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PARTICIPAÇÃO DA cmm NO

EUROPEAN STEEL DESIGN AWARDS SCHEME 2005

A COBERTURA DO ESTÁDIO DO DRAGÃO

(Texto para incluir na candidatura)

Março 2005
A COBERTURA DO ESTÁDIO DO DRAGÃO

1 OBJECTIVOS PROGRAMÁTICOS

O novo estádio do Futebol Clube do Porto, foi pensado e concebido como um edifício multifuncional,
integrando desde o inicio do desenvolvimento do projecto um conceito unificado de arquitectura e
engenharia estrutural. Essa foi uma das características mais marcantes do estudo, para a qual
contribuíram num trabalho conjunto as equipas de arquitectura – RISCO e de engenharia de
estruturas – GRID e GEG.

O projecto da cobertura, desenvolvido pela GRID, teve necessariamente em conta que as “imagens”
dos estádios são frequentemente identificadas com a das suas coberturas. A concepção estrutural
não podia por isso deixar de ser feita, numa fase inicial de desenvolvimento do projecto, assumindo a
sua posição determinante no projecto geral, naturalmente em articulação com a arquitectura e não se
posicionando “a jusante” da concepção geral. A articulação engenharia/arquitectura adquire especial
relevância numa obra em que a estrutura representa uma das suas partes mais significativas para a
percepção e imagem global

Nesse sentido, na fase de estudo prévio, acertadas as modelações tipo para os vãos das estruturas
das bancadas, a subdivisão em corpos separados por juntas de dilatação da estrutura, havia que
conceber a solução para a cobertura. Excluída à partida a utilização de coberturas atirantadas, [1,2]
por indicação do Dono de Obra em articulação com a Arquitectura, idealizaram-se soluções
constituídas por estruturas suspensas por arcos ou grandes vigas trianguladas ou estruturas em
consola. Na Figura 1 apresenta-se uma evolução de soluções alternativas que antecederam a
solução final que veio a ser desenvolvida cujo modelo 3D se inclui na mesma figura.

Com uma capacidade para 50106 espectadores e 1177 lugares de estacionamento, o edifício, em
estrutura de betão armado e pré-esforçado, desenvolve-se em 6 pisos acima do nível da praça e 4
pisos enterrados dos lados nascente e sul. Toda a área de bancadas –32400 m2, é coberta por uma
estrutura metálica suportando o revestimento em placas de policarbonato, estrutura esta que se
prolonga em consola para o exterior do estádio em 6,0 m ao longo de todo o contorno. A área total de
2
cobertura é de 34233 m , inserida numa circunferência exterior de 118,158 m de raio. Ao que se
conhece, para uma cobertura totalmente revestida a placas de policarbonato, a cobertura do Estádio
do Dragão, é a maior a nível mundial.

–1–
2 CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

2.1 Conceitos, condicionamentos e evolução das soluções

A solução para os topos Norte e Sul afigurava-se determinada por condicionamentos arquitectónicos
diversos dos condicionamentos dos topos Nascente e Poente.

Assim, sendo a largura da cobertura em planta (Figura 2) menor nos topos Norte e Sul, começou por
conceber-se uma solução em consola (Figura 3) para estes topos suspendendo, segundo os
alinhamentos longitudinais, toda a cobertura dos topos nascente e poente por duas vigas trianguladas
que não se localizavam no bordo da cobertura, como veio a ser posteriormente adoptado. Esta
solução (Figura 4) optimizando esforços nas vigas principais da cobertura “escondia” os grandes
arcos do ângulo de visão dos espectadores. Criava um elemento desintegrado das grandes linhas da
cobertura – os contornos interior e exterior, enfim, não assumia o arco/treliça como o elemento
determinante da cobertura. A arquitectura/estética da solução não podia reduzir-se a uma relação
“forma/função”.

A solução era simples; passar os grandes arcos para o contorno interior da cobertura, assumindo-os
como os seus elementos principais.

Nos topos Norte e Sul a solução era diversa – privilegiar ou não a transparência, a abertura dos topos
do estádio, minimizando o impacte visual da estrutura principal. Começou conforme anteriormente
referido por pensar-se numa estrutura em consola a partir de pilares em V, constituindo com eles
pórticos transversais; idealizou-se depois, em alternativa, uma estrutura suspensa por duas grandes
vigas transversais (Figura 1) superiores à cobertura, vigas essas que criavam no entanto um efeito
perturbador no papel que se pretendia que os grandes arcos assumissem. Optou-se por ensaiar um
sistema em grelha, evitando as grandes vigas transversais. Era necessário criar elementos que
constituíssem um apoio elástico das vigas transversais, normais do plano dos arcos. Utilizaram-se as
colunas, nos topos – pilares parede centrais, inicialmente pensadas para suportar e integrar os
“video-screens” (Figura 5), para apoiar 2 grandes vigas metálicas que iriam servir de apoio às vigas
transversais. Obteve-se assim um sistema em grelha, cujo modelo se apresenta na Figura 1, com um
único apoio, entre as grandes torres de betão, constituído pelos pilares acima referidos.

Um condicionamento básico, que esteve sempre presente na concepção, refere-se à rigidez mínima
necessária da estrutura da cobertura para que a sensibilidade aos efeitos dinâmicos provocados pela
acção do vento fosse a mais reduzida possível. A acção do vento controlava a concepção e
dimensionamento da cobertura, sendo a velocidade de rajada ao nível da cobertura de cerca de 160
km/h de acordo com a regulamentação portuguesa para o local onde se inseria a obra. Foi elaborado
um modelo para ensaios em túnel de vento (Figura 16) o qual foi ensaiado pelo LNEC.

–2–
Figura 1 – Cobertura do Estádio do Dragão: Evolução das Soluções Estruturais

–3–
Figura 2 – Cobertura do Estádio do Dragão: Planta Geral

–4–
Figura 3 – Solução inicial para os topos Norte e Sul

Figura 4 – Solução inicial para as zonas Nascente e Poente

–5–
Figura 5 – Pilares-parede para apoio das vigas principais de suporte às transversais

2.2 Caracterização
2
A cobertura do Novo Estádio do FCP tem uma área em planta de 34.233m cobrindo toda a área das
bancadas e estendendo-se em 6,0m para fora do contorno exterior.

Do contorno exterior ao contorno interior, a largura varia de 57,5m até 78m, respectivamente nas
zonas de entradas topos Norte e Sul (Zona A) à zona mais elevada das bancadas zonas Nascente e
Poente (Zona B). O material de revestimento da cobertura é chapa de 32mm de policarbonato, o qual
é suportado por madres afastadas de 1,0m.

Figura 6 – Zona A: Topos Norte e Sul

–6–
Figura 7 – Zona B: Nascente e Poente

Toda a estrutura da cobertura é uma estrutura de aço constituída por uma série de vigas de alma
cheia, designada por “asnas” A1 a A48 (Figura 11), distanciadas circunferencialmente de cerca de
9,0m (VL1 a VL5 e VT1 a VT4). As vigas secundárias são perfis IPE330 e nalguns casos são vigas
com secção soldada, vigas secundárias estas que suportam as madres. Nos contornos interior e
exterior, existem duas vigas periféricas, VC1 e VC2, respectivamente.

Na zona A, as asnas (A1 a A4) e as vigas transversais (VT1 a VT4) constituem um sistema em grelha
realizada com secções soldadas. Todas as asnas são vigas de alma cheia, com secção em “I”. As
duas asnas centrais (Asnas A1 – ver Figura 8) que se apoiam em dois pilares parede de betão
armado, configuram pela sua grande rigidez um apoio elástico às vigas transversais as quais se
prolongam para a zona B depois de possuírem um apoio em suspensão nas secções de intersecção
com os arcos.

A viga transversal VT4 (Figura 9) apoia directamente nas torres de betão que servem de apoio às
treliças em arco, e na Asna A1, mas directamente sobre o apoio desta nos pilares-parede, servindo
de apoio indirecto principal às asnas intermédias nesta zona – Asnas A2, A3.e A4.

–7–
Figura 8 – Asna A1 (zona A)

Os nós da grelha nesta zona da cobertura são rígidos, com recurso a ligações aparafusadas pré-
esforçadas (Figura 10).

Figura 9 – Viga VT4 (zona A)

–8–
Figura 10 – Exemplo de Nó-tipo nas ligações entre asnas e vigas transversais na zona A

Na zona B, as vigas principais – vigas de alma cheia, são apoiadas no contorno exterior do estádio
por intermédio de colunas tubulares em aço constituídas por perfis de secção circular, tipo CHS, com
711 mm de diâmetro, os quais transferem as cargas para a estrutura de betão (ver Figura 12)

Na outra extremidade, no contorno interior, as “asnas” são suspensas de duas grandes treliças em
arco, através dum sistema de suspensão articulado (ver Figura 13)

Figura 11 – Exemplo de uma Asna: Viga principal de suporte da cobertura (zona B)

–9–
Figura 12 – Apoio das asnas no contorno exterior (zona B)

Figura 13 – Apoio das asnas no contorno interior (suspensão das treliças em arco) – zona B

– 10 –
As treliças em arco (Figura 14) são ligadas rigidamente a duas torres de betão, introduzindo-lhes um
efeito de arco importante devido à sua curvatura.

Figura 14 – Treliças em Arco

Este efeito de arco, induzido pelos impulsos (componentes horizontais das reacções de apoio) das
torres sobre as cordas superiores e inferiores, é relevante para a redução da deformabilidade das
treliças e para o aumento das frequências de vibração sob as acções do vento.

O vão dos arcos é de cerca de 180m; a altura das treliças varia de 5,29m nos apoios a 10,8m meio
vão.

Estes arcos são treliças planas constituídas por secções tubulares de aço S355J2H (EN10210). As
cordas, têm 711 mm de diâmetro e as diagonais são tubos com 324mm de diâmetro em geral,
existindo no entanto algumas delas com 406mm de diâmetro em zonas próximas dos apoios. A
espessura destes tubos varia entre 8 e 30mm, em função dos esforços axiais. As treliças são
rigidamente ligadas às torres, como previamente referido, e devido aos momentos flectores globais
gerados nas secções de extremidade, algumas reacções de tracção podem ocorrer ao nível da
ligação da corda superior. Por isso, foram introduzidas barras de pré-esforço nesta ligação para
garantir que não existe qualquer descompressão entre a chapa de apoio e o betão. A montagem dos
arcos foi uma operação que requereu ajustamentos nas ligações ao betão das torres.

Foi prevista a introdução de macacos hidráulicos para ajustar a geometria e as forças de reacção
antes da introdução duma argamassa de alta resistência entre as chapas de aço e o betão. As
operações de montagem estão descritas na [3].

A estabilidade lateral dos arcos ao longo do vão é garantida por um conjunto de barras tubulares
inclinadas, do tipo CHS (Figura 15) com 324 e 356mm de diâmetro, ligando a corda superior às
“asnas”. Estas barras funcionam como escoras ou tirantes para as pressões ou sucções do vento.

Além disso, suportam as forças laterais introduzidas pelos efeitos de instabilidade da corda superior
dos arcos.

– 11 –
Figura 15 – Barras de contraventamento da corda superior das treliças em arco

O contraventamento horizontal é garantido por dois sistemas de contraventamento (ver Figura 6 e


Figura 7), os quais têm um papel importante na eliminação dos modos de vibração no “plano” da
cobertura.

Foi introduzida uma junta de dilatação na zona A, para amplitudes até 50mm, por intermédio dum
tramo simplesmente apoiado entre as vigas principais A1 (ver Figura 6).

– 12 –
3 A SINGULARIDADE DAS SOLUÇÕES

3.1 A estrutura e o comportamento aerodinâmico.

A cobertura do Estádio do Dragão distingue-se pela unidade, continuidade e uniformidade das


soluções estruturais, fundamentadas numa opção de extrema simplicidade resultante duma utilização
extensiva de vigas de alma cheia em aço S355 J2 e S355 K2G3.

As ligações rígidas entre elementos, ligações aparafusadas pré-esforçadas, foram fundamentalmente


restringidas às zonas A– zonas em grelha – Figura 10, adoptando-se nas restantes, isto é nas
ligações da zona B, ligações semirígidas ou flexíveis, de modo a simplificar o fabrico e montagem. A
análise da estrutura foi efectuada tendo em conta a influência da rigidez das ligações na resposta
dinâmica da estrutura sob as acções do vento.

Na zona A, em particular, foram efectuados diversos estudos paramétricos no sentido de conseguir


um aumento das frequências próprias e reduzir os efeitos de amplificação dinâmica associados às
parcelas da “resposta de fundo” (“background response”) e ressonância (“resonant response”) que
integram o comportamento aerodinâmico da estrutura.

Para o estudo dos efeitos da acção do vento na cobertura foram realizados ensaios em túnel de
vento, sobre modelo reduzido à escala 1/200 (Figura 16), desenvolvidos no LNEC – Laboratório
Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa.

Estes ensaios foram realizados sobre um modelo rígido da cobertura, tendo sido quantificados os
efeitos dinâmicos de interacção do vento com a estrutura através de uma análise dinâmica no tempo,
baseada na análise modal, aplicada ao modelo numérico da estrutura. Assim, foi considerada uma
força modal num elemento genérico de área A localizado no ponto xi do modelo numérico de
elementos finitos, no instante t:
2
P(t,xi) = ½ U (t, xi)cp(xi) A

onde cp é o coeficiente de pressão médio obtido no ensaio em túnel de vento, a massa específica
do ar, U a velocidade do vento em cada ponto, gerada numericamente para cada direcção do vento,
apresentando-se um exemplo na . Estas séries de velocidades de vento [4] foram geradas de acordo
com as condições de actuação do vento previstas na regulamentação nacional.

Figura 16 – Modelo reduzido da cobertura e envolvente para ensaio em túnel de vento

A resposta dinâmica da estrutura foi então analisada no tempo, considerando para cada direcção de
actuação do vento a respective série de velocidades do vento instantâneas.

– 13 –
Série de Velocidades

50,0

45,0

40,0

35,0
Velocidade (m/s)

30,0

25,0

20,0

15,0

10,0

5,0

0,0
0,0 100,0 200,0 300,0 400,0 500,0 600,0
Tempo (s)

Figura 17 – Exemplo de série de velocidades instantâneas

3.2 As treliças em arco

As treliças em arco têm a particularidade de serem estruturas perfeitamente planas, apenas com um
contraventamento transversal ao nível da corda superior.

O funcionamento das treliças em arco, rigidamente ligadas às torres de betão, depende muito da
capacidade destas em absorver o impulso horizontal e mobilizar o efeito de arco, reduzindo assim a
flexão das treliças.

A ligação rígida dos arcos às torres traduz-se na transmissão de momento flector (por efeito de
binário nas cordas), esforço axial e de esforço transverso. A sobreposição do momento flector com o
esforço axial (efeito de arco) para a carga permanente produz um esforço de tracção na corda
superior, ficando a corda inferior comprimida (ver ).

Foi avaliada a variação dos esforços e deslocamentos verticais nos arcos face à perda de rigidez das
torres de betão, que pode ser devida à fendilhação ou aos efeitos diferidos de retracção e fluência.
Para esse efeito foram avaliados esforços e deslocamentos para diferentes valores do módulo de
elasticidade do betão.

Na Tabela 1 apresentam-se os esforços, para o módulo de elasticidade aos 28 dias (Ec,28=36 GPa) e
para um módulo de elasticidade efectivo, para ter em conta a fluência, com um terço daquele valor
(12 GPa).

– 14 –
Vsup
Nsup

Vinf

Ninf

Figura 18 – Reacções na nascença do arco

Tabela 1 – Variação de Esforços e deslocamento a meio vão do arco para diferentes valores do
módulo de elasticidade do betão nas torres.

NCP (kN) VCP (kN)


E (GPa) v (mm)
Corda Superior Corda Inferior Corda Superior Corda Inferior

36 -160 + 2594 - 9480 - 84 + 15

12 -167 + 2822 - 9642 - 86 + 16

Var. 4,4% 8,8% 1,7% 2,4% 6,7%

Constata-se que a variação de rigidez das torres de betão não afecta de forma significativa as
reacções e a deformação do arco.

Para controlar o valor do impulso horizontal nas torres, foram colocados macacos hidráulicos nos
apoios da corda inferior, que permitiram ajustar no final do descimbramento a força instalada na corda
inferior, assegurando os esforços internos instalados (Figura 19).

Por outro lado, durante as operações de descimbramento tornou-se necessário controlar os esforços
instalados nos vários elementos estruturais, nomeadamente cordas e diagonais, o que foi feito
indirectamente através do controlo das reacções instaladas nos apoios provisórios.

– 15 –
Figura 19 – Apoio inferior da treliça em arco, incorporando macaco hidráulico

3.3 O descimbramento e o controlo estrutural

O procedimento para o descimbramento do arco consistiu em aliviar as reacções nas torres de


escoramento gradualmente, libertando os apoios provisórios de forma controlada, tendo em conta
que:

- a evolução do sistema estático pode introduzir esforços internos excessivos nos elementos
estruturais (cordas e diagonais do arco);

- o processo construtivo pode conduzir a um campo de deslocamentos distinto do considerado no


plano de contraflechas;

- as reacções nas torres de escoramento podem exceder a carga admissível nestes elementos
provisórios;

Para além destes efeitos, conforme acima referido, pretendeu-se controlar o impulso introduzido nas
torres de betão através dos macacos hidráulicos instalados, os quais permitiram instalar a força
pretendida antes da fixação definitiva.

Para efeito do controlo em obra do processo, foi proposto inicialmente a utilização de células de
carga, quer nos apoios provisórios nos escoramentos quer nos apoios dos arcos nas torres de betão,
juntamente com o controlo de deslocamentos realizado por topografia.

Não tendo sido possível recorrer a este equipamento de controlo, houve apenas a possibilidade de
controlar deslocamentos verticais e a reacção do arco através da pressão instalada nos macacos
hidráulicos colocados nos apoios inferiores.

Foram avaliados os esforços introduzidos nos elementos do arco e a variação de reacção vertical nos
apoios provisórios devidas a um assentamento de apoio diferencial entre apoios consecutivos, tendo-
se verificado que o incremento de deslocamento máximo admissível entre dois apoios não poderia
exceder 10 mm.

Desta forma foi elaborado um plano de descimbramento baseado nesta presmissa, que conduziu a
um processo gradual até anular completamente as reacções de apoio, controlando igualmente os
deslocamentos verticais, conseguindo-se assim uma deformada final muito próxima da prevista no
projecto, conforme se pode constatar no gráfico da Figura 20.

– 16 –
(mm) A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15 A16 A17 A18 A19 A20 A21 A22 A23 A24 A25 A26 A27

Contraflecha 6 26 52 81 109 134 154 170 181 187 187 181 170 154 134 109 81 52 26 6

Arco Poente 7 25 47 74 103 126 142 157 172 176 179 177 166 144 120 101 75 43 18 5

Arco
Nascente -2 18 33 70 95 121 140 161 171 179 178 169 166 148 126 103 74 52 28 15

200

150

100

50

0
A8 A9 A10 A11 A12 A13 A14 A15 A16 A17 A18 A19 A20 A21 A22 A23 A24 A25 A26 A27

Contraflecha Arco Poente Arco Nascente

Figura 20 – Deslocamentos verticais nos arcos, após descimbramento e valor da contraflecha


de projecto nos vários nós da corda inferior do arco

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4 ASPECTOS ESTÉTICOS

Do ponto de vista formal, a cobertura do Estádio do Dragão assume-se pela simplicidade estrutural
marcada pela unidade e uniformidade da tipologia dos elementos estruturais – vigas de alma cheia.

Com duas zonas identificadas: uma grelha nas zonas Norte e Sul, onde se pretendeu a transparência
do espaço acima do topo das bancadas marcada pela presença de um único pilar de duas laminas, e
uma estrutura suspensa de duas grandes treliças em arco, com vãos de quase 200 m funcionado
superiormente à cobertura e libertando o espaço inferior, o estádio identifica-se pela simplicidade das
formas e integração com a envolvente.

Os arcos, ou melhor as grandes treliças em arco, são treliças planas cujos nós superiores estão
contraventados às próprias vigas da cobertura por barras tubulares inclinadas. Das bancadas, os
arcos posicionados em planta no contorno interior da cobertura, assumem-se como elementos de
grande esbelteza, pese embora possuam uma altura estrutural de quase 12 m entre eixos de cordas
no centro do vão. A sua função estrutural de suspensão da cobertura nas zonas Nascente e Poente é
perfeitamente identificada pelo espectador. Do mesmo modo, a sua ligação às grandes torres de
betão que absorvem os impulsos, materializada por grandes aparelhos de apoio metálicos em calote,
ao nível da corda inferior, é um elemento marcante da estrutura e da sua arquitectura.

Em síntese, a cobertura do Estádio do Dragão, é o resultado duma concepção estrutural integrada,


evidenciando as potencialidades do aço para vencer grandes vãos com estruturas simples, esbeltas e
económicas. A transparência do espaço interior ao estádio, a unidade e continuidade das suas
formas, evidenciam uma arquitectura pensada pela estrutura, numa obra onde a potencialidade e
justificação desse diálogo é por demais evidente.

5 NOTA FINAL

A permanente e excelente colaboração com a equipa de arquitectura, Arqtºs Manuel Salgado e Jorge
Estriga em especial, e com a equipe de engenharia da GEG, envolvida no projecto das estruturas de
betão, nomeadamente Engºs. Campos e Matos, Paulo Pimenta, Hugo Marques e José Cunha,não
pode deixar de ser aqui registada. A equipe da GRID, responsável pela concepção e projecto da
cobertura foi a seguinte:

Concepção e direcção técnica - Prof. António Reis

Análise e dimensionamento – Eng. Nuno Lopes e Eng. Luis Salvador

Ensaios Aerodinâmicos - LNEC

Modelação 3D – Jorge Sobral

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REFERÊNCIAS

[1] Reis, A.J., “Estádio para o Euro 2004: Estruturas das coberturas”, CMM III,2001

[2] Reis, A.J., “Stadiums for the 2004 Football Championship: A variety of roof structures” :
Proceedings IABSE Symposium, Melbourn, Australia, 2002.

[3] Lopes, N.; Salvador, L.; Reis, A. –“ Estudo do Faseamento Construtivo da Cobertura do Novo
Estádio do F.C. do Porto “ – IV Congresso de Construção Metálica e Mista, 2003

[4] Reis, A.J., “Estádios para o Euro 2004 – Estruturas de Coberturas” – Revista Construção
Magazine, nº 5 – Fevereiro, 2004

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