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Química Industrial – Indústrias Químicas

Processo de produção da acetona e do fenol a partir do cumeno


Processo de Hock

Elaborado por:
E10864 - Daniel Oliveira
M11750 - João Medeiros
Alexandre Filipe

Docentes: Prof. Dr. Rogério Simões

Covilhã, 2021
1.Introdução

A 2-propanona, mais conhecida como acetona, possui fórmula molecular CH 3COCH3,


seu peso molecular é de 58,08 g/mol, possui ponto de fusão -94°C e ponto de ebulição 56,5°C.
A densidade é de 0,788 kg/L avaliada na temperatura ambiente de 25°C sendo menor do que a
da água. Apresentada como um líquido incolor, inflamável, volátil, com odor característico e
miscível com água, álcoois de baixo peso molecular éter e muitos óleos (O’N EIL, M. J., 2006).

Figura 1- Estrutura molecular da acetona

Este composto tem uma vasta aplicabilidade industrial, como intermediário e solvente
na produção química. Como solvente é utilizada para revestimentos de acetato de celulose,
vernizes, tintas, resinas e cosméticos (Neamah, 2017). Na indústria alimentar é utilizada como
solvente de extração para gorduras e óleos e como agente de precipitação de açúcar. Mas a
sua maior utilização é na produção de metacrilato de metilo, ácido metacrílico, metacrilatos
superiores, bisfenol A, metil- cetona-isobutil, em produtos farmacêuticos e acetato de celulose
(O’NEIL, M. J., 2006).

1.1 Cumeno

O isopropilbenzeno mais conhecido como cumeno, é um hidrocarboneto aromático de


fórmula C₉H₁₂. É um constituinte do óleo bruto e de combustíveis refinados. Apresentado
como um líquido incolor inflamável cujo ponto de ebulição é de 152.5 °C.

Este composto não é encontrado na forma “bruta”, ele é derivado da rota de


alquilação do benzeno com o propeno na presença de um catalisador ácido.

Figura 2- Reação de formação do cumeno


O cumeno foi um composto de suma importância durante a segunda guerra mundial
(1939-1945), pois era utilizado na produção de combustíveis de aeronaves. O que o tornava
tão valioso é que a combinação de um anel benzênico com uma parafina leve, formava uma
estrutura com um elevado nível de octanagem a um custo relativamente baixo. Atualmente é
um dos principais componentes da produção da acetona.

1.2 Hidroperóxido de cumeno

O processo de oxidação do cumeno dá origem ao hidroperóxido de cumeno (CHP).


Este composto é um intermediário hidroperóxido orgânico no processo de cumeno para
sintetizar fenol e acetona a partir de benzeno e propeno.

Figura 3-Reação de formação do Hidroperóxido de cumeno

Após a segunda guerra mundial, o que se intensificou foi a produção do hidroperóxido


de cumeno (CHP), onde ele era utilizado como catalisador num processo de polimerização de
butadieno com estireno para a produção de borracha sintética.

Foi por acaso que alguém descobriu que o hidroperóxido de cumeno com ácido fosfórico
resultava na formação de fenol e acetona (BURDICK e LEFFLER, 2001).

Em 1989, cerca de 95% da demanda global de cumeno já era usada como intermediário
para a produção de fenol e acetona (SCHMIDT, 2005).
1.1 Destilação

A destilação é uma técnica amplamente utilizada em análises químicas para caracterizar


materiais, estabelecer um índice de pureza e separar os componentes selecionados de uma
matriz complexa. A técnica é mais amplamente utilizada em preparativos químicos e em toda a
indústria de manufatura como um meio de purificar produtos e intermediários químicos. 

Destilação é o processo que ocorre quando uma amostra de líquido é volatilizada para
produzir um vapor que é subsequentemente condensado em um líquido mais rico no
composto mais volátil dos componentes da amostra original. O processo
de volatilização geralmente envolve aquecimento do líquido, mas também pode ser alcançado
reduzindo a pressão ou por uma combinação de ambos.

Este processo tem como característica que os componentes para serem destilados tem
de estar em equilíbrio Líquido-Vapor. Isto é, duas (ou mais) fases estão em equilíbrio, quando
não existe transferência efetiva de massa e de calor entre as duas fases, ou seja, quando a
transferência de massa de uma fase para a outra é exatamente igual à transferência no sentido
oposto. Para que haja equilíbrio entre as duas (ou mais) fases, é necessário que sejam
verificadas condições de equilíbrio de três tipos térmico, mecânico e termodinâmico.

Equilíbrio térmico:

Pressupõe que não há fluxos de calor entre as fases e, portanto, as temperaturas das
duas fases são iguais: TVapor = TLiquído

Equilíbrio mecânico:

Pressupõe que existe um balanço de forças entre o líquido e o vapor, o que determina
que as pressões são iguais nas duas fases: PVapor = PLíquido.

Equilíbrio termodinâmico:

Pressupõe que a quantidade do componente que é vaporizada por unidade de tempo


é igual à quantidade que condensa. Esta igualdade significa que não há variações na
composição dos componentes da mistura em ambas as fases, que estão à mesma pressão e
temperatura: V (P, T, y) = L (P, T, x). Onde y= fração molar no vapor e x= fração molar no
líquido e V e L correspondem a estado de vapor e líquido respetivamente.

Existem vários tipos e métodos de destilação, onde cada um é escolhido devido as


características dos compostos que serão destilados. São elas, a destilação simples, fracionada,
a vácuo, por arraste de vapor dentre outras. Neste trabalho iremos abordar a destilação
fracionada.

1.3 Oxidação

Nesta primeira fase do processo, tanto o cumeno fresco como o cumeno reciclado
(originado de outras fases do processo) são bombeados para um tanque de oxidação. O
oxigênio necessário nessa fase é tirado diretamente da atmosfera, porém, primeiro esse ar é
filtrado e comprimido. O calor libertado nessa reação de oxidação pode ser usado para ajustar
a temperatura do cumeno (que entra no tanque frio) ou, em unidades produtivas maiores,
esse calor pode ser usado na fase de concentração para vaporizar o cumeno. A oxidação de
cumeno a hidroperóxido de cumeno (HPC) trata-se da reação chave de um processo industrial
de produção de fenol.

Após a reação, o ar que não reagiu é passado por um condensador, com intuito de
separar hidrocarbonetos e cumeno do ar para que, assim, esse possa ser devolvido à
atmosfera, enquanto o cumeno pode ser reciclado. Finalmente, irá formar-se o hidroperóxido
de cumeno (HPC).

  

  O HPC é um composto muito instável e reativo (assim como a maior parte dos
peróxidos orgânicos). Logo, normalmente a quantidade que reage é em torno de 35% presente
no tanque, para evitar que ocorra uma explosão. Com essa conversão menor, a concentração
do HPC no tanque de oxidação não será tão alta nem libertará tanto calor, evitando, assim, a
decomposição prematura do peróxido, além de se obter uma maior seletividade na formação
do HPC. O cumeno que não reagiu tem de ser separado e reciclado, contribuindo para o
aumento dos custos finais.

A reação de oxidação do cumeno é exotérmica e possui um calor de reação igual a -


117 kJ/mol, com a libertação desta energia, a temperatura no reator irá variar entre 90 e
130oC e a sua pressão de 1 a 10 atm.
1.4 Reator
O reator em questão é um tanque de oxidação em que o oxigénio fornecido é retirado
diretamente da atmosfera, no entanto, esse ar é primeiro filtrado e comprimido. A reação que
ocorre é exotérmica e, portanto, existe libertação de calor, este calor é aproveitado para
aquecer o cumeno, visto que este entra no tanque frio e eventualmente até reaproveitado
para a fase de vaporização do cumeno.

O reator não é adiabático, visto que com um processo exotérmico existe libertação e
calor, este calor tem que ser libertado para evitar o aumento excessivo de temperatura,
existem variações até aos 130oC por norma e mais que isso seria de facto prejudicial visto que
os pontos de ebulição tanto do cumeno como do hidroperóxido de cumeno se situam muito
próximo dos 150oC.

Proposta do trabalho
Neste trabalho iremos analisar o reator antecedente à destilação do HPC, o processo
da oxidação do cumeno:

A oxidação do cumeno dá-se através de um mecanismo de radicais livres que é


essencialmente auto-catalizado pelo Hidroperóxido de Cumeno.

Aumentos na concentração de Hidroperóxido de Cumeno e da temperatura resultam


num aumento da produção de subprodutos, alguns dos quais inibem o ritmo da reação.
Esta reação liberta 27,7 kcal/mol em fase líquida a 25ºC.

O oxigénio necessário é obtido diretamente do ar e a reação é realizada num ambiente


alcalino.

Soda cáustica (NaOH) é utilizada para controlar o pH da reação e é adicionado


continuamente em solução aquosa a 5 wt%. No entanto com a adição de soda cáustica existe a
possibilidade de formação de sais de sódio por reações entre o Hidroperóxido de sódio e da
soda cáustica.

A velocidade da reação aumenta com a temperatura e com a concentração de HPC no


processo de iniciação, no entanto, isto leva à produção de subprodutos, portanto é necessário
um equilíbrio em que o ritmo da reação é aceitável e a produção de subprodutos é mínima.

O fluxo de saída do quarto reator de oxidação tem uma concentração de HPC de cerca
de 30% e é concentrado ao fazê-lo atravessar um “preflash” (processo que usa a volatilidade
dos diferentes compostos para remover o ou os indesejados de forma a concentrar o
desejado) e três filmes de evaporadores de vácuo. Depois disto, a corrente tem uma
concentração de HPC de cerca de 80%.

Os valores utilizados como referência neste trabalho foram referentes à CEPSA


Química que é a maior produtora de cumeno a nível mundial, especificamente à sua filial em
Palos de la Frontera em Espanha. De acordo com os dados fornecidos pela CEPSA Química,
anualmente produzem 1 360 000 toneladas de cumeno.

Os dados referidos anteriormente e os apresentados nos cálculos seguintes são valores


reais obtidos do processo realizado a nível industrial na CEPSA QUÍMICA:

Condições do reator de oxidação de cumeno:

T = 93ºC

Seletividade a CHP = 91 %

C 9 H 12 +O 2 → C9 H 12 O2

Assumindo como base de cálculo 1 tonelada de cumeno fresco no processo de


oxidação de cumeno, temos que:

mcumeno=1000 kg

MM cumeno =120,2 g/mol


1000000
n cumeno= =8319,5 mol
120,2

Temos uma proporção de 1 para 1 entre o cumeno e o oxigénio, sabemos que o ar é


obtido diretamente da atmosfera sendo assim o oxigénio um composto em excesso, portanto:

nO =8319,5 mol
2

Numa proporção de 1 para 1 entre cumeno e HPC, o número de moles obtidos da


reação seria direto, 8319,5 no entanto, como referido, isso não é possível devido à
possibilidade de uma reação violenta por parte do HPC e da formação de subprodutos
indesejados, temos assim (no caso real da CEPSA Química) uma saída de cerca de 30% de HPC
na corrente 7:

6 7
Oxidação do cumeno
T=93ºC

30% HPC

Aplicando a percentagem observada, temos que:

8314,5 ∙ 0,3=2494,4 mol HPC

6 (mol) 7 (mol)
C9H12 8319,5 mol 5820,1
O2 8319,5 mol 5820,1
C9H12O2 - 2494,4

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