriqueceram e conseguiram superar o
sentimento de deriva e deslocamento.
GABARITO 18 – E 36 – C
01 – D 19 – D 37 – D
02 – A 20 – D 38 – B
03 – C 21 – A 39 – A
04 – E 22 – D 40 – B
05 – B 23 – B 41 – D
06 – E 24 – E 42 – C
07 – 01+02+04+08+16 25 – A 43 – D
08 – B 26 – E 44 – B
09 – E 27 – A 45 – C
10 – D 28 – E 46 – B
11 – D 29 – B 47 – D
12 – A 30 – D 48 – D
13 – A 31 – C 49 – C
14 – B 32 – E 50 – B
15 – A 33 – E 51 – C
16 – D 34 – E 52 – D
17 – D 35 – B 53 – 02+04
ANOTAÇÕES