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DOUTRINA DO
03 ESPÍRITO SANTO
Sumário
03 u Introdução
72 u Conclusão
73 u Referências bibliográficas
q Introdução
Capítulo 1
q A pessoalidade do Espírito Santo
O Espírito Santo é revelado nas Escrituras com todos os atributos que o qua-
lificam como pessoa ou ser pessoal. Esta pessoalidade do Espírito de Deus
é muito importante para a teologia como um todo e traz implicações sobre quase
todas as suas áreas, como o aluno perceberá ainda nesta matéria.
Contudo, muitos entendem que o Espírito não é um ser pessoal e as alega-
ções que negam a pessoalidade do Espírito podem assumir diferentes formas. A Fé
Mundial Bahaí afirma que o Espírito Santo é uma energia divina. As testemunhas de
Jeová o entendem como uma energia, uma força ativa. O judaísmo postula que o
Espírito Santo é a força de Deus em atividade. O movimento Nova Era igualmente
nega sua pessoalidade, considerando-o, às vezes, como uma força psíquica. Além
desses grupos, alguns teólogos liberais também negam a pessoalidade do Espírito
Santo.
Com efeito, podemos notar como denominador comum em todos os grupos
que negam a pessoalidade do Espírito a qualificação deste ora como uma for-
ça, ora como uma energia, ora como uma força ativa do Deus bíblico. Todos, em
suma, o compreendem como uma espécie de energia impessoal.
A despeito das divergências acerca do Espírito apresentadas por alguns gru-
pos heterodoxos, é necessário um exame cuidadoso das Escrituras para encerrar a
questão. As discussões que se seguem não pretendem ser exaustivas, entretanto,
são suficientes para fundamentar os conceitos propostos por este capítulo.
P ara que um ser seja considerado pessoal, este ser precisa apresentar provas
de intelectualidade, atributos de emoção e vontade própria, e o Espírito
Santo preenche todos esses requisitos.
O texto de Romanos 8.27 nos diz que o Espírito tem mente própria enquanto
1Coríntios 2.13 relata que ele é capaz de ensinar as pessoas. Além disso, 1Coríntios
2.10,11 nos diz que o Espírito conhece e busca as coisas de Deus. Embora haja mui-
tos outros textos bíblicos que nos sirvam de evidência, estes nos bastam para mos-
trar o atributo de inteligência do Espírito.
O Espírito Santo também pode entristecer-se e amar, como nos atestam, res-
pectivamente, Efésios 4.30 e Romanos 15.30. Ambos os textos nos informam clara-
mente que o Espírito Santo tem emoções.
Por fim, o Espírito Santo distribui dons à Igreja como bem quer, como nos rela-
ta 1Coríntios 12.11. Ele também direciona as atividades dos cristãos, segundo Atos
16.6-11. Assim, a conclusão óbvia sobre ambos os textos é que o Espírito possui von-
tade própria.
Podemos ver que o Espírito Santo é revelado nas páginas das Escrituras como
um ser pessoal, detendo todos os atributos (intelecto, emoção e vontade) que o
qualificam e classificam como pessoa. Contudo, nos deteremos em um exame ain-
da mais cuidadoso sobre a pessoalidade do Espírito, identificando na Bíblia, me-
diante suas ações e interações, as evidências de sua pessoalidade.
O Espírito de Deus demonstra atitudes de uma pessoa (Jo 16.8; At 8.39; 13.2;
Rm 8.26; Gn 6.3 e Êx 31.2-6). O texto de João 16.8 nos diz que o Espírito
convence-nos do pecado, algo que somente alguém com atributos comuns aos
nossos é capaz de fazer. Por sua vez, Atos 8.39 relata uma interação muito especial
entre o Espírito e o homem, interação esta que dificilmente poderia ser explicada à
parte de uma explanação que envolva uma relação pessoal. Ainda Atos 13.2 nos
diz que o Espírito Santo comissiona e nomeia ministros para a sua obra. Uma energia,
obviamente, não comissionaria nem nomearia qualquer pessoa para uma tarefa.
Além disso, o Espírito intercede por nós (Rm 8.26). Novamente, a própria definição
de “intercessão” exclui a possibilidade de que uma força ou energia faça isso, pois
a intercessão só é possível quando um ser entende a realidade do outro, e o pré-
requisito principal de tal empatia é a inteligência. Gênesis 6.3 afirma que o Espírito
“contendia”, “discutia” com o homem. Não é necessário dizer que uma discussão só
é possível quando intelecto, emoção e vontade estão em voga. Enfim, Êxodo 31.2-6
nos mostra que o Espírito ensina e, para que haja ensino, atributos de intelecto, emo-
ção e vontade são necessários.
Muitos outros textos poderiam ser citados para mostrar atitudes ou ações de-
sempenhadas pelo Espírito Santo que o colocam na posição de ser pessoal, mas
os que fornecemos são suficientes para evidenciar sua pessoalidade e prevenir/
corrigir desvios doutrinários.
O Espírito Santo também pode ser qualificado como uma pessoa mediante a
natureza de suas interações com o ser humano (Jz 3.10; At 5.3; 10.19-21; Ef
4.30; Rm 8.14; Mt 12.31; Hb 10.29). Em Juízes 3.10 há um retrato sobre uma interação
entre o Espírito e Otniel, libertador de Israel, que evidencia uma relação de mento-
ria. Atos 5.30 mostra que se pode mentir ao Espírito, tipo de interação impossível de
ser concretizada com qualquer ser que não seja pessoal. No mesmo livro, nos versos
19-21 do capítulo 10, há também uma interação tipicamente pessoal. Efésios 4.30
nos diz que o Espírito pode ser entristecido caso o desagrademos. É claro que só é
possível desagradar quem possui intelecto para aprovar ou não nossas atitudes e
reagir emocionalmente a elas. Romanos 8.14 nos diz que os salvos são guiados pelo
Espírito de Deus e o ato de orientar implica intelecto e vontade como pré-requisitos
para quem guia. Mateus 12.31 relata uma ocasião em que uma possível blasfêmia
ocorreu contra o Espírito e, finalmente, Hebreus 10.29 nos diz que o Espírito pode
ser ultrajado, e só é ultrajado quem tem princípios morais e éticos. Uma vez que
tais princípios são possíveis somente para quem tem inteligência para concebê-los,
deduz-se que o Espírito possui intelecto.
É evidente, nesta análise, que o tipo de interação que ocorre entre o Espírito
Santo e o ser humano caracterizam uma interação pessoal na qual, é claro, somen-
te dois seres pessoais podem protagonizar.
Todos os exemplos escriturísticos brevemente analisados neste capítulo nos pro-
vam, diretamente ou por inferência, que o Espírito Santo é uma pessoa. Ele não
é um ser humano, mas é um ser pessoal, compondo, ao lado do Pai e do Filho, a
Trindade divina. Tanto seus atributos revelados na Bíblia, como suas atitudes e ca-
racterísticas de relacionamento para com a humanidade o qualificam como um
ser pessoal.
Além disso, podemos inferir sua pessoalidade a partir da unidade de Deus, tal
como a vimos na matéria Doutrina de Deus. Se Deus é um ser pessoal, uno, e, ao
mesmo tempo é um Deus Trino, então as pessoas que compõem a Trindade devem
ser pessoais, afinal, a Trindade não é uma junção de três deuses ou uma separação
da natureza de Deus em três pessoas, mas toda a natureza de Deus, juntamente
com todos os seus atributos, são igualmente plenos em cada uma das três pessoas
que compõem a unidade trinitária de Deus.
Capítulo
q A deidade do Espírito Santo
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E mbora possua todos os atributos cabíveis a um ser pessoal, o Espírito Santo
é divino e sua deidade é atestada por todas as evidências teológicas e
naturais, à semelhança das evidências que atestam a divindade do Deus Triúno,
conforme vimos na Doutrina de Deus. Contudo, neste capítulo, as análises sobre a
deidade do Espírito Santo serão concentradas na revelação escriturística.
Por meio da Bíblia, o Espírito Santo é revelado como Deus e possui, juntamente
com o Pai e o Filho, todos os atributos que o qualificam como tal. Além de seus atri-
butos exclusivos, a deidade do Espírito também pode ser verificada por evidências
relacionadas às suas obras, pelos seus títulos (estes, porém, serão estudados em
capítulo à parte) e pela sua associação análoga para com as demais pessoas da
Trindade.
A o Espírito Santo são atribuídas obras que somente Deus poderia realizar.
No Antigo Testamento, Gênesis 1.2 nos apresenta o Espírito Santo cuidando de
sua criação à semelhança de uma águia que voa por cima de seu ninho para cui-
dar de seus filhotes (veja Dt 32.11 em que o mesmo verbo “pairava” é utilizado, su-
gerindo cuidado e proteção, e lançando luz sobre a interpretação de Gênesis 1.2).
Ainda nas páginas veterotestamentárias, Jó 33.4 atesta o poder criador do Espírito
e sua cuidadosa providência para a manutenção da vida que criou. Semelhan-
temente, o texto de Salmo 104.30 evidencia a deidade do Espírito. Veja também
Ezequiel 37.9-14.
Além destes, alguns textos neotestamentários mostram com maior grau de cla-
reza os ministérios do Espírito, cabíveis unicamente a um ser divino: 2Pedro 1.21 nos
diz que o Espírito Santo é quem inspirou a Palavra de Deus; Lucas 1.35 atribui par-
ticularmente ao Espírito o milagre da encarnação do Filho; João 16.8 e 1Coríntios
2.12 afirmam que é o Espírito quem pode convencer o homem de sua condição
pecaminosa; João 3.5,6 nos relata o poder regenerador do Espírito e, novamente,
o insere no patamar da deidade; e, por fim, Romanos 8.26,27 relata o ministério de
intercessão do Espírito, e a intercessão (tal qual é relatada neste texto) é algo que
só Deus pode fazer.
Capítulo 3
q Títulos atribuídos ao Espírito Santo
“Nome” refere-se ao termo que designa uma pessoa ou objeto. No caso dos
nomes bíblicos, como vimos, além de fazerem referência à pessoa ou ao ob-
jeto, também expõem qualidades e características destes.
“Título”,
por outro lado, refere-se ao termo que rotula algo ou alguém com
base nas suas características.
Assim, tanto o nome quanto o título, para nossos propósitos, podem ser consi-
derados como essência do que quer que designe. Portanto, a primeira considera-
ção necessária ao estudo deste capítulo é que, embora as Escrituras não revelem
qualquer “nome” referente ao Espírito Santo, revelam títulos pelos quais ele é iden-
tificado, os quais funcionam como indicativos de suas qualidades com a mesma
eficácia com que os nomes do Pai e do Filho funcionam para os qualificar.
Outra consideração refere-se ao texto de Mateus 28.19. Este texto, como estu-
damos, é uma excelente referência para a identificação da Trindade em Deus e
particularmente importante é o fato de ele revelar que as três pessoas da divinda-
de compartilham um mesmo nome.
Este fato, embora significativo para a doutrina trinitária, não expõe um nome
específico pelo qual o Espírito Santo, individualmente, deva ser chamado. Se as
três pessoas compartilham um mesmo nome, não importa qual nome seja, o que
está sendo enfatizado é a unidade essencial das três, de forma que não podemos
estabelecer o referido texto como parâmetro para atribuir um nome específico ao
Espírito Santo.
Espírito de Deus
“E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre o abismo; e o Espírito
de Deus se movia sobre a face das águas.” (Gn1.2).
Espírito Santo
Espírito de adoção
Espírito da promessa
“...E m quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da ver-
dade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido,
fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” (Ef 1.13).
O texto de Joel 2.28 nos diz que Deus prometeu que derramaria seu Espírito
sobre toda a carne. O ato de “derramar” sugere abundância tanto em relação à
diversidade quanto em relação à quantidade; e o fato de Deus o derramar sobre
“toda a carne” (“carne”, neste contexto, é um hebraísmo que significa “pessoa”,
“indivíduo”) revela que Deus o fará de um modo generalizado, em contraste com
o modo que Deus o fez no Antigo Testamento, no qual poucas pessoas escolhidas
recebiam esporadicamente o Espírito para executarem tarefas extraordinárias. De
maneira radicalmente diferente, no Novo Testamento, Deus daria seu Espírito indis-
criminadamente, e o Espírito não mais visitaria os homens, mas habitaria neles con-
forme as promessas feitas.
Espírito de vida
“Espírito de Vida” é um título que revela a obra salvífica de Deus mediante sua
concessão de vida espiritual e plena aos salvos, constituindo-se em um nítido con-
traste com a morte provocada pela desobediência do homem em Gênesis 2.17.
Além de Romanos 8.2, Apocalipse 11.11 também traz este título por extenso ao
mesmo tempo em que evidencia a deidade do Espírito. Diversas passagens das Es-
crituras, porém, mesmo não trazendo o título por extenso, associam uma condição
de vida e de plenitude à proximidade do Espírito Santo (Gn 2.7; Jó33.4; Sl 104.30; Jo
6.63; Rm 8.6; Gl 6.8).
Portanto, o título “Espírito de vida” enfatiza sua graça, deidade e, mais impor-
tante, a vida inerente que ele nos propicia.
Espírito de graça
Espírito de Cristo
Consolador
“M as, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de en-
viar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de
mim” (Jo 15.26).
O Espírito Santo também é intitulado “Consolador”. Este título é muito impor-
tante porque a ele subjazem muitas implicações teológicas para o cristianismo. Pri-
meiramente, é notável o fato de este título aparecer somente no Novo Testamento,
por quatro vezes no Evangelho de João (Jo 14.16; 14.26; 15.26; 16.7). Isto denota
algumas facetas do ministério do Espírito relacionadas à salvação.
Capítulo
q Símbolos do Espírito Santo
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V imos que o Espírito de Deus revela-se, inclusive, mediante títulos, e vimos
que estes títulos são extremamente importantes para a teologia porque
mostram sua pessoalidade, deidade, atributos, além de mostrarem um pouco da
relação que ele mantém para com o Pai e o Filho, bem como para com sua obra
de criação.
Neste momento, porém, veremos sucintamente a simbologia bíblica relaciona-
da ao Espírito Santo. Tal estudo é também importante para a teologia, pois, além de
lançar luz sobre a obra e os ministérios do Espírito, contribui para a tarefa exegética
do teólogo. Contudo, cabe-nos primeiramente definir o significado de “símbolo”.
Embora esta definição, na teologia, pertença ao campo da hermenêutica, ela nos
será útil neste momento: o símbolo é um objeto físico a que se dá uma significação
abstrata, ou uma figura ou imagem que representa algo. Dessa forma, o Espírito
Santo é simbolizado nas Escrituras pelos seguintes elementos: fogo, vento (ou ar),
água, óleo (ou azeite), selo, pomba e vestimenta.
Diversas analogias podem ser traçadas entre as qualidades e ações de cada
símbolo relacionado ao Espírito. Embora a maioria delas possa ser verdadeira e pos-
sua um determinado nível de coerência, não devemos estabelecer como doutrina
qualquer comparação possível entre elas. Sendo assim, o mais sensato é que nos
atenhamos em traçar paralelos seguros (comprovados por quantidade e/ou clare-
za de referências bíblicas) entre os elementos e o Espírito.
Fogo
“E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pou-
saram sobre cada um deles” (At 2.3).
O fogo é constantemente retratado na Bíblia como símbolo da presença de
Deus e a maioria das referências que o mostram neste sentido o faz enfatizando a ab-
soluta santidade divina. Por inferência, é também possível aferir que o fogo simboliza,
paralelamente à santidade de Deus, sua formidável propriedade purificadora.
Além dessas referências, o texto de Mateus 3.11,12 pode estar traçando uma
ligação nítida entre o Espírito Santo e o fogo como seu símbolo. Tal conclusão,
no entanto, dependerá da abordagem interpretativa adotada. Se entendermos
o “fogo” de Mateus 3.11 como um símbolo do Espírito, o paralelo entre ambos es-
tará claramente traçado e o Espírito, neste caso, desempenhará no crente uma
santificação progressiva mediante sua santidade purificadora. Ao contrário, se en-
tendermos o “fogo” deste trecho como uma referência ao julgamento dos ímpios
efetuado pelo Senhor (como o contexto parece indicar), o paralelo entre o fogo
e o Espírito, nesta passagem, não pode ser considerado. Contudo, o “fogo”, ainda
neste caso, estará intimamente ligado à santidade de Deus e sua consequente in-
tolerância para com o pecado.
Vento
Água
“...M as aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede,
porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a
jorrar para a vida eterna.” (Jo 4.14).
Embora outras relações sejam possíveis, a associação simbólica da água para
com o Espírito é explicada pela capacidade da água em satisfazer quem tem sede,
bem como em nutrir e hidratar os que, por falta dela, estão morrendo. Além disso,
a água é também utilizada como símbolo de purificação e nos revela, por associa-
ção, este ministério do Espírito Santo.
A propriedade da água pela qual ela regenera e satisfaz é muito bem repre-
sentada por João em seu evangelho, de forma que o texto em destaque (Jo 4.14)
é uma excelente referência a este desempenho ministerial do Espírito Santo. Nele,
João, segundo o comentário da Bíblia de Genebra, expressa simultaneamente a
origem divina desta benção (“que eu lhe der”) e enfatiza sua abundância (“uma
fonte a jorrar”), bem como sua duração infinita (“vida eterna.”).
Outro texto do mesmo livro declara aberta e explicitamente a simbologia da
água em relação ao Espírito de Deus (Jo 7.38,39). No entanto, a relação simbólica
existente entre a água e o Espírito não é exclusiva do Novo Testamento. Antes, o
Antigo Testamento traz abundantes referências a tal relação, algumas delas, bem
conclusivas. Os textos de Isaías 44.3 e Ezequiel 36.25-27 constituem-se em ótimos
exemplos que associam a água ao dom escatológico do Espírito. O profeta Isaías
liga simbolicamente a água ao Espírito em um paralelismo esclarecedor (Is 44.3).
Ezequiel, por sua vez, em uma comparação com o ritual de purificação no qual a
água era aspergida sobre os sacerdotes ou objetos (Êx 30.17-21; Lv 14.52), relata a
obra purificadora do Espírito (Ez 36.25-27).
Considerando todas essas referências, fica claro que, nas páginas da Bíblia, a
água muitas vezes simboliza o Espírito de Cristo.
Óleo
“C omo Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude;
o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo,
porque Deus era com ele.” (At 10.38).
Selo
Pomba
“E, logo que saiu da água, viu os céus abertos e o Espírito, que, como pomba,
descia sobre ele.”. (Mc 1.10).
Embora a Bíblia tenha utilizado a pomba como um símbolo de Israel em Oseias
7.11 e 11.11 e como uma metáfora para a beleza da amada em Cântico dos Cân-
ticos, os quatro evangelhos claramente simbolizam o Espírito com a imagem da
pomba (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22 e Jo 1.32).
Vestimenta
“E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade
de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc 24.49).
As Escrituras também relacionam simbolicamente o Espírito a uma espécie de
vestimenta, e o texto em destaque (Lc 24.49) ilustra esta associação. Lucas, nesta
passagem, nos apresenta a descida do Espírito no dia de Pentecostes e enfatiza
seu ministério pelo qual ele concede aos salvos intrepidez para pregar o evangelho
(At 2.14-36; At 4.8,13,31) e lhes outorga poder para isso (Mc 16.15; At 4.8,31). Paulo,
aos Romanos, confirma o fato de que a vestimenta do Espírito nos concede os requi-
sitos necessários à pregação do evangelho (Rm 15.19). Além disso, o mesmo após-
tolo relata a intrínseca relação entre o Espírito de Deus e as Escrituras (Ef 6.17).
Capítulo
q Obras gerais do Espírito Santo
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F requentemente atribui-se ao Espírito Santo um ministério ativo e evidente
considerando sua atuação a partir do dia de Pentecostes, segundo relatado
em Atos 2.1,2. Isto se deve, principalmente, à enfática revelação neotestamentária
da Trindade, presente principalmente na fórmula batismal de Mateus 28.19 e no
modelo da bênção apostólica, como em 2Coríntios 13.13.
Todavia, o Espírito Santo, contrariamente ao senso comum, sempre esteve ati-
vo e desempenhou um ministério evidente. Sua atuação é relatada nas Escrituras
desde os primeiros versículos de Gênesis e sua interação para com a criação é
clara. É certo que muito do que se sabe a respeito do ministério do Espírito advém
ou é confirmado em textos do Novo Testamento, como sua influência na inspiração
dos autores sagrados, por exemplo. Porém, a Bíblia inteira relata o operar ativo do
Espírito de Deus.
A despeito de seu desempenho ministerial, alguns teólogos não enxergam um
vasto operar do Espírito no Antigo Testamento por não considerarem as referências
veterotestamentárias ao “Espírito” um indicativo de uma pluralidade em Deus. P.
K. Jewett, citado por Charles C. Ryrie em sua obra “Teologia básica”, por exemplo,
acredita que o Espírito Santo, no Antigo Testamento, nunca é usado para indicar
“uma pessoa distinta do Pai e do Filho”, mas sim, “a natureza divina vista como uma
energia vital”.
Contudo, embora seja verdade que a natureza trinitária de Deus não é revela-
da claramente no Antigo Testamento, duas considerações precisam ser feitas:
O Antigo Testamento pode não definir com clareza uma trindade em Deus,
mas certamente atribui características de pessoalidade ao Espírito, o que
anula a possibilidade das referências a ele evidenciarem uma “energia” em
detrimento de um ser Pessoal;
Se considerarmos a unidade e infalibilidade das Escrituras, não poderemos
ignorar as referências neotestamentárias que atribuem ao Espírito obras que
o Antigo Testamento atribuem ao Pai, como em 2Pedro 1.21.
Portanto, o desempenho ministerial do Espírito Santo sempre foi tão ativo quanto
mostram as páginas do Novo Testamento. Contudo, é certo dizer que o modo com
que o Espírito Santo trabalha, principalmente em relação à direção do homem e à
aplicação da obra salvífica de Deus em seu favor, difere drasticamente do Antigo
para o Novo Testamento. Entretanto, isto não anula a realidade de que o trabalho
do Espírito sempre foi ativo, e a totalidade das Escrituras atestam este fato.
Por fim, devemos esclarecer que este capítulo tratará das obras gerais do Espíri-
to, obras desempenhadas em ambos os testamentos, além de sua obra na criação.
Quando houver necessidade, a diferença no modus operandi do Espírito relacio-
nada ao seu trabalho antes e depois do Pentecostes será esclarecida em cada
tópico. As obras mais complexas e que requerem uma discussão mais ampla ou
detalhada serão registradas em capítulos exclusivos.
C omo foi afirmado, o Espírito Santo sempre esteve ativo. Ele participou no
planejamento da criação do homem de forma equivalente à participação
das outras duas pessoas divinas (Gn 1.26). Além disso, existem versículos que mencio-
nam, de alguma forma, uma participação especial do Espírito Santo no ato criativo
de Deus, seja na produção espontânea de vida, seja na providencial manutenção
desta vida. A criação espontânea de vida (criação de matéria nova) provavelmen-
te cessou, de maneira que o surgimento de novas vidas se dá mediante a reprodu-
ção celular. Todavia, a imanência do Espírito sob sua criação concedendo a ela a
capacidade de vida, o “fôlego de vida”, continua em pleno funcionamento.
Moisés, em seu primeiro livro, nos relata este ministério do Espírito pelo qual ele
sustenta a vida de sua criação. Ao dizer que o Espírito de Deus “pairava sobre a
face das águas” (Gn 1.2), Moisés intenta dizer que o Espírito sobrevoava por cima
de sua criação cuidando dela como uma águia sobrevoa por cima de seus filhotes
com o objetivo de cuidar deles (o mesmo verbo é usado em Deuteronômio 32.11).
O texto de Gênesis 2.7 também é considerado por alguns como uma referência à
obra criadora do Espírito uma vez que o verbo “soprar” utilizado neste trecho tam-
bém pode significar “espírito”.
Ainda no Antigo Testamento, os textos de Jó 26.13 e 27.3 podem constituir-se em
referências ao ministério do Espírito na criação, todavia, Jó 33.4 é enfático ao dizer
“O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida”. Neste texto fica
claro que ao Espírito Santo é particularmente atribuída a criação de vida. Somando-
se a isso, o termo “sopro” deste versículo pode também significar “espírito”. Dessa
forma, o Espírito não somente produz vida como a mantém, a sustém.
As Escrituras trazem ainda mais informações acerca da participação do Espírito
de Deus na criação. Como exemplo, o profeta Isaías nos informa que o Espírito es-
tava envolvido no planejamento geral do universo (Is 40.12-14).
Portanto, concluímos que o Espírito Santo participou ativamente na criação e
a sustém incessantemente doando vida a ela.
A mbos os testamentos deixam claro que o Espírito Santo foi o principal agen-
te da revelação e do registro da mensagem de Deus em sua totalidade.
Embora o texto de 2Pedro 1.21, por ser deveras conclusivo, seja frequentemente
citado para estabelecer esta obra do Espírito, existem também evidências vetero-
testamentárias que atribuem ao Espírito Santo a revelação da mensagem divina e
a inspiração para o registro desta mensagem. Tais evidências do Antigo Testamento
são igualmente conclusivas e podem manifestar-se mediante textos explícitos ou
mediante paralelos intertestamentários nos quais uma passagem do Novo Testa-
mento explica ou estende o enunciado de passagens do Antigo Testamento.
O texto de 2Samuel 23.2 é um belo e explícito exemplo da influência inspirado-
ra do Espírito. Esta passagem, mesmo contida na porção veterotestamentária das
Escrituras, nos traz duas verdades essenciais: a de que as Escrituras são realmente
inspiradas por Deus (“O Espírito do Senhor fala por mim...”) e a de que esta inspira-
ção é verbal (“...e a sua palavra está na minha língua”).
O profeta Miqueias também diz estar cheio de poder, justiça e coragem para
comunicar a mensagem de Deus a Israel e atribui esta plenitude ao Espírito que
está nele (Mq 3.8).
Afirmações diretas de Jesus que mostram que qualquer relação do Espírito com
o homem, até aquele momento, era essencialmente temporária (Jo 14.17;
15.26; 16.13).
Assim, com base nesses quatro itens, podemos verificar com segurança que a
obra do Espírito em relação ao homem difere do Antigo para o Novo Testamento.
Portanto, estabelecida como verdade esta diferença, resta-nos abordar a possibi-
lidade de o Espírito Santo, no Antigo Testamento, ter desempenhado certas obras
comumente atribuídas ao operar do Espírito no Novo Testamento, como o “conven-
cimento do pecado” e a “regeneração” (termos relatados no Evangelho de João
que descrevem aplicações da obra salvífica).
Além disso, o texto de Gênesis 6.3 parece representar um agir do Espírito es-
pecial em relação à humanidade, todavia, as conclusões acerca desta possibili-
dade irão variar de acordo com a chave interpretativa utilizada neste trecho. Se
identificarmos neste texto uma influência do Espírito no homem com a intenção de
convencê-lo de seu pecado, poderíamos afirmar uma possibilidade de um ministé-
rio veterotestamentário do Espírito neste sentido. Se, por outro lado, entendermos
este trecho como uma indicação de que Deus não proveria vida contínua àqueles
que lhe demonstrassem uma rebelde e declarada desobediência, não poderíamos
estabelecer que o Espírito Santo intentou convencer o mundo de seu pecado na
época do Antigo Testamento, mas apenas poderíamos afirmar que os injustos não
desfrutariam permanentemente da providência de vida outorgada pelo Espírito.
Como podemos ver, a conclusão abrangente e segura que podemos obter ao
analisarmos a obra do Espírito com relação à humanidade (excluindo as obras es-
treitamente ligadas à aplicação da redenção, que serão estudadas à parte), é que
o Espírito Santo nunca esteve alienado em relação à sua criatura. O Espírito de Deus
sempre agiu no homem direcionando-o e capacitando-o para o desempenho na
obra de Deus visando, cabalmente, ao estabelecimento de seu plano salvífico.
Também podemos estabelecer que, apesar da possibilidade de o Espírito Santo ter
influenciado seres humanos em áreas relacionadas à regeneração, certo é que
não havia garantia alguma da presença permanente do Espírito (sua habitação)
nas pessoas, no Antigo Testamento. Dessa forma, podemos notar que o modo com
que o Espírito Santo opera em relação ao homem, principalmente no que concerne
a ministérios específicos na aplicação da obra de redenção, difere do Antigo para
o Novo Testamento. No entanto, esta diferença reside apenas no modo de opera-
ção do Espírito do Senhor, pois ele mesmo nunca mudou e nunca mudará. O Espírito
do Senhor, como componente da Triunidade de Deus, é seguramente imutável.
Capítulo 6
q Obras especiais do Espírito Santo
A lém das obras gerais desempenhadas pelo Espírito Santo, existem certas
obras que, (I) por sua complexidade, (II) pela quantidade de implicações
em doutrinas importantes (como a da Salvação, por exemplo) e (III) pelas possibi-
lidades diferentes de conceituação e compreensão, devem ser tratadas de forma
exclusivas e detalhadas. Tais obras, cujo principal agente é o Espírito de Deus, po-
dem ser divididas ou classificadas com os seguintes nomes: “habitação do Espírito”,
“batismo com ou no Espírito”, e “plenitude do Espírito”, além da “testificação”, da
“intercessão” e “santificação”.
Primeiramente, devemos esclarecer que as obras que chamaremos de “espe-
ciais” serão assim denominadas por estarem diretamente ligadas à inauguração da
Igreja neotestamentária, ou, para alguns ramos teológicos, simplesmente “inaugu-
ração da Igreja”. Consequentemente, tais operações estão ligadas a um ministério
drasticamente distinto daquele desempenhado pelo Espírito Santo no Antigo Testa-
mento em relação aos homens. Assim, as obras do Espírito Santo abordadas neste
capítulo são de extrema importância para a Igreja de Cristo e para o ministério que
ela desempenha.
Primeiramente, para as obras que serão estudadas neste capítulo, serão con-
sideradas, distintamente, as perspectivas de ambos os sistemas teológicos mencio-
nados. Esta divisão de opiniões e interpretações doutrinárias na teologia não repre-
senta - e não deve representar - uma divisão comungante no Corpo de Cristo. Em
outras palavras, o fato de diferentes opiniões e interpretações teológicas existirem
dentro do cristianismo reflete a singularidade intelectual do ser humano e não deve
influenciar a comunhão, o amor e a unidade da Igreja de nosso Senhor.
Outra consideração a ser feita é que ambos os sistemas são considerados or-
todoxos, ou seja, alguns de seus pontos doutrinários podem ser diferentes entre si,
contudo, não extravasam a teologia resultante dos quatro primeiros concílios ecu-
mênicos da Igreja. Isso significa que, nos pontos mais importantes e carentes de
convergência, ambos os sistemas concordam entre si. Ambos reconhecem a pes-
soalidade do Espírito Santo, sua deidade, sua consubstancialidade para com o Pai
e o Filho, e sua honra, poder e atributos análogos àqueles que o Pai e o Filho pos-
suem. Enfim, nenhum dos sistemas traz consigo conceitos considerados heréticos
pela ortodoxia cristã.
Perspectiva Reformada
Perspectiva Pentecostal
Perspectiva Reformada
O Novo Testamento utiliza a frase “batizar com o Espírito” poucas vezes (Mt 3.11;
Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33; At 1.5; 11.16; 1Co 12.13). Nos evangelhos, parece mais natural
entendermos Cristo como o agente que batiza e o Espírito como o meio (lugar) em
que as pessoas são batizadas. Já em Atos e Coríntios, parece mais natural entender
o Espírito como o agente que batiza e o Corpo de Cristo, a Igreja, como o meio em
que as pessoas são batizadas.
Contudo, como diz Charles C. Ryrie, “essas distinções não são rígidas nem ime-
diatas. Tanto Cristo quanto o Espírito são agentes e tanto o Espírito quanto o Corpo
são os lugares. Cristo é o agente supremo, pois ele envia o Espírito, que é, por assim
dizer, um agente intermediário (At 2.33). [...] É mais provável que essa frase, usada
de maneira pouco frequente e aparentemente técnica, em todas as ocorrências
se referisse à mesma atividade. [...] Afirmar que existem, aqui, dois agentes é uma
ideia bíblica (com base em At 2.33) e bastante normal, considerando que as dife-
rentes pessoas da Trindade muitas vezes estão envolvidas na mesma obra. Além dis-
so, Efésios 4.5 diz que existe apenas um batismo.” Portanto, Charles C. Ryrie conclui
que o batismo no Espírito é a “obra de Cristo, por meio do ministério do Espírito, que
une as pessoas que creem à Igreja (ao Corpo de Cristo), com todos os privilégios e
responsabilidades que acompanham essa condição.”.
Perspectiva Pentecostal
A teologia pentecostal, por sua vez, considera um equívoco desassociar o ba-
tismo no Espírito de uma segunda bênção. Além disso, os pentecostais estabelecem
uma ligação intrínseca entre o batismo no Espírito e a experiência de pronunciar
línguas estranhas como uma consequência desse batismo.
Na perspectiva pentecostal acerca desta operação do Espírito Santo, as evidên-
cias bíblicas apontam para a existência de dois batismos distintos envolvendo o Espí-
rito, e não apenas um batismo. Um deles é o “batismo com (ou no) Espírito” e outro é
o “batismo pelo (ou do) Espírito”. Com efeito, no pentecostalismo, existe uma grande
diferença entre ambos, sendo que eles se tratam de dois eventos distintos, muitas ve-
zes separados por um indefinido período de tempo. Cada um destes eventos possui
seus próprios agentes, meios e consequências. Portanto, no pentecostalismo, o batis-
mo com o Espírito Santo é essencialmente distinto do batismo do Espírito Santo.
Iniciando a análise pelo batismo do Espírito, esta é uma operação cujo agente
é o Espírito Santo e o Corpo de Cristo (a Igreja) é o meio no qual as pessoas são ba-
tizadas. Este batismo é visto em textos como 1Coríntios 12.13; Gálatas 3.27 e Efésios
4.5. Em contraste, o batismo no Espírito Santo tem como agente Jesus Cristo, e o
meio em que as pessoas são batizadas é o próprio Espírito Santo. Este batismo pode
ser visto em trechos como Mateus 3.11; Marcos 1.8; Lucas 3.16; João 1.33; Atos 1.4,
entre outros.
Segundo o estudo doutrinário “O batismo no Espírito Santo”, da Bíblia de Estudo
Pentecostal, o “batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da rege-
neração, também por ele efetuada. Assim como a obra santificadora do Espírito
é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo Espírito, assim
também o batismo no Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora
do Espírito. No mesmo dia em que Jesus ressuscitou, ele assoprou sobre seus discípu-
los e disse: ‘Recebei o Espírito Santo’ (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a
nova vida estavam-lhes sendo concedidas. [...] Depois, ele lhes disse que também
deviam ser ‘revestidos de poder’ pelo Espírito Santo (Lc 24.49; cf. At 1.5,8). Portanto,
este batismo é uma experiência subsequente à regeneração”.
Em comentário teológico sobre o texto de Atos 1.4 expresso na mesma Bíblia,
o autor afirma que termos como “batismo no Espírito” e “plenitude do Espírito”, às
vezes, são usados como equivalentes nas Escrituras, e, de acordo com a visão pen-
tecostal, o batismo no Espírito Santo deve vir acompanhado com o sinal visível da
pronúncia de línguas estranhas (At 2.4; 10.45,46; 19.6).
Sobre o fenômeno dessas línguas, conhecido como glossolália (do grego
g lossais lalo ), o estudo doutrinário “O falar em línguas”, da mesma obra, afirma
que o “falar noutras línguas é uma expressão verbal inspirada, mediante a qual o
espírito do crente e o Espírito Santo se unem no louvor e/ou profecia.”
Assim, o batismo pelo Espírito Santo deve ser distinguido do batismo no Espírito.
A consequência do primeiro é o posicionamento do cristão no Corpo de Cristo, e
é experimentado por todos os cristãos. Este batismo é o que ocorre no ato da “re-
generação” ou “novo nascimento”. Por outro lado, a consequência do segundo
batismo, o batismo no Espírito, é a outorga ao crente de poder celestial para a re-
alização de grandes obras e para o eficaz testemunho e pregação (At 1.8; 2.14-41;
4.31; 6.8).
Alguns resultados do batismo no Espírito, segundo o estudo doutrinário “O batis-
mo no Espírito Santo” da Bíblia de Estudo Pentecostal, são as mensagens proféticas
e louvores (At 2.4,17; 10.46; 1Co 14.2,15), maior sensibilidade contra o pecado que
entristece o Espírito Santo, maior busca de retidão e uma percepção mais profunda
do juízo divino contra a impiedade (Jo 16.8; At 1.8), uma vida que glorifica a Jesus
Cristo (Jo 16.13,14; At 4.33), visões da parte do Espírito (At 2.17), manifestações dos
vários dons do Espírito (1Co 12.4-10) e maior desejo de orar e interceder (At 2.41,42;
3.1; 4.23-31; 6.4).
Por fim, a teologia pentecostal, embora preconize que não há na Bíblia exor-
tações à busca do batismo no Espírito pelo cristão, ou mesmo orientações meto-
dológicas sobre como o cristão pode obtê-lo, comumente propõe, baseada em
conceitos empíricos, diretrizes para o recebimento deste batismo pelos cristãos in-
teressados.
O pastor da Igreja Assembleia de Deus nos EUA e mestre em divindade pelo
Seminário Teológico de Nova Iorque, Anthony D. Palma, disse em artigo publicado
na revista “Manual do Obreiro”, conforme citado no site “Teologia Pentecostal”
(www.teologiapentecostal.com), que “os que estão em busca do batismo no Espíri-
to Santo devem ser motivados a louvar e fazer petições, porque o louvar a Deus em
seu próprio idioma frequentemente facilita a transição para o louvá-lo em outras
línguas”, e prossegue dizendo: “O candidato tem de estar disposto a entregar-se
ao que o Senhor lhe impulsionar a fazer. Embora as línguas genuínas não possam
ser autogeradas, os que as recebe tem de cooperar com o Espírito Santo, se dei-
xando levar por ele. A experiência dos discípulos no dia de Pentecostes é instrutiva,
porque Lucas disse que falaram em línguas ‘segundo o Espírito lhes concedia que
falassem’, Atos 2.4.”.
Perspectiva Reformada
está claro que o Espírito Santo, ocasionalmente, enche os cristãos de uma forma
especial por certos períodos de tempo durante a vida cristã. Está igualmente claro
que este enchimento não é um “novo batismo”, e tampouco traz o fenômeno da
glossolália como evidência de que um enchimento ocorreu ou está ocorrendo.
Portanto, a perspectiva reformada acerca da operação do Espírito pela qual ele
enche os cristãos já regenerados de uma maneira diferente e especial, traz somen-
te alguns conceitos essenciais.
Embora o Espírito Santo tenha desempenhado este ministério anteriormente
(Êx 31.3; Jz 3.10; 6.34; 11.29; Lc 1.15,41,67), a maneira como Deus enchia alguém
com seu Espírito antes de seu primeiro derramamento em Atos 2.1,2 mostrava-se
monergística, isto é, os enchimentos pré-Pentecostes são narrados como atos so-
beranos de Deus nos quais a participação humana não é requisitada em momen-
to algum. Em contraposição, como veremos, os enchimentos pós-Pentecostes,
para que ocorram, parecem requerer um envolvimento humano. Ainda assim, a
teologia reformada enfatiza que, mesmo nas operações nas quais o envolvimento
humano é requisitado, este envolvimento, por ser contrário à disposição natural-
mente corrupta do homem (Rm 5.12; 1Co 2.14), é suscitado pelo próprio Espírito
(2Co 3.18; Ef 3.16; Fp 2.13). Em última análise, portanto, o homem não merece gló-
ria alguma por ter se disposto favoravelmente aos apelos do Espírito Santo.
Textos bíblicos como o de Efésios 5.18-21 constituem-se em evidências de que
um cristão já batizado no Espírito, ou seja, já regenerado, pode, mediante algumas
condições, experimentar de maneira mais completa a união que ele já possui com
o Espírito Santo. De qualquer forma, toda e qualquer consequência destes possíveis
enchimentos relaciona-se com um envolvimento mais convicto com Cristo, com a
manifestação de um caráter semelhante ao de Cristo, com a evidência do fruto do
Espírito (Gl 5.22), e com um agudo ímpeto missionário.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos efésios, apresenta uma ordem imperativa
para que eles se deixem encher pelo Espírito (Ef 5.18-21). O tempo verbal utilizado
pelo apóstolo nesta passagem indica uma ação contínua: o enchimento de ontem
não vale para hoje assim como o de hoje não substitui o de amanhã. Portanto,
para Paulo, a busca por uma plenitude do Espírito deve ser contínua. O comentário
da Bíblia de Estudo de Genebra, sobre este trecho, diz que “o preenchimento do
Espírito não só é repetível, mas deve ser buscado continuamente. Na passagem
paralela de Colossenses 3.15-16, foi dito aos cristãos para que deixassem que a ‘paz
de Cristo’ governasse os seus corações e que permitissem que a ‘palavra de Cristo’
residisse ricamente neles”. Além disso, o texto compara alguém que está sob a influ-
ência de bebidas entorpecentes com alguém que está sob a influência do Espírito
lançando luz sobre o fato de que, quem está “embriagado” com o Espírito de Deus
é virtualmente comandado, guiado por este Espírito, falando, agindo e pensando
sob a influência do Santo.
Perspectiva Pentecostal
A teologia pentecostal não apresenta uma posição unânime em relação à na-
tureza e ao processamento da plenitude do Espírito. Embora alguns teólogos pen-
tecostais comumente concebam a plenitude do Espírito como outro termo para
indicar o batismo no Espírito Santo, outros consideram a plenitude como uma ope-
ração distinta deste batismo, porém, complementar ao mesmo. Outros, por fim,
desassociam completamente os dois termos e os concebem como indicativos de
operações totalmente distintas.
Testificação
O Espírito Santo, entre outras aplicações da graça de Deus em favor do ho-
mem, assegura ao cristão que ele é filho de Deus. Este ministério de testificação do
Espírito pode ser encontrado na carta de Paulo aos romanos, no trecho que diz: “O
mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).
Além disso, conforme Charles C. Ryrie, “sem dúvida, a testificação também é tra-
zida ao coração do cristão por meio de um entendimento crescente de algumas
coisas que o Espírito fez por ele. Por exemplo, a testificação aumentará quando
a pessoa entender o que significa ser selado com o Espírito [...] como garantia do
término da redenção (Ef 1.13,14).”
Intercessão
Outro ministério desempenhado pelo Espírito Santo é o de intercessão. Esta
obra é evidenciada nas Escrituras com clareza: “Também o Espírito, semelhante-
mente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém,
mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”
(Rm 8.26 - ARA). Dessa forma, fica claro que o motivo pelo qual necessitamos de
ajuda é a nossa fraqueza (como a palavra está no singular, depreende-se que o
termo “fraqueza” não indica determinados pecados pessoais, mas a permanência
em nós de uma natureza corrupta que só será erradicada na ressurreição). Assim,
conforme o comentário da Bíblia de Estudo de Genebra sobre Romanos 8.26, “a
dificuldade em saber como orar é uma experiência cristã universal, especialmente
em tempos de desespero e confusão. Entretanto, mesmo quando não podemos ar-
ticular nossos anseios, o Espírito nos ajuda ao interceder por nós no nosso coração,
fazendo pedidos que o Pai com certeza atenderá.”
Santificação
A santificação também é uma obra desempenhada pelo Espírito de Deus no
cristão, e é consequência direta de sua habitação no crente. O conceito de santi-
ficação, porém, inclui três aspectos.
O primeiro relaciona-se com a posição que o crente desfruta como membro do
Corpo de Cristo e, portanto, abrange todos os cristãos, independentemente de seu
nível de crescimento espiritual. Este primeiro aspecto é chamado de “santificação po-
sicional” ou “definitiva”, e pode ser visto em textos como o de 1Coríntios 1.2, no qual,
apesar de todas as práticas pecaminosas dos coríntios, Paulo os chama de “santos”.
O segundo aspecto da santificação relaciona-se à contínua e progressiva se-
paração voluntária do crente em relação ao pecado. Este aspecto é chamado
de “santificação progressiva”. Toda exortação da Bíblia para que o cristão busque
uma vida santa e separada do pecado diz respeito à santificação progressiva. Este
aspecto da santificação pode ser visto em textos como 1Pedro 1.16.
Capítulo
q Dons do Espírito Santo
7
O estudo dos dons, na paracletologia, traz as mesmas dificuldades ineren-
tes ao estudo das obras do Espírito, conforme as observamos no capítulo
anterior. Isso porque a forma como podemos conceber os dons do Espírito Santo
varia de acordo com a chave interpretativa usada nos trechos bílicos que falam
sobre estes dons, bem como no uso da “analogia da fé” (termo empregado na
hermenêutica que designa o componente central da interpretação teológica das
Escrituras) pelo intérprete. Portanto, tal como o estudo das obras do Espírito deve
abordar diferentes concepções e opiniões para que seja completo, o estudo dos
dons do Espírito deve considerar “diferentes teologias”, advindas das mesmas dife-
rentes tradições já mencionadas: a tradição Reformada e a Pentecostal.
Primeiramente, quando falamos em “dons”, diferentes sentidos desta palavra
podem estar em pauta. Podemos nos referir a “dons gerais” ou “dons naturais”,
como aqueles distribuídos por Cristo a todos os homens (1Co 4.7), independente-
mente de sua filiação a Deus. Todo ser humano, então, possui algum dom, e este
dom glorifica a Deus de forma semelhante ao que a ordem criada glorifica ao
Senhor (Sl 8.3-9; Rm 11.36; 1Co 14.12). Neste sentido, por exemplo, podemos dizer
que a obra de um músico altamente dotado, sendo ele cristão ou não, deve - ou
deveria - despertar em seus apreciadores a consciência de que “algo maior” existe
como justificativa para a magnitude de suas habilidades, para a maravilha do que
está sendo observado ou escutado.
Além desse sentido do termo “dom”, existe outro, que está relacionado espe-
cialmente aos cristãos. O uso dessa palavra no Novo Testamento aborda desde o
dom da salvação (Rm 6.23) até o dom do cuidado providencial de Deus para com
seus filhos (2Co 1.10). No entanto, certos dons são dados aos cristãos subentenden-
do sua utilização no serviço do Corpo de Cristo e visando à expansão do Reino e à
glória de Deus. Estes são os dons espirituais ou dons do Espírito.
Os dons capacitam o homem para servir tanto sua comunidade horizontal
(na área do relacionamento humano) quanto o Reino de Deus.
Agentes da distribuição
O Espírito de Deus distribui seus dons a cada um “conforme lhe apraz” (1Co 12.11).
Isto, entretanto, não impede que os cristãos desejem os melhores dons espirituais
(1Co 12.31). Estes dons são os mencionados por Paulo na primeira lista de 1Coríntios
12.28, que se caracteriza explicitamente como uma lista por ordem hierárquica de
utilidade do dom (notar os termos “primeiro”, “segundo”, “terceiro” etc.).
T odos os crentes genuínos receberam algum dom (ou alguns dons) do Espíri-
to de Deus (1Co 12.7; 1Pe 4.10). A finalidade desses dons é servir a Cristo na
obra de seu Reino (1Co 12.7,25; 14.12,26; Ef 4.11,12).
Outra verdade bíblica é o fato de que nenhum cristão possui todos os dons. A
partir do texto de 1Coríntios 12.12-27, é fácil depreender que se alguém tivesse to-
dos os dons, não necessitaria de outros cristãos.
U ma vez que os dons são “do Espírito”, é natural entender que o momento da
entrega dos dons seja o momento da regeneração (mesmo que o crente
não se dê conta instantaneamente de todos os dons que recebeu), ocasião em que
o Espírito Santo vem habitar no cristão. Entretanto, as Escrituras não esclarecem siste-
maticamente qual a circunstância exata da outorga dos dons aos crentes, de forma
que os dons podem tanto ser entregues na regeneração quanto paulatinamente,
ao longo da vida do crente e à medida que ele precisar. Fato é que os dons espiri-
tuais não podem existir em alguém antes que ele receba de Deus o Santo Espírito.
C omo vimos, o Espírito de Deus distribui seus dons a cada um “conforme lhe
apraz” (1Co 12.11). “O Espírito sabe do que o Corpo necessita e qual dom
encaixa-se melhor em cada cristão para a edificação do Corpo.” (Charles C. Ryrie).
A realidade da soberania do Espírito de Deus na distribuição de seus dons, se-
gundo o comentário da Bíblia de Estudo de Genebra sobre 1Coríntios 12.11, “pode
explicar o motivo por que o Novo Testamento não fornece listas e explicações de-
talhadas sobre os dons: eles variam bastante, de acordo com os planos de Deus
para cada situação.”.
Assim, postulados esses conceitos iniciais, é necessário ressaltar que não há
como saber se as listas de dons neotestamentárias são de caráter exaustivo. Em-
bora os dons listados nas Escrituras pareçam ser suficientes para a edificação do
Corpo de Cristo, esta questão não pode ser fechada. Além disso, como afirmamos
antes, a forma como podemos conceber os dons do Espírito Santo varia de acordo
com a chave interpretativa usada nos trechos bílicos que falam sobre esses dons, e
cada perspectiva teológica faz uso de uma chave interpretativa, de uma herme-
nêutica própria. Portanto, a maneira como uma perspectiva teológica concebe e
cataloga os dons relatados no Novo Testamento pode ser muito diferente da ma-
neira como outra teologia o faz.
Perspectiva Reformada
Acerca da atualidade dos dons, contudo, vale esclarecer que a teologia refor-
mada sempre enfatizou a soberania de Deus e, portanto, reconhece que qualquer
bênção vinda do Senhor é ministrada mediante esta soberania, não precisando en-
quadrar-se nas categorias do entendimento e da compreensão humana para que
seja outorgada aos homens. Em outras palavras, os teólogos reformados, às vezes
postulados como “céticos” pelos carismáticos, não o são de maneira nenhuma. A
teologia reformada apenas não se permite reconhecer como “dom” ou “manifesta-
ção do Espírito” qualquer experiência visível e extraordinária que ocorra com deter-
minado cristão, e cujas características não encontrem precedentes nas Escrituras.
O trecho diz o seguinte: “A Escritura ensina e a Igreja crê que, em sua soberania,
Deus pode conceder o dom de línguas à Igreja quando lhe aprouver, em qualquer
período da História. A Escritua também ensina e a Igreja crê igualmente, que uma ma-
nifestação genuína do dom de línguas deverá sempre seguir o padrão revelado pelo
próprio Deus nas Escrituras, quanto à sua natureza, seu propósito, e sua utilização.
A perspectiva reformada não propõe uma classificação rígida dos dons espi-
rituais. No entanto, os reformados veem uma distinção entre “dons revelacionais ”,
“ dons extraordinários” e o que podemos chamar de “dons diversos ”.
Essa categorização não é unânime nem pretende encerrar a opinião de de-
terminados representantes da teologia reformada. Antes, tal divisão foi descrita vi-
sando a agrupar, da maneira mais lógica possível, os dons espirituais segundo vistos
pela perspectiva reformada quanto à natureza e à atualidade de cada categoria.
Por fim, a categoria dos dons diversos comporta todo o restante dos dons do Es-
pírito Santo, que são absolutamente indispensáveis para a Igreja de todas as eras.
Os dons epirituais
Os dons de evangelismo (Ef 4.11), pastorado (Ef 4.11), ensino (Rm 12.7; 1Co 12.28;
Ef 4.12) e exortação (Rm 12.8) representam diferentes prismas da capacidade dada
por Deus para que cristãos possam guiar e orientar outros cristãos na verdade da sã
doutrina. Podem consistir em extensões do mesmo dom tanto quanto podem ser dons
diferentes. Por exemplo, é razoável assumir que um pastor tenha o dom de evange-
lizar uma vez que a mensagem do Evangelho deve ser constantemente pregada e
preservada, mesmo entre os cristãos professos (Fl 1.25-27; Cl 1.23; 3Jo 3). Também é
razoável presumir que este pastor tenha o dom de exortação, uma vez que a corre-
ção e a instrução na justiça são o cerne do ofício de um pastor (2Tm 1.13; 2.2; 3.15-17).
No entanto, esta associação não é claramente estabelecida pelas Escrituras e nada
nos impede de crer que diferentes cristãos recebam esses dons individualmente.
Os dons de serviço (1Co 12.28; Rm 12.7; Ef 4.11), misericórdia (Rm 12.8) e con-
tribuição (Rm 12.8) englobam, respectivamente, a capacidade e a volição para
servir (provavelmente este dom está ligado à diaconia, ainda que no sentido mais
amplo da palavra) a Deus e ao próximo, ao exercício do socorro e a uma especial
disposição para a contribuição financeira com a obra de Deus.
Perspectiva Pentecostal
Por causa disso, muitos pentecostais têm acrescentado vigor à sua defesa da
continuidade dos dons valendo-se do empirismo. Em outras palavras, muitos teólo-
gos pentecostais defendem a contemporaneidade dos dons espirituais com base
nas experiências. Mesmo assim, os teólogos pentecostais se esforçam para não
interpretar as Escrituras com base na experiência. Os eruditos dessa linha teológica
reconhecem declaradamente a importância vital de se interpretar a experiência a
partir da Bíblia.
Os dons espirituais
O dom da palavra de sabedoria (1Co 12.8) é descrito como “um dom de mani-
festação da sabedoria sobrenatural, pelo Espírito Santo.” (Antônio Gilberto).
O dom da fé (1Co 12.9) presente nesta lista não se refere à fé salvadora, mas
a uma fé sobrenatural, especial e aumentada, “comunicada pelo Espírito Santo,
capacitando o crente a crer em Deus para a realização de coisas extraordinárias e
milagrosas” (Bíblia de Estudo Pentecostal, estudo doutrinário “Dons espirituais para
o crente”).
Por fim, o dom de interpretação das línguas (1Co 12.10), conforme a Bíblia de
Estudo Pentecostal, consiste na “capacidade concedida pelo Espírito Santo, para
o portador deste dom compreender e transmitir o significado de uma mensagem
dada em línguas.”
Dentro da categoria dos dons de ministérios práticos, encontramos o dom de
ministério (ou ministração), o dom de ensinar, o de exortar, o de repartir, o de presi-
dir, o de exercitar misericórdia, o dom de socorro e o de governo.
O dom de ministério (Rm12.7) consiste na grande capacidade de ministrar ser-
viço material e espiritual aos que necessitam.
O dom de ensino (Rm 12.7), como o nome diz, consiste na capacidade de, tan-
to na teoria quanto na prática, ensinar, educar e treinar.
O dom de exortar (Rm 12.8), segundo a descrição de Antônio Gilberto, consiste
na capacidade de “ajudar, assistir, encorajar, animar, consolar, unir pessoas que
não se falam; admoestar.”
O dom de repartir (Rm 12.8) é a capacidade de dar generosamente, doar e
oferecer aos necessitados.
O dom de presidir (Rm 12.8) consiste na capacidade de condução, direção,
organização, liderança e orientação de pessoas ou grupos.
O dom de exercitar misericórdia (Rm 12.8) engloba a assistência (nos diversos
sentidos da palavra) aos sofredores, necessitados, carentes e fracos.
O dom de socorro (1Co 12.28) consiste na grande disposição em prestar socor-
ro de qualquer tipo a necessitados.
O dom de governos (1Co 12.28) capacita o portador a dirigir, guiar e conduzir
pessoas ou grupos, com segurança, destreza e responsabilidade.
Finalmente, a categoria dos dons na área do ministério comporta os dons de
apostolado, profecia, evangelismo, pastorado, fora os dons de doutores e mestres.
O dom de apostolado (Ef 4.11) consiste na capacitação especial de pessoas
que, cheias do Espírito Santo, são enviadas com o propósito de propagar o evange-
lho. Em um sentido geral da palavra “apóstolo”, este ministério ainda é necessário
para os nossos dias. No entanto, em referência ao tipo e extensão do ministério dos
doze apóstolos, este dom cessou (Ef 2.20). Isso faz com que os cargos eclesiásticos
de “apostolado” estabelecidos pelo grupo dos pseudo-pentecostais sejam irreais e
antibíblicos, segundo o ponto de vista pentecostal.
O dom de profeta (Ef 4.11), segundo descrito nesta categoria de dons, con-
siste na capacidade de exortar, animar, consolar e edificar pessoas ou grupos,
com base nas Escrituras Sagradas, e sob o poder do Espírito Santo. Este conceito
assemelha-se muito ao conceito de profecia conforme entendido pela teologia
reformada.
O dom de evangelista (Ef 4.11) encerra uma grande capacidade para o anún-
cio da mensagem de salvação. Frequentemente, este dom insta o cristão ao esta-
belecimento de igrejas em novas localidades.
O dom de pastor (Ef 4.11) capacita o cristão para a direção de uma congre-
gação local, para a orientação e cuidado espiritual de seus membros e para a pre-
ocupação individual para com o amadurecimento (na graça e no conhecimento)
de outros cristãos.
Concluindo, os dons de doutores ou mestres (Ef 4.11) consistem na capacidade
especial “para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, a fim de edificar o
corpo de Cristo.” (Bíblia de Estudo Pentecostal, estudo doutrinário “Dons ministeriais
para a Igreja”).
Capítulo
q O fruto do Espírito Santo
8
A habitação do Espírito Santo em alguém, sem dúvida, é acompanhada de
evidências que comprovam essa operação divina. As Escrituras deixam
claro que o ser humano irá manifestar exteriormente o que quer que o esteja im-
pulsionando. Se o seu ser estiver sendo nutrido por sua própria natureza, que é pe-
caminosa (Tt 1.15; Rm 3.10-18,23), ele manifestará em sua vida as evidências dessa
condição. Por outro lado, se o que impulsiona o seu ser é o Espírito de Deus, nada
mais lógico que essa pessoa, em sua vida, manifeste evidências desse motriz.
Embora outros textos nas Escrituras mencionem a realidade de uma evidência
visível da habitação do Espírito (Os 14.8; Mt 3.8; Jo 15.5; Fp 1.11), a passagem mais
didática que poderemos encontrar sobre o fruto do Espírito é a do apóstolo Paulo
aos gálatas. Além disso, como este trecho encontra-se em um plano discursivo de
comparação entre o “fruto do Espírito” e as “obras da carne”, a compreensão do
que consiste o fruto do Espírito depende da compreensão da natureza das obras
da carne. Diversos conceitos, inclusive teológicos, estão ligados a este trecho, e
a forma como poderemos concebê-lo trará implicações sobre a nossa paracleto-
logia. Por isso, uma breve análise exegética deste texto é de grande importância
para nossa compreensão sobre o assunto.
O referido texto de gálatas diz: “Ora, as obras da carne são conhecidas e são:
prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhan-
tes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que
não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. Mas o fruto do Espírito é:
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio” (Gl 5.19-23 - ARA).
Primeiramente, a fim de obtermos uma compreensão adequada da mensa-
gem deste trecho, será necessário identificarmos um hebraísmo (expressão linguísti-
ca peculiar ao idioma hebreu) muito utilizado por Paulo: o termo “carne”.
Paulo usava a palavra “carne” em pelo menos três sentidos diferentes: O pri-
meiro, e de caráter mais geral, se relaciona à humanidade. O segundo, de nature-
za um pouco mais específica, se refere à constituição física do ser humano, a parte
material da natureza humana. O terceiro sentido, de um tipo bem mais restrito, é o
que está em voga em Gálatas 5.19-23, e se refere à natureza humana decaída e
pecaminosa.
Uma vez que a natureza humana engloba tanto o aspecto material (corpo)
quanto o imaterial (alma ou espírito), como o estudante poderá observar na ma-
téria “Doutrina do homem”, dizer que o ser humano possui uma natureza pecami-
nosa equivale a dizer que essa pecaminosidade afeta, de igual maneira, tanto o
corpo quanto o espírito do ser humano, isto é, tanto o aspecto material quanto o
imaterial de sua constituição. Por este motivo, quando o apóstolo faz uso do termo
“carne”, ele não se refere a outro sentido que não o de “natureza pecaminosa”.
Essa conclusão é a chave para interpretarmos esse trecho da Bíblia, o que nos leva
à segunda observação exegética sobre o texto.
A perícope em análise pode ser subdividida em dois percursos temáticos: o
primeiro englobando a menção das “obras da carne” (ou as “obras de nossa na-
tureza pecaminosa”) e o segundo englobando o “fruto do Espírito”. Essa subdivisão
- não acidental - do trecho, estabelece uma comparação, um contraste entre as
evidências ou frutos de uma vida impulsionada por nossa natureza pecaminosa e
as evidências ou frutos de uma vida impulsionada pelo Espírito de Deus. Em outras
palavras, alguém que é guiado pela natureza pecaminosa evidencia em sua vida
as ações típicas dessa natureza, enquanto alguém que é guiado pelo Espírito Santo
evidencia em sua vida as ações típicas de Deus.
Isso nos permite concluir que a tendência natural do ser humano é produzir
“obras da carne”. O homem não precisa de ajuda externa para a produção de
ações inerentes à sua própria natureza. O fruto do Espírito, em contrapartida, é di-
vinamente “implantado” no homem, logo, não é resultado do esforço humano na
busca da santificação, mas resulta unicamente da ação do Espírito no cristão, que
efetua nele “tanto o querer como o realizar” (Fp 2.13).
Amor
Do grego agape , essa palavra (às vezes traduzida por “caridade”), quando
aplicada ao amor cristão como fruto do Espírito, tem “Deus por seu objeto primário,
e se expressa, em primeiro lugar, em obediência implícita aos mandamentos divinos
(Jo 14.15,21,23; 15.10; 1Jo 2.5; 5.3; 2Jo 6). A voluntariosidade, quer dizer, aquele que
age só pela sua vontade para agradar a si mesmo, é a negação do amor a Deus.
O amor cristão, quer exercido para com os irmãos, quer para com os homens em
geral, não é um impulso dos sentimentos; nunca flui com as inclinações naturais,
nem se gasta somente naqueles por quem se descobre ter um pouco de afinidade.
O amor busca o bem-estar de todos (Rm 15.2) e não faz mal a ninguém (Rm 13.8-
10); o amor busca a oportunidade de fazer o bem ‘a todos, mas principalmente
aos domésticos na fé’ (Gl 6.10).” (Dicionário Vine; comentário extraído de Notes on
Thessalonians, de Hogg e Vine).
A exposição de W. E. Vine exprime amplamente no que consiste o amor cris-
tão e, analisando as referências contidas no próprio comentário de Hogg e Vine,
podemos ver o quanto o Novo Testamento está imbuído do amor como fruto do
Espírito Santo.
O texto de Romanos 15.2 relaciona claramente o amor à edificação e ao cres-
cimento. Na mesma carta, pouco antes, o apóstolo Paulo, aludindo ao Pentateuco,
mostra a magnânima importância do amor, a ponto de nos provar que esta quali-
dade, por si só, resumia o código legal transmitido no Monte Sinai. Porém, o texto de
1Coríntios 13.1-8 nos desvenda de forma magistral a natureza do verdadeiro amor.
Este trecho nos mostra um amor perfeito, que só reside em Deus, e que podemos
vivenciar mediante uma profunda transformação de vida que só pode ser em nós
efetuada pelo próprio Deus. De uma maneira incrível, Deus escolheu para nos pro-
var que o amor verdadeiro só pode ser fruto do Espírito.
Alegria
Também traduzida por “gozo”, essa palavra vem do grego chara, que, no ori-
ginal, significa “alegria”, “delícia”, “deleite”. No Antigo e no Novo Testamento, “o
próprio Deus é a base e o objeto da ‘alegria’ do crente (por exemplo, Sl 35.9; 43.4;
Is 61.10; Lc 1.47; Rm 5.11; Fp 3.1; 4.4)”, diz W. E. Vine em seu Dicionário Vine.
Logo, exemplos desse aspecto do fruto do Espírito em cristãos podem ser extra-
ídos das próprias referências citadas por Vine. O texto de Filipenses 3.1 nos mostra
o apelo de Paulo para os cristãos Filipenses se alegrarem, tendo o Senhor como o
fundamento dessa alegria. A mesma exortação é repetida em Filipenses 4.4. O tex-
to de Romanos 15.13 é incisivo ao relacionar a alegria à confiança em Jesus. Enfim,
Filipenses 1.25, também associando a alegria à fé, nos mostra mais uma vez a natu-
reza sobrenatural da alegria, quando esta advém de Cristo.
Paz
Do grego eirene, esta palavra, como tantas outras nos idiomas semíticos, pode
trazer vários significados dependendo do contexto. No caso em questão, o melhor
entendimento possível encontra-se numa junção de duas definições apresentadas
por W. E. Vine: “[ f] as relações harmonizadas entre Deus e os homens, satisfeitas
pelo Evangelho” e “[ g] a sensação de descanso que lhe é consequente”. Por isso,
Vine continua dizendo acerca da segunda definição que “em certas passagens
esta ideia não é distinguível da letra ‘ f’ “. Assim, no caso de Gálatas 5.22, uma de-
finição que encerra o sentido de eirene de forma mais completa, seria algo assim:
sensação de descanso e satisfação produzida pelo Espírito, e oriundas de nossa,
perfeitamente restabelecida, relação com Deus.
De fato, as Escrituras nos mostram que os cristãos desfrutam de uma paz com-
pleta, inteira, cumprida (tal qual significado subjaz ao termo hebraico correspon-
dente, shalom ). O texto de Atos 10.36 nos diz que foram anunciadas aos homens
as boas notícias da paz mediante a obra expiatória de Cristo. Ideia semelhante é
expressa em Efésios 2.17. Já os textos de Mateus 10.13; João 14.27 e Romanos 8.6
nos ilustram a sensação de paz consequente da relação com Deus restaurada.
Mateus 10.13 diz que os discípulos já desfrutavam dessa paz enquanto o Cristo
habitava corporalmente entre nós. O apóstolo João, em seu evangelho, nos rela-
ta, de forma incisiva, que Jesus foi quem nos deixou esta paz de origem sobrena-
tural, e que, por causa dessa origem, a paz não está atrelada à possível harmonia
das circunstâncias externas de nossa vida (Jo 14.27). Paulo novamente faz uso de
eirene na sua carta aos romanos, dizendo que a inclinação do cristão à influência
do Espírito produz naquele a paz (Rm 8.6).
Portanto, está claro que as pessoas que, pela fé, aceitam o sacrifício substitu-
tivo de Cristo, desfrutam de uma sensação de paz cuja natureza difere muito da
paz incompleta e ilusória oriunda de circunstâncias externas. A paz produzida pela
amizade com Deus é, em contraposição, completa e verdadeira; e quanto mais o
fruto do Espírito estiver sendo amadurecido no cristão, maior será esta sensação de
paz gozada pelo crente.
Longanimidade
O substantivo “longanimidade” tem sua origem na palavra grega m
akrothumia,
que, por sua vez, é formada por duas outras palavras gregas: makros (“longo”) e
thumos (“temperamento”). Portanto, longanimidade significa “indulgência”, “cle-
mência”, “resignação”, ou, mais propriamente, “longo temperamento”. O termo
longanimidade, logo, remete à capacidade de suportar afrontas. Por isso, Vine diz
que a “longanimidade é a qualidade de autodomínio em face da provocação que
não retalia impetuosamente ou castiga prontamente; é o oposto de raiva, e está
associado com a misericórdia”.
Esta fração do fruto do Espírito pode ser observada no cristão, por exemplo, no
texto de 2 Coríntios 6.6, em que Paulo apresenta a longanimidade como uma das
qualidades a ser almejadas pelos ministros de Deus. O mesmo apóstolo, em Efésios
4.1-3, pede aos crentes de Éfeso que ajam de forma coerente com sua salvação e
apresenta a longanimidade como uma das qualidades que evidencia a condição
de uma pessoa que foi alcançada pelo Evangelho, instando os efésios a cultivá-la.
Um discurso semelhante foi apresentado aos colossenses no qual Paulo pede para
que eles, por serem salvos em Cristo, caminhem de acordo com essa condição,
revestindo-se de – entre outras qualidades –longanimidade (Cl 3.12).
Por fim, podemos notar este aspecto do fruto do Espírito no próprio apóstolo
Paulo, quando ele relata que Timóteo estava testemunhando de perto a sua longa-
nimidade (2Tm 3.10).
Benignidade
Do grego chrestotes, esta palavra significa “bondade de coração”, “generosi-
dade”, “afabilidade”. Vine acrescenta que este termo significa “não meramente a
bondade ou benignidade como qualidade, antes, é a bondade ou benignidade em
ação, a bondade ou benignidade que se expressa em atos” (Notes on Galatians, de
Hogg e Vine, citado no Dicionário Vine).
Esta qualidade do fruto do Espírito aparece nos textos do Novo Testamento,
em alguns casos, traduzido simplesmente como “bondade”. Paulo, em 2Coríntios
6.6, nos apresenta a benignidade como uma das qualidades requisitadas para o
pastorado “recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita
paciência, nas aflições [...], na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade”
(o termo aqui é chrestotes). O mesmo apóstolo insta os cristãos de Colossos a re-
vestirem-se de bondade, dentre outras qualidades: “Revesti-vos, pois, como eleitos
de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade” (o termo
aqui, novamente, é chrestotes – Cl 3.12).
Portanto, a benignidade, como fruto do Espírito, reflete a amabilidade servil de
Cristo e revela esta faceta do caráter divino.
Bondade
Esta palavra aparece originalmente em Gálatas 5.22 como agathõsune. Embora
as diferenças conceituais entre benignidade e bondade (chrestotes e a gathõsune)
não aparentem ser grandes, alguns exegetas distinguem os significados de ambos
os termos. Vine, mostrando a opinião de Trench, diz que chrestotes “descreve os
aspectos mais benevolentes da ‘bondade’, o último (agathõsune) inclui também
as qualidades mais rígidas, pelas quais fazer o ‘bem’ aos outros não significa neces-
sariamente fazer por meios gentis” (Dicionário Vine). Trazendo a opinião de outro
exegeta, Vine diz que “Lightfoot considera o termo chrestotes uma disposição be-
nevolente para com outros; e o termo agathõsune, uma atividade gentil em defesa
deles” (Dicionário Vine).
Existem ainda outras opiniões a respeito das diferenças entre chrestotes e
a
gathõsune, contudo, o exame filológico aprofundado não é nosso objeto nessa
disciplina. Para fins práticos, podemos, sem erro, aceitar o substantivo “bondade”
de Gálatas 5.22 como sendo uma qualidade moral semelhante à benignidade, po-
rém, com uma ideia de “justiça” que pode estar embutida no termo.
O Novo Testamento nos traz exemplos dessa palavra como resultado da in-
fluência do Espírito Santo no cristão. Em Romanos 15.14, Paulo testemunha que os
crentes da igreja em Roma estavam “possuídos de bondade”. Além disso, num dis-
curso semelhante ao de Gálatas 5.22, o mesmo apóstolo, aos crentes de Éfeso, diz
que “o fruto da luz consiste em toda bondade” (Ef 5.9).
Fidelidade
Do grego pistis , esta palavra pode ser primariamente traduzida como “persu-
asão firme” e, no Novo Testamento, sempre está ligada a Deus, Jesus, ou às coisas
espirituais. Vine esclarece que pistis “é usada com referência: ( a ) à confiança; ( b ) à
fidedignidade, fidelidade, lealdade; ( c) por metonímia, ao que é crido, o conteúdo
da crença, a ‘fé’; (d ) à base para a ‘fé’, à garantia, à certeza; (e) a um penhor de
fidelidade, fé empenhada.” ( Dicionário Vine ). Uma vez que, no caso de Gálatas
5.22, o contexto parece indicar o sentido de “fidelidade” para esta palavra grega,
a versão Almeida Revista e Atualizada (ARA) optou, propriamente, por traduzir pistis
por fidelidade.
Embora todo ser humano seja capaz de, em alguns níveis, ser fiel, a fidelidade
como fruto do Espírito é caracterizada pela capacidade do cristão em ser fiel a
algo ou alguém de forma altruísta. Em outras palavras, a fidelidade no cristão como
reflexo da fidelidade Deus, constitui-se em um tipo de fidelidade incondicional.
O Senhor Jesus, dirigindo-se aos escribas e fariseus, disse que os preceitos mais
importantes da Lei, e justamente os que estavam sendo por eles ignorados, são a
justiça, a misericórdia e a fé (pistis no sentido de lealdade – Mt 23.23). A Tito, Pau-
lo pede que oriente os cristãos escravos a darem, em coesão com a vontade de
Deus, prova de sua fidelidade, não furtando os seus senhores. O texto de 1Coríntios
4.2 traz uma explícita declaração acerca da fidelidade ao Senhor que é requerida
dos ministros do Evangelho. Por fim, Paulo pede a seu amigo Timóteo que só trans-
mita os ensinamentos e a doutrina recebida a cristãos fiéis (2Tm 2.2).
Mansidão
A palavra “mansidão” vem do grego praütes, cuja tradução, se realizada em
uma palavra, não pode esgotar o significado do termo original. Vine nos esclarece
que seu uso nas Escrituras traz um significado bem mais extenso que quando usado
no grego secular: praütes. Na Bíblia, mansidão “não consiste só no ‘comportamen-
to exterior da pessoa; nem ainda em suas relações para com o próximo; tampouco
na sua mera disposição natural. Antes é uma entretecida graça da alma; e cujos
exercícios são primeira e primariamente para com Deus.’” (Dicionário Vine).
Domínio Próprio
Esta qualidade trazida a nós pelo Espírito de Deus vem do grego enkrateia.
Acerca de sua definição, Vine diz que o termo “autocontrole” é uma tradução pre-
ferível à “temperança”, “visto que a ‘temperança’ está limitada a [apenas] uma
forma de autocontrole”, e prossegue dizendo que “as várias capacidades concedi-
das por Deus ao homem são passíveis de abuso; o uso correto delas exige o poder
controlador da vontade sob a operação do Espírito de Deus” (Dicionário Vine).
Quadro filológico
pistis Fé Fidelidade
q Conclusão
q Referências bibliográficas
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