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1. Introdução
Para o gerenciamento de um curso dàgua é necessário conhecer seu
comportamento hidrológico, todavia, esse comportamento é aleatório e
dependente de muitas variavéis. Portanto são utilizadas estimativas que
dependem de amostras confiáveis e representativas(Reis, et al, 2008)

Sendo assim, este trabalho apresenta uma aplicação do modelo de probabilidade


Q7 à séries históricas de vazões mínimas anuais das médias de 7 dias
consecutivos, para a estação fluviométrica de Pedras de Maria da Cruz, do Rio
São Francisco e ainda foram analizadas as vazão específicas, vazões máximas e
mínimas de referencia anual, assim como vazões médias mesais, trimestrias e
semestrais.Os objetivos desse trabalho tem como base a estimativa da
disponibilidade hídrica, visto que a utilização dos modelos probabilisticos à séries
históricas são fundamentados nas vazões de referência.

2. Objetivos
Analisar o regime hídrico a partir de dados coletados das séries hitóricas de um
estação fluviométrica, retirada do site da ANA e utilizando ferramentas
computacionais para cálculos específicos

3. Metodologia
Primeiramento, foi escolhido uma estação fluviométrica, no site da ANA – Agência
Nacional de Águas, que apresentasse séries historicas das vazões de no mínimo
25 anos completos. Pedras de Maria da Cruz é uma das estações do Rio São
Francisco e suas informações espaciais estão contidas na Tabela 1.

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Tabela 1: Informações referentes à localização da estação Pedras de Maria da Cruz (ANA,2009)

Figura 1: Localização geográfica da estação fluviométrica

Para a realização do estudo, foram utilizados dados fluviométricos, pertencentes


às redes da Agência Nacional de Águas (ANA) e referentes aos anos de 1974 à
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2005. Após a obtenção dos dados foram elaborados gráficos para a análise das
vazões.

Indicador de vazão média – a vazão específica

Segundo Tucci(2002), a vazão específica usualmente se expressa como um


indicador estável, sendo aproximadamente constante para as estações
fluviométrocas que não apresentam grandes variação de área. Para as bacias que
apresentam áreas de drenagem muito diferentes, a relação entre vazão média e
área pode deixar de ser linear.

Qesp = QA [lsKm2]

Indicadores de Vazões mínimas

Foi utilizado o Q7 (vazão mínima para 7 dias consecutivos) , que envolveu a


seguinte expressão.

Qjan1 + Qjan2 + ... + Qjan7


7
Q7 = Qjan2 + Qjan3 + ... + Qjan8
7
Qdez31 + Qjan1´ + ... + Qjan6´
7
Periodicidade de vazões médias

Por meio de analise gráfico foi analizado se existe periodicidade e tendencia da


vazão média mensal em todos os anos com a vazão média do mês,
representando as vazões referentes ao meses do ano, de janeiro à dezembro. Um
procedimento análogo foi realizado para médias trimestrais e semestrais.

Outras considerações

Foram ainda analisados os anos que apresentaram as maiores e menores vazões,


tanto absoluta como em média das vazões máximas e mínimas.

4. Resultados e discussão
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A tabela 2 apresenta as Vazões Máximas, mínimas e médias anuais do anos


entre 1974 e 2005, sendo que os anos de 1979, 1989 e 2001 não apresentam
dados completos e ainda o ano de 1992 apresentavam um vazão mínima
negativa, por esses motivos, estes anos foram excluido da análise.O ano que
apresenta a Maior vazão é o ano de 1983 enquanto 1975 apresenta a menor
vazão mínima.

Tabela 2: Vazões máximas, mínimas e médias anuais em m3 / s


Ano Máxima Mínima Média
1974 5427,75 1946 1821,477
1975 5137,5 667,5 1563,213
1976 4610 702,5 1412,679
1977 6262,5 1238,75 1664,638
1978 6591,25 1043,5 2425,657
1980 9295,8 1153,5 3049,808
1981 6522,5 921,5 2594,253
1982 9893,2 1043,5 2972,734
1983 10683,8 1176,25 3934,285
1984 6201,25 902,5 1802,626
1985 9052,7 888,25 2452,094
1986 7958 1110 2137,623
1987 5500 935 1681,841
1988 4535 975 1687,361
1990 8066 846 1473,907
1991 6380,5 999 2070,729
1993 6380,5 818 1893,517
1994 6726 867,5 2154,787
1995 4587,5 858,528 1556,198
1996 4672,25 834,8828 1479,544
1997 5698 1065,237 2152,053
1998 4327,5 881,8524 1686,494
1999 4984 822,9719 1505,699
2000 5073 934,6893 1954,957
2002 5094,5 679,0323 1552,617
2003 5094,5 740,5312 1589,617
2004 5696,25 821,7787 2089,517
2005 6550 813,5971 2347,234
O gráfico 1 apresenta as variações anuais das vazões máximas, mínimas e
médias, observa-se qua as vazões mínimas apresentaram pouca variação de ano
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em ano, enquanto as vazões máximas variaram bastante. Sendo assim, é bem


evidente que as vazões médias acompanhariam as vazões maxímas.

Gráfico 1: Variação das vazões máximas, médias e mínimas.


O Gráfico 2 representa as médias mensais de todos os meses analisados.Desde
janeiro de 1974 até dezembro de 2005, lembrando que alguns anos não estam
sendo analisados devido à falta de dados

Gráfico 2: Vazão médias Mensal de todos os meses entre 1974 e 2005


Em ambos os gráficos, nota-se que há uma diminuição nas vazões máximas e
médias do rio se comparar esta com a década de 80. Isso pode ser um reflexo da
captação de água do rio, para abastecimento e utilização na agricultura.Abserva-
se também no gráfico 2 que há um espaçamento entre algunas pontos, isso é
devido aos anos não analisados, que contribuiram para a distribuição espacial do
gráfico, embora seus pontos não fossem plotados.

Analisando as vazões médias em decorrência dos meses do ano, o gráfico 3


apresenta um boa visão geral do regime hídrico anual desse rio.

Gráfico 3: Gráfico em barras da vazão média mês.


Observando o regime hídrico deste rio, tem-se que período de seca é entre Julho
e Outubro e o período de cheia é entre Novembro e Março.Pode-se caracterizar
os meses de Abril, Maio e Junho como período de transição, pois embora não
vazão tão baixas característica do período de seca, também não apresenta vazão
tão alta para estarem no período de cheia.

Os Gráficos 4 e 5 apresentam as vazões médias trimestrais e semestras,


respectivamente.

Gráfico 4: Vazões Médias trimestrais

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Gráfico 5: Médias tremestrais


Analisando o gráfico 5, tem-se que o primeiro e o quarto trimestre possuem as
maiores vazões médias, isso justifica o gráfico 5, em que a vazão média entre
Outubro e Março seja maior do que em qualquer outro intervalo.

A tabela 3 apresenta os valores do Q7 em cada ano, e partir dela é possivel


montar o gráfico 6.Vale ressalta que o mês de Setembro de 1975 possui o menor
Q7.
Tabela 3: Valores do Q7
Q7(m3/
Ano Mês s)
817,57
1974
agosto 14
684,14
1975
setembro 29
733,03
1976
maio 57
770,28
1977
agosto 57
1978 setembro 1065,5
1189,4
1980
setembro 29
940,70
1981
setembro 83
1224,9
1982
novembro 17
1219,4
1983
setembro 29
938,71
1984
novembro 43
1063,9
1985
setembro 29
1124,1
1986
novembro 43
949,28
1987
outubro 57
980,14
1988
outubro 29
881,32
1990
outubro 14

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1016,3
1991
setembro 57
922,67
1993
setembro 86
888,46
1994
outubro 43
878,03
1995
outubro 77
898,37
1996
setembro 55
1146,1
1997
setembro 54
901,85
1998
setembro 78
863,74
1999
setembro 39
991,24
2000
outubro 88
773,94
2002
agosto 94
774,84
2003
outubro 58
847,34
2004
novembro 04
850,35
2005
outubro 81

Gráfico 6: Histórico das Vazões Q7


Mais uma vez, se comparar as vazões mais atuais com as vazões da década de
80, observa-se que está ocorrendo um declínio.O que pode ser decorrende da
crescente urbanização nas varzeas do rio.

As vazões médias específicas tanto para vazões máximas, mínimas e médias,


estão contidas na tabela 4.
Tabela 4: Vazão Máxima, média e Mínima específica.
Máxima(L/s.K Mínima Média(L/s.
ano
m2) (L/s.Km2) Km2)
1974 28,139 10,088 9,443
1975 26,634 3,460 8,104
1976 23,899 3,642 7,324
1977 32,466 6,422 8,630
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1978 34,170 5,410 12,575


1980 48,191 5,980 15,811
1981 33,814 4,777 13,449
1982 51,289 5,410 15,411
1983 55,387 6,098 20,396
1984 32,149 4,679 9,345
1985 46,931 4,605 12,712
1986 41,256 5,754 11,082
1987 28,513 4,847 8,719
1988 23,510 5,055 8,748
1990 41,816 4,386 7,641
1991 33,078 5,179 10,735
1993 33,078 4,241 9,816
1994 34,869 4,497 11,171
1995 23,783 4,451 8,068
1996 24,222 4,328 7,670
1997 29,540 5,522 11,157
1998 22,435 4,572 8,743
1999 25,838 4,266 7,806
2000 26,300 4,846 10,135
2002 26,411 3,520 8,049
2003 26,411 3,839 8,241
2004 29,531 4,260 10,833
2005 33,957 4,218 12,169

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5. Conclusão
Com este trabalho, foi possível realizar um estudo de caso, sobre o dados
referidos de um estação fluviométrica do Rio São Francisco. As observações mais
importantes sobre o regime hídrico deste rio é referente ao período de cheia,
observado entre os meses de Outubro e Março, sendo o mês de Janeiro o que
apresentam as maiores vazões médias e máximas. Essa ocorrência eras
esperada, pois Janeiro é um mês de verão com alto número de chuvas
convectivas. O mês de Setembro, foi o mês com menores vazões médias e
mínimas em decorrencia do final do inverno e início da primavera, épocas
marcadas por secas.

Outro aspecto pertinente do regime hídrico deste rio é a diminuição ainda


pequena, mas de interesse foi a diminuiçao das vazões mínimas referentes ao Q7,
da década de 80 até os anos mais atuais. Ocorreu também uma diminuição das
vazões máximas do mesmo período. Tais fatores se devem provavelmente à
aumento da atividade agrícola e urbana nas várzeas deste rio, pois utilizando as
águas do rio para captação e utilização na agricultura, as vazões máximas podem
diminuir, e com o aumento da atividade urbana as vazões mínimas podem
diminuir, decorrente da diminuição da recirculação de água subterranea que
abastece o rio nos périodos de seca. Se este quadro continuar assim, e a
urbanização crescer ainda mais junto ao desmatamento para implantação da
agricultura, pode ocorrer a diminuição drástica das vazões mínimas e o aumento
das vazões máximas, podendo levar a inundações e períodos longos de seca.

6. Referências Bibliográficas
REIS, José Antônio T., GUIMARÃES, Marília A.,BARRETO NETO, Aurélio
A.,BRINGHENTI, Jacqueline; Indicadores Regionais aplicáveis à avaliação do
Estudo de Caso do regime hídrico do Rio São Francisco referente à Estação
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regime de vazão dos cursos d`àgua da Bacia hidrográfica do Rio Itabapoana.


São Paulo, UNESP, Geociências, v. 27, n. 4, p. 509-516, 2008

BAENA, Luiz G. N., SILVA Demetrius D.,PRUSKI, Fernando F.,CALIJURI Maria


Lúcia.;Espacialização da Q7,10, Q90% e Q95% visando à gestão dos recursos
hídricos: estudo de caso para a Bacia do Rio Paraíba do Sul. Engenharia na
Agricultura, Viçosa, v.12, n.1, 24-24 31, Jan./Mar., 2004

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