Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa (16/03/1825), vindo da
aristocracia rural. O pai, Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, a mãe, Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira, sua criada, mas registado como filho de mãe incógnita. Com dois anos (06/02/1827) ficou órfão de mãe, perfilhado pelo pai e pela irmã Carolina. Em Lisboa, iniciou a primária (1830). A família foi para Vila Real onde o pai trabalhou nos correios. A família regressa à capital (1831), depois da demissão do pai. Com a morte deste (22/12/1835), as duas crianças foram entregues à tia paterna e mudaram-se para Vila Real (1836). Quando a sua irmã se casou com Francisco Azevedo e foi para casa do Padre António (1839), Camilo seguiu-os. O ambiente rural influenciou o trabalho literário, o clérigo proporcionou uma educação religiosa. Com 16 anos (18/08/1841) Camilo casou-se com Joaquina Pereira e (1842) foi estudar com o Padre Manuel. A primeira filha nasceu (25/08/1843) e ele vai para o Porto. Matriculou- se em Anatomia e depois em Química. Frequentou o Curso de Medicina (1845) e perdeu o ano por faltas. Participou nos certames poéticos, nos pátios conventuais e publicou obras poéticas. Depois de receber a herança, voltou a Vila Real, apaixonou-se por Patrícia Barros e fugiu para o Porto. Passou 11 dias na Cadeia da Relação (1846), por roubar 20 000 cruzados ao pai de Patrícia. Depois da morte da esposa, voltou ao Porto (1847), como jornalística, no Nacional e no Periódico dos Pobres, estevee em Covas do Douro e depois na Folgosa, voltou ao Porto (1848). No regresso frequentou cafés, teatros e bailes da moda. Integrava o grupo dos "Leões", do café Guichard. Era um homem elegante, reputado jornalista e escritor de novelas. Morreu a filha Rosa e nasceu a filha Bernardina, filha com Patrícia, criança que foi entregue à freira Isabel, sua amante. Em Lisboa (1850) escreveu Anátema. Passou a viver do que escrevia. Tomou parte na polémica sobre o milagre de Ourique e enamorou-se de Ana Plácido, noiva de Manuel Alves, mas continuava ligado à freira. Tornou-se pregador em S. Filipe de Nery, e pensou numa carreira religiosa, matriculou-se nas Aulas de Teologia, Dogmática e Moral, fundou dois jornais: O Cristianismo (1852) e A Cruz (1853). Foi nomeado diretor d' A Verdade (1856), começa a ter falta de visão. Instalou-se em Viana do Castelo (1857), trabalhou como redator do periódico A Aurora do Lima, acompanhava-o Ana Plácido. Ligado à publicação do jornal O Mundo Elegante. F oi eleito sócio da Academia Real das Ciências (1858). Camilo e Ana partiram para Lisboa (1859), amantes e fugitivos. Nasceu Manuel (1859-1877), filho de ambos e registado filho de Alves, que (1860), moveu um processo de adultério e foram para a Cadeia. No cárcere, escreveu, em 15 dias, o Amor de Perdição. Ana e Camilo foram absolvidos (1861) por influência do Juiz José Queiroz, pai de Eça. Foram para Lisboa (1862), nasceu Jorge (1863). Morreu Alves e o "filho" herdou a casa em Famalicão. A família foi para esta casa (1864) onde nasceria, Nuno. Camilo passou temporadas no Porto ia a livrarias e teatros. Casou-se com Ana (1868). Com Ana fundou e dirigiu (1868) A Gazeta Literária do Porto. Recebeu D. Pedro II (1872), imperador do Brasil, no Porto, e queimou o romance A Infanta Capelista. Viajou entre Braga, Porto, Póvoa de Varzim e Lisboa (1873). Pioraram os problemas de visão e foi ferido num acidente de comboio (1878). Participou no rapto de uma órfã para a casar o filho Nuno (1881). Leiloou a biblioteca pessoal (1883) e envolveu-se em polémica com Avelino Calisto e José Rodrigues, na Questão da Sebenta. Das discussões resultaram ameaças e comprou um revólver. O Rei conferiu-lhe o título de Visconde de Correia Botelho (1885). Depois de uma consulta num oftalmologista (01/06/1890) soube que não curaria a cegueira, suicidou-se, com um tiro. Foi sepultado no jazigo do seu amigo Freitas Fortuna, no cemitério da Lapa, no Porto, lugar que escolhera. Deixou uma obra literária extensa na Língua Portuguesa, em diversas formas narrativas, principalmente a novela passional e urbana, com temas campestres e sentido de humanidade, que refletem a sua vida, os lugares, o Porto, o romantismo e ultrarromantismo do início da carreira e o realismo e naturalismo do final, recursos estilísticos, que usou para provar que os conseguia manejar melhor do que os naturalistas-realistas. Inspirou autores como Abel Botelho e Aquilino Ribeiro.