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Universidade Federal Fluminense - UFF
PGCA
Endereço para correspondência
felipecron@yahoo.com
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Universidade Federal Fluminense - UFF
Departamento de Geografia
Endereço para correspondência
rcuba@vm.uff.br
RESUMO
Com o objetivo de diagnosticar as perdas de solo por erosão laminar advinda das diferentes morfometrias e usos do solo
na bacia do rio Santana, visando à elaboração de diretrizes e estratégias de preservação ambiental foi utilizada a
Equação Universal de Perda de Solo (EUPS). A modelagem dos dados se deu toda em ambiente de SIG, tendo sido
gerado a partir da sobreposição de diferentes mapas temáticos utilizando as ferramentas algébricas de mapas. A bacia
do rio Santana como um todo teve um resultado alto quanto ao seu potencial de perda de solo. A interpretação dos
resultados obtidos no modelo indicou uma utilização do solo bem acima das capacidades naturais, o relevo acentuado e
as altas precipitações na bacia são obstáculos ao uso intensivo do solo, o que pode ser observado é a inviabilidade a
utilização das encostas para a pecuária tradicional.
Palavras chaves: EUPS, SIG, Modelagem de dados, Bacia do rio Santana, Conflitos de uso do solo
ABSTRACT
With the objective to diagnosis the soil losses by laminar erosion caused by the different morfometrias and land uses in
the river basin of Santana, aiming at the elaboration of lines of direction and strategies of environmental preservation
the Universal Soil Loss Equation (USLE). The data modeling was made all in environment of GIS, having been
generated from the overlapping of different thematic maps using tools for maps algebra. The river basin of Santana as a
whole, had a high result in its potential of soil loss. The interpretation of the results gotten in the model indicated an
land use above the natural capacities, the accented relief and the high precipitations in the basin are obstacles to the
intensive land use, what it can be observed is the inviability of land use in the hillsides for cattle in the traditional way.
Keywords: USLE, GIS, Data modeling, Santana river basin, Conflicts in land use.
1. INTRODUÇÃO Assim, em função da necessidade do
planejamento, em especial na proteção do solo, este
A necessidade de planejamento para trabalho teve como objetivo a modelar a perda de solo
aproveitamento dos recursos naturais, buscando uma por erosão laminar em uma bacia hidrográfica.
forma de utilização mais proveitosa e menos Para modelagem de quantificação de perda de
degradadora possível, torna-se a cada dia mais solo optou-se pela utilização da EUPS (Equação
importante devido à diminuição das áreas protegidas e Universal de Perda de Solo), que mede as perdas de
pelo aumento da pressão econômica. solo anuais por erosão laminar, levando em conta a
Associado a estes problemas, decorrentes do intensidade da chuva na região, a erodibilidade dos
mau uso e ocupação do solo, encontra-se a alterações solos, o comprimento e declividade da encosta e as
no ciclo hidrológico e na cobertura do solo pelos medidas de uso e conservação do solo.
desmatamentos, diminuição da porcentagem de água
infiltrada, aumento do escoamento superficial e
produção de sedimentos, alem do empobrecimento do 2. ÁREA DE ESTUDO
solo e perdas por erosão.
Dentre os problemas causados pela erosão, a A área em estudo situa-se a sudoeste do Estado
perda da camada superior do solo é um dos mais do Rio de Janeiro, no limite nordeste da baixada de
comuns e de maior perda de produtividade no campo. Sepetiba, município de Miguel Pereira. O vale do rio
Este tipo de erosão é definido como erosão laminar, Santana nasce próximo à cidade de Miguel Pereira e
que é caracterizada pela combinação da ação da estende-se para sudoeste, até os arredores da cidade de
energia da gota d’água da chuva com o movimento da Japeri. A bacia hidrográfica deste rio é circundada pela
água no declive. O processo é tal que finas camadas de serra do Pau Ferro na proximidade de Paracambi, pela
solo são removidas da superfície do solo, uma após a serra da Bandeira na proximidade de Japeri,a sudeste
outra, e a erosão não é claramente evidenciada por pela serra do Tinguá e a Leste pela serra do Couto. O
simples inspeção visual (Soares, 2002 apud Ribeiro & rio Santana e o ribeirão das Lajes formam o rio Guandu
Alves, 2007), podendo ser detectada pela coloração próximo a Japeri, constituindo a principal drenagem da
mais clara do solo, pela exposição das raízes e pela baixada de Sepetiba.
queda da produtividade agrícola (Bertoni & Lombardi A bacia do rio Santana tem uma área de 33,3
Neto, 1990). Devido a isso, a quantificação do material km². Está inserida na Unidade Geomorfológica
erodido torna-se uma ferramenta de medida não só Escarpas das Serras das Araras e Paracambi, que
indicativa como preditiva, uma vez que descreve a consiste num degrau de borda de planalto intensamente
situação atual e futura das terras. dissecado e recuado, apresentando cristas amorreadas,
E desta forma para se conhecer as emoldurando o recôncavo da Baixada de Sepetiba.
particularidades do terreno faz se necessário o uso de Trata-se de uma unidade de relevo transicional entre os
modelos, que permitem alcançar e sistematizar a terrenos planos e colinas isoladas da Baixada de
complexa rede de informações e interconexões dos Sepetiba e o relevo colinoso da depressão
inúmeros componentes e elementos naturais, e dos interplanáltica do médio vale do rio Paraíba do Sul
impactos exercidos pela atividade humana ao longo do (CPRM, 2001).
tempo. A modelagem contribui para simplificar o Segundo CPRM (2001) a unidade apresenta
procedimento de aquisição e estruturação da um alto potencial de vulnerabilidade a eventos de
informação (fenômenos naturais) e economiza tempo erosão e movimentos de massa, tanto pelo relevo
na elaboração de dados cartográficos. escarpado submetido a um forte controle litoestrutural,
A aplicabilidade dos modelos ocorre de quanto pelo desmatamento generalizado ocorrido.
diversas formas, seja como base para o planejamento e Trata-se do trecho da escarpa da Serra do Mar mais
gestão das paisagens de forma sustentável, ou na forma devastado no estado do Rio de Janeiro.
de ações a serem tomadas no intuito de orientar a O clima da bacia é caracterizado como tropical
utilização racional e proteção dos recursos naturais. úmido, com temperatura média anual entre 24ºC e
Para materialização deste conhecimento, 28ºC, elevados índices pluviométricos, cuja média
utiliza se a criação de modelos espacial e elaboração de anual varia de 1500 mm a 2300 mm.
Sistemas de Informação Geográficos (SIG).O SIG se
preocupa com a construção de modelos matemáticos
para descrever as operações que envolvem a
representação dos dados armazenados e incluem a
simulação de fenômenos naturais (Batty&Xie,1994).
O objetivo fundamental dos SIG é a
manifestação territorial, espacial e regional da
informação, a qual é alcançada graças à utilização dos
materiais cartográficos como fonte de informação e
objeto de formalização dos trabalhos (Mateo Rodriguez
et al., 2007).
3. METODOLOGIA DA MODELAGEM a ferramenta “Raster calculator”. Como resultado,
obteve-se a erosividade mensal. A partir do somatório
do índice de cada mês, obteve-se a média anual.
Em meados do século XX, pesquisadores A erodibilidade (K) é uma propriedade do
americanos conseguiram aprimorar equações para solo que representa a susceptibilidade à erosão.
cálculo de perdas de solos que são usadas atualmente. Wishmeier & Mannering (1969 apud Brito et al, 1998)
O método mais usado é a EUPS, foi proposta por concluíram que a erodibilidade é o fator mais
Wischmeier & Smith (1965) (Bertoni & Lombardi importante na predição da erosão e no planejamento do
Neto, 1990), que mede as perdas de solo anuais por uso do solo. A erodibilidade varia para cada tipo de
erosão laminar. solo, pois mesmo que os fatores declividade,
A EUPS é descrita pela Equação: precipitação e cobertura vegetal fossem iguais em solos
argilosos e arenosos, os últimos, são mais susceptíveis
A = E.K.(L.S).(C.P) à erosão, em geral os menos erodíveis são os
Latossolos, que são solos maduros, mais
intemperizados e profundos, e com maior erodibilidade
Onde: estão os Neossolos.
A é a perda de solos, em (T/ha.ano) As propriedades do solo que influenciam na
E é o fator de erosividade das chuvas, em (t/ha.mm/h) erodibilidade são as que afetam a velocidade de
K é o fator de erodibilidade do solo em (t.h/MJ.mm) infiltração, permeabilidade, capacidade de
L é o fator comprimento de rampa armazenamento d´água e que oferecem resistência às
S é a declividade formas de dispersão, salpico, abrasão, transporte e
C é o fator de uso do solo escoamento das chuvas (Larios, 2003).
P é o fator práticas conservacionistas. O fator K foi gerado adicionando-se valores
de erodibilidade e tolerância compilados da literatura
Os valores de cada parâmetro da EUPS foram por reclassificação de cada classe de solo presente no
calculados a partir dos mapas temáticos elaborados no mapa pedológico da bacia, conforme observado do na
SIG. A seguir são descritos os procedimentos tabela 1, os principais autores utilizados são Bertoni &
utilizados para geração dos mapas temáticos e para o Lombardi Neto (1990), Mannigel et al. (2002) e
cálculo de cada uma das variáveis da EUPS. Tomazini (2005).
A erosividade da chuva (E) é a capacidade de O fator comprimento de rampa (L) influi
uma chuva em erodir um solo desprotegido. Ela foi diretamente na perda do solo, pois rampas muito
calculada com base na proposição de Fournier (1960), extensas podem proporcionar escoamento com
pela seguinte equação: velocidades elevadas (Brito et al, 1998). O mapa de
comprimento de rampa foi elaborado através do mapa
E = 6.886 (r²/P)0,85 de orientação da encosta, gerado pelo MDT. fatiado em
Onde: cinco classes, a saber: superfície plana; Norte ( 310-
E – média mensal do índice de erosão (MJ.mm.ha.h) 45º); Leste (45-135º); Sul (135-225º); Oeste (225-
r – precipitação média mensal em mm; 315º). O mapa resultante foi sobreposto (ferramenta
P – precipitação média anual em mm. “join by spatial location”) ao mapa altimétrico (gerado
Os dados de precipitação utilizados na pelo MDT), onde foram anexadas as altitudes máximas
equação de Fournier foram obtidos através do site da e mínimas de cada polígono (representando as
WorldClim. Para isso, foi utilizado o programa ArcGIS vertentes individualmente). O comprimento de rampa