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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

24/01/2022

Número: 1000606-37.2019.4.01.3603
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Sinop-MT
Última distribuição : 20/02/2019
Valor da causa: R$ 100,00
Assuntos: Colação de Grau
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
NILSON COSTA DA SILVA JUNIOR (IMPETRANTE) DIONAS BRASIL DO NASCIMENTO (ADVOGADO)
COORDENADOR GERAL DE CONTROLE DE QUALIDADE
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR DO INEP (IMPETRADO)
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS
EDUCACIONAIS ANISIO TEIXEIRA (IMPETRADO)
UNIC (IMPETRADO) KAMILA MICHIKO TEISCHMANN (ADVOGADO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
35796 20/02/2019 12:51 Petição inicial Petição inicial
985
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA _ DA SUBSEÇÃO
JUDICIÁRIA DE SINOP – ESTADO DE MATO GROSSO

Nilson Costa da Silva Junior, solteiro, estudante, inscrito no RG nº 15099148 e CPF sob o n°
932.715.731-15, residente e domiciliado na Rua das Sucupiras, número 590, Jardim das Violetas,
cidade de Sinop-MT, 78.552-223, vem, com base no art.5°, inc. LXIX da Constituição Federal e
art.1° da Lei 12.016/2009, por meio de seu advogado constituído, à presença de Vossa
Excelência, propor

Mandado de Segurança c/c pedido de liminar

Em face do INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA, - INEP,


autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), o qual tem sede no Setor das Indústrias Gráficas,
Quadra 4, Lote 327, Edifício Villa Lobos – Brasília-DF, na pessoa do Coordenador Geral de Controle de Qualidade
da Educação Superior do INEP.

Dos Fatos

A Impetrante finalizou o Curso de Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas,


Gerenciais e Educação de Sinop (FIS)”, cujo nome fantasia é Unic – Industrial, pertence ao grupo

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Iuni, e Kroton, fato público e notório, localizada na Av. Alexandre Ferronato, 955 - St. Industrial,
no final do ano de 2018; não ficou “devendo” qualquer matéria, conforme histórico em anexo.

No mesmo ano em que terminou o curso, a Impetrante foi selecionado pela


Universidade para realizar o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. O
mencionado exame consiste basicamente em duas etapas; na primeira é feito um questionário
online, no qual a aluna pode realizá-lo em casa; a segunda é a “prova” propriamente dita,
realizada em local previamente estabelecido e com fiscais em sala, com questões abordando
conhecimentos gerais e específicos do curso.

Pois bem, apesar de não ter feito o questionário, a Impetrante conseguiu realizar a
prova propriamente.

Desse modo, apenas por não ter respondido ao questionário socioeconômico, a ex-
aluna da UNIC, Impetrante que vos fala, encontra-se impedida de realizar a colação de grau.

Da Gratuidade da Justiça

Com fulcro na Lei nº 1.060/50, arts. 1º, 2º, Parágrafo Único e ss., a requerente, vêm
respeitosamente à presença de Vossa Excelência requerer, preliminarmente, o benefício da
justiça gratuita, nos moldes do art. 3º da referida lei salvadora, no qual, declara expressamente
sua situação de pobreza na forma da lei, haja vista que a impetrante é estudante e não detêm
meios econômicos para prover as custas e emolumentos judiciais.

Da medida liminar

Salienta-se que a data para a Cerimônia de Colação de Grau está marcada para o dia
12 de março de 2022. Assim, verifica-se a necessidade da antecipação da tutela aqui pleiteada,
uma vez que a demora do processo pode acarretar gravames irreparáveis na vida profissional da
Impetrante, como a perda de um emprego, por exemplo, tendo em vista que atualmente já leciona
na rede púbica.

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Nesse sentido autoriza a Lei 12.016/2009, senão vejamos:

o
Art. 7 Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao


pedido, quando houver fundamento relevante e do
ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do
impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de
assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

No magistério de Marcelo Novelino:

...a liminar é destinada a impedir o perecimento do


direito em decorrência da demora na prestação
jurisdicional, evitando que o mandado de segurança se
torne inócuo na reparação do dano sofrido. Trata-se de
instrumento do instrumento, cujos requisitos para a
concessão são a existência fumus boni iuris e periculum
in mora. A Lei consagrou hipóteses de liminar ao prever
a possibilidade de o juiz, ao despachar a inicial,
suspender o ato que motivou o pedido.

Incontestável, desta feita, a subsunção dos fatos narrados pela Impetrante à hipótese
de cabimento de liminar l.

Do Direito
Assinado Líquido
eletronicamente eBRASIL
por: DIONAS Certo – Ilegalidade
DO NASCIMENTO do Ato – Edital do ENADE Num.
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Antes de qualquer explanação sobre o direito líquido e certo e a ilegalidade do ato, vale
discorrer um pouco sobre a finalidade do Exame Nacional de Avaliação de Estudante.

Exame que faz parte do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação


Superior) e cujo objetivo é avaliar a qualidade dos cursos de formação superior.

Quem participa? Uma amostra selecionada de estudantes do primeiro e do último


ano dos cursos. Para os alunos selecionados que estão terminando a faculdade à participação no
Enade é obrigatória e condição indispensável para a emissão do histórico escolar estudantes
não selecionados também podem fazer a prova, como voluntários. Não avalia o
desempenho do aluno, mas confere a qualidade dos cursos e o rendimento de seus alunos em
relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências (http://inep.gov.br/enade).

Veja-se que apenas uma parte dos alunos é selecionada para realizar o certame, e
que, não avalia a aluna, mas sim a instituição de ensino.

Ora, se apenas alguns alunos são selecionados para realização do exame e a


avaliação não é da aluna em si, desarrazoado é o ato que impede colação de grau da aluna que
deixa de proceder ao certame.

No mais, inexiste na Lei 10.861/2004 disposição no sentido de condicionar a colação


de grau e expedição de diploma à realização do ENADE.

A supramencionada lei assim aduz:

Art. 5º - A avaliação do desempenho dos estudantes dos


cursos de graduação será realizada mediante aplicação
do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes -
ENADE.

§ 5º - O ENADE é componente curricular obrigatório dos


cursos de graduação, sendo inscrita no histórico escolar
do estudante somente a sua situação regular com
relação a essa obrigação, atestada pela sua efetiva
participação ou, quando for o caso, dispensa oficial pelo
Ministério da Educação, na forma estabelecida em
regulamento.

Desta feita, embora sirva para avaliação de qualidade do ensino no país, não atua no
âmbito individual como instrumento de qualificação ou soma de conhecimentos a estudante.

Não obstante isso, o Edital do ENADE 2018 condicionou a colação de grau ao


fazimento do questionário e da prova propriamente dita, observe-se o que aduz o item 6.3.1 do

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referido documento:

6. DA REGULARIDADE DO ESTUDANTE:

(...)

6.3.1 A existência de irregularidade perante o Enade


impossibilita a colação de grau do estudante, em decorrência da
não conclusão do curso, por ausência de cumprimento de
componente curricular obrigatório.

Ora, se a própria Lei 10.861/2014 não impõe aos estudantes a obrigação de realizar o
referido certame para, assim, posteriormente colar grau, não pode o a administração
pública por simples ato administrativo criar tal obrigação.

No mais, veja-se o que diz os Tribunais Superiores acerca do tema:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. ENSINO SUPERIOR.


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA). EXAME NACIONAL DE
DESEMPENHO DOS ESTUDANTES (ENADE). NÃO PARTICIPAÇÃO.
COLAÇÃO DE GRAU E EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. POSSIBILIDADE.
DIREITO ASSEGURADO POR ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SITUAÇÃO
DE FATO CONSOLIDADA. DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO. 1. Conforme
entendimento jurisprudencial deste Tribunal, a não inscrição do
aluno no Exame Nacional de Desempenhos dos Estudantes (Enade),
por motivos alheios à sua vontade, não pode obstar a sua
participação no exame, pois, nos termos da Lei n. 10.861/2004,
cabem sanções tão somente à instituição de ensino, pela não
inscrição de aluno habilitado para participação no exame, nos prazos
estipulados pelo Inep . 2. Assegurado às autoras, mediante
antecipação de tutela, confirmada parcialmente pela sentença, o
direito de participar da colação de grau e à expedição do diploma,
impõe-se a aplicação da teoria do fato consumado, haja vista que se
consolidou uma situação fática, cuja desconstituição não se mostra
viável. 3. A possibilidade de a Defensoria Pública da União receber
honorários de sucumbência em decorrência de sua atuação está
expressamente prevista no art. 4º, inciso XXI, da Lei Complementar n.
80/1994, com a redação dada pela Lei Complementar n. 132/2009, e na
conformidade do que restou decidido pelo STF por ocasião do
julgamento do AgRg. na Ação Rescisória 1.937/DF (Relator Ministro
Gilmar Mendes, julgado em 30.06.2017). 4. "O Supremo Tribunal
Federal, por meio de seu Plenário, concluiu pela possibilidade de
condenação da União ao pagamento de honorários de sucumbência
em favor da Defensoria Pública da União, afastando a aplicação do
entendimento constante do enunciado nº 421 da Súmula do Superior
Tribunal de Justiça" (AC n. 0002587-71.2017.401.3803/MG -
Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian - Sexta Turma
Ampliada - DJ de 01.12.2017). 5. Recurso adesivo das autoras,

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provido. 6. Apelação não provida.
(AC 0000998-88.2010.4.01.3900, DESEMBARGADOR FEDERAL
DANIEL PAES RIBEIRO, TRF1 - SEXTA TURMA, e-DJF1 09/04/2018
PAG.)

ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. EXAME NACIONAL


DE DESEMPENHO DE ESTUDANTES (ENADE). NÃO
PARTICIPAÇÃO. COLAÇÃO DE GRAU E EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA.
POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. DIREITO
ASSEGURADO POR FORÇA DE LIMINAR. SITUAÇÃO DE FATO
CONSOLIDADA. SENTENÇA MANTIDA. 1. Tratando-
se, na espécie, de dispensa de participação no Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes (Enade), o que é atribuição do Ministério da
Educação, a União tem legitimidade para figurar no polo passivo da lide
(AC n. 0053502-19.2010.4.01.3400/DF - Relator Desembargador
Federal Kassio Nunes Marques - e-DJF1 de 12.12.2014, p. 481). 2. Caso
em que estudantes do curso de Odontologia pleiteiam o direito de colar
grau, sem haver participado do Enade, por terem chegado atrasados aos
locais da prova, havendo a sentença julgado procedente o pedido, ao
argumento de que o objetivo do Enade é avaliar estatisticamente a
qualidade do ensino oferecido aos alunos de cursos superiores,
constituindo, assim, requisito formal, e não condição para o exercício da
profissão, não devendo, portanto, ser impedida a colação de grau de
estudante aprovado em todas as disciplinas. 3. Assegurada à parte
autora, por medida liminar, confirmada pela sentença, sua colação de
grau e o respectivo diploma, impõe-se a aplicação da teoria do fato
consumado, haja vista que o decurso do tempo consolidou uma situação
fática, cuja desconstituição não se mostra viável. 4. Sentença confirmada.
5. Apelação da União, desprovida.
(AC 0006548-65.2013.4.01.3801, DESEMBARGADOR FEDERAL
DANIEL PAES RIBEIRO, TRF1 - SEXTA TURMA, e-DJF1 24/08/2018
PAG.)

Assim, é nítida a subsunção do que se pleiteia neste write e o entendimento hodierno


do Tribunal Regional Federal da 1° Região.

Vale lembrar que esta Impetrante que vos fala apenas deixou de realizar o
questionário, diferentemente dos casos apresentados nos supramencionados precedentes, onde
os alunos deixaram de fazer o Exame propriamente dito. E se, para aqueles, foi concedido o
mesmo direito que aqui se pleiteia, nada mais justo seria concessão, na íntegra, para este.

Dos Pedidos
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Em face do exposto, requer-se ao julgador:

a) o deferimento ao impetrante dos benefícios da justiça gratuita consubstanciado na Lei


1.060/50;

b) o deferimento do pedido de concessão de liminar, para determinar à autoridade coatora


que adote todas as medidas administrativas necessárias à colação de grau da impetrante,
no Curso de Direito, juntamente com os demais formandos no dia 12/03/2019, bem como a
obtenção do seu diploma;

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C) seja notificada a Autoridade Coatora a fim de que tome conhecimento desta ação, e,
querendo, no prazo legal do art. 7º, I da Lei 12.016/09, preste suas informações;

d) Em caso de deferimento da liminar, que seja dada ciência do feito à matriz da UNIC (Rua:
Manoel Jose de Arruda nº 3.100 – Bairro: Jardim Europa - Cuiabá - MT, 78065-900) bem
como à unidade em que o impetrante estudou (Av. Alexandre Ferronato, 955 - St. Industrial,
Sinop - MT, 78557-287) para que possam, de imediato autorizar a colação de grau da
Impetrante.

e) Seja concedida a segurança, ratificando a liminar porventura deferida, para determinar a


colação de grau da impetrante, no Curso de Direito, juntamente com os demais formandos
no dia 13/03/2019, bem como a obtenção do seu diploma.

Dá-se à presente o valor de R$ 100,00 (cem reais) para meros efeitos fiscais.

Nestes termos pede-se deferimento.

Termos em que,

Pede e espera deferimento.

Sinop, 20 de fevereiro de 2019.

DIONAS BRASIL DO NASCIMENTO

OAB/MT 25273/O

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