Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Meio Ambiente
Material Teórico
Formas de Ocupação no Brasil e as Áreas de Risco
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Formas de Ocupação no Brasil
e as Áreas de Risco
• Introdução
• O processo histórico da habitação social no Brasil
• A questão de moradia no Brasil
• Áreas de Riscos em Áreas Urbanas
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Analisar situações de questões ambientais urbanas e sua relação com
a áreas de risco.
· Identificar características e tipos de áreas de risco em espaços urbanos.
ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade, você irá aprender um pouco mais sobre formas de ocupação
e problemas das áreas de risco em cidades brasileiras.
Para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo possível é
fundamental assistir às videoaulas e realizar a atividade proposta de atividade
de aprofundamento e de sistematização. Cada material disponibilizado é
mais um elemento para seu aprendizado e para sua futura prática docente.
UNIDADE Formas de Ocupação no Brasil e as Áreas de Risco
Contextualização
Leia, atentamente, o texto a seguir:
Os dados revelaram que cerca de 50% dos municípios brasileiros declararam ter sofrido
algum tipo de alteração ambiental nos 24 meses anteriores à pesquisa e, dentre estes,
cerca de 16% sofreram com deslizamento de encosta e 19% com inundações. Outro
fenômeno enfocado é a alteração da paisagem causada pela erosão do solo, resultando
em voçorocas, ravinas e deslizamentos. Os dados da pesquisa mostraram também que,
dos municípios que sofrem com deslizamento de terra, 25% associam esse fenômeno
à degradação de áreas protegidas e à ocupação irregular de áreas frágeis, outros 34%
atribuíram como causa o desmatamento. No caso dos municípios com problemas de
inundação, aproximadamente 25% atribuíram o fato à degradação de áreas protegidas
e à ocupação irregular de áreas frágeis e 30% ao desmatamento. Em síntese, de acordo
com as informações obtidas pela MUNIC, processos como deslizamento de encostas,
inundações e erosão estão fortemente associados à degradação de áreas frágeis,
potencializada pelo desmatamento e ocupação irregular.
Esse tipo de informação conduz os pesquisadores a concluir que no Brasil há uma relação
muito estreita entre o avanço da degradação ambiental, a intensidade do impacto dos
desastres e o aumento da vulnerabilidade humana. Na verdade, arriscamos dizer que
a degradação ambiental aumenta a possibilidade de ocorrência de perigos naturais
e, frequentemente, ocorre a possibilidade do perigo se transformar em uma situação
previsível, geradora de desastres, causando danos às pessoas [...]
Fonte: Trecho literal: MAFFRA, Cristina Q.T. Maffra; MAZZOLA, Marcelo. Razões dos desastres em território brasileiro. In: SANTOS,
Rozely Ferreira dos (org.). Vulnerabilidade Ambiental: desastres naturais ou fenômenos induzidos. Brasília: MMA, 2007, p. 11
6
Introdução
Nesta unidade, vamos tratar das formas ocupação e moradia urbana no Brasil,
dando ênfase aos tipos de moradia mais precários, sobretudo aos que se encontram
em situações de risco.
Devido às crises mundiais do petróleo nos anos setenta, entre outras questões,
o Brasil passou a ter vários problemas econômicos com os quais muitos mutuários
não conseguiam pagar as suas casas devido ao desemprego e à alta inflação, ao
longo dos anos 1980.
7
7
UNIDADE Formas de Ocupação no Brasil e as Áreas de Risco
Em 2009, foi criado pelo Governo Federal o “Programa Minha Casa Minha
Vida”, com o intuito de construir casas populares. Tal Programa busca criar para
famílias de baixa renda ou de classe média baixa, moradias subsidiadas, em parte,
pelo Governo Federal e com o apoio das prefeituras, já que depende de espaço
para construção dessas moradias.
8
especial, possuindo valor de uso e valor de troca, o que faz dela uma
mercadoria sujeita aos mecanismos de mercado. Seu caráter especial
aparece na medida em que depende de outra mercadoria especial -a
terra urbana -, cuja produção é lenta, artesanal e cara, excluindo parcela
ponderável, senão a maior parte, da população de seu acesso, atendendo
apenas a uma pequena demanda solvável (CORRÊA, 2000, p. 62-63).
Desse modo, por conta da valorização do espaço e dos imóveis, algumas porções
do espaço das cidades brasileiras ficam circunscritos aos usos dos que têm maior
poder aquisitivo, ou seja, das classes sociais mais abastadas.
Por outro lado, as cidades brasileiras possuem algumas regiões mais valorizadas,
o que dificulta o acesso dos mais pobres e mesmo da classe média baixa e
algumas regiões extremamente valorizadas que interessam à lógica dos mercados
imobiliários, como aponta Ruben Katzman, a seguir:
[...] o aumento da densidade urbana potencializa o impacto da ampliação
das disparidades de renda sobre a segregação residencial. À medida que
a densidade urbana aumenta, os preços da propriedade em localidades
diversas vão se diferenciando. As moradias, por sua vez, vão se localizando
onde os preços condizem com o poder aquisitivo, devido à lógica própria
dos mercados imobiliários. A ampliação consequente das distâncias
físicas entre as classes aprofunda as lacunas territoriais das disparidades
econômicas elevando a visibilidade das desigualdades sociais (KATZMAN,
2007, p. 321).
Esta ilegalidade pode ser de tipos variados, desde o terreno até a construção
que não segue os parâmetros da norma legal, assim como, às vezes, há falta de
segurança relativas a incêndio, entre outros problemas.
9
9
UNIDADE Formas de Ocupação no Brasil e as Áreas de Risco
Explor
O que é lote urbano?
Mas o lote não é apenas uma fração do território, ou seja, uma área de terra com finalidade
urbana. É um terreno servido de infraestrutura, sendo todo o conjunto preparado para
receber a futura edificação que vai ocupar o solo. A esse conjunto composto por uma
área de terra urbana ou urbanizável, com determinada dimensão e ligada às redes de
infraestrutura urbana (em funcionamento) é que tecnicamente dá-se o nome de lote.
Por isso é um pleonasmo falar-se de “lote urbanizado”. Em princípio, todo lote há de ser
urbanizado, senão dele não se trata. A possível dissociação entre lote e infraestrutura pode
se dar em apenas dois casos: o primeiro, a figura delituosa do loteamento ilegal, sobretudo
o clandestino, que constitui crime contra a Administração Pública (art. 50 da Lei 6.766/50);
o segundo, a situação – transitória – do transcurso do tempo para a realização das obras
exigidas, que é, no máximo, de quatro anos (art. 18/V da mesma lei, com a redação de 1999;
a redação original determinava o prazo de dois anos). Portanto, tirando essas duas situações
excepcionais (a primeira por ser criminosa e a segunda por ser efêmera, transitória), o
terreno, para ser lote, deve estar servido da infraestrutura urbana, que garanta a dignidade
de vida para as pessoas que ali irão residir, nele habitar.
Fonte: Trecho literal extraído de CASTILHO, José Roberto Fernandes. Para uma definição do conceito de lote. Revista da FTC
Unesp, 2012, p. 114-115. Disponível em: https://goo.gl/qH3VFC.
10
A definição desta resposta precisa levar em conta o conceito de favela.
Popularmente, no senso comum, geralmente, define-se favela como um conjunto de
moradias precárias, sem arruamento formal, desprovidas de infraestrutura básica.
Contudo, trata-se de uma definição popular e no nível técnico cabe conhecer as
definições científicas e/ou técnicas para favela.
A cidade de São Paulo, por exemplo, conceitua favela por meio de sua Secretaria
Municipal de Habitação da seguinte maneira: “Favelas são espaços habitados
precários, com moradias autoconstruídas, formadas a partir da ocupação de
terrenos públicos ou particulares”.
Desse modo, para definir se a imagem da Comunidade do Jardim Nova Conquista
é uma favela ou não é necessário verificar se estes terrenos mostrados na imagem
(figura 1) foram ocupados por moradores, sem a compra formal do terreno ou
concessão, e se eles próprios construíram suas casas. Neste caso, se as respostas
forem sim, podemos afirmar que se trata de uma favela para a Secretaria Municipal
de Habitação de São Paulo.
Existem também casas ou moradias precárias que não são consideradas favelas,
caso, por exemplo, dos cortiços ou loteamentos irregulares. Logo, é fundamental
saber a distinção destes termos.
O termo usado pelo IBGE para moradias precárias é aglomerado subnormal.
Trata-se de uma expressão mais ampla, servindo para formas de moradias precárias
e irregulares de vários tipos, podendo ser o que comumente denomina-se de favelas
ou invasões, loteamentos irregulares ou clandestinos, todos juntos. Eles usam um
só termo para tais moradias.
Aglomerado subnormal
Explor
11
11
UNIDADE Formas de Ocupação no Brasil e as Áreas de Risco
Cabe ressaltar que os terrenos ocupados das favelas podem ser tanto públicos
quanto privados. Pela nova legislação brasileira, tanto do Código Civil de 2002
quanto pelo Estatuto das Cidades de 2001 (BRASIL, 2001), o morador que
ocupar um terreno que não foi comprado e nem concedido, desde que o seu dono
formalmente não o reclame, por um período de cinco anos, o ocupante poderá ter
direito a duas formas de regularização.
Existem duas formas de regularizar estas ocupações, tanto em favelas, quanto
em cortiços, são elas:
·· Uma é denominada de Usucapião Especial Urbano e somente pode ser
usada para os terrenos privados.
·· A outra é chamada de Concessão Especial para Fins de Moradia (Cuem) e
pode ser usada para terrenos ou imóveis públicos, mas desde que ocupado
antes de 2001. Cabe ressaltar que, em ambos os casos, o ocupante não
poderá ter outra moradia e esta não poderá ter mais de 250 m².
Pelo Estatuto da Cidade (2001), legislação que define vários parâmetros de uso
e ocupação das cidades no Brasil, toda propriedade tem de ter função social, não
podendo ficar abandonada e sem uso. Podendo, neste caso, ser cobrado IPTU
progressivo do proprietário para que seja dado um fim social ou em casos de não
cumprimento da lei poderá ser comprado pelo poder público e concedido como
Habitação de Interesse Social (HIS).
O Estatuto da Cidade (Lei no 10.257/2001), lei federal que trata do uso e
ocupação do solo, define quem poderá se beneficiar da usucapião especial urbano:
Art. 9º Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até
duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente
e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-
lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural (BRASIL, 2001, s/p.).
12
Outra situação de moradia popular são os cortiços, comuns nas grandes cidades
do mundo e também nas brasileiras, geralmente localizados nos núcleos fundadores
das cidades, os chamados centros antigos ou área de expansão deste centro.
13
13
UNIDADE Formas de Ocupação no Brasil e as Áreas de Risco
14
Explor
Movimentos de massas são rupturas de solo ou de bloco de rocha que incluem os
escorregamentos, as ocorridas de detritos/lama e as quedas de blocos de rocha. Nas áreas
urbanas, estes eventos também podem ser induzidos pela ação do homem, com construções
de casas em lugares impróprios, tornando o local uma “área de risco”.
Inundações ou Enchentes são fenômenos naturais, pois a alta pluviosidade num pequeno
período de tempo ou vários dias de chuva podem levar os rios a aumentarem seu volume de
água e sua vazão. Além disso, o assoreamento dos corpos d’água por conta de materiais de
solos ou lixo que são lançados em rios e lagos acaba ampliando a possibilidade de risco para
famílias que moram próximas a tais corpos hídricos.
Figura 2. Taludes com Corte Muito Inclinado- Vila Bela -São Paulo
Fonte: Acervo do Conteudista
15
15
UNIDADE Formas de Ocupação no Brasil e as Áreas de Risco
16
Além disso, há áreas de risco situadas próximas a corpos hídricos, podendo causar
de enchentes ou inundações. Tais processos também podem ser naturais, contudo
devido ao processo de urbanização, à impermeabilização do solo (construções de
prédios, ruas e calçadas que dificultam a infiltração d’água no solo), à ocupação
das áreas de várzeas, todas estas situações tornam-se possibilidade de risco para os
moradores e de perdas materiais de diferentes tipos.
Deslizamentos:
Explor
Outro problema ambiental que possibilita a criação de uma área de risco são os
lixões, tanto em encostas quanto em áreas próximas às várzeas. Como o material
do lixão ainda que aterrado não seja consolidado é mais fácil de deslizar, além de
poder ocasionar explosões devido ao gás metano (CH4).
Nas áreas próximas a rios e lagos, o lixo pode ampliar o assoreamento destes
corpos hídricos, ocasionando enchentes, aumentando a possibilidade de doenças a
moradores que sejam atingidos por esta água poluída pelos resíduos.
Tais situações levam a perdas materiais e humanas, bem como podem ocasionar
as doenças de veiculação hídrica, tais como: leptospirose, cólera, hepatite, febre
tifoide, verminoses, entre outras.
17
17
UNIDADE Formas de Ocupação no Brasil e as Áreas de Risco
Por meio desta Lei, os governos federal, estadual e municipal ficam comprome-
tidos em relação ao planejamento e gestão de áreas de riscos, conforme previstos
na lei.
Art. 22. A Lei nº 12.340, de 1o de dezembro de 2010, passa a vigorar acrescida dos seguintes
arts. 3o-A, 3o-B e 5o-A:
Art. 3º-A. O Governo Federal instituirá cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis
à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos
geológicos ou hidrológicos correlatos, conforme regulamento.
§ 1o A inscrição no cadastro previsto no caput dar-se-á por iniciativa do Município ou
mediante indicação dos demais entes federados, observados os critérios e procedimentos
previstos em regulamento.
§ 2o Os Municípios incluídos no cadastro deverão:
I - elaborar mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de
grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;
II - elaborar Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil e instituir órgãos municipais de
defesa civil, de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo órgão central do Sistema
Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC;
III - elaborar plano de implantação de obras e serviços para a redução de riscos de desastre;
IV - criar mecanismos de controle e fiscalização para evitar a edificação em áreas suscetíveis
à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos
geológicos ou hidrológicos correlatos; e;
V - elaborar carta geotécnica de aptidão à urbanização, estabelecendo diretrizes urbanísticas
voltadas para a segurança dos novos parcelamentos do solo e para o aproveitamento de
agregados para a construção civil.
Fonte: BRASIL. Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Brasília, Casa Civil- PR, 2012.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm.
18
construção de moradia muito perto da fundação da casa do seu vizinho,
pois o corte pode provocar a ruptura da encosta e causar acidentes.
· Não se deve construir muito perto da borda do latude (encosta ou muro).
Na parte superior, o ideal é construir no minino a 5 metros de distância
da borda, na base do talude no minino 10 metros.
· Não de se deve jogar lixo e/ou entulho sobre a encosta. Em períodos
chuvosos, esses materiais podem escorregar e causar danos nas moradias
abaixo e entupir as drenagens, além de facilitar o deslizamento e riscos
de explosões.
· É importante procurar evitar ocupação sobre o leito de rios e córregos e
nem muito próximo de rios e córregos, para não obstruir a passagem das
águas, pois isso facilita a erosão das margens e destruição da moradia,
além de em périodos de chuva intensas ou prolongadas, podem ocorrer
inundações e/ou enchentes.
· Deve evitar-se plantar bananeiras nas encostas. As folhas, troncos e raízes
favorecem a acumulação de água no solo e podem causar deslizamentos.
Prefira a plantação de pequenas árvores frutíferas ou gramíneas, como:
pitangueira, laranjeira, limoeiro, acerola e outras do mesmo porte.
· Procure evitar construção de fossas na encosta, assim como a caída de
águas servidas e esgotos, porque estas águas infiltram-se no solo e podem
causar movimentos de massa.
19
19
UNIDADE Formas de Ocupação no Brasil e as Áreas de Risco
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Cortiços: a experiência em São Paulo.
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO (PMSP). Cortiços: a experiência em São
Paulo. Secretaria de Habitação, 2010.
https://goo.gl/T1XeoE
Leitura
Vulnerabilidade Ambiental: desastres naturais ou fenômenos induzidos.
SANTOS, Rozely Ferreira dos (org.). Vulnerabilidade Ambiental: desastres naturais
ou fenômenos induzidos. Brasília: MMA, 2007.
https://goo.gl/QYK1gd
Desastres naturais: conhecer para prevenir.
TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do (Orgs.). Desastres
naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico,2009.
https://goo.gl/wWVwUn
Vídeos
Panorama Ipea discute as favelas no Brasil
https://goo.gl/8VMpwA
20
Referências
BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação
Liberdade; FAPESP, 1998.
BRASIL. Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Brasília, Casa Civil- PR, 2012.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/
Lei/L12608.htm. Acesso em 10/01/2016.
21
21