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A IMPORTÂNCIA DA MUSICALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Alessandra Batista Santos1

A MÚSICA E A EDUCAÇÃO INFANTIL


O presente artigo discorre sobre o desenvolvimento do projeto de intervenção
da disciplina de estágio na educação infantil II, na turma do jardim II da Unidade de
Educação Infantil Monte Alegre, localizada no bairro do Jurunas. Durante o estágio I
realizado na referida unidade, foram executadas algumas intervenções com as
crianças, dentre os temas que foram abordados nessas intervenções, escolhemos a
música para ser desenvolvido no estágio II. A escolha por esse tema foi o feedback
que tivemos com as crianças ao trabalharmos a atividade “caixa musical”, na qual
percebemos o quanto ao alunos ficaram entusiasmados cantando conosco,
mostrando saberem mais músicas do que o nosso repertório continha. Assim
buscamos nos aprofundar sobre o quanto a música é importante no desenvolvimento
das crianças na etapa da educação infantil.
A música está presente na vida da criança desde o ventre materno, na relação
que mãe estabelece ao cantar músicas para o bebê e na relação musical presente no
ambiente que a mãe esteja inserida. As pesquisas mostram que o feto, de 28 a 30
semanas, reage de forma coerente aos sons externos e é capaz de reconhecê-los
após o nascimento, a audição do feto processa e registra todos os sons que estão à
sua volta, incluindo os sons da mãe, em especial sua voz, e todos os sons do
cotidiano. (ILARI, 2009 apud ROMANELLI, 2015).
Muitos recém-nascidos reconhecem músicas que escutaram quando ainda
estavam na barriga da mãe, isso ocorre tanto para canções de ninar quanto para
músicas ouvidas no ambiente em que a mãe estava presente. Esse reconhecimento
vale para qualquer gênero ou estilo de música que o feto tenha ouvido. Por isso que
não existe música específica para bebês, mas músicas que sejam familiares para
aquele bebê específico.
Segundo Romanelli (2015), nos primeiros 3 anos de vida, a criança vivencia as
músicas no ambiente familiar e na Educação Infantil, e a partir do quarto ano, e

1Graduanda em Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (UFPA).


alessandrasantos22@gmail.com
durante toda a infância, as experiências entre crianças são muito ricas e significativas.
É nessa fase que elas ampliam seu repertório de canções populares tradicionais,
geralmente ligadas às brincadeiras e jogos. Compreendemos assim que, a música na
educação infantil é fundamental para contribuir na ampliação do repertório musical e
consequentemente no aprendizado.

A MUSICALIDADE E AS CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA
A linguagem musical nos permite expressar sentimentos, pensamentos,
emoções que estamos vivenciando, ou seja, a música é comunicação. A música é
parte da cultura, é uma forma de manifestação cultural da nossa sociedade. O
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil nos fala sobre essa
possibilidade que a música proporciona.
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de
expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da
organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música
está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e
comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc.
(BRASIL, 1998, p. 45).
Em seu Artigo 29, a LDB discorre que a finalidade da educação infantil é o
desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual
e social. A integração entre esses aspectos, bem como a interação social, são
possibilitados pelo música, ela é uma das formas importantes de expressão, o que
torna importante sua presença no contexto da educação, em especial na educação
infantil.
A linguagem musical é um excelente meio para o desenvolvimento da
expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de importante meio
de integração social. Porém, é frequente nos depararmos, nas classes pré-escolares,
com atividades musicais limitadas exclusivamente à reprodução de cantigas utilizadas
com finalidades apenas didáticas, como ensinar conceitos matemáticos, anunciar o
momento da história ou do lanche ou reforçar hábitos de higiene, por exemplo,
quando as mesmas deveriam ligar-se essencialmente às emoções, no sentido de
oportunizar um momento de ouvir, cantar, tocar e inventar sons e ritmos, promover
momentos para sentir a música.
A música é a ponte entre o som e o silêncio, entre o criar e o sentir. Pensar na
música como elemento que junta de forma complementar o som e o silêncio fazem
com que a criança tenha uma relação essencial com a capacidade de perceber o
mundo à sua volta, possibilitando-lhe, a partir disso, construir e produzir sua própria
história de diferentes formas. (GOHN; STAVRACAS, 2010).
Ainda segundo as autoras, a musicalização infantil permite ao aluno
desenvolver a percepção sensitiva referente aos parâmetros sonoros, como a altura,
o timbre, a intensidade e a duração, além de facilitar o controle rítmico-motor. A
música beneficia o uso da voz falada e cantada, desenvolvendo as percepções
auditiva, visual e tátil, favorecendo a concentração, a atenção, o raciocínio, a
memória, a associação, a dissociação, a codificação, a decodificação etc.,
estimulando assim o aprendizado e a criatividade em todas as áreas.
A Base Nacional Comum Curricular ratifica essa importância da música na
educação infantil quando insere nos objetivos de aprendizagem do campo de
experiência “Corpo, gestos e movimentos” e “Traços, sons, cores e formas” a música
como forma de expressão e linguagem.
“CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”
(EI03CG01) Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de
sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto
em brincadeiras, dança, teatro, música.
(EI03CG03) Criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em brincadeiras,
jogos e atividades artísticas como dança, teatro e música.
“TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”
(EI03TS01) Utilizar sons produzidos por materiais, objetos e instrumentos
musicais durante brincadeiras de faz de conta, encenações, criações
musicais, festas.
(EI03TS03) Reconhecer as qualidades do som (intensidade, duração, altura
e timbre), utilizando-as em suas produções sonoras e ao ouvir músicas e
sons. (BRASIL, 2017).
Nesses objetivos podemos observar que além do aprendizado dos parâmetros
sonoros, a utilização e confecção de instrumentos musicais, as danças, bem como os
diferentes gêneros musicais são conhecimentos importantes para a criança
desenvolver a percepção musical e o reconhecimento de si no mundo.
Assim percebemos o quanto a música na educação infantil é fundamental, vai
além das cantigas de rodas, mnemônicas, parlendas para fins didáticos, a música
quando trabalhada de forma direcionada proporciona o desenvolvimento emocional,
físico, cognitivo e favorece as interações sociais.
Entender o papel da música na Educação Infantil é possibilitar a criança a
vivência dessa prática, permitindo que o canto deixe de ser uma ação mecânica, sem
uma intencionalidade definida e passando a ser um fazer repleto de significados.
Assim, o projeto desenvolvido teve como objetivo possibilitar à criança ouvir,
perceber e discriminar eventos sonoros, fontes sonoras e produções, bem como
perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos por meio de
improvisações e interpretações musicais, explorando e identificando elementos da
música para se expressar, interagir com os outros e ampliar seu conhecimento de
mundo.
A intervenção foi desenvolvida com uma turma de 25 alunos da pré-escola,
com faixa etária entre 4 e 5 anos, no período de 18/09 a 20/11/2019, às quartas-feiras.
Aplicou-se diversas intervenções sobre musicalização como: diferenciação de fontes
sonoras, som e silêncio, intensidades do som, sons do corpo e gêneros musicais,
possibilitamos essas vivências com instrumentos musicais, canções, historinhas e
brincadeiras. Retomamos com as crianças o tema “música”, por meio da canção “loja
do Mestre André”, escolhemos essa música para abordar sobre instrumentos
musicais e sensibilizar as crianças acerca do tema das nossas intervenções neste
semestre. O que deu muito certo, pois as elas identificaram a maioria dos
instrumentos musicais apresentados na canção. A cada dia que desenvolvíamos as
intervenções a devolutiva das crianças era fantástica, conseguiam distinguir sons
grave e agudo, forte e fraco quando lhes foi apresentado sons de animais e outras
fontes sonoras a classificação de instrumentos musicais (percussão, sopro ou corda)
pode ser praticada após a exibição do vídeo “Silly Symphonies - Music Land” em que
diversos instrumentos musicais eram personagens,
As experiências de emitir variados sons por meio do corpo foi um momento
bastante divertido, instintivamente as crianças identificavam formas de se obter som
usando partes do corpo, bem como expressa-se corporalmente conforme o ritmo
musical que lhes era apresentado.
A vivência com alguns instrumentos musicais foram essenciais para o
aprendizado e sucesso das intervenções, a curiosidade e a novas descobertas no
campo musical proporcionou às crianças momentos de socialização fundamentais
para seu desenvolvimento.
Finalizou-se as intervenções construindo o instrumento musical chocalho,
momento em que as crianças ficaram bastante entusiasmadas, os chocalhos foram
construídos com elas utilizando garrafinhas de danoninho, papel colorido, EVA, arroz
ou feijão, a utilização destes últimos elementos foi para agregar aos chocalhos sons
diferentes. Com este instrumento pronto, as crianças tornaram-se percussionistas,
cantaram e dançaram ouvindo as canções que utilizamos ao longo do projeto e
utilizavam o chocalho como instrumento de percussão musical. A participação das
crianças na construção do instrumento foi essencial para o fechamento de todo o
processo de musicalidade e as contribuições dela no desenvolvimento das crianças,
elas foram sujeitos ativos durante todo projeto de intervenção e especialmente na
construção do instrumento musical.

CONCLUSÃO
As vivências proporcionadas no estágio II foram importantes tanto para as
crianças, que desenvolveram a memória, a percepção, a coordenação motora,
expressão corporal, repertório musical, conhecimentos que agregaram e contribuíram
para seu desenvolvimento como sujeito social e cultural, sendo participantes ativas
da construção de seus saberes, como para nós, pedagogos em formação
proporcionando vivências que possibilitaram experienciar de forma prática os
conhecimentos adquiridos ao longo curso, percebendo-se que a formação docente
perpassa as instâncias do conhecimento científico e metodológico, é preciso
formar-se enquanto profissional reflexivo, autônomo, capaz de compreender a
realidade em que atua e seu papel de agente transformador desta realidade.

REFERÊNCIA
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394 de 20 de
Dezembro de 1996.
_______. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. v. 3.
_______. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC. 2017.
Disponível em: < http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase > Acesso dia jun.
2019.
GOHN, Maria da Glória; STAVRACAS, Isa. O Papel da música na educação infantil.
Revista Científica Eccos, São Paulo, v. 12, n. 2, p.85-103, jul. 2010. Semestral.
Disponível em: <https://www.redalyc.org/pdf/715/71518580013.pdf>. Acesso em: 06
jul. 2019.
ROMANELLI, Guilherme Gabriel Ballande. A música em todo lugar e também na
escola. In: BÁSICA, Secretaria de Educação (Org.). Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa: A arte no ciclo de alfabetização. Brasília: Seb, 2015.
p. 48-61.

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