Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As coisas voltaram à sua forma habitual nos dois dias em que eles
haviam partido, embora Rowan não conseguisse parar de pensar
sobre o que Essar havia dito. Porque ele sabia que era verdade,
porque... porque ele queria que fosse verdade.
Aelin não havia dito nada a respeito daquilo, embora às vezes ele
a pegasse o analisando, como se tentasse decifrar um enigma.
Ele estava debruçado sobre um relatório que Vaughan havia lhe
enviado quando ela entrou em seu quarto naquela noite. O cheiro de
chocolate e nozes o atingiu, e quando ele se virou em seu assento,
descobriu que ela carregava um pequeno e disforme bolo, com um
sorriso tímido no rosto.
⎯ Levou horas para fazer essa maldita coisa, então é melhor você
dizer que é bom.
Ela sentou em frente a ele, junto com prato, garfo e faca. A
lâmina, ela usou para cortar o chocolate derretido, cortando um
grande pedaço. Estava mergulhado em uma cobertura mais clara –
algum tipo de cremosidade preenchendo o meio do bolo escuro.
⎯ Bolo de chocolate e avelã?
Ela colocou o pedaço no prato para ele e pegou sua mão para
pressionar o garfo.
⎯ Você não tem ideia de como foi difícil conseguir os ingredientes.
Ou para encontrar algum tipo de receita. Eu nem o experimentei
ainda. Emrys olhou como se fosse desmaiar de horror. ⎯ Quando
Rowan apenas olhou para o bolo, ela estalou a língua. ⎯ Esse é um
favor que você me deve. Experimente.
Ele deu a ela um longo olhar que geralmente fazia homens
correrem, mas ela mordeu o lábio e olhou para o bolo. Foi o
suficiente para que ele ajustasse o aperto no garfo, pegasse um
pedaço, e o levasse até a boca. Enquanto ele mastigava e engolia, ela
praticamente pulava de um pé para o outro e retorcia as mãos. Então
ele soltou um grunhido de prazer, comeu outro pedaço, e mais outro,
até que todo o prato estivesse limpo. Então comeu um outro pedaço.
E outro. Até que seu estômago protestasse e tudo a não ser o
recipiente prata fosse deixado.
- Eu disse a você que era delicioso. ⎯ Ela o observou, dando um
sorriso triunfante quando ele abaixou o garfo. Ela bagunçou seu
cabelo, mas ele segurou seu pulso, apertando gentilmente enquanto
se levantava e trazia seu rosto perigosamente perto do dela. Ele
conhecia cada mancha de ouro dentro daqueles inconfundíveis olhos
– sabia o gosto de seu sangue. E essa proximidade, suas respirações
se misturando...
⎯ Agora estamos quites. ⎯ Ele disse, e andou para fora do quarto.
Ele estava a três passos do corredor quando o garfo de Aelin
raspou contra o prato, sem dúvida tentando pegar o restante do bolo
que ele havia deixado. Um momento depois, seu xingamento ecoou
pelas pedras da fortaleza, seguida por uma cuspida e uma tosse.
Apesar de tudo, Rowan estava sorrindo quando abriu a porta do
banheiro – e rapidamente colocou para fora todo o conteúdo de seu
estômago.