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Protocolo: 16000.142221/2021-27
RECURSO ADMINISTRATIVO
em razão da decisão administrativa proferida em 26.11.2021, que indeferiu o
pedido de isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), com fulcro no art. 9° da
IN RFB nº 1.769, de 18 de dezembro de 2017.
Art. 2o A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI de que trata o art.
1o desta Lei somente poderá ser utilizada uma vez, salvo se o veículo tiver sido adquirido
há mais de 2 (dois) anos. (g.n.)
O amparo legal usado para indeferimento do benefício fiscal pleiteado, qual seja, o
§ único, do art. 2º, fora inserido na Lei 8.989/95, pela Lei 14.183/2021, publicada no último
dia 15/07/2021, ou seja, quase 2 anos após a compra do veículo pela recorrente, motivo pelo
qual não lhe pode ser imputada a nova regra mais gravosa.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no inciso IV do caput do art. 1º desta Lei, o prazo
de que trata o caput deste artigo fica ampliado para 3 (três) anos.
A regra geral é que a lei tributária deve reger o futuro, sem se estender a fatos
ocorridos anteriormente ao início de sua entrada em vigor. Isso porque, só há legitimidade da
norma se o contribuinte conhece de antemão a sua obrigação e os elementos do tributo.
O princípio da anterioridade tributária, inserido no art. 150, III, “b” e “c”, dispõe
sobre um intervalo mínimo que deve ser observado entre a data de publicação da lei
instituidora ou majoradora e a data de cobrança do tributo.
A ideia também segue para as isenções, ainda que não prevista expressamente, já
que a anterioridade busca proteger o contribuinte contra as surpresas que agravem a carga
tributária a que está submetido. Assim, se estivermos diante de uma redução da carga
tributária do sujeito passivo, não há que se falar em anterioridade. De outro lado, se a isenção
é revogada ou reduzida, seus efeitos devem operar somente no exercício financeiro seguinte.
A revogação de uma lei que concede isenção equivale à criação de tributo. Por isso deve
ser observado o princípio da anterioridade da lei, assegurado pelo art. 150, inciso III, letra
“b”, da Constituição Federal (...) a irrevogabilidade da isenção passou a depender dos dois
requisitos, isto é, de ser por prazo certo e em função de determinada condições.
Ainda o art. 104, III, do CTN, prevê que entram em vigor no primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a
impostos sobre o patrimônio ou a renda que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei
dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.
Ou seja, a redação dada pelo parágrafo único, do art. 2ª, da Lei 8.989,
anteriormente transcrito, limita a utilização do benefício fiscal então permitido, promovendo,
em consequência, um aumento indireto do tributo. Nesse sentido o entendimento
jurisprudencial, abaixo, enquanto vigorou a redação do referido artigo dada pela MP
1.034/21, posteriormente convertida na Lei 14.183/21: