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Meio Ambiente
Material Teórico
Processo de Urbanização no Brasil e a Interface
com o Meio Ambiente
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Processo de Urbanização no Brasil
e a Interface com o Meio Ambiente
• Introdução
• Processo de Urbanização no Brasil
• A Formação das Redes Urbanas Conurbadas e das
Regiões Metropolitanas
• As Concepções Sistêmica e Crítica e a Interface Urbano-Ambiental
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir as diferentes concepções sobre urbanização e meio ambiente;
· Evidenciar algumas problemáticas urbano-ambientais no Brasil.
ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre o processo de
urbanização brasileira, bem como algumas concepções sobre questões
urbano-ambientais.
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais
interativo possível é fundamental assistir às videoaulas e realizar as atividades
propostas de fórum e sistematização. Cada material disponibilizado é mais
um elemento para seu aprendizado.
UNIDADE Processo de Urbanização no Brasil e a Interface com o Meio Ambiente
Contextualização
Como se observa na tabela 1, de “População total e urbana do Brasil”, desde os
censos de 1940 até 2010, a população brasileira foi crescendo, mas já em ritmos
menores, principalmente entre 1991-2010.
Índice de
Índice de
Ano do Censo População Total População Urbana Crescimento
Urbanização
Populacional
1940 41.326.000 10.891.000 26,35 % 33,46 %
1950 51.944.000 18.783.000 36,16 % 25,7 %
1960 70.191.000 32.004.817 45,52 % 35,13 %
1970 93.139.000 52.904.744 56,80 % 32,69 %
1980 119.099.000 82.013.375 68,86 % 27,87 %
1991 150.400.000 110.875.826 73,80 % 26,28 %
2000 169.799.170 137.755.550 81,0% 15,6 %
2010 190.732.694 160.925.792 84,0 % 12,3 %
Fonte: Séries Históricas, IBGE. Censos Demográficos, IBGE. Elaborado por Vivian Fiori, 2015.
Cabe ressaltar que algumas dessas áreas, do ponto de vista da existência real,
não são tão urbanas assim, principalmente no caso das sedes de municípios, cuja
população é contada como urbana, embora, muitas vezes, tenham atividades mais
relacionadas ao campo.
De qualquer forma, o Brasil urbanizou-se e forma cada vez mais redes urbanas
de diferentes tipos. Há aquelas formais como as Regiões Metropolitanas, onde há
concentrações de população com grandes desigualdades urbano-ambientais em
relação às formas de moradia, espaços livres e áreas verdes, entre outras.
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Introdução
Nesta unidade, vamos abordar algumas concepções sobre a relação sociedade-
natureza na perspectiva ambiental crítica e sistêmica, evidenciando que existe
uma mediação natural, política, social e técnica na interface entre os processos de
urbanização brasileira e a questão ambiental.
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Importante lembrar que a urbanização mais intensa no Brasil ocorre pós anos
1960 e só após os anos 1970 a maioria da população brasileira passa a viver em
áreas urbanas.
Nesta época, a Região Sudeste, cujos estados mais importantes eram São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro, foi a que alcançou maior industrialização, tornando
as cidades de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro atrativas para mão de
obra, principalmente de nordestinos. Foi a fase de grande crescimento das grandes
cidades e metrópoles, especialmente do Sudeste e também da transferência da
capital do Brasil para Brasília.
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A região Sudeste, especialmente SP, MG e RJ, que já vinha de um processo
de industrialização anterior, foi a região que mais se beneficiou destas novas
implantações, atrelado a um processo de urbanização que criou um mercado
urbano crescente no país, principalmente no Estado de São Paulo.
Nesse período (1956-1973), essas cidades ainda possuíam terrenos mais baratos,
o que permitia que parte dos que migravam conseguisse trabalho e comprasse
pequenos lotes para a construção de suas casas. Geralmente, tais casas eram feitas
pelos próprios proprietários, num modelo que se denomina autoconstrução.
Isso ocorria, por exemplo, na cidade de São Paulo, bem como em Santo André,
São Bernardo, São Caetano, região conhecida como ABC Paulista, todas elas
inseridas na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
No Brasil, essa situação econômica vai se alterar na década dos anos 1970-
1980, sobretudo pós 1973, pós-crises internacionais do petróleo. Nesse período
(1973-1994), houve uma desaceleração econômica no Brasil, que resultou em
vários problemas socioeconômicos. Derivam dessas condições o aumento do
número de favelas, alta inflação e desemprego.
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Desse modo, as cidades das Regiões Metropolitanas (RMs) vão crescer dos anos
1960 até os anos 1990, sobretudo as metrópoles.
É importante lembrar que pós anos 1960, o Brasil vai se interiorizando mais.
Além disso, os processos de urbanização vão se tornando mais variados, tanto
de urbanização das antigas regiões industrializadas, que vão se tornando espaços
metropolitanos densamente povoados, quanto de novos territórios incorporados
ao processo capitalista, principalmente do Centro-Oeste. Nesta região, ocasionada
pela dinâmica econômica e pela existência das rodovias, que criaram uma rede de
cidades interligadas pelo sistema rodoviário.
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Contudo, isso não significa a mesma coisa que Região Metropolitana.
As Regiões Metropolitanas (RMs) são unidades territoriais formais, que inicialmente
foram criadas legalmente no Brasil, em 1973, pelo governo militar de Médici, na
época com 9 regiões: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de
Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.
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Assim, o Brasil vai passar por várias mudanças no final do século XX e início do
século XXI, pois uma nova forma de divisão territorial do trabalho vai modernizar o
território brasileiro, no caso do Centro-Oeste, principalmente a partir da produção
de soja, mas também no oeste da Bahia, sul do Piauí, criando novas pequenas cidades
ou antigas cidades que foram ressignificadas por esse processo do agronegócio.
Por outro lado, a Região Sudeste, pós ano 1990, vai passar por novas mudanças.
As cidades médias vão ter um crescimento maior, enquanto as grandes cidades
e metrópoles acabam recebendo menos imigrantes do que recebiam nas décadas
de 1960-1980 e passam a ter um menor crescimento populacional.
O que é Urbano?
Definir o que é cidade e urbano, bem como rural e campo, pode ser algo complexo.
Atualmente, ambos os espaços são cada vez mais integrados e complementares em
algumas partes do mundo, entre elas no Brasil.
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habitantes; densidade da ocupação; aspectos morfológicos do espaço; os tipos de
atividades desenvolvidas; o modo de vida; a geração de inovações, entre outros (ver
quadro 1).
Quaisquer destes critérios podem ser discutíveis, mas em conjunto podem ajudar
a compreender algumas características destes espaços. Atualmente, os recursos
de imagem de satélite do Google Maps, do Google Earth ou do Google Street
View permitem ter uma maior proximidade com as formas espaciais dos lugares
(morfologia espacial), mesmo à distância (imagem remota).
Por meio destas imagens é possível observar o desenho, por exemplo, das
ruas, do padrão de ocupação etc., permitindo, em princípio, precisar que tipo de
atividade econômica predomina entre outras características.
Levando-se em conta tais critérios, podemos ter certa ideia sobre urbano e rural;
contudo, há várias situações que, no mundo de hoje, sobretudo com o processo
de globalização e com a inserção do capitalismo no campo, em que tais critérios
podem ser questionados.
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Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial
Explor
urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel
por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana
do Município.
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em
pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana,
constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação,
à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do
parágrafo anterior.
Fonte: Trecho literal extraído de BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Brasília, 1966.
Disponível em: https://goo.gl/8SmLeA
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Observe que há diferenças entre os impostos urbano e rural, a divisão da terra,
que na área urbana formalmente é denominada lote urbano. Cada prefeitura define
o modo que os lotes urbanos serão desmembrados e os tamanhos destes para cada
porção do município em sua área urbana.
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Logo, esta visão crítica aponta os usos do espaço urbano e por quais agentes
e com quais intenções. Um agente ou ator social pode ser o Estado (governo), os
grupos excluídos, os donos de indústrias, os promotores imobiliários etc. Cada um
tem um papel social, uma intenção e condição de poder na cidade.
O espaço urbano tem diferentes usos. Tanto os usos do ponto de vista das
atividades existentes tais como para moradia, uso industrial, para atividades
comerciais e de serviços, assim como também os usos do ponto de vista da
apropriação das classes sociais. Por isso, existem diferentes atores ou agentes
sociais que atuam no espaço urbano.
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São eles os proprietários dos meios de produção, os proprietários
fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais
excluídos. A partir de sua ação, o espaço é produzido, impregnado de
materialidades, como campos cultivados, estradas, represas e centros
urbanos com ruas, bairros, áreas comerciais e fabris, mas também pleno
de significados diversos, como aqueles associados a estética, status,
etnicidade e sacralidade (CORRÊA, 2011, p. 44).
Cada um desses atores ou agentes sociais têm um papel. No caso dos proprie-
tários dos meios de produção (donos de indústrias, por exemplo), utilizam-se do
território, sobretudo como meio de produção e nesse caso buscam terrenos mais
amplos e baratos na cidade, mas comumente nas periferias menos valorizadas,
onde geralmente ainda há mais espaço e terrenos baratos.
Contudo, necessitam de acessibilidade tanto para que sua mão de obra possa
ter acesso ao trabalho quanto para a circulação de mercadorias, não podendo se
localizar numa periferia onde não exista um sistema de transporte.
Já os proprietários fundiários, ou seja, os proprietários de terra, no espaço urbano
procuram auferir a maior renda possível e obter lucros a partir desta propriedade.
Há casos em que os proprietários fundiários fazem especulação fundiária, ou seja,
esperam que a região onde suas terras estejam inseridas seja valorizada, para que
possam auferir maior lucro.
Outro ator importante, sobretudo nas grandes cidades e metrópoles, são os
promotores imobiliários. Tais atores são formados por construtoras, incorporadoras,
grupos técnicos de arquitetos e engenheiros, sistema financeiro de habitação, entre
outros. Os promotores imobiliários, em muitos casos, só se interessam por produzir
imóveis para as famílias de renda mais alta, sobrando ao Estado construir moradia
aos mais pobres.
Os grupos excluídos usam o espaço principalmente como abrigo, para morar.
Em geral, vivem em áreas menos valorizadas, com menor infraestrutura urbana
e onde existem vários problemas socioambientais.
Já o Estado é o principal agente do espaço urbano, pois, cabe ao Estado, por
meio do governo (municipal, estadual e federal), sobretudo da prefeitura, definir as
normas e leis existentes, bem como produzir planos e projetos para a cidade. Além
disso, tem como função realizar obras de drenagem, de arruamentos, coletar os
resíduos sólidos urbanos, entre outras atividades.
Nas cidades brasileiras, existem vários problemas ambientais urbanos, entre eles
podemos destacar alguns:
· A poluição do ar ocasionada pelas indústrias e queimadas e em muitas
das grandes cidades brasileiras e também pelo uso do automóvel e dos
transportes automotores.
· A poluição das águas, as quais em alguns casos deveriam abastecer a
cidade e, muitas vezes, encontram-se poluídas por cargas derivadas das
indústrias e também do esgoto doméstico.
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Muitas vezes, as medidas ou soluções para essas questões têm de ser tratadas
de forma regional, em consócios intermunicipais, e não apenas no nível municipal.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Regiões de influências das cidades 2007.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Regiões de
influências das cidades 2007. Rio de Janeiro, 2008.
https://goo.gl/vgpO9i
O que é urbano no mundo contemporâneo.
MONTE-MÓR, Roberto Luís. O que é urbano no mundo contemporâneo. Belo
Horizonte: UFMG/Cedeplar, Jan. 2006, p. 1-14.
https://goo.gl/mDPW0y
Dinâmica urbano-regional: rede urbana e suas interfaces.
PEREIRA, Rafael Henrique Moraes; FURTADO, Bernardo Alves (orgs.). Dinâmica
urbano-regional: rede urbana e suas interfaces. Brasília: IPEA, 2011.
https://goo.gl/9ftRU6
Sites
Produção e consumo do e no espaço: problemática ambiental urbana.
RODRIGUES, Arlete Moysés. Produção e consumo do e no espaço: problemática
ambiental urbana. S/d.
https://goo.gl/GjQfRb
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Referências
BERNARDELLI, Maria Lúcia Falconi da Hora. Contribuição ao debate sobre o
urbano e o rural. In: SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão; WHITACKER, Artur
Magon (orgs.). Cidade e campo: relações e contradições entre urbano e rural.
São Paulo: Expresso Popular, 2006.
RIBEIRO, Wagner. Gestão das águas metropolitanas. In: Carlos, Ana Fani Alessandri
e Oliveira, Umbelino de - Orgs. Geografias de São Paulo: as metrópoles do
século. São Paulo: Contexto, 2004.
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