Fundamentos de Fisica, Halliday, Resnick, Walker, Vol4, P 4

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Mais Ondas de a Matéria & Almaden Research Center, CA 1s Corporatio Quando esta imagem de um microscépio de tunelamento foi publicada por pesquisadores do Centro de Pesquisa Almaden da IBM, na California, 5 deixou muitos cientistas e engenheiros boquiabertos. A imagem mostra 48 étomos de ferro que os pesquisadores “arrastaram” para formar uma circunferéncia com 14 nm de diémetro em uma superficie de cobre especialmente preparada. Esse tipo de arranjo é conhecido como curral Jo cur! quantico porque, da mesma forma como um curral de uma fazenda — os mantém 0 gado preso, a barreira de étomos de ferro mantém alguma qua coisa presa. As ondulagdes ajudam a identificar que estd preso no 5 Aresposta est neste capitulo, interior do curral quantico. 213 ‘Capitulo 39 | Mais Ondas de Matéria Um dos principais objetivos da fisica é compreender a natureza dos dtomos. No ini- cio do século XX ninguém sabia qual era a disposigiio dos elétrons nos dtomos, como 0s dtomos emitiam e absorviam luz ou mesmo por que os étomos eram estiveis. Sem esses conhecimentos nao era possivel compreender de que forma os dtomos se com- binavam para formar moléculas ¢ cristais. Em conseqliéncia, os fundamentos da qui- mica, incluindo a bioquimica, que estuda a natureza da vida, permaneciam envoltos em mistério, A partir de 1926 todas essas perguntas ¢ muitas outras comegaram a ser res- pondidas com o surgimento da fisica quéntica. A premissa basica da nova disciplina € que 0s elétrons, prétons ¢ todas as outras particulas se comportam como ondas de matéria euja propagagdo obedece & equacao de Schrédinger. Embora a teoria quantica também se aplique a objetos macrosc6picos, nfo hé necessidade de usar a teoria quantica para estudar bolas de futebol, automsveis ou planetas. Para esses corpos pesados, que se movem com uma velocidade muito menor que a da luz, a fi- sica Newtoniana c a fisica quantica fornecem os mesmos resultados, Antes de aplicar a fisica quéntica ao problema da estrutura atomica vamos fa- miliarizar 0 leitor com os conceitos quanticos estudando algumas situagdes mais simples. Algumas dessas situagdes podem parecer pouco realistas, mas permitem discutir os prineipios basicos da fisica quantica sem termos que lidar com a comple~ xidade muitas vezes insuperdvel dos étomos. Além disso, com os avangos da tecnolo- sia situagdes que antigamente eram encontradas apenas nos livros escolares hoje es- ‘ao sendo reproduzidas nos laborat6rios e usadas em aplicacoes priiticas nos campos da eletronica e da ciéncia dos materiais. Em breve seremos capazes de usar o curral quéntico descrito na abertura do capitulo € um outro tipo de dispositive, conhecido como ponto qudntico, para criar “étomos sob medida” cujas propriedades poderao ser modificadas & vontade pelos projetistas. Tanto no caso dos zitomos naturais como dos attificiais © ponto de partida para nossa discuss4o € a natureza ondulatéria do elétron, 39-2 | Ondas em Cordas e Ondas de Matéria Como vimos no Capitulo 16, existem dois tipos de ondas em uma corda esticada, Quando a corda € tio comprida que pode ser considerada infinita, podemos exci- tar na corda uma onda progressiva de praticamente qualquer freqaéncia, Por outro Jado, quando a corda tem um comprimento limitado, talvez por estar presa nas duas extremidades, s6 podemos excitar na corda uma onda estaciondria; além disso, essa ‘onda pode ter apenas certas freqiiéncias. Em outras palavras, confinar a onda a uma regido finita leva & quantizagto do movimento, ou seja, a existéncia de estados dis- cretos para a onda, cada um com uma treqiiéncia bem definida. Essa observacao se aplica a ondas de todos os tipos, incluindo as ondas de maté- ria, No caso das ondas de matéria, porém, é mais conveniente lidar com a energia E da particula associada que com a freqéncia fda onda, Na discussio a seguir vamos os concentrar na onda de matéria associada ao elétron, mas os resultados se apli- cam a qualquer onda de matéria, Considere a onda de matéria associada a um elétron que se move no sentido positivo do eixo x e ndo esti sujeito a nenhuma forga, ou seja, é uma particula livre A energia desse elétron pode ter qualquer valor. assim com a onda excitada em uma corda de comprimento infinito pode ter qualquer freqiiéncia Considere agora a onda de matéria associada a um elétron atémico, como 0 elétron de valencia (elétron da titima camada) de um dtomo de sédio. Um elétron desse tipo, mantido no Iugar pela forga de atracio do nticleo atémico, nao é uma particula livre: pode existir apenas em estados discretos, caracterizados por valo- res discretos de energia. A situacdo lembra muito a de uma corda esticada de com: Primento finito, que também s6 comporta um mimero finito de estados e frequlén. 38-3 | Energia de um Elétron Confinado ___cias de oscilacio. Assim, no caso das ondas de matéria, como no caso de ondas de Y= _ qualquer tipo, podemos enunciar um prineipio de confinamento: 4 FIG. 39-1 Elementos de uma “arma- dilha” idealizada que confina 0 elé- _ 39-3/ Energia de um Elétron Confinado {on ao cilindro central, Os cilindros das extremidades so mantidos a um Armadilhas Unidimensionais potencial negativoinfnito,e ocilin- ' dro central a um potencial nulo, ‘Vamos examinar a onda de matéria associada a um elétron ndo-relativistico confi nado a uma certa regio do espago. Para isso, podemos usar uma analogia com on- das estacionérias em uma corda de comprimento finito, estendida ao longo do eixo xe presa rigidamente pelas duas extremidades. Como os suportes sao rigidos, as ex- tremidades da corda so nds, pontos em que a corda se mantém imovel. Pode haver ‘nds em outros pontos da corda, mas os nds das extremidades devem sempre estar presentes, como na Fig, 16-23, Os estaclos ou modos permitidos de oscilagdo da corda so aqueles para os quais © comprimento Lda corda é igual a um niimero inteiro de meios comprimentos de onda. Em outras palavras,a corda pode ocupar apenas os estados para os quais La, paran=1,2,3,. 7 Cada valor de n identifica um estado diferente de oscilago da corda: na linguagem da fisica quantica, o ntimero inteiron é um nimero quiintico. Para cada estado permitido pela Eq. 39-1 0 deslocamento transversal em um ponto x da corda é dado por (9-1) yn) = A sen( 222) paran =1,2,3,..., (39.2) onde o niimero quantico n especifica 0 estado em que a corda se encontrae A é uma fungéo apenas do tempo. (A Eq. 39-2 6 uma versio condensada da Eq, 16-60.) Vemos que para qualquer valor de n e para qualquer instante de tempo o deslo- camento é zero em x = 0 e x = L, ou seja, nas extremidades da corda. A Fig, 16-22 ‘mostra fotografias das oscilagdes de uma corda para n = 2,3 ¢4. ‘Vamos agora voltar nossa atengdo para as ondas de matéria. O primeiro pro- bblema € confinar um elétron a uma certa regiao do eixo x. A Fig. 39-1 mostra uma possivel armadilha unidimensional para eléirons,constituida por dois cilindros semi- infinitos mantidos a um potencial elétrico de —; entre eles existe um cilindro oco de comprimento L, que € mantido a um potencial elétrico nulo. O elétron a ser con- finado ¢ colocado no interior deste ultimo cilindro, A armadilha da Fig. 39-1 pode ser facil de analisar, mas € impossfvel de cons- ttuir na pratica, jé que envolve comprimentos e potenciais infinitos. Entretanto, & possivel aprisionar elétrons isolados em armadilhas mais complexas, que obedecem ‘40s mesmos principios. Um grupo de cientistas da Universidade de Washington, pot exemplo, manteve um elétron em uma armadilha durante meses a fio, o que permi- tiu estudar suas propriedades com grande precisio. ie Célculo das Energias Quantizadas A Fig. 39-2 mostra a energia potencial do elétron em fungo de sua posigéio no eixo x da armadilha idealizada da Fig. 39-1. Quando o elétron se encontra no interior do » r silindro central sua energia potencia! U(= —eV) € nula,porque o potencial Vénulo gig, 39.2 Energia potensial eltrica io, Se o elétron pudesse escapar do cilindro central, sua energia potencial [(,) de um eletronconfinado no se tornaria positiva e infinita,j4 que V = —s do lado de fora do cilindro central. 0 cjindro central da armadiha da Fi potencial associado a armadilha da Fig. 39-1, que esté representado na Fig. 39-2, 30-1 Vemos que U ~O para =parax<(er> L. Capitulo 39 | Mais Ondas de Matéria poco de potencial infinito. © nome “pogo” vem do fato de que um elétron colocado no cilindro central da Fig. 39-1 nao pode escapar. Quando 0 elétron atinge uma das extremidades do cilindro ¢ repelido por uma forea infinita e passa a se mover no sen- tido oposto. Como nesse modelo idealizado o elétron s6 pode se mover em uma dire- fo do espaco,a armaditha é chamada de poco de potenciat infinito unidimensional. Da mesma forma que uma onda estaciondria em uma corda esticada, a onda de matéria que descreve o elétron confinado deve ter nbs em.x = 0e.x = L. Além disso, a Eq. 39-1 pode ser aplicada & onda de matéria se interpretarmos A como 0 compri- ‘mento de oncla de de Broglie do elétron. O comprimento de onda de de Broglie A de uma particula foi definido na Eq, 38-13 como A = hip, onde p é 0 médulo do momento da particula. Para um elétron ao-relativistico, o médulo p do momento esté relacionado a energia cinética da particula, K, através da equacdo p = /2mK, onde m é a massa da particula. No caso de um elétron no interior do cilindro central da Fig. 39-1, como U = 0,a energia (mecanica) total F ¢ igual & energia cinética. Assim, o comprimento de onda de de Broglie do elétron é dado por h_ih yp YOmE Substituindo a Eq, 39-3 na Eg. 39-1 e explicitando B, descobrimos que E varia com n de acordo com a equacio (39.3) at 7 (sz By O mimero inteiro positivo n é 6 ntimero quantico que define o estado quantico do elétron. ‘A Eq, 39-4 revela algo importante: quando o elétron est confinado ao cilindro central sua energia s6 pode ter os valores dados pela equacio. A energia do elétron nao ‘pode, por exemplo, asstimir um valor intermediairio entre os valores paran = Le n = 2. Por que essa restrigao? Porque existe uma onda de matéria associada ao elétron. Se © ‘elétron fosse apenas uma particula, como supunha a fisica classica, sua energia poderia ter qualquer valor, mesmo quando estivesse confinado ao interior de uma armadilha. ‘A Fig. 39-3 mostra 05 cinco primeiros valores de energia permitidos para um 1000} exettado elétron no interior de um pogo infinito com L = 100 pm (as dimensdes de um étomo : Lipico). Esses valores so chamados de néveis de energia ¢ esto representados na Fig. 39-3 por linhas horizontais em um diagrama de niveis de energia. O eixo vertical S00 6 calibraco em unidades de energia; 0 eixo horizontal nao tem nenhum significado. estado quantico de menor energia possivel, £, cujo valor é obtido fazendo n= I na Eq. 39-4,¢ conhecido como estado fundamental do elétron. O elétron tende a ocupar esse estado fundamental. Todos os estados quanticos com energias maiores (com niimero quintico n = 2) sao chamados de estados excitados do elétron. O es tado de energia F, correspondente a n = 2, 6 chamado de primeiro estado excitado porque € o estado excitado de menor energia. Analogamente, o estado de energia E: 4 &chamado de segundo estado excitado, e assim por diante. 3 excitudo 600 Enevgia (eV) 4007 ar exciudo 2007 rv excitado Mudlangas de Energia Fundamental Um elétron confinado tende a ocupar o estado de menor energia possivel (o estado fundamental), © s6 pode passar para um estado excitado (no qual possui uma ener: F1G.39 Algumas dasenergias ‘ia maior) se receber de uma fonte externa uma energia igual a diferenga de ene permitidas dadas pela Eq. 39-4 entre os dois estados. Seja Eyais @ energia inicial do elétron e Ey, a energia de um param clétron confinado no pogo 40s estados excitados da Fig. 39-3. Nesse caso, a quantidade de energia que deve ser infinitoda Fig.39-2,supondo quea__fornecida ao elétron para que mude de estado € dada por Jargura do pogo 100 pm. Um gra fico como este é conhecido como AE = Exus~ Boca (39-5) diagrama de niveis de energia. 0 39-3 | Energia de um Elétron Confinada £ E g g FIG. 39-4 (a) Excitagdo de um elé- tron confinado em um pogo de po- tencial do estado fundamental para o terceira estado exeitado. (b).e).(d) ry ‘Trés das quatro formas possiveis de decaimento do elétron do terceiro % estado excitado para o estado funda- ‘mental, (Qual €a quarta?) a o a @ ‘Quando um elétron recebe essa energia dizemos que executou um salto qudn- fico, sofreu uma transigo ou foi excitado de um estado de menor energia para um estado de maior energia. A Fig.39-4a mostra, de forma esquemitica, um salto quan- tico do estado fundamental (nivel de energia E,) para 0 terceiro estado excitado (ni- vel de energia £,).Como mostra a figura salto deve comecar e terminar em niveis de energia permitidos, mas pode passar por niveis intermedisrios, ‘Uma das formas de um elétron ganar energia suficiente para executar um salto quantico é absorver um féton. Essa absorgiio, porém, s6 ocorre quando a seguinte condigao é satisfeita: Assim, a excitacio por absorgao de luz s6 € possivel se Af = AE = Ey — Bese (39-6) Quando um elétron passa para um estado excitado niio permanece indefinida- mente no novo estado, mas logo decai para estados de menor energia. As Figs. 39-4b, 39-4e e 39-4d mostram algumas possibilidades de decaimento de um elétron que se encontra no ferceiro estado excitado. O elétron pode chegar ao estado fundamental através de um tinico salto quantico (Fig, 39-45) ou através de saltos quiinticos mais curtos, que envolvem estados intermedirios (Figs.39-4c ¢ 39-4d), ‘Uma das formas de um elétron perder energia & emitir um f6ton. Essa emissio, porém,s6 ocorre quando a seguinte condicio é satisteita: Assim, a Eq. 39-6 se aplica tanto & absorgao quanto & emissio de luz por um elé- tron confinado, Isso significa que a luz absorvida ou emitida s6 pode ter certos valores de hfe, portanto, s6 pode ter certos valores de freqiiéncia fe comprimento de onda A. Observacao: Embora a Eq. 39-6 ¢ as idéias que apresentamos a respeito da ab- soreao ¢ da emisstio de fétons se apliquem a armadilhas reais (realizaiveis em labo- rat6rio) para elétrons, no podem ser aplicadas a armadilhas unidimensionais (idea~ lizadas). Isso se deve & necessidade de que 0 momento angular seja conservado nos processos de absorcao ¢ emisstio de fétons. Neste livro vamos ignorar essa necessi- dade e usar a Eq. 39-6 mesmo para armadilhas unidimensionais. ia cae aaa Nara rece TESTE rnin ni de rn crm cna co A Exemplo Um elétron é confinado a um pogo de potencial unidimen- sional infinitamente prolundo de largura ZL = 100 pm. Capitulo 39 | Mais Ondas de Matéria (a) Qual é a menor energia possivel do elétron’? FEES 6 continamento do etéiron (a0 qual esta associada uma onda de matéria) leva & quantizacto da cenergia, Como 0 pogo é infinitamenie prafundo, as energias permitidas sA0 dadas pela Eq. 39-4 [(E, = (n’8mL2)], ‘onde onimero quantico 1 € um ntimero inteiro positivo. Nivel de menor energia: Para os dados do problema, 0 valor da constante que multiplica n? na Eq. 39-4 & Ro (6.63 x 10 MI-sP* Sm? ~ (89.11 x 10 kgy(100 & 10 Pm = 6031 x 10-5, (39-7) A menor energia possivel do elétron corresponde ao me- nor valor possivel de 2, que én = 1 (estado fundamental). Assim, de acordo com as Eqs. 39-4 e 39-7, temos: e In? = (6,031 x 10-8.1)(12) x (4 ) (6.031 x 10-8 J)(12) = 6,03 x 10-87 37,7 eV. (Resposta) (b) Qual é a energia que deve ser fornecida ao elétron para que execute um salto quantico do estado fundamental para o segundo estado excitado? MDE incre, oma actverténcas observe que de acordo com a Eq, 39-3 0 segundo estado excitado corres- ponde ao terceiro nivel de energia, cujo ntimero quaintico & n= 3, De acordo com a Eq. 39-5, energia necesséria para que o elétron salte do nivel n = 1 para o nivel n = 3 € dada por AE, i (39-8) Salto para cima: As energias E; ¢ E; esto relacionadas ao niimero quantico n através da Eq. 39-4. Assim, substi- tuindo Ee E; na Eq. 39-8 por seus valores, dados pela Eq. 39-4, temos: e fe Es = ay - (<==) ay AR (fi ye F (ga) wy ie Smit ¢ = (6081 x 10 ")(8) = 483 x 10-7 = 301 eV. -F) (Resposta) (0) Se 0 elétron executa o salto quantico do item (b) apés absorver luz, qual é 0 comprimento de onda da luz? MEE 1) ransteencia de encrga da hur P © elétron ocorre por absoreao de um féton. (2) De acordo com a Eq. 39-6 (hf = AE), energia do foton deve ser igual a diferenga de energia AE entre o nivel inicial de energia do elétron c o nivel final Comprimento de onda: ser escrita na forma ‘omo f = clk, a Eq. 39-6 pode le ae 39-9) Para a diferenea de energia AEy, calculada no item (b), esta equacao nos da he aR — (6:63 x 10 J-s)(2.998 x 108 mis) 7 483 x 10-77 = 412 x 10? m. (Resposta) (@) Depois que o elétron salta para o segundo estado ex- éitado, que comprimentos de onda pode emitir ao voltar para o estado fundamental? x=z —ti‘(“‘i‘S:S; 2O2OC~;~O 1. Quando se encontra em um estado excitado, um elétron tende a decair, isto &, perder energia, até chegar a0 es+ tado fundamental (1 = 1). 2. Um elétron s6 pode perder energia pasando para um estado permitido de energia menor que a do estado em que se encontra, 3. Para perder energia produzindo luz o elétron deve emi- tir um foton. Saltos para baixo: Se o elétron se encontra inicialmente no segundo estado excitado (ou seja, no nivel n = 3) pode chegar ao estado fundamental (n= 1) saltando diretamente para esse nivel (Fig. 39-52) ou executando dois saltas suces- sivos,um do nivel n =3 para o nivel n = 2 e outro do nivel n= para o nivel m= 1 (Figs, 39-5b e 39-5c). O salto direto envolve a mesma diferenga de cnergia AEs, que foi calculada no item (c). Nesse caso, o compri= mento de onda envolvido € 0 que foi calculado no item (c). com a diferenga de que agora se trata do comprimento de onda da luz emitida, e nao da luz absorvida. Assim, 0 elé- tron pode saltar diretamente para o estado fundamental emitindo luz de comprimento de onda A= 412% 10-'m, (Resposta) Usando 0 mesmo método do item (b), 6 possivel mos- trar que as difereneas de energia para os saltos das Figs. 39- 5b €39-Se 39-4 | FurgBes de Onda de um Eltron Apiionado [PAE # _% i 3.016 10-7 Je SEn = 1.809 x 10-7, De acordo com 2 Eq. 39-9, o comprimento de onda da luz emitida no primeiro desses saltos (de 1 = 3 para n = aye A= 6,60 X 10-9 m, (Resposta) wt n © 0 comprimento de onda da luz emitida no segundo des- a Co) a ses saltos (den = 2 paran = 1) € FIG. 39-5 Decaimento de um elétron do segundo estado exci- . (MG peay asta FanArt (i) Aeterna (4.6) SESVEKOR A= 110 10°F m, (Resposta) primeiro estado excitado. 39-4 | Fungdes de Onda de um Elétron Confinado Resolvendo a equacdo de Schrodinger para um elétron confinado em um pogo de potencial unidimensional infinito de largura L, descobrimos que as fungées de onda 1 do elétron sao dadas por wt Wyle) = Aso( 22s) paran = 1,2,3,..., (39-10) "7 30100 para 0 =x L. (a fungdo de onda é nula para qualquer outro valor de x). O valor da sm) constante A nessa equagio serd calculado mais adiante Observe que as fungdes de onda y,(x) tem a mesma forma que as fungdes cle des- nee Jocamento y,(X) para uma onda estacionaria em uma corda presa pelas extremidades (veja a Eq, 39-2), Podemos dizer que a onda de matéria associada a um elétron apri- sionado em um poso de potencial unidimensional é também uma onda estacionsii, % 30100 Probabilidade de Deteceao wien) Nao existe nenkuma forma de medir diretamente a funcio de onda y, (x); 0 po- i «demos observar o interior do poco de potencial e ver a onda de matéria, como se estivéssemos observando uma onda em uma cords. No caso da onda de matéria as- ‘ sociada a um elétron tudo que podemos fazer € constatar a presenca ou ausénciado YY elétron com o auxilio de um detector. No momento da deteceto verificamos que o elétron se encontra em um certo ponto do interior do pogo. 9 a ih ‘Quando repetimos o processo em varios pontos descobrimos que a probabilidade (pm) de deteccdo depende da posicdo x do detector. Essa probabilidade € dada pela fun- io densidade de probabilidade, #2{xe). Como vimos da Seca 38-7, probabilidade de n= 15 que uma particula seja detectada em um volume infinitesimal com centro em um certo ponto do espago € proporcional a lif,!°. No caso de um elétron aprisionado em um vis ogo unidimensional estamos interessados apenas na probabilidade de detecgao do °, elétron em pontos situados sobre 0 eixo x; nesse caso, a densidade de prababilidade é 1. ‘uma probabilidade por unidade de comprimento ao longo do eixo x, g(x). (O sinal de & i = valor absoluto pode ser omitido nesse caso porque a funcdo y,(x) da Eq. 39-10 é uma mer fungdo real, e nio uma fungdo complexa.) A probabilidade p(x) de que um elétron FIG.3%-6 Densidade de probabi- seja detectado em um ponto x do interior do pogo é dada por lidade Wa(x) para quatro estados de umeletron coninadoem um pogo de potencial unidimensional infinito: rc ‘os nimictos quantions so Gnterato dx), 3.¢ 15.E mais provavel encontrar o ‘densidade de probabilidad deteccao no intervalo di at W3{) no ponto x com eéntro em.x probabilidade de ) in elétron nas regides em que (x) tem 7 valores clevados ¢ menos provével A(x) dx. (29-11) encontraro elétron nasregiGesem que w(x) tem valores pequenos. ou Pix) Capitulo 39 | Mais Ondes de Matra De acordo com a Eq. 39-10, a densidade de probabilidade ¥i(x) para o elétron aprisionado & WG) = sont( 22 paran = 1,2,3,..., (39-12) no intervalo 0 = x = L (a densidade de probabitidade € zero para qualquer outro valor de x).A Fig. 39-6 mostra as funces W(x) com m = 1,2,3¢ 15 para um elétron aprisionado em um poco infinito com uma largura L le 100 pm. Para determinar a probabilidade de que um elétron seja detectado em uma certa regio no interior do pogo (entre os pontos x; © x2, digamos) basta integrar (x) entre 0s limites da regiao. Assim, de acordo com as Eqs.39-11 © 39-12, robber args) % (39-13) Se a fisica cléssica pudesse ser aplicada a um elétron a probabilidade de encon- tar 0 elétron seria a mesma em todos os pontos do pogo. A Fig. 39-6 mostra que isso nao ¢ verdade. Observando essa figura e a Eq. 39-12 vemos, por exemplo, que no caso do estado com n = 2. mais provavel que o elétron seja encontrado nas proximidades dos pontos x = 25 pm ex = 75 pm. E muito pequena a probabilidade de que o elétron seja detectado nas proximidades dos pontos x = 0, = 50 pme.x = 100 pm. O caso de n = 15 da Fig. 39-6 sugere que & medida que n aumenta a probabili- dade de deteccao se torna cada vez mais uniforme no interior do poco. Este é um exemplo de um principio geral conhecido como prinefpio da correspondéncia: (@F Para grandes valores dos nimeros quaaticos os resultados da fsica quantica tendem. ‘para os resultados da fisica eldssiea, Este principio, proposto pelo fisico dinamarqués Niels Bohr, se aplica a todos os re- sultados da fisica quantica, Oe who tN dade de probabilidade do elétron, comegando pelo maior; (b) das L a a cenergias do elétron, comegando pela maior. @ o Normalizagio O produto ¥4(2) dx cortesponde a probabilidade de que um elétron aprisionado em ‘um poco unidimensional infinito seja detectado no intervalo do eixo x entre x e.x-+ dx. Como sabemos que 0 elétron se encontra em algun ponto do pogo de potencial. devemos ter (39-14) [ YA(R) dx = 1 (equagdo de normalizagic j que a probabilidade 1 corresponde & certeza. Embora a integral deva ser cal- culada para todo o eixo x, apenas a regio entre x = Oe x = L contribui para a a 394 | Fnget de Onde de um Elton Arion probabilidade total, pois a fungao #i(«) é nula fora desse intervalo, Graficamente, a integral da Eq. 39-14 representa a érea sob uma curva como as da Fig. 39-6 No Exemplo 39-2 vamos ver que se substitufmos #(x),dada pela Eq, 39-12, na Eq, 39-14, podemos atribuir um valor especifico a constante A da Eq. 39-12, A — /27L. O processo de usar a Eq, 39-14 para determinar a amplitude de uma fut de onda é chamado de normalizagao da fungao de onda. O processo se aplica a todas as fungdes de onda unidimensionais, Energia de Ponto Zero Fazendo nt = 1 na Eq. 39-4, obtemos a menor energia possfvel de um elétron em um pogo de potencial unidimensional infinito, a energia do estado fundamental. Esta € a energia que 0 elétron confinado ocupa a menos que receba energia suficiente para transferi-lo para um estaclo excitado, Surge imediatamente a pergunta: por que nao podemos ineluir n = ( entre os valores possiveis de n na Eq. 39-4? Fazendo n = 0 nessa equagio obtemos E = 0, uma energia menor que a do estado n = 1. Entretanto, fazendo n = 0 na Eq. 39-12 ‘obtemos também y2(x) = 0 para qualquer valor de x, 0 que pode ser interpretado como a auséncia de elétrons no pogo do potencial. Como sabemos que existe um elétron no pogo,n = O nfo é um mimero quantico permitido. Uma das conclusées importantes da fisica qudntica é a de que em sistemas coi finados nao podem existir estados de energia zero; existe sempre uma energia mi nima,conhecida como energia de ponto zero. Podemos tornar a energia minima tao pequena quanto quisermos alargando o pogo de potential, ou seja, aumentando o valor de L na Eq.39-4comn = 1, Quando L—> aenergia de ponto zero tende a zero, Nesse limite, porém, com um pogo de potencial infinitamente largo, o elétron deixa de ser confinado ¢ se torna uma par- ticula livre, Além disso, como a energia de uma particula livre nao é quantizada, a energia pode ter qualquer valor, incluindo o valor zero. Apenas uma particula con- finada deve ter uma energia de ponto zero diferente de zero, e nunca pode estar em repouso. mesma largura: (a) um elétron; (b) um préton; (c) um déuteron; (d) uma particula alfa. eg kre um Seer) meso) mst) uae Exemplo Determine o valor da constante A da Eq. 39-10 para um poco de potencial infinito que se estende de.x = Oax = L. MEI 4. funcoes ce onda aa Eg. 39-10 devem sa- tisfazer a condigao de normalizacao da Eq. 39-14, segundo a qual a probabilidade de que o elétron seja detectado em algum ponto do eixo x é 1 Célculos: Substituindo a Eq. 39-10 na Eq, 39-14 e pasando a constante A para fora da integral, temos: 2 1 sone 2 x) ae 2 [! son Ja L Podemos mudar os limites da integral de —% e +9 para 0 (38-15) © L porque a fungao de onda é zero (¢, portanto, nao ha necessidade de realizar a integragao) fora desses novos limites, Podemos simplificar a integracao mudando a variavel de.x para uma nova varidvel y dada por (39-16) © portanto Como mudamos a variével precisamos mucar (nova- mente) 0s limites de integraco. De acordo com a Eq. 39- 16, y = 0 quando x = 0.¢ y = mz quando x = L; assim, 0 € m7r so os novos limites de integrago, Com todas essas substituigdes,a Eq. 39-15 se torna qe EDEN BEEZZI capitulo 39 | Mais Ondes de Metéria (sen? y) dy = 1 Podemos usar a expresséo 11 do Apéndice E para caleular essa integral, oblendo a equacao L fy sony az [2 4 Substituindo y pelos limites, temos: Exemplo EEEI Um elétron se encontra no estado funclamental do pogo de potencial infinito unidimensional da Fig. 39-2, cuja largura €L=100pm, (a) Qual é a probabilidade de que o elétron seja detectado no terco esquerdo do pogo (entre x, = 0e.x = L/3)? MEISE (1) 5. examinarmos todo o ergo exquerdo do pogo, nao hé nenhuma garantia de que encontraremos © elétron; entretanto, podemos usar a integral da Eq. 39- 13 para calcular a probabilidade de que o elétron seja de- tectado. (2) A probabilidade depende do estado em que se encontra 0 elétron, isto é,do valor do ntimero quiintico 7. Céleulos: Como, de acordo com 9 enuncad, o elétron se encontra no estado fundamental, fizemos n= 2 na Eq, 39-13, Os limites de integragio slo x) = De ty = Li De acordo como Exemplo 39-2, 4 constante A da Eq, 38 iguala J2/L. Assim, temos probabilidade de essa) _{* no terca esquerdo )~ J, Poderiamos calcular a probabilidade pedida fazendo L = 100 x 10" me usando uma calculadora ou um computa- dor para calcular o valor da integral. Em vez disso, vamos resolver analiticamente a integral, usando 0 método do Exemplo 39-2. Usamos @ Eq, 39-16 para definir uma nova val idvel de integragio y: L a” De acordo com a primeira dessas equagoes, os novos limi- € portanto (Resposta) (39-17) Esse resultado mostra que A? e, portanto, v3(x) fém dimen- sbes de I/comprimento. Isso € razoavel, j4 que a densidade de probabilidade da Bq. 39-12 € uma probabilidade por unidade de distancia, tes de integragao sto y, = 0 para x, = L/3. Devemos, portanto, calcular GG) Perna Podemos usar a expresso 11 do Apéndice E para ealcular essa integral, obtendo a equagaio Oe ys = wi para x probabilidade = _2[y _ sen2y\8 probabilidade = 2 _ y 020. Assim, temos: probabilidade de detecciio) _ Enoste (Penotapocanede ) = 02 Rest Em outras palavras, se examinarmos repetidamente o tergo esquerdo do pogo o elétron sera detectado, em mé- dia,em 20% das tentativas (b) Qual é probabitidade de que o elétron seja detectado no tergo médio do pogo (entre x, = Li3 ex; = 2L/3)? Raciocinio: J4 sabemos que a probabilidade de que um elétron seja detectado no terco esquerdo do pogo € 0,20. Por simetria, a probabilidade de que o elétron seja detec- tado no tergo diteito do pogo também € 0.20. Como 0 poco contém um elétron, a probabilidade de que o elétron seja detectado em algum lugar do pogo é 1. Assim, a probabi- lidade de que o elétron seja detectado no tergo central do pogoé (Protas de ese =opn nen no lergo central = 0,60. (Resposta) 39-5 | Um Elétron em um Pogo Finito ‘Um pogo de energia poten: de profundidade infinita é uma idealizagéo. A Fig 39-7 mostra um poco de energia potencial mais realista, no qual a energia poten cial do elétron do lado de fora do pogo valor finito Up, conhecido como profundi fo € infinitamente grande, mas possui um iade do pogo. A analogia entre ondas em: ‘uma corda presa nas extremidades e ondas de matéria em um pogo de potencial néo se aplica a pogos de profundidade finita, porque néo podemos mais garantir que Se — ves % ted . f 1 FIG. 39-7, Pogo de potencial iniio. A profundidade do pogo é Upe a largura é L. Como no «caso do pogo infinito da Fig. 39-2,0 movimento do elétron conlinado ocorre apenas em uma diregd0, a0 longo do eixo x. ‘onda de matéria se anula em x = Oe x = L. (Na verdade, como vamos ver.a onda de ‘matéria nao se anula,) Para determinar as fungdes de onda que descrevem os estados quanticos de um elétron no pogo finito da Fig. 39-7 devemos usar a equaco de Schrddinger, que é a equacao basica da fisica quantica. Como vimos na Seg30 38-7,n0 caso de movimentos em uma dimenso podemos usar a equagio de Schrddinger na forma da Eq. 38-15: Ly, Sam de 6 Em vez de resolver essa equacao para 0 pogo finito (a solugdo € muito trabalhosa), vamos nos limitar a fornecer os resultados para valores numéricos particulares de Uye L.A Fig. 39-8 mostra esses resultados na forma de gréficos de W(x), a densi- dade de probabilidade, para um pogo com Uy = 450eV e L = 100 pm. A densidade de probabilidade 92(x) para os trés gréficos da Fig. 39-8 satisfaz a Eq, 39-14, a equacio de normalizacaio: isso significa que as areas sob as trés curvas sao iguais a I Comparando a Fig. 39-8 para um poco finito, com a Fig. 39-6 para um poco in- finito vemos uma diferenga importante: no caso do poco finito a onda de matéria é diferente de zero do lado de fora do pogo, uma regio & qual, de acordo com a me- cdnica clissica, 0 elétron nao teria acesso, Trata-se de um fendmeno semelhante a0 efeito tainel, discutido na Secdo 38-9. Observando os gréficos de y7 da Fig. 39-8 vemos que 0 fenémeno € mais pronunciado para grandes valores do ntimero quantico n. Como a onda de matéria penetra nas paredes de um poco finito, o comprimento de onda A para um dado estado quantico é maior quando o elétron esté aprisionado em um pogo finito do que quando esta aprisionado em um pogo infinito. Assim, de acordo com a Eq. 39-3 (A = hh 2mE), a energia E de um elétron em um dado es- tado quantico é menor em um pogo finito que em um poco intinito. Este fato nos permite esbocar o diagrama de nfveis de energia de um elétron aprisionado em um pogo finito. Como exemplo, vamos esbogar o diagrama de niveis de energia do pogo finito a Fig. 39-8, que possui uma largura L = 100 pm e uma profundidade Uy = 450 eV. O diagrama de niveis de energia de um poco infinito com a mesma largura aparece ‘na Fig. 39-3. Em primeiro lugar eliminamos a parte da Fig. 39-3 que esta acima de 450 eV. Em seguida deslocamos um pouco para baixo os nfveis restantes, deslocando mais 0 nivel = 4 porque o efeito tiinel é mais pronunciado para este nivel. O re- sultado ¢ um esbogo do diagrama de niveis de energia do poco finito. O diagrama obtido resolvendo a equaco de Schrédinger aparece na Fig. 39-9, Um elétron com uma energia maior que Uy (= 450 eV) tem energia suficiente para sair do poco da Fig, 39-9, Nesse caso 0 elétron nao é confinado pelas barreiras de potencial e sta energia nao é quantizada, ou seja, nao 6 limitada a certos valores. Para atingir a parte n@o-quantizada do diagrama de niveis de energia e assim se tor- nar livre, um elétron aprisionado do pogo deve receber uma energia suficiente para que stia energia total se torne igual ou maior que 450 eV. [E - Uy 18) 395 | Um Elétan em um Pogo Frito [PSE vi a sipm FIG.39-8 Densidades de probabi- Tidade Y(x) para um elétron cont- rado em um pogo de potencial finite de profundidade Uy = 450 eV ¢ lar gura L = 100 pr Os snicos estados quiinticos que o elétzon pode ooupar Sho 0s estados n= 1,2,3 4 A Nivquantizada ao da poco y= 503 V w 106.eV a7ev FIG. 39-9 Diagrama de niveisde energia correspondente as densida- des de probabilidade da Fig 30-8, ‘Quando um elétron é confinado a esse pogo de potencial finite pode ;possuir apenas as energias corres- pondentes aos estados = 1,2,3 €4. ‘Quando a energia do eléiron € 450 eV ou mais ele deixa de estar confi- nado ¢ pode ter qualquer energia Capitulo 39 | Mais Ondas de Matéra Exemplo Um elétron est confinado no estado fundamental de um Pogo finito com U; = 450eV e L = 100 pm. (a) Qual é o maior comprimento de onda de luz capaz de libertar 0 elétron do poco de potencial por absorcao de um linico f6ton? Ee... escapar do poco de potencial, 0 elé- tron deve receber energia suficiente para entrar na parte nio-quantizada do diagrama de niveis de energia da Fig 39-9, Para isso, a energia final deve ser igual ou maior que Uy(= 450 eV). Energia de escape: O elétron se encontra inicialmente no estado fundamental, com uma energia Ey = 27 eV, As- sim, a energia minima necesséria para liberté-lo do pogo de potencial € Up ~ Ey = 450 eV — 27 eV = 423 eV. Para o elétron ser libertado por absorgao de um tinico £6- ton, o féton deve ter no minimo essa energia. De acordo com a Eq, 39-6 (hf = Ey ~ Eyina)- com a frequéncia f substituida por c/A, temos be A (6.63 x 10 J-s)(3,00 x 108 m/s) (423 eV)(,60 x 10 Pfev) = 2,94 x 10" m = 294 nm. (Resposta) Assim, comprimento de onda da luz deve ser no maximo 2,94 nm para que o elétron escape do poco de potencial. (b) O elétron, que se encontra inicialmente no estado fun- damental, pode absorver luz com um comprimento de onda A = 2,00 nm? Se a resposta for afirmativa, qual € a energia do elétron apés a absorcao? xz = t—te 1, No item (2) determinamos que uma luz com um com- primento de onda de 2,94 nm fornecia ao elétron a energia minima necesséria para que escapasse do poco de potencial 2 Estamos agora considerando uma luz com um compri- mento de onda menor, 2,00 nm, e, portanto, uma energia, maior por foton (hf = he!A). Isso significa que 0 f6ton pode absorver luz com 0 com- primento de onda dado. A absorcao de energia no so li- berta o elétron, mas faz.com que deixe o poco com uma certa energia cinética; como o elétron nao esta mais confinado, sua energia nao é quantizada e, portanto, nao existem restri¢des quanto & energia cinética. 3, Energia excedente: A energia transferida para o elétron éaenergia do f6ton: My-sy(3 * mis f= n& = GB X1O*S-3)G.00 X 108 mh a 2,00 X 10-7 m = 9.95 x 10-17} = 622 eV. De acordo com o item (a), a energia minima necesséria para libertar 0 elétron do pogo de potencial € Uy — Ey 423 eV). O resto dos 622 eV de energia absorvida é con- vertido em energia cinética, Assim, a energia cinética do elétron depois de escapar do poco é K = hf-(Uy- E) 2 eV — 423 eV = 199eV. (Resposta) 39-6 | Outras Armadilhas para Elétrons ‘Vamos discutir agora outros trés tipos de armadilhas artificiais para elétrons. Nanocristalitos Talvez.a forma mais direta de construir pogos de energia potencial em laboratério seja preparar uma amostra de um material semicondutor em forma de pé cujas par- téculas sejam pequenas (da ordem de nandmetros) ¢ de tamanho uniforme. Cada uma dessas particulas, ou nanocristalitos. se comporta como um paco de potencial para os elétrons aprisionados no seu interior. De acordo com a Eq. 39-4 (E = h'n?i8m12), podemos aumentar os valores dos niveis de energia cle um elétron aprisionado em tim poco infinito diminuindo a lar- gura L do poco. Isso também aumenta a energia dos f6tons que o elétron pode ab- sorver ¢ reduz os comprimentos de onda correspondentes, SSS 394 | Caras Amadis par Eons Esses resultados também se aplicam a pocos formados por nanocristalitos. Um nanocristalito pode absorver fétons com uma energia maior que um certo limiar E,(= hf) e, portanto, com um comprimento de onda menor que um certo limiar A, dado por 2 ch ates 39-19 “i & GHP) Ondas luminosas com um comprimento de onda maior que A, so espalhadas pelo nanocristalito, em vez de serem absorvidas. A cor que atribuimos ao nanocristalito € determinada pelos comprimentos de onda presentes na luz espalhada. Quando reduzimos o tamanho do nanoctistalito, o valor de E, aumenta, 0 valor de A, diminui e alguns comprimentos de onda que eram absorvidos passam a ser espalhados, 0 que modifica a cor do nanocristalito. Assim, por exemplo, a Fig. 39-10 mostra duas amostras do semicondutor seleneto de cédmio, ambas formadas por um PO de nanocristalitos de tamanho uniforme. A amostra de baixo espalha a luz. da extremidade vermelha do espectro. A tinica diferenga entre a amostra de baixo e€ hanho das partculas(ristalltos) amostra de cima é que 0 tamanho dos nanocristalitos é menor na amostra de cima. ue formam op, Cads cristal Por essa razio o limiar de energia E, é maior e, portanto, de acordo com 2 Eq. 39-19, Se comporta como uma armaditha olimiar de comprimento de onda A, € menor na regio do verde do espectro da luz _eletrénica. A amostra de baixo pos- visivel. Isso significa que a amostra de cima espalha tanto a luz vermelha como @ sui particulas grandes e, portanto,a amarela. Como a componente amarela tem maior luminosidade, a cor da amostra _distincia entre os niveis é pequena, € dominada pelo amarelo. A diferenca de cor entre as duas amostras € uma prova © aPenas os fétons correspondentes palpavel da quantizagao das energias dos clétrons confinados e da variacdo dessas _# Juz vermelha nfo sfo absorvidos. energias com a largura do pogo de potencial Come a luz nao absorvida € espa- 7 ——s hada, a amostra apresenta um tom avermelhado, Na amostra de cima, Pontos Quanticos ‘que possui particulas menores, a 4 distancia entre os niveis é maiore As técnicas altamente sofisticadas usadas para fabricar microcicuitos para compu- outros comprimentos de onda nio tadores podem ser usadas para construir, atomo por étomo, pocos de energia poten- Sao absorvidos.o que faz.a amostra cial que se comportam, sob varios aspectos, como dtomos artificiais. Esses pontos adquirir uma tonalidade amarela. quinticos, como so chamados, talvez venham a ser usados um dia na dtica eletrO- _ (Extvaida de Scientific American, nica e em circuitos de computadores. January 1993, p.122. Reproducida Em um desses arranjos fabrica-se um “sanduiche” no qual uma fina camada de C0” permissdo de Michael ‘material semicondutor, mostrada em roxo na Fig, 39-114, & depositada entre duas Steigerwald, Bell Labs-Lucent camadas isolantes, uma das quais é muito mais fina que a outra. Contatos metalicos _7é*/ologies) sto depositados nas duas extremidades. Os materiais sfo escolhidos de modo a asse- gurar que a energia potencial de um elétron na camada central seja menor que nas camadas isolantes, o que faz com que a camada central se comporte como um poco de energia potencial. A Fig. 39-115 é uma fotografia de um ponto quantico real: 0 Poco no qual os elétrons podem ser confinados é a regio roxa. A camada isolante inferior da Fig. 39-11a (mas nao a superior) & tao estreita que 08 el6trons podem atravessé-la por eleito trinel se uma diferenca de potencial apro- priada for aplicada as extremidades do dispositivo, Dessa forma ¢ possivel controlar FIG. 39-10 _Duas amostras de sele- neto de e”dmio, um semicondutor, que diferem apenas quanto ao ta- FIG.39-11 Um ponto quintico ou “&1omo artificial”. (a) A camada se- ‘micondutora central forma um pogo de energia potencial no qual oelé- Teeminal ton é confinado. A camada isolante Metal, 7 de baixoé suficientemente estreita para permitir que elétrons sejam. Tiss introduzidos ou retirados da camada Semi central por tunelamento quando uma conducor a ee Metal FFerminat Capitulo 39 | Mais Ondas de Matéria FIG. 39-42 Quatro estagios de ‘construgio de um curral quantico. As ondulagdes no interior do curral se devem ao confinamento dos elstrons. (Cortesia da International Business ‘Machines Corporation, Almaden Research Center) ® @ ‘0 niimero de elétrons confinados no pogo. O arranjo se comporta como um étomo artificial cujo ntimero de elétrons pode ser controlado. Os pontos quinticos podem ser fabricados em redes bidimensionais que podem muito bem vir a ser a base de um sistema de computagdo de grande velocidade e capacidade de armazenamento. Currais Quanticos ‘Quando um microscépio de tunelamento (veja a Seco 38-9) esta operando, a agu- tha exerce uma pequena forca sobre Stomos isolados que se projetam de uma su- perficie lisa. Manipulando a posicao da agulha & possivel “arrastar” os étomos ¢ deposit4-los em locais escolhidos. Usando essa técnica os cientistas do Almaden Re- search Center, da IBM, movimentaram dtomos de ferro em uma superficie de cobre até que formassem um efrculo, que recebeu © nome de eurral quiintico (Fig. 39-12). © resultado aparece na fotografia que abre este capitulo. Cada atomo de ferro do circulo esta aninhado em uma depresséo da rede cristalina do cobre, eqiidistante dos trés étomos de cobre mais proximos. © curral foi fabricado em baixa tempera- tura (cerca de 4 K) para diminuir a tendéncia dos étomos de ferro de se deslocarem aleatoriamente na superficie devido a agitacao térmica. As ondulagdes no interior do curral se devem as ondas de matéria associadas a elétrons que podem se mover na superficie do cobre, mas esto confinados pela barreira de potencial associada aos ditomos de ferro. As dimenses das ondulagdes estdo perfeitamente de acordo com as previsdes tedricas. 39-7 | Armadilhas Eletrénicas Bidimensionais e Tridimensionais | Na préxima seco vamos discutir 0 atomo de hidrogénio como um pogo de poten: cial finito tridimensional. Como preparagao para esse estudo vamos estender nossa discussiio de pocos de potencial infinitos a duas ¢ trés dimenséecs. rehearse eee ee reece EET |e | | | ) 397 | Aum Eetnicsidnenoni Tidmersonst Curral Retangular A Fig. 39-13 mostra a regio retangular a qual um elétron é confinado por uma ver- sao bidimensional da barreira de potencial da Fig. 39-2: um pogo de potencial infi- nito bidimensional de larguras L, e L,. Um pogo desse tipo & conhecido como eur ral retangular, O curral pode estar na superficie de um corpo que de alguma forma impede que o elétron se mova paralelamente ao eixo z e assim deixe a superficie. O leitor deve imaginar barreiras de potencial infinitas [como U(x) da Fig. 39-2] parale- las aos planos xz € yz, mantendo o elétron no interior do curral. A solugao da equacao de Schrédinger para o curral retangular na Fig, 39-13 mostra que, assim como a onda de matéria de um elétron confinado em um pogo unidimensional deve ser nula nas extremidades de poco, a onda de matéria de um elétron confinado em um curral bidimensional deve ser nula nas extremidades do curral nas duas dimensdes. Isso significa que a onda deve ser quantizada separada- mente ao longo do cixo x € do eixo y. Seja n, 0 ntimero quantico associado a0 eixo en, 0 mtimero quantico associado ao eixo y. Como na caso do poco de potencial unidimensional, esses ntimeros quanticos sao ntimeros inteiros positivos. A energia do elétron depende dos dois mtimeros quinticos, e € a soma da ener- gia que 0 elétron teria se estivesse confinado apenas na diregio do eixo x com a energia que teria se estivesse confinado apenas na dire¢ao do eixo y. De acordo com a Eq. 39-4, essa soma é dada por We) (te We (mB Foun = (ire + ( ( td) A excitacio de um elétron por absorgao de um féton ¢ 0 decaimento de um elé- tron por emissio de um foton obedecem &s mesmas regras que no caso unidimen- sional; diferenga ¢ que, no caso do curral bidimensional, a energia de cada estado depende de dois ntimeros quanticos (n, e n,) em vez de apenas um (n). Em geral, diferentes estados (com diferentes pares de valores de n, ¢ n,) tém energias diferen” tes Entretanto, dependendo dos valores de Le L, alguns estados com valores dife- rentes de, e 1, podem ter a mesma energia, Nesse caso dizemos que os estados so degencrados. Os pogos unidimensionais nao possuem estados degenerados. (39-20) Caixa Retangular Um elétron também pode ser confinado em um pogo de potencial infinito tridimen- sional, ou seja, em uma eaixa, Se a caixa tem a forma de um paralelepipedo retan- gulo, como na Fig. 39-14, solugio da equagdo de Schrédinger mostra que as ener- Bias possiveis do elétron so dadas por (a i, 22) am TZ 1 TE} (39-21) onde n, um terceiro ntimero quantico, associado ao cixo z. ae xemplo Um elétron ¢ confinado em um curral quadrado, que é um poco de potencial bidimensional retangular infinito (Fig. 39-13) de lado L, (a) Determine as energias dos primeiros cinco niveis cle- nics ¢ construa um diagrama de niveis de energia. FIG. 30.13 Umeurral retangular (a versio bidimensional do pogo de potencial infinito da Fig. 39-2) de di- mensbes L,¢ Ly Fa FIG.39-14 Uma caixa retangular (a versao tridimensional do pogo de potencial infinito da Fig. 39-2) de di- mensOes L,, Lye L; ME conno o cictron ests confinado em um L, poco bidimensional retangular, a energia depende de dois nuimeros quénticos,n, € n,,de acordo com a Eq. 39-20.

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