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Crise hipertensiva

Condição em que os níveis altos da PA (PAs ≥180 e/ou PAd ≥ 120 mmHg) estão
 Manejo
acarretando ou vão acarretar um prejuízo agudo ao organismo caso o controle Avaliação clínica e laboratorial para promover a adequada avaliação da PA
pressórico não seja feito. Os principais órgãos afetados são cérebro, coração, aorta, e identificação de LOA.
retina, eclampsia e rins.
As complicações agudas dependem muito da PA média (PAs + 2xPAd/3), a qual tem
valores normais de 70-100 mmHg.
 Urgência Hipertensiva (UH): PA ≥ 180/120mmHg sem lesão de órgão alvo
e sem risco iminente de morte;
 Emergência Hipertensiva (EH): ≥ 180/120mmHg com lesão de AO e com
risco de morte iminente;

Na UH, deve ser iniciado após um período de observação em ambiente


calmo, condição que ajuda a afastar casos de PCH (conduzidos somente
com repouso ou uso de analgésicos ou tranquilizantes). Objetiva-se reduzir
a PA em 24-48h com o uso de drogas VO (captopril 25-50mg ou clonidina
0,1-0,2mg). NÃO usar nifedipina!
Na EH, objetiva-se à redução rápida da PA com a finalidade de impedir a
progressão das LOA. Os indivíduos devem ser admitidos preferencialmente
 Pseudocrise hipertensiva: hipertensão crônica descontrolada com níveis em UTI, tratados com anti-hipertensivos IV e monitorados cuidadosamente
pressóricos < 180/120mmHg e com queixas vagas. durante a terapia para evitar hipotensão. As recomendações são: PA média
≤ 25% na 1a hora; PA 160/100-110 mmHg nas próximas 2 a 6 h; PA 135/85
mmHg em um período de 24-48 h subsequentes.
Entretanto, as EH devem ser abordadas considerando o sistema ou o órgão-  EAP hipertensivo: disfunção diastólica. Utiliza-se nitroglicerina ou NPS para
alvo acometido. reduzir pré e pós-carga, bem como furosemida para reduzir volume. Em
 Encefalopatia hipertensiva: caracterizada por sinais e/ou sintomas de alguns casos é necessário o uso de VNI.
edema cerebral. O início é insidioso e evolui com cefaleia, náuseas ou
vômitos. Podem surgir alterações do campo visual, fotopsia, visão turva,
alucinações visuais, confusão mental, coma, crises convulsivas  Dissecção aguda de aorta: É importante obter o controle adequado da dor
generalizadas e hiper-reflexia. O diagnóstico diferencial é AVE, mas este se (analgesia por opiáceos IV), o FC < 60 bpm (BB ou BCC) e a PAS entre 100
instala mais rápido (fazer TC para descartar). Tríade: elevação da PA + RNC e 120mmHg (NPS). A PAS < 120 mmHg deve ser alcançada em 20 min.
+ papiledema. Se Stanford A (pega aorta ascendente – DeBakey I e II), cirurgia imediata.
Redução lenta da PA. Recomenda-se o uso do NPS  Pré-eclâmpsia/eclampsia: PA ≥ 140/90mmHg em geral após a 20º semana
e proteinúria (300mg/24h). Na ausência de proteinúria, pode-se considerar
o diagnóstico quando houver sinais de gravidade: trombocitopenia (<
100.000.109/L), creatinina > 1,1 mg/dL ou 2x creatinina basal, elevação de
 AVE: déficit neurológico focal súbito, RNC, convulsão, cefaleia. Pode ser 2x das transaminases hepáticas, EAP, dor abdominal, sintomas visuais ou
isquêmico ou hemorrágico. Fazer TC para identificar. No AVEi, se for fazer cefaleia, convulsões, sem outros diagnósticos alternativos. Se houver
trombólise, deve-se reduzir a PA < 185/110 mmHg (manter ≥140/90mmHg) convulsão, ECLAMPSIA.
antes da terapia fibrinolítica. Redução inicial de 15% da PA em pacientes Sugere-se iniciar o tratamento medicamentoso quando a PA estiver acima
com ≥ 220/120. Iniciar/retomar tratamento VO. de 150-160/100-110 mmHg com o objetivo de manter a PA entre 120-160/80-
NO AVEh, reduzir PAs para <180mmHg. 100 mmHg. O uso de IECA, BRA e IDR é contraindicado na gestação, e
Usa-se NPS ou esmolol. atenolol e prazosin devem ser evitados se possível. Dar preferência para
nifedipino VO ou HDZ IV. Em situações excepcionais, como a presença de
edema agudo de pulmão e hipertensão grave e refratária, o uso de NPS pode
ser considerado como a opção preferencial para o controle urgente da PA
 SCA: a meta é PAs 120-140mmHg e PAs 70-80mmHg, usando-se,
por no máximo 4 horas, pelo risco de impregnação fetal pelo cianeto.
preferencialmente, nitroglicerina se não houver hipotensão, IAM de VD ou
Recomenda-se o uso de sulfato de magnésio para a prevenção e o
uso de inibidores da fosfodiesterase 5 nas últimas 24h. Uso de HDZ, NPS
tratamento da eclampsia.
ou nifedipina não está indicado, pois pode promover o roubo de fluxo.
Esmolol e metoprolol podem ser usados em pacientes que não apresentam
sinais de IC, evidência clínica de baixo DC, aumento do risco para choque
 Uso de drogas ilícitas: Nos casos mais leves, podem-se usar
cardiogênico ou outras contraindicações relativas ao bloqueio beta.
benzodiazepínicos e NTG sublingual. Nos mais graves, provavelmente será
necessária terapia IV, e os agentes de escolha são NTG, NPS ou
fentolamina. Evitar BB, exceto o carvedilol, capaz de atenuar aumentos da
FC e PA induzidos por cocaína na forma de crack. Se for associada com
álcool, utilizar BB, a-bloqueadores e BCCa.
 Hipertensão acelerada/maligna: caracteriza-se pela presença de
hipertensão em geral grave, retinopatia com papiledema, com ou sem
insuficiência renal e/ou cardíaca, necrose fibrinoide de arteríolas renais e
endarterite obliterante, podendo apresentar evolução clínica rapidamente
progressiva e fatal. Usar NPS e drogas VO quando for necessária a
combinação (diuréticos, IECA, BRA, BB, HDZ, clonidina, metildopa e BCC).
Redução da PA deve ser gradual, mantendo-se níveis de PAD não inferiores
a 100 mmHg nos primeiros dias de tratamento.
 Hipertensão com múltiplos danos aos órgãos (MDO): é definida pela
presença concomitante de envolvimento de três dos quatro sistemas a
seguir: Renal (rápida deterioração da função renal ou proteinúria); Cardíaco
(HVE importante ou disfunção sistólica, ou anormalidades da repolarização
ventricular, ou aumento de troponina); Neurológico (AVE ou encefalopatia
hipertensiva); Hematológico (hemólise microangiopática). Manejo
semelhante à hipertensão maligna.

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