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TEORIA DO CRIME

JAQUEL INE R. SANTANA, ADVOGADA E ESPECIAL ISTA EM


D IR EITO PENA L E PROC ESSUA L PENA L
CRITÉRIO ANALÍTICO
O conceito de crime consiste no preenchimento de três elementos.

ESCADA DO CRIME (Delegado Federal Juliano Yamakawa)

Culpabilidade
Ilicitude
(antijuricidade)
Fato Típico
(tipicidade)
IMAGINE...
TIPICIDADE

1. Conduta
2. Nexo Causal – relação de causa e efeito
3. Resultado
4. Tipicidade

O FATO TÍPICO é a CONDUTA que visa o RESULTADO, se liga


pelo NEXO CAUSAL e é penalmente relevante por conta da
TIPICIDADE.
EXCLUDENTES DA CONDUTA

COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL (VIS ABSOLUTA)


- Força física externa

Situação hipotética: O carona puxa os braços do motorista, fazendo


com que o veículo desvie e atropele um pedestre.

NÃO CONFUNDA COM COAÇÃO MORAL (culpabilidade)!


Durante um assalto a uma instituição bancária, Antônio e Francisco, gerentes do
estabelecimento, são feitos reféns. Tendo ciência da condição deles de gerentes e da
necessidade de que suas digitais fossem inseridas em determinado sistema para
abertura do cofre, os criminosos colocam, à força, o dedo de Antônio no local
necessário, abrindo, com isso, o cofre e subtraindo determinada quantia em dinheiro.
Além disso, sob a ameaça de morte da esposa de Francisco, exigem que este saia do
banco, levando a sacola de dinheiro juntamente com eles, enquanto apontam uma arma
de fogo para os policiais que tentavam efetuar a prisão dos agentes.

Analisando as condutas de Antônio e Francisco, com base no conceito tripartido de


crime, é correto afirmar que

Alternativas
A Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco
não responderá por ausência de ilicitude em sua conduta.
B Antônio não responderá pelo crime por ausência de ilicitude, enquanto Francisco não
responderá por ausência de culpabilidade em sua conduta.
C Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco
não responderá por ausência de culpabilidade em sua conduta.
D Ambos não responderão pelo crime por ausência de culpabilidade em suas condutas.
Durante um assalto a uma instituição bancária, Antônio e Francisco, gerentes do
estabelecimento, são feitos reféns. Tendo ciência da condição deles de gerentes e da
necessidade de que suas digitais fossem inseridas em determinado sistema para
abertura do cofre, os criminosos colocam, à força, o dedo de Antônio no local
necessário, abrindo, com isso, o cofre e subtraindo determinada quantia em dinheiro.
Além disso, sob a ameaça de morte da esposa de Francisco, exigem que este saia do
banco, levando a sacola de dinheiro juntamente com eles, enquanto apontam uma arma
de fogo para os policiais que tentavam efetuar a prisão dos agentes.

Analisando as condutas de Antônio e Francisco, com base no conceito tripartido de


crime, é correto afirmar que

Alternativas
A Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco
não responderá por ausência de ilicitude em sua conduta.
B Antônio não responderá pelo crime por ausência de ilicitude, enquanto Francisco não
responderá por ausência de culpabilidade em sua conduta.
C Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto
Francisco não responderá por ausência de culpabilidade em sua conduta.
D Ambos não responderão pelo crime por ausência de culpabilidade em suas condutas.
NEXO CAUSAL
Art. 13, CP — O resultado, de que depende a existência do crime,
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Teoria da Equivalência dos Antecedentes

REGRA GERAL – “causa da causa também é causa do que foi


causado”

Neutralização do regresso ao infinito pelo exame do elemento


subjetivo da conduta: O exame da presença do elemento subjetivo
(dolo ou culpa) sobre cada uma das condutas que causaram o
resultado neutraliza o regresso ao infinito.
Após discussão em uma casa noturna, Jonas, com a intenção de causar lesão, aplicou um
golpe de arte marcial em Leonardo, causando fratura em seu braço. Leonardo, então, foi
encaminhado ao hospital, onde constatou-se a desnecessidade de intervenção cirúrgica e
optou-se por um tratamento mais conservador com analgésicos para dor, o que permitiria que
ele retornasse às suas atividades normais em 15 dias.
A equipe médica, sem observar os devidos cuidados exigidos, ministrou o remédio a Leonardo
sem observar que era composto por substância à qual o paciente informara ser alérgico em
sua ficha de internação. Em razão da medicação aplicada, Leonardo sofreu choque
anafilático, evoluindo a óbito, conforme demonstrado em seu laudo de exame cadavérico.
Recebidos os autos do inquérito, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Jonas,
imputando-lhe o crime de homicídio doloso.

Diante dos fatos acima narrados e considerando o estudo da teoria da equivalência, o(a)
advogado(a) de Jonas deverá alegar que a morte de Leonardo decorreu de causa
superveniente
Alternativas
A absolutamente independente, devendo ocorrer desclassificação para que Jonas responda
pelo crime de lesão corporal seguida de morte.
B relativamente independente, devendo ocorrer desclassificação para o crime de lesão
corporal seguida de morte, já que a morte teve relação com sua conduta inicial.
C relativamente independente, que, por si só, causou o resultado, devendo haver
desclassificação para o crime de homicídio culposo.
D relativamente independente, que, por si só, produziu o resultado, devendo haver
desclassificação para o crime de lesão corporal, não podendo ser imputado o resultado morte.
Após discussão em uma casa noturna, Jonas, com a intenção de causar lesão, aplicou um
golpe de arte marcial em Leonardo, causando fratura em seu braço. Leonardo, então, foi
encaminhado ao hospital, onde constatou-se a desnecessidade de intervenção cirúrgica e
optou-se por um tratamento mais conservador com analgésicos para dor, o que permitiria que
ele retornasse às suas atividades normais em 15 dias.
A equipe médica, sem observar os devidos cuidados exigidos, ministrou o remédio a Leonardo
sem observar que era composto por substância à qual o paciente informara ser alérgico em
sua ficha de internação. Em razão da medicação aplicada, Leonardo sofreu choque
anafilático, evoluindo a óbito, conforme demonstrado em seu laudo de exame cadavérico.
Recebidos os autos do inquérito, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Jonas,
imputando-lhe o crime de homicídio doloso.

Diante dos fatos acima narrados e considerando o estudo da teoria da equivalência, o(a)
advogado(a) de Jonas deverá alegar que a morte de Leonardo decorreu de causa
superveniente
Alternativas
A absolutamente independente, devendo ocorrer desclassificação para que Jonas responda
pelo crime de lesão corporal seguida de morte.
B relativamente independente, devendo ocorrer desclassificação para o crime de lesão
corporal seguida de morte, já que a morte teve relação com sua conduta inicial.
C relativamente independente, que, por si só, causou o resultado, devendo haver
desclassificação para o crime de homicídio culposo.
D relativamente independente, que, por si só, produziu o resultado, devendo haver
desclassificação para o crime de lesão corporal, não podendo ser imputado o resultado
morte.
SUPERVENIÊNCIA DA CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE
(ou teoria da causalidade adequada)

"Art. 13, CP - §1º - A superveniência de causa relativamente


independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
praticou.“
ILICITUDE

A lei autoriza o fato típico.

Legítima defesa
Estado de necessidade
Estrito cumprimento do dever legal
Exercício regular de direito

Culpabilidade
Ilicitude
(antijuricidade)
Fato Típico
(tipicidade)
Excludentes de ilicitude

Legítima defesa - Injusta agressão

Estado de necessidade - Perigo atual

Estrito cumprimento do dever legal - Atuação de um agente público

Exercício regular de direito - Atuação de um particular


Enquanto assistia a um jogo de futebol em um bar, Francisco começou a
provocar Raul, dizendo que seu clube, que perdia a partida, seria rebaixado.
Inconformado com a indevida provocação, Raul, que estava acompanhado
de um cachorro de grande porte, atiça o animal a atacar Francisco, o que
efetivamente acontece. Na tentativa de se defender, Francisco desfere uma
facada no cachorro de Raul, o qual vem a falecer. O fato foi levado à
autoridade policial, que instaurou inquérito para apuração.
Francisco, então, contrata você, na condição de advogado(a), para
patrocinar seus interesses.

Considerando os fatos narrados, com relação à conduta praticada por


Francisco, você, como advogado(a), deverá esclarecer que seu cliente
Alternativas
A não poderá alegar qualquer excludente de ilicitude, em razão de sua
provocação anterior.
B atuou escorado na excludente de ilicitude da legítima defesa.
C praticou conduta atípica, pois a vida do animal não é protegida
penalmente.
D atuou escorado na excludente de ilicitude do estado de necessidade.
Enquanto assistia a um jogo de futebol em um bar, Francisco começou a
provocar Raul, dizendo que seu clube, que perdia a partida, seria rebaixado.
Inconformado com a indevida provocação, Raul, que estava acompanhado de
um cachorro de grande porte, atiça o animal a atacar Francisco, o que
efetivamente acontece. Na tentativa de se defender, Francisco desfere uma
facada no cachorro de Raul, o qual vem a falecer. O fato foi levado à
autoridade policial, que instaurou inquérito para apuração.
Francisco, então, contrata você, na condição de advogado(a), para patrocinar
seus interesses.

Considerando os fatos narrados, com relação à conduta praticada por


Francisco, você, como advogado(a), deverá esclarecer que seu cliente
Alternativas
A não poderá alegar qualquer excludente de ilicitude, em razão de sua
provocação anterior.
B atuou escorado na excludente de ilicitude da legítima defesa.
C praticou conduta atípica, pois a vida do animal não é protegida penalmente.
D atuou escorado na excludente de ilicitude do estado de necessidade.
Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e
bastante escura, já de madrugada, quando são surpreendidos com a vinda de um
cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque contra a criança,
Carlos, que estava armado e tinha autorização para assim se encontrar, efetuou um
disparo na direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando a bala em uma pedra
e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que chegava correndo em sua
busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a
falecer, ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o
ataque do cão contra o seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada.
Diante desse quadro, assinale a opção que apresenta situação jurídica de Carlos.

Alternativas
A Carlos atuou em legítima defesa de seu filho, devendo responder, porém, pela
morte de Leandro.
B Carlos atuou em estado de necessidade defensivo, devendo responder, porém,
pela morte de Leandro.
C Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de
Leandro.
D Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve
responder pela morte de Leandro.
Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e
bastante escura, já de madrugada, quando são surpreendidos com a vinda de um
cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque contra a criança,
Carlos, que estava armado e tinha autorização para assim se encontrar, efetuou um
disparo na direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando a bala em uma pedra
e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que chegava correndo em sua
busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a
falecer, ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o
ataque do cão contra o seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada.
Diante desse quadro, assinale a opção que apresenta situação jurídica de Carlos.

Alternativas
A Carlos atuou em legítima defesa de seu filho, devendo responder, porém, pela
morte de Leandro.
B Carlos atuou em estado de necessidade defensivo, devendo responder, porém,
pela morte de Leandro.
C Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte
de Leandro.
D Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve
responder pela morte de Leandro.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste
artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança
pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida
refém durante a prática de crimes.
CULPABILIDADE
Saímos do fato, agora é no AGENTE – isenção de pena

Potencial consciência da ilicitude


Exigibilidade de conduta diversa
Imputabilidade

Culpabilidade
Ilicitude
(antijuricidade)
Fato Típico
(tipicidade)
Imputabilidade (discernimento) -> apontar
Exceções:
Minoridade
Embriaguez
Doença mental (art.26)

Art. 28, CP. §1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Não se aplica -> Embriaguez voluntária ou culposa


Inconformado por estar desempregado, Lúcio resolve se embriagar. Quando se encontrava
no interior do coletivo retornando para casa, ele verifica que o passageiro sentado à sua
frente estava dormindo, e o telefone celular deste estava solto em seu bolso. Aproveitando-
se da situação, Lúcio subtrai o aparelho sem ser notado pelo lesado, que continuava
dormindo profundamente. Ao tentar sair do coletivo, Lúcio foi interpelado por outro
passageiro, que assistiu ao ocorrido, iniciando-se uma grande confusão, que fez com que o
lesado acordasse e verificasse que seu aparelho fora subtraído.

Após denúncia pelo crime de furto qualificado pela destreza e regular processamento do
feito, Lúcio foi condenado nos termos da denúncia, sendo, ainda, aplicada a agravante da
embriaguez preordenada, já que Lúcio teria se embriagado dolosamente.

Considerando apenas as informações expostas e que os fatos foram confirmados, o(a)


advogado(a) de Lúcio, no momento da apresentação de recurso de apelação, poderá
requerer
Alternativas
A o reconhecimento de causa de diminuição de pena diante da redução da capacidade em
razão da sua embriaguez, mas não o afastamento da qualificadora da destreza.
B a desclassificação para o crime de furto simples, mas não o afastamento da agravante da
embriaguez preordenada.
C a desclassificação para o crime de furto simples e o afastamento da agravante, não
devendo a embriaguez do autor do fato interferir na tipificação da conduta ou na dosimetria
da pena.
D a absolvição, diante da ausência de culpabilidade, em razão da embriaguez completa.
Inconformado por estar desempregado, Lúcio resolve se embriagar. Quando se encontrava
no interior do coletivo retornando para casa, ele verifica que o passageiro sentado à sua frente
estava dormindo, e o telefone celular deste estava solto em seu bolso. Aproveitando-se da
situação, Lúcio subtrai o aparelho sem ser notado pelo lesado, que continuava dormindo
profundamente. Ao tentar sair do coletivo, Lúcio foi interpelado por outro passageiro, que
assistiu ao ocorrido, iniciando-se uma grande confusão, que fez com que o lesado acordasse
e verificasse que seu aparelho fora subtraído.

Após denúncia pelo crime de furto qualificado pela destreza e regular processamento do feito,
Lúcio foi condenado nos termos da denúncia, sendo, ainda, aplicada a agravante da
embriaguez preordenada, já que Lúcio teria se embriagado dolosamente.

Considerando apenas as informações expostas e que os fatos foram confirmados, o(a)


advogado(a) de Lúcio, no momento da apresentação de recurso de apelação, poderá
requerer
Alternativas
A o reconhecimento de causa de diminuição de pena diante da redução da capacidade em
razão da sua embriaguez, mas não o afastamento da qualificadora da destreza.
B a desclassificação para o crime de furto simples, mas não o afastamento da agravante da
embriaguez preordenada.
C a desclassificação para o crime de furto simples e o afastamento da agravante, não
devendo a embriaguez do autor do fato interferir na tipificação da conduta ou na
dosimetria da pena.
D a absolvição, diante da ausência de culpabilidade, em razão da embriaguez completa.
Exigibilidade de conduta diversa
Coação moral irresistível
Obediência hierárquica

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita


obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Potencial consciência da ilicitude
Erro de proibição inevitável (art. 21, CP) - agente age acreditando que sua
conduta é lícita

Exemplo: JOÃO fabrica açúcar em casa, não imaginando que seu


comportamento é reprovável, muito menos crime previsto no art. 1º, Dec. Lei
16/66.
Bizu:
O MEDECO não é culpado.

M enoridade
E mbriaguez
D oença mental
E rro de proibição inevitável
C oação moral irresistível
O bediência hierárquica

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