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TRÂNSITO A SÓS
Nas congestionadas vias da Região Metropolitana, há espaço de sobra. Dentro dos veículos. Levantamento de ZH aponta
que dois terços dos carros circulam só com o motorista, resultando em acúmulo de veículos nas ruas e demora nos
deslocamentos.
ZH foi a pontos da BR-116, da Terceira Perimetral e da Avenida Ipiranga para contabilizar, por 30 minutos, o número
de ocupantes dos carros. Não entraram na contagem táxis, motos, picapes, caminhões e carretas. Também foram
desconsiderados veículos com película nos vidros.
O percentual de motoristas solitários foi superior a 60%. Os carros com dois ocupantes foram 27%. De um total de 4.471
veículos monitorados, apenas 270 levavam três ou mais ocupantes, o equivalente a 6%.
Os números indicam que os gaúchos não se organizam para viajar em grupo nem para dar carona a conhecidos e
familiares. Prática comum em países europeus e no Canadá, a carona solidária poderia reduzir congestionamentos e
emissão de poluentes. No Exterior, é comum colegas irem à faculdade ou ao trabalho em grupo. Essa cultura levou alguns
países à institucionalização da carona, que pode ser agendada pela internet.
– Um pouco de organização resultaria em menos carros nas ruas – diz João Fortini Albano, do Laboratório de Sistemas
de Transporte da UFRGS.
Na Europa, há políticas oficiais para estimular os carros a andar cheios. Foram instituídas pistas exclusivas para os
veículos de alta ocupação. Na Califórnia (EUA), essa pistas existem há 40 anos e só podem ser usadas, nos horários de
pico, por veículos com dois ou mais ocupantes. Em alguns locais, o motorista solidário tem descontos ou isenção de
pedágios.
Especialistas acreditam que viajar de carro sozinho é um fenômeno relacionado a fatores como a qualidade do transporte
coletivo, o bom momento econômico do país e uma cultura de valorização do indivíduo.
– As pessoas querem resolver sozinhas suas questões. E estão pouco preocupadas em ajudar o próximo. Isso se reflete
no trânsito. Cada um quer chegar com seu carro e não está disposto a dar carona – avalia Magda Vianna de Souza,
doutora em Ciências Sociais da PUCRS.
A nova cultura se reflete nos números. Entre os anos de 2000 e 2009, a frota gaúcha cresceu 37,5%, chegando aos 4,4
milhões de veículos. A população aumentou 6,9%, atingindo a marca de 10,9 milhões de habitantes. Em âmbito nacional,
no mesmo período, o número de passageiros dos transporte coletivo caiu cerca de 20%, segundo dados do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).