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Fernanda Monteiro Gonçalves

RGM: 148367-6

1°C

Resumo sobre:

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil

Pedagogia

Educação Infantil: Currículo

Maria Delourdes Maciel

Universidade Cruzeiro do Sul

2014
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil são o que, de
certa forma, regulamentam a formação de profissionais da Educação e os
planejamentos que devem ser feitos.

Ao longo do tempo houve muitas transformações, no que tange a educação


infantil, que antes era fortemente influenciada pela questão socioeconômica.

Essas mudanças só se fizeram possíveis por conta do avanço do conhecimento


acumulado e da luta dos movimentos sociais e entidades educacionais pelos direitos
das crianças.

Essas conquistas como, por exemplo, o atendimento gratuito em creches e pré-


escolas às crianças de 0 a 6 anos, se tornou obrigação do Estado, assegurada pela
constituição de 1988.

A creche, em 1996, deixa de ser somente um espaço de recreação para se


tornar também um espaço educacional. Além disso, deixou de ser um local de
guarda de crianças pobres, ligado à assistência social. Passou a integrar o sistema
de ensino como parte importante na educação básica.

Os cuidados e a educação dos bebes e crianças pequenas foram incorporados


ao âmbito da educação. Há um grande esforço para que se construa uma identidade
própria nesta etapa do crescimento e da educação, pois há particularidades que
precisam ser levadas em conta. Uma dessas particularidades é a brincadeira.
Brincar é uma atividade universal, existem algumas brincadeiras que ultrapassam
gerações e tem uma força cultural muito intensa, é por meio da brincadeira que a
criança vai conhecer, aprender e se constituir como ser pertencente a um grupo.
Assim, pode-se afirmar que a brincadeira e o jogo são os alicerces da identidade
cultural da criança.

Como é possível concretizar o desenvolvimento integral das crianças em


complemento à ação familiar, nas creches e pré-escolas? Através das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a educação infantil, que tem por finalidade regulamentar
os projetos pedagógicos. A qualidade da educação infantil está totalmente ligada a
estas diretrizes.

Alguns destaques de fundamentos das DCNEI:

 Princípios Éticos (que se referem ao respeito a diferentes culturas,


identidades e singularidades) da autonomia, da responsabilidade, da
solidariedade e do respeito ao bem comum; princípios Políticos dos direitos e
deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem
democrática;
 Princípios Estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade, da
qualidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.
Apesar da importância dessas primeiras DCNEI, há uma necessidade
iminente de sua revisão e atualização. Para tanto, já foram iniciadas pesquisas
com a participação de órgãos de educação do governo e universidades publicas.
Um dos frutos dessas pesquisas é um documento denominado “Praticas
cotidianas na educação infantil; bases para a reflexão sobre as orientações
curriculares” (MEC/SEB,2009a) que deu origem a base para a elaboração de
“Subsídios para as Diretrizes Curriculares Nacionais Especificas da Educação
Básica”(MEC/SEB,2009b) que possui como pontos principais algumas das
ações que devem ser tomadas pela União considerando os contextos sócio-
políticos e educacionais do país e do mundo, são elas:

 Promover a atualização e a revisão das atuais Diretrizes Curriculares


Nacionais da Educação Infantil, Ensino Fundamental e do Ensino Médio;
 Elaborar uma concepção sobre o currículo e proposições de organização
curricular da Educação Básica no Brasil;
 Promover um debate nacional sobre o Currículo da Educação Básica;
 Implementar um programa de apoio para reestruturação pedagógica e
padrão de qualidade nas escolas públicas de Educação Básica;
 Elaborar novas orientações e proposições curriculares da base nacional
comum e metodologias a serem desenvolvidos em cada etapa da
Educação Básica;
 Fortalecer a coordenação nacional pelo regime de colaboração com os
sistemas de ensino estaduais e municipais na implementação do
currículo, sobretudo no que tange ao apoio à formação contínua dos
docentes e à produção de materiais curriculares;
 Valorizar os sujeitos envolvidos diretamente no processo educacional:
profissionais da educação e estudantes.

É importante ressaltar que a LDB descentralizou as responsabilidades


em relação à educação escolar. Portanto, além da presença do Governo
Federal e da presença normativa do Conselho Nacional de Educação, não
podem deixar de ser considerados, nas definições de políticas educacionais
e curriculares da Educação Básica, os Governos Estaduais e Municipais e
seus respectivos Conselhos de Educação. Nessas definições, cabe
reconhecer a flexibilidade na articulação entre União, Distrito Federal,
Estados e Municípios como um dos principais mecanismos da LDB.
Flexibilidade e descentralização de ações devem marcar as
responsabilidades compartilhadas em todos os níveis (parecer CEB n°04/98).

Vale ressaltar que as definições que precisaram ser feitas, aconteceram


com base nos conhecimentos, mas também nas concepções, crenças,
valores e desejos dos que participaram das decisões, e também que, embora
as DCNEI tenham caráter mandatório, cabe a cada instituição de Educação
Infantil definir como a sua proposta pedagógica poderá dela se beneficiar.
Currículo (Artigo 3°)
Há certa preocupação dos profissionais da área da educação acerca do
tema currículo. Muitos têm como sinônimo de currículo a “escolarização” e
temem que as crianças percam a oportunidade de aproveitar sua infância.
Logo, o tema currículo tem causado polemica na área. As DCNEI definem
muito bem currículo. O currículo da educação infantil é tido como “um
conjunto de praticas que buscam articular as experiências e os saberes das
crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural,
artístico, ambiental, científico e tecnológico”, ou seja, a criança, com suas
experiências e saberes, é o centro do processo educativo. As praticas que
visam articular as experiências e saberes das crianças ao legado cultural,
artístico, ambiental, científico e tecnológico devem ser sensíveis e levar em
consideração as suas curiosidades, interesses e desejos.

As experiências que o currículo proporciona a criança em relação a


aprendizagem devem proporcionar o desenvolvimento integral de crianças de
0 a 5 ano de idade.

Criança (Artigo 4°)


A criança é o centro do planejamento curricular. A criança constrói sua
identidade pessoal e coletiva através das interações, relações e práticas
cotidianas que vivencia. Esse processo de construção da identidade é
particularmente intenso na fase pré-escolar. E o fato desse processo
acontecer nas interações, relações e práticas cotidianas vividas pela criança
ressalta a importância do currículo que lhe é oferecido em creches ou pré-
escolas.

Nossa sociedade, geralmente vê as crianças como pouco competentes,


dependentes do desejo do adulto e, claro, sem direito à voz. A criança brinca,
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura, por
tanto a pratica pedagógica deve ser revista, embora não seja uma mudança
fácil, para que o trabalho pedagógico cotidiano se torne mais rico e
significativo tanto para as crianças como para as professoras.

Educação Infantil (Artigo 5°)


O fato de creches e pré-escolas serem parte integrante do sistema de
ensino é importante, por exemplo, para a carreira e condições de trabalho
dos professores que ai atuam. A reafirmação do caráter institucional da
Educação Infantil é necessária e oportuna, pois as conquistas na área de
educação no sentido da qualidade do ensino e construção da identidade de
creches e pré-escolas vêm sendo ameaçadas.

Ao dizer que o Estado é o responsável pela garantia de Educação


Infantil pública, gratuita e de qualidade sem requisito de seleção, também é
reafirmado o direito das crianças à educação. Há ainda um grande numero
de crianças excluídas do seu direito à educação.

O artigo 7° descreve também a função sociopolítica e pedagógica das


instituições de educação Infantil. Segundo as DCNEI, a proposta pedagógica
das instituições de Educação Infantil deve garantir que elas cumpram
plenamente a função sociopolítica e pedagógica, dentre as quais estão:

 oferecer condições para que as crianças usufruam de seus direitos


civis, humanos e sociais (condições essas que incluem a infraestrutura
dos prédios e a formação dos professores ,além da realização do
planejamento do currículo). Essas condições visam promover a
“igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de
diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais
e às possibilidades de vivencia da infância”.
 Contribuir para o nascimento de pessoas comprometidas com a
ludicidade, a democracia e a sustentabilidade do planeta, e também,
construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade que tem a
possibilidade de romper com relações de dominação que tem
presença marcada em nossa sociedade como, por exemplo, a
dominação etária, a socioeconômica, a étnico-racial, a de gênero, a
regional, a linguística e religiosa.

Considerações finais
Quero concluir esta síntese ressaltando que o objetivo da proposta pedagógica
das instituições de Educação Infantil deve garantir à criança o direito a proteção,
saúde, liberdade, confiança, respeito, dignidade, brincadeira, convivência e interação
com outras crianças. O cuidado é algo indissociável ao processo educativo e o
reconhecimento das especificidades etárias, das singularidades individuais e
coletivas das crianças.

A dignidade da criança deve ser sempre preservada e o combate ao racismo e


a discriminação é imperativo para essa preservação.

Deve haver o reconhecimento e o respeito aos diferentes conhecimentos, crenças,


valores, concepções e práticas das crianças pertencentes a povos indígenas e
agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados
e acampados da reforma agrária, quilombolas, caiçaras e povos da floresta. Esse
tipo de reconhecimento e respeito deve ser observado porque existem grandes
diferenças entre cada modo de vida e educação familiar de cada comunidade
supracitada, e cada uma das crenças, valores etc. influenciará na constituição da
identidade das crianças, e portanto, há necessidade de que sejam contemplados na
pratica pedagógica.

Se o currículo de uma instituição de Educação Infantil observar todas essas


especificidades, há uma grande possibilidade de que esta etapa tão importante na
educação de uma criança possa, realmente a contribuir com a formação de novas
pessoas. Pessoas essas que, ao se apropriarem de tudo que é inerente a sua
cultura familiar serão também comprometidas com os princípios éticos, políticos,
estéticos e com o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica,
étnico-racial, de gênero, regional, linguística e religiosa.

Referências

Mec/Seb,2009 a e b.

Portal.mec.gov.br/.../direitosfundamentais

Ceb n°04/98

Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Critérios para um


atendimento em creches que respeite os Direitos fundamentais das crianças,
Brasília, 2009. Campos, Maria Malta e Rosemberg, Fulvia, 44p.

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